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Articulação Temporomandibular Prof.ª Franciane Rios Senger e Berthyelle P. Nyland Odontologia 2° Período • A área onde a mandíbula articula-se com o osso temporal do crânio, é chamada de Articulação Temporomandibular (ATM). • A ATM é formada pelo côndilo mandibular posicionado dentro da fossa mandibular do osso temporal. Separando esses dois ossos da articulação direta está o disco articular. Articulação Temporomandibular • É uma articulação sinovial. Figura 1. Estruturas ósseas da ATM. Vista lateral. FM, Fossa Mandibular. EA, Eminencia Articular. Articulação Temporomandibular • As faces articulares temporal e condilar são cobertas por cartilagem fibrosa (principalmente colágeno). • Essas estruturas estão envolvidas pelo líquido sinovial e delimitadas por uma cápsula articular. • A cápsula articular é uma cápsula fibrosa bastante frouxa, que permite amplos movimentos na articulação. • Ligamentos compostos de fibras colágenas agem como guia desta articulação, restringindo o movimento articular. • Posterior ao disco, encontram-se os tecidos retrodiscais, que são altamente vascularizados e inervados. Figura 2: ATM, (A) vista lateral e (B) diagrama mostrando os componentes anatômicos. • O disco articular é composto por tecido conjuntivo fibroso denso, na maior parte desprovido de vasos sangüíneos e fibras nervosas. A periferia extrema do disco, entretanto, é ligeiramente inervada. Articulação Temporomandibular – Disco articular Figura 3: ATM (VISTA ANTERIOR). DA, Disco articular; LC, ligamento capsular; CI, cavidade articular inferior, LDL, ligamento discal lateral; LDM, ligamento discal medial; CS, cavidade articular superior. • No plano sagital, o disco pode ser dividido em três regiões, de acordo com sua espessura: - A área central é a mais fina e é denominada zona intermediária. O disco torna-se consideravelmente mais espesso a partir da zona intermediária para anterior e posterior. - A borda posterior geralmente é um pouco mais espessa do que a borda anterior. - Na articulação normal a superfície articular do côndilo está localizada na zona intermediária do disco, circundada pelas regiões anteriores e posteriores mais espessas. Articulação Temporomandibular – Disco articular Figura 3: Disco articular, fossa e côndilo (vista lateral). O côndilo geralmente se localiza na zona intermediária mais fina (ZI) do disco. A borda anterior do disco (BA) é consideravelmente mais espessa que a zona intermediária e a borda posterior (BP) é ainda mais espessa. Figura 4: Disco articular, fossa e côndilo (vista lateral). O disco adapta-se a morfologia da fossa e do côndilo. PL: Polo lateral. PM: Polo Medial. • Durante o movimento o disco é, de certa forma, flexível e pode se adaptar às demandas funcionais das superfícies articulares. No entanto, a flexibilidade e a adaptabilidade não implicam que a morfologia do disco seja reversivelmente alterada durante a função. • O disco mantém sua morfologia a menos que forças destrutivas ou alterações estruturais ocorram na articulação. • Se ocorrerem estas alterações, a morfologia do disco poderá ser irreversivelmente alterada, produzindo mudanças biomecânicas durante a função. • Apesar de ser constituído de tecido fibroso o disco articular não se regenera ou se remodela após sofrer um dano. Articulação Temporomandibular – Disco articular • A ATM é inervada pelo mesmo nervo que fornece inervação motora e sensitiva aos músculos que a controlam (o nervo trigêmeo). Ramos do nervo mandibular fornecem a inervação aferente que conduzem informações proprioceptivas ao sistema nervoso central, principalmente, para o núcleo mesencefálico do trigêmeo. • Essas aferências permitem ao sistema nervoso detectar não só a posição estática da mandíbula em um dado momento, mas também as características de seus movimentos, tais como direção e velocidade. Articulação Temporomandibular-Inervação • Como em qualquer sistema articular, os ligamentos desempenham um importante papel na proteção das estruturas. • Os ligamentos da articulação são compostos de tecido conjuntivo