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PROVA DE DIREITO PENAL - II
2º BIMESTRE/15 - Período Diurno
QUESTÕES:
1) J diz a K: "Entre neste globo da morte, que eu vou mostrar-lhe algo interessante". Os dois entram no referido globo. Uma vez lá dentro, J pega uma motocicleta, coloca-a em alta velocidade e começa a transitar para todos os lados no globo, passando bem pertinho do corpo de K, que fica atônito e assustado com a situação, porém sai do recinto, depois de alguns minutos, sem qualquer ferimento. Assim, discorrendo sobre as teorias do resultado e atentando para a teoria adotada no Brasil e na Alemanha, responda: Qual o resultado no crime acima? De que espécie de delito estamos falando? A teoria da imputação objetiva aplica-se em tal hipótese?
2) X ameaça Y de morte, dizendo-lhe: "quando nos encontrarmos novamente, vou lhe dar um tiro na cara". No dia seguinte, ambos se encontram em uma rua, momento em que X saca um objeto de seu bolso e vem correndo em direção de Y; por sua vez, Y saca uma arma de fogo de seu bolso e atira em direção de X, a fim de barrá-lo. Z, que é amigo de X, percebendo a cena, entra na frente e recebe o tiro destinado a X, morrendo. X, vendo o ocorrido, continua a correr e a vociferar em direção a Y, brandindo o objeto em sua mão. Y faz um segundo disparo e, desta vez, atinge X, matando-o. Quando Y se aproxima do corpo de X, vê que o objeto por ele carregado era um cachimbo de cabo preto. Você, como defensor de Y, usaria que tese(s) em seu favor? Explique como funciona(m) o(s) instituto(s) por você escolhido(s).
3) A é inimigo de B e resolve matá-lo. Vendo que B entra em um elevador junto à sua esposa, C, no 50º andar de um prédio, A corre até o 51º andar e arrebenta o cabo de aço do elevador, fazendo com que este despenque violentamente, desde o 47º andar. Chegando lá em baixo, B e C morrem, devido à brusca queda, em razão de vários traumatismos em seus corpos. Explique com que elemento subjetivo o agente A atua em relação a B e referentemente a C, esposa de B.
4) R é inimigo de S. R possui uma águia rara e treinada como sua mascote. Certo dia, R dá o comando à sua águia, para que esta invista contra S; o filho deste, T, apercebendo-se da situação, atira na águia, matando-a. De que instituto estamos falando? Justifique. E se T resolvesse atirar no dono do animal, R, matando-o, para findar com controle por ele exercido sobre a ave, a que instituto estaríamos nos referindo. Fundamente sua resposta.
5) L é portador de uma hiper-alergia contra amendoins e M, que é inimigo de L, tem ciência de tal fato. Assim, M, resolvendo matar L, oferece-lhe, como garçom de um restaurante, uma determinada comida, dizendo-lhe: "pode ficar tranqüilo, que neste prato não há qualquer amendoim" (sendo tal afirmação uma mentira). Daí a pouco, L começa a estrebuchar e morre, em razão da ingestão do alimento para ele nocivo. Destarte, analise esta concorrência de causas, sob o ponto de vista da causalidade, mas sem deixar de lado a teoria da imputação objetiva, a fim de dar o enquadramento à conduta de M.
Observações: Consulta somente à legislação seca. BOA PROVA!
PROVA DE DIREITO PENAL - II
2º BIMESTRE/15 - Período Diurno
RESPOSTAS:
1) São duas as teorias que tratam do tema “resultado”:
a) A teoria naturalística do resultado – para ela, resultado é a modificação, provocada pela conduta do homem, no mundo exterior. Ex: a morte no homicídio; a lesão corporal no corpo antes ileso, etc. Para Nélson Hungria (já na década de 40), o perigo concreto é uma modificação, ainda que fugaz, no mundo exterior.
b) A teoria normativa do resultado – para ela, resultado é a infração (o descumprimento) de uma norma. Ex: quando eu mato alguém, o resultado é a desobediência à norma “não matarás”, no plano normativo.
