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Aula 9 - Lagartas
Complexo de lagartas das pastagens
 As principais pragas de pastagens no Brasil são as cigarrinhas das pastagens e as lagartas. Porém, em algumas propriedades ou regiões, a cochonilha-dos-capins, percevejos, cupins, saúvas ou gafanhotos podem apresentar alguma importância. 
As lagartas são consideradas insetos ocasionais em pastagens, ocorrendo ciclicamente em níveis populacionais elevados, sendo capazes de desfolhar totalmente extensas áreas de pastagens em curto período de tempo. 
As duas principais espécies de lagartas que atacam pastagens no Brasil são: Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho do milho) e Mocis latipes (curuquerê-dos-capinzais), sendo esta última a mais comum.
Cenário
Têm sido relatados casos de grandes surtos populacionais destas pragas em algumas regiões do Brasil nos últimos anos, frequentemente no início da estação chuvosa, seguidos de posterior desaparecimento das mesmas a medida que as chuvas se regularizam. É necessário entender como funciona o ciclo destas pragas e sua dinâmica no ambiente para que se possa propor medidas racionais de manejo e evitar possíveis danos econômicos.
Cenário
Os insetos adultos destas lagartas são mariposas de hábitos noturnos. De maneira geral, cada mariposa pode colocar de 300 à 2.000 ovos em sua vida. 
Estes ovos demoram de 2 à 5 dias para eclodirem, conforme a temperatura do ambiente, dando origem às lagartas, que se alimentam das folhas do capim. Ao completarem o desenvolvimento as lagartas empupam geralmente no solo, sendo o período de pupação variável conforme a temperatura; então a pupa dá origem à uma nova mariposa, fechando o ciclo que dura aproximadamente 30 dias em períodos quentes e chuvosos.
Cenário
Um fator muito importante para o manejo dessas pragas é o conhecimento do padrão de consumo de forragem ao longo da fase de lagarta. 
Ao eclodirem os ovos, as lagartinhas já começam a raspar as folhas do capim, continuando neste processo até completarem seu desenvolvimento total. 
Cada lagarta consome em média 14.000 mm² (140 cm²) de folha de capim para completar seu crescimento. Isto representa, em média, 2,7 gramas de peso verde de B. decumbens.  
Este fato atenta para a importância de se fazer o controle cedo, tão logo se observe folhas raspadas na pastagem.
Cenário
Ainda melhor é fazer o monitoramento de mariposas adultas, através de armadilhas de luz negra ou de feromônio, que consiste num processo menos oneroso que o monitoramento das lagartas na pastagem. 
Além disso, se têm um maior tempo para agir depois de percebido um aumento populacional de mariposas. Espera-se um aumento na população de lagartas no campo de 2 a 3 semanas após observação de aumento na população de mariposas.
Cenário
Em relação ao nível de controle, não foram encontrados na literatura brasileira estudos que definam o nível de controle destes insetos em pastagens. Este nível pode variar consideravelmente conforme o estado da pastagem mas, de maneira geral, aproximadamente 50 à 100 lagartas de qualquer tamanho por metro quadrado já justificam o início das operações de controle.
Este controle pode ser feito de forma química, utilizando-se inseticidas de baixa toxicidade e curto poder residual ou de forma biológica. Produtos microbianos a base de Bacillus thuringiensis podem ser utilizados para o controle de ambas espécies, com menor sucesso para a lagarta-do-cartucho do milho que responde à esse tipo de controle com menor consistência.
Cenário
Em resumo, deve-se atentar para possíveis infestações de lagartas em pastagens sempre no início do período chuvoso. É extremamente importante a definição do momento do controle, quando necessário. 
Este deve ser feito quando as lagartas estão pequenas, evitando assim danos econômicos maiores. Em relação à decisão de se fazer ou não o controle, dependendo da população observada de lagartas na pastagem, deve-se sempre consultar um profissional com experiência no assunto, já que o nível de controle destas pragas ainda não é bem definido na literatura.
Cenário
1. Curuquerê-dos-capinzais 
(Lepidoptera: Noctuidae)
Mocis latipes (Guen., 1852) 
Cenário
Atua em diversas culturas economicamente importantes além de pastagens, como alfafa, amendoim, arroz, aveia, cevada, milho, soja, sorgo, entre outras. 
Curuquerê-dos-capinzais O adulto dessa espécie é uma mariposa de aproximadamente 35 mm de envergadura, de coloração acinzentada e asas com uma faixa transversal mais escura nas anteriores e mais clara nas posteriores
Identificação
As lagartas completamente desenvolvidas podem chegar a medir cerca de 55 mm de comprimento. Sua coloração é geralmente parda com ligeiras variações, em geral, para a tonalidade clara.
Identificação
Identificação
As mariposas colocam os ovos sobre as folhas, sendo que as lagartinhas recém eclodidas alimentam-se da parte tenra da planta, geralmente na página inferior das folhas, sendo pouco observadas nesta ocasião. 
