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Prefeitura Municipal de Suzano do Estado de São Paulo SUZANO-SP - Professor de Educação Básica Adjunto - Professor de Educação Básica I Edital de Abertura de Inscrições n°. 002/2018 - Educação JL137-2018 DADOS DA OBRA Título da obra: Prefeitura Municipal de Suzano do Estado de São Paulo Cargo: Professor de Educação Básica Adjunto e Professor de Educação Básica I (Baseado no Edital de Abertura de Inscrições n°. 002/2018 - Educação) • Língua Portuguesa • Matemática • Conhecimentos Pedagógicos • Legislação Gestão de Conteúdos Emanuela Amaral de Souza Diagramação/ Editoração Eletrônica Elaine Cristina Igor de Oliveira Ana Luiza Cesário Thais Regis Produção Editoral Suelen Domenica Pereira Julia Antoneli Leandro Filho Capa Joel Ferreira dos Santos APRESENTAÇÃO CURSO ONLINE PARABÉNS! ESTE É O PASSAPORTE PARA SUA APROVAÇÃO. A Nova Concursos tem um único propósito: mudar a vida das pessoas. Vamos ajudar você a alcançar o tão desejado cargo público. Nossos livros são elaborados por professores que atuam na área de Concursos Públicos. Assim a matéria é organizada de forma que otimize o tempo do candidato. Afi nal corremos contra o tempo, por isso a preparação é muito importante. Aproveitando, convidamos você para conhecer nossa linha de produtos “Cursos online”, conteúdos preparatórios e por edital, ministrados pelos melhores professores do mercado. Estar à frente é nosso objetivo, sempre. Contamos com índice de aprovação de 87%*. O que nos motiva é a busca da excelência. Aumentar este índice é nossa meta. Acesse www.novaconcursos.com.br e conheça todos os nossos produtos. Oferecemos uma solução completa com foco na sua aprovação, como: apostilas, livros, cursos on- line, questões comentadas e treinamentos com simulados online. Desejamos-lhe muito sucesso nesta nova etapa da sua vida! Obrigado e bons estudos! *Índice de aprovação baseado em ferramentas internas de medição. PASSO 1 Acesse: www.novaconcursos.com.br/passaporte PASSO 2 Digite o código do produto no campo indicado no site. O código encontra-se no verso da capa da apostila. *Utilize sempre os 8 primeiros dígitos. Ex: FV054-18 PASSO 3 Pronto! Você já pode acessar os conteúdos online. SUMÁRIO Língua Portuguesa Leitura e interpretação de diversos tipos de textos (literários e não literários). ............................................................................ 01 Sinônimos e antônimos. ......................................................................................................................................................................................07 Sentido próprio e figurado das palavras. ...................................................................................................................................................... 07 Pontuação. .................................................................................................................................................................................................................14 Classes de palavras: substantivo, adjetivo, numeral, artigo, pronome, verbo, advérbio, preposição e conjunção: emprego e sentido que imprimem às relações que estabelecem. ......................................................................................................................... 17 Concordância verbal e nominal. ....................................................................................................................................................................... 55 Regência verbal e nominal. .................................................................................................................................................................................60 Colocação pronominal. ........................................................................................................................................................................................66 Crase. ............................................................................................................................................................................................................................68 Matemática Resolução de situações-problema, envolvendo: adição, subtração, multiplicação, divisão, potenciação ou radiciação com números racionais, nas suas representações fracionária ou decimal; ..................................................................................... 01 Mínimo múltiplo comum; ....................................................................................................................................................................................01 Porcentagem; ...........................................................................................................................................................................................................74 Razão e proporção; ................................................................................................................................................................................................11 Regra de três simples; ...........................................................................................................................................................................................15 Equação do 1° grau; ..............................................................................................................................................................................................23 Grandezas e medidas - quantidade, tempo, comprimento, superfície, capacidade e massa; ................................................. 19 Relação entre grandezas - tabela ou gráfico; .............................................................................................................................................. 37 Noções de geometria plana - forma, área, perímetro e Teorema de Pitágoras. ............................................................................ 48 Conhecimentos Pedagógicos A PRÁTICA EDUCATIVA DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A observação, registro e avaliação formativa; ....... 01 A organização e planejamento do espaço na educação infantil; ........................................................................................................ 06 A pedagogia de projetos didáticos; ................................................................................................................................................................ 28 As relações entre a escola e a família; O comportamento infantil - o desenvolvimento dos afetos e das relações; ..... 29 O compartilhamento da ação educativa; ...................................................................................................................................................... 29 O cuidar e o educar. ...............................................................................................................................................................................................30 OS AMBIENTES DE APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A brincadeira e o desenvolvimento da imaginação e da criatividade; ...............................................................................................................................................................................................................32 A brincadeira na educação infantil nas perspectivas psicossociais, educacionais e lúdicas; .................................................... 39 Alfabetização; O currículo e a pedagogia da brincadeira; ..................................................................................................................... 47 O desenvolvimento da linguagem oral; ........................................................................................................................................................50 O desenvolvimento das artes visuais e do movimento. .......................................................................................................................... 55 O trabalho com as múltiplas linguagens. ....................................................................................................................................................... 56 A FORMAÇÃO PESSOAL E SOCIAL DA CRIANÇA: A criança, a natureza e a sociedade; ............................................................ 59 As interações criança/criança como recurso de desenvolvimento: identidade e autonomia; ................................................. 60 O desenvolvimento humano em processo de construção - Piaget, Vygostky e Wallom ........................................................... 61 O DESENVOLVIMENTO DA MOTRICIDADE: A importância da psicomotricidade na educação infantil; .............................. 61 A psicomotricidade no desenvolvimento da criança; .............................................................................................................................. 61 O lúdico e o desenvolvimento psicomotor. ................................................................................................................................................. 62 O papel da educação psicomotora na escola. ............................................................................................................................................ 63 A MATEMÁTICA NA EDUCAÇÂO INFANTIL: Ensinar e aprender matemática na educação infantil; Espaço e forma; Gran- dezas e medidas; Número e sistema de numeração. ................................................................................................................................ 