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Apostila Criminologia

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Ementa Pitágoras
Introdução à criminologia. Escolas Criminológicas. Teorias Sociológicas à respeito do 
crime. Escola de Chicago e Teoria das subculturas delinquentes. Psicologia e Psiquiatria 
Criminal Política Criminal. Exame Criminológico. Vitimologia.
CONCEITO DE CRIMINOLOGIA
A criminologia é um conjunto de conhecimentos que se ocupa do crime, da 
criminalidade ede suas causas, da vítima, do controle social do ato criminoso, bem 
como da personalidade do criminoso e da maneira de ressocíalizá-lo. Etimologicamente 
o termo deriva do latim crimino (crime) e do grego Jogos (tratado ou estudo), seria 
portanto o "estudo do crime".
E uma ciênciaempírica e interdisciplinar. E empírica, pois baseia-se na experiência da 
observação, nos fatos e na prática, mais que em opiniões e argumentos. E 
interdisciplinar e portanto formada pelo diálogo de uma série de ciências e disciplinas, 
tais como a biologia, a psicopatologia, a sociologia, política, a antropologia, o direito, 
a criminalística, a filosofia e outros.
Tendo objeto de estudo extremamente complexo, qual seja, o crime como um fato 
biopsicossocial, a Criminologia não se limita a um só domínio ( área, terreno) científico. 
O delito é estudado pela ciência criminológica, em sua realidade fenomenológica, ou 
seja como um fenômeno real, em sua realidade fática.
Cada um desses fatores motivadores do ato estudado, observado em sua pureza e a 
independência fenomenológica é afeito ao domínio de determinada ciência, daí porque 
se asseverar ser uma das características da Criminologia, seu aspecto multidisciplinar, 
ou interdisciplinar, haja vista necessitar recorrer aos conceitos e conclusões de estudo ( 
assim como recorrera ao instrumental metodológico) de outras ciências, como a 
biologia, medicina, direito, socioLogia, psicologia, antropologia, cte.
/
OBJETO DA CRIMINOLOGIA
Enquanto o Direito Penal, ciência normativa que o é, volta-se ao estudo deste objeto, 
enquanto ente jurídico, como conduta indesejada, vedando-lhe a prática sob a ameaça da 
imposição de uma pena, a Criminologia busca dissecar o delito, enquanto fenômeno 
humano e social, investigando-lhe as causas e influências, sejam, endógenas (internas ao 
agente ativo), ou exógenas ( externas - sociais ou mesológicas). Observa-se assim, 
possuir, objeto próprio. Reforça ainda este ponto de vista, a observação e análise 
conjunturais e particularizadas que a Criminologia moderna está divida em quatro 
pilares: delito, delinqüente, vítima e controle social.
A Criminologia tem, assim, objeto comum com o Direito Penal, e é com este, 
intimamente relacionada. O crime é o objeto de estudo de ambas as ciências, porém sob 
enfoques diversos. Enquanto o Direito Penal, por ser normativo, cuida do delito, 
enquanto fenômeno jurídico, a Criminologia o estuda, sob o prisma fenomenológico 
humano e social. O relacionamento íntimo, no sentido de necessitar, a Criminologia, 
dos conceitos penais, está em que os conceitos de crime são relativos de país a país, de 
grupamento social a grupamento social, e é variável no tempo, cabendo ao Direito 
definir os tipos delituosos concretos.
INFRAÇÕES PENAIS
Conceito: O Código Penal Brasileiro adota o sistema duaíista ou binário . Prevê- a 
infração penal como gênero, e como espécies o crime e a contravenção penal. Delito é 
sinônimo de crime, e a contravenção penal possui como sinônimos: crime anão, delito 
liliputiano e crime vagabundo. Lei de Introdução ao Código Penal, Art. Io Considera-se 
crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou de detenção, quer 
isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, 
a infração penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão simples ou de multa, 
ou ambas, alternativa ou cumulativamente.
MOMENTO EM QUE NASCE UM CRIME
O crime surge no momento em que um determinado fato acontece reiterad amente e se 
torna incomodo, prejudicial e indesejável a uma sociedade, fazendo com este grupo 
resolva a deliberar e considerá-lo como uma conduta proibida. Ressalta-se que o 
conceito de crime pode yariar de tempos em tempos, de grupamento soeial para 
grupamento social, podendo seu conpeito vafiartamBeiir^íe acordo com a cultura local.
CRIME OU DELITO
a) Conceito Genérico de crime: Crime e um fenômeno humano, social e cultural.
b) Conceito Material de crime: Este conceito esta vinculado ao ato que possui 
danosidade social ou que provoque lesão a um bem jurídico.
c) Conceito Formal de Crime:
Este é um conceito que esta ligado ao fato de existir uma lei penal que descreva 
determinado ato como infração criminal.
d) Conceito Analítico de Crime: Este conceito expõe os elementos estruturais e 
essenciais do conceito de crime.
São elementos do fato típico a conduta, o resultado, o nexo causai entre a conduta e o 
resultado e a tipicidade. Na falta de qualquer destes elementos, o fato passa a ser atípico 
e, por conseguinte, não há crime.
O crime é um fato típico, antijurídieo e culpável
Conceito legal de crime 
C=FT+AJ+C
Conceito de Fato Típico: Em um conceito analítico, fato típico é o primeiro substrato 
do crime, ou seja, o primeiro requisito ou elemento do crime. No conceito material, fato 
típico é um fato humano indesejado norteado pelo princípio da intervenção mínima 
consistente numa conduta produtora de um resultado e que se ajusta formal e 
materialmente ao direito penal. É o fato humano descrito abstratamente na lei como 
infração a uma norma penal.
Conceito deAntijuridicidade: A expressão Antijuridicidade é tratada pela lei penal 
como ílicitude. Esta terminologia - Antijuridicidade - é utilizada de modo amplamente 
majoritário tanto na doutrina quanto na jurisprudência.
A Antijuridicidade é todo comportamento humano que descumpre, desrespeita, infringe 
uma lei penal e, consequentemente, fere o interesse social protegido pela norma 
jurídica. Ela é uma conduta injusta que afronta o senso comum. As pessoas quando 
tomam conhecimento desta conduta, reprovam-nas veemente.
Por exemplo, se uma pessoa revelar a alguém, sem justa causa, um segredo e cuja 
revelação possa produzir dano a outra pessoa é uma conduta antijurídiea.
Em suma, todas as condutas típicas - previstas em iei - como: matai' alguém, estuprar, 
furtar, roubar, etc - são, a princípio, antijuri dicas, POREM, havendo a presença de 
alguma excludente de antijurídicidade, esta conduta deixa de ser criminosa. As causas 
de exclusão de antijuridicidades são tratadas como justificativas, e nesta hipótese o 
agente pode ser absolvido do crime que cometeu,
O art. 23 prevê todas as excludentes de antijuridieidade, Elas também podem ser 
chamadas de Descnminantés, Eximentes, Causas de Exclusão de Crime, Tipos 
Permissivos.
Conceito de culpabilidade ou de,fótoculpáyeI:a culpabilidade é o elemento subjetivo 
do autor do crime. É aquilo q u /se passa''na mente daquela pessoa que praticou um 
delito. V— ^
Ela podería ter desejado um resultado criminoso qualquer (agiu com do 1 o direto); ele 
poderia ter assumido o risco de produzir um resultado criminoso (agiu com dolo 
indireto eventual); ou, não desejava aquele resultado criminoso, mas deu causa a ele por 
imprudência, negligência ou imperícia (agiu com culpa).
A culpabilidade portanto, é a culpa em sentido amplo, que abrange o dolo (artigo 18, 
inciso I; CP); e a culpa em sentido estrito (artigo 18, inciso II; CP).
Por outro lado, ela resulta ainda, da união de três elementos: imputabilidade, 
consciência efetiva da antij uridicidade e exigibilidade de conduta conforme ao Direito. 
Ou seja: deve o autor do delito ser imputável; ter conhecimento ou possibilidade de 
conhecimento dá antijurídicidade de sua conduta; e ter condições de, no momento da 
prática daquele ato criminoso, ter agido de modo diverso do qual agiu.
Em vista disto, é oportuno lembrar de que existem excludentes de culpabilidade
previstas pelo Código Penal que determinam que o agente não deve ser punido, mesmo 
sendo a sua conduta (ativa ou positiva), típica e antijurídica.
Neste caso, o legislador empregou expressões como: "é isento de pena" (artigos 26, 
caput; e 28, parágrafo Io do CP); ou de forma indireta: "só é punível o cmtor da coação 
ou da ordem", dando a entender que o autor do fato não é punível (art. 22 do CP). Entre 
estas excludentes de culpabilidade, encontramos como destaque, a menoridade (art. 27 
CP).
Estes seriam então, os elementos integrantes do conceito jurídico, dogmático ou 
analítico de crime, defendidos pela doutrina prevalente.
Entretanto, existem autores que não aceitam esta definição. Enquanto alguns pretendem 
retirar um dos seus elementos, outros, desejam acrescentar novos elementos. Sobre este 
assunto, o Prof. Luiz Alberto MACHADO esclarece que "o conceito analítico do crime 
vem sofrendo p ro f indo reexame do mundo juríâico-criminal. A mais ou menos pacífica 
e tradicional composição tripartida (tipicidade, antijurídicidade, culpabilidade) tem 
trazido inqinetações, seja pela estrutura interna desses elementos, com a transposição 
dè fatores de um para outro, seja pela atual tentativa de retorno a uma concepção 
bipartida."
O maior expoente da teoria finalista da ação em nosso meio, Prof. Damásio Evangelista 
de JESUS, sustenta que a culpabilidade não é elemento ou requisito do crime. Ela 
somente funciona como pressuposto da pena; e que o juízo de reprovabilidade não 
incidida sobre o fato, mas sim sobre o sujeito. Não se tratando de fato culpável, mas de 
sujeito culpável. Culpabilidade seria um juízo de reprovação que recairía sobre o sujeito 
que praticou o delito, desta forma, a culpabilidade seria uma condição de imposição de 
pena.
