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microbiologia apostila

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1 
SUMÁRIO 
 
 
1. Introdução, Conceitos e Divisão da Microbiologia…..…………….......…............02 
2. Noções Gerais e Propriedades das Bactérias, Fungos e Vírus..........................04 
3. Métodos de estudo das bactérias, fungos e vírus...............................................13 
4. Principais espécies de cocos patogênicos..........................................................16 
5. Principais espécies de bacilos patogênicos........................................................20 
6. Noções de Imunologia............................................................................................26 
7. Micoses superficiais e Subcutâneas.....................................................................30 
8. Micoses profundas e oportunistas........................................................................34 
9. Coleta e transporte de amostras microbiológicas...............................................39 
10. Referências............................................................................................................47 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
1. INTRODUÇÃO, CONCEITOS E DIVISÃO DA MICROBIOLOGIA 
 
Os micro-organismos são seres microscópicos, individualmente invisíveis a 
olho nu. São os seres vivos dotados de maior diversidade biológica conhecida, tanto 
morfológica, como fisiológica e ecológica. Podem apresentar formas celulares as mais 
variadas, são metabolicamente capazes de realizar todos os tipos de reações 
bioquímicas conhecidas e podem ser encontrados em praticamente todos os 
ambientes, dos mais simples aos mais extremos. Estão presentes em todos os 
ambientes terrestres, interagindo com estes e com outros seres vivos. Possuem 
múltiplos papeis, podendo ser causadores de doenças em animais, plantas e outros 
organismos vivos, além de serem agentes de contaminação de águas, alimentos ou 
medicamentos, acarretando grandes prejuízos à saúde do homem e ao ambiente. 
No entanto, os micróbios também são grandes amigos do homem, sendo 
responsáveis por diferentes processos que vão desde a produção de alimentos, 
incluindo vinhos, pães, queijos e iogurtes, até a participação na ciclagem dos 
elementos químicos, como o nitrogênio, na superfície do globo terrestre. Podem ainda 
produzir os mais diversos compostos de interesse médico, comercial e ambiental. 
Dentre eles, podemos citar os antibióticos e várias enzimas de grande aplicação 
industrial. 
A partir da descoberta e do início dos estudos dos micro-organismos, ficou 
claro que a divisão dos seres vivos em dois reinos, animal e vegetal, eram 
insuficientes. Assim, o zoólogo E. H. Haeckel, em 1866, sugeriu a criação de um 
terceiro reino, denominado Protista, englobando as bactérias, algas, fungos e 
protozoários. No entanto, estudos mais avançados demonstraram existir duas 
categorias de células: as procarióticas e as eucarióticas. Nas primeiras, o equivalente 
nuclear é representado por um único cromossomo e não é circundado pela membrana 
nuclear e, nas eucarióticas, o núcleo é limitado pela membrana nuclear, apresentando 
no seu interior vários cromossomos. Em 1969, R. H. Wittaker propôs a expansão da 
classificação até então existente, baseando-se não só na organização celular, mas 
também na forma com que os organismos adquirem energia e alimento, ficando estes 
divididos em: animais, plantas, fungos, Protistas (microalgas e protozoários) e Monera 
(bactérias e algas cianofíceas). Estudando as similaridades e diferenças do RNA 
ribossômico, C. Woese propôs, em 1979, uma nova classificação para os seres vivos: 
supra-reino Arqueobactéria (bactérias metanogênicas, bactérias termófilas, bactérias 
acidófilas e bactérias halófilas; supra-reino Eubactéria (incluindo as demais bactérias e 
as cianobactérias) e supra-reino Eucarioto (incluindo plantas, animais, fungos, 
protozoários e algas). 
 
 
3 
Qualquer que seja a classificação adotada, a microbiologia é definida como o 
ramo da biologia que estuda os seres vivos microscópicos nos seus mais variados 
aspectos como morfologia, estrutura, fisiologia, reprodução, genética, taxonomia e 
também a interação com outros seres e com o meio ambiente. 
 
PRINCIPAIS TIPOS DE MICRO-ORGANISMOS 
 
 Micro-organismos procarióticos 
 
- Bactérias 
 
São seres unicelulares, com dimensões que em geral variam de 0,1 a 2 µm de 
diâmetro e 2 a 8 µm de comprimento. As espécies pertencentes a este grupo podem 
apresentar diversas formas, que variam da esférica, denominadas cocos, a diversos 
tipos de bastonetes, dentre eles os curtos, os longos, os finos, os espiralados e 
aqueles em curva (vibrião). Podem apresentar também diferentes arranjos, em pares, 
em tétrades, em cachos e em cadeias. As bactérias podem ser encontradas sobretudo 
no solo, na água doce e nos mares, mas também no corpo humano, nos animais, nas 
plantas, nos alimentos, entre outros. Dentre os principais grupos de bactérias 
existentes podemos citar: bactérias Gram-positivas, Gram-negativas, espiroquetas, 
riquétsias, clamídias, micoplasmas, micobactérias, actinomicetos, cianobactérias, 
entre outros. 
 
- Arqueas 
 
Constitui um grupo distinto de microrganismos, com características próprias e 
incomuns, podendo ser encontradas em ambientes extremos, como solos bastante 
secos e quentes, e nas profundezas dos mares próximos às fontes hidrotermais e em 
regiões vulcânicas. Também são comuns em águas com altas concentrações de sal e 
em nascentes de águas ácidas, ricas em enxofre. Estes organismos, em geral 
anaeróbios, diferenciam-se das bactérias, por não possuírem uma parede celular 
composta de peptidioglicana, e sim de outras macromoléculas variadas, embora uma 
pseudopeptidioglicana possa ser encontrada em algumas espécies. 
 Micro-organismos eucarióticos 
- Fungos 
 
 
 
4 
São seres encontrados principalmente no solo, mas também em plantas e 
animai, inclusive no próprio homem, causando as micoses. Apresentam uma 
organização celular bem mais complexa que as bactérias. Podem ser divididos em 
dois grandes grupos, o fungos filamentosos, também chamados de bolores, e as 
leveduras, unicelulares. 
 
- Algas 
São seres fotossintéticos, que possuem representantes microscópicos (algas 
unicelulares) ou macroscópicos (algas multicelulares). Habitam principalmente 
ambientes marinhos e águas doces, mas também podem ser encontrados 
eventualmente no solo. Os liquens correspondem à associação de uma alga (ou 
cianobactéria) com um fungo, na qual, em uma relação de mutualismo, cada um dos 
parceiros é beneficiado. São bastante comuns em árvores, telhados e estruturas de 
cimento. A capacidade fotossintética destes seres os torna primordiais na cadeia 
alimentar, já que fixam CO2 na forma de carboidratos que serão consumidos pelos 
heterotróficos. 
 
 Micro-organismos sem estrutura celular 
 
- Vírus 
 
São considerados micro-organismos, embora não possuam estrutura celular. 
São extremamente pequenos, variando de 0,02 a 0,3 µm. Basicamente são 
considerados elementos genéticos que contêm DNA ou RNA e uma capa proteica. As 
partículas virais podem ser consideradas de duas formas distintas: agentes de 
doenças, quando a infecção na célula hospedeira leva à sua ruptura e morte, ou 
agentes de hereditariedade, quando a partícula viral entra na célula, causando apenas 
modificações genéticas, sem lhe causas nenhum dano. 
 
2. NOÇÕES GERAIS E PROPRIEDADES DAS BACTÉRIAS, FUNGOS E VÍRUS 
 
Estrutura e reprodução 
 
 Bactérias 
As bactérias de interesse médico podem apresentar formas esféricas, 
comumente chamadas de cocos, cilíndricasou bacilos e de espiral. Os cocos são 
redondos, mas podem ser ovais, alongados ou achatados em uma das extremidades. 
 
 
5 
Podem ocorrer aos pares (diplococos), cadeias (estreptococos) e cachos 
(estafilococos). Existem ainda aqueles cocos que se dividem em dois ou três planos e 
permanecem unidos em grupos cúbicos de oito indivíduos (sarcina). 
Os bacilos foram poucos arranjos ou agrupamentos, podendo ser encontrados 
aos pares (diplobacilos) e em cadeias (estreptobacilos). Alguns bacilos assemelham-
se a lanças, outros têm extremidades arredondadas ou, então, retas. Alguns bacilos 
assemelham-se tanto aos cocos que podem ser chamados de cocobacilos. É 
importante saber que a maior parte dos bacilos apresenta-se como bacilos isolados. 
Bactérias espiraladas podem ter uma ou mais espirais. Quando têm o corpo 
rígido e são como vírgulas, são chamadas vibriões, e espirilos quando têm a forma de 
saca-rolhas. 
Há ainda um grupo de organismos espiralados, mas de corpo flexível – os 
espiroquetas. 
 
Figura 1 - Morfologia das bactérias. 
 
ESTRUTURA DA CÉLULA BACTERIANA 
 
A célula bacteriana apresenta várias estruturas, algumas presentes em apenas 
determinadas espécies, enquanto outras são essenciais, sendo encontradas em todas 
as bactérias. 
 
 
6 
 
Figura 2 - Estrutura da célula bacteriana. 
 
As bactérias apresentam uma organização celular bastante simples, 
compreendendo uma parede celular rígida, formada de peptideoglicano, e uma 
membrana citoplasmática, composta basicamente de fosfolipídeos e proteínas. O DNA 
se encontra no citoplasma, formando a região conhecida como nucleóide. Os 
ribossomos estão dispersos no citoplasma. Algumas espécies apresentam flagelo de 
locomoção, e outras, ainda, podem possuir fímbrias de adesão e pili, esta última 
responsável pela transferência de material genético no mecanismo de conjugação. A 
presença de endosporos em algumas espécies fornece a elas um mecanismo de 
resistência, principalmente ao calor, mas também à radiação, à falta de nutrientes e à 
falta de umidade. 
 