65 Relação entre educação, escola e sociedade: concepções de Educação e Escola; função social da escola; educação in- clusiva e compromisso ético e social do educador. ................................................................................................................................. 68 Gestão democrática: a participação como princípio. ............................................................................................................................... 81 SUMÁRIO Organização da escola centrada no processo de desenvolvimento pleno do educando. ........................................................ 85 A integração entre educar e cuidar na educação básica. ....................................................................................................................... 91 Projeto político-pedagógico: fundamentos para a orientação, o planejamento e a implementação das ações educativas da escola. ...................................................................................................................................................................................................................92 Currículo e cultura: visão interdisciplinar e transversal do conhecimento. ..................................................................................... 99 Currículo: a valorização das diferenças individuais, de gênero, étnicas e socioculturais e o combate à desigualdade. ...........99 Currículo, conhecimento e processo de aprendizagem: as tendências pedagógicas na escola. ..........................................110 Currículo nas séries iniciais: a ênfase na competência leitora (alfabetização e letramento) e o desenvolvimento dos saberes escolares da matemática e das diversas áreas de conhecimento. ..................................................................................117 Currículo em ação: planejamento, seleção, contextualização e organização dos conteúdos; o trabalho por projetos. ........143 A avaliação diagnóstica ou formadora e os processos de ensino e de aprendizagem. .......................................................151 A mediação do professor, dialogal e problematizadora, no processo de aprendizagem e desenvolvimento do aluno; a inerente formação continuada do educador. ............................................................................................................................................154 Bibliografia ARÊAS, Celina Alves. A função social da escola. Conferência Nacional da Educação Básica. ..................................................157 AUAD, Daniela. Educar meninas e meninos - relações de gênero na escola. São Paulo: Editora Contexto, 2016. .........158 CASTRO, Jane Margareth; REGATTIERI, Marilza. Relações Contemporâneas Escola- Família. p. 28-32. In: CASTRO, Jane Margareth; ...............................................................................................................................................................................................................159 REGATTIERI, Marilza. Interação escola- família: subsídios para práticas escolares. Brasília: UNESCO, MEC, 2009. .........184 COLL, César. O construtivismo na sala de aula. São Paulo: Editora Ática, 1999. (Capítulos 4 e 5). .......................................184 DELIZOICOV. Demétrio; ANGOTTI, José André. Metodologia do ensino de Ciências. São Paulo: Cortez, 1994. (Capítulo II: unidades 2 e 3; Capítulo III: unidades 4 e 5). ..............................................................................................................................................187 DOWBOR, Ladislau. Educação e apropriação da realidade local. Estud. av. [online].2007, vol.21, n° 60, pp. 75-90. .......... 190 FERREIRA, Gláucia de Melo (org.). Palavra de professor(a): tateios e reflexões na prática Freinet. Campinas, SP: Mercado das Letras, 2003. .....................................................................................................................................................................................................198 FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização. São Paulo: Cortez, 2010. ...................................................................................205 FONSECA, Lúcia Lima da. O universo na sala de aula: uma experiência em pedagogia de projetos. Porto Alegre: Mediação, 2009. ....................................................................................................................................................................................... 217 FONSECA, Vitor da. Desenvolvimento Psicomotor e Aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2008. ....................................217 FORMOSINHO, Julia Oliveira. Pedagogia da infância: dialogando com o passado: construindo o futuro. Porto Alegre: Artmed, 2007. ..........................................................................................................................................................................................................217 GALVÃO, Izabel. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. São Paulo, Vozes, 1986. ...........217 HOFFMAN, Jussara. Avaliação mediadora: uma relação dialógica na construção do conhecimento In: SE/SP/FDE. Revista IDEIAS n° 22, pág. 51 a 59. .................................................................................................................................................................219 LERNER, Delia. Ler e escrever na escola: o real, o possível e o necessário. 1a Edição - Porto Alegre, Artmed, 2002. ............222 LIBÂNEO, J.C.; OLIVEIRA, J. F.; TOSCHI, M. S. Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2003, capítulo III, da 4a Parte. ...........................................................................................................................................................................226 MACHADO, Rosângela. Educação Especial na Escola Inclusiva: Políticas, Paradigmas e Práticas.1 ed.São Paulo: Cortez, 2009. ...........................................................................................................................................................................................................................229MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Abrindo as escolas às diferenças, capítulo 5, in: MANTOAN, Maria Teresa Eglér (org.) Pensando e Fazendo Educação de Qualidade. São Paulo: Moderna, 2001. ..................................................................................230 MARTINS, Mirian Celeste Ferreira Dias. Didática do ensino de arte: a língua do mundo: poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998. ...........................................................................................................................................................................................234 MEC - MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. v.1. ....................................................................................................................................................................................... 235 MEC - MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. v.2. ............................................................................................................................................................................................235 MEC - MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. v.3 ........................................................................................................................................................................................ 235 MOYLES, Jane R.Só Brincar? O papel do brincar na educação infantil.Porto Alegre Artmed Editora, 2002. .....................242 OLIVEIRA, Zilma Ramos. Educação Infantil: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2002.(capítulos: I, e do V ao XIX) ....................................................................................................................................................................................................................244 PANIZZA, Mabel e Colaboradores. Ensinar matemática na educação infantil e nas séries iniciais: análise e propostas. SUMÁRIO Porto Alegre: Artmed, 2006. ..............................................................................................................................................................................245 PENTEADO, Heloísa Dupas. Metodologia de História e Geografia. São Paulo: Cortez, 2011. (Capítulos 1, 2 e 3). .........250 PIAGET, Jean. Desenvolvimento e aprendizagem. Trad. Paulo Francisco Slomp. UFRGS- PEAD 2009/1. ...........................251 PIMENTA, Selma, G.A. A Construção do Projeto Pedagógico na Escola de 1° Grau. Ideias n° 8. 1.990, p 17-24. ...........257 ROPOLI, Edilene Aparecida. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar: a escola comum inclusiva. Brasília: Ministério da Educação. SEESP. Universidade Federal do Ceará. 2010. ..........................................................................................261 SMOLE, Kátia Stocco, DINIZ, Maria Ignez e CÂNDIDO, Patrícia. Resolução de problemas: matemática de 0 a 6. Porto Alegre: Artmed, 2003. ..............................................................................................................................................................................273 VINHA, Telma Pileggi. O educador e a moralidade infantil numa perspectiva construtivista. Revista do Cogeime, n° 14, julho/99, pág. 15-38. ............................................................................................................................................................................................274 WEIZ, T. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. São Paulo: Ática. .........................................................................................284 Legislação BRASIL. A criança de 06 anos, a linguagem escrita e o Ensino Fundamental de nove anos. Ministério da Educação/Secre- taria de Educação Básica. Brasília, 2009. ......................................................................................................................................................... 01 BRASIL. Constituição Federal/88 - artigos 205 a 214 e artigo 60 das Disposições Constitucionais Transitórias. ........ 01 Emenda 14/96. ..........................................................................................................................................................................................................02 BRASIL. Ensino Fundamental de nove anos: orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade. Brasília, 2007. 03 BRASIL. Lei Federal n° 8.069/1990 - Estatuto da Criança e do Adolescente (atualizada): artigos 7° a 24, 53 a 69, 131 a 140. ................................................................................................................................................................................................................................03 BRASIL. Lei Federal n° 9394, de 20/12/96 - Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (atualizada). .......... 09 BRASIL. Resolução CNE/CEB n° 04/2010 - Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Brasília: CNE, 2010. .........................................................................................................................................................................................................25 Resolução CNE/CEB n° 5/09 .......................................................................................................................................................................... 36 Parecer CNE/CEB n° 20/2009. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil................................................... 38 BRASIL. Resolução CNE/CEB n° 07/2010 - Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos. Brasília: CNE, 2010. ..................................................................................................................................................................................................51 BRASIL. Resolução CNE/CEB n° 4/2009 - Institui Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Espe- cializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial. Brasília: CNE, 2009. ............................................................... 59 BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Introdução. Brasília: MEC/SEF, 2a ed. (1a a 4a série), Rio de Janeiro: DP&A, 2000. Volume 1 (Itens: Princípios e Fundamentos dos Parâmetros Curriculares Nacionais e Orientações Didáticas). ................................................................................................................................................................. 61 BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte. Brasília: MEC/SEF, 2a ed. (1a a 4a série), Rio de Janeiro: DP&A, 2000. Volume 6 (1a Parte). ....................................................................................................................... 61 BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Brasília: MEC/SEF, 2a ed. (1a a 4a série), Rio de Janeiro: DP&A, 2000. Volume 07 (1a Parte)............................................................................................... 61 Lei Orgânica do Município de Suzano - SP. .................................................................................................................................................. 61 Lei Municipal n° 190, de 01 de julho de 2010 - Estatuto dos Servidores Públicos do Município de Suzano. http://www. suzano.sp.gov.br/web/wp-content/uploads/2017/10/190-10- IIi-Estatuto-dos-Servidores-P%C3%BAblicos-consolida- do-doc.pdf ..................................................................................................................................................................................................................84Lei Municipal n° 4.392, de 08 de julho de 2010 - Dispõe sobre a estruturação do plano de cargos, carreiras e vencimen- tos da Prefeitura Municipal de Suzano. http://www.suzano.sp.gov.br/web/wp-content/uploads/2018/06/4392-10-Atua- lizado- Disp%C3%B5e-sobre-a-estrutura%C3%A7%C3%A3o-do-plano-de-cargos-carreiras-l.pdf ....................................128 LÍNGUA PORTUGUESA Leitura e interpretação de diversos tipos de textos (literários e não literários). ............................................................................ 01 Sinônimos e antônimos. ......................................................................................................................................................................................07 Sentido próprio e figurado das palavras. ...................................................................................................................................................... 07 Pontuação. .................................................................................................................................................................................................................14 Classes de palavras: substantivo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição e conjunção: emprego e sentido que imprimem às relações que estabelecem. ............................................................................................................................. 17 Concordância verbal e nominal. ....................................................................................................................................................................... 55 Regência verbal e nominal. ..................................................................................................................................................................................60 Colocação pronominal. .........................................................................................................................................................................................66 Crase. ............................................................................................................................................................................................................................68 1 LÍNGUA PORTUGUESA LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE DIVERSOS TIPOS DE TEXTOS (LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS). Sabemos que a “matéria-prima” da literatura são as pa- lavras. No entanto, é necessário fazer uma distinção entre a linguagem literária e a linguagem não literária, isto é, aquela que não caracteriza a literatura. Embora um médico faça suas prescrições em deter- minado idioma, as palavras utilizadas por ele não podem ser consideradas literárias porque se tratam de um voca- bulário especializado e de um contexto de uso específi- co. Agora, quando analisamos a literatura, vemos que o escritor dispensa um cuidado diferente com a linguagem escrita, e que os leitores dispensam uma atenção diferen- ciada ao que foi produzido. Outra diferença importante é com relação ao trata- mento do conteúdo: ao passo que, nos textos não literá- rios (jornalísticos, científicos, históricos, etc.) as palavras servem para veicular uma série de informações, o texto literário funciona de maneira a chamar a atenção para a própria língua (FARACO & MOURA, 1999) no sentido de explorar vários aspectos como a sonoridade, a estrutura sintática e o sentido das palavras. Veja abaixo alguns exemplos de expressões na lin- guagem não literária ou “corriqueira” e um exemplo de uso da mesma expressão, porém, de acordo com alguns escritores, na linguagem literária: Linguagem não literária: 1- Anoitece. 2- Teus cabelos loiros brilham. 3- Uma nuvem cobriu parte do céu. ... Linguagem literária: 1- A mão da noite embrulha os horizontes. (Alvaren- ga Peixoto) 2- Os clarins de ouro dos teus cabelos cantam na luz! (Mário Quintana) 3- um sujo de nuvem emporcalhou o luar em sua nascença. (José Cândido de Carvalho) Como distinguir, na prática, a linguagem literária da não literária? - A linguagem literária é conotativa, utiliza figuras (palavras de sentido figurado), em que as palavras adqui- rem sentidos mais amplos do que geralmente possuem. - Na linguagem literária há uma preocupação com a escolha e a disposição das palavras, que acabam dando vida e beleza a um texto. - Na linguagem literária é muito importante a manei- ra original de apresentar o tema escolhido. - A linguagem não literária é objetiva, denotativa, preocupa-se em transmitir o conteúdo, utiliza a palavra em seu sentido próprio, utilitário, sem preocupação artística. Geralmente, recorre à ordem direta (sujeito, verbo, com- plementos). Leia com atenção os textos a seguir e compare as lin- guagens utilizadas neles. Texto A Amor (ô). [Do lat. amore.] S. m. 1. Sentimento que pre- dispõe alguém a desejar o bem de outrem, ou de alguma coisa: amor ao próximo; amor ao patrimônio artístico de sua terra. 