Nas palavras do Prof. MAGALHÃES NORONHA, na pena não integra o delito, por 
ser este seu pressuposto. Tê-la corno constitutiva do crime é considerar como elemento 
da causa o e f e i t o " A pena vem a ser, então, um efeito do delito. É sua consequência 
ou resultado." E, realmente, este é o entendimento da doutrina dominante.
Alguns autores, influenciados pela doutrina italiana de BATTAGLINI, defendem a 
inclusão da punibilidade no conceito do crime.
Não comungo com tal idéia. A pena a ser aplicada ao autor do crime, uma vez 
condenado, é uma consequência do crime, e não parte integrante do crime.
Nas palavras do Prof. MAGALHÃES NORONHA, "a pena não integra o delito, por 
ser este seu pressuposto. Tê-la. como constitutiva do crime é considerar como elemento 
da causa o efeito.".... "A pena vem a ser, então, um efeito do delito. É sua consequência 
ou resultado." E, realmente, este é o entendimento da doutrina dominante.
CONTRAVENÇÃO:
Contravenção éuma infração penal de menor potencial ofensivo, sendo que as mesmas f 
estão previstas na lei Lei número 3.688/1941 . Exemplo: LCP, art,21,Praticar viasjje'* 
fato.
ATO INFRACIONAL
O Ato infracional. é o ato condenável, de desrespeito às leis, à ordem pública, aos 
direitos dos cidadãos ou ao patrimônio, cometido por crianças ou adolescentes. Só há 
ato infracional se àquela conduta corresponder a uma hipótese legal que determine 
sanções ao seu autor. No caso de ato infracional cometido por criança (até 12 anos), 
aplicam-se as medidas de proteção. Nesse caso, o órgão responsável pelo atendimento é 
o Conselho Tutelar. Já o ato infracional cometido por adolescente deve ser apurado pela 
Delegacia da Criança e do Adolescente a quem cabe encaminhar o caso ao Promotor de 
Justiça que poderá aplicar uma das medidas sócio-educativas previstas no Estatuto da 
Criança e do Adolescente da Criança e do Adolescente, Lei 8.069/90 (doravante ECA) 
(Revista Jurídica Consulex, n° 193, p. 40, 31 de Janeiro/2005).
O EGA trata do ato infracíonal, conceituando-o em seu artigo 103 senão vejamos: “A lt 
103. Considera-se ato infracíonal a conduta descrita como crime ou contravenção 
penal45.
Segundo o EGA (àrt. 103) o ato infracíonal é a conduta da criança e do adolescente que 
pode ser descrita como crime ou contravenção penal. Se o infrator for pessoa com mais 
de 18 anos, o termo adotado é crime, delito ou contravenção penal.
Assim, considera-se ato inffacional todo fato típico, descrito como crime ou 
contravenção penal. A doutrina se divide segundo qual teoria o EGA teria acolhido. 
Assim, segundo os Profs. Eduardo Roberto de Alcântra Del-Campo e Thales César de 
Oliveira o ECA segue a teoria tripardita do direito penal que aponta como elementos do 
delito a tipieidade, a antijuridicidade e a culpabilidade. Já para o Prof. VálterfCenjilshida 
o ECA adotou a teoria finalista onde o delito é fato típico e antijuridico. 
Independentemente da posição prescrita entendemos que este artigo está totalmente 
acordado com a Constituição Brasileira quando dispõe que “não há crime sem lei 
anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal” (art. 5, XXXIX, da CF).
No caso do art. 103, embora a prática do ato seja descrita como criminosa, o fato de não 
existir a culpabilidade, em razão da imputabilidade penal, a qual somente se inicia aos 
18 anos, não será aplicada a pena às crianças e aos adolescentes, mas apenas medidas 
socioeducativas. Dessa forma, a conduta delituosa da criança ou adolescente; será 
denominada tecnicamente de ato infracíonal, abrangendo tanto o crime como as 
contravenções penais, as quais constituem um elenco de infrações penais de menor 
porte, a critério do legislador e se encontram elencadas na Lei das Contravenções 
Penais.
CONCEITO DE PENA:
“Sanção penal de caráter aflitivo, imposta pelo Estado, em execução de uma sentença, 
ao culpado pela prática de uma infração penal, consistente na restrição ou privação de 
um bem jurídico, cuja finalidade é aplicar a retribuição punitiva ao delinqüente, 
promover a sua readaptação social e prevenir novas transgressões pela intimidação 
dirigida à coletividade. (CAPEZ, 2003, p. 332)”
CONCEITODE MEDIDA DE SEGURANÇA:
Alguns homens, quando cometem fatos definidos como crime, por suas particulares 
condições biopsicológicas, não sabem nem têm a capacidade de saber que estão 
realizando comportamentos proibidos pelo Direito. São absolutamente incapazes de 
entender que seu comportamento é ilícito.
Outros, apesar de conhecerem a ilicitude, não têm a menor capacidade de se determinar 
em consonância com esse entendimento, pois são totalmente incapazes de se 
autogovemar. Conhecem ó ilícito, mas não se contêm e, por força de impulso 
incòntrolável, realizam a conduta que sabem proibida,
Essas pessoas são chamadas ínimputáveis. Em virtude de doença mental, 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, ou embriaguez total, proveniente de 
caso fortuito ou força maior, são absolutamente incapazes de entender o caráter ilícito 
do fato ou, mesmo capazes de entendimento, plenamente incapazes de se determinar de 
acordo com esse entendimento,
A elas equiparados, por força de preceito constitucional, estão todos os menores de 18 
anos.
As pessoas que não são inteligentes e as que não são livres não sabem o que fazem ou. 
não podem escolher entre o justo e o injusto; por isso, não podem ser responsabilizadas 
pelo que tiverem feito.
A pena criminal só é'aplicada ao que, capaz de entender e de se determinar, podia, 
quando se comportou, saber que realizava fato proibido e que, nas circunstâncias, 
poderia ter agido de outro modo. São os que cometeram fatos típicos, ilícitos e 
culpáveis.
O homem que, sem capacidade de entendimento e determinação, realizou fato típico e 
ilícito, o injusto penal, não pode ser punido, apenado, mas deverá receber outra sanção 
penal a medida de segurança.
A questão, no entanto, é envolta pelo problema da definição do tempo de duração desta 
medida. A lei diz que será por prazo indeterminado, até que perdure a periculosidade. 
Pelo sistema dualista, pode-se afirmar que
coexistem duas modalidades de sanção penai: 
pena e a medida de segurança. A pena pressupõe culpabilidade; a medida de segurança, 
periculosidade. A pena tem seus limites mínimo e máximo predeterminados (Código 
Penal, artigos 53, 54, 55, 58 e 75); a medida de segurança tem um prazo mínimo de 1 
(um) a 3 (três) anos, porém o máximo da duração é indeterminado, perdurando a sua 
aplicação enquanto não for averiguada a cessação da periculosidade (Código Penal, 
artigo 97,parágrafo Io).
São medidas aplicadas pelo Juiz com finalidade pedagógica em indivíduos infanto- 
juvenís (adolescentes, ou seja, inimputáveis maiores de doze e menores de dezoito anos, 
que incidirem na prática de atos infracionais (crime ou contravenção penal). Medidas de 
natureza jurídica repreensiva e pedagógica para inibir a reincidência dos mesmos e 
prover a ressocialização.1
MEDIDA SÓCIO EDUCATIVA
Medidas sancionatórias sendo todas elas originadas por intermédio do que apregoa a 
Doutrina da Proteção Integral pautados nos Direitos Humanos e Constituição da 
República Federativa do Brasil de 1988, assim como a Lei n° 8.069 de 13 de julho de 
1990 que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA. Cada medida é 
aplicada ao menor são analisadas com métodos pedagógicos, 
sociais, psicológicos e psiquiátricos. Sendo levado em conta: a capacidade de 
cumprimento, as circunstâncias do ocorrido, e a gravidade da infração.
À medida sócio-educativa de internação é aplicada em decorrência da prática de certos 
atos infracionais praticados por adolescentes, também chamados menores em conflito 
com a lei.
De acordo com o art. 2o da lei 8069/1990, adolescente é aquela pessoa entre doze e 
dezoito anos de idade.
Nos termos do art. 108 do ECA, considera-se ato infracional a conduta descrita como 
crime ou contravenção penal.
Dentre as medidas sócio-educativas impostas ao adolescente, a internação se apresenta 
como a mais severa posto que é uma medida que envolve efetiva e permanente privação 
de liberdade ao adolescente que pratique ato infracional mediante grave ameaça ou 
violência à pessoa; a adolescente que cometa, reiteradamente, outras infrações graves; e, 
também, a adolescente que descumpra, reiterada e injustificadamente, a medida 
anteriormente imposta.
A aplicação da medida sócio-educativa de internação é pautada por alguns princípios 
peculiares, são eles: princípio da brevidade; da excepcionalidade; e de respeito à 
condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
MEDIDAS DE PROTEÇÃO
As medidas específicas de proteção são preconizadas para a criança e o adolescente 
cujos direitos reconhecidos pela lei forem ameaçados ou violados: "I - por ação ou 
omissão da sociedade ou do Estado; II - falta, omissão ou abuso dos pais ou 
responsável; III - em razão de sua conduta" (art.
98 ,1, II e III, c/c o art. 10 1, caput, do EGA).
Destinam-se, portanto, as medidas de proteção ao carente e ao infrator, este ultimo 
inserido no inc. 111 ao art. 98:"em razão de sua conduta’'.
Ao menor de 12 anos, criança, incurso na prática infracional, aplicar-se-ão apenas as 
medidas específicas de proteção, não lhe sendo endereçadas as medidas sócio- 
educativas, iri verbis: "Alt. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão 
as medidas previstas no art. 101",
Andou bem a lei em não estender i criança infratora, menor de 12 anos, com pouca 
idade, as medidas mais severas previstas nos incs. II a VI do art. 112. Quanto a 
medida.de advertência, porém, o legislador melhor agiría se a tivesse prescrito também 
para a criança infratora.