REPRODUÇÃO BACTERIANA 
 
- Reprodução assexuada 
 
Divisão binária 
A forma de reprodução mais comum das bactérias é a assexuada, por divisão 
binária, processo também conhecido como bipartição ou cissiparidade. Nesse tipo de 
reprodução, ocorre a duplicação do DNA bacteriano e uma posterior divisão em duas 
células. As bactérias multiplicam-se por este processo muito rapidamente quando 
dispõem de condições favoráveis. A separação do material genético conta com a 
participação dos mesossomos, pregas internas da membrana plasmática nas quais 
existem também as enzimas participantes da maior parte da respiração celular. 
 
Esporulação 
 
 
7 
 
Algumas espécies de bactérias originam, sob certas condições ambientais, 
estruturas resistentes denominadas esporos. A células que origina o esporo se 
desidrata, forma uma parede grossa e sua atividade metabólica torna-se muito 
reduzida. Certos esporos são capazes de se manter em estado de dormência por 
dezenas de anos. Ao encontrar um ambiente adequado, o esporo se reidrata e origina 
uma bactéria ativa, que passa a se reproduzir por divisão binária. 
Os esporos são muito resistentes ao calor e, em geral, não morrem quando 
expostos à água em ebulição. Para eliminação dos esporos, normalmente é usado um 
processo especial, a autoclavagem, para esterilizar líquidos e utensílios. O aparelho 
onde é feita essa esterilização, a autoclave, utiliza vapor de água, a temperaturas da 
ordem de 120C, sob uma pressão que é o dobro da atmosférica. Após 1 hora nessas 
condições, mesmo os esporos mais resistentes morrem. 
 
- Reprodução sexuada 
 
Para as bactérias, considera-se reprodução sexuada qualquer processo de 
transferência de fragmentos de DNA de uma célula para outra. Depois de transferido, 
o DNA da bactéria doadora se recombina com o da receptora, produzindo 
cromossomos com novas misturas de genes. Esses cromossomos recombinados 
serão transmitidos às células-filhas quando a bactéria se dividir. 
A transferência de DNA de uma bactéria para outra pode ocorrer de três 
maneiras: por transformação, transdução ou conjugação. 
 
Transformação 
 
A bactéria absorve moléculas de DNA dispersas no meio, que são 
incorporados ao seu material genético. Esse DNA presente no meio pode ser 
proveniente, por exemplo, de bactérias mortas. Esse processo ocorre 
espontaneamente na natureza. 
 
 
 
Transdução 
 
Moléculas de DNA são transferidas de uma bactéria à outra, usando vírus 
como vetores. 
 
 
8 
 Estes, ao se alojarem dentro das bactérias, podem eventualmente incluir 
pedaços de DNA da bactéria que lhes serviu de hospedeira. Ao infectar outra bactéria, 
o vírus que leva o DNA bacteriano o transfere junto com o seu. Se a bactéria 
sobreviver à infecção viral, pode passar a incluir os genes de outra bactéria em seu 
genoma. 
 
Conjugação 
 
Nesse processo, pedaços de DNA passam diretamente de uma bactéria 
doadora, o “macho”, para uma receptora, a “fêmea”. Isso acontece através de 
microscópicos tubos proteicos, chamados pili, que as bactérias “macho” possuem em 
sua superfície. O fragmento de DNA transferido se recombina com o cromossomo da 
bactéria “fêmea”, produzindo novas misturas genéticas, que serão transmitidas às 
células-filhas na próxima divisão celular. 
 
 Fungos 
 
Durante muito tempo, os fungos foram considerados como vegetais e, somente 
a partir de 1969, passaram a ser classificados em um reino à parte denominado Fungi. 
Tais organismos apresentam um conjunto de características que permitem sua 
diferenciação das plantas: não sintetizam clorofila; não têm celulose na parede celular, 
exceto alguns fungo aquáticos e não armazenam amido como substância de reserva. 
Os fungos são ubíquos, encontrando-se em vegetais, na água, em animais, no 
homem, em detritos e em abundância no solo, participando ativamente do ciclo dos 
elementos na natureza. Sua dispersão é feita por diversas vias: animais, homem, 
insetos, água e, principalmente, pelo ar atmosférico, através dos ventos. 
São seres vivos eucarióticos, podendo ser unicelulares, como as leveduras, ou 
multicelulares, como os fungos filamentosos (bolores e cogumelos), que são fungos 
macroscópicos. As colônias leveduriformes, em geral, são pastosas ou cremosas. As 
colônias filamentosas podem ser algodonosas, aveludadas, pulverulentas, com os 
mais variados tipos de pigmentação. Esses organismos são constituídos 
fundamentalmente por elementos multicelulares em forma de tubos – as hifas – que 
podem ser contínuas não septadas (cenocíticas) ou septadas. Ao conjunto de hifas dá-
se o nome de micélio. 
 
 
9 
 
Figura 3: Morfologia de leveduras (esquerda) e fungos filamentosos (direita). 
 
ESTRUTURA DA CÉLULA FÚNGICA 
- Parede: é uma membrana rígida que protege a célula de choques osmóticos, 
composta, de modo geral, por glucanas, mananas e, em menor quantidade, por 
quitina, proteínas e lipídeos. 
- Membrana citoplasmática: atua como uma barreira semipermeável, no 
transporte ativo e passivo dos materiais, para dentro e para fora da célula. 
A membrana é constituída de uma porção hidrofóbica e de uma porção 
hidrofílica, sendo tal estrutura formada basicamente de lipídeos e proteínas. 
- Núcleo: contém o genoma fúngico que está agrupado em cromossomos 
lineares, compostos de dupla fita de DNA arrumados em hélice, e também as histonas, 
proteínas básicas, associadas ao DNA cromossomal. 
Dentro do núcleo encontra-se o nucléolo, um corpúsculo esférico contendo 
DNA, RNA e proteínas. Este corpúsculo é o sítio de produçãodo RNA ribossomal. 
 
 
10 
- Ribossomos: são os sítios da síntese proteica, compostos de RNA e 
proteína e ocorrem dentro do citoplasma da célula. 
- Mitocôndria: sítio da fosforilação oxidativa, composta de membranas de 
fosfolipídeos. Possui membrana interna achatada (crista) e contém seu DNA e 
ribossomos próprios. 
- Retículo endoplasmático: é uma membrana em forma de rede que se 
encontra distribuída por toda a célula fúngica. 
- Aparelho de Golgi: é uma agregação interna de membranas envolvida no 
armazenamento de substâncias que serão desprezadas pela célula fúngica. Os 
vacúolos estão relacionados com o armazenamento de substâncias de reserva para a 
célula, tais como glicogênio e lipídeos. 
- Cápsula: alguns fungos, como Cryptococcus neoformans, apresentam uma 
cápsula de natureza mucopolissacarídica, importante na patogenia desse fungo por 
dificultar a fagocitose. 
 
REPRODUÇÃO DOS FUNGOS 
 
- Reprodução assexuada 
• Brotamento: A célula parental forma um broto na sua superfície externa. Á 
medida que o broto se desenvolve, o núcleo da célula parental se divide e um dos 
núcleos migra para o broto. O material da parede celular é então sintetizado entre o 
broto e a célula parental, separando-os. Algumas leveduras produzem brotos que não 
se separam e formam uma pequena cadeia de células chamada de pseudo-hifa ou 
pseudo-micélio. 
• Fragmentação da hifa: As hifas crescem por alongamento das extremidades. 
Um fragmento quebrado pode se alongar para formar uma nova hifa. 
• Esporos assexuais: Formados pelas hifas, quando germinam tornam-se 
clones do indivíduo parental. 
 
- Reprodução sexuada 
Espécies são heterotálicas quando os indivíduos apresentam gametas de 
células doadoras (+) e de células receptoras (-) localizadas em talos separados ou 
quando apresentam ambos os sexos, mas estes são auto-incompatíveis. Espécies 
homotálicas ou hermafroditas são representadas por indivíduos que produzem 
gametas (+) e (-) autocompatíveis no mesmo talo. 
 
 
11 
O tecido é denominado dicariótico quando existem dois núcleos compatíveis na 
mesma hifa e heterocariótico quando existem mais de dois tipos de núcleo na mesma 
hifa. 
 
 Vírus 
Os vírus são conhecidos agentes infecciosos, causadores de doenças em 
humanos, animais ou plantas. Em humanos, são responsáveis por uma série de 
infecções benignas, como gripes e verrugas, assim como podem ser causa de 
doenças graves, como poliomielite, câncer e AIDS. Entretanto, além de causarem 
problemas aos seres humanos os vírus têm servido como ferramentas fundamentais 
em pesquisas científicas. Seu genoma, em geral pequeno, possibilita um fácil 
manuseio e, pelo fato de utilizar a maquinaria celular para sua reprodução, grandes 
descobertas de metabolismo celular foram obtidas por estudos com vírus. Mais 
recentemente, os vírus estão sendo empregados como vetores para introdução de 
genes em organismos, abrindo as fronteiras da terapia gênica. 
Os vírus são parasitas intracelulares e podem ser encontrados em duas 
formas, uma dentro das células e outra fora destas. Na forma extracelular, o vírus é 
uma partícula sub-microscópica, conhecida como virion ou partícula viral. Esta 
apresenta, para cada tipo de vírus, algumas características especiais, entre elas 
diferentes tamanhos e formas. Quando o vírus penetra na célula hospedeira, inicia-se 
o estado intracelular, ocorrendo a replicação viral. 
 
ESTRUTURA VIRAL 
 
Vírus não possuem uma organização tão complexa quanto a de células, tendo 
de fato uma estrutura bastante simples. Consistem basicamente de um ácido nucleico, 
DNA ou RNA, envolto por uma capa proteica, denominada “capsídeo” ou “cápside” e, 
em alguns casos, de uma membrana lipoproteica, denominada “envelope” ou 
“envoltório”. Devido a essa simplicidade, os vírus não possuem capacidade de 
crescimento independente em meio artificial, podendo replicar somente em células 
animais, vegetais ou micro-organismos. 
 
