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CP-TGE-2013 - Resumo 3 (Sociedade e Estado)

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FACULDADE DE DIREITO DE SOROCABA – FADI 
Ciência Política e Teoria Geral do Estado – 2013 
Professor Jorge Marum 
Resumo 3 – Sociedade e Estado
“De fato, os homens vivem na sociedade e em sociedades. Vivem na sociedade global e vivem nos grupos sociais de que a sociedade global é constituída” (Goffredo Telles Jr.). �
Introdução. Vimos no resumo anterior que o ser humano vive normalmente em sociedade, sendo a vida isolada uma exceção. Mas nem toda reunião de pessoas constitui uma sociedade: é preciso que estejam presentes os elementos característicos da sociedade. 
Definição de sociedade. Lembrando que estamos falando em sentido político e não estritamente jurídico�, podemos definir sociedade como “toda forma de coordenação das atividades humanas objetivando um determinado fim e regulada por um conjunto de normas” �. 
Elementos da sociedade. Sociedade, portanto, é uma união de pessoas dirigida a uma finalidade, mediante ações coordenadas por um poder e reguladas por normas. Por isso, segundo Dallari, para que um grupo de seres humanos constitua uma sociedade, esse grupo deve possuir os seguintes elementos: finalidade, ordem e poder �. 
Finalidade. Segundo o pensamento finalista, toda sociedade deve ter uma finalidade, isto é, um objetivo, que é definido por seus membros, baseado naquilo que estes entendem como um bem (valor social). A finalidade relaciona-se com a liberdade humana, porque só o ser livre e racional pode escolher objetivos com base em valores (exemplos: contratualismo, liberalismo político). 
Determinismo. Opostas à idéia de finalidade social, existem as teorias deterministas, que acreditam que o comportamento humano é regido por fatores externos e, portanto, negam a possibilidade de escolha de finalidades. Conforme Dallari, tais teorias são, no fundo, incompatíveis com a liberdade humana. Segundo Marx, por exemplo, “quando uma sociedade descobriu a lei natural que determina o seu próprio movimento (...) mesmo então não pode saltar sobre as fases naturais de sua evolução, nem riscá-las do mundo com uma penada. Pode, porém, fazer bastante; pode diminuir-lhe e minorar-lhe as dores do parto” (O Capital)�. 
Ordem. Segundo Dallari, é preciso que as sociedades tenham manifestações de conjunto ordenadas, ou seja, é necessário que as atividades do grupo se desenvolvam com reiteração, ordem e adequação. A atuação da sociedade, portanto, deve ser ordenada, ou seja, organizada segundo leis ou normas. Ordem, segundo Goffredo Telles Jr., é a disposição conveniente das coisas segundo uma lei �. 
Leis naturais e leis sociais. Segundo Montesquieu, “lei é a relação necessária que deriva da natureza das coisas”. Lei, portanto, é aquilo que liga um fato à sua conseqüência, conforme a natureza das coisas. Esse fato ligado pela lei à sua conseqüência pode ser um fato natural ou um ato humano. A lei, portanto, pode ser natural (física, biológica etc.) ou social, isto é, estabelecida pelas pessoas para a vida em sociedade. Conforme Hans Kelsen (1881-1973), as leis naturais são as leis do “ser”, ou seja, descrevem aquilo que de fato existe, ao passo que as normas sociais se expressam através de um “dever ser”, pois são normas de comportamento. 
Hans Kelsen
Moral e Direito. As normas sociais são impostas pela Moral e pelo Direito. A Moral é imperativa, pois procura impor comportamentos, porém é unilateral, porque não estabelece um vínculo de obrigatoriedade. Já as normas jurídicas são de natureza imperativa (determinam comportamentos), bilateral (estabelecem relação) e atributiva (dotadas de sanção). Essas normas são regidas pelo princípio da imputação: se um fato ocorre, a conseqüência deve acontecer. 
