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Artigo - Extração do óleo da semente de andiroba

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1 
 
 
Extração do óleo da semente de andiroba (Carapa guianensis Aubl.) na comunidade do 
Ramal Km 07 do município de Capanema, estado do Pará1 
Adrianne Braga da FONSECA 2 
Fernanda Carvalho Soares PEREIRA, 2 
Harleson Sidney Almeida MONTEIRO2 
Sinara de Nazaré Santana BRITO2 
Resumo: No presente estudo foi realizado um levantamento sobre as formas de extração do 
óleo da semente de andiroba e suas formas de utilização entre a comunidade descrita. 
Identificando as dificuldades da atividade dentro da comunidade, pois, apresenta valores 
significativos para as famílias que realizam a extração, como atividade complementar na sua 
renda e principalmente para o mercado que visa o valor comercial do produto, obtendo lucro e 
contribuindo para a economia do estado, sobretudo para emancipação do cultivo da espécie, e 
assim, encontrar soluções para os prováveis problemas encontrados nesta atividade 
econômica. E observou-se dentro do ciclo da extração, a função que as famílias exercem na 
preservação ambiental. Visto que o óleo possui inúmeras funções, dentre elas está o uso 
medicinal, produto de limpeza e até mesmo sendo utilizado pelas indústrias na linha de 
cosméticos. De modo que, a presença da mulher é intensa em todas as fases da extração. E 
que segundo Shanley et al., (2005) o óleo da andiroba é um dos óleos medicinais mais 
procurados na região Amazônica, principalmente em feiras. 
Palavras-chave: produtividade; extração; óleo; Carapa guianensis Aubl. 
1. Introdução 
A denominação andiroba (Carapa guianensis Aubl.), em Tupi Guarani significa sabor 
amargo (nhandi – óleo e rob – amargo), foi descrita pela primeira vez pelo botânico francês 
Jean-Baptiste Christopher Fuseé Aubiet (1720-1778), em 1775, na Guiana Francesa, 
pertencente à família das meliáceas. Podendo suas árvores medir até 55m de altura, e 
diâmetro médio podendo chegar de 50cm a 120cm, e seu número de sementes por frutos 
contendo entre 10 a 20 unidades por ouriço. 
A utilização do óleo de andiroba é bastante antiga na Amazônia. Com isso, nasce o 
reconhecimento da acuidade dos produtos florestais não-madeireiros (PFNMs) das florestas, 
como alternativa de explorar as riquezas biológicas sem danificar a floresta. Pois, a maioria 
dos coletores, normalmente são pessoas da própria família e localidade, que adquirem as 
sementes diretamente do solo, que se encontram normalmente em áreas de várzea e terra 
 
 
1 Artigo referente aos eixos interdisciplinar de Introdução as Ciências Agrárias e Comunicação e 
Iniciação Científica. 
2 Graduandos de Agronomia, Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA, Belém/Pará. 
2 
 
 
de várzea e terra firme, (SANTOS & GUERRA apud DEBEER; MCDERMOTT, 
1998;PETERS et al., 1989). 
Mediante este reconhecimento as comunidades locais exercem grande valor na 
conservação dos ecossistemas, através de estilos de vida peculiares na exploração da matéria-
prima e na utilização dos recursos naturais de formas tradicionais, favorecendo maior 
satisfação de suas necessidades, sem danificar suas fontes de subsistências, de forma a suprir 
suas necessidades biológicas e financeiras. Desta maneira, a forma tradicional de extração do 
óleo de andiroba é extensa e complexa. E até a contemporaneidade, os conhecimentos a cerca 
deste procedimento foi sempre transmitido pelos mais experientes através de seus relatos. 
A partir da importante relação entre o saber popular e a pesquisa, há um 
conhecimento respeitável da produtividade dos andirobeiros e a verificação da efetividade dos 
coletores em estimular o aumento da qualidade dos produtos a um menor custo e com maior 
retorno financeiro. Desta forma, percebe-se uma dependência das famílias pelos recursos 
naturais, tornando-se uma ajuda a mais na renda familiar dessas pessoas. Onde o 
aproveitamento do óleo na industrialização tem favorecido sua comercialização em várias 
regiões do país, passando também a ser exportados para países como a França, Alemanha e 
Estados Unidos – EUA, principalmente pra ser utilizado na indústria de fito cosméticos 
(Gonçalves, 2001). Podendo ainda ser utilizado, de forma fitoterápica, vela de andiroba e 
biodiesel. 
2. Referencial Teórico 
A Carapa guianensis Aubl., é uma espécie que pode ser utilizada desde sua raiz, 
madeira e até o fruto. Além disso, o extrativismo de PFNMs tornou-se uma forma de 
sustentação para comunidades do norte do nosso país, juntamente com a agricultura de 
subsistência e a pesca, fazendo parte da cultura das comunidades que vivem de suas bases 
(RRUEDA, 2006). 
 De acordo com (BAHIA apud SILVA, 2004; GONÇALVES, 2001), verificou-se o 
uso de diferentes formas e procedimentos quanto à extração do óleo de andiroba, nas famílias 
entrevistadas na comunidade. Quanto ao rendimento, variando entre 1 a 3Kg de sementes para 
um litro de óleo, estes resultados variam entre as espécies de cada região. Há interesse no 
desenvolvimento sustentável pelas pessoas que cultivam a espécie, uma vez que a andiroba 
3 
 