 
12 
 
Figura 4: Morfologia do Herpesvírus 
 
REPRODUÇÃO DOS VÍRUS 
 
O ciclo de vida de um vírus é composto por quatro etapas: 
 
1. Entrada do vírus na célula, ocorrendo a absorção e fixação do vírus da 
superfície celular e em seguida, a penetração através da membrana da célula 
hospedeira. 
2. Eclipse: após a penetração, o vírus fica adormecido e não mostra sinais de 
sua presença ou atividade. 
3. Ocorre a replicação do ácido nucleico e a síntese das proteínas do 
capsídeo. Os ácidos nucleicos e as novas proteínas sintetizadas produzem novas 
partículas virais. 
4. As novas partículas de vírus são liberadas para infectar células sadias. 
Os vírus possuem dois tipos de ciclos reprodutivos, o ciclo lítico e o ciclo 
lisogênico. No ciclo lítico, a célula é infectada e os vírus comandam todo o processo 
reprodutivo em seu interior, deixando a célula totalmente inativa. Assim, o vírus 
assume o metabolismo da célula e provoca lise celular, liberando os vírus produzidos, 
que atacam outras células e recomeçam o ciclo. 
No ciclo lisogênico, o ácido nucleico do vírus entra no núcleo da célula e se 
incorpora ao ácido nucleico celular. O vírus participa das divisões celulares e, à 
medida que a célula sofre mitoses, a carga viral é repassada às células-filhas. 
 
 
 
 
13 
 
Figura 5: Representação esquemática dos ciclos reprodutivos dos vírus 
 
3. MÉTODOS DE ESTUDO DAS BACTÉRIAS, FUNGOS E VÍRUS 
 
Diagnóstico bacteriológico 
Diversos procedimentos podem ser empregados para o diagnóstico das 
infecções bacterianas. O diagnóstico preciso é realizado pelo isolamento e 
identificação do agente bacteriano a partir de materiais clínicos colhidos 
adequadamente do local da infecção, procedimento conhecido como exame 
bacteriológico ou cultura. Outros métodos podem ser utilizados para o diagnóstico: 
demonstração das bactérias por técnicas de coloração, provas bioquímicas, 
demonstração de antígenos por métodos imunológicos, pesquisa de genes específicos 
do agente microbiano, pesquisa de anticorpos e resposta imunológica celular. 
- Obtenção da amostra para cultura 
Após a realização da colheita do material para cultura, devem-se efetuar três 
etapas. Primeiro, a amostra deve ser enviada o mais rápido possível ao laboratório, 
devido ao fato de muitos micro-organismos morrerem com a exposição prolongada ao 
ar, por ressecamento. Deve-se especificar, por escrito na folha de pedido, a origem do 
material para cultura. Esses dados informam ao laboratório quais micro-organismos da 
flora normal são esperados, além de fornecer uma informação sobre que patógenos 
devem ser procurados. E, se houver suspeita de um micro-organismo específico, essa 
informação deve ser notificada, para que sejam utilizadas as técnicas específicas. 
- Isolamento 
Para o isolamento das bactérias envolvidas em infecções na rotina laboratorial, 
são utilizados os meios de cultura. Os meios de cultura são uma associação de 
nutrientes, preparados em laboratório, que se destinam ao cultivo artificial dos micro-
organismos. 
 
 
14 
A partir do procedimento de coleta da amostra clínica, deve ser feita a seleção 
do meio de cultura a ser empregado e escolhida a temperatura e atmosfera de 
incubação. Geralmente e temperatura de incubação utilizada para a maioria dos micro-
organismos patogênicos ao homem gira em torno de 35ºC a 37ºC. Quanto à 
atmosfera, as bactérias podem ser aeróbias, microaerófilas, anaeróbias estritas, ou 
mesmo crescerem independente da presença ou ausência de oxigênio. 
Assim, é fundamental o conhecimento dos micro-organismos que 
provavelmente poderão estar presentes numa amostra clínica. Algumas espécies são 
bastantesensíveis a variações de temperatura e atmosfera, como Neisseria 
gonorrhoeae. Temperaturas em torno de 4ºC podem favorecer o crescimento de 
Listeria monocitogenes e Yersinia enterocolitica. Bactérias termofílicas, como 
Campylobacter jejuni, presente nas fezes, devem ser incubadas em temperaturas em 
torno de 42ºC, diferenciando-as de outras espécies de Campylobacter que não são 
termofílicas. 
Em geral, necessita-se de um prazo de pelo menos 48 horas ou mais para 
estabelecer o diagnóstico definitivo: um dia para a cultura do micro-organismo e um 
dia para identificá-lo. Algumas vezes, quando se tem uma cultura mista, é necessário 
mais um dia para o isolamento microbiano. Sabe-se que alguns micro-organismos são 
habitantes normais de certas regiões do corpo, mas patógenos de outras áreas. Tal 
informação também é importante para o diagnóstico correto de infecções bacterianas. 
 
- Exame direto ao microscópio 
Pode ser feito de dois modos: a fresco ou após coloração. O exame a fresco 
consiste em examinar ao microscópio a preparação obtida, colocando-se sobre a 
lâmina uma gota do material, que se recobre com lamínula. O exame após coloração 
utiliza diferentes corantes para a visualização das bactérias. No método de coloração 
simples, é utilizado um único corante, sendo o azul de metileno o mais empregado. A 
coloração diferencial (ou dupla) utiliza dois corantes e os métodos mais utilizados em 
laboratório clínico são a coloração de Gram e a coloração de Ziehl-Neelsen. 
Na coloração de Gram, são utilizados os corantes cristal violeta e fucsina e as 
bactérias são divididas em dois grandes grupos: as Gram-positivas, que são coradas 
em violeta, e as Gram-negativas, que se coram em vermelho. 
A coloração de Ziehl-Neelsen, empregada para visualização das micobactérias, 
bacilos causadores da tuberculose e da hanseníase, utiliza os corantes fucsina e azul 
de metileno. Após a coloração, as micobactérias adquirem a cor vermelha da fucsina, 
enquanto outros micro-organismos e células coram-se em azul. 
- Identificação bioquímica 
 
 
15 
Os testes bioquímicos são amplamente utilizados em associação com os 
resultados obtidos através da coloração e cultivos, servindo como prova definitiva na 
identificação das bactérias isoladas. As provas bioquímicas estão fundamentadas, 
principalmente, em: pesquisa de enzimas estruturais, importantes no metabolismo do 
micro-organismo; pesquisa de produtos metabólicos e catabólicos e na sensibilidade a 
diferentes compostos. 
 
 Diagnóstico das micoses 
O diagnóstico das infecções micóticas pode ser realizado de diversas 
maneiras: 
- Montagem úmida 
É realizada através de materiais como raspado, exsudato, esfregaço de swab 
recente ou outro material como, por exemplo, escarro. Em geral, é feita uma 
montagem em lâmina com hidróxido de sódio a 10%. As vantagens da técnica são a 
rapidez e, em alguns casos, o estabelecimento de um diagnóstico razoavelmente 
preciso. A desvantagem são os frequentes resultados falso-positivos e falso-negativos, 
devido a falhas nas técnicas de coleta. 
- Esfregaço corado de uma amostra clínica 
Podem ser utilizadas as colorações pelo método de Gram ou de Papanicolaou. 
As vantagens são a rapidez e a obtenção de uma preparação permanente, cuja 
interpretação pode ser mais fácil do que a da montagem úmida. As desvantagens são 
as mesmas da montagem úmida. 
- Amostra de biópsia com demonstração de micro-organismo por corantes 
especiais 
É necessária a utilização de corantes adequados, de um bom número de 
micro-organismos presentes na amostra, além de uma suspeita do fungo causador da 
infecção, para que se tenha sucesso no método. 
- Cultura de uma lesão 
Permite o isolamento definitivo do micro-organismo e a identificação da 
espécie. Para resultados precisos, é necessária a obtenção de uma amostra 
apropriada, da manutenção da viabilidade microbiana durante o transporte da amostra 
ao laboratório, da utilização de meios de cultura apropriados e da experiência dos 
técnicos. Em geral, são necessários vários dias para o crescimento dos fungos. 
- Provas sorológicas 
São necessárias duas amostras e um período prolongado para a realização do 
teste, sendo a segunda amostra obtida uma a duas semanas após a primeira. Isso 
 
 
16 
significa que é um teste demorado, uma vez que as amostras devem ser 
encaminhadas a um laboratório especializado. 
- Provas cutâneas 
São testes que proporcionam um rápido resultado. No entanto, têm como 
desvantagens o período de tempo necessário para o desenvolvimento de anticorpos 
pelo organismo e a dificuldade em distinguir um resultado positivo, proveniente de 
infecção antiga, de um resultado positivo decorrente de infecção recente ou ativa. 
 
 Diagnóstico das viroses 
 
As infecções causadas por vírus podem ser identificadas de duas formas: o 
isolamento direto através de culturas e a demonstração de anticorpos no soro do 
paciente, dirigidos contra micro-organismos específicos. Quando possível, as duas 
técnicas deveriam ser realizadas simultaneamente, de forma que uma complemente a 
outra. No entanto, devido ao elevado custo dos métodos de cultura, as provas 
sorológicas são mais amplamente utilizadas. Obtém-se uma amostra de soro no início 
da doença e uma segunda amostra depois de duas a três semanas. 
O tipo de amostra necessário para cultura viral depende do tipo de doença. Na 
meningite, por exemplo, é preciso obter uma amostra do LCR e também efetuar uma 
cultura de fezes para vírus, pois os enterovírus são uma causa frequente de meningite. 
Nesse tipo de infecção, a cultura de fezes é mais eficaz do que a cultura do LCR. 
Toda amostra de vírus deve ser acompanhada de uma história clínica 
adequada, contendo achados físicos e laboratoriais do paciente. A amostra deve ser 
acompanhada da data de início da doença clínica, da data de colheita da amostra e do 
diagnóstico clínico. É necessário ainda indicar o micro-organismo mais provável, o que 
ajuda o laboratório a decidir os métodos a serem utilizados. Com as informações 
corretas, pode-se ganhar tempo e ainda conseguir uma interpretação significativa dos 
resultados. 
 
