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Locke e o Direito Natural Norberto Bobbio

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2 
1 f·NA 'JM NT 
l ll<J· ITO NATURAi 
xa r de si 1 nif 1cado do jus, 'ltura lí : mo e da sua função hi stórica 
, n ima de tudo, para compreender o . entido e o valor do vasto 
m in1ento hodi rno no campo do pensamento jurídico, conhecido como 
" r na. ci1nent do direito natural''. 
E se renasci111ento tem aspectos realmen te gritantes. Não me refiro 
tanto ao fato de que, depois da trernenda catá ·trofe que foi a Segunda 
Guerra, os defensores tradicionais do direito natural passaram a proclamá-
lo con1 vigor renovado. Refiro-me, sim, a certas "conversões" célebres 
por parte de autores que, antes da Guerra, eram contrários ao jusnatura-
lismo e depois se tornaram jusnaturalistas, diante da espantosa derroca-
da de valores provocada pelos regin1es totalitários. 
Não há texto sobre o direito natural, nos últimos anos, que deixe de 
citar o caso singular de Gustav Radbruch, u1n dos mais conceituados 
filósofos do direito das prin1eiras décadas do século, que era relativista 
quando pub]icou a edição completa da sua filosofia do direito, em 1932, 
e, depois do nazisn10, tornou-se um defensor convicto do direito natural. 
Para len1brá-lo, basta ler as últimas palavras da sua obra Vorschule der 
Rechtsphilosophie, traduzida recente1nente para o italiano, aos cuida-
dos de Dino Pasini, co1n o título Propedeutica a/la filosofia dei diritto: 1 
Assim, depois de um século de positivismo jurídico, ressurgiu com for-
ça a idéia de um direito acima das leis no qual se chega ao extremo de 
representar certas leis positivas como perversões jurídicas. Até que 
ponto ajustiça exige que as normas positivas que contrastam com ela 
devem ser consideradas juridicamente inválidas? Até que ponto a cer-
teza do direito pode propor a contra-exigência de que o direito codifica-
do, a despeito do seu caráter injusto, seja considerado válido? São 
perguntas que já foram respondidas nos capítulos precedentes deste 
1 Gostav Radbruch, Propedeuticn nlla filosofia dei diritto, tradução de Dino Pasini, 
Turim, Giappichelli, 1959. 
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20 
ur ·o. O :cntido g~ral <le~sa•i re: rosrn . jJ pode ,;er tkdu zí d<J e.l o í:, to ,1,. 
que · deu a e e curso de filo .. on~ do direi to ,, no ~at:ílogo d {1\ lí~G,:'iv 
um ·ubtítulo que 11:1 muitas d2.c ;.1das tinha caido fora de u·;o; dirr:if<~ 
1iarnral.1 
a Itália, porém
1 
vale recordar o caso nfio menos sígníJJ cali vo dt: 
C· rlo , nloni, um dos di .-cípulos mais fiéi s de Crocc, um du:, :·ew; Ínltr~ 
pretes mais conceirnados, que pouco antes de morrer! em 1 ~5') , pulJJí cqt, 
um livro intitulado La reswurc,zione dei diriuo di nawra, obra cn q11c 
rei\'indica o valor do jusnaturalismo além das críticas <lo I Í!~ lorích1n(J 
m~is ortodoxo, do qual tinha sido um seguidor, acompanhando u mc··1rc. 
Durante toda a sua vida, dos primeiros aos úllirno:) e~crítos, Crocc nifo 
perdeu uma oportunidade para pôr crn relevo os erros do jusnal 1ral bno. 
1 o entanto, no clima de interesse renovado pela tn1d íçfio do dírcilo 
natural, eis que o seu di scípulo escreve: 
A iJéia do direito n:nur:.tl significa a cxig~ncía úc uma ínrJ u[nc: i:i d:i 
moral ideal universal sobre a legi'i l:.iç~o posítí 1:.1. Trata~!>e Je um mo~ 
menta eterno do espírito humano que exige ca r:ítcr hu,n;i no tl í.1') k í1) qu,; 
governam a vida ci vil , e não apt rw.t; le is dit ad a-; p1: l;1 f1Jr<;a . / jll' ti<;a, a 
grnnde virtude dos príncipes, o fu11d a1111.:ntr> dos n.: ínm, é a e< rr ·'ip< 11 • 
déncía ent re a legi slação po~ití va e ª " í11 :-i tf1 11cía'> c.Lt ~ti ca. ~o '.<.: tr;i ta 
da fal sa idéia da qu al o jovl.'. 1ll lkn l.'.<ktto Crocc :-,e ded:ir;1 v:1 líh ·rndrJ 
(. .. ), ma !-) sim de urna exígéncía que o e, pírito l1 u11 1ano nflo pcid · •;11r I j111 í 
e sem a qu .i l não ~e po<l t: cx plkar a lli 'l tórí:1 da civili cL1d •.1 
É desnecessário, t.odavia, conhecer a ju li ça •111 •:, u ;1 pl •nít udc p:,ra 
perc~ber que o renasrnncnto do direito n;1111ral n:io é llllla iio vid : Je: ·k 
contmua a renascer, pelo menos no:.; últimos c.:íncillenta ;.i 11 )•· J li 1 1·• J· P . . , . • 1 <, i rn , ,, 
nme1ra Guerra e, portanto. cm c.: irc.: u11 •1ar,,,.·1., .. -111 1.11c)•)• . · t , , • . •1 "' .. . , • , . l , c1 :} a:; ;, w11 :; -
od10 desencadeado entre ;1 s naçê>es víohr•;,: c> cl·ts t•,,, . .. • . 1 . ,. • . • - , • 'Y '1 ·• · •"' t~ r,1 ., m;w> t.; ·111 ~nf:1 • 
res de conv1vencr:.1 c1vII, "cJesas tr~s ínútei •:/' _ _ J 1. ) _ . . . . . ,· ." . . , ll 1 ·n Lo11n t~r·w; -. 4 11r,i JUrt .s ta f rances, tinha concJcnado com v ·1;m,'> 11c ·, ,1 l< >cl· . . ~ . •. , 1· 
" •· ,t ,i Cl t'. IH; l :t JU/'Jí JCU 
2 GW,làv Hadbrucl1, l'm1>{'(/(•111i,·o oll,1ji!u 1,·'1· , / •/ 1· ,· . 11 1 1 r , 111110 , l l i' ' c,t 11 , 2'l · ?' 4 3 - . • ,, ) I . ' Í ~ ~ ) • 
Cario An10111 , Lf/ rr• .i fm<m : Íllne ,1,,( dírill 1. . V 
. 37. "' ',u,111m . •:n ·i a, , í,.: ,i l ' ,1n ;1, :.d. Vi" 'Vi • 
4 Julicn 130111H:ca~e. //11111tiiill de rlrtJi't t'it / ' . . 
. lf/1/C/' Ili/ 1ft \'- // , 1 t ·· .. 1919, pp. 119 :,s. · ' 1·1 1 l' i,i,, ~1,·<·f;', P:u i.-. , I! ;,·,,:ird, 
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-. 
oi rn·1,p rh1v .r . u· itad 
d m uma in nuid ade 
id h et nu do d1r it natura l -
b a v nta<le ao u aut r. 
wnm 
D m smo m 1 , na m n ha, · rn t T oel t eh, um do ma o-
bn s repr sentant · da cultur acadêmica, consid r ndo a ·d ,. 
t natural mo a xpr -· ·ã n1ai el ad do pensamen o 
peu, riti ava a filo fi a al mã, por haver e a ado a fo 
t r abandonado a f' ne { idéia de de a 'po a do roma t' 
n s mais tarde, o mais ilu ·tre filó:ofo do ir · o franc"' 
metade do século, Françoi Gen y, ao publjcar o q a o o u da ua 
obra mais célebre, Science er rechnique en droi prité posirif (19 ) 
fazia outra vez o elogio do irréducrible droir narurel a acando a o 
não os juristas alemães, porém o france ·e , influ n íado pe ,o po it' · i -
mo jurídico. 
Esse conjunto de críticas, por si ó, não é suficiente. gun ano 
antes da Guerra e, portanto, em circunstância completamente · s · ntas 
-um longo período de paz, com a difu. ão da democracia e do oc·ali -
mo democrático e pacifista, a ilusão de que a guerra pudes em er 
eliminadas para sempre, a despeito da vociferação pouco OU\ id de al-
gumas pessoas mais exaltadas-, apareceu, no ano de 19 l O o mode to 
e feliz opúsculo de Charmont, intitulado nada menos que La renaissance 
du droir naturel, o qual, por sua vez, in pira a-se em um en io de 
Raymond Saleilles, de 1902, que identificava no início do no\ o éculo 
- "Secol si rinnova ... " - um aceno de boas-vindas ao retomo do 
direito natural.6 Alguns anos antes, na Itália, lgino Petrone, conhe ido 
filósofo do direito, ao qual se atribui habitualmente o início da reação 
idealista contra o positivismo - em um livro intitulado La fa e 
5 Em . t Troei! eh. ·'The ide~ of na tura l la\! ::md humaníty ín world politics", Ap. l O. 
Gi.erlre e . Barker, Nmura/ lt1 w a11d rhe theory of sociery - 1500 a 1 00. Cambridge, 
Cambridge Univer ity Pres . 1934. 
·
6
,Ocn .aio deSakilles temc notítulo '·Ec I li ·1orique tdr itn lureld' pr · quelqu.es 
ouvrages récents'' e fo i pub lic· <l na Rev11e 1iime ·m"elle de Droir Cii·il. I. 1902 pp. 80-
112. 