colagenoso, que tem comprimento particular. Eles não se esticam. • No entanto, se forças extensas forem aplicadas ao ligamento, ou inesperadamente ou por um período de tempo prolongado, o ligamento pode ser alongado. • Os ligamentos não atuam ativamente na função da articulação, mas, ao invés disso, agem passivamente como agentes restringentes para limitar ou restringir movimentos limítrofes. Três ligamentos funcionais suportam a ATM: (1) os ligamentos colaterais, (2) o ligamento capsular; (3) o ligamento temporomandibular (TM). • Existem também dois ligamentos acessórios: (4) o esfenomandibular; (5) o estilomandibular. Articulação Temporomandibular - Ligamentos Ligamentos colaterais • Os ligamentos colaterais prendem as bordas medial e lateral do disco articular aos pólos do côndilo. São geralmente chamados de ligamentos discais. • Estes ligamentos são responsáveis por dividir a articulação mediolateralmente em cavidades articulares superior e inferior. • Eles atuam restringindo o movimento do disco para fora do côndilo. Figura 5. ATM (VISTA ANTERIOR). DA, Disco articular; LC, ligamento capsular; CI, cavidade articular inferior, LDL, ligamento discal lateral; LDM, ligamento discal medial; CS, cavidade articular superior. Ligamento capsular • A ATM inteira é circundada e envolvida pelo ligamento capsular. • As fibras do ligamento capsular estão inseridas superiormente ao osso temporal ao longo das bordas das superfícies articulares da fossa mandibular e eminência articular. Inferiormente, as fibras do ligamento capsular se inserem no colo do côndilo. Uma função significativa do ligamento capsular é envolver a articulação, retendo, assim, o líquido sinovial. Figura 6. LIGAMENTO CAPSULAR (VISTA LATERAL). Observe que ele se estende anteriormente para incluir a eminência articular e envolver toda a superfície articular da articulação. • O aspecto lateral do ligamento capsular é reforçado por fibras fortes e condensadas que compõem o ligamento lateral ou ligamento TM. • O ligamento TM é composto por duas partes, uma porção externa oblíqua (PEO) e uma porção interna horizontal (PIH). A porção externa se estende da superfície externa do tubérculo articular e do processo zigomático posterior e inferiormente, até a superfície externa do colo do côndilo. A porção interna horizontal se estende da superfície externa do tubérculo articular e processo zigomático, posterior e horizontalmente, até o pólo lateral do côndilo e parte posterior do disco articular. • A PEO limita o movimento rotacional de abertura normal; a PIH limita o movimento posterior do côndilo e do disco. Ligamento Temporomandibular (TM) Figura 7. LIGAMENTO TEMPOROMANDIBULAR (VISTA LATERAL). Duas partes distintas são mostradas: a porção externa oblíqua (PEO) e a porção interna horizontal (PIH). A PEO limita o movimento rotacional de abertura normal; a PIH limita o movimento posterior do côndilo e do disco. • O ligamento esfenomandibular é um dos dois ligamentos acessórios da ATM. • Ele parte da espinha do osso esfenóide e estende-se até a língula da mandíbula. Ele não tem nenhum efeito limitador significante no movimento mandibular. Ligamento Esfenomandibular Figura 8. Mandíbula: articulação temporomandibulare ligamentos acessórios. • O segundo ligamento acessório é o ligamento estilomandibular. • Ele parte do processo estilóide e estende-se para baixo e para frente, até o ângulo e a borda posterior do ramo mandibular. • Ele se torna rígido quando a mandíbula está protruída, mas fica relaxado quando a mandíbula é aberta. • O ligamento estilomandibular, portanto, limita o movimento de protrusão excessivo da mandíbula. Ligamento Estilomandibular Figura 9. Mandíbula: articulação temporomandibular e ligamentos acessórios Músculos da mastigação • Os principais músculos envolvidos na mastigação são: - o masseter; - o temporal; - o pterigóideo medial; - o pterigóideo lateral. Músculo Masseter • O masseter é um músculo retangular que se origina do arco zigomático e se estende para baixo até o aspecto lateral da borda inferior do ramo da mandíbula. • Função: elevação da