4. PRINCIPAIS ESPÉCIES DE COCOS PATOGÊNICOS 
 
 Staphylococcus aureus 
 
É um coco Gram positivo, geralmente agrupado em cachos. É um patógeno 
oportunista, frequentemente encontrado na pele como parte da microbiota normal. As 
infecções causadas por S. aureus são frequentemente chamadas “infecções 
estafilocócicas”. É a principal causa de infecções da pele, dos tecidos moles, do trato 
 
 
17 
respiratório, dos ossos, das articulações, endovasculares e de feridas. Espinhas, 
furúnculos, carbúnculos e terçóis também são causadas por essa espécie microbiana. 
É causa frequente de infecções nosocomiais, causando infecções de feridas pós-
cirúrgicas. Com menos frequência, causa pneumonia e infecções do trato urinário. São 
produtoras de inúmeras toxinas, que levam a doenças como a síndrome do choque 
tóxico e a intoxicação alimentar. S. aureus é ainda a causa mais comum de 
endocardite bacteriana aguda. 
O ser humano infectado é o principal reservatório e pessoas que possuem 
lesões com secreção purulenta constituem as fontes mais comuns de disseminação 
epidêmica. A transmissão também pode ocorrer através de um portador assintomático. 
Em hospitais, a disseminação pode acontecer através das mãos dos profissionais de 
saúde. 
 
 Staphylococcus epidermidis 
 
É encontrado em maior abundância do que S. aureus, fazendo parte da 
microbiota normal da pele. Apesar de ser bem menos virulenta que S. aureus, pode 
também ser patogênica. Em 2% a 3% dos casos, representa o agente causal da 
endocarditeinfecciosa, mais frequentemente em indivíduos portadores de válvula 
cardíaca artificial. 
É importante agente causador de infecção hospitalar, sendo um risco para 
pacientes imunocomprometidos e para usuários de drogas intravenosas, podendo 
causar, além da endocardite, infecções generalizadas não-piogênicas. Pode ainda 
causar peritonite, ventriculite e infecções em locais com próteses. 
 
 Staphylococcus saprophyticus 
 
É uma bactéria que faz parte da microbiota normal da pele e do trato genito 
urinário. Tem sido implicado como causa frequente de infecções do trato urinário, 
sendo mais comum em mulheres e podendo chegar a causar cistite, uretrite, 
pielonefrite e, em casos mais extremos, bacteremia. É mais em mulheres na faixa nos 
20 aos 40 anos de idade e no homem sua presença torna-se mais evidente a partir 
dos 50 anos de idade. 
 
 Streptococcus pneumoniae 
Também conhecido como pneumococo, é um coco Gram positivo, geralmente 
agrupado aos pares. É encontrado como microbiota endógena do trato respiratório 
 
 
18 
superior e pode ser classificado como um patógeno oportunista. Essa bactéria é a 
causa mais comum de pneumonia bacteriana no mundo, doença que pode ser 
conhecida como pneumonia pneumocócica. Causa também meningite, especialmente 
em idosos. São ainda responsáveis por numerosos casos de infecção do ouvido médio 
em crianças. 
 
 Streptococcus pyogenes 
 
É um coco Gram positivo, geralmente agrupado em cadeia, que pode ser 
encontrado como microbiota endógena do trato respiratório superior, agindo como 
patógeno oportunista. Causa faringite estreptocócica, infecções de ferida e infecções 
cutâneas, como impetigo e erisipela. A faringite estreptocócica é uma infecção 
bacteriana aguda da orofaringe, que tem como sintomas dor de garganta, calafrios, 
febre, cefaleia. Quando não tratada, pode levar a complicações como escarlatina, 
febre reumática e glomerulonefrite. 
A bactéria pode ser transmitida de pessoa a pessoa através de gotículas 
respiratórias, ou por contato direto com mãos e secreções nasais de pacientes e 
portadores, ou ainda através de poeira, lenços e curativos contaminados. 
 
 Streptococcus agalactiae 
 
Representa uma das causas mais comuns de septicemia e meningite 
neonatais. A infecção pode ocorrer de duas formas clínicas: início precoce (antes de 7 
dias de vida, geralmente dentro de 48 horas após o nascimento) e início tardio (dentro 
de 7 dias de vida). Os recém-nascidos sépticos podem apresentar angústia 
respiratória. A fonte de infecção estreptocócica provém do trato genital materno. 
Adultos também podem ser infectados, sendo os tipos mais comuns representados por 
endometrite pós-parto, infecção após operação do trato urinário ou ginecológicas, 
pneumonia e infecções dos tecidos moles. 
 
 Neisseria gonorrhoeae 
 
São cocos Gram negativos, conhecidos como gonococos, causadores de 
uretrite gonorreica, ou gonorreia. Apresentam-se como diplococos intracelulares em 
forma de feijão. Esta espécie penetra nas superfícies de células epiteliais do 
hospedeiro, por meio de uma estrutura chamada pili (ou pelo), presente na superfície 
da parede bacteriana. 
 
 
19 
A gonorreia é uma doença sexualmente transmissível (DST), assintomática em 
75% a 80% das mulheres infectadas e em 5% a 15% dos homens infectados. A 
descrição do agente etiológico foi feita por Albert Neisser em 1879. A transmissão se 
dá por contato sexual ou de forma vertical (da mãe para o feto), causando a oftalmia 
gonocócica do recém-nascido. Nos homens e em cerca de 20% das mulheres, os 
sintomas surgem cerca de 2 a 8 dias após o contágio. A gonorreia no homem, quando 
não tratada, evolui para complicações do tipo epididimite, prostatite e outras, podendo 
levar à esterilidade. Na mulher, as complicações são mais severas, evoluindo para 
Doença Inflamatória Pélvica (DIP) e esterilidade, chegando, em alguns casos, a óbito. 
 
 Neisseria meningitidis 
 
São cocos Gram negativos, conhecidos como meningococos, sendo a causa 
mais comum de meningite, apesar de a incidência variar com a faixa etária. Faz parte 
da flora normal da garganta. Os seres humanos são os únicos portadores naturais de 
N. meningitidis. 
Os principais sintomas da meningite meningocócica são: mal-estar, febre, 
estado mental alterado, cefaleia, vômito, fotofobia, rigidez na nuca. A infecção tem 
início com a colonização da mucosa da nasofaringe, atravessa seu epitélio e invade a 
corrente circulatória, adaptando-se às condições do hospedeiro. Porém, na sua forma 
mais grave, a bactéria atinge as meninges. A bactéria pode ser adquirida a partir de 
indivíduos doentes ou de portadores assintomáticos, através do contato direto com a 
secreção da nasofaringe. 
 
 Haemophillus influenza 
 
São bactérias Gram negativas, na forma de bastonetes muito pequenos, 
conhecidos como cocobacilos. É a causa mais comum de meningite entre 2 meses e 5 
anos de idade, sendo bem menos comum em adultos. É considerada como flora 
normal da nasofaringe e também do escarro, que adquire os micro-organismos ao 
passar pela orofaringe. 
A transmissão da meningite causada por H. influenza ocorre por contato direto 
pessoa a pessoa, doente ou portadora, através da via respiratória. A maioria dos 
casos de meningite por esta espécie bacteriana é devida a cepas encapsuladas de H. 
influenza tipo B, sendo esse micro-organismo responsável por cerca de 3% a 6% dos 
óbitos. A colonização bacteriana ocorre, inicialmente, nas vias aéreas superiores, 
sendo frequente também a presença prévia de otite média. Cerca de 15% das otites 
 
 
20 
médias causadas por este agente evoluem para a meningite secundária. Adultos e 
crianças maiores de 6 anos, podem se tornar portadores sãos do agente, quando em 
contato íntimo com crianças doentes. 
 
 Bordetella pertussis 
 
É um cocobacilo Gram negativo pequeno, geralmente disposto como células 
únicas ou aos pares. É o agente etiológico da coqueluche, mais bem isolada de 
culturas da nasofaringe. A coqueluche é uma infecção bacteriana aguda, altamente 
contagiosa, que geralmente ocorre na infância. O primeiro estágio da doença envolve 
sintomas brandos, semelhantes a um resfriado. O segundo estágio é caracterizado por 
acessos graves e incontroláveis de tosse, que podem causar ruptura dos pulmões, 
hemorragia ocular e cerebral e fratura de costelas. O ser humano é o único 
reservatório e a transmissão ocorre por gotículas produzidas durante a tosse e 
transmitidas pelo ar. 
 
5. PRINCIPAIS ESPÉCIES DE BACILOS PATOGÊNICOS 
 
 Corynebacterium diphteriae 
 
Também conhecida como bacilo diftérico, é um bacilo Gram positivo em forma 
de clava, que tende a formar arranjos que lembram letras chinesas. É o agente 
transmissor da difteria, doença bastante controlada nos países que praticam 
regularmente a vacinação antidiftérica. A forma clínica mais comum da difteria é a 
faríngea e, para que ocorra, é necessário que o bacilo penetre e colonize a mucosa da 
faringe. A transmissão ocorre pela inalação de aerossóis provenientes de doentes ou 
de portadores normais do bacilo diftérico. Pode também causar infecção na pele, na 
laringe e nos órgãos genitais. 
O homem é o único reservatório natural do bacilo diftérico. A taxa de 
portadores na população geral varia entre 1% e 3% e nos contatos familiares entre 8% 
e 14%. A difteria é mais frequente em crianças com idade inferior a 10 anos e o maior 
número de casos e óbitos tende a ocorrer na faixa de 1 a 4 anos. No Brasil, a doença 
é endêmica, embora raramente tenham sido registrados surtos epidêmicos. Tais 
surtos ocorrem mais frequentemente nas áreas mais pobres,com atendimento médico 
precário e falhas na vacinação. 
 
