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Enzimas hepáticas

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI 
CAMPUS PROFESSORA CINOBELINA ELVAS – CPCE 
CURSO DE BACHAREL EM MEDICINA VETERINÁRIA 
DISCIPLINA DE CLÍNICA MÉDICA DE CÃES E GATOS 
DOCENTE DR. ANTONIO AUGUSTO N. MACHADO JÚNIOR 
ACADÊMICO NATALIA FERREIRA LIMA 
 
Enzimas hepáticas 
O aumento da atividade enzimática no soro sanguíneo pode ser decorrente do 
extravasamento ou de indução da produção da enzima. As enzimas que passam para o espaço 
extracelular e, em seguida, para o sangue, por meio desse mecanismo, são denominadas enzimas 
de extravasamento. Por outro lado, a indução envolve o aumento da produção de uma enzima 
por células que normalmente a sintetizam em menor quantidade. Esse aumento de produção é 
induzido por algum tipo de estímulo e resulta em maior liberação da enzima pelas células e, 
consequentemente, em aumento da atividade dessa enzima no soro sanguíneo. Enzimas de 
importância diagnóstica que passam para o sangue por meio desse mecanismo são denominadas 
enzimas de indução. 
1. Enzimas de extravasamento: 
o AST – aspartato aminotransferase: 
Está presente em maior concentração nos hepatócitos e nas células musculares 
(esqueléticas e cardíacas) de todas as espécies. Portanto, AST não é uma enzima 
hepatoespecífica. AST é uma enzima de extravasamento encontrada predominantemente no 
citoplasma; cerca de 20% estão presentes nas mitocôndrias. Ao contrário do verificado para 
ALT, nos hepatócitos há maior concentração de AST na região periacinar, ao redor das veias 
centrais. O aumento da atividade sérica de AST pode ser causado por lesão letal ou subletal de 
hepatócitos ou de células musculares. 
Em cães e gatos, o aumento da atividade sérica de AST é causado pelas mesmas doenças 
hepáticas já mencionadas para a ALT e em geral é semelhante ao que ocorre com a atividade 
dessa enzima, mas a magnitude do aumento pode ser menor do que aquela induzida pela ALT. 
Em alguns animais, após lesão hepática aguda, a atividade sérica de AST pode retornar ao valor 
basal mais rapidamente do que a atividade de AST, sendo úteis mensurações repetidas para 
monitorar a resolução da doença. Em cães e gatos, embora a AST seja menos hepatoespecífica 
do que a ALT, ela é mais sensível para a detecção de alguns tipos de lesão de hepatócitos do 
que a ALT. Por exemplo, um estudo relata que 89% dos gatos com lipidose hepática 
apresentavam aumento da atividade de AST, que correspondia a 72% do aumento da atividade 
de ALT. À semelhança do que acontece com ALT, em cães pode-se verificar aumento discreto 
da atividade de AST como resultado da indução enzimática por ação de corticosteroides e, 
possivelmente, de fenobarbital. Como o músculo é uma possível fonte de atividade sérica de 
AST, é útil a mensuração de uma enzima específica de lesão muscular (CK) para determinar se 
o aumento da atividade de AST se deve à lesão muscular. 
 A atividade sérica de AST pode ser normal ou estar apenas discretamente elevada em 
doença hepática significativa, crônica e de baixo grau, que resultou em diminuição marcante da 
massa tecidual hepática, ou que foi ocasionada por toxinas inibidoras das atividades das 
enzimas transaminases. Em cães e gatos, a meia-vida da AST é menor do que a de ALT, sendo 
estimada em 4 a 12 h em cães, e 77 min em gatos. 
