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apostila Ética geral e profissional

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Prévia do material em texto

Ética Geral/
Profissional
Sônia Maria de Almeida Figueira
Adaptada/Revisada por Sônia Maria de Almeida Figueira (setembro/2012)
APRESENTAÇÃO
É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Ética Geral/Profissio-
nal, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autô-
nomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) 
uma apresentação do conteúdo básico da disciplina.
A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis-
ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail.
Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, 
a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, 
bem como acesso a redes de informação e documentação.
Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple-
mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para 
uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal.
A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar!
Unisa Digital
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5
1 COMPREENDENDO O HOMEM COMO SER SOCIAL ..................................................... 9
1.1 Alienação .........................................................................................................................................................................10
1.2 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................12
1.3 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................12
2 AS QUESTÕES ÉTICO-MORAIS ................................................................................................... 13
2.1 Moral e Ética ...................................................................................................................................................................14
2.2 A Moral na História .......................................................................................................................................................16
2.3 A Ética ................................................................................................................................................................................17
2.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................19
2.5 Atividade Proposta .......................................................................................................................................................19
3 A ÉTICA PROFISSIONAL .................................................................................................................. 21
3.1 A Ética e o Serviço Social ...........................................................................................................................................22
3.2 Os Códigos de Ética do Serviço Social ..................................................................................................................23
3.3 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................29
3.4 Atividade Proposta .......................................................................................................................................................30
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................... 31
RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 33
REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 35
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5
INTRODUÇÃO
Neste texto vamos falar de Ética e Serviço Social, ou seja, vamos tratar das questões relacionadas à 
Ética na sociedade em que vivemos, bem como da Ética Profissional do Serviço Social.
Vamos discutir o conceito de ética e, para desvendá-lo, teremos que necessariamente adentrar no 
campo das objetivações ético-morais: a moral, o conhecimento ético e a práxis ética. 
O domínio desse conceito possibilita ao Assistente Social compreender a ética profissional não 
simplesmente como um código de condutas ou um conjunto de regras e princípios que regem a con-
duta profissional, mas como um posicionamento na sociedade que define e norteia o seu compromisso 
profissional.
O compromisso seria uma abstração, se não envolvesse a decisão de quem o assume se não acon-
tecesse de modo objetivo e concreto. O compromisso não é qualquer ato que praticamos, assim como 
não é qualquer indivíduo que é capaz de comprometer-se. Ao compreendermos a natureza do ser que é 
capaz de se comprometer, estaremos nos aproximando da compreensão do que seja o ato comprome-
tido.
Segundo Paulo Freire (2003, p. 16), a primeira condição para que um ser possa assumir um ato com-
prometido está em ser capaz de agir e refletir.
É preciso que seja capaz de, estando no mundo, saber-se nele. Saber que, se a forma pela qual está no 
mundo condiciona a sua consciência deste estar, é capaz sem dúvida, de ter consciência desta cons-
ciência condicionada. Quer dizer, é capaz de intencionar sua consciência para a própria forma de estar 
sendo, que condiciona sua consciência de estar.
Freire (2003) continua, afirmando que a possibilidade de reflexão sobre si, sobre seu estar no mun-
do, associada à sua ação sobre o mundo, só existe se esse ser “distanciar-se” da realidade concreta para 
admirá-la e, assim, transformá-la. E, somente um ser que é capaz de sair de seu contexto, de “distanciar-
-se” dele para ficar com ele, admirá-lo para, objetivando-o, transformá-lo e, transformando-o, saber-se 
transformado pela sua própria criação, um ser que é e está sendo no tempo que é o seu, um ser histórico, 
somente este é capaz, por tudo isso, de comprometer-se. Um ser a-histórico não pode comprometer-se. 
E este ser é o homem, não um homem abstrato, mas um homem concreto, que existe numa situação 
concreta. E é exatamente a capacidade de esse homem atuar e refletir, operar, transformar a realidade de 
acordo com finalidades propostas, à qual está associada sua capacidade de refletir, que o faz um ser da 
práxis, no dizer de Paulo Freire.
Paulo Freire e Maria Lucia Barroco orientarão nossas reflexões neste texto. De Freire recorreremos às 
obras: Educação como prática para a liberdade, Pedagogia do oprimido e Educação e mudança. De Barroco, 
utilizaremos como norteador do pensamento aqui apresentado a obra Ética – Fundamentos sócio-históri-
cos, complementada por Ética e serviço social – Fundamentos ontológicos. Barroco é autora também, com 
Sylvia Helena Terra, do Código de Ética do/a Assistente Social Comentado, publicado pelo Conselho Federal 
Sônia Maria de Almeida Figueira
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de Serviço Social (CFESS). Nessa obra as autoras comentam o Código, seus fundamentos sócio-históricos, 
ontológicos e as possibilidades de efetivação do mesmo na nossa sociedade.
Utilizaremos também todos os Códigos de Ética que o Serviço Social teve até o momento, especial-
mente o Código vigente. 
Diante disso, faz-se necessário conhecerum pouco melhor esses autores que nos acompanharão 
ao longo deste texto. Paulo Freire marcou profundamente a formação de muitos intelectuais brasileiros 
e é referência na formação dos Assistentes Sociais que têm um compromisso com os homens e com a 
sociedade. Maria Lúcia Barroco tem sido referência para os Assistentes Sociais nas reflexões no campo da 
ética e vem preencher uma lacuna, um vazio persistente por tantos anos na produção acadêmica sobre 
essa temática no Serviço Social. Os estudos voltados a esse tema sempre foram muito escassos no Servi-
ço Social.
Paulo Freire
Fonte: http://accosta.wordpress.com/2009/02/14/australia-aprende-licoes-de-paulo-freire/.
Paulo Reglus Neves Freire nasceu no dia 19 de setembro de 1921, no Recife, Pernambuco. Ele foi 
quase tudo o que deve ser como educador, de professor de escola a criador de ideias e “métodos”. Sua 
filosofia educacional expressou-se primeiramente em 1958, na sua tese de concurso para a universidade 
do Recife, e, mais tarde, como professor de História e Filosofia da Educação daquela Universidade, bem 
como em suas primeiras experiências de alfabetização como a de Angicos (RN), em 1963. 
Pôs em prática um autêntico trabalho de educação que identifica a alfabetização com um processo 
de conscientização, capacitando o oprimido tanto para a aquisição dos instrumentos de leitura e escrita 
quanto para a sua libertação. Para ele, educar era, sobretudo, discutir as condições materiais de vida do 
Ética Geral/Profissional
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7
trabalhador comum. Sua primeira experiência como professor universitário foi na Escola de Serviço So-
cial, lecionando Filosofia da Educação. Doutorou-se em Filosofia e História da Educação em 1959, com a 
tese “Educação e atualidade brasileira”. 
Paulo Freire viveu intensamente seu tempo e o ambiente histórico-político entre a Revolução de 30 
e o Golpe Militar de 64. É nesse período que nasceu e se consolidou a essência de sua obra. Foi um dos 
fundadores do Movimento de Cultura Popular do Recife (MCP), no qual, ao lado de outros intelectuais e 
do povo, trabalhou para assegurar a inserção crítica e transformadora das classes oprimidas na sociedade 
brasileira, a partir da cultura popular.
Após seu retorno do exílio, lecionou na Faculdade de Educação da Universidade de Campinas 
(Unicamp), em Campinas, e logo depois ingressou no Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação 
da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). 
Maria Lúcia Barroco
Fonte: http://servicosocialportugues.blogspot.com/2009/04/cientista-brasileira-da-puc-sp-maria.html.
Maria Lúcia Silva Barroco formou-se assistente social em 1982, titulando-se doutora em Serviço 
Social pela PUC-SP em 1997, com a tese: “Ontologia social e reflexão ética”, orientada pelo Prof. Dr. José 
Paulo Netto. 
Na PUC-SP, dedica-se ao ensino da ética e dos fundamentos filosóficos para o Serviço Social. Coor-
dena o Núcleo de Estudos e Pesquisa em Ética e Direitos Humanos (NEPEDH), do Programa de Estudos 
Pós-Graduados em Serviço Social. Atualmente desenvolve as pesquisas: “Os fundamentos ético-políticos 
do neoconservadorismo” – tema de seu pós-doutorado realizado em 2007, em Portugal, na Universida-
de de Lisboa, sob orientação do Prof. Dr. José Barata Moura – e “A produção da ética no Serviço Social 
brasileiro”. Foi membro da Comissão de Ética e Direitos Humanos do Conselho Federal de Serviço Social 
(CFESS) de 1996 a 2002. É um dos expoentes da discussão ética no Serviço Social.
Sônia Maria de Almeida Figueira
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9
Para adentrarmos na discussão sobre éti-
ca, faz-se necessário entendermos o homem en-
quanto um ser social, um ser que vive em socie-
dade, em relação com outros seres.
O homem é um ser natural como os demais 
seres vivos, porém se constrói como um ser com-
plexo, um ser social, e nessa construção vai mol-
dando sua natureza social, como afirma Barroco 
(2009, p. 19), na medida em que vai construindo 
mediações:
Enquanto o animal se relaciona com a 
natureza a partir do instinto, o ser social 
passa a construir mediações – cada vez 
mais articuladas -, ampliando seu domí-
nio sobre a natureza e sobre si mesmo. 
Desse modo, sem deixar de se relacionar 
com a natureza – pois precisa dela para se 
manter vivo – vai moldando sua natureza 
social. 