Para a 1ª teoria, há portanto crimes sem resultado (os crimes de mera conduta); para a 2ª teoria, não há crimes sem resultado (todo o crime é a violação de uma norma e o resultado é, justamente, a violação de uma norma).
Assim, no problema exposto, trata-se de um crime de resultado, ou seja: o resultado de que se fala é um perigo concreto para K (art. 132 do C.P.).
Lembre-se de que a doutrina alemã divide os crimes em:
- Delitos de Resultado (que correspondem aos nossos crimes materiais e aos de perigo concreto);
- Delitos de Mera Atividade (que correspondem aos nossos crimes formais, de mera conduta e aos de perigo abstrato).
Quanto aos delitos de resultado, a teoria da imputação objetiva faz a seguinte exposição:
O tipo objetivo é composto de:
- Conduta;
- Nexo Causal;
- Nexo de Imputação; e
- Resultado = este pode ser de lesão ou dano, ou de perigo concreto (como no caso exposto).
2) Primeiramente, no problema exposto, estamos diante de uma descriminante putativa por erro de tipo, ou seja: de uma hipótese de legítima defesa putativa, por erro de tipo (o agente imagina que, naquele momento, está ocorrendo uma agressão contra si, que, na realidade, não está). Pois bem. Iniciando o raciocínio por esta base, temos que Y, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias (a ameaça anterior), supõe situação de fato que, se existisse (o sacar de uma arma por X e a corrida com a arma na mão, em sua direção, para atirar), tornaria sua ação legítima (art. 20, § 1º, do C.P.). Assim, em relação a X, trata-se de legítima defesa putativa, por erro de tipo, pura e simples. Já no tocante a Z, que se põe entre os dois, trata-se de legítima defesa putativa, por erro de tipo, com “aberratio ictus” (quando, por acidente, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o ato contra aquela – arts. 73, c/c 20, § 1º, ambos do C.P.). Destarte, o ânimo do agente Y, que há de ser levado em conta e aplicado a ambos os casos, é o de legítima defesa.
 
3) Em relação a B, A age com dolo direto de 1º grau (propósito) e, no tocante a C (esposa de B), A atua com dolo direto de 2º grau (devido à quase certeza de que ela também morrerá no evento, em razão do método empregado).
4) Como T, que é filho de S, atira contra a águia que ataca seu pai, a mando de R, pratica o fato em estado de necessidade de terceiro (contrariando a doutrina de Welzel: quando o agente atira contra um animal – controlado ou não por um ser humano -, ou atinge uma máquina ou um ser humano [terceiro] inocente, trata-se de estado de necessidade).
Entretanto, se T resolvesse atirar no dono do animal, para assim acabar com o controle exercido por ele sobre a águia e, via de conseqüência, impedir a continuidade do ataque, estaria agindo em legítima defesa de terceiro (seu pai).
5) Sob o ponto de vista da causalidade, são causas do evento todos os fatores sem os quais o resultado não teria ocorrido. Assim, temos uma causa natural pré-existente (a alergia) e uma causa humana posterior (o envenenamento), sendo certo que ambas contribuíram para o evento-morte de L. Assim, no plano causal, M deve ser considerado como causador do resultado, ao lado da causa pré-existente (a alergia é causa pré-existente relativamente independente da conduta do agente, pois ela foi despertada naquele momento justamente devido à ministração do amendoim). Do ponto de vista da imputação objetiva, o agente M criou um risco acima do tolerável para L, pois, embora seja garçom do restaurante onde está a vítima (devendo, em princípio, servir-lhe o que ela quiser), não poderia mentir sobre o conteúdo do prato, devido ao seu especial conhecimento do fato (ou seja: de que L, embora seu inimigo, é alérgico a amendoins). Destarte, responde por homicídio qualificado pelo motivo torpe (raiva/ódio/vingança) e pelo emprego de veneno.

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