o ALT – Alanina aminotransferase: 
É uma enzima de extravasamento que se apresenta livre no citoplasma. Em cães e gatos, 
a maior concentração de ALT é verificada em hepatócitos e o teste de ALT está incluído no 
perfil bioquímico sérico dessas espécies. Às vezes, a determinação da atividade de ALT é o 
único teste utilizado para detectar a lesão de hepatócitos em cães e gatos porque a ALT é muito 
mais hepatoespecífica do que a AST. Todavia, a enzima ALT não é totalmente 
hepatoespecífica, doença ou lesão muscular grave pode causar aumento da atividade sérica de 
ALT. A atividade de ALT no músculo é menor do que no fígado. No entanto, como a massa 
muscular total é muito maior do que a massa hepática, o músculo pode ser uma fonte 
significativa de extravasamento de ALT. Em geral, embora o aumento da atividade sérica de 
ALT em cães e gatos possa indicar morte de hepatócitos ou lesão subletal dessas células, 
também se deve considerar a possibilidade de necrose ou de lesão subletal de células 
musculares. Quando há aumento da atividade de ALT, é importante mensurar a atividade sérica 
de uma enzima mais específica para lesão muscular (creatinoquinase [CK]) para determinar se 
a lesão muscular é a possível causa do aumento de ALT. 
Em cães e gatos, várias doenças hepáticas podem induzir aumento da atividade sérica 
de ALT. Hipóxia, alterações metabólicas que ocasionam acúmulo de lipídios nos hepatócitos, 
toxinas bacterianas, inflamação, neoplasia hepática, vários medicamentos e substâncias 
químicas tóxicas podem causar lesão de hepatócitos e subsequente extravasamento de ALT. 
Após lesão aguda grave, como aquela ocasionada por toxinas, a atividade sérica de ALT pode 
aumentar acentuadamente em 1 ou 2 dias. Se a lesão não progredir, a atividade de ALT 
diminuirá lentamente ao longo de várias semanas. Também pode aumentar durante a fase de 
recuperação de lesão hepática, quando está ocorrendo regeneração ativa de hepatócitos; isso 
pode explicar por que nem sempre a atividade de ALT retorna ao normal tão rapidamente como 
se esperava, com base em sua meia-vida sérica, estimada em 17 a 60 h, em cães, e em 3,5 h em 
gatos. É importante saber que, em algumas situações, pode haver doença hepática significativa, 
com atividade sérica de ALT normal ou apenas ligeiramente aumentada. Por exemplo, se a 
doença hepática for grave e houver diminuição marcante da massa tecidual do fígado, pode ser 
que a quantidade de hepatócitos remanescentes seja muito pequena ao ponto de ocasionar 
aumento marcante da atividade sérica da enzima, mesmo se as células remanescentes estiverem 
lesionadas e com extravasamento de ALT. Algumas doenças crônicas podem apresentar 
discreta lesão ativa de hepatócito, resultando em pequeno extravasamento da enzima. 
Algumas toxinas (aflatoxina, microcistina) parecem interferir na produção de 
transaminases e pode haver necrose hepática aguda extensa com aumento mínimo de ALT (ou 
de AST). É possível notar aumento da atividade sérica de ALT em cães com 
hiperadrenocorticismo ou naqueles que receberam corticosteroides. Medicamentos 
anticonvulsivantes (fenobarbital, primidona, fenitoína) também podem ocasionar discreto 
aumento da atividade sérica de ALT em cães. 
o SDH - Sorbitol desidrogenase: 
É uma enzima de extravasamento que se encontra livre no citoplasma. Está presente em alta 
concentração nos hepatócitos de cães, gatos, equinos e ruminantes; contudo, nessas espécies, a 
sua concentração em outros tecidos é baixa. Portanto, a SDH é uma enzima hepatoespecífica. 
O aumento da atividade sérica de SDH sugere necrose ou lesão subletal de hepatócitos. A 
mensuração da atividade de SDH não é um teste superior ao da ALT na detecção de lesão de 
hepatócitos de cães e gatos, não sendo comumente utilizada nessas espécies. No entanto, em 
equinos e ruminantes, a SDH é muito mais específica na detecção de lesão de hepatócitos do 
que a AST. 