Nesse processo de construção do ser so-
cial o homem estabelece seu próprio processo 
de humanização, ou seja, o homem, sem se dis-
tanciar da natureza, desenvolve um processo 
de autoconstrução como ser específico. Como 
afirma Barroco (2009), a atividade animal é limi-
tada, instintiva e imediata, enquanto a atividade 
humana estabelece mediações para responder às 
carências de forma consciente, racional, projetiva. 
Segundo Marx (apud BARROCO, 2009), o animal 
também produz, porém sua produção visa a sa-
tisfazer as necessidades imediatas, necessidades 
físicas, suas ou de sua cria, enquanto a produção 
COMPREENDENDO O HOMEM COMO 
SER SOCIAL1
humana se dá independentemente de sua neces-
sidade imediata, se dá de modo consciente, uni-
versal. Essa produção humana, segundo Lukács 
(1979), é o trabalho, que é o ponto de partida da 
humanização do homem e do refinamento de 
suas faculdades.
Mas quem é Lukács?
Vamos conhecer um pouco mais sobre esse 
importante pensador.
Georg Bernhard Lukács Von Szegedin foi 
um filósofo e crítico húngaro de origem judaica 
de grande importância no século XX. Nasceu no 
bairro de Leopolstadt, em Budapeste em 1885, 
dois anos após a morte de Marx e ainda em vida 
de Engels. Faleceu em 1971. Ingressou no Partido 
Comunista Húngaro em 1918 e tornou-se, no pós 
2ª guerra, uma espécie de porta-voz do marxismo 
intelectual. Ficou conhecido por ter elaborado 
uma teoria marxista da arte e por isso é chamado 
de o Marx da estética. Contudo, é o autor que ex-
põe a concepção de ideologia como complexo da 
vida social, fundada no trabalho como modelo de 
toda práxis humana.
O trabalho tem um papel central na consti-
tuição do ser social. Marx (BARROCO, 2001) afirma 
que o trabalho é o fundamento ontológico1 do ser 
social, pois permite o desenvolvimento de media-
ções que instituem a especificidade do ser social 
quando comparado a outros seres da natureza e 
essas mediações são construídas no processo his-
tórico de sua autoconstrução pelo trabalho. 
1 Ontologia significa “conhecimento do ser” e trata da natureza do ser, da realidade, da existência dos entes e das questões 
metafísicas em geral. A ontologia trata do ser enquanto ser, isto é, do ser concebido como tendo uma natureza comum, que é 
inerente a todos e a cada um dos seres.
Sônia Maria de Almeida Figueira
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10
Ou seja, o homem enquanto ser social se 
constitui a partir do trabalho, das relações que se 
estabelecem em sua inserção no trabalho, e guar-
da relação com o lugar que ocupa nessas relações 
de trabalho.
Portanto, o ser social carrega a marca da 
sociedade a partir da qual ele se constitui e do 
modo de produção que nela predomina. Logo, 
podemos concluir que na sociedade capitalista 
em que vivemos o ser social é constituído e guar-
da correspondência com as relações que se esta-
belecem nesse modo específico de produção.
O trabalho não é resultado de uma ação 
individual, mas das relações que se estabelecem 
entre homens. O trabalho se objetiva socialmente 
de modo determinado e corresponde à realidade 
sócio-histórica em que ele acontece. E essas rela-
ções determinadas pelo trabalho, pelo modo de 
produção, determinam as demais relações que se 
estabelecem na vida social. 
AtençãoAtenção
Este conceito é importante e precisamos tê-lo 
bem claro: o trabalho é o fundamento ontológi-
co do ser social. O homem enquanto ser social se 
constitui a partir do trabalho.
A produçãoé uma atividade social. Segun-
do Iamamoto e Carvalho (1988), para produzir e 
reproduzir os meios de vida e de produção, os 
homens estabelecem determinados vínculos e 
relações mútuas, através dos quais exercem uma 
ação transformadora da natureza, ou seja, reali-
zam a produção. 
A produção do indivíduo é uma abstração 
e essa produção, que é social, acontece em con-
dições historicamente determinadas. O processo 
capitalista de produção marca uma determinada 
maneira de se produzir e, nesse processo, se re-
produzem também as ideias e as representações. 
Na sociedade capitalista, em que a apro-
priação dos meios de produção é privada, o tra-
balho se materializa a partir da venda da força de 
trabalho, entendida também como uma merca-
doria. O trabalhador se vê obrigado a vender a 
única mercadoria que possui, que é a sua força 
de trabalho, visto que, sem a detenção dos meios 
de produção, essa mercadoria só existe poten-
cialmente, não sendo capaz de se materializar; só 
sendo consumida a força de trabalho cria valor. 
No processo de trabalho, a força de trabalho con-
sumida pertence ao capitalista, que a comprou, 
assim como os meios de produção.
1.1 Alienação
O produto do trabalho produzido social-
mente é apropriado, de modo privado, por aque-
les que são os detentores dos meios de produção, 
ou seja, assim como o trabalho é propriedade do 
capitalista, também o é o que resulta do trabalho 
e, desse modo, o trabalhador não se reconhece 
no produto de seu trabalho. Este é o princípio da 
alienação e da transformação do trabalhador em 
objeto comprado pelo capital, negando sua con-
dição de sujeito. 
Como afirma Iamamoto e Carvalho (1998, p. 
47), no processo de produção capitalista, “a classe 
trabalhadora cria, pois, em antítese consigo mes-
ma, os próprios meios de sua dominação, como 
condição de sua sobrevivência.”
O trabalhador fica alheio ao processo de 
produção na medida em que não tem a proprie-
dade dos meios de produção, não detém o con-
trole do processo de produção e não se apropria 
do produto final de seu trabalho. O trabalhador se 
aliena do objeto que ele mesmo criou.
Ética Geral/Profissional
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11
Tá vendo aquele edifício moço?/ Ajudei a levantar/ Foi um tempo de aflição/ Eram quatro condução/ Duas pra ir, duas 
pra voltar/ Hoje depois dele pronto/ Olho pra cima e fico tonto/ Mas me chega um cidadão/ E me diz desconfiado, tu tá 
aí admirado/ Ou tá querendo roubar?/ Meu domingo tá perdido/ Vou pra casa entristecido/ Dá vontade de beber/ E pra 
aumentar o meu tédio/ Eu nem posso olhar pro prédio/ Que eu ajudei a fazer.
Tá vendo aquele colégio moço?/ Eu também trabalhei lá/ Lá eu quase me arrebento/ Pus a massa fiz cimento/ Ajudei a 
rebocar/ Minha filha inocente/ Vem pra mim toda contente/ Pai vou me matricular/ Mas me diz um cidadão/ Criança de 
pé no chão/ Aqui não pode estudar/ Esta dor doeu mais forte/ Por que que eu deixei o norte/ Eu me pus a me dizer/ Lá a 
seca castigava mas o pouco que eu plantava/ Tinha direito a comer.
Tá vendo aquela igreja moço?/ Onde o padre diz amém/ Pus o sino e o badalo/ Enchi minha mão de calo/ Lá eu trabalhei 
também/ Lá sim valeu a pena/ Tem quermesse, tem novena/ E o padre me deixa entrar/ Foi lá que cristo me disse/ Rapaz 
deixe de tolice/ Não se deixe amedrontar.
Fui eu quem criou a terra/ Enchi o rio fiz a serra/ Não deixei nada faltar/ Hoje o homem criou asas/ E na maioria das casas/ 
Eu também não posso entrar.
Fui eu quem criou a terra/ Enchi o rio fiz a serra/ Não deixei nada faltar/ Hoje o homem criou asas/ E na maioria das casas/ 
Eu também não posso entrar.
A música Construção, de autoria de Lúcio 
Barbosa e Zé Geraldo, ilustra com clareza essa 
realidade:
Essa cisão entre sujeito e objeto leva a uma 
relação de estranhamento do homem com rela-
ção ao produto de seu trabalho. O produto gera-
do nas relações de trabalho no processo de pro-
dução capitalista não é tido como resultado da 
ação de indivíduos singulares, mas de indivíduos 
genéricos. 
Essa coisificação das relações sociais e esse 
estranhamento do homem em relação ao produ-
to de seu trabalho dão ao produto, ao objeto pro-
duzido, um valor como se ele fosse independente 
da atividade humana; é a autonomia das coisas 
produzidas e a total dependência dos homens, 
que só conseguem produzir se “venderem” aquilo 
que lhes pertence, que é sua força de trabalho. 
A força de trabalho na sociedade capitalis-
ta só se materializa quando não mais pertence 
a seu dono, ou seja, quando é transformada em 
um objeto comprado pelo capital. Esta é a grande 
AtençãoAtenção
Um conceito importante, que deve ser apreendi-
do é: a cisão entre sujeito e objeto leva a uma re-
lação de estranhamento do homem com relação 
ao produto de seu trabalho.
contradição presente nas relações de produção 
capitalistas.
Essa alienação própria da sociedade capita-
lista marca todas as dimensões da vida social e a 
constituição do ser social.
Barroco (2001, p. 35) afirma que
todas as atividades humanas contêm 
uma relação de valor; são orientadas, às 
vezes, por mais de uma, mas, dada a cen-
tralidade da produção material efetuada 
pela práxis produtiva, o valor econômico 
tende a influenciar todas as esferas. Na 
sociedade capitalista, os valores éticos, 
estéticos, tendem a se expressar como 
valores de posse, de consumo, reprodu-
zindo sentimentos, comportamentos e 
representações individualistas, negado-
ras da alteridade e da sociabilidade livre.
O ser social de que estamos falando é o re-
sultado dessa complexidade, desse processo de 
autoconstrução como ser específico. O que o ca-
racteriza são as construções sócio-históricas que 
o determinam e essas construções são complexas 
e contraditórias. A atividade dos animais é limita-
da, enquanto a atividade humana é complexa.