CRITICAS A CRIMINOLOGIA
l)Quanto ao objeto
Os contestadores da cientificidade da Criminologia afirmavam que ela padecería de 
suposta carência de objeto, pois o crime seria objeto do Direito penal, como ciência. 
Entretanto é de se atentar para que apesar da evidente inter-relação entre a ciência em 
estudo e o Direito Penal - pois este é quem define o que vem a ser o crime ( conceito 
relativo, pois variável no tempo e no espaço, enquanto conduta particularizada)- ambos 
os ramos do conhecimento científico dedicam a este mesmo objeto sendo seus estudos 
sobre enfoques diferentes.
A CRIMINOLOGIA E PODER
A Criminologia não é um ramo do conhecimento científico simpático ao Poder, haja 
vista que o estudo sobre as raízes e motivação do delito poderá ( e via de regra o fará) 
descortinar fatores criminogenos gerados pelo mau exercício do poder.
O CONTEÚDO MÚLTIPLO DACRIMINOLOGIÁ(TRÍPLICE CONTEÚDO).
a) Fenomenologia criminal (descrição do crime).
b) Etiologia criminal ( estudo das causas).
c) Dinâmica criminal ( “processus”, manifestação ou exteriorização do delito).
A AUTONOMIA DA CRIMÍNOLOGIA
A autonomia da Criminologia como ciência reside no fato de que apesar de outras 
ciências, como a sociologia, a antropologia, a medicina legal, a psicologia, terem 
também o ato humano delituoso por objeto, mas o têm acidental mente, enquanto a 
criminologia o tem como escopo principal de suas atividades investigatórias científicas.
O MÉTODODA CRIMINOLOGIA
Elemento caracterizador de todas as ciências, a utilização de métodos científicos,, em 
realidade, não é exclusivo da ciência. Podemos concluir ser a metodologia , elemento 
essencial à cientificidade de determinado ramo da pesquisa, mesmo que não lhe seja 
exclusivo..
À metodologia é um conjunto de meios já experimentados 11a área de conhecimento 
humano, que facilita, organiza e universaliza o andamento das pesquisas e obtenção dos 
resultados.
Lakatos e Marcòni conceituam 0 método, “in verbis”:
“O método é 0 conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior 
segurança e economia, permite alcançar 0 objetivo - conhecimentos válidos e 
verdadeiros traçando o caminho a ser seguido, detectando erros c auxiliando as 
decisões do cientista”.( LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. 
Fundamentos de Metodologia Científica. 4a ed. rev. e amp. São Paulo: Atlas, 2001. 
P.83),
Vitorino Prata Castelo Branco assim conceitua método, c posteriormente, expõe 
atualização do método em Criminologia:
“Em geral , 0 método é 0 meio empregado, pelo qual 0 pensamento humano 
procura encontrar a explicação de um fato, seja referente à natureza, ou ao 
homem, ou à sociedade.
Só 0 método científico, isto é, sistematizado, por observações e experiências, 
comparadas e repetidas, pode alcançar a realidade procurada pelos pesquisadores. 
O campo das pesquisas será, na Criminologia, 0 fenômeno do crime como ação 
humana, abrangendo as forças biológicas, sociológicas e mesológicas que 0 
induziram ao comportamento reprovável etc” .( CASTELO BRANCO, Vitorino 
Prata. Apuei FERNANDES, Newton; FERNANDES, Valter. Criminologia Integrada. 
2a ed. r ev., at. E amp. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais,2002.P.28).
À Criminologia utiliza o método experimental, naturalístico e indutivo no concernente 
ao estudo do delinqtiente, recorrendo a métodos estatísticos, históricos e sociológicos no 
que tange à busca de conhecimento das causas da criminalidade.
O método indutivo passa pela fase da observação dos fenômenos, e sua respectiva 
análise com o intuito de constatar os fatores que ensejaram sua manifestação; 
posteriormente, busca-se identificar a relação entre eles, para que se possa, em 
conclusão, generalizar tal relação entre fenômenos e fatos semelhantes, alguns até ainda 
inobservados ou mesmo inobserváveis.
Lakatos e Marconi, asseveram, com extrema clarividência que:
“Indução é um processo mental por intermédio do qual, partindo de dados 
particulares, suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou 
universal, não contida nas partes examinadas. Portanto, o objetivo dos argumentos 
indutivos é levar a conclusões cujo conteúdo é muito mais amplo do que o das 
premissas nas quais se basearam”.( LAKÁTÓS, Eva Maria; MARCONI, Marina de 
Andrade. Fundamentos de Metodologia
Científica. 4a ed. rev. e amp. São Paulo: Atlas, 
2001, P.86).
Assim, no método indutivo, inicia-se do conhecimento de partes contidas para concluir 
por uma concepção do todo, enquanto no método dedutivo, conhece-se a regra geral, e 
cio todo, busca-se concluir sobre as partes contidas.
O criminologista alemão Seelig apresenta uma. plêiade de meios de pesquisa 
cri mino lógica: a) a percepção direta do fato criminoso; b)observações sobre o local do 
delito; c) exames e perícias sobre instrumentos de crime e seus produtos; d) exame 
biocriminológico do criminoso( exame direto do delinqüente); e) exame paralelo dos 
não-delinquentes, na medida do possível realizado sobre grupos humanos semelhantes 
aos grupos de criminosos para o estabelecimento de comparações; f) pesquisas 
genealógicas sobre as famílias dos delinquentes, buscando-se a criminalidade de 
ascendentes, de colaterais e de descendentes, suas anomalias psíquicas ou 
particularidades sociais ou caracterológicas; g) exame dos casos criminais com base nos 
"dossiers” criminais existentes nas instituições policiais e judiciais; h) análise dos 
noticiários da imprensa; i) comentários de especialistas em direito penal ou pessoas com 
experiência criminológica;j)as auto-biograíias dos delinqüentes, seus diários, memórias, 
cartas, etc;k) estuda da prova índireta-circunstancial, e especialmente a análise dos erros 
judiciários; 1) os testes psicológicos - de inteligência, de afetividade, de projeção da 
personalidade, etc.- como método experimental muito utilizado na psicologia aplicada, 
o que podería ser aplicado até nas testemunhas do fato delituoso; além de pesquisas 
estatísticas, na área da penologia.. (SEELIG, E. Apud ALVES, Roque de Brito. 
Criminologia. Rio de Janeiro: Forense, 1.986.
FINALIDADE PA CRIMINOLOGIA
Como todo ramo do conhecimento científico, a Criminologia possui finalidade própria, 
qual seja, a debelação ou redução da criminalidade e a ressocialização do delinquente. E 
busca atingir seus objetivos mediante o conhecimento das causas do delito, suas 
consequências, bem como das condições e eficácia da pena, fornecendo elementos 
hábeis ao Direito Penal, através da política Criminal. Observa-se que é de se acrescer a 
essa finalidade, a habilitação, mediante o cabedal de conhecimento científico sobre o 
delito, delinqüente, vítima e controle social.
A CRIMINOLOGIA COMO CIÊNCIA CAUSAL-EXPLICATÍVA.
Ao contrário do Direito, que é uma ciência do ideal, ou seja a ciência “do deve ser” , a 
Criminologia, em se tratando de uma ciência do “ser”, analisa o delito como fato 
humano e social normal, buscando-lhe as causas e estudando-as, bem como procurando 
obter o conhecimento e respectiva explicação acerca da personalidade do criminoso. 
Tem feições etiológicas, visto que ao estudar a conduta seu objeto busca seu porquê.
A CRIMINOLOGIA COMO UMA CIÊNCIA AUTÔNOMA.
Ao estudar as motivações do crime e da criminalidade, bem como a personalidade do 
delinqüente, e ainda buscando o domínio sobre as condições de cumprimento de pena e 
ressocialização do egresso, propicia ao Direito Penal o conhecimento naturalístico sobre 
seu objeto de estudo, viabilizando a sólida normatização do ideal buscado pelas normas 
criminais.Mas não podemos esquecer que a criminologia é um ciência autônoma.
A HISTÓRIA PA CRIMINOLOGIA
Nos primórdios a forma de solução de conflitos era pelo uso da autotütelaem. 
que era legítimo ao mais forte ou ao seu grupo sujeitar a vontade dos mais fracos às 
suas. Não existia a figura do Estado e a imposição de comportamentos operava-se 
exclusivamente pela força. Com o desenvolvimento da vida social, verificou-se o 
surgimento das primeiras atividades legiferantes, ainda que simples e as condutas 
sociais censuráveis passaram a ser previstas em ordenamentos e a transgressão da paz 
social seria cominada de uma sanção.
No início Assim, com o decorrer do tempo, surgiram estatutos, corno o 
Código de Hamurabi (por volta de 1.700 a.C.), cuja marca principal era a adoção da lei 
de Talião (olho por olho, dente por dente), Código de Manu (por volta de 1500 a.C.), até 
as Leis das Doze Tábuas romanas (por volta de 449 a.C.) e o Corpus Iuris Civilis de 
Justiniano (por volta de 530 d.C.).Esses códigos normalizaram a realidade de cada 
sociedade e quase todos permitiam a imposição de morte ao agente que ferisse a paz 
publica.
Na idade média, cada Estado novo contava com o seu ordenamento jurídico 
e visavam, sobretudo a proteção dos interesses da Monarquia e das classes que a 
apoiavam, como a Nobreza.
Hodiemamente, com a configuração moderna dos Estados Modernos, cada 
qual conta com legislação própria para o combate à criminalidade e a atribuição de valor 
social a cada bem jurídico, os quais variam de cultura para cultura, processo oriundo de 
longo processo de evolução de cada povo.
Por mais que o crime tenha sempre existido, o interesse em aprofundar nos 
estudos das suas causas é relativamente recente, datando conforme já mencionado de 
fim do século XIX. Esse período de importante crescimento científico da humanidade, 
pós Revolução Francesa, marcou a transição da ideologia absolutista e teocêntrica para 
a antropocêntriea, começando o ser humano a se focar no estudo dos fenômenos em que 
figura diretamente. Foi nesse contexto que surgiu a Criminologia como ciência 
interdisciplinar, dotada de princípios e objetos bem específicos, visando, sobretudo a 
compreender o crime, sob os aspectos cio delito, delinqüente, vítima e controle social.