Completamente desenvolvidas, as lagartas medem cerca de 40 mm de comprimento, sendo facilmente reconhecidas pois caminham como se estivessem medindo palmo, e quando estão em grupo não são canibais.
Biologia
Sua coloração é amarelada com estrias longitudinais castanho escuras. 
O período larval dura 25 dias, findo o qual a lagarta se transforma em crisálida nas folhas que atacou, tecendo um casulo nas folhas secas, ou em torno da planta, no solo. 
A crisálida é de cor pardo clara e tem a duração de 14 dias, findo os quais emerge o adulto. 
A mariposa mede 42 mm de envergadura, apresentando as asas de coloração pardo acinzentada; possui quatro gerações anuais.
Biologia
Ovos – Colocam os ovos sobre as folhas após o acasalamento O período de incubação é de 7 a 12 dias.
Lagarta – Completamente desenvolvidas, as lagartas medem 40 mm de comprimento, sendo facilmente reconhecidas, porque se locomovem como se estivessem medindo palmo. Sua coloração é amarelada, com estrias longitudinais castanho-escuras.
Pupa – É de cor pardo-clara e tem a duração de 14 dias.
Adulto – A mariposa mede 42mm de envergadura, apresentando asas de coloração pardo-acinzentada. Apresenta quatro gerações anuais.
Biologia
De ocorrência cíclica, quando ocorrem surtos, as lagartas podem destruir praticamente toda a folhagem, restando apenas as nervuras centrais, necessitando que sejam controladas. 
Mocis latipes é a mais importante das lagartas que ocorrem em pastagens.
Prejuízo
Prejuízo
Curuquerê-dos-capinzais em folhas de milho
Prejuízo
Curuquerê-dos-capinzais em folhas de milho
Prejuízo
Curuquerê-dos-capinzais em pastagem
Prejuízo
Curuquerê-dos-capinzais em pastagem
2. Lagarta do cartucho-do-milho 
 ou lagarta militar
(Lepidoptera: Noctuidae)
Spodoptera frugiperda (J.E. Smith, 1797)
Cenário
A postura (1500 ovos) é feita na página superior das folhas de milho, após 3 dias nascem as lagartas que passam a se alimentar das folhas mais novas do milho. 
As lagartas quando estão em grupo são canibais, não medem palmo, apresentam coloração marrom e têm manchas dorsais (pináculas) bem nítidas.
A fase larval dura 30 dias, transformando-se em pupa no solo, com duração de 20 dias, emergindo os adultos com 35 mm de envergadura. 
As asas anteriores dos adultos são pardo escuras e as posteriores branco acinzentadas.
Biologia
Os adultos são mariposas de coloração geral pardo-acinzentadas, com 2,0 de comprimento e 3,0 cm de envergadura
Identificação
As lagartas completamente desenvolvidas medem cerca de 35 mm de comprimento, corpo cilíndrico de coloração marrom-acinzentada no dorso e esverdeada na parte ventral.
Identificação
Semelhantes aos causados pelo curuquerê-dos-capinzais.
Prejuízo
Prejuízo
Prejuízo
Prejuízo
3. Lagarta do trigo 
(Lepidoptera: Noctuidae)
Pseudaletia sequax Franclemont, 1951
Cenário
Os adultos possuem 35 mm de envergadura, com asas anteriores cinza amareladas, com sombreado negro e com asas posteriores mais claras. 
Seus ovos são brancos e colocados em linhas,
juntos uns com os outros. As fêmeas colocam de 200 a 600 ovos que ficam presos nas folhas e colmos, através de uma substância pegajosa. 
As lagartas sofrem cinco ecdises, sendo que nos seus dois primeiros ínstares locomovem-se como "mede palmo", mas depois do terceiro estádio perdem esse hábito. As pupas ficam no solo.
Biologia
Ovos – São esféricos, branco-amarelados, colocados em linhas. As fêmeas colocam de 200 a 600 ovos.
Lagarta – Sofrem cinco ecdises, passando, portanto, por seis ínstares para completar seu crescimento
Pupa – Ficam comumente na terra, pouco abaixo da superfície.
Adulto – Mede 30 a 35mm de envergadura, sendo cinza-amarelada, com sombreado de pardo até negro.
Biologia
As larvas ao eclodirem nas horas mais quentes se abrigam ao colmo da planta ou em outros esconderijos, saindo a tardinha e a noite para se alimentar, apresentando portanto um hábito alimentar noturno.
As pupas ficam na terra, pouco abaixo da superfície ou escondidas embaixo de torrões ou objetos no solo, ou mesmo entre hastes do trigo quando ocorre acamamento.
Biologia
Identificação
Os adultos medem 30 a 35mm de envergadura, sendo cinza-amarelada, com sombreado de pardo até negro.
