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Monitoria Direito Penal II 2º Bimestre

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Nexo de Causalidade
Teoria da “Conditio Sine Qua Non” = consideram-se cauda todos os fatores sem os quais o resultado não teria ocorrido. Deve ser feita a eliminação da suposta causa para saber se, sem ela, o resultado teria ou não ocorrido. Trata-se de uma análise feita pelas Leis da Física. Foi adotada pelo Código Penal, conforme artigo 13, caput.
Teoria da Prognose Objetiva Póstuma: para considerar um acontecimento como causa, o juiz deve analisar tal evento de acordo com as estatísticas e pela experiência comum. Não foi adotada.
Teoria da Relevância e da Imputação Objetiva: adotada pelo Dr. Constantino. Trata-se da Teoria da Imputação Objetiva vista anteriormente.
Concorrência de causas
- O Código Alemão, diferentemente do Código Penal Brasileiro, não trata explicitamente do nexo de causalidade. O nosso aborda tal assunto no artigo 13 que dispõe que causa é toda a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido, adotando, desta maneira, a teoria conditio sine qua non. 
Causas: 
- Pré-existentes; 
- Concomitantes;
- Supervenientes; 
Absolutamente independentes: São independentes da conduta do agente. Há exclusão do nexo causal. Correspondem à causalidade interrompida por ultrapassagem.
- Absolutamente independente pré-existente: É o caso, por exemplo, de uma pessoa que almejando o suicídio toma uma dose de veneno e, antes de vir a falecer, toma uma facada que não chega a matá-la, pois o veneno agiu em primeiro. Neste caso, o agente que desferiu o golpe responde por tentativa de homicídio. 
- Absolutamente independente concomitante: É o caso, por exemplo, de uma pessoa que esta sofrendo um ataque cardíaco quando recebe uma facada, morrendo, todavia, do infarto. Neste caso aquele que desferiu o golpe responde por tentativa, vez que a facada seria eficiente para atingir o objetivo acaso o ataque não houvesse matado a pessoa em primeiro. 
- Absolutamente independente superveniente: É o caso, por exemplo, de uma pessoa que dá um veneno lento para outra e, antes que tal faça efeito, um terremoto derruba um lustra na cabeça da vítima matando-a. Neste caso, o agente que pretendeu envenená-la responderá por tentativa de homicídio. 
Relativamente independentes da conduta do agente: Nestes casos, diz-se que haverá uma continuação da conduta do agente pela outra causa. Podem ser: 
a) Pré-existente e concomitante: Não há a exclusão do nexo de causalidade. Ex de pré-existente: É o caso de um indivíduo que, sendo hemofílico (causa pré-existente), toma uma facada que gera uma hemorragia que o mata. Neste caso, o agente agressor responde pelo homicídio consumado se conhecia da doença, vez que a causa pré-existente relativamente independente não afasta o nexo de causalidade, e, no mínimo, por lesão corporal seguida de morte (culpa) se desconhecia da referida doença e a facada não seria suficiente para matar em outras circunstâncias. Ex de concomitante: indivíduo está sofrendo ataque cardíaco, vindo outro e lhe dando uma facada no coração. Ambos, tanto o ataque quanto a facada, contribuíram pelo resultado, respondendo o agente por homicídio doloso consumado. 
b) Superveniente: Se por si só causou o resultado afasto o nexo de causalidade da conduta do agente. Art. 13 §1º. 
- Quanto a essa se deverá observar o fato de que o agente, segundo o entendimento de HEGEL, somente responderá pelas conseqüências mais próximas de sua conduta. Ex: Homem dá uma facada em outro que vai para o hospital, sendo que este pega fogo e o homem morre no incêndio. O agente responderá tão somente pela facada, vez que o risco intolerável produzido foi somente quando o agente a desferiu. 