O conceito de crime não é fechado e sua compreensão passa pelo estudo de 
diversas áreas do conhecimento humano, sendo que restringiremos às suas definições 
jurídicas.
Para alguns, crime é uma conduta (ação ou omissão contrária ao Direito, a 
que a lei atribui uma penà» Duas expressivas correntes doutrinárias no direito brasileiro 
buscam definir crime: a causalista e a finalista. Para a primeira crime é todo fato típico, 
antijurídico e culpável e para a segunda a culpabilidade não é elemento do crime, mas 
sim pressuposto para a aplicação da pena.
A evolução da criminologia
Em 1879, há registros de que o antropólogo francês Topinard teria utilizado, 
pela primeira vez, o termo criminologia e, em 1885, ele apareceu no título da obra de 
GarófaIo,“A Criminologia”
Em razão de circunstâncias como essas, autores tendem a vincular 
onascimento da criminologia como ciência, com o nascimento da Escola Positiva. No 
entanto, conforme explicam Dias e Andrade (1997), embora a criminologia tenha 
passado a apresentar-se como ciência com o Positivismo, sendo definida como “estudo 
etiológico explicativo do crime”, a preocupação sistemática com o problema do crime 
se deu desde a Escola Clássica. Na verdade, a preocupação com o crime tem uma 
existência muito maisantiga, que pode ser percebida já em Platão (As Leis) e Aristóteles 
(Ética aNicômaco),
A evolução da criminologia (Séculos XIX e XX)
A Criminologia da Escola Clássica
A Criminologia Clássica surgiu com o intuito de explicar as causas do crime. 
Abarcava três escolas: a Escola Clássica, a Positivista e a Sociologia Criminal. Para a 
primeira corrente o crime é produto de uma escolha racional e deliberada do agente que, 
avaliando os riscos da sua atividade, os assume para si e prática a conduta delituosa. 
Nesse contexto, a pena teria caráter punitivo e necessário para a repressão da 
criminalidade. Tem como principal defensor Beccaria. A principal crítica que se faz 
atualmente a essa teoria é que ;a erradicação das causas do crime não leva a sua 
extinção, como o fato de se extinguir maternídades não impede a natalidade d.e crescer.
A Escola Positivista
Para a segunda corrente (Escola Positivista), que tem como principal 
divulgador Lombroso, o comportamento humano criminoso não é fruto de livre-arbítrio 
ou escolha deliberada e premeditada, mas sim de características inatas
a própria pessoa 
do criminoso. Assim, o estudo do crime deveria se pautar na figura do criminoso, 
estudando-o para se chegar a uma solução definitiva para a criminalidade. Para seus 
adeptos, a aplicação de pena seria inócua, vez que a atividade criminosa é uma doença e 
como tal deveria ser tratada. Essa corrente é bastante estudada atualmente, sobretudo 
sob o prisma de três vertentes: a vertente Bioantropológica, que condiciona o 
comportamento criminoso do agente à sua predisposição, estrutura orgânica; a vertente 
Psicodinâmica, que sugere que o comportamento criminoso tem o seu nascedouro em 
desvios no processo de socialização e de aprendizado do agente e por fim a vertente 
Psico-Sociológica, que enfoca o estudo do comportamento social do agente.
Destaca-se ainda nessa escola as obras de Ferri e Garófalo que,, embora tenham sido 
discípulos de Lombroso, guardam algumas divergências entre si e quanto ao mestre. 
Enquanto Lombroso se ateve ao fator antropológico, Ferri trouxe à tona as 
condieionantessoeiológicas, e Garófalo, o elemento psicológico.
Sociologia criminal e Americana
A sociologia crimihàldesenvolveu-se juntamente com a própria sociologia 
americana que se deu, segundo Dias e Andrade (1997), tanto no plano teórico çomo no 
empírico, tratando o crime como um comportamento desviante e enquadrando-o no 
conceito de fato social. O desenvolvimento da sociologia criminai americana apresenta 
as seguintes etapas: nos anos 20 e 30, a Escola ecológica de Chicago; em seguida, as 
teorias culturalisías e funcionalistas, as perspectivas interacionistas; e, mais 
recentemente, as teorias críticas (o labeiing approaeh, a etnometodologia e a 
eriminólogia radical).A Sociologia Criminal, por seu turno, busca explicar as causas do 
crime no próprio seio social. Para os seus adeptos a própria sociedade cria condições 
favoráveis ao surgimento dò crime e somente uma mudança em seu germe seria útil ao 
controle da criminalidade.
Atualmente o enfoque a essa corrente se faz pelo estudo de três teorias: a 
Teoria da Desorganização Social, que sustenta que a criminalidade é oriunda da própria 
ruptura dos mecanismos sociais de controle ao crime, como os valores familiares; a 
Teoria da Subcultürâ Delinqüente, que estabelece que a criminalidade germina a partir 
da conscientização moral que toma imperativa a conduta delituosa e por fim a Teoria da 
Anomia que descreve o crime como algo normal e intrínseco ao funcionamento do 
sistema.
Esta corrente entende que o delito constiui um fato social, pois são as regras 
de funcionamento do sistema social que desencandeiam comportamentos adequados e 
desviantes, os quais configuram meios distintos de busca pelo sucesso material e pela 
ascensão social; o crime é um comportamento inerente ao convívio social, e não obra da 
pobreza ou da marginalidade, pois também é praticado por pessoas em condições 
socioeconômicas vantajosas e elevado grau de escolaridade, como nos “crimes do 
colarinho branco”.
Criminologia socialista
Criminologia socialista, esta corrente prevê que as causas do crime 
prendiam-se a miséria, a cobiça e a ambição, que eram as bases do sistema capitalista e, 
portanto, ao combatê-lo, por meio do socialismo, por-se-ia um fim as tragédias sociais e 
ao crime.
O século XX vem. marcando o abandono do antropologismo de Lombroso e 
o surgimento da sociologia criminal americana} caracterizada por sua organização, 
profissionalização e divulgação, por meio de manuais, revistas e congressos.
Evoluçãoda crimmologia(final do séculos XX e início do século XXI)
Criminologia Crítica ou Criminologia Nova
Este corrente tinha como meta em vez de olhar para o criminoso e perquerir 
as causas e os motivos que o impulsionam, dirige sua atenção aos mecanismos e 
instâncias de controle social; o direito e o processopenal tornam-se mecanismos 
utilizados pelos donos do poder; possui três vertentes: Olabellmg ctpproach, a 
entnometodologia e a criminologia radical.
O labellmg approadt
Esta corrente prevê que o comportamento criminoso é o resultado de uma 
abordagem decorrente do sistema de eontroie social; as instituições “etiquetam’5um agir 
como desviante, decidindo quem é criminoso.
À entnometodologia»
Esta corrente estuda o cotidiano e como ele é vivenciado, destacando as 
regras e os rituais das pessoas envolvidas e como interagem seus participes e as 
“organizações”, como a polícia, ministério publico, judiciário, sistema prisional e etc.
Criminologia Radical
Esta corrente propõem, que numa sociedade capitalista, cuja ordem jurídica é 
opressora, o crime é um problema insolúvel, pretende modificar a sociedade em vez de 
tratar o criminoso.
A Criminologiana atualidade
Cumpre à criminologiabuscar uma explicação casual para o delito,, dedicar 
sua atenção aos modelos de controle social e como suas instituições agem, reagem 
interagem com o criminoso, bem como ocupar-se de questões relevantes de política 
criminal, inclusive fixando critérios para a criminalização e descríminalização de 
condutas. Possui duas vertentes: Criminologia de Consenso e de Conflito.
A criminologia de consenso
Esta corrente sustenta que a coesão social se dá em tomo de valores comunsa 
toda sociedade, de tal modò que conflitos capazes de ameaçá-los devem ser excluídos. 
Desse modelo, advêm uma aceitação das normas jurídico-penais, porque constituem o 
meio de tutelar o núcleo de coesão e o próprio funcionamento do sistema.
Criminologia de conflito
Esta corrente prega que todas as relações sociais são conflitivas, porque a 
autoridade é distribuída desigualmente entre as pessoas, gerando por parte daqueles 
menos aquinhoados resistência a essa desproporcional situação. Consegue esclarecer a 
razão pela qual o sistema de justiça penal sempre se caracterizou por direcionar sua 
mais vigorosa reação a condutas ilícitas praticadas pelas chamadas sociais 
economicamente mais fragilizadas.
O objeto da moderna Criminologia
Na atualidade, o objeto da moderna Criminologia está divido em quatro 
pilares: delito, deiinqíiente, vítima e controle social.
Observa-se que do surgimento da criminologia até a fase atual houve uma 
substancial transformação no seu objeto de estudo. Na época de Beccaria, a investigação 
era com relação apenas ao crime. Com o surgimento da Escola Positiva, e de Lombroso 
e seus seguidores, o objeto de estudo da Criminologia passou a ser o delinqüente, sendo 
que até aí verificamos uma substituição do objeto de estudo de criminologia.
Durante muito tempo foram apenas o delito e o deiinqüente os objetos de estudo da 
Criminologia, Da metade do século XX até a atualidade, passamos a ter não mais 
substituição, mas também uma ampliação do objeto de estudo, porquanto são mantidos 
os interesses com o crime e o deiinqüente, e são adicionados mais dois pontos: avítimae 
o controle social.
Foi por volta da década de 1950 que começaram a surgir estudos 
criminológicos específicos sobre a vítima criminal. Isso cresceu muito e talvez seja á 
área da Criminologia hoje que esteja em maior efervescência. E no Brasil não seria 
diferente. Afinal, hoje quase todos nós ou familiares jâ fomos vítimas de algum crime. 
Mais ou menos nessa época também começaram a eelodir os estudos sobre o controle 
social, sendo que iremos tratar detalhadamente dessas quatro áreas de interessea seguir.