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O DIRülTO NATU~AL ~SEU. IGNIFICADO HISTÓRICO 
ntissilna d lia filosofia dei diritto in Gennania7 -, condenava a ori ntação positivista da ciência jurídica alen1ã e, vendo bons auspícios nas no,as tendências idealistas, questionava se o direito natural, que "ferve e se agita ( ... ) a eterna juventude da consciência hun1ana e do ideal", não de, ia ter 4 o valor científico e ideal n1uito superior à doutrina dos seus ad, er ário -,H .8 
Co1no se vê, haveria boas razões para sustentar que, desde o início deste século - e até 111es1no antes, desde que co1neçou a ruir o edifício do positivismo-, cogitou-se e1n un1 renascin1ento do direito natural. No 
entanto, aoparticipar de u1~1 dos 1nuitos se1ninários realizados ultima-
mente sobre o direito natural, tive a oportunidade de ouvir Marcel Prélot,9 um bom constitucionalista e historiador das idéias políticas, exaltar la 
renaissance du droit naturel au dix-neuvie,ne siecle, a propósito nada menos do que do Saggio teoretico di diritto natura/e poggiato sui fatti, do padre jesuíta Luigi Taparelli d' Azeglio, obra sem qualquer sinal de vanguardisn10, publicada en1 vários ton1os entre os anos 1840 e 1843. Diante de uma doutrina que continua a renascer, estarían1os tenta-dos ª afinnar que, e1n realidade, ela nunca chegou a morrer. Recente-mente, em un1 grosso volu1ne pensado en1 alen1ão e escrito e1n inglês, Arnold Brechtlº su ~te t 
. 
. · . · s 11 ou unia outra tese: podemos conceber toda a hist6na do pensatnento . ·'d' 
,, 
A. . • • JUt 1 ico con10 unia sucessão contínua de peno-uo JU naturahstas e ant" · . 1 . . dé' . . . lJUSnatura 1stas. E1n unia tabela que resume as sua l . ias, Brecht d1. L1ngue d . 
. . . ,, . quatro de pi d ' os gi egos aos nossos dias, oito penados, · n ore quatr:o d 1- , . . · · · e ec tpse do direito natural. 
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li 
O RENASClt\lENTO 1)( n110,:n o NATtJRA 
Períodos de ascensfio e declínio 
do direito natural, segundo Brccht 
1) A Grécia antiga, Cícero, os juristas romano 
2) A era patrística, Santo Agostinho 
3) A era escolástica, Santo Tomás 
4) De Bodin a Hobbes 
5) Locke e o charnado jusnaturalismo n1oderno 
6) Oen1pirisn10 inglês: Hume, Bentham, Mill 
7) O idealisn10 alernão, de Kant a Hegel 
8) O positivisn10 do século XIX com 
o correlato relativisrno dos valores 
pl nd r 
eclips 
esplendor 
eclip e 
esplendor 
eclipse 
A idade conten1porânea representaria um novo renascin1ento, ao qual 
deverá suceder, n1ais cedo ou n1ais tarde, uma nova decadência. 
Buscar un1 ritn10 na história da humanidade significa fazer filosofia 
da história; a tese de Brecht sobre a história do pensan1ento jurídico é 
uma boa demonstração de que não deve1nos confiar nos filósofos da 
história, pois a história humana é un1 pouco n1ais con1plicada do que pode 
parecer a que1n procurar reduzi-la a un1 sisten1a. 
Co1n respeito ao esquen1a de Brecht, é possível opor-lhe tantas obje-
ções, que, sen1 n1uita dificuldade, reduzin10-lo-ían1os a frangalhos. É 
verdade que o jusnaturalis1no surgiu na Grécia, n1as o n1es1no se pode 
dizer do positivistno jurídico. 11 Durante o segundo renascin1ento - o da 
escolástica -, apareceu u1n dos textos n1ais fmnosos do positivismo 
jurídico, o Defensor pacis, de Marsílio de Pádua. Nos séculos XVI e 
XVII, os autores realistas se alterna1n con1 os jusnaturalistas, pelo que 
seria in1possível distinguir cronologicamente un1 período jusnaturalista de 
outro antijusnaturalista. Hobbes ter~i sido jusnaturalista ou antijusnatura-
lista? Unia pergunta, con10 se sabe, 1nuito en1baraçosa. Por outro lado, 
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, 
24 l)IRl}ITO NATURAi. E SEU SIGNIFICADO IIISTÚRICO 
eram contemporân os de Hobbes aqueles levellers que se baseavarn n direito natural para fundamentar suas reivindicações democráticas e t~ 
nham, ademais, com o direito natural, a mesma familiaridade que os re. 
volucionários de hoje têm com a "'dialética da história". 
Pintar o idealismo alemão como mero renascimento do direito pode 
dar margem a interpretações errôneas, como se pode derivar lucus a 
rion lucendoY2 Kant, sim, era um jusnaturalista e também o primeiro 
Fichte. Hegel, contudo, não o era. Muito ao contrário, começa com He-
gel o recesso mais longo elo jusnaturalismo - que alguns chegaram a 
interpretar cotno uma morte, sem possibilidade de ressurreição. 
E agora? Acho que, para assumir qualquer posição a respeito do 
chamado renascimento do direito natural, é preciso, antes de 1nais nada, 
entender em que consiste esse direito, qual a essência do jusnaturalismo. É o que vou procurar fazer nos capítulos seguintes, a começar pelo pró-
ximo. Entrementes, antecipo que se deve distinguir a exigência, que o jusnaturalismo expressou ao longo dos séculos, da teoria jusnaturalista 
propriamente dita. 
Minha opinião é a seguinte: com respeito à exigência, o jusnaturalis-
mo não pode renascer, pela simples razão de que nunca morreu; no que 
concerne à teoria propriamente dita, terno que tenha morrido no fim do 
século XVIII, quando todas as novas correntes filosóficas- o utilitaris-
mo na Inglaterra, o positivismo na França, o historicismo na Alemanha 
-convergiram, sem o saber, na crítica ao direito natural. Portanto, acho 
que o que renasce, hoje, sob a forma do jusnaturalis1no, ou é algo que 
nunca morreu e cujo reaparecimento não deve, portanto, causar tanto 
e panto, ou então ... é alguma outra coisa que to1na emprestado da glo-
riosa corrente do jusnaturalismo só o nome, não a substância. 
Estaria inclinado a dar razão a Meinecke, 13 que, enl sua conhecida 
obra As origens do historicismo, apresenta O historicisn,o, desde as 
. primeira páginas, como a filosofia que pôs em crise a teoria do direito 
narurat O historici smo era considerado Ha estrela polar no meio de todas 
12 
L~ u:;- a no11 lucemlo, bosque por não reluzir. Ironia aplicada aos que atribuem fals_a 
cwmología a vocábulos que, apesar da semelhança morfológica, não apresentam a ines· 
ma bélse . cmântica: l11c11sll1tce11do. [ N. de J. M. G.] 
3 
J . Meínecke, As orign ,s do historicismo, Florença, s~msoni, 1954. 
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25 
st _,n tad s Ja hi ·t ria" h~ iu ) ll . tituído, "p( h m m pen ante, 
uin ponto fi o na i ln ain la n1 ·1i. f rt quando s da fé na 
ela " ., 1 ... r , " , 
Qu aluai renas in1 11l do ju:~natu ra1 isn o seja re surgi 1 nt< da 
et 111a i. - n ·ia b id ~ia I justiça - que transcende contínuamente o 
direito p sitj, o e n ) S in luz a ton1 ar p sição frente a ele para n dificá-l 
.. perfi i o -lo adapta-1 a n va: nece ·sidade e a novos valore - pode 
ser provado pela pal a ras de Radbruch, que citei logo no início de te 
e ítul0-. 
Quanto teoria do direito natural, el a já se transformou de tal forma 
que é difícil reconhecê-la. Desde que, no princípio deste século, Stammler 
enunciou sua fórn1ula feliz - "direito natural de conteúdo variável"-· 
111esn10 entre os jusnaturalistns mais ortodoxos, criou raízes a idéia de 
que o direito natural não é un1 siste1na de regras universais, válidas para 
todo o ten1po e todos os lugares, 1nas un1 conjunto de princípios bastante 
genéricos e flexíveis que deve adaptar-se continuamente ao progresso 
histórico. 
E que outra coisa tinha sustentado o historicis1no? Surge a suspeita 
de que ele esteja fazendo tantas concessões ao seu adversário que ago-
ra dele não se pode n1ais distinguir. Fasso cha111ou atenção para um 
ensaio do jusnaturalista católico Arthur Kaufn1ann, 15 onde encontramos 
estas palavras que poderiarn 111uito ben1 ter sido escritas por un1 histori-
cista: 
O direito não é um puro fato situado no tempo, sem ter, como a natureza 
não espiritual , alguma relação com o próprio tempo. Ao contrário, ele é 
detenninado temporalmente no seu ser e, por isso, deve realizar-se de 
modo sen1pre renovado, para transfonnar-se em si mesmo( .. . ). O direit 
natural e o caráter histórico db direito não são, por isso, inimigos recí-
procos; pelo contrário, a historicidade do direito significa sua ab rtura 
para o direito natural, porque, mirando o que não pode alcan ar, bt ' m 
o que é possível em um lugar e em um momento detenninado : irei to 
historica,nente justo. 16 
14 J , / · · · ' t p XI 
. Memecke, As origens do 11stonc1s1110. op. c1 ., • • 
15 Ã - 1 , , • _ _ • . i -1 •• • ·· " -~ , • ••• ,ocn ...... 1'"70 10-,: 
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26 . . I; " 1:u SIONIH AIJO Ili , TÓ RI ' O DIREITO NAI URAI. , ·" · ' 
A revista dos juristas católicos publicou 0111 arti -0 d [ · 1 0 ' .~ ;, di11 
·no qual o autor sustenta que "por direitonatural: ~ntcnd -: h >J , u1 1:1 doutrina ética espiritualista, portanto algo que e 1n1pr I no 1 'li i r d 
direito con10 é i n1próprio chan1ar de natura('• 
E conclui que 1nuitas confusões e controvérsias inút ·i s s ri ·u li, i 
nadas, se o direito natural fosse definido con10 ética pesso ti . É unia proposta cuja oportunidade e sabedoria não po : e l ix·t d 
reconhecer. Reconfinna 1nes1no n1inha suspeita de qu - o qu .-·t1 hoj · 
renascendo não é a teoria do direito natural, conforn1e sust ntan (1 ·-
fende111 os jusnaturalistas, ou seja, uni direito fundan1entado na natu r ·1:1 
em contraposição ao direito baseado na autoridade, n1as sin1 a x1 . '"' 1 ia de uma livre avaliação das leis positivas - que se pod n1uito b •m 
dissociar da teoria do direito natural - ou então, justan1 nte, u 11a ti a pessoal, quando não se trata de uni jusnatur~.lisn10 tão in1pr na lo d• histo.ricis1110 que da velha doutrina só guardou uns poucos re í lu )S. 