 Clostridium tetani 
 
 
21 
 
É um bacilo Gram negativo esporulado, agente etiológico do tétano. Possui 
aspecto de raquete, podendo ser encontrado no solo de todas as partes do mundo. O 
tétano pode ser localizado ou generalizado. O tétano generalizado é reconhecido, 
inicialmente, pelo trismo (espasmo do masseter) e pelo riso sardônico (espasmos dos 
músculos bucais e faciais). O paciente permanece consciente. O tétano localizado 
resulta de espasmos dolorosos nos músculos adjacentes ao sítio da lesão e pode 
preceder ao tétano generalizado. Pode ocorrer ainda o tétano neonatal, manifestando-
se após 3 a 12 dias do nascimento de bebês de mães não vacinadas. 
A doença acomete pessoas em todo o mundo, sendo considerada endêmica 
em muitos países, associada à contaminação através de objetos contendo esporos. 
Tem sido relatado em usuários de drogas e de piercings, devido à contaminação com 
os instrumentos utilizados. A prevenção é obtida através da vacina tríplice, 
administrada em 3 doses, nos 3 primeiros meses de vida, com reforço no quinto ano 
de vida e depois de 10 em 10 anos. 
 
 Listeria monocytogenes 
 
É um bacilo Gram positivo, importante patógeno oportunista humano, podendo 
causar diversas infecções graves em indivíduos imunocomprometidos, recém-
nascidos e mulheres grávidas. Causa a listeriose, que pode ser adquiria após a 
ingestão de alimentos contaminados e manifesta-se como gastroenterite, meningite, 
encefalite, infecção materno-fetal e septicemia, resultado em uma taxa de mortalidade 
que ultrapassa 20%. Por ser uma das principais bactérias patogênicas transmitidas 
através dos alimentos, tem despertado grande interesse da Microbiologia. 
Essa espécie bacteriana pode causar doenças como: 
- Infecção na gestação: durante as primeiras semanas da gestação, 
principalmente devido à baixa imunidade celular, as mulheres grávidas podem 
desenvolver bacteremia causada por Listeria. As manifestações clínicas são doença 
aguda febril, mialgias, artralgias, dor de cabeça e dores nas costas. Cerca de 20% das 
infecções perinatais resultam em natimorto ou morte neonatal. 
- Infecção neonatal: pode se manifestar de duas formas. Na septicemia de 
início precoce, a bactéria pode infectar conjuntiva, ouvido externo, nariz, garganta, 
fluido amniótico, placenta e sangue. Pode ocorrer ainda, cerca de duas semanas após 
o parto, meningite de início tardio. 
- Bacteremia: é a manifestação mais comum da infecção por Listeria e sua 
manifestação clínica inclui febre e mialgias, embora possam ocorrer diarreia e náusea. 
 
 
22 
- Meningites: Listeria é uma das três principais causas de meningite neonatal, 
estando em segundo lugar entre as meningites que ocorrem em adultos com mais de 
50 anos de idade. 
L. monocytogenes pode ainda causar abscessos cerebrais, endocardites e 
infecções localizadas no fígado, pulmão, intestino, articulações e ossos. 
 
 Shigella sp. 
 
É um bacilo Gram negativo, pertencente à família Enterobacteriaceae e que 
infecta principalmente o homem e, excepcionalmente, outros primatas como macacos 
e chimpanzés, causando a shigelose ou disenteria bacilar. Todas as espécies são 
patogênicas a possuem capacidade de invadir o epitélio do intestino grosso, causando 
intensa reação inflamatória. Como consequência, o paciente geralmente apresenta 
leucócitos, muco e sangue nas fezes. Raramente a bactéria invade a circulação do 
paciente. 
A infecção pode se manifestar de forma assintomática e subclínica, como 
episódios benignos de diarreia aquosa ou de formas graves e tóxicas, conhecidas 
como disenteria bacilar clássica. Esta forma, causada por S. dysenteriae, é 
caracterizada por diarreia aquosa, febre, cólicas abdominais e tenesmo, assim como 
pela emissão permanente de fezes mucopurulentas e sanguinolentas. Além da febre 
alta, pode ocorrer anorexia, náuseas, vômito, cefaleia, calafrios e convulsões. Em 
crianças hospitalizadas com quadro de infecção por Shigella, a causa mais frequente 
de morte é a septicemia, ocorrendo principalmente em crianças mal nutridas e com 
hipoglicemia. 
Nos países em desenvolvimento, onde podem ocorrer superpopulação e 
condições de saneamento inadequadas, a shigelose é frequentemente transmitida 
através do contato pessoa a pessoa, a partir de excretas de indivíduos infectados. Em 
países desenvolvidos, podem ocorrer surtos esporádicos transmitidos por alimentos 
mal cozidos ou água contaminada. No Brasil, as espécies mais frequentemente 
isoladas são S. flexneri e S. sonnei. 
 Salmonella sp. 
 
O gênero Salmonella pertence à família Enterobacteriaceae e é composto por 
bacilos Gram negativos. Tais bactérias infectam o homem e praticamente todos os 
animais domésticos e selvagens, incluindo pássaros, répteis e insetos. As fezes de 
indivíduos doentes ou portadores podem contaminar água potável e alimentos. No 
 
 
23 
homem, causam vários tipos de infecção, sendo as mais comuns a gastroenterite e a 
febre tifoide. 
- Gastroenterite: é uma infecção aguda da mucosa intestinal, causada por S. 
typhimurium. Em adultos sãos, é frequentemente chamada de intoxicação alimentar, 
quando ocorre a transmissão das bactérias por alimentos de origem animal, ovos, 
frango e carnes mal passadas. Após o término da gastroenterite, as células 
bacterianas ainda são encontradas nas fezes por 4 a 5 semanas. Em pacientes 
imunodeprimidos, pode ocorrer bacteremia após a enterocolite. As infecções mais 
graves acontecem em idosos e recém-nascidos, mais suscetíveis à doença. 
- Febre tifoide: é causada principalmente pela S. typhi e trata-se de uma 
infecção sistêmica que tem início na mucosa intestinal e dissemina-se através do 
sangue, atingindo fígado, baço e medula óssea. A doença é mais comum em crianças 
apresentando-se geralmente como uma febre prolongada, dor de cabeça, desconforto 
abdominal e letargia generalizada. 
A transmissão da Salmonella para o homem geralmente ocorre pelo consumo 
de alimentos contaminados, podendo ocorrer também à transmissão pessoa a pessoa 
em hospitais, ou ainda através do contato com animais infectados. Os produtos 
alimentícios de origem animal, como carne, leite e ovos são mais comumente 
responsáveis pela transmissão desses micro-organismos ao homem. Outro 
mecanismo de transmissão consiste na contaminação do homem pelo contato com 
animais de estimação exóticos, como lagartos, cobras, iguanas, entre outros. 
 
 Klebsiella pneumoniae 
 
Esse gênero bacteriano pertence à família Enterobacteriaceae, sendo 
frequentemente isolado de materiais biológicos humanos. K. Pneumoniae é 
encontrada nas fezes de 30% dos indivíduos normais e, em menor frequência, na 
nasofaringe. É uma importante causa de pneumonia, bacteremias e de infecções em 
outros órgãos, como o trato urinário. As infecções podem levar à bacteremia grave, 
com altas taxas de morbidade e mortalidade. Sendo um patógeno oportunista, causa 
infecções em pacientes imunocomprometidos e é um importante agente de infecções 
hospitalares. Assim, recém-nascidos, pacientes cirúrgicos e portadores de neoplasias 
e diabetes possuem maior risco de desenvolver infecção. A meningite pode ser 
observada em neonatos e em pacientes com procedimentos neurocirúrgicos de 
grande porte. K. pneumoniae pode ainda causar endocardite, infecções de feridas 
cutâneas e enterite. 
 
 
24 
No ambiente hospitalar, são relatadas altas taxas de colonização por K. 
Pneumoniae, principalmente nas fezes, mãos e orofaringe. Alguns procedimentos 
invasivos, como utilização de cateter vesical e/ou intubação para ventilação mecânica 
apresentam-se como fatores derisco para a colonização por este micro-organismo. 
Surtos hospitalares provocados por organismos multirresistentes a antibióticos têm 
sido relatados em diversos países nos últimos anos. 
 
 Escherichia coli 
 
É um bacilo Gram negativo, de enorme diversidade ecológica, e compreende 
pelo menos cinco categorias de amostras que causam infecção intestinal por 
diferentes mecanismos e várias outras associadas com infecções urinárias, meningites 
e outras infecções extra-intestinais. Apesar de fazer parte da microbiota intestinal 
normal do homem, estando presente nas fezes de todos os indivíduos normais, E. Coli 
é também um patógeno importante. Sua estreita associação com as fezes do homem 
e dos animais representa a base do teste para verificação de contaminantes fecais na 
água e nos alimentos. Os dois tipos gerais de E. coli são a enterro-hemorrágica e a 
enterotoxigênica. 
- E. coli Entero-hemorrágica (EHEC): causa diarreia hemorrágica, aquosa, 
cólicas abdominais, em geral sem febre. A transmissão ocorre pela via fecal-oral, 
através de carne contaminada com fezes e inadequadamente cozida, leite não 
pasteurizado, pessoa a pessoa, água contaminada com fezes. 
- E. coli Enterotoxigênica (ETEC): causa a “diarreia do viajante”, com fezes 
aquosas com ou sem muco ou sangue, podendo ocorrer vômito, cólicas abdominais, 
desidratação e febre baixa. As cepas enterotoxigênicas de E. coli são causa frequente 
de diarreia em crianças de pouca idade, nos países em desenvolvimento. A 
transmissão ocorre por via fecal-oral, através da ingestão de água ou alimentos 
contaminados com fezes. 
 