O DELITO
O delito é um dos objetos mais antigos de preocupação da humanidade.O crime 
é um fenômeno humano e cultural. Ele só existe em nosso meio. Na natureza não há 
figura de crime. Os animais são regidos por leis próprias e são irracionais. Embora 
alguns sejam mais inteligentes que outros, eles não possuem o poder de reflexão que o 
homem possui. É impossível a um aniinal ter a compreensão necessária para um 
julgamento racional, se tal ato é um crime ou não. Então, os animais excluídos da 
autoria de crime.
O Direito Penal
trabalha com três conceitos de delito: material, formal, e 
analítico. Oconceito material está vinculado ao ato que possui danosidade social, ou que 
provoque lesão a um bem jurídico. O conceito formal está ligado ao fato de existir uma 
lei penal que descreva determinado ato como infração criminal. Já o conceito analítico 
expõe os elementos estruturais e aspectos essenciais do conceito de crime. Contudo, 
mesmo sendo importante o bem para manutenção e subsistência da sociedade, se não 
houver uma lei penal protegendo-o, pois mais relevante que seja não haverá crime se o 
agente vier atacá-lo, em face do principio da legalidade.
A criminologia moderna não mais se assenta no dogma de que convivemos em 
uma sociedade consensual. Pelo contrário, vivemos em uma sociedade conflitiva. Não 
basta afirmar que crime é o conceito legal. Isso não explica tudo e não ajuda quase nada 
na percepção da origem do crime.
A criminoiogia moderna busca se antecipar aos fatos que procedem áo conceito 
jurídico-penal. O Direito Penal só age após a execução (ex: tentativa) ou na consumação 
do crime. A Criminoiogia quer mais! Ela quer entender a dinâmica do crime e intervir 
nesse processo com o intuito de dissuadir o agente de praticar o crime, o que pode 
ocorrer das mais variadas formas.
Já foram tratados aqui os três conceitos utilizados pelo Direito Penal, os quais 
são obrigatórios pontos de partida da Criminoiogia, mas não esgotam o problema.
Molina Leciona que Garófaio chegou a criar a figura do delito natural, ou seja, 
para ele, delito seria: “uma lesão daquela parte do sentido moral, que consiste nos 
sentimentos altruístas fundamentais (piedade e probidade) segundo o padrão médio em 
que se encontram as raças humanas superiores, cuja medida é necessária para a 
adaptação do individuo à sociedade”, outros autores, no entanto, realçam a nocividade 
social da conduta ou a periculosidade do seu autor.
A sociologia criminal já utiliza outro parâmetro, bastante em voga na atualidade: 
o de conduta desviada ou desvio. Esse critério utiliza como paradigma as expectativas 
da sociedade. As condutas desviadas são aquelas que infringem o padrão de 
comportamento esperado pela população num determinado momento. É um conceito 
que não se confunde com o de crime, mas que o abrange.
Anthony Giddens ensina que podemos definir o desvio como o que não esta em 
conformidade com determinado conjunto de normas aceitas por um número 
significativo de pessoas de uma comunidade ou sociedade.
A dada altura de nossas vidas podemos ter excedido o limite de velocidade, feito 
chamadas telefônicas de brincadeira (trote), ou fumando marijuana (maconha).
Desvio e crime não são sinônimos, embora muitas vezes se sobreponham. O 
âmbito do conceito de desvio é mais vasto do que o conceito de crime, que se refere 
apenas à conduta inconformista que viola uma lei. Muitas fôrmas de comportamento 
desviante não são sancionadas pela lei. Sendo assim, os estudos sobre desvio podem 
examinar fenômenos tao diversos como os naturalistas (nudistas), a cultura “rave” ou os 
viajantes “new age”.
O conceito de desvio tem intima relação com a política de controle da 
criminoiogia conhecida como tolerância zero, O controle da criminalidade naquele 
modelo começa na repressão de condutas desviadaS.
O DELINQUENTE
0 delito foi o objeto principal de estudo da Escola Clássica criminal. Foi com o 
surgimento da Escola Positiva que houve um giro de estudo, abandonando-se a 
centralização na figura do crime e passando o núcleo das pesquisas para a pessoa do 
delinquente.
A Escola Positiva surgiu no contexto de um acelerado desenvolvimento das 
ciências sociais (Antropologia, Psiquiatria, Psicologia, Sociologia, Estatística etc.). Ao 
abstrato da Escola Clássica, a Escola Positiva opôs a necessidade de defender mais 
enfaticamente o corpo social contra a ação do delinqüente, priorizando os interesses, 
sociais em relação aos indivíduos.
Na atualidade, os modelos biológicos de explicação da criminalidade perderam 
quase que totalmente a sua força. Todavia, não foram totalmente eliminados, dentro dê 
suas limitações também pode contribuir para a compreensão do fenômeno criminal.
Na moderna criminoiogia, o estudo do homem delinqüente passou a um segundo 
plano, como consequência do giro sociológico experimentado por ela e da necessária 
superação os enfoques individualistas em atenção aos objetivos político-criminais. O 
centro de interesse das investigações, ainda que não tenha abandonado a pessoa do 
infrator, deslocou-se prioritariamente para a conduta delitiva, para a vítima e para o 
controle social.
Uma das maiores contribuições criminológicas que a Psicologia pode dar nesse 
sentido é ajudar na criação de programas que auxiliem a redução da reincidência 
criminal, campo que ainda não foi explorado totalmente.
A VÍTIMA CRIMINAL
É inquestionável o valor que o estudo da vítima possui hoje para a Ciência Total 
do Direito Penal. A vítima passou por três fases principais na história da civilização 
ocidental No início,, fase conhecida como idade de ouro» a vítima era muito valorizada» 
valorava-se muito a pacificação dos conflitos e a vítima era muito respeitada. Depois» 
com a responsabilização do Estado pelo conflito social, houve a chamada neutralização 
da vítima. O Estado, assumindo o monopólio da aplicação d pretensão punitiva, diminui 
a importância da vítima no conflito. Ela sempre era tratada como uma testemunha de 
segundo escalão, pois, aparentemente, ela possuía interesse direto na condenação dos 
acusados. E, por último, da década de 1950 para cá, adentramos na fase do 
redescobrimento da vítima, onde a sua importância é retomada sob um ângulo mais 
humano por parte do Estado.
Os estudos criminológieos da vítima foram se multiplicando na segunda parte do 
século XX, sendo fundada uma nova disciplina (ou ciência para alguns): a Vitimologia.
Conceito da vithnoligia:
A vitimologia é o terceiro componente da antiga tríade criminológica: criminoso, 
vítima e ato (fato crime). Acrescentamos ainda os meios de contenção social.
É, na verdade, um conceito evolutivo, passado do aspecto religioso (imolado ou 
sacrificado; evitar a ira dos deuses) para o jurídico.
A vítima é quem sofre um resultado infeliz dos propósitos atos (suicida), das ações 
de outrem (homicídio) e do caso (acidente), esteve relegada a plano inferior desde a 
Escola Clássica (preocupava-se com o crime), passando pela escola positiva 
(preocupava-se eom o criminoso).
Por conta de razões culturais e políticas, a sociedade sempre devotou muito mais 
ódio pelo transgressor do que piedade pelo ofendido.
Vitimologia é a ciência que se ocupa da vítima e da vítimização, cujo objeto é a 
existência de menos vítimas na sociedade, quando esta estiver real interesse nisso, ( 
Benjamim Mendelsohn)
Evolução históricavitimoligia:
Os primeiros trabalhos sobre vítima, segundo o professor Marlet (1995), foram de 
Hans Gross (1901). Somente a partir da década de 1940, com Von Hentig e Benjamim 
Mendelsohn, é que se começou afazer um estudo sistemático das vítimas conforme já se 
disse, em razão da postura das Escolas Clássicas e Positiva, naquela época ao Direito 
Penal só importavam o delito, o delinquente e a pena.
Depois, com o l 9 Simpósio Internacional de Vitimología,de 1973, em Israel, sob a 
supervisão do famoso criminólogo chileno Israel Drapkin, impulsionaram-se os estudos 
e a atenção do Direito Penal, da psicologia e da psiquiatria.
Vitimização prim ária, secundária e terciária;
A legislação penal e processual penal brasileira emprega os termos “vítima”, 
“ofendido” e “ lesado” indístintaménte, por vezes até como sinônimos. Porém, entende- 
se que a palavra “'vítima” tem cabimento específico nos crimes contra a pessoa; 
“ofendido” designa aquele que sofreu delitos contra a honra; e “lesado” alcança as 
pessoas que sofrem
ataques a seu patrimônio.
Para a Declaração dos Princípios Fundamentais de Justiça Relativos às Vítimas 
da Criminalidade e de Abuso de Poder, das Nações Unidas (ONU- 1985), define 
“vítimas” como “as pessoas que, individual ou coletivamente, tenham sofrido um 
prejuízo, nomeadamente um atentado à sua integridade física ou mental, um sofrimento 
de ordem moral,uma perda material, ou um grave atentado aos sem direitos 
fundamentais, como consequência de atos ou de omissões violadores das leis penais em 
vigor num Estado membro, inchando as que proíbem o abuso de poder
Assim, vítima é quem sofreu ou foi agredido de alguma maneira em razão de uma 
infração penal, cometida por um agente.
Classificação das Vítimizações
A criminologia, ao analisar a questão vitimológica, classifica a vitimização em três 
grandes grupos:
Vitimização prim ária: Esta forma de vitimização é aquela normalmente 
entendida como aquela provocada pelo cometimento do crime, pela conduta 
violadora dos direitos da vítima a qualpode causar danos variados, materiais, 
físicos, psicológicos, de acordo com a natureza da infração, a personalidade da 
vítima, sua relação com o agente violador, a extensão do dano etc. Então,é 
aquela que corresponde aos danos à vítima decorrente do crime.
Vitimização secundária: Esta forma de vitimização é tambémsobrevitimizaçãó; 
entende-se ser aquela causa pelas instâncias formais de controle social, no 
decorrer dó processo de registro e apuração do crime, com o sofrimento 
adicional causado pela dinâmica do sistema de justiça criminal (inquérito 
policial e processo penal).