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3 
ALGUMAS OBSERVAÇÕES 
SOBRE O CONCEITO DE NATUREZA 
Para compreender o que se quer dizer com a expressão direito 
natural, será preciso começar com o conceito de natureza. O direito 
nat11ral provém da natureza e se fundamenta na natureza. Mas, o que 
é natureza? Trata-se de um conceito, entre muitos de caráter extrema-
mente genérico, que recebemos dos oreoos e dois mil anos a fio não b b ' ' 
cessa de atormentar os filósofos que procuram determinar o seu signi-
ficado. 
Quando falo de conceitos extremamente genéricos, refiro-me 
àqueles que podem servir para definir globalmente a realidade, usados 
para dar uma resposta única, definitiva e conclusiva, à pergunta: O que 
é a realidade? Natureza, portanto, é um desses conceitos. Assim, à 
pergunta o que é a realidade? pode-se responder o seguinte: a realida-
de é a natureza. Uma filosofia que dá semelhante resposta se chama, 
como sabemos, naturalismo. Outros conceitos generalissimi são, por 
exemplo, idéia - de onde a filosofia que, afirmando ser a realidade 
uma idéia, a verdadeira realidade, distinta da aparência, é chamada de 
idealismo-; espírito, de onde espiritualismo; matéria, de onde mate-
rialismo; fenômeno, de onde fenomenologia. Um dos últimos, en1 ter-
mos cronológicos, é história - os gregos nunca o teriam imaginado-, 
que explica, por exemplo, em Croce, a conhecida definição de histori-
cismo: a filosofia que reduz toda a realidade à história. 
Para entender o que os gregos queriam dizer com natureza é preci-
. so remontar a Aristóteles, 1 dedicado precisamente a explicar o sentido 
de natureza. Nele encontramos a conhecida definição: "'No sentido 
primário e próprio, natureza é a substância dos seres que têm em si 
mesmos, enquanto tais, o princípio do seu mavimento". 
Entre as muitas interpretações que se pode dar a essa passagem, 
parece .particulan11ente importante, no que nos toca diretamente, aque-
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-
OI Lttfú A'llJ I 1. I•. ,' I IJ . 1 iN ll 1 ' ADI) Ili ·1(J1 t ' ci 
.. 
od d du ir wmb "m d uma e 1tru, na (jLnl A . 1 qu J) , . . . . -: .. , . 1 · . . • 1, l6 1 d . las ,fi o o d.ls I n 1 1., 1. l111 u as l lle p 1 e, 
xPon ª · ,.,,t r· , c1 · 1· 11 1· ' \ · 1·rs·1 •· s P< r 61 ·11 
. natura1:-, a n«. , - . . tt . - . ,. . . 1u t :. , 
. faz r humano, qu , por sua v· z, li stin ,id( /J(í' .11 P<,r bJ lO · •"' · • ,t • _ ne1n, i 1 
.. -r ,·· 0 produzir propno 1 > art "su ou e.lo arti st· .1 · <i 
• o or..... . . , uc mdc . 
. da naç· o humana - p uca - e m prássein , isto é . d 
t n · • , , • , 0 t1 1r 
ioL 11 j naJm nl , d onde a t ~c>r1a u·1s virtud s - ética e política . 
. UI di ~,inção, ou m Ih r, e )nlrap sição, ntre a natureza e 0 
mundo da pra,L humana, em r ,e, a m u v r, o signiricad profu nct o, 
ri inJ e f1Jndmne.ntal do l rm nalllreza. Este s rv , ri ginalmente 
ra . bronger, em uma n1e ·ma cnteg ria, t da as e i ·a qu não à~ 
•produzida pelo home,n; toda a part do mundo que, aos olhos de 
que1n ob erva e procura entender a realidade do uni ver. o, n~o depende 
do falier humano; todos os seres e evento que, tendo "em si me mos 0 
princípio do movimento", nascem, desenvolvem-se e morrem de acor-
do com leis que o homem não formulou nem pode alterar. 
A percepção de tal diferença é um dos princípios da especulação: 
o homem primitivo está de tal forma inserido no mundo natural circun-
dante, que nrio percebe que há coisas independentes dele - sobre as 
quais não tem o menor poder - e outras coisas que dele dependem, 
que exi tem porque foram produzidas pelos seus predecessores~ coisas 
que~ tendo ido feitas pelo homem, ele pode desfazer. 
Quando, nos primórdios dessa especulação, o homem começa a 
lo,mar consciência de sua posição no mundo, uma das primeiras desco-
bertas que faz é justamente que todos os seres e todo o evento po-
dem ser divididos em duas grandes categorias: 
1 A primeira, englobando tudo o que existia antes do homem e 
qu. continuará a existir sem o homem - como o Sol. a tr la · ª 
t ra, a · planta , o rio. ; 
2> ~ 0 unda diz respeito à coisas que só existem p rqu f ra'.n 
d - I lo hon, m: as a as, as armas. os utensílios, dS r ll ª · 
· arur UJ ·. o conceito g 111era/issimo que serve para desionar_tud 
tlrim iro cat ria, m contraposição ao· 011 11 " 
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1,,u 1 1 1111 ti À ()1 ,( HIil I o · "'' ,, 1 ,.,.Mll •f A 
umJ011 _.111 ti k ·ont, 1r)(, 11111 11d v, :.<, qu 1 · , lt1 1i 11 Jr., 1, , < h< n m 
1 11 ln11ii11 11· 1 ur ,· v ·1· <1 111 . ., ··11) ' ' t LJ ·1 • 
• d I ' (JI IJ flJ(} 
< h tfl t ln 11 11 • itn · HH) u1111 11 • • ·í lad , 
1·,1 a-. · 1 llll\ll d v IH i111 1nt,· 1rn1 11il ·.·t , , ,· Ili ·e n ru O •j > n-
11a110 • " tr~e · u f< ·11i, ·r1. Mo . • qum, lo p r •h , rri : 1, . p, lut )S , ll l ;.1z ·r hu11wn< t!: l :10 l11111h ' 11l o,· < : lu, : , us r ,ra , 
l l , as, leis 1:\ '( n 111n di : ti11ta: la: 1 i.- natu , i. i - , ou s ja; a. 
,,n,-,,,a.t, is Ili um novo · H lr•1. •t_.: · a , . .- 'llta di r tc de n s, ntre 
n tu_ a ·on ·n .·i , no qu·d a nal.ur za ,uan.h s. m1 re o s u ntido 
primJlJV(~ d univ so ln: ·oisas, di un t · do qual h , e é ímpotente. 
Par. Os f1ks tns qu · ·on · biarn a so ·i dad · hun ana f ndamentando-a 
m un1a onv n ãc ini ' ial - ) ·ontrat so ·ial - · , u em uma série de 
convenç s qu ·m · njunt > t 1 1 o propósit d Jar orig m a um mun-
do humano distint) do mundo natural - qu se p nse na contraposição 
d status natura :1 e s/(l/11s societ(lfis dos jusnaturali ·tas-, o contraste 
ntre o n1undo ind p nd nl do homem o mundo produzido pelo 
homem se apresenta na nova dupla natureza - sociedade, um dos es-
quen1as mais comuns com que p nsam nto moderno pensa e refor-
mula a velha antítese. 
Todo o conjunto dos produtos da vida em sociedade constitui a 
civilidade, ou a cultura. É, portanto. a razão da existência das dicoto1nias 
que, com origem na filosofia iluministú, alcança as chamadas "filoso-
fias da cultura" dos nossos tempos: natureza e cultura. Se pensamos 
em Vico e depois em toda a filosofia do idealismo alemão, que motivou 
o historicismo, novas antíteses são propostas, como natureza versus 
história, natureza versus espírito; mas são sempre novas reforn1ulações 
da grande dicotomia, de que o homem nunca pôde escapar, desde que 
começou a ter consciência do que o faz um ser criador, produtor -
hoje diríamos "trabalhador". Uma filosofia espiritualista elimina um 
dos dois termos da antítese ou o reduz ao outro, colocando-se ex parte 
Dei, como o produto do Criador - transcendente ou imanente com 
relação ao mundo. 
Uma vez proposta a grande dicotomia entre o que é a natureza e o 
que ela não é - arte, convenção, sociedade, civilidade. história, espí-
rito - , uma das operações m~lis comuns da 01e11te humana é p rgun-
- .. ~ a qual desses dois mundo pertence um detenninado ser ou ven-
nte .da anlite e 11at11reu1 versus nrre, natureza versus onvenção,Scanned by CamScanner
• , 1 -1,issifiL'll'' i n do dir ·i lo, como tarnbé111 a eh 
. ,, . • ,os qut!st1nnav11m 1 • , · '\ · . . , . . . . l 
os o 1t,;f ..• ,, ,·ntes tt:nnos: o d1ré1lo e llillllt C:t,,1 ou o c.11retto é Jin~ungelll, nos ~e .,1 , . 