Sônia Maria de Almeida Figueira
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12
Vimos neste capítulo que o homem é um ser social e como tal vai moldando sua natureza social. 
Enfatizamos também que é nesse processo de construção do ser social que o homem estabelece seu 
próprio processo de humanização. Observamos também que o trabalho é o ponto de partida da huma-
nização do homem e do refinamento de suas faculdades, e que, consequentemente, o trabalho ocupa 
um papel central na constituição do ser social. Podemos, portanto, afirmar que o homem enquanto ser 
social se constitui a partir do trabalho.
Neste capítulo, foi apresentado também o conceito de alienação, que vem desse processo de traba-
lho em que o trabalhador fica alheio ao processo de produção na medida em que não tem a propriedade 
dos meios de produção, não detém o controle do processo de produção e não se apropria do produto 
final de seu trabalho. 
1.2 Resumo do Capítulo
1.3 Atividades Propostas
Para firmar os conteúdos deste capítulo, reflita sobre as duas questões a seguir:
1. Por que o ser não é uma categoria abstrata? 
2. A produção é uma atividade social?
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
13
Vamos ver, agora, como esse homem, que é 
um ser social como acabamos de ver, constitui-se 
como um ser ético.
Apesar dos condicionamentos, o homem 
pode reagir, ele não é apenas um ser receptor 
e passivo, pois ele é capaz de se questionar so-
bre como agir. Diante das situações que lhe são 
apresentadas, o homem se pergunta: “o que devo 
fazer?”. Isso evidencia a sua capacidade de auto-
determinação e, consequentemente, evidencia a 
sua capacidade de se responsabilizar pelas conse-
quências das decisões que toma. 
Esse ser social tem, portanto, as potenciali-
dades para se objetivar como um ser ético, um ser 
ético-moral. Vamos ver, então, quais são as parti-
cularidades desse modo de ser, ou seja, esse con-
junto de modos de ser ético-morais desenvolvido 
historicamente pelos homens.Segundo Barroco (2009), esse conjunto é 
constituído basicamente por:
ƒƒ pelo sujeito ético-moral;
ƒƒ pela moral;
ƒƒ pelo conhecimento ético;
ƒƒ pela práxis ético-política.
Barroco (2009) afirma que o sujeito ético-
-moral é socialmente considerado capaz de res-
ponder por seus atos, ou seja, é capaz de discernir 
entre o certo e o errado, o bom e o mau, enfim, é 
capaz de discernir entre valores; pode-se afirmar 
que esse sujeito tem uma consciência moral. 
Consciência moral é exatamente a capa-
cidade para reconhecer valores, preceitos, leis e 
a aplicação dos mesmos em uma determinada 
ação. É o que nos faz distinguir o certo do errado, 
AS QUESTÕES ÉTICO-MORAIS2
ou seja, reflete sempre os valores ou as normas 
sociais. Mas pesquise um pouco mais sobre esse 
conceito, tente se aprofundar na compreensão 
do que seja consciência moral. 
Esse sujeito ético-moral é aquele capaz de 
avaliar as consequências de seus atos e o impac-
to destes nos outros indivíduos. Nesse sentido, a 
moral supõe o respeito ao outro e a responsabili-
dade com as consequências e os resultados das 
ações para os outros indivíduos, para o grupo e 
para a sociedade como um todo. 
A ação ética só tem sentido se o indiví-
duo sair de sua singularidade voltada 
exclusivamente pra seu ‘eu’ para se rela-
cionar com o outro; é condição para tal 
[...] o ato moral supõe a elevação acima 
das necessidades, desejos e paixões sin-
gulares, porque ele exige pensar no outro 
e sair da condição do indivíduo egoísta, 
voltado para si mesmo. (BARROCO, 2009, 
p. 58).
Porém, faz-se necessário distinguir ética de 
moral, embora seja comum a identificação entre 
ambas. Tal identificação, segundo Netto (2009), 
não é desprovida de sentido, visto que no centro 
das discussões éticas encontram-se os valores, 
que estão no pano de fundo das discussões sobre 
a vida moral. Trata-se, então, de compreender o 
que é valor.
AtençãoAtenção
Então, o que é sujeito ético-moral? O sujeito 
ético-moral é socialmente considerado capaz de 
responder por seus atos, ou seja, é capaz de dis-
cernir entre o certo e o errado, o bom e o mau, 
enfim, é capaz de discernir entre valores...
Sônia Maria de Almeida Figueira
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
14
2.1 Moral e Ética
Segundo Cortella e Taille (2005), moral diz 
respeito às normas, aos deveres, e ética diz respei-
to à vida boa, à felicidade, ou seja, à coletividade, 
à universalidade. Os indivíduos têm a necessidade 
de orientar seu comportamento por normas, que 
são aceitas intimamente e reconhecidas como 
obrigatórias, agindo, portanto, moralmente. Por 
outro lado, para entender o processo que leva um 
indivíduo a respeitar determinados princípios e 
regras morais, é preciso conhecer sua perspectiva 
ética. 
Os fundamentos da ética são sociais e histó-
ricos. Só o ser social age eticamente, uma vez que 
só ele é capaz de agir com consciência e liberda-
de e, para tal, o Homem cria alternativas de valor, 
escolhe entre elas, incorporando-as nas suas fina-
lidades.
Numa sociedade complexa, caberia, por-
tanto, ampliar as alternativas e as possibilidades 
de escolha, para, desse modo, nos aproximarmos 
mais daquilo que chamamos liberdade.
Para Heller (apud Netto, 2009, p. 22) “valor 
é tudo aquilo que contribui para explicitar e para 
enriquecer o ser genérico do homem, entenden-
do como ser genérico um conjunto de atributos 
que constituiriam a essência humana.” E esses 
atributos são: a objetivação, expressa pelo traba-
lho, a sociabilidade, a consciência, a universalida-
de e a liberdade.
O indivíduo enquanto singularidade se re-
laciona com o ser genérico, porém não direta e 
automaticamente; esta é uma relação que precisa 
necessariamente ser construída. Na vida cotidia-
na, os indivíduos agem na sua singularidade, po-
rém sua autêntica realização se dá quando essa 
AtençãoAtenção
Não se esqueça disto: só o ser social age etica-
mente, uma vez que só ele é capaz de agir com 
consciência e liberdade.
singularidade é elevada à genericidade, como já 
discutimos. A moral é exatamente um sistema de 
costumes e de exigências que permite essa ele-
vação, viabilizando a relação das várias esferas da 
vida dos indivíduos com a genericidade do ser 
social.
Como já vimos, se o homem não pode viver 
fora da comunidade, se ele é necessariamente de-
pendente dos demais, se é naturalmente um ser 
social, então sua vida é marcada por normas, re-
gras e valores, que o fazem um ser da moral.
E o que é, então, moral?
Podemos afirmar, como Netto (2009), que 
moral é um sistema mutável, historicamente de-
terminado, de costumes e imperativos que propi-
ciam a vinculação de cada indivíduo, tomado na 
sua singularidade, com a essência humana histo-
ricamente constituída e do ser social, tomado na 
sua universalidade. Por sua vez, a ética é a análise 
dos fundamentos da moral, levando a uma refle-
xão filosófica ou metafilosófica.
Vamos aprofundar um pouco nesses dois 
conceitos.
Para Barroco (2001), a moral origina-se do 
desenvolvimento da sociabilidade, responde à 
necessidade prática de estabelecimento de nor-
mas e deveres e, tendo em vista a socialização e 
a convivência social, possibilita a criação de um 
senso moral que, ao ser internalizado, transforma-
-se em orientação de valor para o próprio sujeito 
e em juízo de valor diante dos outros sujeitos e da 
AtençãoAtenção
Dois conceitos importantes:
Moral é um sistema mutável, historicamente 
determinado, de costumes e imperativos que 
propiciam a vinculação de cada indivíduo com 
a essência humana historicamente constituída e 
do ser social.
Ética é a análise dos fundamentos da moral, le-
vando a uma reflexão filosófica ou metafilosófica.
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15
sociedade. A moral é uma relação entre o indiví-
duo singular e as exigências sociais, ou seja, uma 
relação da particularidade com a universalidade 
humana. A moral propicia a suspensão da sin-
gularidade, que, se considerada em seus funda-
mentos ontológicos, é parte da práxis interativa. 
É uma expressão da capacidade autorregulamen-
tadora do ser social e supõe a adoção de valores 
e escolhas entre eles. A moral supõe o respeito ao 
outro (alteridade) e a responsabilidade em rela-
ção aos resultados das ações para com os outros 
indivíduos e para com a sociedade em geral. 
Cabe salientar que nem todas as ações têm 
implicações morais, pois constantemente esta-
mos fazendo escolhas, porém sem que neces-
sariamente elas impliquem consequências para 
outras pessoas, nesse caso estamos falando de 
problemas práticos. Cabe, portanto, uma distin-
ção entre problemas práticos e problemas morais. 
Defrontamo-nos rotineiramente com problemas 
práticos, que se nos são apresentados em nosso 
dia a dia e perante os quais fazemos escolhas, 
tomamos decisões que não afetam necessaria-
mente outras pessoas. Por outro lado, deparamo-
-nos com situações cujas decisões diante delas 
podem afetar um indivíduo (por exemplo: dizer 
a verdade ou mentir), em outros casos, atingem 
vários indivíduos ou grupos sociais (por exemplo: 
os soldados nazistas que executaram ordens de 
extermínio vindas de seus superiores) e, até mes-
mo, decisões que podem afetar uma comunidade 
inteira. 