 Pseudomonas aeruginosa 
É o mais frequente bacilo Gram negativo isolado nos laboratórios de 
Microbiologia Clínica. É um dos principais agentes e infecção em indivíduos com 
defesas diminuídas. Sendo um patógeno oportunista, dificilmente causa infecção em 
um indivíduo normal. Alterações nas defesas do hospedeiro que facilitam a 
colonização por essa bactéria são: interrupção das barreiras cutâneas ou mucosas 
(traumas, cirurgias, queimaduras), imunodepressão fisiológica (prematuros, neonatos, 
 
 
25 
idosos), imunodepressão terapêutica (corticoides, radiação) e imunossupressão clínica 
(diabetes, neoplasia, imunodeficiência). 
Tal bactéria é o patógeno mais devastador para pacientes queimados e 
representa um dos principais agentes de infecção hospitalar em casos de pneumonia, 
infecção urinária, infecção de feridas cirúrgicas e bacteremias. As fontes de infecção 
podem ser extremamente diversificadas e incluem flores, verduras, equipamentos 
respiratórios, torneiras, chuveiros, próteses etc. 
 
 Mycobacterium tuberculosis 
 
A tuberculose humana é uma doença infectocontagiosa, causada 
principalmente por M. tuberculosis. A transmissão ocorre principalmente através de 
partículas infectantes. Em pacientes com a doença na forma ativa, a inflamação 
pulmonar crônica é caracterizada por tosse, sendo este o principal mecanismo de 
disseminação do micro-organismo para novos hospedeiros. 
Atualmente, a tuberculose é responsável pelo maior índice de mortalidade 
humana causada por um único agente infeccioso, representando 7% de todas as 
mortes no mundo. A doença é conhecida desde os tempos de Hipócrates, como tísica. 
No Brasil, acredita-se que a tuberculose tenha sido introduzida com a vinda dos 
portugueses e missionários jesuítas, em 1500. Associa-se o seu ressurgimento a 
fatores como o aumento na incidência de resistência a drogas, o surgimento da 
epidemia de AIDS no início da década de 1980. 
 
 Mycobacterium leprae 
 
A lepra possui origem geográfica incerta, existindo poucas evidências históricas 
da doença. Em 1400 a.C., já era referida em escrituras sagradas indianas e foi 
descrita tanto no Velho como no Novo Testamento. Cidadãos com sintomas da 
doença passaram a ser isolados da sociedade e encaminhados a “leprosários”, onde 
se acumulavam e eram tratados como se já estivessem mortos. Em 1873, quando 
ainda se acreditava que a lepra fosse uma punição divina, o cientista norueguês 
Gerhard Hansen associou o micro-organismo M. leprae à doença humana, a partir de 
biópsias de lesões cutâneas. 
A lepra, doença de Hansen, ou hanseníase é uma doença infecto-contagiosa, a 
única conhecida por invadir o sistema nervoso periférico. Afeta principalmente a pele, 
as vias aéreas superiores, o sistema nervoso periférico e os olhos. A doença pode 
ainda causar sequelas graves, como cegueira, a partir de complicações oculares 
 
 
26 
resultantes da danificação crônica dos nervos simpatéticos. O M. leprae possui baixa 
patogenicidade, uma vez que somente algumas das pessoas infectadas desenvolvem 
a doença. Atinge principalmente indivíduos com idade variando entre 10 e 20 anos, 
sendo mais comum no sexo masculino. O bacilo causador da lepra apresenta 
temperatura ótima de crescimento de aproximadamente 30ºC, e por isso infecta 
preferencialmente áreas “mais frias” do corpo humano, como a mucosa nasal e 
extremidades dos nervos periféricos (cotovelos, pulsos, joelhos e tornozelos). 
A transmissão do M. leprae ocorre através das vias aéreas superiores, onde a 
mucosa nasal possui um papel central. A doença é transmitida entre pessoas através 
do convívio de suscetíveis e doentes. Existe ainda a possibilidade de envolvimento da 
pele na transmissão da doença, já que a manifestação do patógeno é evidente neste 
tecido, no entanto, não há evidências consistentes a respeito dessa possibilidade. A 
possibilidade de infecção depende do nível de exposição e da intensidade da fonte 
infecciosa. Atualmente, a hanseníase está limitada a alguns países em 
desenvolvimento, manifestando-se de forma endêmica em regiões tropicais e 
subtropicais, estando relacionada com a pobreza. É mais prevalente em áreas rurais 
que em centros urbanos. 
 
6. NOÇÕES DE IMUNOLOGIA 
 
Imunologia é a ciência que estuda o sistema imunológico e suas respostas, que 
envolvem interações complexas entre vários tipos de células e secreções celulares do 
corpo. Indivíduos sadios se protegem contra micro-organismos invasores através de 
diferentes mecanismos, que podem ser barreiras físicas, células presentes no sangue 
e tecidos e diversas moléculas originárias do sangue, todos participantes na defesa do 
indivíduo. A imunidade inata ou natural compreende os mecanismos de defesa que 
estão presentes antes da exposição a agentes infecciosos ou a outras moléculas 
estranhas. Tais mecanismos são inespecíficos e não são aumentados por tais 
exposições. A imunidade adquirida é constituída por mecanismos de defesa 
induzidos ou estimulados pela exposição a substâncias estranhas, são específicos e 
aumentam a cada exposição sucessiva ao agente estranho. 
 
 Imunidade inata 
 
A imunidade inata compreende amplos mecanismos de defesa do hospedeiro, 
que servem para proteger o organismo contra muitas substâncias nocivas. São 
mecanismos inespecíficos e congênitos, constituídos por pele e mucosas, microbiota 
 
 
27 
endógena e algumas respostas celulares e químicas como febre, produção de 
interferons, ativação do sistema complemento, inflamação, quimiotaxia e fagocitose. 
-Pele e mucosas 
A pele que reveste os nossos corpos representa um desses mecanismos 
inespecíficos de defesa do hospedeiro, servindo como uma barreira física ou mecânica 
contra os patógenos. A maioria dos micro-organismos é incapaz de penetrar na pele 
intacta, só conseguindo penetrar no organismo quando esta barreira sofre alguma 
lesão, como cortes e queimaduras ou quando são inoculados através de vetores, 
como o artrópodes. As mucosas também servem como barreira física ou mecânica 
contra os patógenos, sendo o muco produzidopor elas uma forma de capturar os 
invasores. 
A secura da maioria das partes da pele, assim como a acidez (pH de 
aproximadamente 5,0) e a temperatura ( 37ºC) inibem a colonização por muitos 
patógenos. O sebo produzido pelas glândulas sebáceas da pele contém ácidos 
graxos, que são tóxicos para alguns patógenos. A transpiração também serve como 
um mecanismo inespecífico de defesa, retirando micro-organismos dos poros e da 
superfície da pele. A lisozima e outras enzimas presentes nas secreções nasais, saliva 
e lágrimas têm a capacidade destruir as bactérias invasoras. 
- Microbiota endógena 
A microbiota endógena da pele, cavidade oral, trato respiratório superior, cólon 
e outros órgãos, têm função importante na defesa inespecífica do hospedeiro, uma vez 
que impede que patógenos colonizem estes locais. 
- Febre 
A febre é caracterizada por temperaturas corpóreas maiores que 37,8ºC. As 
substâncias que estimulam a produção de febre são chamadas de pirogênios. A febre 
aumenta as defesas do corpo através da estimulação da multiplicação dos leucócitos 
que irão destruir os invasores; reduzindo a quantidade de ferro livre no plasma e assim 
limitando o crescimento dos micro-organismos ou induzindo a produção de 
interleucina, um pirogênio que estimula a proliferação e ativação de linfócitos durante a 
resposta imunológica. Temperaturas elevadas ainda reduzem a taxa de crescimento 
de alguns patógenos e podem até mesmo levá-los à morte. 
- Interferons 
Os interferons são pequenas proteínas antivirais, produzidas por células 
infectadas por vírus. Possuem esse nome porque “interferem” na replicação viral. São 
induzidos por diferentes estímulos, incluindo vírus, tumores, bactérias e outras células 
estranhas. Os diferentes interferons são produzidos por diferentes tipos de células. 
Além do seu aspecto benéfico, os interferons que são produzidos em resposta a certas 
 
 
28 
infecções virais causam sintomas semelhantes à gripe, como indisposição, mialgia, 
calafrios e febre, associados a muitas infecções virais. 
- Sistema complemento 
O sistema complemento é um grupo de aproximadamente 30 proteínas 
diferentes, encontradas no plasma sanguíneo normal, que “complementam” a ação do 
sistema imunológico. Essas proteínas interagem umas com as outras de forma 
encadeada, conhecida como “cascata do complemento”. A ativação desse sistema 
auxilia na destruição de muitos patógenos diferentes, através de mecanismos, como: 
início e amplificação da inflamação, atração de fagócitos para o local da infecção, 
ativação de leucócitos, lise de bactérias e outras células estranhas, aumento da 
fagocitose pelas células fagocíticas. 
- Inflamação 
É uma série complexa de eventos, cujos principais mecanismos são: aumento 
do diâmetro dos capilares, com consequente aumento do fluxo sanguíneo para o local; 
permeabilidade aumentada dos capilares, permitindo o escape de plasma e proteínas; 
saída de leucócitos dos capilares e seu acúmulo no local da lesão. 
A inflamação tem como objetivos localizar a infecção, impedindo a dispersão 
dos micro-organismos invasores, neutralizar qualquer toxina que esteja sendo 
produzida no local e ajudar no reparo do tecido danificado. Os sinais e sintomas da 
inflamação são vermelhidão, calor, inchaço e dor. Frequentemente, há formação de 
pus e, algumas vezes, perda de função da área afetada. 
- Fagocitose 
É o processo pelo qual os fagócitos englobam e ingerem materiais estranhos. 
Os dois grupos mais importantes de fagócitos do corpo humano são os macrófagos e 
os neutrófilos. Estas células são responsáveis por livrar o organismo de substâncias 
indesejáveis, como células mortas, restos celulares e micro-organismos. As etapas da 
fagocitose são: 
1. QUIMIOTAXIA: os fagócitos são atraídos pelos agentes quimiotáticos ao 
local da infecção; 
2. ADESÃO: o fagócito adere a um objeto; 
3. INGESTÃO: os pseudópodes circundam o objeto, levando-o ao interior da 
célula; 
4. DIGESTÃO: o objeto é degradado e dissolvido por enzimas digestivas e por 
outros mecanismos. 
 
