Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Acidentes por aracnídeos de importância médica na Região de Campinas Jornada de Toxicologia e Toxinologia Clínica 2014 Fábio Bucaretchi Tityus bahiensis Tityus obscurus Tityus serrulatus Tityus stigmurus Brasil - Ministério da Saúde. Manual de Controle de Escorpiões. Brasília, DF: Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica; 2009. Escorpiões de importância médica no Brasil cm cm fêmeae macho Tityus bahiensis Tityus serrulatus Brasil - Ministério da Saúde. Manual de Controle de Escorpiões. Brasília, DF: Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância Epidemiológica; 2009. Áreas externas de imóveis propícios à ocorrência e proliferação de escorpiões. Manual de Controle de escorpiões SVS/M Saúde, 2009 N u m b e r o f c a s e s Distribution of scorpion stings according to the year and type of assistance. 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 University Hospital (n= 1327) Phone call (PCC, n= 2470 ) 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 year Tityus bahiensis Tityus serrulatus N u m b e r o f c a s e s Distribution of scorpion stings attended at our ED according to the year and the scorpion species brought for identification. Fisiopatologia: oAlterações funcionais nos canais iônicos de células excitáveis: sódio, potássio e cálcio; oAtivação neurohumoral: o Estimulação parassimpática transitória; o Ativação simpática prolongada (liberação maciça de catecolaminas) Nouira et al. Neurohormonal activation in severe scorpion envenomation: correlation with hemodynamics and circulating toxin. Toxicol Appl Pharmacol. 2005; 108:111-116. Fisiopatologia : oOutros mediadores (gravidade) : o NO; o citoquinas; o cininas; o [venenemia]. Meki et al. Serum interleukin-1β, interleukin-6, nitric oxide and α1-antitrypsin in scorpion envenomed children. Toxicon. 1998; 36:1851-1859. Fukuhara et al. Increased plasma levels of IL-1β, IL-6, IL-8, IL-10 and TNF-α in patients moderately or severely envenomed by Tityus serrulatus scorpion sting. Toxicon 2003; 41:49-55. Fukuhara et al. The kinin system in the envenomation caused by the Tityus serrulatus scorpion sting. Toxicol Appl Pharmacol. 2004; 196:390-395. D'Suze et al. Relationship between plasmatic levels of various cytokines, tumour necrosis factor, enzymes, glucose and venom concentration following Tityus scorpion sting. Toxicon. 2003; 41:367-375. Escorpionismo grave (ex., T. serrulatus) tempestade catecolamínica + SRIS Acidente escorpiônico Classificação de gravidade (M. Saúde, 1998) Leves: dor e/ou taquicardia e/ou agitação Moderados: sudorese e/ou vômitos ocasionais e/ou agitação e/ou hipertensão arterial Graves: vômitos profusos e frequentes, alternância entre agitação psicomotora e torpor, sudorese profusa, sialorréia, hipertonia muscular, priapismo, choque e/ou edema pulmonar agudo. Classificação clínica (desfecho): • Picada seca: sem envenenamento; • Classe I: manifestações locais; • Classe II: manifestações sistêmicas; • Classe III: situações ameaçadoras à vida (ex: falência cardíaca/choque e/ou falência respiratória); • Letal. 