Porém, mesmo as decisões que não afetam 
a vida de outras pessoas e que, portanto, não têm 
implicações morais, muitas vezes são vistas como 
tal; nesse caso, podemos dizer que estão sendo 
julgadas de modo moralista. As atitudes moralis-
tas, por sua vez, são fruto do papel da consciência 
no juízo de valor e do papel ideológico desempe-
nhado pelos preconceitos morais, como afirma 
Barroco (2009).
Nas decisões em que há implicações mo-
rais, ou seja, afetam a vida de outras pessoas, os 
indivíduos têm a necessidade de pautar o seu 
comportamentopor normas que julgam mais 
apropriadas e que são aceitas intimamente e re-
conhecidas como obrigatórias no meio em que 
vivem, conforme Vázquez (2004). Nessas deci-
sões, dizemos que o homem age moralmente e 
seu comportamento é o resultado de uma deci-
são refletida e não puramente espontânea. Essas 
decisões também estão sujeitas a julgamentos de 
valor, ou seja, os homens emitem juízos de valor 
de acordo com as normas estabelecidas naque-
la sociedade. Portanto, temos comportamentos 
que chamamos morais e, por outro lado, temos 
juízos de valor, que aprovam ou desaprovam mo-
ralmente esses atos, sempre a partir de determi-
nadas normas.
Esse conjunto de normas surge das neces-
sidades históricas dos homens, visa a regular o 
comportamento dos indivíduos, tem a finalida-
de de atender às necessidades de convivência na 
sociedade e também fornece os parâmetros para 
os juízos de valor que norteiam a consciência mo-
ral dos indivíduos, compondo, assim, um código 
moral que se reproduz no cotidiano através dos 
hábitos e costumes, dando origem à moral como 
costume ou hábitos de conduta. 
Na medida em que os indivíduos incorpo-
ram esses comportamentos, passam a reproduzi-
-los espontaneamente e, desse modo, se tornam 
hábitos e se transformam em costumes, cumprin-
do o papel de integração social. A reprodução es-
pontânea evidencia que nem sempre, portanto, 
as escolhas significam um ato de liberdade. No 
cotidiano, os valores morais tendem a ser interio-
rizados acriticamente, tornando-se hábitos por 
força da tradição. 
No cotidiano, as normas são interiorizadas e 
defendidas socialmente sem que necessariamen-
te expressem uma adesão feita de maneira livre, 
pois, para que haja escolha livre, é preciso que 
haja alternativas, assim como o conhecimento 
crítico delas, ou seja, determinadas normas e va-
lores podem ser legitimados sem que represen-
tem um ato consciente, ou seja, sem que sejam 
livremente escolhidos.
Portanto, podemos afirmar, como Barroco 
(2001), que a moral pode contribuir para a inte-
gração social, viabilizadora de necessidades pri-
vadas, alheias e estranhas às capacidades eman-
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16
cipadoras do homem. A moral é perpassada por 
interesses de classe e por necessidades de repro-
dução das relações sociais de um determinado 
modo de produção. Nesse caso, as escolhas são 
influenciadas por determinantes ideológicos 
coercitivos, que reforçam a dominação e, portan-
to, não propiciam a liberdade.
Na sociedade de classes, como sabemos, 
não são possíveis valores comuns que represen-
tem unanimemente os interesses de todos os 
AtençãoAtenção
É importante saber que a moral pode contribuir 
para a integração social, viabilizadora de necessi-
dades privadas, alheias e estranhas às capacida-
des emancipadoras do homem.
membros da sociedade, separados por interesses 
divergentes. Logo, diante de valores heterogê-
neos, surgem as transgressões das normas morais 
e, nesse caso, a moral surge como exigência de 
subordinação de indivíduos às exigências de in-
tegração social à moral dominante.
Na sociedade de classes, então, a moral se 
torna funcional à reprodução da moral dominan-
te, sem, contudo, impossibilitar ações em outras 
direções, isto é, ações de contestações e de bus-
cas de outras formas de objetivação moral. O con-
flito presente na sociedade de classe se faz pre-
sente também no que se refere à moral.
2.2 A Moral na História
A organização social dos valores surge nas 
comunidades primitivas com a finalidade de in-
tegração, na qual a moral apresenta ainda um 
nível de desenvolvimento bem restrito devido 
ao fato de os valores serem ainda relativamente 
homogêneos. Há, nesse período, uma moralida-
de coletivista, baseada em valores solidários, pois 
havia pouca mobilidade dos indivíduos devido 
ao pequeno desenvolvimento da produção e das 
relações sociais. Os indivíduos eram então quase 
totalmente subordinados ao coletivo; pratica-
mente não havia espaço para a individualidade; 
era fundamentalmente este o sentido da integra-
ção social.
Com o surgimento da sociedade de classes, 
evidenciam-se os antagonismos, fundados na 
propriedade privada, na divisão social do traba-
lho e na exploração do trabalho, requerendo en-
tão a função normativa da moral e esta assume 
formas ideológicas e contribui para a veiculação 
de modos de ser, de valores e costumes que jus-
tificam a ordem social dominante e suas ideias. A 
integração social, nesse caso, serve à legitimação 
da moral dominante, como afirma Barroco (2009).
Essa moral vigente na sociedade, com nor-
mas e costumes instituídos, é responsável pela 
socialização dos indivíduos através da família, 
da escola etc. Esses indivíduos assumem como 
naturais os comportamentos e valores que pas-
sam a constituir o código moral, que orienta suas 
escolhas e influencia seus julgamentos de valor. 
Obviamente, ele é livre para escolher outros valo-
res, porém isso depende de conhecimento crítico 
capaz de desvelar esses mecanismos ideológicos. 
Todas as sociedades dispõem de normas de 
convivência, de regras que estabelecem critérios 
de valor e princípios que norteiam a vida social, e 
a subordinação pode se dar nos mais diferentes 
graus, com maiores ou menores possibilidades de 
escolha e mobilidade social. 
Em suas relações sociais – no trabalho, na 
família, nas relações afetivas, políticas, de 
lazer etc. –, a todo momento o indivíduo 
se depara com exigências que põem em 
movimento, em maior ou menor grau, 
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17
seus sentimentos, sua consciência, sua ra-
cionalidade, sua subjetividade; situações 
de afirmação ou de negação de valores 
ético-morais, por exemplo, de injustiça, 
violência, discriminação, que exigem 
moralmente determinadas atitudes por 
parte dele. Ele pode ou não responder 
moralmente a tais exigências: pode ficar 
indignado e assumir um posicionamento 
de valor; pode ficar revoltado, mas não 
agir; pode ficar indiferente ou intervir 
praticamente, a fim de mudar a situação 
entre outras. (BARROCO, 2009, p. 65).
Fagot-Largeault (1999) fala ainda de um 
relativismo moral, no sentido de que todas as 
posições éticas são relativas, ou seja, as posições 
éticas são relativas ao lugar, ao tempo, ao con-
texto cultural, às sensibilidades individuais e, em 
consequência disso, não existe uma posição ética 
absoluta, universal, portanto não há uma moral e 
sim morais.
Na verdade, o relativismo moral não é uma 
posição ética e sim uma posição sobre a ética. A 
diversidade de hábitos e costumes humanos se-
gundo a época e o lugar está registrada em mui-
tas passagens da própria literatura.
As ações ético-morais estão presentes na 
vida cotidiana, porém com maior ou menor inten-
sidade ou presença dependendo das circunstân-
cias sociais, que podem exigir que a ética assuma 
um papel preponderante ou permaneça apenas 
como potencialidade.
Há situações que exigem que a ética se ma-
nifeste prioritariamente e outras em que ela pode 
ou não se manifestar, o que não muda a condição 
de que todo homem é um ser ético.
2.3 A Ética
Na sociedade atual, em que a técnica e as 
ciências produziram desenvolvimentos notáveis, 
especialmente no último século, alguns autores 
apontam também para o fato de estarmos viven-
ciando uma crise ética. A competição em substi-
tuição à cooperação e a exigência de quantidade, 
legando ao segundo plano a qualidade, muitas 
vezes têm sido a regra e não a exceção nas dife-
rentes relações sociais em que estamos inseridos. 
Estamos sob o véu da fragmentação, da supe-
respecialização, que nos dificulta ou mesmo nos 
impede de analisar o todo, levando-nos ao isola-
mento. E, se a postura ética nos exige pensar na 
totalidade,na esfera do coletivo, vivemos então 
uma crise da ética.
Cortella e Taille (2005), inclusive, atribuem 
a essa crise da ética o crescimento do número 
de suicídios no hemisfério norte. Segundo esses 
autores, a Organização Mundial de Saúde, em 
2000, apresentou dados evidenciando os fatores 
que mais causam morte no mundo e, entre es-
tes, constavam o suicídio, o crime (assassinato) 
e a guerra, sendo que segundo esses dados, no 
ano 2000, ocorreram no mundo 815 mil suicídios, 
520 mil mortes ocasionadas por crimes e 310 mil 
pessoas morreram em consequência de guerras. 
Destacam os autores o número elevado de sui-
cídios, concentrados, naturalmente, em algumas 
regiões, alguns países. Os autores relacionam esse 
aumento dos suicídios a um mal-estar moral e éti-
co, percebido com maior evidência nos países do 
hemisfério norte, justamente aqueles tidos como 
de uma cultura mais avançada e a mais desejável 
do mundo ocidental.
Morin (1988) nos ajuda a entender essa 
questão ao afirmar que, nas sociedades indivi-
dualistas, a ética não se impõe imperativamente 
nem universalmente a cada cidadão, ao contrário, 
cada um terá de escolher por si mesmo os seus 
valores e ideais e praticar o que ele chama de au-
toética.