... 
arte? . . 
. Havia coisas qu nfío podiam dei x:1r ele ser cons1c.lcrach1s naturais, 
como O Sol ou uma montilnha, l! cois:1s que não podinm deixar de ser 
consideradas artificiais ou conv 'IH.: irnwis, como uma fl echa ou uma 
estátua; para outras. por'5m, cntn~ elas o direito - entendamos aqui 
por direito todas as regras ela c:onvivl}ncia humana - , a classificação 
não era imediatamente evidente. A n:!sposta dada pelos gregos a essa 
pergunta foi qunse sempre ambivalentc: o dire ito é natureza e também 
é arte. 
Certas regras derivmn da natureza e, por isso, constituen1 o direito 
natural; outras deriva1n da arte ou da convenção. - as do direito posi-
tivo. Dessa resposta dada pelos gregos ao problema do direito, surgiu 
a dicoto111ia entre direito natural versus direito positivo, que chegou até 
nós, depois de n1il peripécias. 
A nós, hoje, pode parecer estranho que o direito pudesse ser consi-
derado, pelo n1enos em parte, mna coisa natural, un1 produto da natu-
reza. Se hoje propuséssemos a pergunta nos mes1nos tennos em que 
fora proposta pelos gregos, não hesitaríamos e1n responder que as re-
gras que dirige1n e controlam a vida social é un1 produto do fazer 
humano, entendido no duplo sentido aristotélico de "produzir'' e "agir". 
A prova é a seguinte: se en1 vez de considerar as noções tipicamen-
te gregas de arte ou co/lvençüo con10 antitéticas f\ natureza, tomásse-
mos os outros tennos da antítese, con10 sociedade, civilidade, história, 
espírito, só seria possível uma única resposta: "o direito, todo ele -
se1n possibilidade de distinção - é produto da sociedade, ou da civili-
dade, ou da história, ou do espírito". 
É, c:-:-:tudo, preciso levar e1n conta que, nas sociedades antigas -
inclusive na helênica - o direi to era essencial n1ente consuetudinário: 
um conjunto de regras transn1 i tidas de geração a geração, apl ic~d~s 
pelos magistrados e seguidas espontanea111ente pelos cidadãos. O <lll'et· 
lo legislativo, con10 o entende,110s, ou seja, o direito proposto por u,~a 
vontade don1inante individual ou coletiva era un1 fenô1neno excepcio, 
11al. Ora, a caracte;ística do direito consu~tudinário é que ele é aceilO 
eº 
. . . . . . -o conhece· 1110 se sen1pre tivesse ex1st1do: são regras cuJa onge1n ~a . or 
n1os exatan1ente e con1 as quais nos confonnan10s por instinto, P 
.... 
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31 
h, l>lt >; 11 ao porqu 11 0 , ' lll'Y'tmos JLI b 
Ufi , l · 1 1 < • ' em sa e a contra-• . a.uI0tI(II( lll' l ' j ll'jl l , . . ,1 . . ~ . • , ' t ' m º· o: ucn1cus, anlcs de nós, e os 
qu , t ao n , . o la lc, s . ·on I11ortarn , . . . .. , . . .., , 
d · 
1
• snn , e par ece que nao poden-
tu11 con uz1r j " l·o111i·tl'oi i· J\ 1-, ... 
.. . ,, d . <- 1sl1nçuo entre nalureza e norma 
pr posrn i,or lllll'\ V<>ntttd ' lo111i11ante G cvi I nle m·1s ·t bvia . a Ili ·x i: t , j • • • , '. mrn o menos 
. . · nll ll(l/tu e ·ª , ·oSlt1111e . Vak lembrar um famoso 
frn m •nt > d Pi1.· ·111 no citi·tl .1 1-. 
• , • 
1 
( 11, que a natureza é umn espécie de 
Pnm iro ostum . (, , ,. . . . , . , " , , 1111 o, 10 o o. 1 um · é uma espec1e de segunda 
naturezu: 
O 'OSlUn, u1·1 'I s .. 0 t111cl·11' ·11 L · · ·. 1 ,. · · M , ( , , , ,l 11 ·1.a que e eslrot a pnrne1ra. as, que e 
n rrntur .. í',a'! Por qu · o ·osturne não é 11aturnl? Tenho muito medo de 
qu s a natur ·zt, nao pass · ele 11111 primeiro costume, como o costume 
é uma s gunda natur .•z11. 
Com is. o qu rn dizer que as razões pelas quais os gregos conside-
ravam uma parte do direito como natural devem ser procuradas no fato 
de que tinhnm em ment o direito consuetudinário, e o costume parece 
uma segunda natureza. Ent nde-se que, hoje, ninguém estaria disposto 
a considerar o direito consuetudirnírio como um direito natural - en-
tendida a 1wt11re:,{1 como o conjunto ele todas as coisas que independem 
do fazer humano. Ao deixarmos d faz r tnl distinção, criamos novos 
conteúdos, como s mpre acontece com os conceitos de cuja origem se 
perdeu a consciência. 
Na Idade M dia, a nntur za ra considerada o produto da inteligên-
cia e da potência riadora de Deus; nesse sentido, ela está ainda bas-
tante adequada à fun ao d cal 1"'oria abrangente, reunindo tudo que 
não depende do hom 111. E o direito natural torna-se, então, ora a lei 
inscrita por Deus no coração dos hom_ens - por Deus, não !)elo prín-
cipe ou p los juízes ou I ela assembléia popular-., ~ra a lei r~velada 
· · lo t xto • saorndos, qu transmit m a palavra chvma, ora, arnda, a 
· lêi .comunicada aos homens por Deus. p r meio da razão. . 
· N princípio da Idad Moei "ma, iunndo a natureza era vista c~mo 
a rd m racional cio universo, ntendia-se por direito na~ural o c~nJun-
to das l •is st)l r • a · n lula humana, qu . no lado das leis do um verso, 
st ão ins ·riu1s naqu •la ord em univ~rsal, contribuindo mesmo para 
Blaisc J :is ' ili , (f:'t,,•, ·s •o 11t{'Pres. 1 aris. L:1 Plciu k. P· l.1.1. 
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-, 
1\ 1 lflll <I N I IIH f 11 1 1111 ,Hll'l llf Af 11Jll f', 11'}1(1( 1 , 
cOUlJ, l, qu p\\ 1 1n .· 1 •011 11 •i I L p ,r int 1111 dio la íli' a< . Urll' 
, 1uais. SSl dir ito p) ll· ,· •r • >ll .' Í I r: 1 lu 1111111rol,, . 11tí lo o í 1 ir ai 
la p.\l,\Vt , . p 1qu 11111 lir ·i t > ,.11 ·o1ttrrulo 11<1 l0 /, 01 11 e 111 , r 'rtc , fo rn ulr,1, ~ 
ror 1 •. 
1 is l(l dii _ it) n·1t11 r;d ·on. u ·tudi, ,t ri >, p1 .· • ·rd 1 •1 r < i do 
t 1 \ d i r i lo na t li I a 1 1 i i 11 • 111 . a '() 1 ll p, 111 h a ( () I ' , r j 1 ( .. ( i ' 
jur li ·a n, di :ti , 0 cti r it, ,w tu r:tl r~1 ·ional r pr ~ ~r t·, h )jc, 
un1 t ~ir, nc·,nwçi n <.J > dir •i1 na< pn 1 >: to r lo h • 1 que, 
ju~l,llll nt por 1u o t •r sido at.in ,j I l p •las pro · ,1us da hi stória, l ou 
11 t nd t r valida<I univ •rsal ", 1 < rtant , urna dígnid· d aior do 
qu a d) lir itn I ositivo. 
N st p( nto. d v 0 rf~t111os expor un1a breve I ist6ria da idé ia do di-
ito natural. Nn t'lltanto. ·11 1 111 de não s r este ohj ti v d c urs , 
n~id t"l o ten1a I ou o instrutivo. alén1 de bastante n1aça nte. M ais 
rtun l. nn ,ninha opiniilo, será dar tuna rápida vi sta-d' o lh , de Pla-
ta a iorJi< Dei Vc c:hio, 1 ara apresentar e co1ne ntar - referindo-me 
dit tnn1 nt nos t xtos - ab•u1nas entre as rnais célebre definições do 
di ito natural. es olhidas pela sua i111portância hi tórica e exemplari-
dad 
ic n i tre~ lefiniçõe.: unia de Aristóteles, outra de Santo To-
n1 · a t~rceira de Hobbes. Elus representan1 os três período mais 
irn rt~11t : e1n que se d_istingue a h!st_ória da filo ofia e expres ani, 
n1a,s. tr : p nto · de vista c:.iractenst1cos que preci aren10 ter enl-
re pr ·ent · ao tratar das relaçoes entre direito natural e d. · · 
. . . .~ . . . . 
' 1re1to po 1-
u · . dt t1n a ntr os dois tern a ver seuundo a do t · d • 
. 