 
traz muitos benefícios tanto na área medicinal, quanto no valor econômico e comercial 
(FRANQUILINO, 2006 a). 
3. Material e Métodos 
A pesquisa foi realizada entre os meses de março a junho, com as famílias coletoras, 
localizada na comunidade do Ramal Km 07, nas proximidades da Br 316 (Pará-Maranhão), do 
município de Capanema, estado do Pará, onde acompanhamos os coletores e extratores pelo 
método de observação participativa, conversas informais e diretas durante os dias de trabalho 
dos extrativistas e do processo de extração e beneficiamento do óleo de andiroba (Carapa 
guianensis Aubl.). 
Constando de visitas técnicas a comunidade citada, local de coleta das sementes, 
sendo feito o levantamento de nossas hipóteses de acordo com nossos objetivos, onde 
acompanhamos de perto todos os procedimentos aplicados na atividade. De modo, que 
conseguimos identificar os principais processos e componentes da extração do óleo. 
A partir desse acompanhamento, aplicamos um questionário, no qual abordou desde 
a coleta e seleção das sementes, até os procedimentos de beneficiamento do óleo e suas 
disposições enquanto produtos finais. Propondo-se também levantar as formas de uso, 
comercialização e beneficiamento do óleo, realizado pelas famílias da comunidade. E assim, 
expondo a importância dessa atividade para as mesmas. 
Tendo como base todas essas informações faremos as descrições para disseminar os 
resultados elaborar um projeto de melhoria, para o processo de produção e comercialização do 
óleo na localidade. 
4. Resultados e Discussão 
Os extratores rotulam a Carapa guianensis Aubl. de andiroba e a espécie atribuem 
grande quantidade de óleo extraído através do processo tradicional. Sendo este processo 
dividido em seis etapas importantes: coleta da semente, armazenamento antes do cozer, 
cozimento, repouso após o cozimento, preparo da massa e a extração do óleo. 
Na comunidade visitada a atividade de extração do óleo de andiroba, é feita por 
homens e mulheres, não tendo a presença de crianças. As famílias extratoras adquiriram o 
conhecimento da atividade, através de suas famílias por gerações, e vem sendo desenvolvida 
4 
 
 
por eles entre 4 a 32 anos. Sendo a presença da mulher constante em todas as etapas, e o 
homem normalmente tem participação acentuada na coleta das sementes. 
Coleta das sementes: De modo que essa etapa é a mais penosa e arriscada, pois os 
coletores correm sérios riscos de vida, principalmente com animais peçonhentos em área de 
várzea. As coletas são realizadas no período de frutificação da andiroba, como descrevemos 
abaixo na fenologia da espécie (Figura 1). De acordo, com as entrevistas feitaaos extratores, 
na comunidade do ramal Km 07, no município de Capanema-Pará, eles usam apenas a espécie 
Carapa guianensis Aubl., sendo árvores nativas, com idade entre 18 e mais de 100 anos, 
tendo ocorrência em área de terra firme e várzea (Figura 2 e 3). Em seguida, é realizada a 
seleção das sementes, descartando as que se encontram furadas, ruídas por animais, em fase 
de germinação e as sementes com peso leve. 
Figura 1. Fenofases observadas na região de Capanema – PA para espécie da Carapa guianensis Aubl. 
Fenologia 
MESES DO ANO 
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ 
 
 
Figura 2. A andirobeiras em terra firme e a agricultora extrativista em áreas de coleta das sementes. 
 
 
Figura 3. Área de várzea, umas das áreas de onde é feita a coleta das sementes de Carapa guianensis Aubl. 
 
