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1 PONTO 1 – CONCEITOS BÁSICOS DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS E RECURSOS PATRIMONIAIS CONCEITOS BÁSICOS É necessário, antes da formulação de qualquer conceito relativo à administração ou gestão de materiais e recursos patrimoniais, entender, primeiramente, a conceituação de coisa e bem material à luz do Direito Civil e sua classificação; em seguida, entender, a visão contábil de bem material e bem patrimonial, para, finalmente, olhar sobre o prisma administrativo. Para o Direito Civil, coisa tem por definição tudo o que possui existência material, seja suscetível de valoração e, conseqüentemente, possa ser objeto de apropriação. Existem coisas que não são apropriáveis embora sejam úteis, dentre as quais podemos destacar o ar, a luz, as estrelas, o mar. Assim, as coisas comuns são de todos ao mesmo tempo em que não são de ninguém. Há também as coisas que podem ser apropriadas, porém não pertencem a ninguém, como é o caso dos animais de caça, dos peixes e das coisas abandonadas. Tudo o que tem valor e, por esse motivo, adentra no universo jurídico como objeto de direito, é um bem. Evidencia-se, portanto que a utilidade e a possibilidade de apropriação são o que dão valor às coisas, transformando-as em bens. O conceito de bem é histórico e relativo. Histórico, porque a idéia de utilidade tem variado de acordo com as diversas épocas da cultura humana; e relativo porque tal variação se verifica em face das necessidades diversas por que o homem tem passado. O nosso Código adota o conceito de bem como sendo "valores materiais e imateriais que servem de objeto a uma relação jurídica.". Isto posto, verifica-se que o atual Código Civil classifica os bens quanto à sua natureza, à possibilidade de comercialização em relação a outros bens e à pessoa. Quanto à sua natureza, os bens dividem-se em: corpóreos e incorpóreos; móveis e imóveis; consumíveis e inconsumíveis; fungíveis e não-fungíveis; divisíveis e indivisíveis; singulares e coletivos. Bens corpóreos, tangíveis ou concretos são aqueles cuja existência é perceptível pelos sentidos, ou seja, os objetos materiais. Os bens incorpóreos, intangíveis ou abstratos possuem existência abstrata ou intelectual, como é o caso dos direitos e dos valores. Bens consumíveis são os móveis que se destinam à alienação e os que se extingue com o consumo, ao passo que os bens inconsumíveis são aqueles que, mesmo com a utilização contínua, não se destroem substancialmente. Bens divisíveis são passíveis de fracionamento sem alteração de sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo de uso para o fim que se destinam; em contrapartida, os bens indivisíveis são os que implicam em alteração de substância, diminuição de valor e prejuízo de uso. Vale ressaltar que o critério da divisibilidade não corresponde à divisão física, uma vez que, para o mundo jurídico, o que importa é que a divisibilidade não gere desvalorização econômica. 2 Bens singulares são os que, analisados em sua individualidade, distinguem-se de todos os outros, enquanto os bens coletivos, também denominados universais, são constituídos por um conjunto de bens singulares e forma um todo unitário. Bens fungíveis são móveis que podem ser substituídos por outros de mesma espécie, quantidade e qualidade, de modo que os bens não-fungíveis são aqueles que não suportam tal substituição. E, finalmente, os bens móveis possuem movimento próprio ou são suscetíveis de locomoção por força alheia, sempre sem danificar sua substância ou sua destinação sócio-econômica. Subdividem-se, então, em: genéricos e individuais; fungíveis e não-fungíveis; consumíveis e não-consumíveis; divisíveis e indivisíveis; singulares e coletivos. Bens imóveis, por sua vez, são aqueles que não podem ser removidos sem que ocorra a danificação de sua substância. No que concerne à pessoa do titular, os bens podem ser públicos e privados. Bens privados são aqueles que pertencem às pessoas privadas, conforme preceitua o art. 98 do Código Civil brasileiro. Bens públicos são os bens pertencentes a pessoas jurídicas de direito público interno, ou seja, a União, os Estados, o Distrito Federal, os Territórios, os Municípios, as autarquias e as demais entidades públicas. Quanto à comerciabilidade, os bens classificam-se em comerciáveis e não- comerciáveis. Os bens comerciáveis são aqueles que são suscetíveis de alienação, em contrapartida aos bens não-comerciáveis, também conhecidos como indisponíveis ou não são passíveis de alienação ou apropriação. A Contabilidade se apóia no Direito, enxergando como bem tudo aquilo que tem valor, devendo por isso ser registrado como um direito ou propriedade, portanto, como aplicação ou investimento, que compõe o ativo; ou apenas como posse, gerando, nesse caso, uma obrigação com o seu real proprietário, fazendo, portanto parte do passivo. Ativo e passivo formam o balanço, que retrata os direitos e obrigações na posição financeira de uma organização qualquer. Olhando apenas os bens caracterizados como recursos de propriedade da organização, os bens podem ser classificados, quanto à sua permanência, em bens fixos ou circulantes. Os bens fixos constituem os meios que suportam a operação de uma organização, servindo em vários ciclos da vida da mesma, por isso são também denominados bens permanentes, já os bens circulantes se renovam constantemente durante um ciclo de operação da organização. Os bens fixos incluem: bens tangíveis, como os imóveis (terrenos e edifícios) destinados à instalação da organização, as máquinas, equipamentos, aparelhos e o ferramental utilizado na operação, os veículos, o mobiliário e os demais utensílios necessários ao suporte da operação; bens intangíveis, como direitos de autoria, marcas e patentes, e demais direitos de proteção à propriedade intelectual da organização. Os bens fixos, pelo seu caráter permanente, ou quase permanente, servem de lastro ou garantia patrimonial à obrigação de garantia ou lastro para o capital dos investidores, razão pela qual são também denominados bens patrimoniais. 