Poder. Para que exista uma sociedade, também é necessário que esta seja dotada de um poder que a mantenha funcionando de forma permanente, ordenada e adequada na direção da finalidade. O poder é um dos conceitos mais importantes da Ciência Política e da Teoria do Estado, sendo definido por Max Weber como “toda probabilidade de impor a própria vontade numa relação social, mesmo contra resistências, seja qual for o fundamento dessa probabilidade”. Todas as sociedades são dotadas de poder, mas o poder do Estado é o mais importante, pois ele detém, na expressão de Max Weber, o monopólio do uso legítimo da força (coerção).
Anarquismo. O termo anarquia vem do grego e significa ausência (an) de governo (arkê). Basicamente, as teorias anarquistas negam a necessidade e a legitimidade do poder. A maioria dos estudiosos, porém, entende que o poder sempre existiu e é necessário para manter a ordem e a coesão na sociedade, bem como para dirigi-la na busca das suas finalidades.
Sociedades humanas. Segundo Goffredo Telles Jr., ao contrário do que ocorre com os demais animais gregários, como as abelhas e as formigas, no ser humano a sociedade é natureza e ao mesmo tempo contrato. O ser humano tem necessidade natural de viver em sociedade, mas decide racionalmente quando e como vai fazer isso. Para os animais irracionais, ao contrário, a sociedade é um fim em si mesmo e por isso nunca evolui�. Para o ser humano, portanto, a sociedade é um meio para satisfazer suas necessidades e atingir seus objetivos e por isso está sempre em evolução. 
Processo de integração social. Conforme o mesmo autor, as sociedades primitivas eram muito simples e homogêneas. Com a evolução, veio a divisão de tarefas e a formação de grupos, num processo de diferenciação dentro de uma mesma sociedade, que vai se tornando mais complexa. Os grupos, porém, são interdependentes, e daí surge a necessidade de uma coordenação entre eles, estimulando a solidariedade, na busca do bem comum �. 
Espécies de sociedades. A sociedade global é composta de inúmeras sociedades, que têm por fim satisfazer as necessidades e realizar os objetivos dos seres humanos. Resumindo as diversas teorias sobre os tipos de sociedade, Dallari divide as sociedades em duas espécies: 
sociedades de fins particulares ou específicos (escolas, igrejas, clubes, empresas etc.); 
sociedades de fins gerais, ou sociedades políticas, cujo objetivo é criar condições para a consecução dos fins particulares (família, tribo, cidade, Estado etc.). 
Estado. O Estado, portanto, é uma sociedade política. Da mesma forma que as outras sociedades, ele é dotado de finalidade, ordem e poder. Além disso, ele possui outras características específicas, como a territorialidade e a soberania. O Estado é a sociedade mais importante e mais poderosa no mundo atual, por isso ele será objeto de estudos mais aprofundados nos capítulos seguintes. 
Tarefa: a AME. Vamos criar uma sociedade de Estados, denominada AME (Associação Mundial de Estados), a fim de estudar as características básicas dos Estados mais importantes e ao mesmo tempo simular relações internacionais. Os alunos deverão formar duplas, cada uma representando um Estado, a ser sorteado pelo professor. As duplas vão pesquisar as características dos seus respectivos Estados e, no final do ano, deverão apresentar suas conclusões em seminários. No decorrer do ano, também vamos fazer algumas atividades segundo o modelo da ONU. 
 
Bibliografia
Leitura essencial: Dalmo Dallari, Elementos de Teoria Geral do Estado, Capítulo I, itens 12 a 22.
Leitura complementar: Goffredo Telles Jr., O povo e o poder; Cap. I. 
�; O povo e o poder, p. 18.
� Em Direito Civil, os artigos 40 e seguintes do Código Civil brasileiro trazem uma classificação legal das pessoas jurídicas, sendo “sociedade” uma das espécies de pessoa jurídica de direito privado (art. 44, inciso II). Em nossa matéria, porém, falaremos de sociedade num sentido amplo, abrangendo todas as pessoas jurídicas e até mesmo sociedades que não estão constituídas como pessoas jurídicas. 
� Celso Bastos, Curso de Teoria do Estado e Ciência Política, p. 24.
� Elementos de Teoria Geral do Estado, cap. I, 11 a 20. 
� Cf. Karl Popper, A sociedade aberta e seus inimigos.
� A folha dobrada,passim.
� O povo e o poder, p. 16.
� Idem, p. 17

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