	Desta forma, o agente responderá por tudo aquilo que for conseqüência imediata da sua conduta. Ex: Homem desfere facada em outro. Tal ferimento inflama e homem morre devido à infecção. Agente responde por homicídio doloso consumado. Deve-se analisar se a segunda causa está em homogeneidade ou não para com 1ª. 
Causalidade na omissão 
- Enquanto a causalidade na ação é física, na omissão imprópria (omissão +resultado) ela será normativa (art. 13 §2º). Ex: Indivíduo está afogando e, quando exímio nadador vai salvá-lo, um terceiro o amarra em uma árvore para que assim ele não proceda. Não há nexo físico entre a conduta daquele que amarrou o nadador à árvore e aquele que morreu afogado, entretanto, por se tratar de uma omissão imprópria (também conhecida como crime comissivo por omissão, onde se exige, obrigatoriamente, o resultado, diversamente da omissão própria, onde ela, por si só, basta para estabelecer a tipicidade da conduta ou ausência de), responderá o agente. 
	O §2º do artigo 13 trata das hipóteses de relevância penal da omissão, dizendo que esta se dá quando “o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:” 
a) Tenha por lei a obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
- É o caso do pai para com os filhos, do curador para com o curatelado, etc. Trata-se, desta forma, de um dever legal. 
Ex: Mãe deixa de amamentar seu filho que vem a falecer por tal. Trata-se de uma omissão imprópria ou um homicídio comissivo por omissão. 
b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
- É o caso do enfermeiro, do médico, etc. 
Ex: Enfermeiro, no exercício de suas atribuições, se esquece de dar o medicamento para o paciente sob sua responsabilidade e ele morre. 
c) Com seu comportamento anterior criou o risco da ocorrência do resultado; 
Ex: Exímio nadador chama principiante para nadar. O principiante começa a se afogar e nadador não faz nada por ele. 
Resultado
- Quanto ao resultado, existem duas teorias distintas que chegam a decidir, inclusive, a existência ou não do resultado nas infrações em geral. São estas: 
1ª – Teoria naturalística do resultado: “resultado é a modificação do mundo exterior”. 
- Por esta teoria, resultado é a modificação do mundo exterior causada por uma conduta do agente. Neste sentido, existem 4 classes de resultados naturalísticos: 
a) Fisiológico: Diz respeito à parte física do ser humano. Ex: Homicídio, Lesão corporal, etc. 
b) Físico: O resultado se materializa em um objeto físico. Ex: Dano, furto, etc. 
c) Psíquico: O resultado se materializa na psique alheia. Ex: Ameaça (apesar de que o crime de ameaça independe do resultado para se consumar). 
d) Perigo concreto: O resultado se materializa enquanto o perigo dura, mudando, neste intervalo de tempo, a realidade do mundo exterior. Ex: Indivíduo que arremessa facas em outra pessoa. 
2ª – Teoria normativa do resultado:
- Por esta teoria todas as vezes em que se atenta contra uma norma jurídica penal incriminadora tem-se o resultado. 
Segundo as explicações acima se pergunta: Existe crime sem resultado? 
- A resposta adequada para esta pergunta é “depende da teoria que se adota”, vez que se for a naturalística existem os crimes de mera conduta onde o resultado sequer é descrito no tipo penal e, se for a normativa, o mero descumprimento da norma já enseja o resultado, não havendo, por ela, crime que se dê sem ele. 
Crimes quanto ao resultado
1ª – Classificação Ítalo-Brasileira: Alguns doutrinadores tratam como sinônimos, os crimes formais e os de mera conduta. Entretanto, tal divisão, como logo se fará perceber, é inadequada. 
- Crimes materiais: Nestes, o tipo penal descreve a conduta e um resultado que deve, obrigatoriamente, acontecer para que se consume o crime. Ex: No homicídio, a pessoa tem de morrer para que ele se consume. 
- Crimes formais: O tipo penal descreve a conduta e um resultado, entretanto, este não tem de ocorrer para que o crime se consume, sendo sua função no tipo de estabelecer a finalidade específica a qual a conduta foi dirigida. Ex: Falsidade Ideológica (art. 299). 