2. Enzimas de indução: 
o ALP – fosfatase alcalina: 
É uma enzima de indução presente nas membranas celulares; é sintetizada por vários 
tecidos ou órgãos, como o fígado, os ossos, os rins, os intestinos, o pâncreas e a placenta. A 
maior parte da atividade sérica normal de ALP é oriunda do fígado. Em cães, a meia-vida de 
ALP intestinal, renal e placentária é de, aproximadamente, 6 min; a meia-vida de ALP intestinal 
em gatos é cerca de 2 min. Assim, é improvável que essas isoenzimas ocasionem aumento da 
atividade sérica de ALP. Aumentoda produção de ALP e de sua atividade sérica comumente é 
notado quando há colestase, maior atividade osteoblástica, indução por alguns medicamentos 
(principalmente em cães) e várias doenças crônicas. 
No fígado, a ALP está presente nas células do epitélio biliar e nas membranas 
caniculares de hepatócitos. Várias doenças hepatobiliares podem ocasionar aumento da 
atividade sérica de ALP devido à maior produção da enzima, à solubilização de membranas 
pela ação de ácido biliares e ao extravasamento de vesículas de membranas, após lesão celular. 
O comprometimento do fluxo biliar induz aumento da produção de ALP e o sequestro de sais 
biliares no sistema biliar causa solubilização de moléculas de ALP aderidas à membrana celular, 
as quais são, assim, liberadas no sangue. Quando a colestase é a causa do aumento da atividade 
sérica de ALP, as concentrações séricas de bilirrubina total e de ácidos biliares podem estar 
simultaneamente aumentadas. As doenças hepáticas que ocasionam tumefação significativa de 
hepatócitos (lipidose hepática ou inflamação do parênquima hepático) podem ocasionar 
obstrução de pequenos canalículos biliares e induzir maior produção e liberação de ALP. 
Também é importante lembrar que lesões pancreáticas e intestinais podem, às vezes, ser causas 
primárias de colestase por causa da obstrução de ducto biliar extra-hepático. 
Em todas as espécies, nota-se elevação da atividade sérica de ALP associada ao aumento 
da atividade osteoblástica. Esses aumentos são mais comumente detectados em animais jovens 
em fase de crescimento, ao serem comparados com os intervalos de referência de ALP para 
animais adultos. Algumas causas de aumento da atividade osteoblástica em animais adultos 
podem resultar em atividade sérica de ALP discretamente aumentada. Osteossarcoma e outras 
neoplasias ósseas resultam, em maior atividade sérica de ALP, por causa da proliferação de 
osteoblastos verificada nessas enfermidades; a cicatrização de fratura óssea provoca aumento 
localizado da atividade osteoblástica e elevação muito discreta da atividade sérica de ALP, o 
que pode ser útil no monitoramento da progressão da consolidação óssea no local da fratura. 
O aumento da atividade sérica de ALP pode ser marcante quando a produção da enzima 
é induzida por alguns medicamentos. Corticosteroides (exógenos ou endógenos) e 
anticonvulsivantes induzem maior produção de ALP pelos hepatócitos em cães. Todas as 
formas de corticosteroides exógenos (oral, parenteral, tópico, oftálmico e ótico) têm sido 
envolvidas na indução da produção de ALP. Embora inespecífico, o aumento da atividade de 
CALP é comum em cães com hiperadrenocorticismo de ocorrência natural. Embora vários cães 
que apresentam aumento da concentração sanguínea de corticosteroide apresentem elevada 
atividade sérica de ALP devido à indução, alguns desenvolvem hepatopatia por esteroide com 
resultante tumefação de hepatócitos por causa da deposição de glicogênio nessas células. 