 FLORAÇÃO FRUTIFICAÇÃO 
 QUEDA DAS SEMENTES 
5 
 
 
Armazenamento antes do cozer: as sementes selecionadas são armazenadas por 
algumas famílias, num período de 2 a 10 dias, em paneiros de tala ou em grades metálicas 
planas, em pleno sol, sendo cobertas com plásticos, no final da tarde para que não pegue 
sereno nem chuva. 
Cozimento das sementes: essa etapa inicia-se com o cozimento das sementes, que 
normalmente são cozidas em latas de alumínio de 18 litros ou em panela de alumínio grande 
(denominadas de tacho ou panelão), sobre fogo alto feito a lenha por tempo que variou entre 
45 minutos e duas horas. Foi observado em todas as famílias que o ponto ideal do cozimento, 
é ao apertar uma semente e ao quebrá-la nota-se que a amêndoa esta mole. 
Repouso após cozimento: esse é o segundo armazenamento feito após o cozimento. 
As sementes são colocadas em repouso para que possam resfriar durante um período de 5 a 15 
dias, de modo que os extratores afirmaram que o tempo de 15 dias é o ideal. As sementes 
cozidas são depositadas dentro de paneiros com palha de guarimã no fundo, para fazer a 
proteção das sementes evitando que elas entrem em contato com o chão ou então são 
colocadas em baldes grandes. 
Preparo da massa: posterior ao repouso, as cascas das sementes são quebradas com 
terçado ou com pedaços de pau, após serem retiradas as cascas são aproveitadas como adubo 
para algumas plantas ou são descartadas, sua amêndoa é retirada com cabo de colher ou com 
espátulas feitas de madeira, e colocadas em vasilhames até que se tenha uma quantidade 
suficiente para obter bom rendimento. No início da etapa, o ponto ideal para a retirada da 
massa é quando a mesma apresenta oleosidade nas mãos, de cor bege à rosa de aspecto 
pastoso, durante este processo é encontrado a presença de fungos, que surgem durante o 
cozimento das sementes. De acordo com as famílias, as amêndoas são amassadas com as 
mãos, pés e rolo, para que fiquem bem homogêneas e facilite o escoamento de toda a essência 
oleosa, e em seguida são mantidas ao sol, onde se inicia o processo de escoamento do óleo, 
como pode ser observado na Figura 4. 
 
 
 
 
6 
 
 
Figura 4. Pesquisadores e extrativista respectivamente, na etapa de preparação da massa. 
 
Extração do óleo: esse último passo, é realizada de duas formas de acordo com 
nossas observações na comunidade que são: ao sol e com tipiti (Figura 5). Somente uma da 
família da comunidade entrevistada extraí com tipiti, após a vazão do óleo ao sol para 
conseguir maior aproveitamento da massa. No método ao sol, as amêndoas formaram o “pão” 
e foram dispostas em giral feito de madeira ou em bacias de alumínio inclinadas para facilitar 
o escoamento do óleo (Figura 6), sendo esse um dos processos mais demorados durando em 
torno de 10 a 20 dias no sol. No método do tipiti um dia é suficiente para se fazer a extração 
completa, sendo esse realizado por duas famílias, porém no final desse método é necessário se 
fazer a filtração para retirada das impurezas contidas no óleo, sendo feito esse refinamento 
com pano de algodão ou com peneira. O óleo extraído serve para uso próprio da família 
principalmente de forma medicinal e comercial contribuindo na renda dos extratores. No final 
da etapa o óleo extraído é armazenado em garrafas transparentes de cachaça ou plásticas. O 
resíduo final tem coloração escura e aspecto esfarelado e uma das famílias entrevistadas, a 
reutiliza para fazer sabão e as outras como adubo orgânico. 
Figura 5. As formas de extração do óleo de andiroba em tipiti e no sol, respectivamente. 
 
7 
 
 
Figura 6. Escoamento do óleo do “pão”, colocado em giral e bacia de alumínio respectivamente. 
 
