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ACUMULAÇÃO CAPITALISTA E QUESTÃO SOCIAL Aula 1: Trabalho como Práxis: Quando o Homem se Faz Homem Nesta aula, vamos abordar a relação entre duas capacidades inerentes somente ao homem: Teologia Trabalho Conforme já apresentado na disciplina Serviço Social e Questão Social, o que diferencia os homens dos animais é a prévia ideação ou teleologia, ou seja, capacidade do homem em antecipar o resultado provável de uma determinada ação. Diferentemente dos animais, o homem é um ser capaz de realizar projetos. Ele supera os animais quando, apesar das intempéries impostas pela natureza, consegue retirar do meio em que vive o que necessita para a sua sobrevivência. DE QUE FORMA O HOMEM OBTERÁ O QUE PRECISA PARA SATISFAZER SUAS NECESSIDADES? Utilizando a capacidade teológica, exercendo-a, em conjunto com os outros homens no processo de produção dos meios que necessita para sobreviver. A ação do homem sobre a natureza define-se como trabalho e se torna possível através da capacidade humana de transformar racionalmente a natureza. Além de pensar, o homem tem que agir para se manter vivo. Capacidade teleológica trabalho. A importância da produção material na reprodução da vida social é destacada por diversos autores. Na obra A ideologia Alemã, Marx e Engels (1984, p.34) explicitam que devem estar em condições de viver para fazer história. Mas para viver, é preciso antes de tudo comer, beber, ter habitação, vestir-se e algumas coisas, O primeiro ato histórico é, portanto, a produção dos meios que permitam a satisfação destas necessidades, a produção da própria vida material, e de fato este é um fato histórico, uma condição fundamental de toda a história, que ainda hoje, como há milhares de anos, deve ser cumprido todos os dias e todas as horas para manter os FILÓSOFO LUKÁCS: Sobre a centralidade do trabalho no processo de autocriação do -se designar o homem que trabalha, ou seja, o animal tornando homem, através do trabalho, como um ser que dá respostas. É inegável que toda atividade laborativa surge como uma solução de respostas ao carecimento que provoca. Todavia, o núcleo da questão se perderia, caso se tomasse aqui como uma relação imediata. Ao contrário, o homem torna-se um ser que dá respostas precisamente na medida em que ele generaliza, transformando em perguntas seus próprios carecimento em suas possibilidades de satisfazê- (LUKÁCS, 1978, p.05). Desde os primórdios da humanidade, os homens foram percebendo que em grupos conseguiram dividir não só o esforço de ter que, por exemplo, transportar a caça, mas também trocavam ideias, saberes que possibilitavam a confecção de instrumentos e descobertas de técnicas, o que lhes deixavam menos reféns das imposições da natureza. Esta consciência da necessidade de estabelecer relações com os indivíduos que o circundam é o começo da consciência do homem que vive em sociedade, o ser social. (MARX, 1984). De nada adiantaria a capacidade teleológica se o homem a realizasse sozinho. Você não acha? Conclui-se, portanto, que a aproximação entre os homens, a vida em sociedade, sempre foi determinada desde que o mundo é mundo pelas necessidades materiais e as formas de satisfazê-las. O trabalho acaba se tornando muito importante para a constituição da sociabilidade humana, ou seja, a produção e reprodução da vida social. - se o processo através do qual o homem retira da natureza seus meios de vida. Apesar de determinada pelo trabalho, a reprodução extrapolará os objetivos propostos na produção A Assistente Social e professora Marilda Villela Iamamoto (IAMAMOTO, 2001), afirma que o fundamento da pratica social é o trabalho social: atividade criadora, produtiva, condição de existência do homem e das formas da sociedade, mediatizando o intercâmbio entre o homem e a natureza e os outros homens, por meio do qual realiza seus próprios fins. Yolanda Guerra (GUERRA, 2000), outra autora do Serviço Social, destaca que toda postura teleológica encerra instrumentalidade, o que possibilita ao homem manipular e modificar as coisas, a fim de atribuir-lhes propriedades verdadeiramente humanas, no intuito de converterem-nas em instrumentos/meios para alcance de suas finalidades. Converter os objetos naturais em coisas úteis, torna-los instrumentos é um processo teleológico, o qual necessita de um conhecimento correto das propriedades dos objetos. Nisso, reside o caráter emancipatório da instrumentalidade. Segundo Barroco (1999), ao transformar a natureza, o homem transforma a si