, • b u nna e An t ,. -
t 1 ·, · t r tu k < tll , s1 llo ao seu onteúdo N d · 
. ~ . d' , · , . . . . · a oucnna d San to 
, .j ª. ,hn\ < n . tn pnn tpal,nente o autor. Na dout . ,• d 
l't,lln1 nt ~ a f un . 0 - nna 4 • 
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lkErI 
o· A ORO 
4 
N/\ UR AL 
M AI I r 1 LL ' 
En1 vário pontos, Arist t I s fala da clistin ã · ntrc dir il n 
e chreito positivo. A sua d fini fi mais _ I br , n ntant , a qu . 
encontra no início do Cai ítulo 7 d Livro 5 la ~ ti ·a a Ni ôma os, 
onde sele: 
Da justiça política, uma parte é 11a1urol. a ou tra legai. A natural vm 
em qualquer lugar a mesma eric.ki a, e não depend dn n .. a i-
niões; a legal é, em sua origem. indiferen te que e faça as. i m u de 
outro modo; mas, uma vez estabelecida, deixa de ·er índífer ntc. 1 
Como se vê, odireito natural é definido, nessa passag 111, p r n1e10 
de duas características: 
1) a primeira é a de estar ern vigor "e1n qua1quer lugar", ou eja, de 
ter validade universal, independente do lugar; é tuna característica con-
sistente com o conceito de natureza e com tudo o que é natural -uma 
coisa tipicmnente natural, como o fogo, que quein1a en1 toda parte do 
mesmo 1nodo, dirá Aristóteles: na Grécia, como na Pérsia; 
2) a segunda é que as regras que ele detern1ina são extraídas das 
nossas opiniões e, portanto, estabelecen1 o que é justo e injusto por i 
mesmas, independenten1ente do que pensarn as pessoas. 
Quanto ao direito positivo - Aristóteles o chan1a "legal", isto é, 
proposto por n1eio de leis-, seria de se esperar que fosse definido 
com as características opostas; 1nas, ern verdade, há urna só caracterí -
tica, que corresponde não à primeira, n1as à segunda do direito natural. 
A primeira, na verdade, pode-se subentender facilmente·: contrariam n-
te ao direito natural, que ten1 a 111esn1a eficácia e1n toda parte, pod mo 
atribuir ao direito positivo, sen1 que Aristóteles precise dizê-lo, a caracte-
rística de n1udar de lugar para lugar, de ter validade particular e nã 
1 
Ari tót te·, Érica (1 Nic<'""u·os. Brasília. Ed itora Universidade de Brasília, 2'ed. 1992, 
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11 , 1111• li 10 11 .1 ' 1,1 Ili . 
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l l't ;ndcf 1 IH ·111 llH • . · · 
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nH' 'n íl",, • llld :-i c.' díd d •prns . . - -
, . . , 1. ,,.1. 1,e1o dird
10 11a1Ural, noenumto,naosaoto(h , 
1b íl ' 1 1) li . L • . . 
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· ; \/ ~Ili cl ·l:,s. 11 :í urna esfera de açoes 
rndderentes • cu · 
it(, ,., 1 ,~, \(:. ,~. · · -
1 · · · , - JQ 
J 1
. , · ~, <)l l l·i ·tth ,·1 lei JJos1r1 va. Porumto, a
 e1 posH1 va e a qti 
, • '11 , n,, n ,11w-, ti l .. - ' , , 
-
e 
,. ll l. t ( hri:":,róri:1. ... , p,,r 11 wio dos se ti s com
andos, as açoes que, corn res-
f cih ;,o diil'i ro 11 ;ir11 rnl, :-; ;io indif't.: rentes. 
Em ou.tras ~alavras~ a~ ações 
1 ':'i l:t rwlo dir •i tn
 positi vo siio ;~quelas.~ue senam hvres,
 nao fosse 0 
,.nl md, nu n proihí~·;io do direito pos1t1
vo. Os exeniplos dados por 
:\ d~.rÔh!I •s •s • I are clll bem a qucsUio: sacrificar a Z
eus unia cabra ou 
dw,~ >vd h;l'; \ por si mesmo, urna ação ind
iferente no sentido de que 0 
Jir iw na111r d fl ilO ."i ocupa com ela; se nã
o há unia lei positiva que 
hri '"• a Sll ' f ifi itr uma cabn.1 ern lugar de 
duas ovelhas, ou vice-versa, 
e, wu livr · p;ar:t faz ruma coisa ou a outr
a. Mas essa ação deixa de ser 
lh·1r..·, :-. i11rcrv~111 n lei positiva, impondo um
a forma de sacrifício e exclu-
i11do a 0 111 n1. Se ronwmo!-. um exemp
lo comu1n de lei natural - por 
e ·m1 lo, ;1quda que prescreve o respei
to aos pactos -, deveríamos 
Jí1 ·rq11 · :, :,çfio por tia regulada nunca é in
diferente, o que significa que 
;J aç;io 1 obrig:,rc~ria, sem que inrcrvenha u
ma lei posí tiva para sancioná-
la. 
( int ·r ·.,,-.,~ cfo:·!~:t dh rinç:lo r.Jristotélica consiste no 
fato de que ela 
bu . a o rirério de dclími1:1çlfo com resp
eito à respecliva niatéria do 
úirdto natund t: do dírcíu, positivo: a maté
ria do direito natural corres-
pon<! ~ ~•o j co111porr:11ncnro: que sfü> bons ou rnaus e
rn si mesn1os· a 
n,:lf'·rrn do dí, ·ito posír ívo começa onde 
cessa a do direito natural e 
<.:ou · ·rn • w; ;w Jt !i inclifor •11 1 '!.' . 
1
'' dt f:JJiio!, t>t-fl 'IIIH' r -11 >" • , 
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. f' , , . . _ , ,, ·
1 
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0 que ,1con1ccerrn se unia Jei positiva in-
,H, ..• J , ~ ifofí1 d;,•, e:( í::1' n~11u f · 1, . ,.. ,. I 
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• • " t :, .ir ti !). pi,: .1 e, na rural. A resposta est
ana 
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· .HJ . of. ,Ji, ro, dt1:,,; dilt:r ·olc:r l1í1161,, · • ._. . · I < J I · ,,, .,. 
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11 :, t·i pc , .. ítí •1:, l' JJ ' llh < , .. 
1 ·í 11:1tJJrnJ ,. 0 1 .• , ·1 
, ' , un ,portíllll (;tHo do ,ncs,no n1odo que a 
IJi '. ' ,t, t" v< , 
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1. <. t1
,1J ,, , , 
11 1J11 t •I;, <,rde,w ou JJroibindo o rJLJ C J)roíbe - e 
-
,, " ! ti l t; <,r, ,1, 
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_7-,J 011 :, r1:1!11lr,,,tÍt.: ,,1, d, , -
r t• ,J , 
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1P" ,1,, ... _ ord •w1 1 I · l 
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1>1J r >Hnlúwl, , , 1 1 • • 1, • 
• 1 e O o que a lc1 n~Hu ra 
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" • 
1 Hc i,c , ,1s:-;1n1, un1 conllitode 
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n '\ . n 
Mais adiant , l J f re o n it d qu pr prio do l 
1nen1 guir e. observar ')nstant 111 I1 t •l.s 1 u _ IS na s ritns n 7. d . 
e crita . 
" Há du?s pa~sagens. s n1pr la R róri ·a. m qu 
por e111 ev1dênc1a a excelência las l i , não- s ri tas 111 r 
tas - cita o fa111oso as de Antígona, que. para bed 
escritas que a obriga varn a sepultar o i nnao n1ort d s 
civis, estabelecidas por Creonte.3 
Nos trechos citados, identifica-se a lei natural ora rn a I i ,nuni 
(contraposta à própria), ora con1 a lei não-escrita (contrapo ta à ~-
crita). Destas duas novas distinções, a n1ais segura é a prin1 ira, 01110 
demonstra esta outra passagen1, sen1pre da Retórica: 
A lei pode ser própria e comum. Própria é a que cada um impõe a i 
mesrno; e esta tanto pode ser escrita, como não escrita. Comum a lei d 
acordo conz a natureza. Existe de fato o justo e o injusto 01nun ~ p la 
natureza, que todos proclamam, ainda que não se t nha1n po t d 
acordo ou de alguma fonna pactuado todos os que a aceitam.'' 
Como se vê, à distinção entre direito natural e direito p 'itiv 
corresponde àquela entre direito con1un1 e direito próprio. M n b n1 
lhe corresponde a distinção entre lei escrita e não escr~ta, P rqu; . 0 
direito natural parece ser se1npre não escrito, con1 respeito a esta ultnna 
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36 0 DIREITO NATURAL E SEU SIGNIFICADO HISTÓRICO 
diferença, o direito positivo pode ser escrito ou não. O importante a not 
é que 1nesmo a diferença entre O direito comum e o direito próprio par: 
ce tomar co1no referência O fato de que o direito próprio, ou legal, ocupa 
o espaço deixado pelo direito natural e comum nas matérias que ele não 
regula, abertas, assim, ao julgamento dos governantes, quase como uma 
integração que nunca se deve transformar em antítese, sob pena de 
invalidade ou ineficácia. 
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5 
O DIREITO NATURAL 
SEGUNDO SANTO TOMÁS 
supren1r1 ia do direito natural :obr o direito positivo devia tomar-
mui't .111nis lara ' m ad, ento do cri tianismo, mediante o qual a lei 
n;1tur~I - que rienta a onduta das pessoas neste mundo - de eria 
in ·erir-se e1n tuna on p 10 teológica e hierárquica do universo. 
A lei natural pns ·a a er- direta ou indiretamente - a lei de Deus. 
Assim co1110 Deus e tabe1eceu as leis que regulam o movi1nento dos 
corpos, detenuinou as leis que regulam a conduta do h01nem. A única 
diferença é que o homem sendo li, re, pode violá-las. Mas as leis não 
perden1 a validade pelo fato de serem \ ioladas; continuam em vigor e 
poden1 ser descobertas pelo homem a quem Deus as manifestou - de 
fonna direta con1 a revelação, ou indiretamente, pela razão. 