Esta é uma questão bastante discutível, 
especialmente na sociedade capitalista, como 
já vimos, e também se considerarmos que hoje 
vivemos sob influência, como o próprio autor 
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afirma, de grandes religiões, como o budismo, o 
cristianismo e o islamismo. Sabemos o peso da 
religião na formação da moral e da conduta ética, 
mas Morin (1988, p. 68) lança-nos um desafio ao 
afirmar que
sabemos que nossas finalidades não vão 
inevitavelmente triunfar, e que a marcha 
da história não é moral. Devemos visua-
lizar seu insucesso possível e até mesmo 
provável. Justamente porque a incerteza 
sobre o real é fundamental, é que somos 
conduzidos a lutar por nossas finalidades. 
Não devemos, portanto, ser levados à ina-
ção e sim ao desafio e à busca de estratégias que 
permitam modificar a ação empreendida.
O problema consiste em evitar o realismo 
trivial (adaptar-se ao imediato) e o irrea-
lismo trivial (subtrair-se às constrições da 
realidade). O importante é ser realista no 
sentido complexo do termo (compreen-
der a incerteza do real, saber que há o 
possível, mesmo que ainda esteja invisí-
vel no real), o que freqüentemente pode 
parecer irrealista. A incerteza do real 
pode ensejar tanto o idealismo ético (agir 
de acordo com suas finalidades e ideais) 
como o realismo estratégico. (MORIN, 
1988, p. 69).
Morin (1988) afirma ainda que uma ética 
política que se pretenda verdadeiramente huma-
na tem que considerar primordialmente o resga-
te do sujeito responsável, restaurando o papel 
da subjetividade e considerando a singularidade 
de cada um como precondição para o conheci-
mento objetivo. Trata-se de resgatar no coletivo 
a responsabilidade pessoal e o cargo autônomo 
da ética, sem desconsiderar naturalmente a gene-
racidade, como já discutimos.
A questão da responsabilidade carrega 
uma complexidade que não pode deixar de ser 
considerada, pois, por um lado, cada um deve 
reconhecer-se como responsável, por exemplo, 
por suas palavras, seus escritos, seus atos, e, por 
outro, ninguém é responsável pelo modo como 
suas palavras ou seus escritos são compreendi-
dos, são interpretados, bem como seus atos, pois 
essa compreensão é mediada por uma série de 
outras questões. Então Morin (1988), afirma que 
cada indivíduo é 100% responsável e 100% irres-
ponsável por aquilo que faz ou por aquilo que diz. 
Há, portanto, uma responsabilidade do emissor, 
do mesmo modo que há uma responsabilidade 
do receptor, porém o sujeito ético coloca-se como 
responsável, como se a luta por inteiro dependes-
se única e exclusivamente dele.
Para tal, temos algumas ideias-guia nas 
quais devemos nos pautar. A questão do diálogo, 
do debate, é uma delas, ou seja, a primazia da ar-
gumentação em contrapartida à crença na verda-
de absoluta. A noção de compreensão é também 
uma ideia que deve estar sempre presente como 
norte para uma postura ética. A compreensão é 
complementar à explicação, utiliza métodos ade-
quados para conhecer os objetos enquanto obje-
tos e permite conhecer os sujeitos enquanto su-
jeitos. A compreensão é necessária a tudo aquilo 
que possa tornar as relações humanas mais hu-
manas e mais éticas.
Morin (1988) fala também da ética da mag-
nanimidade, que é exatamente o contraponto à 
vingança, à impiedade da punição. Ele exemplifica 
a ética da magnanimidade em tempos passados 
pelos atos soberanos de clemência e, mais recen-
temente, a atitude exemplar de Nelson Mandela 
para com os sul-africanos brancos que cometeram 
ou aprovaram a moral do Apartheid. A barbárie 
está claramente presente no ciclo que transfor-
ma em inimigo todos aqueles que fazem parte 
de uma mesma etnia, de uma mesma religião, de 
uma classe social ou nacionalidade, mantendo um 
ciclo de terrorismo e de tortura. Temos visto mani-
festações frequentes dessas barbáries nos noticiá-
AtençãoAtenção
Cada indivíduo é 100% responsável e 100% irres-
ponsável por aquilo que faz ou por aquilo que 
diz. Há, portanto, uma responsabilidade do emis-
sor, do mesmo modo que há uma responsabili-
dade do receptor.
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rios da imprensa, nos atos violentos dos skinheads 
ou nas perseguições aos homossexuais ou qual-
quer outra das manifestações que têm como base 
o preconceito, a discriminação. O enfrentamento 
desse ciclo deve se dar pela presença da ética da 
magnanimidade, da clemência, da generosidade 
ou, porque não dizer, pela ética do perdão.
O autor apresenta ainda a ética da resistên-
cia, claramente identificada como a única respos-
ta possível ao nazismo e ao stalinismo triunfan-
tes e deve ser considerada uma resposta possível 
nesses tempos de barbárie em que vivemos. A 
ética da resistência tem a capacidade de elaborar 
um fermento ou um germe para o futuro quando 
se vivem situações de completa negação de pos-
sibilidades de ações éticas. 
Faz-se necessário, portanto, ver a ética em 
sua dimensão ampla, no contexto de uma socie-
dade, assim como na particularidade das ações 
individuais e particulares dos indivíduos.
Ainda, segundo Morin (1988), não podemos 
reduzir a ética ao político, do mesmo modo que 
não podemos reduzir o político ao ético. Esses 
termos não podem ser colocados em oposição 
absoluta nem podem ser colocados em uma re-
lação de complementaridade harmônica. Somos 
impulsionados, portanto, ao diálogo como a úni-
ca maneira de se manter esse laço indissociável 
e, ao mesmo tempo, esse antagonismo irredutível 
entre ética e política. 
2.4 Resumo do Capítulo
Neste capítulo, vimos que o homem é capaz de se responsabilizar pelos seus atos, é capaz de ava-
liar os resultados de suas ações para outros indivíduos, para o grupo e para a sociedade como um todo, e 
ao tomar decisões pauta o seu comportamento em normas que julga mais apropriadas e que são aceitas 
e reconhecidas no meio em que vive.
Discutimos, também, neste capítulo, dois conceitos muito importantes: o conceito de moral e o de 
ética, fundamentais para entendermos a ética do serviço social, como discutiremos a seguir.
Com Netto aprendemos que moral é um sistema mutável, historicamente determinado, de costu-
mes e imperativos que propiciam a vinculação de cada indivíduo com a essência humana historicamente 
constituída e o ser social. E que ética é a análise dos fundamentos da moral, levando a uma reflexão filo-
sófica ou metafilosófica.
Já Morin nos ajudou a entender que uma ética que se pretenda verdadeiramente humana tem que 
considerar primordialmente o resgate desse sujeitoresponsável. Esse autor também nos fala que somos 
impulsionados à busca do diálogo.
2.5 Atividade Proposta
1. Como Edgar Morin reflete sobre a ética política?
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21
Tudo o que discutimos até agora sobre o ho-
mem enquanto ser social, os aspectos ético-polí-
ticos, os fundamentos ontológicos e as objetiva-
ções ético-morais possibilita-nos compreender a 
ética profissional como um campo em que se dão 
os projetos coletivos de uma dada profissão.
A ética profissional orienta o posicionamen-
to dos profissionais a partir do conjunto de princí-
pios da profissão e orienta as ações realizadas no 
seu exercício.
Os projetos profissionais apresentam a 
auto-imagem da profissão, elegem valo-
res que a legitimam socialmente e prio-
rizam os seus objetivos e funções, formu-
lam os requisitos (teóricos, institucionais 
práticos) para o seu exercício, prescrevem 
normas para o comportamento dos pro-
fissionais e estabelecem as balizas da sua 
relação com os usuários de seus serviços, 
com outras profissões e com as organi-
zações e instituições sociais, privadas, 
públicas, entre estas, também e desta-
cadamente com o Estado, o qual coube, 
historicamente, o reconhecimento jurí-
dico dos estatutos profissionais. (NETTO, 
1999, p. 95).
Toda profissão tem um projeto que lhe dá 
organicidade e direção social e no qual os valo-
res e finalidades comuns daquela profissão se 
A ÉTICA PROFISSIONAL3
AtençãoAtenção
Este conceito é muito importante: a ética profis-
sional é um campo onde se dão os projetos cole-
tivos de uma dada profissão. Toda profissão tem 
um projeto que lhe dá organicidade e direção 
social, e no qual os valores e finalidades comuns 
daquela profissão se expressam.
expressam. É preciso evidenciar que isso não sig-
nifica que os seus agentes tenham sempre cons-
ciência dele.
Os movimentos internos das profissões, que 
levam à construção desse projeto, não existem 
sem as mediações externas, como, por exemplo, 
a cultura e a moral vigentes na sociedade, que 
são determinantes na construção da moralidade 
dos agentes daquela profissão e que influenciam 
direta e indiretamente em sua ética profissional.
A ética profissional é um modo particular 
da ética e suas particularidades guardam corres-
pondência com as matizes que legitimam aquela 
dada profissão na divisão sociotécnica do traba-
lho.
Segundo Barroco (2001), o ethos profissio-
nal é um modo de ser de uma profissão, que re-
sulta da relação complexa entre as necessidades 
socioeconômicas e ideoculturais e as possibilida-
des de escolha inseridas nas ações ético-morais. 
Portanto, a ética profissional é uma resposta de 
um grupo profissional, relativa à moral profissio-
nal, à moral do trabalho.