 Imunidade adquirida 
 
 
 
29 
Resulta de uma produção ativa ou do recebimento de anticorpos durante um 
período da vida. Se os anticorpos são produzidos no interior do organismo da pessoa, 
a imunidade é chamada imunidade ativa, sendo tal proteção geralmente duradoura. É 
adquirida em resposta à entrada de um patógeno vivo no organismo ou em resposta a 
vacinas. Quando a pessoa recebe anticorpos produzidos por um indivíduo 
especificamente imunizado, tal proteção é chamada imunidade passiva e normalmente 
é apenas temporária. Pode ser adquirida pelo feto, quando recebe anticorpos 
maternos ou pelo lactente, ao receber anticorpos maternos contidos no colostro. 
A resposta imune adquirida pode ser dividida em dois ramos principais: a 
imunidade humoral e a imunidade mediada por células. Na imunidade humoral, 
moléculas chamadas anticorpos são produzidas por linfócitos com o objetivo de 
inativar e destruir micro-organismos específicos. Na imunidade mediada por células, 
estão envolvidos vários tipos celulares, atuando de diferentes formas na proteção do 
organismo contra agentes infecciosos. 
- Imunidade humoral 
É mediada por moléculas do sangue, chamadas anticorpos, que são 
produzidas pelos linfócitos B. Os anticorpos reconhecem de forma específica os 
antígenos microbianos, neutralizando a infecciosidade desses agentes. É o principal 
mecanismo de defesa contra micro-organismos extracelulares e suas toxinas. 
ANTICORPOS: são glicoproteínas produzidas pelos linfócitos em resposta à 
presença de um antígeno. Normalmente, um anticorpo é considerado específico, pois 
irá reconhecer e se ligar apenas ao determinante antigênico que estimulou sua 
produção. Todos os anticorpos pertencem a uma classe de proteínas chamada 
imunoglobulinas, que são encontradas no sangue, na linfa, na lágrima, na saliva e no 
colostro. 
ANTÍGENOS: pode ser qualquer substância orgânica estranha, capaz de 
estimular a produção de anticorpos. Os antígenos podem ser proteínas, grandes 
polissacarídeos ou moléculas de DNA ou RNA, ou ainda qualquer combinação de 
moléculas biológicas que são componentes celulares de micro-organismos e de 
macro-organismos, como os helmintos. 
- Imunidade celular 
A imunidade mediada por células tem como função controlar infecções crônicas 
causadas por patógenos intracelulares, uma vez que os anticorpos são incapazes de 
entrar nas células. Dessa forma, promove a destruição dos micro-organismos 
intracelulares, como vírus e algumas bactérias. Ocorre por ação direta de células 
denominadas linfócitos T, que são altamente específicas para cada patógeno, 
resultando em reações dirigidas contra as características de cada agente agressor. 
 
 
30 
Pode ocorrer a destruição da célula microbiana presente no interior do fagócito ou a 
lise de células infectadas. 
 
7. MICOSES SUPERFICIAIS E SUBCUTÂNEAS 
 
As micoses são doenças infecciosas representativas e constituem o principal 
objeto de estudo da Micologia Médica. O reservatório habitual dos fungos que infectam 
o homem pode ser o próprio homem, os animais ou um sítio na natureza, onde o fungo 
se desenvolve como saprófita. As micoses superficiais compreendem as infecções 
fúngicas que atingem pele, pêlo, unhas e mucosas. 
As micoses superficiais estritas localizam-se nas camadas superficiais da pele 
ou do pêlo. As dermatofitoses atingem pele, pêlo ou unhas e são causadas por fungos 
queratinofílicos, os dermatófitos. As dermatofitoses podem ser transmitidas de homem 
a homem, de animal ao homem ou do solo ao homem. 
 
Micoses superficiais estritas 
Caracterizam-se por lesões nodulares nospêlos ou manchas na pele, 
produzindo alteração mais superficial do estrato córneo e, na maioria das vezes, não 
induzem resposta inflamatória do hospedeiro. Essas infecções são consideradas mais 
pelo aspecto antiestético da lesão. 
 
PTIRÍASE VERSICOLOR 
É micose superficial, geralmente assintomática, caracterizada por lesões do 
tipo hipo ou hipersegmentadas, daí seu nome de versicolor, localizadas no tórax, 
abdome, pescoço, face e, com menos freqüência, nos membros, axilas, virilhas e 
coxas. Espécies do gênero Malassezia, fungos lipofílicos, são os agentes da pitiríase 
versicolor. 
A pitiríase versicolor é prevalente em zonas tropicais e subtropicais, ocorrendo 
principalmente em adolescentes e adultos. É conhecida também como micose de 
praia, pois quando o indivíduo se expõe ao sol, as manchas preexistentes dão 
reveladas. 
As espécies do gênero Malassezia parecem fazer parte da microbiota normal 
da pele, na sua fase leveduriforme e, por mecanismos ainda desconhecidos, 
passariam à forma filamentosa, tornando-se patogênicas. O couro cabeludo e outras 
áreas cobertas de pêlo seriam o reservatório do fungo, o que explicaria as freqüentes 
recidivas da micose. As espécies de Malassezia sp. têm sido relacionadas também 
com dermatite seborréica, onicomicose e foliculite. 
 
 
31 
 
TINEA NIGRA (TINHA NEGRA) 
É infecção assintomática de localização preferencial nas palmas das mãos ou 
nas plantas dos pés. Pode também ocorrer em outras áreas da pele. Clinicamente, 
manifesta-se pelo aparecimento de mancha escura, marrom ou negra, de aspecto 
fuliginoso. Dos agentes da tinha negra, Phaeoannellomyces werneckii é a única 
espécie encontrada no Brasil. 
 
PIEDRAS 
São infecções fúngicas que se caracterizam pela presença de nódulos 
irregulares, aderentes ao pêlo e, geralmente, visíveis a olho nu. 
A piedra branca, produzidas por leveduras do gênero Trichosporon, é 
caracterizada pela presença de nódulos claros, pouco aderentes ao pêlo. As colônias 
são de desenvolvimento rápido, de cor creme. Para o diagnóstico, em geral, é 
suficiente a observação microscópica dos pêlos parasitados. 
A piedra negra é causada por Piedraia hortae, encontrada principalmente em 
regiões tropicais e subtropicais, e é endêmica na Amazônia, onde é denominada 
tirana. Os nódulos são de cor escura, muito duros, aderentes aos pêlos e localizam-se 
somente nos cabelos. 
 
Dermatofitoses 
As dermatofitoses são produzidas por um grupo de fungos altamente 
especializados, denominados dermatófitos, que têm uma habilidade de degradar a 
queratina e transformá-la em material nutritivo para seu crescimento. Por essa razão, 
em hospedeiros imunocompetentes, permanecem restritos ao estrato córneo da pele e 
seus anexos, pelos e unhas, não invadindo os tecidos mais profundos. 
O gênero Trichophyton apresenta colônias de desenvolvimento rápido, aspecto 
algodonoso, branco, com reverso de cores variadas. Microscopicamente, são 
verificados macroconídeos cilíndricos, multisseptados, de paredes lisas e finas, e, em 
maior quantidade, microconídeos redondos, ovais ou piriformes. 
Os fungos do gênero Microsporum têm crescimento rápido, com colônias 
algodonosas ou pulverulentas de pigmentação variada no reverso, do amarelo-ouro ao 
marrom, de acordo com a espécie. Os macroconídeos são fusiformes, multisseptados, 
de paredes rugosas e espessas e apresentam poucos microconídios. 
As colônias do gênero Epidermophyton têm desenvolvimento mais lento, são 
aveludadas, com sulcos radiados e de cor amarelo-esverdeado. Microscopicamente, 
 
 
32 
apresentam macroconídios piriformes, multisseptados, de paredes lisas, espessas, 
com duas a quatro células, isolados ou em pequenos cachos. 
Segundo o gênero dos dermatófitos, as lesões podem localizar-se na pele, nos 
pelos e/ou nas unhas e as dermatofitoses são denominadas ainda de acordo com o 
local afetado: tinea capitis (couro cabeludo), tinea barbae (região da barba), tinea 
corporis (pele), tinea pedis (pés), tinea manuum (mãos), tinea unguium (unhas). 
No pelo, os dermatófitos atacam a camada superficial, avançando até o folículo 
piloso. O pelo perde o brilho, torna-se quebradiço e cai. O parasitismo no pelo pode 
ser externo ou interno, podendo, eventualmente apresentar-se das duas formas. Na 
pele, os dermatófitos causam lesões com propagação radial, circulares, bem 
delimitadas, geralmente com centro descamativo e bordos eritematosos. Na unha, a 
infecção inicia-se pela borda livre, podendo atingir a superfície e a área subungueal. 
As unhas tornam-se branco-amareladas, porosas e quebradiças. 
Os dermatófitos são classificados como antropofílicos, geofílicos e zoofílicos. 
Os dermatófitos antropofílicos estão adaptados ao parasitismo humano e mantêm seu 
ciclo na natureza através da passagem de homem a homem. Dermatófitos geofílicos 
são os que têm seu habitat no solo e geralmente estão associados a tecidos 
queratinizados em processo de decomposição, no solo. As espécies de dermatófitos 
zoofílicos têm os animais como hospedeiros preferenciais, infectando usualmente o 
homem. 
Os dermatófitos podem ser transmitidos de homem a homem, do animal ao 
homem, ou vice-versa, de animal a animal e do solo ao homem e animal, pelo contato 
direto, ou através de escamas epidérmicas e pelos infectados. Os mecanismos de 
transmissão dos dermatófitos não estão ainda completamente esclarecidos. Dados 
epidemiológicos sugerem que a transmissão dos antropofílicos é feita pelo contato do 
indivíduo com ambientes contaminados por propágulos do fungo, como piso de salas 
de banho, saunas, borda de piscinas, ou por meio de objetos de uso pessoa, como 
pentes, escovas, toalhas. 
Do ponto de vista epidemiológico, é importante considerar o portador 
assintomático de dermatófitos. Várias pesquisas têm demonstrado a presença de 
dermatófitos em humanos e outros animais, sem lesão clínica aparente. 
 