Para pôr e1n foco a concepção c1i ·tã da lei natural, não há passa-
gem mais significativa do que a do DecretumGratiani,1 onde o direito 
natural é definido assi111: Jus natura/e est quod in lege et in Ei angelio 
co11tit1etur; 2 onde por /ex se entende o Antigo Testan1ento e P?r 
Evangeliu111 o Novo. Deste modo. a lei natural é identificada con1 os 
Dez Mandainentos e con1 os preceitos de ida pregados por Cristo. 
Quanto ao , alor do direito natural ele é explicado de 1nodo n1uito 
preciso: 
Dignirate vero jus natura/e simpliciter pra 1valet consuerudini t 
constiwrioni. Quaecumque enim vel moribus rec pra suntt v l scriptis 
comprehensa. si 11aturali juri fuerint adversa. v na et irrir sunt 
habenda. 3 
1 De jure na,"'ª ti co11sriwrionis . 
.. Direito J'Hlturnl é o que está e ntid na I i e n Evangelho. [N. de J. M. G.] 
l COJ.\'l.e ito.-pel· ua i,iude O dir it natural I revale ~·~ bre oco tume e a constitu~-
. ~o Secmttrlno, dir it º" tu ~11, rud qu f r ãdm1t1do pel costume ou pel l.e1 
' rt'<'m iderad f. Is u nul . [N. de J. M. G.] 
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(1nmMT(lN1\' l llH/\I l ' Sl ·U · 1ciN ll·K/\ I 0 111ST Jl{ ICO 
,., •u 110w t/u,o/ooico d · ,111lc Tom:is de Aquino, en,-r, 
_ '- Ontr• Hl • si .. e ·l:ís:-i 'ª não sup .. rach da concepçao cristã do e/ti(, l''httllt \l . t •111n '1s q11c'stio11<1s - a partir Lb nonagésima - da 1~r :11,, '"' tt,< s~ > d di a las ao proble111a das leis, constitui ndo urn /trii,1 d ·i 1 • tado l <' l<1gil)l(S, font v ilustre de urna ~onga tradição . l.:. ru,l . 
, :H t T Hn :ís di stin gue quatro formas de lei: 
} (1 ' (t ' l'll<I, 
1 111tr<1 lis. 
l1 1111t1110, 
-1 Jivi11n. 
A / · aet r11a ' a razão di vi1_1a que ~over~a. 0 n'.undo'. a lei natura\ , \U n inl r s. u d modo particular, e part1c1patw leg,s aeternae in 
arimu,/i reaturei.~ 
A 1 i natural é o modo como urna ordem cósmica, emanada de D us, manifesta-se naquele aspecto da criação que é a criatura dotada d nL~\O, isto . o homem.5 A lei natural consta de um preceito único e cn ri O do qual a razão deduz todos os outros. Esse preceito muito n ri o onsist na máxima bo11w1i fociendum, ma/e vitandurn, que pr ga faz r o b m e evitar o mal :6 
· t ·1111er /iocf1111da11111r 011111ia alie, prnecepra leg is nmurae, ut scilicet 011111ia illafacienda vel vitr111da perti11eo111 ad praecepta legis 11c11urc1e, quoe rutio proctica 11nt11raliter apprelzendit esse bana hw11w1c1.7 
A /e humana abrange todos os preceitos particulares que a razão consegue inf rir em diversas circunstâncias, para enfrentar as diferen-te · situaçõe · criadas pelo relacionamento entre as pessoas, derivando-
º· da · Jeis naturais: 
.. 
. , 7 
Ex prae('epris legis nmurolis, quasi ex qui/Jusdam principiis co111111wii/Ju5 
<'I i11de111011strabilibus, necesse est quot ratio humana procedat ad ciliqua 
· ai to Tomá~ de Aquino, Summa theolo~ica, q. 91, art. 2. 
f .. ' , Oll,t, ll 011cetto di Le&ge i11 Sw, To111111l1. o d'Aq11ino, Tuiim, 195 
~nto Ti 016 · d A · · s · quino, 11111111c, theolngica, q. 94, :irt. 2 . E ·obl'e i ·1 , f 1 ~ 0 se unl amentam todos os d •111 i.· preceitos da 1 , \\)Jtl ida natur 1a, P 15 o que deve ~er feit) · .1 
. . . , . t ou ev1tauo, segundo a r.12· o práli a do · homen . seus pnnc1p1os. IN. de J. M. G.1 
. . () a('~ l:l :,UJCII . 
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d 
e ·fe, 
. . l l::.Gl'. DO :m -
,.S 9 
,/ rit r J>one,u a . r i H p . l , . 
. · aru u ares d,. position.e · 
m; ra e, em hHmmwm icw,1 ,,r leg [' } s 
~ ,, zw1wnae. 
. •n ° T m/: h, na e sa lei de human itus 
iferen a en_tre_ e ·· e modo de expor o problema 
~. t n l e l re rto o. i ti vo e o de Ari tóteles. Se-
r i o na ural e o direito positivo se aplicam a duas 
ut n na: 
ç~e _m _raln ente nece ária - ou impossíveis~ 
n r· l 1ente md1fe en es. 
E , ncepç;--o o ct· rei to positi 'O ocupa o lugar deixado pelo 
ire , · n •ural. q a e como um acré , c · mo uma extensão líci ta e1n um 
r n~o re er do. 
S-eºundo Santo Tomá porém, tod as as esferas da conduta humana 
j' estão potencialmente sujeitas às leis naturais - o direito positivo é 
pre ent do con10 un1 de en ol imen to interno, un1a adaptação gra-
d l da n1áxima geral a situação concreta. es ta segunda concepção, a 
1 i hmnana não in enta nada mas descobre, progressivamente, uma ver-
d de implícita que faz emergir e que aguarda ser explicitada. Poder-se-
·a di zer que nada exi te de propriamente "ind iferente", porque tudo está 
previ to en1bora ainda n~o descoberto e determinado. O que parece 
indiferente é pura e sin1ples1nente o índeterminado. 
Como se sabe, Santo Tomá descre e de du as n1aneiras a passagem 
da lei natura) à lei humana: 
I) per conclusione,n, isto é, do modo como as conclusões logica-
mente necessárias são deri adas de princípios evidentes (por exemplo, a 
nonna 11012 esse occidend111n10 é deduzida do princípio mais geral, nulli 
esse Jaciendunz nuilu111); 11 não matar é regra derivada da regra geral 
que proíbe fazer o n1al; 
· · ·, ol l ir do princípios da lei natural e de A razão humana precisa nece.-:anamente ev 1 •' , . _ 
. d non ·1rn e i , para alcrun pont s ordenado.s de modo 
cen normas comun e m e, - e. , [ d J !vi G J 
mai particular,; di. po ·içõe - q e a raz -o chama de leis humanas. • e · · · 
Sa to Tomás de Aquino, Summa theologica, q. 9 1, al1.3 . 
9 E l belecida confonne à oawreza humana. l · de J. M. G.J 
·ã, se deve mat., r. { •1• de J. ~- G.] 
1 ti,n · ém deve p atic r o mal. l · de J. M. G. J 
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. . 1 SI l J ICi!'l ll l /\1 lt f.dÚI IC() \i l 1 ' li ll) N \l lJI /\1. · ' 
\ th nwn -1r( e i. o e arquittt(i n· 
l ·v· · .- tr11r - p rcx<.: , ·-~ 
. rnr;,, J 
1 1 d ·v· r uni< i -~cah .• rmina qu ) ·u p:t · · ' e ar, k1.,. · 
st:\b ·l · ·er 1 1 cn:1. 
. . 
· 
, t1 : '-h is m) lns 1, \ ·ri, :1 ·ílo, hd urn t dit e cn_ça q lãbe:, .u•i 
, t ar: : a l ' hum:\lrn d •riv:1 L1 /J l' r co11c/11sio11 ~111 retira a sua Víil ir\~> 
\ ' 11 , n h \ i ll:tlu r:d da qu :d prov ~, 1; a l •1 _ liun ana deri vadél fi~; 
1 ,.,,·11 ai 11 •111 t1:tn va\i(hd·· prnv ' 11Í ·1 t ' la lei hui a a, ex solwn Ir:;,! 
d,c, 1>1111/d. 11 
N qu < n • •n, u) st ,undo a.- p • ·t d toda de utri ajusnaturali~t;; 
u s ja. a afirrna . a da sup riorídad ~ do dir it I atura} sobre o direi ri p sitivo. e r nsarn nt d , anto Ton ás é I ui t claro e sobretudo berr1 
nh i o. Pc d -s di1. r qu ·1 passa en m que ex põe esse concei ri 
t m u-s uas ums mbol d t dn doutrinajusnaturalista e também o 
emb\ nut da. r ivindi a - s r rr nte · do direit natural contra 0 positi\ i. mo jurí lico. Nao pod d ixar ele I rnbrar estas palavras famosas de Sant TomJs qu m qu ir, e )ntra1 or à d utrina positivista do direito 
- · pat"\ n qunl umu l i t si tiva válida mesmo se não é ju ta-, a 
on ep\ã trndir ionul jusnaturalisl'\ - s gundo qual , para ser válida. 
uma lei po ·itiva d v tamb m s r justa - isto é, conformar-se à lei 
natural: 1 
Omnis I x l111mcmit11s posita intc111t11111 /l(lb J de ratione fegis inqua11tw11 
a le' llCltitra d •rivat11r: si ,.,,,.o in aliquo a lege naturali discordei, 
i m, 11 11 rir I ~x. sed le~ is co ,.,.i,ptio. '5 
É ~111~ pass~_tgem qu s d v ter s 1111 r pr se.nl , porque represen· 
ta º. cntén _mais s~guro_ para li stin nuir um d utrina ju. naturaltsla de ouua que n~,o o s ·J·1 nt rio ciu .· . .. . \ ·1 . . · ons1ste na ahrn1açf o que para a e p s1t1va a orr · o d"' ·. · · 
. . sp 11 n i,t com O d1r 1l natural uma 'condição de validade'. 