AtençãoAtenção
A ética profissional é um modo particular da ética 
e suas particularidades guardam correspondên-
cia com as matizes que legitimam aquela dada 
profissão na divisão sociotécnica do trabalho. É 
uma resposta de um grupo profissional, relativa à 
moral profissional, à moral do trabalho.
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22
O Assistente Social no seu cotidiano de tra-
balho se depara constantemente com situações 
diante das quais tem que assumir posições a par-
tir dos valores nos quais se pauta. O Serviço So-
cial é chamado a intervir em situações concretas 
que são resultantes da objetivação na vida dos 
indivíduos, das diferentes expressões da questão 
social. Para intervir, é preciso que o Assistente So-
cial busque, no fazer profissional, apreendê-las no 
contexto da totalidade em que são produzidas, 
fazendo escolhas e agindo de acordo com deter-
minados princípios. Nesse sentido, a categoria 
profissional necessariamente se move no seu agir 
profissional no terreno da ética e da moral.
Esses princípios que pautam as escolhas 
profissionais constituem uma construção car-
regada de conteúdo ético-moral e de visões de 
mundo. Essa construção funciona como um nor-
te, um guia, isto é, uma bússola para o fazer pro-
fissional, configurando-se como uma perspectiva 
de prática a ser seguida, visto que foi pactuada no 
interior de uma profissão e carrega seu conjunto 
de crenças e valores. 
Nas profissões, a ética diz respeito à morali-
dade profissional, ou seja, ao conjunto de normas 
e princípios que expressam as escolhas axiológi-
cas e funcionam como parâmetros orientadores 
das relações entre a profissão e a sociedade (PAI-
VA et al., 2009).
É assim não só com os Assistentes Sociais, 
mas com o conjunto dos profissionais liberais que 
trabalham em um contexto que juridicamente 
se pauta pela autonomia e tem uma ampla mar-
gem de decisão no seu dia a dia e, para tal, faz-
-se necessário a criação dos Códigos de Ética para 
nortear suas decisões. Todas as profissões liberais 
são portadoras de uma deontologia que regula as 
ações operativas da profissão.
Um código de ética representa uma exigên-
cia legal de regulamentação formal da profissão 
e, como tal, é um instrumento específico de expli-
3.1 A Ética e o Serviço Social
citação de deveres e direitos profissionais, ou seja, 
refere-se a uma necessidade formal de legislar so-
bre o comportamento dos profissionais (BARRO-
CO, 2009, p. 81).
O trabalho dos profissionais liberais depen-
de inexoravelmente de um elemento subjetivo, 
que é o discernimento pessoal, e é justamente 
nesse aspecto que se faz necessário esse norte, 
pois os indivíduos atendidos, assistidos, por es-
ses profissionais não podem ficar à mercê de uma 
moral individual.
Porém, é importante frisar que essa ética 
profissional necessariamente precisa estar conec-
tada aos interesses mais globais da sociedade; 
deve estar ordenada e articulada nesse conjunto, 
pois, assim não sendo, há o risco de simplesmen-
te se tornar posição corporativista. Nesse caso, se 
reduz a práticas mesquinhas, restritas e isoladas 
que tendem muito mais a proteger indivíduos 
de uma dada corporação do que defender direi-
tos coletivos pautados em interesses globais da 
sociedade. Surge, assim, a moral corporativista, a 
moral dos guetos e dos pequenos grupos, reduzi-
dos a si mesmos e que se pretendem autônomos 
com relação ao conjunto social.
No caso do Serviço Social, segundo Silva 
(2009), os códigos de ética têm servido ora como 
instrumentos para uma ação moralizadora, res-
tauradora e integradora, como pode ser obser-
vado nos primeiros códigos de ética da profissão, 
ora para a sustentação de uma prática profissio-
nal crítica, como se observa nos códigos mais re-
centes.
AtençãoAtenção
A ética profissional necessariamente precisa es-
tar conectada aos interesses mais globais da so-
ciedade; deve estar ordenada e articulada nesse 
conjunto, pois, assim não sendo, há o risco de 
simplesmente se tornar posição corporativista, 
mais voltada à proteção de indivíduos do que à 
defesa de direitos coletivos.
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23
Você sabia que o Serviço Social, no Brasil, 
já teve até o momento, cinco Códigos de Ética? 
Esses códigos expressam os diferentes momen-
tos vivenciados pela profissão, bem como os di-
ferentes momentos da sociedade brasileira. Sim, 
porque um código de ética, normalmente, é re-
formulado para responder mais adequadamente 
às demandas da sociedade e da profissão.
O primeiro código de ética que norteou 
os assistentes sociais no Brasil foi aprovado em 
1947 e vem a responder a uma necessidade de 
profissionalização dos assistentes sociais, ou seja, 
instrumentalizá-los para uma atuação mais ampla 
na sociedade, porém sem perder a sua vinculação 
estreita com a igreja.
Em 1965, quando o Brasil vivia outro mo-
mento histórico e quando os assistentes sociais 
passam a receber a influência norte-americana, 
um novo código surge.Dez anos depois, em 1975, em um momen-
to político muito particular do Brasil, houve ne-
cessidade de nova reformulação.
Com a abertura política e a efervescência 
dos movimentos populares da década de 1980, 
surge em 1986 a necessidade de nova mudança. 
Finalmente, em 1993, o Código de Ética dos assis-
tentes sociais sofre nova reformulação, surgindo 
então o código que se encontra em vigor.
O Código de Ética dos Assistentes Sociais – de 
1947 
O primeiro Código de Ética dos Assistentes 
Sociais, no Brasil, foi aprovado em 29 de setem-
bro de 1947, em uma assembleia da Associação 
Brasileira de Assistentes Sociais (ABAS), com uma 
concepção de homem, de sociedade e de Estado 
alimentada basicamente pela doutrina social da 
Igreja Católica. 
A Associação Brasileira de Assistentes So-
ciais (ABAS) era uma entidade sociocultural dos 
3.2 Os Códigos de Ética do Serviço Social
Assistentes Socais e foi fundada após o I Congres-
so Pan-Americano de Serviço Social, em 1946.
Em 1947, ocorrem também o I Congresso 
Brasileiro de Serviço Social, promovido pelo Cen-
tro de Estudos e Ação Social (CEAS), em São Paulo, 
servindo como ato preparatório para o II Congres-
so Pan-Americano de Serviço Social, realizado no 
Rio de Janeiro, em 1949. O evento não teve uma 
temática central, sendo que suas conclusões e 
recomendações – espelhando o pensamento 
da época – foram agrupadas em seis categorias: 
serviço social e família; serviço social e menores; 
serviço social e educação popular; serviço social 
e lazer; serviço social médico; e serviço social na 
indústria, agricultura e comércio.
O Código de 1947 estava tão intimamente 
ligado aos princípios da Igreja Católica que, logo 
na Seção I – Deveres Fundamentais, afirma que é 
dever do Assistente Social: “Cumprir os compro-
missos assumidos, respeitando a lei de Deus, os 
direitos naturais do homem, inspirando-se sem-
pre, em todos seus atos profissionais, no bem co-
mum e nos dispositivos de lei, tendo em mente 
o julgamento prestado diante do testemunho de 
Deus.”
Na Seção II – Deveres para com o beneficiário 
do Serviço Social, afirma que é dever do Assistente 
Social: “Respeitar no beneficiário do Serviço So-
cial a dignidade da pessoa humana, inspirando-
-se na caridade cristã.”
Essa concepção conservadora, que marca o 
primeiro Código de Ética da Profissão, contribuiu 
para obscurecer os Assistentes Sociais durante 
um amplo espaço de tempo.
Esse Código carrega fortemente as influên-
cias do neotomismo, que perdura no Serviço So-
cial por longo tempo e marca profundamente sua 
história e seus posicionamentos.
Sônia Maria de Almeida Figueira
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O Código de Ética dos Assistentes Sociais – de 
1965
O segundo Código de Ética dos Assistentes 
Sociais foi aprovado pelo Conselho Federal dos 
Assistentes Sociais em 8 de maio de 1965 e, dian-
te do momento político que se vivia no Brasil, não 
rompe com o tradicionalismo, mas avança na tec-
nificação profissional.
O Código de Ética de 1965 ainda reproduz 
a base filosófica humanista cristã e a perspecti-
va despolitizante e acrítica, porém aponta para 
explicitação do pluralismo que já despontava 
no contexto desse período histórico. Em 1965, é 
percebida a existência de diferentes concepções 
profissionais no Serviço Social. Segundo Barroco 
(2001), embora mantenha a base tomista, o Códi-
go de 1965 busca imprimir uma direção ética que 
não estava presente no código anterior, tampou-
co no seguinte, como veremos a seguir. Logo na 
sua introdução anuncia que a ética profissional é 
relacionada às demandas decorrentes do “mundo 
moderno” e que a profissão adquire “amplitude 
técnica e científica”, ao afirmar que: “O Serviço So-
cial adquire no mundo atual uma amplitude téc-
nica e cientifica impondo aos membros da profis-
são maiores encargos e responsabilidades.”
No Capítulo I – Da profissão, artigo 1º, afirma: 
“O Serviço Social constitui o objeto da profissão 
liberal de assistente social, de natureza técnico-
-científica e cujo o exercício é regulado em todo 
o território nacional [...]”
O Serviço Social já não é mais tratado como 
uma atividade humanista, mas como profissão 
liberal e de natureza técnico-científica. Portanto, 
os deveres do profissional já não se dão mais em 
consequência do compromisso religioso, mas sim 
em decorrência da legislação à qual a profissão 
está submetida.