2. Sentimento de dedicação absoluta de um ser a outro ser ou a uma coisa; devoção, culto; adoração: amor à Pátria; amor a uma causa. 3. Inclinação ditada por laços de família: amor filial; amor conjugal. 4. Inclinação forte por pessoa de outro sexo, geralmente de caráter sexual, mas que apresenta grande variedade e comportamentos e rea- ções. Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Novo Dicionário da Língua Portuguesa, Nova Fronteira. Texto B Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; é dor que desatina sem doer. Luís de Camões. Lírica, Cultrix. Você deve ter notado que os textos tratam do mesmo assunto, porém os autores utilizam linguagens diferentes. No texto A, o autor preocupou-se em definir “amor”, usando uma linguagem objetiva, científica, sem preocupa- ção artística. No texto B, o autor trata do mesmo assunto, mas com preocupação literária, artística. De fato, o poeta entra no campo subjetivo, com sua maneira própria de se expres- sar, utiliza comparações (compara amor com fogo, ferida, contentamento e dor) e serve-se ainda de contrastes que acabam dando graça e força expressiva ao poema (con- tentamento descontente, dor sem doer, ferida que não se sente, fogo que não se vê). Questões 1-) Leia o trecho do poema abaixo. O Poeta da Roça Sou fio das mata, cantô da mão grosa Trabaio na roça, de inverno e de estio A minha chupana é tapada de barro Só fumo cigarro de paia de mio. Patativa do Assaré 2 LÍNGUA PORTUGUESA A respeito dele, é possível afirmar que (A) não pode ser considerado literário, visto que a lin- guagem aí utilizada não está adequada à norma culta for- mal. (B) não pode ser considerado literário, pois nele não se percebe a preservação do patrimônio cultural brasileiro. (C) não é um texto consagrado pela crítica literária. (D) trata-se de um texto literário, porque, no processo criativo da Literatura, o trabalho com a linguagem pode aparecer de várias formas: cômica, lúdica, erótica, popular etc (E) a pobreza vocabular – palavras erradas – não permi- te que o consideremos um texto literário. Leia os fragmentos abaixo para responder às questões que seguem: TEXTO I O açúcar O branco açúcar que adoçará meu café nesta manhã de Ipanema não foi produzido por mim nem surgiu dentro do açucareiro por milagre. Vejo-o puro e afável ao paladar como beijo de moça, água na pele, flor que se dissolve na boca. Mas este açúcar não foi feito por mim. Este açúcar veio da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia. Este açúcar veio de uma usina de açúcar em Pernambuco ou no Estado do Rio e tampouco o fez o dono da usina. Este açúcar era cana e veio dos canaviais extensos que não nascempor acaso no regaço do vale. Em lugares distantes, onde não há hospital nem escola, homens que não sabem ler e morrem de fome aos 27 anos plantaram e colheram a cana que viraria açúcar. Em usinas escuras, homens de vida amarga e dura produziram este açúcar branco e puro com que adoço meu café esta manhã em Ipanema. Fonte: “O açúcar” (Ferreira Gullar. Toda poesia. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1980, pp.227-228) TEXTO II A cana-de-açúcar Originária da Ásia, a cana-de-açúcar foi introduzida no Brasil pelos colonizadores portugueses no século XVI. A re- gião que durante séculos foi a grande produtora de cana-de -açúcar no Brasil é a Zona da Mata nordestina, onde os férteis solos de massapé, além da menor distância em relação ao mercado europeu, propiciaram condições favoráveis a esse cultivo. Atualmente, o maior produtor nacional de cana-de -açúcar é São Paulo, seguido de Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Além de produzir o açúcar, que em parte é exportado e em parte abastece o mercado interno, a cana serve também para a produção de álcool, importante nos dias atuais como fonte de energia e de bebidas. A imen- sa expansão dos canaviais no Brasil, especialmente em São Paulo, está ligada ao uso do álcool como combustível. 2-) Para que um texto seja literário: a) basta somente a correção gramatical; isto é, a expres- são verbal segundo as leis lógicas ou naturais. b) deve prescindir daquilo que não tenha correspondên- cia na realidade palpável e externa. c) deve fugir do inexato, daquilo que confunda a capaci- dade de compreensão do leitor. d) deve assemelhar-se a uma ação de desnudamento. O escritor revela, ao escrever, o mundo, e, em especial, revela o Homem aos outros homens. e) deve revelar diretamente as coisas do mundo: senti- mentos, ideias, ações. 3-) Ainda com relação ao textos I e II, assinale a opção incorreta a) No texto I, em lugar de apenas informar sobre o real, ou de produzi-lo, a expressão literária é utilizada principal- mente como um meio de refletir e recriar a realidade. b) No texto II, de expressão não literária, o autor informa o leitor sobre a origem da cana-de-açúcar, os lugares onde é produzida, como teve início seu cultivo no Brasil, etc. c) O texto I parte de uma palavra do domínio comum – açúcar – e vai ampliando seu potencial significativo, explo- rando recursos formais para estabelecer um paralelo entre o açúcar – branco, doce, puro – e a vida do trabalhador que o produz – dura, amarga, triste. d) No texto I, a expressão literária desconstrói hábitos de linguagem, baseando sua recriação no aproveitamento de novas formas de dizer. e) O texto II não é literário porque, diferentemente do lite- rário, parte de um aspecto da realidade, e não da imaginação. Gabarito 1-) D 2-) D – Esta alternativa está correta, pois ela remete ao caráter reflexivo do autor de um texto literário, ao passo em que ele revela às pessoas o “seu mundo” de maneira peculiar. 3 LÍNGUA PORTUGUESA 3-) E – o texto I também fala da realidade, mas com um cunho diferente do texto II. No primeiro há uma colocação diferenciada por parte do autor em que o objetivo não é unicamente passar informação, existem outros “motiva- dores” por trás desta escrita. É muito comum, entre os candidatos a um cargo pú- blico, a preocupação com a interpretação de textos. Isso acontece porque lhes faltam informações específicas a respeito desta tarefa constante em provas relacionadas a concursos públicos. Por isso, vão aqui alguns detalhes que poderão aju- dar no momento de responder às questões relacionadas a textos. Texto – é um conjunto de ideias organizadas e rela- cionadas entre si, formando um todo significativo capaz de produzir interação comunicativa (capacidade de co- dificar e decodificar ). Contexto – um texto é constituído por diversas fra- ses. Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação do conteúdo a ser trans- mitido. A essa interligação dá-se o nome de contexto. Nota-se que o relacionamento entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada de seu contexto original e analisada separadamente, poderá ter um sig- nificado diferente daquele inicial. Intertexto - comumente, os textos apresentam re- ferências diretas ou indiretas a outros autores através de citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. Interpretação de texto - o primeiro objetivo de uma interpretação de um texto é a identificação de sua ideia principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias, ou fundamentações, as argumentações, ou explicações, que levem ao esclarecimento das questões apresentadas na prova. Normalmente, numa prova, o candidato é convi- dado a: 1. Identificar – é reconhecer os elementos funda- mentais de uma argumentação, de um processo, de uma época (neste caso, procuram-se os verbos e os advér- bios, os quais definem o tempo). 2. Comparar – é descobrir as relações de semelhança ou de diferenças entre as situações do texto. 3. Comentar - é relacionar o conteúdo apresentado com uma realidade, opinando a respeito. 4. Resumir – é concentrar as ideias centrais e/ou se- cundárias em um só parágrafo. 5. Parafrasear – é reescrever o texto com outras pa- lavras. Condições básicas para interpretar Fazem-se necessários: a) Conhecimento histórico–literário (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), leitura e prática; b) Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto) e semântico; Observação – na semântica (significado das palavras) incluem-se: homônimos e parônimos, denotação e cono- tação, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua- gem, entre outros. c) Capacidade de observação e de síntese e d) Capacidade de raciocínio. Interpretar X compreender Interpretar significa - explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir. - Através do texto, infere-se que... - É possível deduzir que... - O autor permite concluir que... - Qual é a intenção do autor ao afirmar que... Compreender significa - intelecção, entendimento, atenção ao que realmente está escrito. - o texto diz que... - é sugerido pelo autor que... - de acordo com o texto, é correta ou errada a afirma- ção... - o narrador afirma... Erros de interpretação É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência de erros de interpretação. Os mais frequentes são: a) Extrapolação (viagem) Ocorre quando se sai do contexto, acrescentado ideias que não estão no texto, quer por conhecimento prévio do tema quer pela imaginação. b) Redução É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a um aspecto, esquecendo que um texto é um conjunto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total do entendi- mento do tema desenvolvido. c) Contradição Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do can- didato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas e, conse- quentemente, errando a questão. Observação - Muitos pensam que há a ótica do escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova de concurso, o que deve ser levado em consideração é o que o autor diz e nada mais. 4 LÍNGUA PORTUGUESA Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que relacionam palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um pro- nome oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se vai dizer e o que já foi dito. OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia -a-dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do verbo; aquele do seu antecedente.Não se pode esquecer também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor semântico, por isso a necessidade de adequação ao ante- cedente. Os pronomes relativos são muito importantes na in- terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que existe um pronome relativo adequado a cada circunstância, a saber: que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente, mas depende das condições da frase. qual (neutro) idem ao anterior. quem (pessoa) cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois o objeto possuído. como (modo) onde (lugar) quando (tempo) quanto (montante) Exemplo: Falou tudo QUANTO queria (correto) Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria aparecer o demonstrativo O ). Dicas para melhorar a interpretação de textos - Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do assunto; - Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a leitura; - Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo menos duas vezes; - Inferir; - Voltar ao texto tantas quantas vezes precisar; - Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do autor; - Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor compreensão; - Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada questão; - O autor defende ideias e você deve percebê-las; Segundo Fiorin: -Pressupostos – informações implícitas decorrentes necessariamente de palavras ou expressões contidas na frase. - Subentendidos – insinuações não marcadas clara- mente na linguagem. - Pressupostos – verdadeiros ou admitidos como tal. - Subentendidos – de responsabilidade do ouvinte. - Falante não pode negar que tenha querido transmitir a informação expressa pelo pressuposto, mas pode negar que tenha desejado transmitir a informação expressa pelo subentendido. - Negação da informação não nega o pressuposto. - Pressuposto não verdadeiro – informação explícita absurda. - Principais marcadores de pressupostos: a) adjetivos; b) verbos; c) advérbios; d) orações adjetivas; e) conjunções. QUESTÕES (Agente Estadual de Trânsito – DETRAN - SP – Vu- nesp/2013) O uso da bicicleta no Brasil A utilização da bicicleta como meio de locomoção no Brasil ainda conta com poucos adeptos, em comparação com países como Holanda e Inglaterra, por exemplo, nos quais a bicicleta é um dos principais veículos nas ruas. Ape- sar disso, cada vez mais pessoas começam a acreditar que a bicicleta é, numa comparação entre todos os meios de transporte, um dos que oferecem mais vantagens. A bicicleta já pode ser comparada a carros, motocicle- tas e a outros veículos que, por lei, devem andar na via e jamais na calçada. Bicicletas, triciclos e outras variações são todos considerados veículos, com direito de circulação pe- las ruas e prioridade sobre os automotores. Alguns dos motivos pelos quais as pessoas aderem à bicicleta no dia a dia são: a valorização da sustentabilidade, pois as bikes não emitem gases nocivos ao ambiente, não consomem petróleo e produzem muito menos sucata de metais, plásticos e borracha; a diminuição dos congestio- namentos por excesso de veículos motorizados, que atin- gem principalmente as grandes cidades; o favorecimento da saúde, pois pedalar é um exercício físico muito bom; e a economia no combustível, na manutenção, no seguro e, claro, nos impostos. No Brasil, está sendo implantado o sistema de com- partilhamento de bicicletas. Em Porto Alegre, por exemplo, o BikePOA é um projeto de sustentabilidade da Prefeitu- ra, em parceria com o sistema de Bicicletas SAMBA, com quase um ano de operação. Depois de Rio de Janeiro, São Paulo, Santos, Sorocaba e outras cidades espalhadas pelo país aderirem a esse sistema, mais duas capitais já estão com o projeto pronto em 2013: Recife e Goiânia. A ideia do compartilhamento é semelhante em todas as cidades. Em Porto Alegre, os usuários devem fazer um cadastro pelo site. O valor do passe mensal é R$10 e o do passe diário, R$5, podendo-se utilizar o sistema durante todo o dia, das 6h às 22h, nas duas modalidades. Em todas as cidades que já aderiram ao projeto, as bicicletas estão espalhadas em pontos estratégicos. A cultura do uso da bicicleta como meio de locomoção não está consolidada em nossa sociedade. Muitos ainda não sabem que a bicicleta já é considerada um meio de transporte, ou desconhecem as leis que abrangem a bike. 5 LÍNGUA PORTUGUESA Na confusão de um trânsito caótico numa cidade grande, carros, motocicletas, ônibus e, agora, bicicletas, misturam- se, causando, muitas vezes, discussões e acidentes que po- deriam ser evitados. Ainda são comuns os acidentes que atingem ciclistas. A verdade é que, quando expostos nas vias públicas, eles estão totalmente vulneráveis em cima de suas bicicletas. Por isso é tão importante usar capacete e outros itens de segurança. A maior parte dos motoristas de carros, ônibus, motocicletas e caminhões desconhece as leis que abran- gem os direitos dos ciclistas. Mas muitos ciclistas também ignoram seus direitos e deveres. Alguém que resolve in- tegrar a bike ao seu estilo de vida e usá-la como meio de locomoção precisa compreender que deverá gastar com alguns apetrechos necessários para poder trafegar. De acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, as bicicletas devem, obrigatoriamente, ser equipadas com campainha, sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e nos pedais, além de espelho retrovisor do lado esquerdo. (Bárbara Moreira, http://www.eusoufamecos.net. Adaptado) 01. De acordo com o texto, o uso da bicicleta como meio de locomoção nas metrópoles brasileiras (A) decresce em comparação com Holanda e Inglaterra devido à falta de regulamentação. (B) vem se intensificando paulatinamente e tem sido incentivado em várias cidades. (C) tornou-se, rapidamente, um hábito cultivado pela maioria dos moradores. (D) é uma alternativa dispendiosa em comparação com os demais meios de transporte. (E) tem sido rejeitado por consistir em uma atividade arriscada e pouco salutar. 02. A partir da leitura, é correto concluir que um dos objetivos centrais do texto é (A) informar o leitor sobre alguns direitos e deveres do ciclista. (B) convencer o leitor de que circular em uma bicicleta é mais seguro do que dirigir um carro. (C) mostrar que não há legislação acerca do uso da bi- cicleta no Brasil. (D) explicar de que maneira o uso da bicicleta como meio de locomoção se consolidou no Brasil. (E) defender que, quando circular na calçada, o ciclista deve dar prioridade ao pedestre. (Oficial Estadual de Trânsito - DETRAN-SP - Vunesp 2013) Leia o texto para responder às questões de 3 a 5 Propensão à ira de trânsito Dirigir um carro é estressante, além de inerentemente perigoso. Mesmo que o indivíduo seja o motorista mais se- guro do mundo, existem muitas variáveis de risco no trân- sito, como clima, acidentes de trânsito e obras nas ruas. E com relação a todas as outras pessoas nas ruas? Algumas não são apenas maus motoristas, sem condições de dirigir, mas também se engajam num comportamento de risco – algumas até agem especificamente para irritar o outro mo- torista ou impedir que este chegue onde precisa. Essa é a evolução de pensamento que alguém poderá ter antes de passar para a ira de trânsito de fato, levando um motorista a tomar decisões irracionais. Dirigir pode ser uma experiência arriscada e emocio- nante. Para muitos de nós, os carros são a extensão de nossa personalidade e podem ser o bem mais valioso que possuímos. Dirigir pode ser a expressão de liberdade para alguns, mas também é uma atividade que tende a aumen- tar os níveis de estresse, mesmo que não tenhamos cons- ciência disso no momento. Dirigir é também uma atividade comunitária.Uma vez que entra no trânsito, você se junta a uma comunidade de outros motoristas, todos com seus objetivos, medos e habilidades ao volante. Os psicólogos Leon James e Diane Nahl dizem que um dos fatores da ira de trânsito é a ten- dência de nos concentrarmos em nós mesmos, descartan- do o aspecto comunitário do ato de dirigir. Como perito do Congresso em Psicologia do Trânsito, o Dr. James acredita que a causa principal da ira de trânsi- to não são os congestionamentos ou mais motoristas nas ruas, e sim como nossa cultura visualiza a direção agressi- va. As crianças aprendem que as regras normais em relação ao comportamento e à civilidade não se aplicam quando dirigimos um carro. Elas podem ver seus pais envolvidos em comportamentos de disputa ao volante, mudando de faixa continuamente ou dirigindo em alta velocidade, sem- pre com pressa para chegar ao destino. Para complicar as coisas, por vários anos psicólogos sugeriam que o melhor meio para aliviar a raiva era des- carregar a frustração. Estudos mostram, no entanto, que a descarga de frustrações não ajuda a aliviar a raiva. Em uma situação de ira de trânsito, a descarga de frustrações pode transformar um incidente em uma violenta briga. Com isso em mente, não é surpresa que brigas vio- lentas aconteçam algumas vezes. A maioria das pessoas está predisposta a apresentar um comportamento irracio- nal quando dirige. Dr. James vai ainda além e afirma que a maior parte das pessoas fica emocionalmente incapacitada quando dirige. O que deve ser feito, dizem os psicólogos, é estar ciente de seu estado emocional e fazer as escolhas corretas, mesmo quando estiver tentado a agir só com a emoção. (Jonathan Strickland. Disponível em: http://carros.hsw. uol.com.br/furia-no-transito1 .htm. Acesso em: 01.08.2013. Adaptado) 3-) Tomando por base as informações contidas no tex- to, é correto afirmar que (A) os comportamentos de disputa ao volante aconte- cem à medida que os motoristas se envolvem em decisões conscientes. (B) segundo psicólogos, as brigas no trânsito são cau- sadas pela constante preocupação dos motoristas com o aspecto comunitário do ato de dirigir. 