Estresse crônico que resulte em aumento da concentração sanguínea de esteroides endógenos 
também pode ocasionar aumento da atividade de ALP. Cães que recebem medicamentos 
apresentam alta atividade sérica de ALP em decorrência do aumento de LALP e/ou CALP. A 
maioria desses cães permanece clinicamente saudável, mas sabe-se que os anticonvulsivantes 
também podem causar hepatopatia tóxica em cães. 
Neonatos de várias espécies apresentam aumento da atividade sérica de ALP após a 
ingestão de colostro. Várias doenças endócrinas têm sido associadas ao aumento da atividade 
sérica de ALP. O estresse associado a qualquer doença crônica pode aumentar o teor de 
corticosteroides endógenos e resultar em indução de CALP em cães. Tais doenças incluem 
diabetes melito, hipotireoidismo e hiperparatireoidismo em cães e hipertireoidismo em gatos. 
Neoplasia pode estar associada ao aumento da atividade sérica de ALP. Neoplasia 
hepática pode ocasionar colestase e a neoplasia óssea pode estar associada ao aumento da 
atividade osteoblástica. Além disso, neoplasia da glândula mamária, sem metástase aos ossos 
ou ao fígado, foi identificada como causa de aumento da atividade sérica de ALP em cães. O 
aumento da atividade sérica de ALP, que pode ser notado quando há tumor benigno ou maligno 
de glândula mamária. 
o GGT - γ-glutamiltransferase: 
É considerada uma enzima de indução. No entanto, a lesão hepática aguda pode 
provocar aumento imediato da atividade sérica de GGT, possivelmente por causa da liberação 
de fragmentos de membrana que contêm GGT. A γ-glutamiltransferase é sintetizada na maioria 
dos tecidos corporais, com maior concentração no pâncreas e nos rins. Também está presente 
em baixa concentração nos hepatócitos, no epitélio de ductos biliares e na mucosa intestinal e 
em alta concentração nas glândulas mamárias de vacas, ovelhas e cadelas. 
A maior parte da GGT presente no soro sanguíneo é oriunda do. A liberação da enzima 
pelas células do epitélio renal resulta em aumento da atividade de GGT na urina, mas não em 
atividade da enzima no soro. De modo semelhante, a liberação de GGT das células pancreáticas 
para os ductos pancreáticos é maior do que a sua liberação no sangue. No caso de colestase e 
de hiperplasia biliar, nota-se aumento de produção e liberação de GGT e consequente elevação 
da atividade sérica dessa enzima. O aumento da atividade sérica de GGT na colestase pode ser 
decorrente da maior produção da enzima e da solubilização da GGT aderida à membrana 
celular. 
Em cães, o aumento da atividade de GGT também ocorre como resultado da indução 
por medicamentos. Para a detecção de doença hepática em cães, a GGT é mais específica, 
porém menos sensível, se comparada à ALP. Para a detecção de doença hepática em gatos, a 
GGT é mais sensível, porém menos específica do que a ALP. Em cães e gatos, a determinação 
concomitante das atividades séricas de ALP e GGT é mais confiável no diagnóstico de doença 
hepatobiliar do que quando mensuradas isoladamente. 
Aumento da atividade sérica de GGT em cães que recebem corticosteroides, mas não 
está claro se esse aumento se deve à maior produção de GGT ou se a doença hepática é 
secundária ao uso de esteroides. A indução da atividade de GGT por medicamentos também foi 
relatada em cães tratados com anticonvulsivantes, mas a elevação foi mínima e pode, até 
mesmo, não exceder o intervalo de referência. Aumento marcante na atividade sérica de GGT 
em um cão submetido ao tratamento com anticonvulsivante pode ser indicativo de hepatopatia 
tóxica associada ao medicamento, o que implica risco à vida do animal. 
Referência: 
Thrall M.A., Baker D.C., Campbell T.W., De Nicola D., Fettman M.J., Lassen E.D., 
Rebar A. & Weiser G. 2007. Hematologia e Bioquímica Clínica Veterinária. Roca, São Paulo.

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