Vitimização terciária: Esta forma de vitimização é aquela que se refere a falta 
de amparo dos órgãos públicos às vítimas; nesse contexto, a própria sociedade 
não acolhe a vitima, e muitas vezes a incentiva a não denunciar o delito às 
autoridades, ocorrendo o que se chama de cifra negra (quantidade de crimes que 
não chegam ao conhecimento do Estado).
Classificação das Vítimas
Dessa forma, Mendelsohn sintetiza a classificação das vítimas em três grupos:
a) Vítima inocente, que não concorre de forma alguma para o injusto típico;
b) vítima provocadora, que, voluntária ou ímprudentemente, colabora com o ânimo 
criminoso do agente;
c) vítima agressora, simuladora ou imaginária ,suposta ou pseudovítima é aquela que 
acaba justificando a legítima defesa de seu agressor.
É muito importante aferir o binômio criminoso/vítima, sobre tudo quando esta 
interage no fato típico,de forma que a análise de seu perfil psicológico desponta como 
fator a ser considerado no desate judicial do delito ( vicíe> nos casos de extorsão 
mediante seqüestro, a ocorrência da chamada “síndrome de Estocolmo”, na qual a 
vítima se afeiçoa ao criminoso e interage com ele pelo próprio instinto de 
sobrevivência).
Complexo crimhiógenodciinqücntc e vítima:
Eimportante analisar a relação entre criminoso e vítima (par penal) para aferir o 
dolo e a culpa daquele, bem como a responsabilidade da vítima ou sua contribuição 
involuntária para o fato crime. Isso repercute na adequação típica e aplicação da pena 
(art. 59 do CP). É inegável o papel da vítima no homicídio privilegiado,, por exemplo. 
Nos crimes sexuais muitas vezes o autor é “ seduzido” pela vítima, que não é tão vítima 
assim.
Da mesma maneira que existem criminoso reincidentes, é certa para a 
criminoiogia a existência de vítimas latentes ou potenciais (“potencial vidadeviiimarr).
Determinadas pessoas padecem de um impulso fatal é irresistível para serem 
vítimas dos mesmo crimes.Exemplos: vigias de bancos e lojas; médicos vitimados por 
denúncias caluniosas; policiais acusados de agressões etc.
Assim é que,como há delinqíientes recidivos, há vítimas voluntárias, como os “ 
encrenqueiros”, os “truculentos”, os “piadistas” etc.
No entanto, muitas pessoas, vítimas autênticas nem contribuem para o evento 
criminal por ação ou omissão, nem interagem com o comportamento do autor do delito. 
São completamente inocentes na compreensão ciência do delito.
Política criminal de tratamento da vítima:
Fundado em São Paulo, em 1987, o Instituto de Ensino e Pesquisa - Insper é 
uma instituição de ensino sem fins lucrativos que tem o compromisso de ser um centro 
de referência em ensino e pesquisa nas áreas de negócios e economia.
Nesse terreno, coadjuvado pelo Gentro Políticas do IFB ( Instituto Futuro 
Brasil)* realizou importante pesquisa acerca da vitimização na cidade de São Paulo no 
período de 2003 a 2008, revelando dados inéditos sobre a criminalidade. O estudo 
mostra a evolução da violência em São Paulo nesse período, com dados de 
criminalidade como estelionato, agressão verbal, agressão física, trânsito, crime contra a 
pessoa, roubo de veículos e roubos a residências. O estudo utilizou como base pesquisa 
domiciliar com 2.967 pessoas na cidade de São Paulo no ano de 2008.
Por sua vez, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo elaborou 
pesquisa, coordenada pelo sociólogo Túlio Kahn, que asseverou dentre outros 
relevantes criminais, que o homicídio é o tipo de crime com conseqüências mais graves 
para a sociedade, o que eleva muito a importância de estudar sua ocorrência çom o 
objetivo de entendê-lo e encontrar ações efetivas no seu combate e prevenção.
A ocorrência de homicídios tem predominância noturna; após as 19h a 
incidência aumenta muito, atingindo o pico às 22h. Depois o número de ocorrências 
decresce durante a madrugada, mas ainda com altas taxas, até atingir o ponto mínimo 
por volta das lOh.
Tendo em vista os dias da semana, a ocorrência de homicídios se concreta nos 
finais de semana, tanto no sábado como no domingo. A diferença na distribuição dos: 
dois dias reside no fato de que o sábado existe um aumento de homicídios durante todo 
o dia, enquanto no domingo o aumento ocorre pratieamente só no período da manhã.
Por derradeiro, ao contrário da maioria dos tipos de crime, os homicídios estão 
mais relacionados a favelas do que qualquer outro tipo de infra-estrutura urbana, 
relacionando-se, num só contexto às precárias condições ambientais e fatores 
socioeconômicos até culturais.
Esse introito deu-separa demonstramos a importância do estudo estatístico para 
o fim de criar uma política pública de suporte às vítimas da ciimínalidade.
As modernas tendências criminoiógicas aparecem desde o final do século XX 
como consequência de mobilizações sociais em prol de vítimas.
O direito penal moderno sofreu um forte golpe em seu parâmetro de observação 
da vítima com neutralidade, A neutralização da vítima é cada vez mais afetada pelos 
anseios sociais que a empurram para um papel de maior relevância no processo penal.
Tendências político-criminais na Europa (Alemanha e Espanha) e nos EUA 
desenham-se em quatro grandes vertentes:
Na Europa (Alemanha e Espanha) e nos EUA as tendências político-criminais 
desenham-se em quatro grandes vertentes:
1) Maior proteção de vítimas, mediante a redução de direito e garantias de criminoso no 
processo penal (por exemplo, uso de prova ilícita, maior valor ao depoimento da vítima 
que do réu; facilitação da prisão preventiva etc.), o que provocou a indignação ea 
perplexidade de Hassemer (2008, p. 148).
2) Investimento na aplicação e execução de penas de prisão, sobre tudo perpétua, assim 
também a pena de morte, afastando a reinserção social para estupradores, terroristas, 
traficantes, assassinos em séries etc.; paralelamente, a adoção de medidas rígidas de 
policiamento co base na lei e ordem e tolerância zero para todos os crimes, inclusive os 
de menor poder ofensivo, o que também provocou a ira do renomado penalista alemão.
3) Ampliação da participação da vítima no processo penal,auxiliando na produção de 
provas e mesmo substituindo o acusador oficial.
4) Por derradeiro, o fomento à ajuda e atenção à vítima por parte das instituições 
públicas, com
a criação de órgãos de apoio e proteção, bem como o dever estatal de 
indenização, caso o réu seja insolvente, prevenindo-se a vitimização terciária.
No Brasil as ações afirmativas de tutela de vítimas de violência são ainda extremamentê 
tímidas, na medida em que se vive ima crise de valores morais, culturais e da própria 
autoridade constituída,^ com escândalos de corrupção grassando nos três poderes da 
República.
Contudo, particular destaque merece a edição da recente Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria 
da Penha), que refletiu a preocupação da. sociedade brasileira com a violência doméstica 
contra a mulher.
O CONTROLE SOCIAL
Desde tenra idade sofremos influência da socialização, Somos educados, pois nossos 
pais a agir de uma forma ou de outra. A mídia, o meio escolar e outros grupos 
colaboram come ssa aprendizagem das regras sociais.
O controle que um grupo social exerce sobre seus membros, para que não se desviem 
das normas aceitas, é muitas vezes imperceptível, e nós mesmos exercemos certo 
controle sobre nossos aos, aflorando um sentimento de culpa quando nos devíamos do 
que é considerado correto. Esse controle é absolutamente fundamental para o 
funcionamento das sociedades: sem ele não haveria nenhum tipo de ordem social e não 
saberiamos como proceder nas mais diversas situações, criando assim uma desordem 
nas relações entre indivíduos e grupos sociais.
A socialização nunca é perfeita; para muitos, a lealdade jamais é sentida, e para outros 
os padrões não são seguidos espontaneamente. Se a socialização funcionasse 
perfeitamente, haveria pouquíssima individualidade, inexistiriam criminosos,
revolucionários, membros insatisfeitos ou que se desviaram, e ninguém ficaria 
desgostoso da estrutura social. Para estimular os membros relutantes, as organizações 
sociais desenvolvem sanções sociais (também denominados controles sociais).
O controle social constitui um tema da sociologia. O termo aparece em estudos 
sociológicos do final do século XIX. Esses estudos examinaram os meios que aplica a 
sociedade para pressionar o indivíduo a adotar um comportamento conforme os valores 
sociais, e, dessa forma, garantir uma convivência pacifica. A sociologia do século XX 
dedicou-se ao exame dos elementos e das finalidades do controle social. A definição de 
controle social não é fácil. É uma expressão, tal que a de crime organizado, que pode 
levar a um número elevado de conceituações.
Dentro do sistema formal de controle social nós encontramos o Sistema da Justiça ou 
Justiça Criminal, formado pelo Poder Judiciário, Ministério Público, Polícia e 
Administração Penitenciaria, os quais exercem um papel muito expressivo na condução 
do controle social formal, imposto pelo poder público.
O funcionamento dessas quatro instâncias (separadas e organizadas) não é o objeto de 
investigação do Direito Penal, mas sim da Criminologia, pois são aplicadores natos do 
controle social formal.
Quanto ao modo de exercício do controle social
Nessa conclição o controle poderá ser difuso (fiscalizando toda a comunidade) ou 
localizado (controle intenso de grupos estigmatizados como os ciganos etc,).
Com relação aos agentes fiscal izadores
Aqui o controle poderá ser realizado pelos agentes do Estado (controle social formal) ou 
pela própria sociedade civil (controle social informal, exercida pela família, opinião 
pública, ambiente de trabalho e escolar), O controle formal é conhecido popularmente 
como repressão.