mandíbula, contribui para protusão. Figura 10. Músculo masseter. PP, Porção profunda; PS, porção superficial. B, Função: elevação da mandíbula • O temporal é um músculo grande em forma de leque que se origina da fossa temporal e da superfície lateral do crânio. Se insere no processo coronóide e na borda anterior da mandíbula. • Função: Elevação da mandíbula, contribui para retrusão. Músculo Temporal Figura 11. A, Músculo temporal. PA, Porção anterior; PM, porção média; PP, porção posterior. B, Função: elevação da mandíbula. O movimento exato é determinado pela localização das fibras ou porção que está sendo ativada. • Pterigóideo Medial: O pterigóideo medial (interno) se origina da fossa pterigóidea e se estende para baixo, para trás e para fora para se inserir ao longo da superfície medial do ângulo mandibular. • Função: Elevação da mandíbula, contribui para protusão. Músculo Pterigóideo Figura 12. A, Músculo pterigóideo medial. B, Função: elevação da mandíbula • Pterigóideo Lateral Inferior. O pterigóideo lateral inferior se origina na superfície externa da lâmina pterigóidea lateral até sua inserção primariamente no colo do côndilo mandibular. • Função: Protrusão da mandíbula, contribui para movimentos laterais e abertura da boca. Músculo Pterigóideo Figura 13. A, Músculos pterigóideo lateral superior e inferior. B, Função do pterigóideo lateral inferior: protrusão da mandíbula. • O pterigóideo lateral superior é consideravelmente menor do que o inferior e se origina na superfície infra- temporal da asa maior do esfenóide, se insere na cápsula articular, no disco e no colo do côndilo. • O Pterigóideo lateral superior torna-se ativo somente em conjunto com os músculos elevadores. • Função: Estabiliza o côndilo e o disco durante o carregamento da mandíbula (ou seja, mastigação unilateral). Músculo Pterigóideo Figura 14. Músculos pterigóideo lateral superior e inferior. Articulação Temporomandibular • A ATM é uma articulação sinovial que permite os movimentos de: - Abertura; - Fechamento; - Lateralidade; - Protusão; - Retrusão da mandibula. • A estrutura e função da ATM podem ser divididas em dois sistemas distintos: 1. Complexo cabeça-disco, composto pelo disco articular e o côndilo da mandíbula, permitindo movimento rotacional entre o disco e o côndilo da mandíbula; 2. O conjunto formado pelo complexo cabeça-disco articulando-se na fossa articular, o que permite o movimento de translação de todo o complexo para fora da fossa articular, possibilitando a maior abertura da boca. A translação ocorre nesta cavidade articular superior, entre a superfície superior do disco articular e a fossa mandibular. • Dessa forma, o disco articular age como um osso não calcificado, contribuindo para ambos os sistemas articulares e, portanto, a função do disco justifica a classificação da ATM como uma articulação composta verdadeira. Articulação Temporomandibular Figura 15. (A) Movimento normal do côndilo e do disco durante a abertura da boca. Assim que o côndilo se move para fora da fossa, o disco gira posteriormente no côndilo, ao redor da inserção dos ligamentos colaterais discais. O movimento de rotação ocorre predominantemente no espaço articular inferior, enquanto a translação ocorre, predominantemente, no espaço articular superior. (B) Cadáver. Figura 16. Movimento funcional normal do côndilo e do disco durante toda a fase de abertura e fechamento. O disco é rotacionado posteriormente no côndilo quando este faz translação para fora da fossa. O movimento de fechamento é o exato oposto da abertura. O disco é sempre mantido entre o côndilo e a fossa. • Sinais e sintomas de anormalidades relacionadas a ATM podem ser constatados em um exame clínico do paciente, podem ser citados: - Alteração dos movimentos mandibulares; - Limitação da abertura bucal; - Dor articular; - Dor muscular; - Ruídos articulares; - Desvios mandibulares nos movimentos de abertura bucal; - Travamentos com a boca aberta ou fechada; - Entre outros. Articulação Temporomandibular - Anormalidades Obrigado pela atenção!
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