Micoses subcutâneas 
 
As micoses subcutâneas são causadas por fungos saprófitas, presentes no 
solo, nos vegetais e nos animais de vida livre. Tais fungos são parasitas acidentais do 
homem e dos animais, que adquirem a infecção através de traumatismos na pele, 
 
 
33 
causados por material contaminado. A micose localiza-se na pele, com tendência a 
envolver a camadas mais profundas da derme, tecido subcutâneo e osso, raramente 
ocorrendo sua disseminação. Os agentes causais das micoses subcutâneas são 
geralmente considerados com potencial patogênico baixo e a exposição é 
frequentemente ocupacional ou relacionada a passatempos como jardinagem, trabalho 
com madeira etc. 
 
ESPOROTRICOSE 
O fungo causador dessa micose é Sporothrix schenckii, espécies presente 
principalmente em solos e vegetais. A forma clínica mais comum é a linfocutânea, que 
compromete pele, tecido subcutâneo e gânglios linfáticos. No local de penetração do 
fungo, forma-se uma lesão ulcerada e geralmente, ao longo do trajeto de um linfático 
aparecem nódulos que amolecem, rompem-se e eliminam pus. 
A esporotricose é mais comum em regiões de clima quente. Surtos de infecção 
geralmente estão relacionados ao trabalho em floresta, mineração e jardinagem. Os 
animais infectados também atuam como transmissores e a doença tem ido observada 
em caçadores de tatus. 
 
CROMOBLASTOMICOSE 
A cromoblastomicose, também chamada de cromomicose ou dermatite 
verrucosa, é uma infecção fúngica crônica que afeta a pele e os tecidos subcutâneos. 
Caracteriza-se pelo desenvolvimento de nódulos ou placas verrucosas de crescimento 
lento. A doença é mais comum em regiões quentes e úmidas e os fungos mais 
comumente relacionados com essa micose são dos gêneros: Fonsecaea, 
Cladosporium,Exophiala, Cladophialophora, Rhinocladiella e Phialophora. 
Os fungos causadores da blastomicose crescem em plantas silvestres e no 
solo e geralmente afetam pessoas que trabalham em áreas rurais. A maioria das 
infecções ocorre em homens, acometendo pernas e braços, provavelmente devido à 
exposição ocupacional. A infecção caracteriza-se pela presença de pequenas pápulas 
verrucosas que, em geral, crescem lentamente. Nos estágios mais avançados, as 
lesões apresentam-se com múltiplas verrugas grandes, semelhantes a uma “couve-
flor”, geralmente agrupadas dentro da mesma região. 
 
EUMICETOMAS 
Um micetoma é definido clinicamente como um processo infeccioso localizado, 
crônico e granulomatoso, que envolve os tecidos cutâneos e subcutâneos. Os 
eumicetomas são micetomas causados por fungos. Como outras micoses, a maioria 
 
 
34 
dos eumicetomas também acontece em regiões de clima tropical. Dentre os gêneros 
de fungos que causam eumicetomas estão: Curvularia, Fusarium, Exophiala, 
Leptosphaeria, entre outros. 
São caracterizados pela formação de múltiplos granulomas e abscessos que 
contêm grânulos, muitas vezes eliminados através da pele. O processo infeccioso 
pode ser extenso e deformativo, levando à destruição do músculo, tecido conjuntivo e 
ossos. Os homens são mais afetados que as mulheres e as infecções ocorrem mais 
frequentemente nos pés e nas mãos. Os micetomas não são contagiosos. 
 
FEO-HIFOMICOSE 
Feo-hifomicose é um termo utilizado para descrever um conjunto de infecções 
fúngicas causadas por fungos pigmentados dos gêneros: Phialophora, Cladosporium e 
Exophiala. Tais fungos existem na natureza como saprófitas do solo, da madeira e de 
vegetação. Penetram no organismo através de traumatismo e, em geral, apresentam 
baixa patogenicidade. 
Comumente, a infecção apresenta-se como um cisto inflamatório solitário. As 
lesões ocorrem geralmente nos pés e nas pernas, embora outros locais do corpo 
possam ser envolvidos. As lesões aumentam lentamente e se expandem em meses 
ou anos, sendo geralmente indolores. Quando localizadas próximo a uma articulação, 
as lesões podem ser confundidas com um cisto sinovial, podendo tornar-se grandes o 
suficiente para interferirem com os movimentos. 
 
LOBOMICOSE 
É uma micose também conhecida como blastomicose de Jorge Lobo e tem 
como agente etiológico o fungo Lacazia loboi. A doença é caracterizada pela presença 
de lesões isoladas ou disseminadas na pele e nos tecidos subcutâneos. O fungo 
penetra na pele através de traumatismos em diferentes áreas do corpo. Ocorre 
principalmente em áreas de florestas densas, de clima quente e úmido, acometendo 
frequentemente seringueiros, garimpeiros e lavradores. Não se conhece a transmissão 
entre humanos. 
 
8. MICOSES PROFUNDAS E OPORTUNISTAS 
 
As micoses profundas possuem algumas características em comum, tais como: 
são causadas por fungos com virulência individual e inerentes a cada espécie; esses 
fungos são dimórficos e necessitam, para o seu isolamento, de laboratórios com as 
condições técnicas de segurança mínimas e profissionais bem treinados. Esses 
 
 
35 
fungos geralmente são autóctones de regiões de clima quente e úmido, tendo sua 
distribuição relativamente limitada às zonas tropicais. Tais fungos vivem 
saprofiticamente no solo, na forma filamentosa e, em condições especiais, são 
capazes de liberar estruturas de reprodução assexuada (conídios) que, ao serem 
inaladas por homens e animais, vão ocasionar uma primoinfecção, que pode ser em 
geral discreta ou mesmo não aparente. 
Essas infecções apresentam ainda, como característica comum, a ausência de 
contágio ao contato com uma pessoa infectada. Entretanto, populações que vivem em 
áreas conhecidas como zonas endêmicas, onde podem ser encontrados esses fungos 
em fase filamentosa no solo, mesmo que sejam imunocompetentes, são passíveis de 
desenvolver esse tipo de infecção. 
Paracoccidioidomicose 
É uma micose profunda, causada pelo Paracoccidioides brasiliensis, de início 
pulmonar, com manifestações observadas preferencialmente na pele, mucosas, 
gânglios e árvore respiratória, mas que podem ser observadas em outros órgãos. É 
uma micose estritamente localizada na América Latina. Apresenta maior incidência, 
sobretudo no Brasil e em particular na região Sudeste, principalmente em São Paulo. 
Estudos mostram que esse fungo é mais frequentemente encontrado em 
regiões de floresta, com elevada umidade relativa do ar e temperatura 
moderadamente quente. O fato de esse fungo, na forma filamentosa, sobreviver muito 
bem em água evoca rios e lagos como possíveis habitats naturais. A aquisição da 
infecção se faz, sobretudo por via respiratória, com a inalação de conídios da forma 
filamentosa de P. brasiliensis, e que as lesões de pele e mucosa nada mais são do 
que as manifestações cutâneas secundárias da disseminação da doença. O homem 
parece ser a única espécie animal a desenvolver casos de paracoccidioidomicose, não 
tendo sido, até o presente, observada a doença em outras espécies animais. 
A forma assintomática da doença é a mais comum e tem sido mais 
diagnosticada em zonas endêmicas; na maioria dos casos, não se observa nenhuma 
alteração clínica nem radiológica. A forma aguda/subaguda (tipo juvenil) é responsável 
por 3 a 5% dos casos da doença, predominando em crianças e adolescentes, mas 
podendo acometer indivíduos até os 35 anos de idade. Em ordem de frequência, 
podemos destacar a presença de linfadenomegalia, manifestações digestivas, 
hepatoeplenomegalia, envolvimento ósteo-articular e lesões cutâneas como as 
principais formas de apresentação desta forma da micose. A forma crônica (tipo 
adulto) responde por mais de 90% dos pacientes, e apresenta-se principalmente em 
adultos entre os 30 e 60 anos, predominantemente do sexo masculino. A doença 
progride lentamente, de forma silenciosa, podendo levar anos até que seja 
 
 
36 
diagnosticada. As manifestações pulmonares estão presentes em 90% dos pacientes. 
Os pulmões podem ser o único órgão afetado em até 25% dos casos. Geralmente, a 
doença envolve mais de um órgão simultaneamente (apresentação multifocal), sendo 
pulmões, mucosas e pele os sítios mais acometidos pela infecção. 
 
Histoplasmose 
É uma infecção que tem como porta de entrada e manifestações primárias o 
pulmão, podendo o microrganismo disseminar-se por via hematogênica ou linfática. O 
agente causador dessa doença é um fungo dimórfico denominado Histoplasma 
capsulatum, que pode causar doença em seres humanos e em diversas espécies 
animais temperados. Esse fungo tem uma preferência por solos fofos, com PH 
levemente ácido e enriquecido por matéria orgânica, como fezes de aves e morcegos. 
A aquisição da infecção se faz geralmente por inalação dos conídios, ao limpar ou 
demolir galinheiros, viveiros de pássaros, ou ainda, ao penetrar em cavernas 
habitadas por morcegos. 
 
A histoplasmose tem distribuição quase cosmopolita, tendo sido descrita em 
mais de 50 países e diagnosticada, praticamente, em todas as regiões de clima 
tropical e temperado. O homem e numerosas outras espécies animais, tais como cães, 
roedores silvestres e domésticos, são suscetíveis a desenvolver a histoplasmose; os 
próprios morcegos, que voam a grandes distanciam e vivem em grupo, podem 
desenvolver a doença, facilitando assim a disseminação do fungo. 
A doença pode se manifestar de forma assintomática, na qual os indivíduos 
entram em contato com o fungo, mas não desenvolvem a doença. Algumas vezes 
podem aparecer sintomas que se assemelham a um resfriado. Quando não ocorre a 
cura espontânea, evolui para a forma generalizada, que ocorre por disseminação 
pulmonar

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