1 Santo Tomjs d' A uino. S,1111111" thco/o •ica, . 9 . 1 . . 13Tem for a u11i c 1111c111 • a panir da l ·i hun i.\l\ i.\ . l N . d 
J. M . -1 14 SJnl Tom ~ís dl: Aq11í 110, '11111111u tl1t'o /n •i<· 1, ll , <.• _e 
'1 . l :lt • 2. 1 5 Qualqu 'r 1 ·i slah ·!e ·id;1 p • los horn(:n. a t I ti '\ n . . 
. _ ~ m ida nawrez~1; se d1s ~nr l:tr desta. 1;1 11 ;10 s T: u111a \ i 111 i.1 .• , · · • • , >1 ru1 ~, 
· da 
m d riv• da 1e1 l 
d 1 i. LN . d J.M.G. 
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> 
.., pflul anteri r e e 1 qu n · e 
m um a ,nt 
.._r d xo: d um la . oju:1 ·tturn li~n ª l ~ re e-n _ om uma 
, u · ·m iatn ente uni ári·1. n ~ i.· d que normalmente s ~rc: d tr 
im •· que, s b o munt L outri nju~n at unlista, a: mon is m j- div r~ 
as foram defendi da : a m ral da i~ual ade :i d sigualdad . utili-
ade e da solidariedade. da obediênci'l e a res·:t~nci·. E taríamos ten-
tados assim a refazer a pergun ta que 5 título ao apítul , ma de ·ta 
forma: um só jusnaturalismo ou muiros. 
Acho que de emo re. ponder a ess:i noYa pergunta da, eguínte for-
ma: a multiplicidade desconcerurn te das pos ições assu midas pelo 
jusnaturalistas, associada à unidade substan ial da sua in ·píraçã - o 
que explica, entre outras coisas, a denominação e mu m - só se justifi-
ca quando se chega a perceber que o ju. naturali smo não é uma moral, 
como muitos acreditam, mas silll umo reorio da moral. Em outras pala-
vras, as doutrinas que, no curso dos ·éculos, fo ram chamadas de · teo-
rias do direito natural" não tiveram ern comum umn determinada moral 
que tenham defendido ou pregado, ma sim o foto de que sustentaram 
um determinado fundamento e uma determinada ju tificativa para a 
moral, qualquer que tenha sido o seu conreúdo. 
Entendo por "moral" um conjunto genérico de prescrições da con-
duta humana, ordenadas sistemática e hierarquicamente em tomo de 
certas máximas fundamentai s, inspiradas, normalmente na aceitação de 
um valor preeminente. As morais são denominadas, geralmente, de acor-
do com a importância atribuída a esses valores fundamentais . Por isso, 
fala-se de ética da liberdade, ética da justiça, da compaixão, da carida-
de, da petfeição, da solidariedade, da utilidade, da força, da potência, da 
paz, do bem-estar, etc. Mais raramente e, com menos clareza, de acordo 
com a escola ou o autor que a elaborou e defendeu, diz-se: ética cínica, 
est6ic.a, epicurista, tomista, libertina, calvinista, puritana, 'pinozista, 
·.kantiana, :marxista spenceriana. 
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'K" 1 111 ._ , ,,\/ 11 ·1c Pn 111,, 10 , • () l l ll( I li I Nt 11 ' ' 
1., ) . 011 t n l 1: 1 1 • é u 111 • m.1 u IH ) LJ . ,., ·oria d,1 11101 :t • 1 1 . . 1 1 ~u, 
1 .
. · 1 •111 ·1ti L" t1n ·111 . • rn l) ob l t 1v ) l t ·1r ·1 uma n o ·a1 tltr, l Ol".l ( ll-i ~ I.\ t. • • . . ' 1 • 1 \' 1 
• ·· n ·1 0 11 l q11 ' nv n ' r .. 
u ~u ~ ·j11. 111nn_j11: t1f1 L· 11,· \O , 
ÍI.: . J,L 1·· ··1 · . ll l ' l 0S 
, ·1· . J-t · li loso ias m , .. 1s , L fnr de qu 111111 .,s , • · . _ 
. . non I e unn l oria la 111 mi na n ~· d 
, m :-:mo tu11po, 11111.11 , . . . • . . . 
ll nrnç'to <l • ·onl'1111dir du~ts -,~1~.:1s ~~ s t_1~1l .1_: · . 1_ u n 1_ ~.i _1 _ • ~. l tí o 
d : p s ri_o s - " :1111 :1ateu1rox 1rn( • . 11~ 
1
• -~~, .~ .. '-ª az , ''d vt. 
procurar a 111.1ior utilidade p:1ra o 111:u 1r num 1 , eJa · aucentico··. 
t . qu si11ali za111dil' ·r ·11tes tipos~I 111 rJl: d ouu:o, vano·arg . 
m ntos com que O mornl i sta b11 sca I u 11 d a111 n~a ~- r ·1 :onalment Q. • J l 
111 ral , para p rsuitdir as pessoas d qu uma maxima e melhor do 0 ., ~ 
utra. 0 qut; 1~va, na hístôria da filosol'ia. [1 su . ·:Jo. e te ria- dJ 1 0 J 
d natur za teol6 lica. naturalista. o nve n 1onal1 ·ta. ra ion li · a. 
voluntari ta intui ionista. 
Para dar um exemplo, é certo que a expre ·sfío · moral kantiana" e 
significar tanto as máximas supr~mas de conduta ilu trnda - por KJnt 
Fundação da merafísica dos ·osr11111es, como a filo -ofia do racionnJs. 
mo érico, expo. la, p·irticularmente. na Crítica da ra:ão p rática; om 
também a expressão' tica utilitarista" signirica, tanto a moral in pir a 
no valor "utilidad ", como as v;írias especulações de Bentham e sua 
escola para demonstrar o caráter racional e a superioridade de ·a n ral 
com relação às morais tradi i nais. 
Talvez se pudesse tamb ~m acr ·centJr que, em certo· i ·terna fi lo-
~61icos, moral e teoria da moral estão estreitamente un ida , quase ·e 
mterpenetrando, de tal forma que a não-separação faci li ta a compreen-
são de ambas. 
_ Há, também, .duas situações não infreqüenres em que a di stinção 
entre moral e teonu da moral é necessária: 
l) quando nos enc0,.,1., 1- d . tan . ., . . ' 1 ~unos e iante e monus an,í lo ~a. que, no en~ 
to. t1ve,am diferentes justificativas históricas· ~ 
2) quando nos enconr .. . d .. '. . 
util' 1 d . ~ . . ~ 1 .imo ldllt de te n as morai que toram 
• 1 .a as .P~1ra Justificar as m rais mai s di ~ do 
JU, naturél li smo. rsa .. - que e o caso 
Começo e n1 . h a o . s rvação d 
o lermo "natural' ' d· . . e que, na expre ·ão 'direito natural''. 
. na a nos 1nform~ . b ,. . - . A única máxim·1 nu . l .t ~0 re o nteado da pre cnçoe~. 
' --.. e f)Oü mos d d · . 
·- uzu da natureza, ao e colhê-1 com0 
l 
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< JU . 1 lfl-i 1 I ISMc 'AO f- lJ . 
• • ,11\ • 
a a a as 1 uint : " l cv ' - \ . . 
. ,, d . e t t r d ac r 1 . 
' 1 ct m u, 1a d '-' · •1 · r11 -í . on , at 
.,. '- • q x I nn s v · . . .· r -
ias as l sso·\ . nvo lvith s 11 , 1 '. ,.1:. s qu , !->e< 
' . ' Ou •1 ·er f) l . 
t t ú d , ' n f rm e s -• r fi ra ~1 1 w l I r "' 7 . : . . . • n e.: 1 1 as e q a 1-
. ,(\ 111 st11 t i va l 
u r . u · ara 101wl. uai t 1s lu ~1.· scr·í , . , . 0 c.mem à 
• . d Slld 11 ,Hurez· / N· ·1 r ·s5 "d.ir it natu ral' ' ( termo" ·"' verc Geleira . 
' natur, I" pode · d' fi nt ou of u11do111c11 ro do direito N· d· . m icar du s 
. . d ,l sugere o escl· . 
t ponto. E pressoes como "d ireito indi v'd , 1· . ,), "tr~c1men 
t. . 1· A • J ua ista social is a" ,. . · te . azern re erenc1 a ao conteúdo ideo lóu· . d ''. . · ' 
. . . f . :- ~ . c, ico o d1re1to; outras ~ õ l er em c.l inatena) ao segmento do direit . ''ct · . . . 
, . . , ·"bl' o' ' " . l" o. ire1to pnva-
. ~ pu 1 • pen d . 
1as "direito natural" é expressão us·1d·1 ciuase excl · 
.. ... . · · · (. ' · us1 vamente nes-
s s duas equencias: 
l direito natural , consuetudinário, legislativo; 
... direito natural, divino, humano. 
A pri1neira caracteriza a fonte das regras; a segunda, o seu funda-
nento. Nenhun1a das duas séries dá qualquer indicação a respeito do 
conteúdo. 
Chega-se à conclusão semelhante, ao considerar "direi to positivo", 
expressão antitética de "direito natural" que silencia completamente a 
respeito do conteúdo das suas prescrições. O mesmo não acontece quan-
do se con1para unia n1oral con1 outra: duas morais se opõem, se uma 
propõe con10 valor supremo positivo o que para a outra é o supremo 
valor negativo. Por exemplo: a ética da caridade contra a ética da utili-
dade; a ética da con1paixão contra a ética da potência, etc . Mas a 
positividade não é un1 valor en1 si n1esmo, embora, como a natureza, 
possa fundainentar a aceitação e a imposição de qualquer valor. 