3 Os bens circulantes incluem apenas bens tangíveis, como os bens de venda, constituído de matéria prima, produtos em elaboração e produtos acabados utilizados e resultantes da operação da organização; e os bens de renda, composto pelo dinheiro e pelos títulos financeiros resultantes da operação da organização. Os bens de venda, por suas características de tangibilidade são considerados como bens materiais. A partir do balanço das organizações o entendimento das classificações: dos bens e serviços será facilitado. ATIVO PASSIVO Ativo circulante (bens móveis) � Dinheiro � Títulos a receber � Estoques (peças, materiais e produtos) Obrigações (serviços) � Títulos a pagar � Fornecedores a pagar � Salários a pagar Ativo Permanente (bens patrimoniais) � Imóveis em geral � Máquinas e equipamentos � Mobiliário e utensílios � Veículos � Patentes e direitos de autoria Patrimônio Líquido � Capital � Reservas ORGANIZAÇÃO E FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS E RECURSOS PATRIMONIAIS Uma organização típica atual do sistema de materiais pode ser dividida nas seguintes áreas de concentração: � Compras � Industriais � Administrativas � Estoques � Administrativo ou almoxarifado � Industrial Matéria prima Material de serviço Componentes Peças Ferramentas Produtos semi-acabados Produtos acabados � Transporte � Distribuição 4 Em muitas organizações, os setores responsáveis por compras administrativas e pelo estoque administrativo se reportam à área de Serviços Gerais ou Administrativos ou de Administração Geral; por outro lado, Os setores responsáveis por estoques de produtos acabadose sua distribuição podem estar subordinados à área comercial. Quanto ao transporte, este pode ser alocado conforme sua utilização, aparecendo pequenos setores na administração, cuidando do transporte de pessoas; na área comercial, cuidando do transporte de produtos acabados; e na área de materiais cuidando do transporte da matéria prima, dos componentes e do material de serviço. A área de compras, de um modo geral, preocupa-se sobremaneira em assegurar que os bens materiais e patrimoniais requeridos para a operação da organização estejam sempre disponíveis nas quantidades certas, nos períodos desejados e na qualidade requerida, adquiridos por preço o mais favorável possível, tendo em vista o custo dessa operação que reflete diretamente nos resultados. Para tanto, o setor deverá identificar, selecionar e desenvolver fornecedores desses bens que sejam adequados aos requisitos operacionais da organização; além de desenvolver todo o processo de negociação e fechamento financeiro daquilo que foi adquirido. Por sua vez, a área de estoques responde pela recepção, verificação quantitativa e qualitativa, internação, armazenagem, conservação e movimentação física, monitoramento dos níveis de armazenagem para atendimento da demanda dos diferentes setores, e correspondente valorização do investimento feito. Os bens patrimoniais adquiridos são entregues aos cuidados de um setor de patrimônio, que exerce sua gestão e que é normalmente subordinado à Administração. A área de transportes deve cuidar de entregar o produto acabado aos clientes e trazer a matéria prima, o material de serviço e os componentes para as instalações da organização. Para executar esses serviços ela detém uma frota de veículos, que deve ser mantida e conservada sob sua responsabilidade, ou os contrata de uma transportadora. Finalmente, a área de distribuição responde pelos depósitos de produtos acabados que suportam a operação comercial da organização; neles executando toda gestão de estoque. Mais recentemente, algumas organizações, que produzem e fornecem bens tangíveis, criaram uma área específica de logística, englobando transporte e distribuição, sendo que há casos em que grande parte da área de estoques também foi re-alocada para o setor de logística. No contexto de gestão, a logística existe para transportar e posicionar estoques com o objetivo de conquistar benefícios relacionados ao tempo, local e instalações desejados pelo menor custo total. As organizações que nada fazem com relação ás exigências relacionadas com tempo e localização, nada terão para vender. Todavia o valor logístico provém de habilidades criadas a partir da integração de áreas distintas das organizações, conforme mostra o desenho a seguir: 5 A presente representação pode ser considerada para a logística de suprimentos em que a função de pedidos tem a responsabilidade de comprar (fazer um pedido) e receber bens dos fornecedores, de acordo com as necessidades da organização; bem como para a logística de distribuição em que a mesma função tem funções de venda, tratando de obter o pedido do cliente e entrega-lo. Em ambos os casos o processamento de pedidos é fundamental para o êxito da logística, pois da clareza das informações que alimentam o fluxo logístico depende a eficiência e a eficácia dos processos executados pelas demais funções. A visualização da integração das duas logísticas, de modo simplificado pode facilitar a compreensão de todo o processo de suprimento desde o fornecedor original até o consumidor final. No desenho acima, a expressão Entrega Direta significa que um fornecedor poderá decidir ou ser orientado para entregar seus produtos ou partes deles em qualquer dos elos da cadeia, como caminho alternativa ao percurso integrado. Dependendo do estágio em que se situa o fabricante na cadeia produtiva de um segmento industrial, poderá haver elos da cadeia que antecedem o seu fornecedor direto. Exemplificando: 6 Na cadeia da indústria têxtil, se o fabricante for uma confecção, haverá diversos elos que antecedem, a saber: Para a confecção, é fundamental que os elos da cadeia de suprimentos que a precedem e sucedem observem os mesmos critérios de qualidade, pontualidade e bom relacionamento, no sentido de prover ao consumidor final aquilo que ele desejou ao fazer a seu pedido lá na ponta com o varejista.
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