6 LÍNGUA PORTUGUESA (C) para Dr. James, o grande número de carros nas ruas é o principal motivo que provoca, nos motoristas, uma di- reção agressiva. (D) o ato de dirigir um carro envolve uma série de ex- periências e atividades não só individuais como também sociais. (E) dirigir mal pode estar associado à falta de controle das emoções positivas por parte dos motoristas. 4. A ira de trânsito A) aprimora uma atitude de reconhecimento de regras. (B) implica tomada de decisões sem racionalidade. (C) conduz a um comportamento coerente. (D) resulta do comportamento essencialmente comu- nitário dos motoristas. (E) decorre de imperícia na condução de um veículo. 5. De acordo com o perito Dr. James, (A) os congestionamentos representam o principal fa- tor para a ira no trânsito. (B) a cultura dos motoristas é fator determinante para o aumento de suas frustrações. (C) o motorista, ao dirigir, deve ser individualista em suas ações, a fim de expressar sua liberdade e garantir que outros motoristas não o irritem. (D) a principal causa da direção agressiva é o desco- nhecimento das regras de trânsito. (E) o comportamento dos pais ao dirigirem com ira contradiz o aprendizado das crianças em relação às regras de civilidade. (TRF 3ª região/2014) Para responder às questões de números 6 e 7 considere o texto abaixo. Toda ficção científica, de Metrópolis ao Senhor dos anéis, baseia-se, essencialmente, no que está acontecen- do no mundo no momento em que o filme foi feito. Não no futuro ou numa galáxia distante, muitos e muitos anos atrás, mas agora mesmo, no presente, simbolizado em pro- jeções que nos confortam e tranquilizam ao nos oferecer uma adequada distância de tempo e espaço. Na ficção científica, a sociedade se permite sonhar seus piores problemas: desumanização, superpopulação, totali- tarismo, loucura, fome, epidemias. Não se imita a realida- de, mas imagina-se, sonha-se, cria-se outra realidade onde possamos colocar e resolver no plano da imaginação tudo o que nos incomoda no cotidiano. O elemento essencial para guiar a lógica interna do gênero, cuja quebra implica o fim da magia, é a ciência. Por isso, tecnologia é essen- cial ao gênero. Parte do poder desse tipo de magia cine- matográfica está em concretizar, diante dos nossos olhos, objetos possíveis, mas inexistentes: carros voadores, robôs inteligentes. Como parte dessas coisas imaginadas acaba se tornando realidade, o gênero reforça a sensação de que estamos vendo na tela projeções das nossas possibilidades coletivas futuras. (Adaptado de: BAHIANA, Ana Maria. Como ver um fil- me. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012. formato ebook.) 6-) Considere: I. Segundo o texto, na ficção científica abordam-se, com distanciamento de tempo e espaço, questões con- troversas e moralmente incômodas da sociedade atual, de modo que a solução oferecida pela fantasia possa ser apli- cada para resolver os problemas da realidade. II. Parte do poder de convencimento da ficção cientí- fica deriva do fato de serem apresentados ao espectador objetos imaginários que, embora não existam na vida real, estão, de algum modo, conectados à realidade. III. A ficção científica extrapola os limites da realidade, mas baseia-se naquilo que, pelo menos em teoria, acredi- ta-se que seja possível. Está correto o que se afirma APENAS em (A) III. (B) I e II. (C) I e III. (D) II e III. (E) II. 7-) Sem prejuízo para o sentido original e a correção gramatical, o termo sonhar, em ... a sociedade se permite sonhar seus piores problemas... (2o parágrafo), pode ser substituído por: (A) descansar. (B) desprezar. (C) esquecer. (D) fugir. (E) imaginar. (TRF 3ª região/2014) Atenção: Para responder às ques- tões de números 8 a 10 considere o texto abaixo. Texto I O canto das sereias é uma imagem que remonta às mais luminosas fontes da mitologia e da literatura gregas. As versões da fábula variam, mas o sentido geral da trama é comum. As sereias eram criaturas sobre-humanas. Ninfas de extraordinária beleza, viviam sozinhas numa ilha do Medi- terrâneo, mas tinham o dom de chamar a si os navegantes, graças ao irresistível poder de sedução do seu canto. Atraí- dos por aquela melodia divina, os navios batiam nos recifes submersos da beira-mar e naufragavam. As sereias então devoravam impiedosamente os tripulantes. Doce o caminho, amargo o fim. Como escapar com vida do canto das sereias? A literatura grega registra duas soluções vitoriosas. Uma delas foi a saída encontrada por Orfeu, o incomparável gênio da música e da poesia. Quando a embarcação na qual ele navegava entrou inadvertidamente no raio de ação das sereias, ele conse- guiu impedir a tripulação de perder a cabeça tocando uma música ainda mais sublime do que aquela que vinha da ilha. O navio atravessou incólume a zona de perigo. A outra solução foi a de Ulisses. Sua principal arma para vencer as sereias foi o reconhecimento franco e cora- joso da sua fraqueza e da sua falibilidade − a aceitação dos seus inescapáveis limites humanos. 7 LÍNGUA PORTUGUESA Ulisses sabia que ele e seus homens não teriam firmeza para resistir ao apelo das sereias. Por isso, no momento em que a embarcação se aproximou da ilha, mandou que todos os tripulantes tapassem os ouvidos com cera e orde- nou que o amarrassem ao mastro central do navio. O sur- preendente é que Ulisses não tapou com cera os próprios ouvidos − ele quis ouvir. Quando chegou a hora, Ulisses foi seduzido pelas sereias e fez de tudo para convencer os tripulantes a deixarem-no livre para ir juntar-se a elas. Seus subordinados, contudo, cumpriram fielmente a ordem de não soltá-lo atéque estivessem longe da zona de perigo. Orfeu escapou das sereias como divindade; Ulisses, como mortal. Ao se aproximar das sereias, a escolha diante do herói era clara: a falsa promessa de gratificação ime- diata, de um lado, e o bem permanente do seu projeto de vida − prosseguir viagem, retornar a Ítaca, reconquistar Penélope −, do outro. A verdadeira vitória de Ulisses foi contra ele mesmo. Foi contra a fraqueza, o oportunismo suicida e a surdez delirante que ele soube reconhecer em sua própria alma. (Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Auto-engano. São Paulo, Cia. das Letras, 1997. Formato eBOOK) 8-) Há no texto (A) comparação entre os meios que Orfeu e Ulisses usam para enfrentar o desafio que se apresenta a eles. (B) rivalidade entre o mortal Ulisses e o divino Orfeu, cujo talento musical causava inveja ao primeiro. (C) juízo de valor a respeito das atitudes das sereias em relação aos navegantes e elogio à astúcia de Orfeu. (D) crítica à forma pouco original com que Orfeu deci- de enganar as sereias e elogio à astúcia de Ulisses. (E) censura à atitude arriscada de Ulisses, cuja ousadia quase lhe custou seu projeto de vida. 9-) Depreende-se do texto que as sereias atingiam seus objetivos por meio de (A) intolerância. (B) dissimulação. (C) lisura. (D) observação. (E) condescendência. 10-) O navio atravessou incólume a zona de perigo. (4o parágrafo). Mantém-se o sentido original do texto substi- tuindo-se o elemento grifado por (A) insolente. (B) inatingível. (C) intacto. (D) inativo. (E) impalpável. GABARITO 1- B 2-A 3-D 4-B 5-E 6- D 7-E 8-A 9-B 10-C SINÔNIMOS E ANTÔNIMOS. SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS PALAVRAS. Semântica é o estudo da significação das palavras e das suas mudanças de significação através do tempo ou em determinada época. A maior importância está em dis- tinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia) e homônimos e parônimos (homonímia / paronímia). Sinônimos São palavras de sentido igual ou aproximado: alfa- beto - abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - abolir. Duas palavras são totalmente sinônimas quando são substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto (cara e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas quan- do, ocasionalmente, podem ser substituídas, uma pela outra, em determinado enunciado (aguardar e esperar). Observação: A contribuição greco-latina é respon- sável pela existência de numerosos pares de sinônimos: adversário e antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e hemiciclo; contraveneno e antídoto; moral e ética; coló- quio e diálogo; transformação e metamorfose; oposição e antítese. Antônimos São palavras que se opõem através de seu significado: ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - censurar; mal - bem. Observação: A antonímia pode se originar de um prefixo de sentido oposto ou negativo: bendizer e maldi- zer; simpático e antipático; progredir e regredir; concórdia e discórdia; ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista e anticomunista; simétrico e assimétrico. Homônimos e Parônimos - Homônimos = palavras que possuem a mesma gra- fia ou a mesma pronúncia, mas significados diferentes. Podem ser a) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e dife- rentes na pronúncia: rego (subst.) e rego (verbo); colher (verbo) e colher (subst.); jogo (subst.) e jogo (verbo); denúncia (subst.) e denuncia (verbo); providência (subst.) e providencia (verbo). 