- Crimes de mera conduta: Nestes, o tipo só descreve uma conduta, abstendo-se de referir-se ao resultado, consumando-se o crime quando da sua prática. Ex: Crime de desobediência (art. 330 do CP). 
2ª – Classificação alemã: Diferentementeda classificação ítalo brasileira, esta é bipartida em: 
- Delitos de resultado: São aqueles nos quais há um distanciamento especial, material e temporal entre a conduta e o resultado. Em uma comparação com a classificação ítalo-brasileira, diz-se que os delitos de resultado correspondem aos seguintes crimes: 
a) Crimes materiais (de lesão); 
b) Crimes de perigo concreto; 
* Fica evidente que nos delitos de resultado, tanto no que diz respeito aos crimes materiais quanto aos crimes de perigo concreto, vale-se da teoria da imputação objetiva para se estabelecer o tipo objetivo, vez que tal aplicação depende da existência do resultado. 
- Delitos de mera atividade: São aqueles nos quais não há um resultado destacado da conduta, mas somente esta. Em um estudo comparativo com a classificação ítalo-brasileira, diz-se que os delitos de mera atividade correspondem aos crimes: 
a) Crimes formais; 
b) Crimes de mera conduta; 
c) Crimes de perigo abstrato; 
* Fica evidente que aqui não se vale da aplicação da teoria da imputação objetiva, vez que como bem se sabe, aquela depende do resultado, que aqui não se faz presente ou, se o faz, não é relevante à consumação do delito. 
Diferenças entre crimes de perigo abstrato e crimes de perigo concreto
- Em uma explicação sucinta, pode-se dizer que perigo concreto é aquele que se mostra real e iminente (Ex: Motorista, imprudentemente, joga seu carro na pista contrária tendo o outro motorista que vinha prudentemente em sua mão, desviar para o acostamento para evitar a colisão), enquanto que o perigo abstrato é aquele presumido pela lei, tendo o promotor, neste último caso, não provar a existência efetiva do perigo, mas sim a conduta (ex: O artigo 308 do Código Nacional de Trânsito institui que o “racha” é crime pois presume-se que põe em perigo a vida alheia ainda que as ruas estejam vazias; O artigo 306 do referido dispositivo institui ainda que dirigir sob a influencia de determinada quantidade de bebida alcoólica é crime pois presume-se que tal fato gerará risco à vida alheia, ainda que o motorista bêbado seja diligente. 
Tipicidade
Criada por Von Beling em 1906, trata-se do enquadramento exato da conduta aos elementos do tipo. Acaso um destes elementos esteja faltante, tal poderá acarretar em duas conseqüências distintas: 
Tipicidade relativa: desclassifica-se a conduta para um tipo “menor” ao qual ela é adequada. 
Atipicidade da conduta: Acaso não aja um tipo “menor” que se adéqüe, a conduta deverá ser considerada atípica. 
A Teoria da Tipicidade passou por três fases distintas, quais sejam:
1ª fase: Da independência – Von Beling
- Por esta fase de pensamentos, a tipicidade é totalmente separada da antijuridicidade. Nesta fase há a diferenciação da forma legislativa do direito penal (numerus clausus) com a do direito civil (numerus abertus – onde não há tipicidade). 
2ª fase: Do caráter indiciário (Ratio Cognocendi – Razão de conhecer) – M. E. Mayer
- Por esta fase, a tipicidade é um indício da antijuridicidade. Desta forma, se o agente procedeu a um conduta típica, presume-se, desta forma, a antijuridicidade desta. 
3ª fase: Da “Ratio Essendi” (Razão de ser) – Mezger
- Por esta fase, a tipicidade é a própria razão de ser da antijuridicidade. Ex: matar só não será típico quando de um excludente de ilicitude. Desta forma, a excludente derruba não só a antijuridicidade, como, de igual forma, tipicidade. 