mesmo, num processo sem fim que denominamos história. As respostas e as necessidades vão se tornando cada vez mais sociais, mas isto não significa afirmar que o homem passa a viver sem a natureza. Apenas que o crescente domínio sobre ela é que faz dele um ser social capaz de se autocriar através da ação prática, consciente e transformadora. e sondas lunares. Todo ato de trabalho, sempre voltado para o atendimento de uma necessidade concreta, historicamente determinada, termina por remeter para muito além de si próprio. Suas consequências objetivas e subjetivas não se limitam à produção de objeto imediato, mais se estendem por toda a história da humanidade. O trabalho é a principal forma de práxis, mas por meio do trabalho são criadas outras formas de práxis, como práxis interativa, a práxis política ou a práxis artística (CADERNOS, CEFESS/UNB, 1999, p.24). O ato de se colocar em prática o que se tinha pensado sempre implica em transformação, o que se denomina como objetivação. Na confecção de uma roupa, uma costureira adquire habilidades para fazer uma segunda, terceira, quarta,...roupa de formas diferentes. O trabalho, como práxis, sempre é uma fonte inesgotável de criatividade e possibilidades. POR QUE O TRABALHO É APONTADO COMO A PRINCIPAL FORMA DE PRÁXIS? antes inexistente. A práxis desenvolve-se fundamentalmente através do trabalho, assegurando a (re) produção material e espiritual da vida humana. Através do trabalho, o homem não apenas se adapta à natureza, como o animal, mas passa agir sobre ela, transformando-a de acordo com seus objetivos. Ao perguntar pelo hoje, o homem a intervenção de um assistente social como práxis profissional? O assistente social, tal como a costureira, pode inventar e reinventar novas formas de atuação profissional? Guerra (2009, p 14), em seu entendimento sobre práxis profissional, a define como um conjunto de ações não somente limitadas ao trabalho, mas sendo a criação de relações sociais inerentes ao ser humano. Em outra análise (op.cit., 2009, p.14) apud Luckács, A autora Abreu (2002), na sua visão sobre prática profissional, descreve que essa deve ser aprofundada num estudo profissional contínuo e crítico voltado para o enfrentamento de desafios. Ela destaca a importância de uma capacitação profissional permanente, adequada às exigências de um trabalho crítico e consequente. Ainda na discussão sobre Serviço Social e práxis, Guerra (2009) menciona que esta tem o seu traço vital na atividade do assistente social como um canal de intervenção transformador ligando a teoria na produção de fins imediatos. IAMAMOTO (2007) deixa claro esta visão, quando destaca o fundamento da prática no cotidiano, da necessidade renovação/atualização dos conhecimentos profissionais para melhor capacidade no entendimento do sistema. Estar sempre atento à atualidade, em torno das questões da prática profissional e ter o cuidado de identificar os pontos críticos faz do assistente social um mediador na sua estratégia intervencionista de transformação do cidadão. Magalhães evidencia essaafirmação de IAMAMOTO (2007) quando salienta que: simples, (...) a competência profissional, a qual envolve não só o componente teórico metodológico e ético-político norteadores da profissão, como também o técnico- A partir deste passeio entre as autoras do Serviço Social, é possível perceber, portanto, que o conceito de práxis permeia as discussões sobre o que se deseja da profissão na contemporaneidade. Esta incorporação de uma nova concepção de prática profissional ainda é um grande desafio que se impõe à profissão. A consolidação do Projeto Ético Político do Serviço Social depende, sobretudo, da construção de um novo perfil para o assistente social: um profissional capaz de criar e recriar novas possibilidades de intervenção sobre as expressões das questões socais. Um profissional, como IAMAMOTO (2007) ressalta, que seja critico, criativo e propositivo, que resista aos limites impostos pelo fatalismo e messianismo profissional. Entretanto, é preciso estar atento à efetivação de fato deste novo perfil que se busca para o profissional do Serviço Social. Conforme Neto (1999) sinaliza, a incorporação teórica de conceitos filosóficos como de práxis pelos assistentes sociais, por si só, não garante a realização objetiva dos valores éticos da profissão. É preciso que os assistentes consigam pensar e agir, ou seja, que sejam capazes de dimensionar a importância do compromisso ético e político da profissão.
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