O pluralismo ao qual nos referimos se ex-
pressa no Capítulo II – Dos direitos fundamentais, 
artigo 5º, quando afirma que: “No exercício de sua 
profissão, o assistente social tem o dever de res-
peitar as posições filosóficas, políticas e religiosas 
daqueles a quem se destina sua atividade, pres-
tando os serviços que lhe são devidos, tendo em 
vista o princípio de autodeterminação.”
É verdade que o Código de 1965 não rom-
pe com a visão tradicional, com os princípios 
que marcam o código anterior, mas aponta para 
alguns elementos até então ausentes, como os 
artigos citados e também a afirmação contida no 
artigo 8º do Capítulo II: “O assistente social deve 
colaborar com os poderes públicos na preserva-
ção do bem comum e dos direitos individuais, 
dentro dos princípios democráticos lutando in-
clusive para o estabelecimento de uma ordem 
social justa.” 
Os avanços ainda são muito limitados, mas 
ao falar em amplitude técnica e científica; respei-
to às posições filosóficas, políticas e religiosas; em 
democracia e justiça social, esse código se dife-
rencia do anterior; embora ainda seja o neotomis-
mo a base de seus princípios fundamentais, como 
se pode perceber na presença de afirmações 
como: respeito à dignidade da pessoa humana; 
contribuição para o bem comum; zelo pela famí-
lia como “grupo natural para o desenvolvimento 
da pessoa humana e base essencial da sociedade.”
Saiba maisSaiba mais
O neotomismo é uma corrente filosófica surgida no 
século XIX com o objetivo de fazer renascer a filosofia 
de Santo Tomás de Aquino, do século XIII – o Tomismo 
–, a fim de atender aos problemas contemporâneos. 
O objetivo do neotomismo é manter todas as caracte-
rísticas da filosofia tomista. O Tomismo, por sua vez, é 
a doutrina filosófico-cristã elaborada pelo dominicano 
Tomás de Aquino, estudioso do filósofo grego Aristó-
teles. Defende que o gênero é real, mas que a subs-
tância primeira é o indivíduo. Tomás de Aquino trata 
de questões como a relação entre Deus e o mundo, fé 
e ciência, teologia e filosofia, conhecimento e realida-
de. Dedicou-se ao esclarecimento das relações entre a 
verdade revelada e a filosofia, isto é, entre a fé e a razão. 
Segundo sua interpretação, tais conceitos não se cho-
cam nem se confundem, mas são distintos e harmôni-
cos. Para os neotomistas o pensamento de São Tomás 
foi o ponto culminante do saber filosófico e daí o ape-
lo para a necessidade de a ele retornar. O neotomismo 
tinha a intenção clara de unir os pensadores católicos 
para a conquista do pensamento moderno. 
Ética Geral/Profissional
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O Código de Ética dos Assistentes Sociais – de 
1975
Em 30 de janeiro de 1975, foi aprovado um 
novo Código de Ética dos Assistentes Sociais, em 
um período de intensa ditadura não somente 
no Brasil, como também em outros países latino 
americanos. 
O Código de Ética de 1975 reflete uma ade-
quação às demandas desse período ditatorial em 
que vivíamos. Já não expressa a tendência mo-
dernizadora presente no Código de 1965 e reafir-
ma o conservadorismo tradicional.
O neotomismo agora é substituído pelo 
personalismo, porém isso não traz alterações sig-
nificativas, pois o personalismo é utilizado para 
reafirmar os mesmos princípios do humanismo 
cristão tradicional. Logo, o Código de 1975, assim 
como os anteriores, reafirma os mesmos postu-
lados do bem comum, da autodeterminação,da 
justiça social etc.
Mas, afinal, o que é o personalismo?
O personalismo, que tinha a pessoa como 
centro, é fruto das reflexões de Emmanuel Mou-
nier, filosófo francês cujas obras influenciaram a 
ideologia da “democaracia cristã”. Mounier está 
entre os intelectuais que criaram o movimento 
da revista Espirit, que tinha como palavra de or-
dem “a ruptura com a ordem estabelecida”, com 
a intenção de identificar a verdade em toda a cir-
cunstância e que acreditava que o problema das 
estruturas sociais era econômico e moral e a saída 
para isso era a teorização e a construção de uma 
“comunidade de pessoas”. 
Porém, Barroco (2001) afirma que duas al-
terações em relação ao Código de 1965 são alta-
mente significativas, que é a exclusão das referên-
cias sobre a democracia e o pluralismo, presentes 
no código anterior. As expressões que tratam 
dessas duas questões são excluídas do Código 
de 1975, evidenciando uma atitude que nega o 
respeito à diversidade ao suprimir as referências 
ao pluralismo e que reafirma a posição acrítica 
diante da ação disciplinadora do Estado. Obvia-
mente que essas posições refletem claramente o 
momento histórico vivido em meados da década 
de 1970, auge da ditadura militar no Brasil.
Se os Códigos de 1947 e 1965 carregam as 
influências do neotomismo, o Código de 1975 
traz uma combinação do neotomismo e do fun-
cionalismo, refletindo o que discutimos até ago-
ra, que é a influência ou mesmo a determinação 
do contexto histórico no conjunto de princípios 
e regras que norteia a conduta, seja dos homens 
individualmente, seja dos grupos sociais, entre 
eles, as categorias profissionais. O Código de Ética 
é um documento que possui um traço conjuntu-
ral muito forte, por essa razão requer necessárias 
mudanças de acordo com as mudanças que ocor-
rem na sociedade. 
Os primeiros códigos de ética dos Assisten-
tes Sociais são fortemente marcados pela influên-
cia da doutrina social da igreja, com uma visão de 
homem idealista, a-histórica e metafísica. Fica cla-
ro nesses códigos também a perspectiva da neu-
tralidade e de harmonia com as instituições, sem 
nenhum questionamento à autoridade e ao Esta-
do, até porque são autoridades que emanam de 
um poder divino, que não cabe ser questionado.
Os Códigos de Ética de 1947, 1965 e 1975 
se pautam no tradicionalismo profissional e suas 
diferenças são pontuais. Como afirmam Barroco e 
Terra (2012), o Código de 1947 expressa uma es-
treita vinculação do Serviço Social com a doutri-
na social da Igreja Católica, sendo marcadamente 
doutrinário e subordinado aos dogmas da Igreja 
Católica. O Código de 1965 carrega traços da mo-
dernização conservadora da profissão e introduz 
AtençãoAtenção
Ao falar em amplitude técnica e científica; res-
peito às posições filosóficas, políticas e religio-
sas; em democracia e justiça social, esse código 
se diferencia do anterior; embora ainda seja o 
neotomismo a base de seus princípios funda-
mentais, como se pode perceber na presença de 
afirmações como: respeito à dignidade da pessoa 
humana; contribuição para o bem comum; zelo 
pela família como “grupo natural para o desen-
volvimento da pessoa humana e base essencial 
da sociedade.”
Sônia Maria de Almeida Figueira
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alguns valores liberais, porém sem romper com 
a base filosófica neotomista e funcionalista. Já o 
Código de 1975 suprime referências democráti-
cas e liberais presentes no Código de 1965.
O Código de Ética de 1975 vigora até 1986, 
quando em 9 de maio é aprovado o novo Código 
de Ética dos Assistentes Sociais.
O Código de Ética dos Assistentes Sociais – de 
1986
Em 9 de maio de 1986, os Assistentes So-
ciais passam a adotar um novo Código de Ética, 
que vem para substituir o Código de 1975. 
Em 1986, com todo o fervor democrático 
que movia parte da população brasileira, o códi-
go foi essencialmente modificado. Mais uma vez 
fica evidente a forte influência do contexto histó-
rico, pois, nesse momento, a sociedade civil se po-
sicionava em favor da democracia e da cidadania, 
traços marcantes do Código de 1986. No contex-
to da sociedade brasileira, recém-saída da ditadu-
ra, os termos desse código são contundentes na 
defesa dos direitos dos cidadãos e nos deveres 
do Estado. Inaugura-se, a partir desse código, um 
claro posicionamento ético-político da profissão 
nessa direção.
Esse código inaugura uma nova concepção 
de homem, alargando os horizontes éticos do 
Serviço Social, visto que se pauta numa concep-
ção de homem enquanto ser histórico e social e 
não mais como determinado pela vontade divina. 
Nesse código, o Serviço Social faz uma clara op-
ção a favor da classe trabalhadora, privilegiando 
o usuário. 
Alguns autores consideram o Código de 
Ética de 1986 como um divisor de águas no po-
sicionamento ético do Serviço Social, pois mar-
cou de forma significativa o rompimento com as 
correntes conservadoras e o redirecionamento 
da profissão, com vistas a um compromisso ético-
-político claramente definido. Ele representa um 
marco de mudança e ruptura com o conservado-
rismo, os conceitos da igreja e com a defesa da 
neutralidade profissional. 
O Serviço Social, contudo, já vivia o movi-
mento de reconceituação e um novo posiciona-
mento da categoria e das entidades do Serviço 
Social é assumido a partir do III Congresso Bra-
sileiro de Assistentes Sociais, realizado em São 
Paulo, em 1979, conhecido no meio profissional 
como o Congresso da Virada.
Já em 1983, na esteira desse novo posicio-
namento da categoria profissional, teve início 
um amplo processo de debates conduzido pelo 
CFESS, visando à alteração do código de ética 
vigente desde 1975. Desse processo resultou a 
aprovação do Código de Ética Profissional de 
1986.
