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JOSÉ RÉGIO E MIGUEL TORGA

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JOSÉ RÉGIO E MIGUEL TORGA
 O presencismo, ou a segunda geração do Modernismo português, articulou-se em torno da revista Presença lançada em 1927. Era o momento de crise política em Portugal, e o pessimismo tomou conta do país. Presença tinha a princípio a pretensão de levar a diante os ideais modernistas iniciados pela revista Orpheu, sem compromisso com correntes políticas ou religiosas e pela pregação de uma arte livre e original teve com um dos fundadores, José Régio. 
 José Régio, um dos mais significativos escritores portugueses do século XX, abordava em suas obras os conflitos entre Deus e o Homem, o espírito e a carne, a sondagem dos conflitos a das aspirações do homem em relação com o mundo, à consciência da frustração de todo o amor humano, o orgulhoso recurso à solidão, a problemática da sinceridade e do logro perante os outros e perante a si mesmos.
 Em “Cântico negro”, poema que integra sua obra Poemas entre Deus e o diabo, é um dos mais conhecidos do autor. Nele o eu lírico toma uma posição rebelde e individual. O próprio título já traz uma dualidade, e seu olhar sobre o mundo é irônico, onde ele deixa claro entre parênteses (Há, nos meus olhos, ironias e cansaços).
 “Ali” e “aí” são duas referências metafóricas usadas como demarcação do trajeto utilizado pela maioria, dos quais ele mantém distância. “Criar desumanidade” é uma ironia que relativiza a suposta “humanidade”; quando diz que sua glória é criar desumanidade, reforça o caráter oponente da sua trajetória, que é a do homem no mundo, daquele que se faz enquanto caminha. Neste sentido, a consciência o torna humano; desumanos seriam os que renegam esse princípio de escolha individual e entregam-se a leis e normas estabelecidas por contextos maiores.
  É relevante ressaltar a dualidade entre Deus e do Diabo, também esta presente em Cântico negro, assim como em “Lisbon Revisited” de Álvaro de Campos, onde o poeta ressalta os conceitos de “bem” e “mal” incorporados pela humanidade, tornando-se motivo de conflitos vários.
 Seguindo os conceitos de visão do Homem e o mundo, o poeta Miguel Torga, também adentrou nesse universo sobre a consciência do ser no mundo. Desenvolveu poesia de prevalência de dualidade, assim como José Régio, porém por meio de paradoxos entre o indivíduo e a sociedade. No seu poema Livro das horas, Torga vê o mundo como possibilidade e a verdade como ponto de vista.
 O conflito esta presente em todo texto do autor: bom x mau; virtudes teológicas x pecados mortais; facadas x ternuras; acima x abaixo; Abel x Caim; céu x terra. 
 Contudo é possível concluir que nas duas poesias, Cântico negro e Livro das horas, o desejo de liberdade de escolha do indivíduo em relação ao mundo está inserido e de romper com as convenções, as limitações e as adequações. O aparente tom de rebeldia, principalmente em Cântico negro, revela a oposição entre a afirmação individual e a obediência é a raiz das ideias exploradas nos poemas.
http://www.uel.br/pos/letras/EL/vagao/EL3Art1.pdf
http://www.solar.virtual.ufc.br/

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