Quanto ao âmbito de atuação
O controle social poderá ser exercido diretamente nas pessoas e ai será direto ou 
indiretamente por intermédio das instituições sociais. Ex.: um policial pode exercer um 
controle social direto, sobre uma comunidade, mas pode ser influenciado em seu 
controle pela Corregedoria Pública, que pode expedir recomendações alterando a rotina 
do exercício do controle social que esse policia fazia,
a) Com sanções formais e informais. As sanções formais são aplicadas pelo Estado. 
Podem consistir principalmente em sanções cíveis, administrativas ou penais. Já 
as sanções informais não possuem credibilidade.
b) Com meios positivos e negativos. De acordo com o meio de atuação, os meios 
podem ser positivos (prêmios e incentivos) ou negativos (reprovações com 
aplicações de sanções). Esse sistema costuma ser utilizado na educação. Os 
alunos são premiados quando executam tarefas como apresentar trabalhos em 
grupo, fazer o resumo crítico de um livro, comparece a um seminário. É um 
sistema que possui amigos e inimigos no meio educacional. Os prêmios e as 
sanções podem possuiu gradações bem diversas,
c) Controle interno e externo. O controle interno é também chamado de 
autodisciplina. Desde que somos crianças aprendemos as regras sociais. Elas vão 
sendo internalizadas e com o passar do tempo passam a nos orientar sobre como 
devemos agir para cumprir as regras sociais de cada situação. Quando a 
autodisciplina falha, a pessoa pode ser compreendida a agir por meio do controle 
externo. Ela pode se dar pela ação da sociedade ou até do Estado. Um exemplo 
típico de controle externo social é O da aplicação de multas de transito e 
ambientais. O caso mais grave do controle externo é o da aplicação da pena de 
prisão pelo Estado.
PSICOLOGIA FORENSE
A psicologia forense ou judiciária é um campo da psicologia que consiste 11a aplicação d 
ps conhecimentos psícológicosaos propósitos do direito. Dedica- 
Dedica-
Dedise à proteção da sociedade e à defesa dos direitos do cidadão, da perspetivapsicológ 
ica.
Enquanto que a psicologia é o estudo do comportamento humano e animal, 0 terno fore 
nse refere-
se, num sentidorestrito, às situações que se apresentam nos tribunais. Deste modo, a psic 
ologia forense são todos os casospsicológicos, que são levados a tribunal.
Por outras palavras, esta ciência (tal como a psiquiatria forense) nasceu da necessidade 
de legislação apropriada paraos casos dos indivíduos considerados doentes mentais, ape 
sar de terem cometido atos criminosos ou pequenos egrandes delitos. Um crime é uma g 
rave infração que envolve um atentado à vida humana ou uma séria ação antissocial,poi: 
sua vez, um delito é lima infração que resulta da violação às leis que vigoram,
A doença mental para além de ser tratada de uma perspetiva clínica, deve ser encarada d 
e um ponto de vista jurídico. Ajurisprudência é lima ciência que pretende proteger a soei 
edade, castigando o indivíduo que mete ém causa a sua vidae/ou a dos outros.
O psicólogo que exerce atividade nesta área deve ser um perito na sua própria especialid 
ade, isto é, antes de mais devepossuir e dominar os conhecimentos necessários da psicol 
ogia em si, para depois dominar os conhecimentos referentesàs leis civis (que dizem res 
peito aos direitos e deveres de um cidadão para com os outros) e às leis criminais (que d 
izemrespeito às ofensas que um indivíduo possa cometer para com os outros ou para co 
m 0 Estado). Deve ser um bom.clfn.ico e possuir um conhecimento pormenorizado da psi 
copatologia. 0 seu exercício é, normalmente, praticado nasinstituições hospitalares, esp 
ecialmente, do tipo psiquiátrico.
A psicologia criminal é o ramo da psicologia que se dedica ao estudo do comportament 
0 criminoso. Ela tenta descobrir ahistória pessoal do indivíduo criminoso e todo 0 conju 
nto de processos psicológicos que 0 conduziram à criminalidade.
Os primeiros trabalhos dentro deste âmbito têm o inconveniente de exagerarem no caso 
em si, ou seja, encaram amatéria criminal e dos criminosos individuais de uma forma de 
masiado espetacular, esquecendo os casos comuns doquotidiano e dos que não chegam 
ao tribunal. Nos fins do século XIX, apareceram alguns trabalhos que tentavamdetermin 
ar as relações entre a criminalidade e determinadas variáveis psicológicas como, por exe 
mplo, o temperamentoou a tendência para o suicídio, bem como alguns livros com os tít 
ulos
"Psicologia Criminal".
omo esta ciência se dedica ao estudo do comportamento criminoso, necessita de realizar 
uma análise sistemática dosprincipais tipos de personalidade humana ("estrutura mais o 
u menos estável e duradoura duma pessoa") que têm maiorpropensão para o crime, bem 
como dos motivos que a estimulam à ação. E necessário descobrir o motivo que oriento 
u ocriminoso e compreender o sentido desse ato para, posteriormente, decidirem a pena 
a aplicar.
Entre a personalidade e os motivos que levam ao crime, é dado mais valor aos motivos 
porque estes podem serdescritos mais facilmente. Contudo, eles apenas assumem import 
ância, para efeitos de sentença e de compreensão da conduta criminal.
A psicologia criminal realiza estudos psicológicos de alguns dos tipos mais comuns de d 
elinquentes e dos criminosos emgeral como, por exemplo, dos psícopatas que ficaram n 
a história. De facto, a investigação psicológica desta vertente apresenta, sobretudo, ialve 
z devido à sua gravidade e fascínio, trabalhos sobre homicídios e crimes sexuais.
O movimento destas duas vertentes da psicologia deram os seus primeiros passos com o 
aparecimento dos conceitos deliberdade, introduzidos pelo médico francês Philippe Pin 
el (1745-
1826), nomeado responsável pelo sistema hospitalarparisiense, em 1793, e com a críaçã 
o do conceito de hospital psiquiátrico, ou seja, do hospital que tratava o doente quetrans 
gredia as normas e as leis e que prevenia a repetição das transgressões.
PSIQUIATRIA FORENSE
\ ....... ....................................................................................... ...... ...................................................
Com a proliferação de casos envolvendo a dúvida sobre a sanidade mental dos 
envolvidos, tanto na esfera criminal como nas áreas trabalhistas e de família, achei 
interessante resgatar um texto explicativo básico sobre a Psiquiatria Forense.
A psiquiatria forense atua nos casos em que haja qualquer dúvida sobre a integridade ou 
a saúde mental dos indivíduos, em qualquer área do Direito, buscando esclarecer à 
justiça se há ou não a presença de um transtorno ou enfermidade mental e quais as 
implicações da existência ou não de um diagnóstico psiquiátrico. É uma sub- 
especialidade tanto da Psiquiatria como da Medicina Legal. Ela é ainda hoje é muito 
pouco estudada com rigor e metodologia científica.
A Abrangência Da Psiquiatria Forense
Normalmente quando se pensa em perícia, pensa-se num criminoso cruel que alega ser 
louco para não ir para a cadeia, esquecendo-se que, como área de intersecção entre 
saúde mental e justiça, o espectro de atuação é muito mais amplo, passando pelas áreas 
de família, cível, trabalhista, administrativa e qualquer outra que envolva questões 
jurídicas, perpassando praticamente todas as áreas de atuação humana e remontando à 
antiguidade, aos primórdios dos códigos e leis.
Identificando O Profissional Ideal Para Sua Necessidade
Qualquer médico pode ser nomeado por um juiz para atuar num processo - ele é o 
perito, que trabalhar para a Justiça. Os envolvidos no processo podem contratar um 
assistente técnico, para auxiliar na preparação de quesitos (perguntas que o perito deve 
responder) c acompanhar a perícia. O resultado final dos trabalhos será apresentado 
num laudo.
Com o avanço do conhecimento nas diversas especialidades fica cada vez mais difícil 
que exista uma Medicina ampla e ao mesmo tempo profunda o suficiente para dar conta 
de todas as questões que envolvam o Direito. Assim, as especialidades passam a ter um 
papel maior, sendo hoje comum que os operadores do Direito consultem médicos 
especialistas. Seguindo esse raciocínio, quando a matéria em questão diz respeito a 
saúde mental, é melhor contratar um médico com especialização em psiquiatria do que 
um sem tal formação. Ainda segundo o mesmo raciocínio, é ainda melhor que seja um 
psiquiatra com especialização em Psiquiatria Forense, pois este é o mais versado nas 
questões atinentes ao Direito.
É uma área prática, mas também teórica, já que a forma com que as leis vêem a doença 
mental reflete a forma comõ a Sociedade se relaciona com a Psiquiatria. Não é por 
acaso que este blog se chama Psiquiatria e Sociedade.
O EXAME CRIMINOLÓGICO
O exame criminológieo foi estabelecido pela LEP em seu artigo 8° e deve ser aplicado 
aos condenados a penas em regimes fechados com o objetivo de obter elementos que 
sirvam para uma adequada classificação do condenado e, principalmente, para a 
individuação da execução penal.
Anterior à LEP, estavam previsto três requisitos para que o condenado conseguisse uma 
progressão de regime:
1) Cumprimento de 1/6 (um sexto) da pena no regime anterior
2) Apresentar bom comportamento durante o cumprimento da medida em regime 
fechado
3) Ter uma avaliação positiva no exame criminológieo
A alteração do artigo 112 da LEP deixou de contemplar o exame criminológieo como 
obrigatório:
 pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência 
para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido 
ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento 
carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que 
vedam a progressão.
“O exame criminológico é a pesquisa dos antecedentes pessoais, familiares, sociais, 
psíquicos e psicológicos do condenado, para obtenção de dados que possam revelar a 
sua personalidade’5.
Bitencourt (2012, p. 459)
Bitencourt (2012), em seu Tratado de Direito Penal, coloca o exame criminológico no 
mesmo patamar que a perícia:
“é uma perícia, embora a LEP não o diga, busca descobrir a capacidade de adaptação do 
condenado ao regime de cumprimento da pena; a probabilidade de não delinquir; o graii 
de probabilidade de reinserção na sociedade através de um exame genético, 
antropológico, social e psicológico” (p. 461).