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Sweating Sting mark Paresthesia Swelling Radiating pain Erythema Pain The local manifestations were similar, regardless of the severity of the sting Local clinical features observed in 1327 patients stung by Tityus scorpions in the region of Campinas, southeastern Brazil. Escorpião NI Tb Ts N (%) Picada seca 17 19 9 45 (3,4) Classe I 570 309 177 1056 (79,6) Classe II 99 41 61 201 (15,1) Classe III 12 1 11 24 (1,8) Fatal 0 0 1 1 (0,1) Total (%) 700 (52,8) 368 (27,7) 259 (19,5) 1327 (100) NI= não identificado; Tb= T. bahiensis; Ts= T. serrulatus. Escorpionismo na Região de Campinas, 1994-2011. A g e ( y e a rs ) Boxplots showing the distribution of scorpion stings according to patient age and clinical severity. Group 1: envenomations classified as dry sting, class I and class II; Group 2: envenomations classified as class III and fatal. *p<0.001. * Group 1, n= 1302 Group 2, n= 25 Acidente escorpiônico grave Exames Hemograma Glicemia Perfil eletrolítico (calemia) e gasométrico Amilasemia Troponina (amostras seriadas)/ CKMB ECG evolutivo Radiograma simples de tórax Ecocardiografia evolutiva Cintilografia cardíaca, venenemia (ELISA), IL, adrenalina sérica, ... calemia (mEq/L) glicemia (mg/dL) n= 23 n= 16 n= 23 n= 18 Achados laboratoriais em 2 grupos de crianças com escorpionismo grave na Região de Campinas. (Classe II): sinais de envolvimento hemodinâmico e/ou respiratório na admissão hospitalar, não evoluindo com choque ou EPA. (Classe III): evolução para falência cardíaca/choque necessitando de tratamento com inotrópicos/vasopressores e/ou para edema pulmonar Leucócitos/mm3) Amilasemia (U/L) n= 23 n= 18 n= 20 n= 19 Achados laboratoriais em 2 grupos de crianças com escorpionismo grave na Região de Campinas. (Classe II): sinais de envolvimento hemodinâmico e/ou respiratório na admissão hospitalar, não evoluindo com choque ou EPA. (Classe III): evolução para falência cardíaca/choque necessitando de tratamento com inotrópicos/vasopressores e/ou para edema pulmonar Escorpionismo grave: alterações do ECG em crianças . A. Onda U (hipocalemia); B. infradesnivelamento ST; B. supradesnivelamento ST; D. extrasístoles ventriculares; E. taquicardia ventricular polimórfica. A B D E C A. EPA bilateral e aumento da área cardíaca em menino de 10 anos com diagnóstico tardio de escorpionismo grave (~24h pós-picada), provavelmente T. serrulatus. B e C evolução; alta sem sequelas. A C B • 93 children stung by Leiurus quinquestriatus; • echocardiography: within 3 h of admission with measurements repeated after 24 h; • identified 19 patients who developed cardiac failure and was better than the quantification of troponin T; • abnormal echocardiography accelerated the introduction of early cardiac therapy that may have contributed to the favorable outcome. Acidentes escorpiônico- Tratamento Analgesia / anestesia local Soroterapia (AV escorpiônico, AV aracnídico) Todos os casos graves (4 ampolas / iv) Casos com manifestações sistêmicasem crianças (2 ampolas / iv) SUPORTE/ UTIP (casos graves) Hemodinâmico dobutamina/ furosemida Ventilatório 14.1 23.5 44.8 6.8 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Local anesthesia Local anesthesia plus analgesics Analgesics Antivenom % Local anesthesia, infiltration ≥ 2x: 5.2%; Dobutamine: 1.7%; Intubation/mechanical ventilation: 1.3%; Furosemide: 1% Therapeutic approaches in 1327 patients stung by Tityus scorpions in the region of Campinas, southeastern Brazil. Acidentes causados por aranhas do Gênero Phoneutria (Foneutrismo) Phoneutria nigriventer Martins R & Bertani R. The non-Amazonian species of the Brazilian wandering spiders of the genus PhoneutriaPerty, 1833 (Araneae: Ctenidae), with the description of a new species. Zootaxa 2007, 1526:1-36 Phoneutria spp., defensive display; 52, P. nigriventer, female, from Mairiporã, São Paulo, Brazil; 53, P. keyserlingi, female, from Ilha dos Alcatrazes, São Paulo, Brazil; 54, P. pertyi, male, from Santa Teresa, Espírito Santo,Brazil; 55, P. eickstedtae sp. nov., female, from Peixe, Tocantins, Brazil. Photographs: R Bertani. • popularmente conhecida como aranha “armadeira” ou aranha das bananas; • distribuição geográfica praticamente restrita à América do Sul; • espécies descritas: P. nigriventer, P. keyserlingi, P. reidyi, P. boliviensis, P. bahiensis, P. pertyi, P. eickstedtae e P. fera; • segunda causa de acidentes por aranhas de importância médica no Brasil. Gênero Phoneutria Distribuição mensal dos acidentes causados por Phoneutria spp no Brasil (2012, n= 3.591; SINAN, Ministério da Saúde) 0 100 200 300 400 Jan Feb Mar Apr May Jun Jul Aug Sep Oct Nov Dec Época de acasalamento (P. nigriventer; SP, RJ) *, Lucas S. Spiders in Brazil. Toxicon 1988; 26(9):759-772. Ramos, EF et al. Considerações sobre atividade de locomoção, preferencia por ecótopos e aspectos territoriais de Phoneutria nigriventer (Keyserling, 1891), (Araneae, Ctenidae). Rev. Bras. Biol. 1998; 58(1):71–78. Foneutrismo dor Classificação clínica de gravidade. M. Saúde, 1998 Leves: essencialmente manifestações locais, principalmente DOR, podendo estar associada à edema, irradiação, sudorese e parestesia. Eventualmente taquicardia e agitação Moderados: quadro local associado à sudorese, taquicardia, vômitos ocasionais, agitação, hipertensão arterial Graves: além das manifestações acima, sudorese profusa, prostração, hipotensão, contraturas, convulsões, cianose, priapismo, choque, edema pulmonar agudo. Distribution of bites by Phoneutria spp. according to age subgroup and severity. Bucaretchi et al. A clinico-epidemiological study of bites by spiders of the Genus Phoneutria. Rev Inst Med trop S Paulo 2000; 42(1):17-21. N = 74 N = 20 N = 328 0% 20% 40% 60% 80% 100% < 10 y 10 - 70 y > 70 y Dry bite (1.2%) Mild (89.8%) Moderate (8.5%) Severe (0.5%) Local features (%) in 422 patients bitten by Phoneutria spp spiders compared to 1,327 patients stung by scorpions, admitted at the ED (teaching hospital/UNICAMP) and followed by the Campinas PCC 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Paresthesia Fang/sting mark Sweating Erythema Radiating pain Swelling Pain Phoneutria spp bites (N= 422; 1984-1996) Scorpion stings (N= 1,327; 1994-2011) Foneutrismo Foneutrismo grave Edema pulmonar com desfecho letal em menina de 3a mordida por Phoneutria spp (1985) Foneutrismo grave Exames Hemograma Glicemia Perfil eletrolítico e gasométrico Troponina/ CKMB ECG Radiografia simples de tórax Ecocardiografia Venenemia (ELISA), IL, NO, adrenalina sérica, ... Therapeutic approaches to treat local pain and use of antivenom in 422 patients bitten by Phoneutria spp spiders compared to 1,327 patients stung by scorpions, admitted at the ED (teaching hospital/UNICAMP) and followed by the Campinas PCC 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 Local anesthesia Local anesthesia plus analgesics Analgesics Antivenom Phoneutria spp bites (N= 422; 1984-1996) Scorpion stings (N= 1,327; 1994-2011) % Local anesthesia, infiltration ≥ 2x: Phoneutria spp bites, 14.7% Scorpion stings, 5.2% Serviços AV, n/N % HC- UNICAMP (1984-1996) 10/422 2,3 HVB- I Butantan (1989-1998) 67/2,033 3,3 SINAN (MS) 2011 * 485/4,018 (3,1 amp./paciente) 12,1 Uso de SAAr no Foneutrismo *, Reckziegel G, Dourado F. Grupo Técnico de Acidentes por Animais Peçonhentos. SVS/Ministério da Saúde, Brasil, 2013. Acidentes por Loxosceles spp (Loxoscelismo) Loxosceles spp aranha marrom http://department.monm.edu/biology/recluse-project/Web%20Frontal%20view%20Loxos.JPG LISE CELULAR Fisiopatologia toxina com atividade esfingomielinase D (proteína F35 L. intermedia) capacidade de aderir às membranas celulares ativação das cascatas complemento plaquetas coagulação ativação desordenada da liberação de neutrófilos Quimiotaxia Citocinas e