Essa mudança no posicionamento ético dos 
Assistentes Sociais fica clara logo na Introdução 
do novo código, quando afirma que 
a categoria de Assistentes Sociais passa a 
exigir também uma nova ética que reflita 
uma vontade coletiva, superando a pers-
pectiva histórica e acrítica, onde os valo-
res são tidos como universais e acima dos 
interesses de classe. A nova ética é resul-
tado da inserção da categoria nas lutas da 
classe trabalhadora e consequentemente 
de uma nova visão da sociedade brasilei-
ra. Neste sentido, a categoria através de 
suas organizações faze uma opção clara 
por uma prática profissional vinculada 
aos interesses desta classe. (CFESS, 1986).
Fica evidente, portanto, que essa nova ética 
define um claro compromisso com os interesses 
da classe trabalhadora.
No Capítulo II – Dos Deveres, no artigo 3º, 
consta que constitui dever do Assistente Social:
AtençãoAtenção
O Código de Ética de 1986 inaugura uma nova 
concepção de homem, alargando os horizontes 
do Serviço Social, visto que se pauta numa con-
cepção de homem enquanto ser histórico e so-
cial e não mais como determinado pela vontade 
divina. Nesse código, o Serviço Social faz uma 
clara opção a favor da classe trabalhadora, privile-
giando o usuário.
Ética Geral/Profissional
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- Devolver as informações colhidas nos 
estudos e pesquisas aos sujeitos sociais 
envolvidos, no sentido de que estes pos-
sam usa-los para o fortalecimento dos in-
teresses da classe trabalhadora;
- Democratizar as informações disponí-
veis no espaço institucional, como um 
dos mecanismos indispensáveis à partici-
pação social dos usuários;
- Aprimorar de forma contínua os seus 
conhecimentos, colocando-os a serviço 
do fortalecimento dos interesses da clas-
se trabalhadora.
Quando trata do sigilo profissional, o Código 
de Ética de 1986 também o vincula aos interesses 
da classe trabalhadora. Enquanto no Código de 
1975 o segredo poderia ser rompido para evitar 
dano grave ao “cliente”, ao assistentesocial, a ter-
ceiros ou ao bem comum, no Código de 1986, no 
Capítulo III – Do Sigilo Profissional, consta que: “A 
quebra do sigilo só é admissível, quando se tratar 
de situações cuja gravidade possa trazer prejuízo 
aos interesses da classe trabalhadora.”
No novo código, a negação da neutralidade 
também fica explicitada no dever de democrati-
zar as informações aos usuários, no compromisso 
de criar espaços para a participação dos usuários 
nos programas e decisões das instituições e na 
denúncia das falhas das instituições, contribuin-
do na alteração da correlação de forças para o for-
talecimento de novas demandas de interesse dos 
usuários.
Barroco (2009) afirma que há três dimen-
sões de mudanças no Código de 1986: a negação 
à neutralidade, aos pressupostos metafísicos e 
idealistas e ao papel profissional tradicional.
O Código de 1986 apresenta ainda outros 
avanços com relação aos códigos anteriores, na 
medida em que supera a visão do Assistente So-
cial como mero executor das políticas sociais e in-
sere o profissional e também o usuário no espaço 
das decisões institucionais.
Podemos afirmar que o Código de Ética de 
1986 representou um avanço para profissão e 
expressou as principais conquistas que os Assis-
tentes Sociais alcançaram desde o Movimento de 
Reconceituação. 
O Código de Ética dos Assistentes Sociais – de 
1993
A perspectiva ética defendida a partir dos 
anos 1990 aponta para uma clara articulação com 
o fazer político na esfera do cotidiano, conden-
sando um processo gradual de amadurecimen-
to intelectual e político ocorrido no âmbito do 
Serviço Social, com reflexos naquilo que tem se 
denominado um novo perfil profissional: um pro-
fissional capaz de responder com eficácia e com-
petência teórica, ética, política e técnico-opera-
tiva às demandas da sociedade. A nova direção 
ético-política, em suas várias formas de expressão 
– a moral, a moralidade, a reflexão ética e a ação 
ética – orienta-se para o horizonte da satisfação 
das necessidades humano-genéricas e da eman-
cipação humana. Essa visão marca o novo código 
editado em 1986, elaborado a partir de um amplo 
processo de discussão no interior da categoria 
profissional. Esse código foi fruto de um contexto 
de revisão de valores, especialmente na América 
Latina.
No Brasil, o Serviço Social, desde a década 
de 1970, inicia um processo de revisão de valores, 
colocando em questão os princípios da neutrali-
dade e explicitando a dimensão política da prá-
tica profissional, o que se explicita no Código de 
1986 e se mantém no Código de Ética de 1993. O 
Código de 1993 assinala uma etapa de amadure-
cimento do processo de renovação da ética pro-
fissional, marcando a consolidação das conquis-
tas afirmadas no Código de 1986: a ruptura com 
o conservadorismo ético-moral e a superação da 
concepção ética tradicional, abstrata e a-histórica. 
AtençãoAtenção
No Brasil, o Serviço Social, desde a década de 
1970, inicia um processo de revisão de valores, 
colocando em questão os princípios da neutra-
lidade e explicitando a dimensão política da prá-
tica profissional, o que se explicita no Código de 
1986 e se mantém no Código de Ética de 1993.
Sônia Maria de Almeida Figueira
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No entanto, o Código de 1986 passa a se 
mostrar insuficiente, especialmente no que se 
refere à operacionalização do cotidiano profissio-
nal, o que leva a uma nova revisão, que culmina, 
em 1993, com a aprovação do novo Código de 
Ética Profissional vigente até o momento.
O Código de 1993 delimita com clareza os 
valores e compromissos éticos e profissionais e 
se pauta por duas preocupações fundamentais. A 
primeira é a preocupação de torná-lo um instru-
mento efetivo no processo de amadurecimento 
político da profissão e na defesa da qualidade dos 
serviços profissionais. A segunda preocupação 
está voltada à necessidade de constituí-lo como 
um mecanismo de defesa do exercício profissio-
nal por meio da garantia da legalidade. Esse có-
digo está pautado em um claro conceito de liber-
dade e resgata a dimensão do indivíduo como 
sujeito com direito à liberdade.
Quando se opta pela caracterização dos 
indivíduos sociais, estamos expressando 
uma concepção mais ampla de indivíduo 
que se deseja construir, com a qual esta-
mos comprometidos – ‘a cada um segun-
do as suas necessidades e de cada um se-
gundo as suas possibilidades’, conforme 
diz Marx. Daí o claro posicionamento em 
favor da construção de uma nova socie-
dade. (PAIVA et al., 2009, p. 182).
Esse código surge em 13 de março de 1993, 
regulamentado através da resolução CFESS nº 
273/93, em um cenário de forte presença do neo-
liberalismo, e os debates que ocorreram na cate-
goria profissional nas atividades que precederam 
a mudança do código foram extremamente edu-
cativas e politizadoras para o conjunto da catego-
ria. Foi a alteração de Código de Ética que mais 
mobilizou a categoria, com o envolvimento dos 
Conselhos Regionais e Conselho Federal, que rea-
lizaram assembleias e seminários com a categoria 
abrindo um amplo debate, culminando com as 
alterações propostas.
A década de 1990 traz também para o inte-
rior da categoria dos Assistentes Sociais o debate 
a respeito da Ética em Pesquisa, que também é 
contemplada nesse novo código.
Cabe destacar que outra inovação presente 
no atual código é a referência às questões de gê-
nero e etnia, até então não mencionadas nos có-
digos de ética dos assistentes sociais, bem como a 
explicitação das questões relacionadas aos Direi-
tos Humanos e ao direito de expressão. O presen-
te código também faz forte referência à defesa da 
qualidade dos serviços prestados à população.
O Código de 1993 consolida 11 princípios 
fundamentais da Ética do Serviço Social, reco-
nhecendo como valor ético central a liberdade, 
a autonomia, a emancipação e a expansão dos 
indivíduos sociais. Nesses princípios é explicitada 
a defesa dos direitos humanos contra o arbítrio 
e o autoritarismo. A consolidação da cidadania 
também é enfatizada, bem como a defesa da de-
mocracia e equidade, da justiça social e universa-
lidade, e o acesso aos bens e serviços relativos a 
programas e políticas sociais. O código também 
tem entre os seus princípios a eliminação de qual-
quer forma de preconceito e a garantia do plura-
lismo. A articulação com outras categorias profis-
sionais, o compromisso com os serviços prestados 
e o exercício do Serviço Social, sem qualquer tipo 
de discriminação, também são princípios presen-
tes.
Além dos princípios, o código trata ainda 
das competências do Assistente Social, dos di-
reitos e da responsabilidade nas relações com o 
usuário, com as instituições empregadoras e com 
a justiça. Trata também do sigilo na profissão, das 
penalidades, e da aplicação e do cumprimento 
dos preceitos explicitados no código.
Segundo Barroco (2009, p. 180), duas preo-
cupações nortearam a produção do Código de 
1993:
- torná-lo um instrumento efetivo no pro-
cesso de amadurecimento político da 
categoria bem como um aliado na mo-
bilização e qualificação dos assistentes 
sociais diante dos enormes desafios e 
demandas da sociedade brasileira. Urgia 
transformá-lo num mecanismo concreto 
de defesa da qualidade dos serviços pro-
fissionais que desempenhamos;
Ética Geral/Profissional
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- e, complementarmente, havia que cons-
tituí-lo como um mecanismo eficaz de 
defesa do nosso exercício profissional, 
por meio da garantia da legalidade de 
seus preceitos, fornecendo respaldo jurí-
dico à profissão.
O código de ética é um importante instru-
mento norteador da prática profissional, porém 
cabe destacar que a ética não se restringe à nor-
matização dada pela profissão, ou seja, não se li-
mita às determinações de um Código de

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