Podemos dizer que o exame criminológico está inserido na Críminologia Clínica e no 
Direito Penitenciário, pois as diversas análises realizadas a partir do exame 
criminológico permite um olhar sobre a dinâmica do ato criminal, suas causas e os 
fatores associados a ele (ORSOLIN, 2003). De acordo com a autora, é essa análise que 
possibilita o reconhecimento da personalidade do delinquente.
Apesar de encontrarmos vários conceitos que definem o exame criminológico, não 
encontramos muitas diferenças entre eles. As divergências encontradas quando a 
discussão é utilizar o exame criminológico ou não.
Alguns profissionais são completamente contra à utilização do exame criminológico e 
justificam que esse instrumento de avaliação do sujeito é uma violação à intimidade, o 
respeito à vida privada e à liberdade de consciência e de opção. De outro lado, 
profissionais defendem a permanência do exame criminológico, já que além de auxiliar 
nas decisões do juiz ele é um importante instrumento para conhecer o comportamento 
criminoso e definir estratégias de intervenção (ORSOLIN, 2003). Mesmo estando em 
defesa da permanência, os profissionais, segundo a autora, reconhecem que ele deve ser 
aperfeiçoado.
Pensando no formato do exame criminológico, você consegue imaginar como ele é? 
Claro que se você já atuou ou atua nesta área ou mesmo leu outras publicações em 
outros momentos é fácil imaginar. Mas e você que nunca entrou em contato com 
nenhum material consegue bolar urna estrutura dos exames criminologicos?
Ao contrário do que muita gente pensa, o exame criminológico não é apenas um exame. 
Ele é um conjunto de exames que juntos possibilitam um olhar global sobre o 
condenado.
Muitas vezes nos confundimos ou não conseguimos imaginar os vários exames que 
formam o exame criminoiógico porque ao falar das suas características e objetivos 
gerais, muitos autores apresentam aspectos mais ligados às questões psíquicas ou 
comportamentais,
como é o caso de Fernandes e Fernandes (2002). Os autores ao 
apresentar as missões da Criminologia Clínica e os objetivos do exame criminoiógico, 
destacam:
Estudar
Sua
Verificar
Sua
a
capacidade
Medir
sua
respectiva
personalidade
para
sua
sensibilidade
capacidade
do criminoso;
o delito;
periculosidade; 
à pena e;
de correção,
À primeira vista, o exame criminoiógico mais parece um exame psicológico, mas não é. 
O exame psicológico é apenas um dos exames criminológicos como veremos a seguir.
POLÍTICA CRIMINAL
A criminologia se ocupa do estudo do criminoso e das causas da criminalidade, enquanto que a política 
criminai, estuda e recomenda os meios de prevenção e repressão à delinquência. Todavia, nos dias de 
hoje, essa distinção quase não existe mais, pois a criminologia já não se preocupa tanto em querer 
explicar as causas do comportamento do criminoso, mas em fazer criticas e sugerir estratégias para o 
controle da criminalidade, confundindo-se, dessa forma, com os objetivos da política criminal.
Abertas as páginas „ de..qualquer jornal..diário,,, nos tejejomais ou mesmo nas conversas
informais, um tema se faz reiteradas vezes presente: a escalada crescente da violência. Essa 
violência, que ocupa as páginas dos iornais e é noticiada (e exposta) nos programas 
televjsivós,..é_a ._vig|Mçia ^ im i n a j a s s i m entendida aquela decorrente de condutas que
merecem reprovação por parte da legislação penai. Dentre essas condutas..criminosas,
ajcansam,.especial...destaque aquelas que atentam contra os ditos “bens jurídicos
fundamentais'^..a.vida, a Integridade física,..a j b e r d a ^ ..todas ,suas.formas e, claro, o
Mnmônla,^
— ..Ainda que se acuse a imprensa de abordar o tema "violência" sob uma ótica
sensacionalista (o que não é uma completa inverdade), não há como fugir às estatísticas que 
apontam para o crescimento real da criminalidade. A sociedade se encontra refém do medo e 
procura por formas de defesa: sistemas cada vez mais complexos de segurança, cercas 
elétricas,,cães de guarda, vigilância in fo rm a iJ j l^ são recursos de que se
valem as classes economicamente favorecidas na busca de proteção. Criam-se pequenas
‘‘ilhas” de segurança (condomínios residenciais fechados, shoppinq-centers. clubes privados), 
onde o indivíduo desfruta do convívio com seus "iguais”, mantendo (ainda gue supostamente) 
excluído o agente perpetrador da violência, qeralmente identificado como proveniente das 
classes economicamente inferiores. Propaga-se a cultura individualista do "Ainda bem que não 
foi comigo". Passado ó impacto inicial causado pela noticia de mais um crime violento, 
percebe-se um sentimento de alívio pelo fato de a tragédia ter se abatido sobre outras 
pessoas, e não com parentes ou amigos próximos.
____Mas ainda que as formas de se proteger da criminalidade variem conforme as
condições sócio-econômicas. há uma constante: todas as classes sociais reclamam uma 
pronta intervenção estatal objetivando o combate à violência e o estabelecimento de uma 
condição cie segurança social. Sempre que a criminalidade se eleva além do considerado 
suportável, ou. ao ocorrerem fatos alarmantes ou mobilizadores cia atenção popular, 
autoridades são chamadas a prestar esclarecimentos sobre as atitudes tomadas pelos órgãos 
públicos com o objetivo de conter os alarmantes índices. Aqui entra em cena a Política 
Criminal.
______“A Política Criminal é a ciência ou a arte de selecionar os bens (ou direitos) que devem
ser tutelados jurídica e penaiménte e escolher os caminhos para efetivar tal tutela, o que 
iniludivelmente implica'a crítica dos valores e caminhos iá eleitos" fZAFFARQNl 1999:132). 
Fica claro o dúpiicfí caráter da Política Criminal: acão, para efetivar a tutela dos bens jurídicos, 
e crítica, como forma de aprimoramento de tal tutela. Busca fornecer orientação aos 
legisladores para que o combate à criminalidade se faça racionaimente, com o emprego de 
meios adequados. Através da crítica ao ordenamento em viaor. busca promover sua alteração 
e adequação às políticas recomendadas.
______Não se deve perder de vista ciue a formulação de qualquer norma jurídica surge de uma
decisão política. A legislação penal, como parte da legislação em geral, também é fruto de uma 
decisão política. Como conseqüência, o bem jurídico a ser tutelado pela norma penal tem sua 
escolha determinada por fatores políticos. "A norma, portanto, deixaria de exprimir o tão 
propalado interesse geral, cuia simbolizacão aparece como justificativa do princípio 
representativo para significar, muitas vezes, simples manifestação cie interesses partidários, 
sem qualquer vínculo com a real necessidade da nacão,r (TAVARES, 2000:74). A Folítica 
Criminal é, portanto, parte da política geral, e deve ser entendida dentro desses limites, em que 
o tratamento dispensado ao delinoOente, e a própria legislação penal, se tornam objeto de 
barganha política e de legitimação do poder.
______Torna-se oportuno um breve apanhado sobre os principais movimentos da Política
Criminal da atualidade. Destacam-se três correntes: a Nova Defesa Social, o Movimento da Lei 
e da Ordem, e a Nova Criminolooia ou Política Criminal Alternativa (Cf. ARAÚJO Jr. 
1991:65:79).
______ I - Nova Defesa Social - Iniciado em 1945. por Filippo Gramatica, foi inicialmente
denominada de Defesa Social. Em 1954. com a publicação do livro La DéfenseSociale 
Nouvelle, de Marc Ancei. foi rebatizada de Nova Defesa Social. Tem como características 
fundamentais a multidisciplinariedade, a mutabilidade e a universalidade. Não é um corpo 
doutrinário estável, tendente à fixação de regras: antes, é um movimento rnultidisciplinar, que
abriga as mais diversas posições. Suas concepções se alteram conforme isso seia necessário 
para acompanhar as aspirações sociais, estando acima das legislações nacionais. São seus 
postulados:
______a) Constante exame crítico das instituições vigentes, com vistas a sua atualização e
melhoria e. em sendo necessárias, sua reforma ou abolição:
______b) Visão multidiscipíinar. vinculando-se a todos os ramos do saber humano, gue
possam contribuir para uma completa visualização do fenômeno criminal:
______c) Instituição de um sistema de política criminal oarantidor dos direitos humanos e
promovedor dos valores essenciais da humanidade.
______Além desses postulados básicos, a Nova Defesa Social prega a proteção à vítima e aos
grupos marginalizados. Repudia a pena de morte e o uso indiscriminado da pena privativa de 
liberdade. Prega a descriminalização dos delitos leves e a criminalizacáo dos crimes contra a 
economia, contra os interesses difusos e da chamada criminalidade estatal (abuso de poder, 
corrupção etc.). Reconhece a falência da pena enquanto meio ressocializador. “A atividade 
socializadora consiste na colocação, à disposição do condenado, do maior número possível de 
condições que permitam a este, voluntariamente, não voltar a delingiiir.” (ARAÚJO Jr„
1991 m
______ li - Movimento da Lei e da Ordem - Esse movimento credita o aumento da
criminalidade ao tratamento excessivamente benigno que a lei dedica ao criminoso. A violência 
somente pode ser reprimida pelo recrudescimento do sistema penal, com a edição de leis mâis 
severas e imposição de penas privativas de liberdade mais longas e. até, pena de morte. São 
seus postulados:
_____ a) a pena retoma o caráter de castigo e retribuição que apresentava no seu início
histórico:
______ b) crimes graves requerem punições severas Honda privação de liberdade ou morte), a
serem cumpridas em estabelecimentos penais de segurança máxima, em regime especial de 
severidade:
______c) resposta imediata ao crime, com ampliação da prisão provisória:
______di a execução da pena deve ficar a cargo, quase que exclusivamente. da autoridade
penitenciária, restringindo-se o controle judiciai.
______Essa Política

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