Uma prova de caniter geral é dada pelo fato de que, quando se dese-
ja dar maiores inf onnações sobre o conteúdo, somos obrigado~ a ~cre~-
centar unia especificação adicional: dizemos direito natural cn5rao, di-
. . . · J · . t Pod - · t r reuo natural personalista~ d1re1to natural solic an ta, e e. . ~ . ~ 
U·n'.\a · · , .. · d . ~ va"r1· ·1s orr nt s h1 t n as 
• · prova n1ais espectf 1ca exan11nan o as ' . 
associada· ao direito natural, que, por isso, pod m d 11. mrnar-ds_e 
·· i ;, . m rJ do t-J1J naturali ·ta . Corno s t m 1nuitas vez s hs r ª · ' ª ... 
· · • . · . ,.. .. d r po ta ·is v zes 
-~~tQ..n:arura_l, difer ntes m" xi mas morms tem si O P. . · lonial ra a 
~~"'~ . ~ . e . . , · d"<.> a e 11 q u I ta CQ . 
·~ "•r-;g,IO,, .ue1endendoo1aa es·1ttv 1 " ' • · · · • dade 
JlL.:...f,1 ,;.., e,, . . • ,.. " . . 1 1 mal· or 
. IIJCT\létae e as .guerras de hben,1.çao naç1or}a e ço . 
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• 
l lRUT 
,: S :u Sl('NIFICADO IIISTÓRJCO 1\1 l{AL G ' • J 
· d - · d'l l coletiva· ora a obediência à lei do soberano pn, a a, ora a propn uC , . . • • , 
d..... · vtl· ora o re 0 1me 1eud I n1es1noquando inju 'ta, ora a desabe 1enc,a ci , b a e 
sua hierarquia. ora o regin1e burguês e sua ordenação purainente formal, 
ra r ein1e ocialista - dos antigos socialistas utópicos - e sua orga-
ni a ã con1unitária. 
H, un1 e tnplo atual e inédito dessas antino111ias, n1u itas vezes de-
nunciada e deploradas, que n1e parece extre1nan1ente esclarecedor: o 
e ntras•te radical entre dois livros italianos sobre o direito natural: 
Giusnaturalis,110 ed erica 111oder11a, de Pietro Piovani, e La restaurazione 
d L diritto Ji natura, de Cario Antoni, a1nbos já citados. 
Para Antoni, o jusnaturalisn10 - con1 seu reconhecimento do valor 
da pes oa - representa a 1nais alta tradição de urna ética da consciência 
individual oposta à ética da lei, e, por isso, deve ser "restaurad " p 
P. . . 1. o . ara 1ovan1, o JU natura 1 ·mo - con1 sua perene aspi raça~o d l · b' . ,. . ( •- e unia e1 o JC-t1va que e ·pelhas ·e un1a orde1n cosn11ca preestabele · d 
d · - · ,. t· · d - d ,. · 1 1- ci a - representa a trd 1çao Jª at1ga a a et1 a ega 1sta contra a étic d . 
. • _ • • :li • • • . • a 1110 erna da liberda-de 1nd1v1dual e. por 1. s , deve ser repudiado de ui 
fundo, a inspiração ética do · dois autores é se,1 11 na vez por todas. No ie 1ante· 0 p · ·. cura dar-lhe u111 fundan1enlo doutrinfü·io iiivo . d · nnieuo pro-
. can o o a . d . rallsmo; o ~egundo autor ond na inapel·ivel poio o JUsnatu-
natur'11. ' 111ente ª teoria d direito 
Mai urna v z, o j usnatural i ·1no serve i O 1 . . t;,Ua n1ente b ra1 d1atnetralln nt oposta.. . ern a du s n10-
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a 
n 
J 
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11 an ir 
:,() ,; I •, { •.,, ✓ • • .J ,. 
. ~ 
. m, a , purh,t df' Ufl a teoria da rr r,ra/. 
a ·é · · é, r •• ralm _n ,'1q 
r. V" 1 d11 - , a t< I~') a (.1 , 
() 
J , r 
. . relati 'º o a à cl· e. ora · 
indivíd o ͼ)lado que 
•• o, 
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pli 
rum no que, 
rr 
n dcrii 1ar 
u ~ r s )! "~ 
-. 
d n1n ll . 
r sol lltr nu11c1a --
. n\ u lt rionncnt • 
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O JCSX-\T ' ;: L 
Por que é bom que pa s a or ,;ibe ; Pc e 
cabeça o estudar e tu ar é bo o 
Por que estud, ré uma oa co· a? P 
É justamente o recu rso a 'ª o 
ju: natur, li tas de ejariam evitar. To 
n nna da con tata ão de que a I a u ez 
modo, de que o homem tem natu ral nt pcb -
inclinação, o que impl ica ·empre n. juízo de , 
oi as se desenrolam de detemiinad man ira 
la como um bem ou um mal . Do f to d q 
aquela inclinação natural pode- -e extrair no áx · 1 o a 
que ele é feito, pela sua natureza, deste mo o e -o de o o. 
Coisa diferente é saber e ter sido fe · to d ma orma o ~.,,.,..,,, é 
um bem ou um mal. ão se pode pas ar do pr·me· o r1 ~ ,CTr".Jll 
a não ser pressupondo um ju lgamento di fa do o o 
reza", ainda que não se perceba a substituiç:o ·da. 
aturalmente, se afi rmo que a naturez· fo· r' d po D · - orno 
dirá Locke nos seu escri to ju eni . - e se De ó pode aze o bem, 
não me será difícil deduzir que natureza é bo q s-o o - ·n r-
nações naturais. 
Uma dedução que foi tornada p sí el pe o to e q em o pe -
ceber, atribuí um valor p iti o à natureza e, a jrn, deduz· u ·alo 
positivodasinclinaç-e naturai - - da co t taç -odeq 
rais, mas do julgamento po iti o da natureza na qu li a 
na-, confi rmando, também ne te e,. o. q 1e um juízo d 
ser deduzido enão de outro juízo de alar. 
Examinando as obras dos jusn turali tas, obse a- e q 
passagen1 de uma consl()tação de fato a um ju 'zo de alo oco h' bi-
lualmente de duas fonnas: 
1) introduzindo, sub-repticiamente, lore não d -r os: 
2) atribuindo à natureza - como no e o em que ela é considera 
criação divina - um valor positi o. 
Exemplo característico do primeiro proceditnento é a fi o ofi jurí-
dica de Hobbes, que pretende de ri ar a lei f undamentaJ pax esr quaerenda 
do fato de o estado da natureza er, em sua e ê ci , um es odo d 
ra de todos contra todos. 
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. l" T·itll<) ç ·\ssim c1ue ciucm i>artiss • <.b 111 ·sn1a obscrvaçao sobre 
~r:tt r natural da ~ucrra. mas achass' qu ~ a guerra deveria ser vista 
e n10 un1 bem, e nã~ como um m;d - embora s ja u1na tese absurcl~, 
h uve filôsofos que a derenderam - , a conclusão nonnat iva seria pcr-
foitamente antitética aos preceitos sustc111ados por Hobbes. Em lugar de 
p(n cst quaer •nda, t namos /Ja.r esr \'lf(lll ( a. , . I " 
Exc111plo aractcrístico do segundo procedimento é a doutrina de 
Spin za,' para quem o dir ito consiste na pot.õncia natural , de modo 
qu , no estado da natureza, cada um tem 11111 direito proporcional ao seu 
p der: "U11iu.n1i11sq11e i11divid11i 11a111m/e j11s ·o 11sq11e se exte11dit quo 
eius p remia". ' Aqui, tem-se a in1pressão de que, na verdade. a observa-
ção d1 natureza e a afirmação de uma lei natural estão presentes no 
me 111 juízo. 1o entant , se prestarmos atenção, \"remos que a rcdu• 
ção d direito à J otên ia natural deriva ex lusi vam nte do fato de que 
Spinoza_ atribui um valor l sitivo ft 11:\lur 'za: para ele, tudo o que i 
natural e bom, pelo foto d:\ s~r natural. 
Em ou_tra_s palavras, po le-se dizer que, na cl utrina de Spinoza. id 
uma sub:tnuiçã do signil'icado d scri1ivo de "natureza". Ela o que 
aconte _e, pelo ~cntido valorativo; 'nt ' 11 lida o111 cquivalcn lo a tt1tk1 
o que e ho111 , Jlls ta111en1~ r l rqn \ ~" ·1•' t ~ \ l f' 1, ·xistir. Como -~ ~.,1 S . ·' ,'\ apenas pt: ) ato e e L. • St; • li I l p I Ih)?.' \ M o 
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d' . · ·' ' 111 "X ~lllt 1 ) I e i ~ , ~rancl -- que tc lll H llo d ·omer o p~ixe 1 ~ · ·io 1 
. . =- • • • cqueno 1 < rque t '" tn 1- kr para t:rnto. O direi < o peixe maior den va ti l l'at l 1, . . , .. ~ 
1u ,\ nat ur ·- :1 q u , 1 h , da ssc po(kt 
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Pax c·sr qua •n.·nd<l: . 
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(N. de J. . ... 
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JU NATURALISMO É UMA TEORIA DA MORAL 
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rada boa en1 todas as suas manifestações. Todavia, 0 que pensam 
. b - matéria o peixe n1enores? Muito provavelmente, pensariam ~ u re p der natural não se confunde com o direito e que nem tudo O que n tural é bo1n, pelo si1nples fato de ser natural. 
hegaríainos, a si1n, a conseqüências opostas, sem rejeitar a nature-
010 tal, n gando, poré1n, que a natureza seja boa en1 si.

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