quimocinas atividade esfingomielinase D Ativa metaloproteinases endógenas Clivagem de glicoforinas Eritrócitos susceptíveis à lise pelo complemento humano (ativação do C; diminuição da resistência natural à ação lítica do C autólogo; background genético) HEMÓLISE Fisiopatologia 1. Quadro local Loxoscelismo cutâneo-necrótico 2. Quadro sistêmico Loxoscelismo cutâneo-hemolítico ou cutâneo-visceral Loxoscelismo- evolução das manifestações clínicas Picada geralmente indolor ou pouco dolorosa; 2-8 h pp: • dor de intensidade variável • eritema local, prurido, edema endurado; 12-24 h pp: • halo isquêmico, placa marmórea ou placa livedóide, • bolha com conteúdo hemorrágico; 3-7 d pp: • placa gangrenosa, • necrose, que pode levar semanas para cicatrizar Outras manifestações que podem ser observadas (1as 48 h): • fraqueza, febre, mal estar, mialgias, náuseas, vômitos, calafrios, cefaléia, exantemas... Loxoscelismo cutâneo-necrótico vesícula / bolha lesão “herpetiforme” Edema endurado Halo isquêmico placa marmórea infecção secundária vasculite exantema morbiliforme placa gangrenosa necrose 57h D6 D25 D55 Loxoscelismo confirmado: 35 a, M; admitida 57h pós-mordida (pm); AV 60h pm Lesão provável: 38 a, H; admitido 25h pm; AV 29h pm D1 D1 D2 D20 L gaucho (local de trabalho) Lesão provável: 55 a M; AV D4 D4 D5 D7 D5 D10 Lesão provável: 52 a, H, 47h pm com dor intensa, placa violácea irregular + edema + enduração + rash escarlatiniforme; AV D2 D7 D12 D20 Lesão provável: 52 a, H, admitido 47h pm. AV D2 Loxoscelismo e exantema escarlatiniforme. Fotos: JLC Cardoso HVB-IB Lesão provável: 19 a, M, admitida D1 pm; AV D2 D1 D1 D8 D20 D4 D37 D29 D89 Lesão provável: 19 a, M, admitida D1 pm; AV D2 Country Loxosceles sp CL, % CHL, % Mortality, % Peru, n=200 (1956-1966) L. laeta 89.0 11.0 3.5 Chile (Santiago), n=216 (1955-1988) L. laeta 84.3 15.7 3.7 Chile (Santiago), n=250 (1995-2000) L. laeta 81.2 18.8 3.6 US (Oklahoma), n=112 (1993-1995) L. reclusa 98.2 1.8 - US (Tennessee), n=111 (1996-1998) L. reclusa, L. deserta 99.3 0.7 - Brazil (SC), n=267 (1985- 1995) L. laeta, L. intermedia 86.9 13.1 1.5 Brazil (SP), n=359 (1985- 1996) L. gaucho 95.8 1.5 - CL, Cutaneous loxoscelism; CHL, Cutaneous-hemolytic loxoscelism. Hogan et al. Loxoscelism: old obstacles, new directions. Ann Emerg Med 2004, 44: 608-624. Loxoscelismo cutâneo-visceral, fotos JLC Cardoso HVB/IB Loxoscelismo Exames Hemograma Urina I ou sedimento urinário Perfil renal e eletrolítico Bilirrubinas CK total Complemento sérico?? Veneno local (ELISA)?? Loxoscelismo- Tratamento ANTIVENENO (número de ampolas) cutâneo-necrótico (provável/confirmado): 5 cutâneo-hemolítico: 10 corticosteróides ? dapsona ? oxigênio hiperbárico ??? antibióticos- infecção secundária desbridamento químico/cirúrgico cirurgia plástica reparadora (tardia) procedimentos dialíticos (IRA)Loxoscelismo, diagnóstico diferencial: • Impetigo/celulite; • Ectima gangrenoso; • Antraz; • Dermo-hipodermite necrosante; • Fasciite necrosante; • Dermatite de contato; • Herpes simplex/varicella-zoster; • Doença de Lyme; • Pioderma gangrenoso; • Granuloma piogênico; • Vasculite focal; • Leishmaniose cutânea…..… Infecção local (dermo-hipodermite necrosante): Staphylococcus aureus resistente à meticilina adquirido na comunidade (CA-MRSA) Dominguez T. It’s Not a Spider Bite, It’s Community-Acquired Methicillin-Resistant Staphylococcus aureus. JABFP 2004; 17(3):222-226. 13 a, M, admitida no HC/Unicamp; tratada com AV + cefazolina clindamicina Celulite equimótica: Streptococcus pyogenes Menino, 1a, admitido no HC/Unicamp; AV + antibióticos: Cefazolina penicilina + clindamicina D1 D3 D8 D11
Compartilhar