De acordo com os procedimentos relatados por Shanley et al., (2005) para se 
alcançar o aspecto mole as sementes foram fervidas por aproximadamente 1 hora de tempo, e 
após sua fervura estiveram em repouso por um tempo de 5 a 15 dias, sendo que a maioria das 
famílias entrevistadas na comunidade usavam a máxima quantidade de tempo, ou seja, 15 dias 
para o melhor aproveitamento do óleo contida na massa. 
Após este período, a massa deve ser retirada com o auxilio de colheres ou ate mesmo 
por palhetas feitas pelos próprios extratores. Normalmente, este processo é feito por mulheres. 
Em seguida a massa deve ser amontoada sobre um cocho feito de metal, ou bacias do mesmo 
material, o mesmo é colocado de maneira inclinada em direção ao chão, tendo como suporte 
um pequeno giral, contribuindo no escoamento do óleo. Logo após a massa é posta ao sol 
permanecendo durante 10 a 20 dias, sendo que a partir do quarto dia é iniciado o escoamento 
do óleo, e entre este período é feito o amassamento em aproximadamente de 2 em 2 horas, 
todos os dias, vale ressaltar que neste método a massa não deve ter nenhum contanto com 
qualquer tipo de substâncias, como água da chuva e sereno, pois poderá danificar a qualidade 
do produto final, e para isso, as famílias usavam uma lona para a cobertura da massa. 
 O óleo da semente de andiroba acarreta algumas finalidades importantes tanto para o 
benefício próprio quanto para a economia das famílias coletoras e para a comercialização. 
Sendo que o processo de extração do óleo precisa de uma rentabilidade para dar um retorno 
financeiro, já que as famílias utilizam o óleo como complemento na sua renda, e ainda 
segundo os relatos dos extrativistas para se obter uma quantidade de um a três litros de óleo é 
necessária uma lata de 18 litros cheias de sementes chegando a aproximadamente a 10 kg de 
sementes (Figura 7). E além do mais os mesmos segundo suas crenças acreditam que a lua dar 
uma rentabilidade maior. 
 
8 
 
 
Figura 7. Formas de beneficiamento e comercialização do óleo entre as famílias. 
 
Família 
 
Formas de beneficiamento do óleo 
 
Comercialização 
 
 
Carneiro 
 
 
 
 
Oliveira 
 
 
 
 
 
Lopes 
 
Curar hematomas, massagem 
para corpo, cabelo e repelente. 
 
 
Tomar com mel combatendo a 
tosse, prevenção de dores e ajuda 
no combate á problemas 
capilares (caspa). 
 
 
Fabricação de sabão, dores, 
problemas de garganta e 
massagem. 
 
Dentro da 
comunidade. 
 
 
Pequenos comerciantes, 
vizinhos, parentes e extrai 
por encomenda. 
 
 
 
Para comerciantes e por 
encomenda 
 
 
Entrando em discordância com as informações (BAHIA APUD SILVA, 2004; 
GONÇALVES, 2001) que descrevem uma quantidade muito maior que é de cinco a trinta kg 
de sementes de andiroba para se adquirir um litro de óleo. Assim sendo de fundamental 
importância comercializar e utilizar um óleo de boa qualidade incluindo um processo básico 
como o refinamento ou também denominado de filtração do óleo que consiste na retiradadas 
impurezas com a ajuda de um pano de algodão ou pano fino limpo, processo bem peculiar 
descrito na literatura (MENDONÇA & FERRAZ, 2007). No final do processo o óleo é 
acondicionado em garrafas pet e outras famílias armazenam em garrafas de vidro, mas não é 
viável na mesma pois facilita a ocorrência de acidentes como a quebra e consequentemente a 
perda do produto. Tendo como base as literaturas (SHANLEY & MEDINA, 2005), o óleo é 
utilizado para a cicatrização de ferimentos externos, inchaços, recuperação da pele, 
antialérgicos, anti-inflamatórios e repelentes. 
Assim, após todo o escorrimento do óleo a massa permanece com textura grossa e 
esfarelada, e para melhor aproveitamento é levada ao tipiti para se extrair o restante do óleo. 
Tendo sua rentabilidade maior neste processo, não possuindo o mesmo princípio ativo, pois é 
notoriamente perdido, devido a exposição frequente ao sol. Em algumas famílias da 
comunidade, a massa é reaproveitada, sendo utilizada na produção de sabão. 
5. Considerações Finais 
A consumação desta pesquisa possibilitou descrever, as disparidades na organização 
da atividade citada que é realizada pelos extratores, sendo possível descrever que as famílias 
apesar de usufruírem da matéria-prima da natureza, elas não causam danos à mesma. 
9 
 