8 LÍNGUA PORTUGUESA b) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e di- ferentes na escrita: acender (atear) e ascender (subir); concertar (harmonizar) e consertar (reparar); cela (compartimento) e sela (arreio); censo (recenseamento) e senso ( juízo); paço (palácio) e passo (andar). c) Homógrafas e homófonas simultaneamente (ou perfeitas): São palavras iguais na escrita e na pronúncia: caminho (subst.) e caminho (verbo); cedo (verbo) e cedo (adv.); livre (adj.) e livre (verbo). - Parônimos = palavras com sentidos diferentes, po- rém de formas relativamente próximas. São palavras pa- recidas na escrita e na pronúncia: cesta (receptáculo de vime; cesta de basquete/esporte) e sesta (descanso após o almoço), eminente (ilustre) e iminente (que está para ocor- rer), osso (substantivo) e ouço (verbo), sede (substantivo e/ ou verbo “ser” no imperativo) e cede (verbo), comprimento (medida) e cumprimento (saudação), autuar (processar) e atuar (agir), infligir (aplicar pena) e infringir (violar), deferir (atender a) e diferir (divergir), suar (transpirar) e soar (emi- tir som), aprender (conhecer) e apreender (assimilar; apro- priar-se de), tráfico (comércio ilegal) e tráfego (relativo a movimento, trânsito), mandato (procuração) e mandado (ordem), emergir (subir à superfície) e imergir (mergulhar, afundar). Hiperonímia e Hiponímia Hipônimos e hiperônimos são palavras que perten- cem a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo o hipônimo uma palavra de sentido mais específico; o hipe- rônimo, mais abrangente. O hiperônimo impõe as suas propriedades ao hipô- nimo, criando, assim, uma relação de dependência se- mântica. Por exemplo: Veículos está numa relação de hi- peronímia com carros, já que veículos é uma palavra de significado genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões. Veículos é um hiperônimo de carros. Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A utili- zação correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, evita a repetição desnecessária de termos. Fontes de pesquisa: http://www.coladaweb.com/portugues/sinonimos, -antonimos,-homonimos-e-paronimos SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: Saraiva, 2010. Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua Portuguesa – 2ªed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000. Denotação e Conotação Exemplos de variação no significado das palavras: Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido literal) Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido fi- gurado) Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado) As variações nos significados das palavras ocasionam o sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo (co- notação) das palavras. Denotação Uma palavra é usada no sentido denotativo quando apresenta seu significado original, independentemente do contexto em que aparece. Refere-se ao seu significado mais objetivo e comum, aquele imediatamente reconhecido e muitas vezes associado ao primeiro significado que aparece nos dicionários, sendo o significado mais literal da palavra. A denotação tem como finalidade informar o receptor da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo um ca- ráter prático. É utilizada em textos informativos, como jor- nais, regulamentos, manuais de instrução, bulas de medica- mentos, textos científicos, entre outros. A palavra “pau”, por exemplo, em seu sentido denotativo é apenas um pedaço de madeira. Outros exemplos: O elefante é um mamífero. As estrelas deixam o céu mais bonito! Conotação Uma palavra é usada no sentido conotativo quando apre- senta diferentes significados, sujeitos a diferentes interpreta- ções, dependendo do contexto em que esteja inserida, referin- do-se a sentidos, associações e ideias que vão além do sentido original da palavra, ampliando sua significação mediante a cir- cunstância em que a mesma é utilizada, assumindo um senti- do figurado e simbólico. Como no exemplo da palavra “pau”: em seu sentido conotativo ela pode significar castigo (dar-lhe um pau), reprovação (tomeipau no concurso). A conotação tem como finalidade provocar sentimen- tos no receptor da mensagem, através da expressividade e afetividade que transmite. É utilizada principalmente numa linguagem poética e na literatura, mas também ocorre em conversas cotidianas, em letras de música, em anúncios pu- blicitários, entre outros. Exemplos: Você é o meu sol! Minha vida é um mar de tristezas. Você tem um coração de pedra! * Dica: Procure associar Denotação com Dicionário: tra- ta-se de definição literal, quando o termo é utilizado com o sentido que consta no dicionário. Fontes de pesquisa: http://www.normaculta.com.br/conotacao-e-denota- cao/ SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: Saraiva, 2010. 9 LÍNGUA PORTUGUESA Polissemia Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra, mas que abarca um grande número de significados dentro de seu próprio campo semântico. Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo per- cebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de algo. Possibilidades de várias interpretações levando-se em consideração as situações de aplicabilidade. Há uma infinidade de exemplos em que podemos verificar a ocor- rência da polissemia: O rapaz é um tremendo gato. O gato do vizinho é peralta. Precisei fazer um gato para que a energia voltasse. Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua sobrevivência O passarinho foi atingido no bico. Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em co- mum a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido de “entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”, que pode ser utilizada representando “tecido”, “prisão” ou “jogo” – o sentido comum entre todas as expressões é o formato quadriculado que têm. Polissemia e homonímia A confusão entre polissemia e homonímia é bastante co- mum. Quando a mesma palavra apresenta vários significados, estamos na presença da polissemia. Por outro lado, quando duas ou mais palavras com origens e significados distintos têm a mesma grafia e fonologia, temos uma homonímia. A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é polissemia porque os diferentes significados para a pala- vra “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma palavra polissêmica: pode significar o elemento básico do alfabe- to, o texto de uma canção ou a caligrafia de um determi- nado indivíduo. Neste caso, os diferentes significados es- tão interligados porque remetem para o mesmo conceito, o da escrita. Polissemia e ambiguidade Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto na interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado pode ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma interpreta- ção. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à colocação específica de uma palavra (por exemplo, um advérbio) em uma frase. Vejamos a seguinte frase: Pessoas que têm uma alimentação equilibrada frequen- temente são felizes. Neste caso podem existir duas interpretações diferen- tes: As pessoas têm alimentação equilibrada porque são felizes ou são felizes porque têm uma alimentação equi- librada. De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, ela pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma in- terpretação. Para fazer a interpretação correta é muito im- portante saber qual o contexto em que a frase é proferida. Muitas vezes, a disposição das palavras na construção do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo, comicidade. Repare na figura abaixo: (http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto- cabelo-e-pinto. Acesso em 15/9/2014). Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras, mas duas seriam: Corte e coloração capilar ou Faço corte e pintura capilar Fontes de pesquisa: http://www.brasilescola.com/gramatica/polissemia. htm Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: Saraiva, 2010. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Figura de Linguagem, Pensamento e Construção Figura de Palavra A figura de palavra consiste na substituição de uma palavra por outra, isto é, no emprego figurado, simbólico, seja por uma relação muito próxima (contiguidade), seja por uma associação, uma comparação, uma similaridade. Estes dois conceitos básicos - contiguidade e similaridade - permitem-nos reconhecer dois tipos de figuras de pala- vras: a metáfora e a metonímia. Metáfora Consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em virtude da circunstância de que o nosso espírito as associa e percebe entre elas certas semelhanças. É o emprego da palavra fora de seu sentido normal. Observação: toda metáfora é uma espécie de com- paração implícita, em que o elemento comparativo não aparece. 10 LÍNGUA PORTUGUESA Seus olhos são como luzes brilhantes. O exemplo acima mostra uma comparação evidente, através do emprego da palavra como. Observe agora: Seus olhos são luzes brilhantes. Neste exemplo não há mais uma comparação (note a ausência da partícula comparativa), e sim símile, ou seja, qualidade do que é semelhante. Por fim, no exemplo: As luzes brilhantes olhavam-me. Há substituição da palavra olhos por luzes brilhantes. Esta é a verdadeira metáfora. Observe outros exemplos: 1) “Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando Pessoa) Neste caso, a metáfora é possível na medida em que o poeta estabelece relações de semelhança entre um rio subterrâneo e seu pensamento (pode estar relacionando a fluidez, a profundidade, a inatingibilidade, etc.). 