Os adultos são mariposas de coloração geral pardo-acinzentadas, com 2,0 de comprimento e 3,0 cm de envergadura
Identificação
Semelhantes aos causados pelo curuquerê-dos-capinzais.
Prejuízo
Lagarta come as folhas
Desfolha intensa, redução de área foliar
Redução do estande de plantas
Redução da produção vegetal
Menos matéria seca ingerida
Menor produção de carne ou leite
Prejuízo
Antes de qualquer aplicação de inseticida é necessário realizar o levantamento da população da praga. Em cana, deve-se examinar cinco plantas por ponto em dez pontos por hectare. 
O controle deverá ser realizado se 50% da área estiver desfolhada, ou seja, se houver duas lagartas (menores que 1,5 centímetros) por planta.
Controle Químico
Para mariposas pode ser usada, também, isca preparada com um quilo de melaço, dez litros de água e 25 gramas de metomil. 
A mistura deve ser pulverizada na base de meio litro em 15 metros lineares de cana, a cada 50 metros.
Controle Químico
Normalmente a infestação inicia pelas bordas da lavoura, sendo bastante eficiente o controle químico localizado sobre a área infestada. 
A lagarta é bastante sensível a maioria dos inseticidas recomendados também para a lagarta-do-cartucho, podendo-se aplicar o inseticida tanto por pulverização convencional como via água de irrigação por aspersão. 
Usar produtos registrados para as culturas.
EX: Clorados, Fosforados, Carbamatos (Lorsban, Vexter, Carbaryl, Sevin, Bravik, Malathion, Clorpirifós, Dipterex, Triclorfon, Fastac, Turbo, Pirate, Atabron, etc), Piretróides (Arrivo, Decis, Cipermetrina, Commanche, Karate , Piredan, etc), Fisiológicos (Dimilin, Rimon, etc).
Controle Químico
No caso do curuquerê-dos-capinzais e da lagarta-do-cartucho-do-milho, pode-se utilizar Bacillus thuringiensis a alto volume, na base de 0,5 kg do produto comercial/ha, além dos parasitóides de ovos do gênero Trichogramma sp.
Existem ainda o vírus Baculovirus spodoptera, que pode ser utilizado para S. Frugiperda. 
Outros inimigos naturais podem ser mantidos no ambiente de cultivo para controle natural das lagartas desfolhadoras, como é o caso das tesourinhas (Dermaptera, gênero Doru spp.), dos crisopídeos (Neuroptera: Chrysopidae), dos percevejos predadores (Anthocoridae, gênero Orius sp.; Reduviidae, Nabidae e outros) e dos parasitóides de lagartas e pupas de lepidoptera (Hymenoptera: Ichneumonidae, Braconidae).
Controle Biológico
Controle Biológico
Tesourinha Doru luteipes é inimigo natural de lagartas
A vespa parasitóide conhecida como Trichogramma spp. é um inseto microhimenóptero da família Trichogrammatidae, que se caracteriza pelo tamanho diminuto e por parasitar ovos de inúmeras espécies de praga da ordem Lepidoptera. 
Esse gênero tornou-se o grupo de insetos mais utilizado no mundo para o controle biológico
Trichogramma spp
Controle Biológico
A fêmea adulta da vespinha coloca seus ovos no interior dos ovos da praga onde ocorre todo desenvolvimento do parasitóide.
É parasitóide de várias espécies de mariposas.
Controle Biológico
Trichogramma em Anticarsia.
Trichogramma em Spodoptera.
Manutenção das linhagens de Trichogramma em laboratório.
Baculovirus em Spodoptera (lagarta do cartucho do milho)
Controle Biológico
Controle mecânico
Nos primeiros sinais de ataque de lagartas do curuquerê-dos-capinzais, fazer uso de rolofacas sobre a população das mesmas nos pastos, ou ainda abertura de valas para impedir a passagem das mesmas para outros pastos.
Controle
Controle
Lagartas: a) Lagarta-do-trigo, Pseudaletia sequax - adulto; b) Lagarta-do-trigo,Pseudaletia sequax - larva; c) Lagarta-militar, Spodoptera frugiperda; d) curuquerê-dos-capinzais, Mocis latipes.
Apesar de serem pragas secundárias, quando ocorrem em alta infestação, as lagartas exigem controle adequado e rápido, sobretudo no início da estação chuvosa.
É importante manter a pastagem com bom nível de fertilidade e enraizamento, para suportar eventuais ataques das lagartas e, em caso de desfolha, a gramínea poder rebortar com vigor.
Manter o microambiente no interior da pastagem favorável ao desenvolvimento dos fungos entomopatogênicos e inimigos naturais - IN (Bt, Baculovirus, Nomureae, Trichogramma), que mantém as populações das pragas em níveis mais baixos. Por isso, cuidado ao usar controle químico, que possa preservar os INs.
Monitorar sempre e se necessário, tomar medidas mais drásticas de controle e manejo.
Considerações Finais

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