 
De modo que, a presença da mulher é intensa em todas as fases da extração, não 
relacionado à sua força mas com sua presença há harmonia familiar, e os membros da casa 
admitem que o comando é propriamente dela, justamente por serem mais organizadas, assim 
contribuem na renda familiar na venda dos produtos obtidos a partir da extração e 
consequentemente lhe garantem o respeito. 
Segundo Shanley et al., (2005) o óleo da andiroba é um dos óleos medicinais mais 
procurados na região Amazônica, principalmente em feiras. O que consequentemente torna-se 
de extrema importância para a economia do estado. No caso da comunidade do interior de 
Capanema, a extração do óleo é considerada uma atividade secundária entre as famílias, o 
mesmo é mais utilizado para fins medicinais e até mesmo doado para pessoas próximas a 
família, pois as quantidades de óleo produzido não lhes garantem a rentabilidade o suficiente 
sendo apenas comercializado por encomendas de vizinhos e comerciantes. E para que a 
comercialização do produto ocorra, as famílias precisariam de uma ajuda de custo atribuídas 
do governo para que assim lhe proporcionassem o uso de tecnologias capazes de extrair o óleo 
da massa com maior rapidez, e de principalmente aumentar a área para o cultivo das espécies, 
automaticamente contribuiria para a renda das famílias e reconhecimento de seus trabalhos 
como extratores. 
Portanto, os objetivos à cerca desta pesquisa foram alcançados com êxito, garantindo 
o conhecimento sobre a espécie Carapa guianensis Aubl e as devidas formas de extração do 
óleo na comunidade do Km no município de Capanema – PA. 
7. Referência Bibliográfica 
BOUFLEUER, N. T. Aspectos ecológicos da andiroba (Carapa guianensis Aublet., 
Meliaceae) como subsídio ao manejo e conservação. Dissertação (Mestrado em Ecologia e 
Manejo de Recursos Naturais). Universidade Federal do Acre, Rio Branco, 2004. 
FERRAZ, I. D. K; Camargo, J.L.C.; Sampaio, P.T.B. 2002. Sementes e Plântulas de 
andiroba (Carapa guianensis Aubl. e Carapa procera D.C.): Aspectos botânicos, 
ecológicos e tecnológicos. Acta Amazonica, 32(4): 647-661. 
FURTADO, D.C; SABLAYROLLES, M. G. P; RUAS, R. M. S e SILVA, L. M. S, Posições 
e composições: estratégias do trabalho familiar no extrativismo de sementes em 
Marapanim (Pará, Brasil), Sociedade e Desenvolvimento Rural on-line, v. 7, n. 3, Jul.2013. 
10 
 
 
GONÇALVES, V. A. Levantamento de mercado de produtos florestais não-madeireiros 
– Floresta Nacional do Tapajós. Santarém: Promanejo: Ibama, 2001. 
LEÃO, N. V.; Colheita de sementes e produção de mudas de espécies florestais nativas. 
Belém, PA: Embrapa Amazônia Oriental, 2011. 
MENEZES, A. J. E. A. de, O histórico do sistema extrativo e a extração de óleo de 
andiroba cultivado no município de Tomé-Açu, estado do Pará, SOBER, Ribeirão Preto – 
SP, Jul. 2005. 
MENDONÇA, A. P., FERRAZ, I. D. K, Óleo de andiroba: processo tradicional da 
extração, uso e aspectos sociais no estado do Amazonas, Brasil, Acta Amazônica, v. 37 
(3), p. 357-364, Manaus – AM, 2007. 
QUEIROZ, J.A.L. Guia Prático de Manejo Florestal para Produção de Frutos de 
Andiroba (carapa Guianensis Aubl.) e de outros Produtos de Valor Econômico no 
Estado do Amapá - A floresta pode dar bons frutos. Macapá: IEPA, 2007. 
SANTOS, A. J.; HILDEBRAND, E.; PACHECO, C. H. P.; PIRES, P. T. L.; ROCHADELLI, 
R. Produtos não madeireiros: conceituação, classificação, valoração e mercados. Revista 
Floresta, Curitiba, v. 33, n.2, p. 215-224, 2003. 
SANTOS, A. J. dos; GUERRA, F. G. P. de Q. Aspectos econômicos da cadeia produtiva 
dos óleos de andiroba (Carapa guianensis Aubl.) e Copaiba (Copaifera multijuga Hayne) 
na floresta nacional do Tapajós – Pará. FLORESTA, Curitiba, PR, v. 40, n. 1, p. 23-28, 
jan./mar. 2010. 
SHANLEY, Patricia. MEDINA, Gabriel. Frutíferas e Plantas Úteis na Vida Amazônica. 
Ilustrado por Silvia Cordeiro, Antônio Valente, Bee Gunn, Miguel Imbiriba, Fábio Strympl. 
Belém: CIFOR, Imazon, 2005. 
TONINI, Helio; KAMINSKI, Paulo Emílio. Processo Tradicional da Extração e Usos do 
Óleo da Andiroba em Roraima - Boa Vista, RR: Embrapa Roraima, 2009. 23 p. (Embrapa 
Roraima. Documentos, 14).

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