2) Minha alma é uma estrada de terra que leva a lugar algum. Uma estrada de terra que leva a lugar algum é, na fra- se acima, uma metáfora. Por trás do uso dessa expressão que indica uma alma rústica e abandonada (e angustiada- mente inútil), há uma comparação subentendida: Minha alma é tão rústica, abandonada (e inútil) quanto uma es- trada de terra que leva a lugar algum. A Amazônia é o pulmão do mundo. Em sua mente povoa só inveja. Metonímia É a substituição de um nome por outro, em virtude de existir entre eles algum relacionamento. Tal substituição pode acontecer dos seguintes modos: 1 - Autor pela obra: Gosto de ler Machado de Assis. (= Gosto de ler a obra literária de Machado de Assis). 2 - Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (= As lâmpadas iluminam o mundo). 3 - Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes da cruz. (= Não te afastes da religião). 4 - Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso Havana. (= Fumei um saboroso charuto). 5 - Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Só- crates tomou veneno). 6 - Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que pro- duzo). 7 - Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (= Bebeu todo o líquido que estava no cálice). 8 - Instrumento pela pessoa que utiliza: Os micro- fones foram atrás dos jogadores. (= Os repórteres foram atrás dos jogadores). 9 - Parte pelo todo: Várias pernas passavam apressa- damente. (= Várias pessoas passavam apressadamente). 10 - Gênero pela espécie: Os mortais pensam e so- frem nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse mundo). 11 - Singular pelo plural: A mulher foi chamada para ir às ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram chamadas, não apenas uma mulher). 12 - Marca pelo produto: Minha filha adora danone.(= Minha filha adora o iogurte que é da marca Danone). 13 - Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (= Alguns astronautas foram à Lua). 14 - Símbolo pela coisa simbolizada: A balança pen- derá para teu lado. (= A justiça ficará do teu lado). Saiba que: Sinédoque se relaciona com o conceito de extensão (como nos exemplos 9, 10 e 11, acima), enquan- to que a metonímia abrange apenas os casos de analogia ou de relação. Não há necessidade, atualmente, de se fa- zer distinção entre ambas as figuras. Catacrese Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contí- nuo, cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando, por falta de um termo específico para designar um con- ceito, toma-se outro “emprestado”. Assim, passamos a empregar algumas palavras fora de seu sentido original. Exemplos: “asa da xícara”, “batata da perna”, “maçã do ros- to”, “pé da mesa”, “braço da cadeira”, “coroa do abacaxi”. Perífrase ou Antonomásia Trata-se de uma expressão que designa um ser atra- vés de alguma de suas características ou atributos, ou de um fato que o celebrizou. É a substituição de um nome por outro ou por uma expressão que facilmente o iden- tifique: A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua atraindo visitantes do mundo todo. A Cidade-Luz (=Paris) O rei das selvas (=o leão) Observação: quando a perífrase indica uma pes- soa, recebe o nome de antonomásia. Exemplos: O Divino Mestre (= Jesus Cristo) passou a vida prati- cando o bem. O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito jovem. O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções. Sinestesia Consiste em mesclar, numa mesma expressão, as sen- sações percebidas por diferentes órgãos do sentido. É o cruzamento de sensações distintas. Um grito áspero revelava tudo o que sentia. (grito = auditivo; áspero = tátil) No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os aconte- cimentos. (silêncio = auditivo; escuro = visual) Tosse gorda. (sensação auditiva X sensação tátil) 11 LÍNGUA PORTUGUESA Fontes de pesquisa: http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil2. php SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: Saraiva, 2010. Antítese Consiste no emprego de palavras que se opõem quanto ao sentido. O contraste que se estabelece serve, essencialmente, para dar uma ênfase aos conceitos envol- vidos que não se conseguiria com a exposição isolada dos mesmos. Observe os exemplos: “O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa) O corpo é grande e a alma é pequena. “Quando um muro separa, uma ponte une.” Não há gosto sem desgosto. Paradoxo ou oximoro É a associação de ideias, além de contrastantes, con- traditórias. Seria a antítese ao extremo. Era dor, sim, mas uma dor deliciosa. Ouvimos as vozes do silêncio. Eufemismo É o emprego de uma expressão mais suave, mais no- bre ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa ás- pera, desagradável ou chocante. Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Se- nhor. (= morreu) O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou) Fernando faltou com a verdade. (= mentiu) Faltar à verdade. (= mentir) Ironia É sugerir, pela entoação e contexto, o contrário do que as palavras ou frases expressam, geralmente apresen- tando intenção sarcástica. A ironia deve ser muito bem construída para que cumpra a sua finalidade; mal cons- truída, pode passar uma ideia exatamente oposta à dese- jada pelo emissor. Como você foi bem na prova! Não tirou nem a nota mínima. Parece um anjinho aquele menino, briga com todos que estão por perto. O governador foi sutil como um elefante. Hipérbole É a expressão intencionalmente exagerada com o in- tuito de realçar uma ideia. Faria isso milhões de vezes se fosse preciso. “Rios te correrão dos olhos, se chorares.” (Olavo Bilac) O concurseiro quase morre de tanto estudar! Prosopopeia ou Personificação É a atribuição de ações ou qualidades de seres ani- mados a seres inanimados, ou características humanas a seres não humanos. Observe os exemplos: As pedras andam vagarosamente. O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um cego que guia. A floresta gesticulava nervosamente diante da serra. Chora, violão. Apóstrofe Consiste na “invocação” de alguém ou de alguma coi- sa personificada, de acordo com o objetivo do discurso, que pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza- se pelo chamamento do receptor da mensagem, seja ele imaginário ou não. A introdução da apóstrofe interrompe a linha de pensamento do discurso, destacando-se assim a entidade a que se dirige e a ideia que se pretende pôr em evidência com tal invocação. Realiza-se por meio do vocativo. Exemplos: Moça, que fazes aí parada? “Pai Nosso, que estais no céu” Deus, ó Deus! Onde estás? Gradação Apresentação de ideias por meio de palavras, sinôni- mas ou não, em ordem ascendente (clímax) ou descen- dente (anticlímax). Observe este exemplo: Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Joana com seus olhos claros e brincalhões... O objetivo do narrador é mostrar a expressividade dos olhos de Joana. Para chegar a este detalhe, ele se re- fere ao céu, à terra, às pessoas e, finalmente, a Joana e seus olhos. Nota-se que o pensamento foi expresso em ordem decrescente de intensidade. Outros exemplos: “Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu amor”. (Olavo Bilac) “O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, co- lheu-se.” (Padre Antônio Vieira) Fontes de pesquisa: http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil5. php SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7ªed. Reform. – São Paulo: Saraiva, 2010. As figuras de construção (ou sintática, de sintaxe) ocorrem quando desejamos atribuir maior expressividade ao significado. Assim, a lógica da frase é substituída pela maior expressividade que se dá ao sentido. 12 LÍNGUA PORTUGUESA Elipse Consiste na omissão de um ou mais termos numa oração e que podem ser facilmente identificados, tanto por elementos gramaticais presentes na própria oração, quanto pelo contexto. A catedral da Sé. (a igreja catedral) Domingo irei ao estádio. (no domingo eu irei ao es- tádio) Zeugma Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita a omissão de um termo já mencionado anteriormente. Ele gosta de geografia; eu, de português. (eu gosto de português) Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só modernos. (só havia móveis) Ela gosta de natação; eu, de vôlei. (gosto de) Silepse A silepse é a concordância que se faz com o termo que não está expresso no texto, mas, sim, subentendido. É uma concordância anormal, psicológica, porque se faz com um termo oculto, facilmente identificado. Há três ti- pos de silepse: de gênero, número e pessoa. Silepse de Gênero - Os gêneros são masculino e fe- minino. Ocorre a silepse de gênero quando a concordân- cia se faz com a ideia que o termo comporta. Exemplos: 1) A bonita Porto Velho sofreu mais uma vez com o calor intenso. Neste caso, o adjetivo bonita não está concordando com o termo Porto Velho, que gramaticalmente pertence ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo (a cidade de Porto Velho). 2) Vossa Excelência está preocupado. O adjetivo preocupado concorda com o sexo da pes- soa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vossa Excelência. Silepse de Número - Os números são singular e plu- ral. A silepse de número ocorre quando o verbo da oração não concorda gramaticalmente com o sujeito da oração, mas com a ideia que nele está contida.
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