* A fase mais aceita nos dias de hoje é a segunda (caráter indiciário). 
Erro de tipo (art. 20 do CP)
-Definido no artigo 20 do CP, sendo este cópia do §16 do Código Alemão, é aquele que recai sobre qualquer elemento do tipo. Ex: No crime de perigo e contágio venéreo (art. 130), acaso o agente desconhecia da sua doença, por ser tal cognição elemento do tipo, sua conduta é atípica por erro de tipo. 
* É importante destacar ainda que erro pode recair sobre qualquer elemento do tipo (normativo, subjetivo ou objetivo). 
O erro de tipo, que pode ser classificado em essencial ou acidental, incide sobre o fato típico, excluindo o dolo, em algumas circunstâncias. Não se confunde com o erro de proibição, que não exclui o dolo, pois incide na culpabilidade.
O erro de tipo se divide em:
1) Essencial: atua nos elementos constitutivos do tipo. Ex: o Art. 121 do CP afirma que homicídio é “Matar alguém”. S alguém mata uma pessoa durante uma caçada achando que era um animal, substituiu “alguém” do tipo penal por “animal”, causando um erro sob os elementos que constituem o crime (surge o “Matar animal”). Tem-se que o agente agiu com dolo, pois queria matar, mas não “alguém” e sim um “animal”. Desse modo, deve ser analisado se o erro cometido pelo autor era evitável ou inevitável, circunstâncias estas que irão definir a punição ou não do infrator.
O erro essencial se subdivide em:
a) Inevitável, invencível ou escusável: erro não poderia ser evitado, pois de uma ou de outra maneira, o crime seria cometido. Exclui o dolo E culpa
b) Evitável, vencível ou inescusável: o erro aconteceu, mas poderia ser evitado pelo agente. Exclui o dolo, MAS não exclui a culpa, se prevista em lei.
2) Acidental: NÃO exclui o dolo, uma vez que o agente atua com vontade e consciência, ex: o agente que furta uma televisão de 32 polegadas, quando visava subtrair outra de 42 polegadas. É evidente que ele atuou dolosamente, mas incorreu em erro sobre o objeto. O erro acidental pode ser classificado em:
a) erro sobre o objeto: ex: quando o agente acha que está furtando um objeto e na verdade está levando outro.
b) erro sobre a pessoa: ex: quando o agente, ao ver uma pessoa parada na esquina, supõe ser seu desafeto e dispara contra ele, matando-lhe. O agente incorreu em erro sobre a pessoa, pois supôs que aquela pessoa era quem imaginava (vítima virtual). Responderá como tivesse atingido seu alvo real, e não quem efetivamente matou.
c) aberratio ictus: o erro ocorre em relação aos meios de execução, ou seja, a pessoa sabe exatamente que ali na esquina está parada o seu desafeto, mas por “defeito de pontaria”, erra o alvo visado pelo agente e atinge terceira pessoa. O agente responde como crime consumado contra a vítima virtual (desejada) e não a que faleceu.
d) aberratio criminis ou delicti: significa erro na execução, igualmente, mas em relação a bens jurídicos distintos. Exemplo: : “A” quer matar “B” e dispara contra ela. Os disparos atingem tão somente um veículo atrás de “B”. Nessa situação, o agente responde pelo crime subsidiário se for expresso na forma culposa, além da tentativa de homicídio. Perceba que a diferença aqui se baseia em bens jurídicos tutelados distintos: homicídio (a vida) e dano (patrimônio). No caso relatado, como dano não admite a forma culposa, não será púnico pela prática deste crime.
e) aberratio causae: há erro sobre o nexo causal utilizado pelo autor para atingir determinada finalidade. Assim, exemplificando, se “A” joga “B” da ponte, objetivando uma morte por afogamento, mas este morre por colisão em um pilar da ponte, falecendo por traumatismo craniano (exemplo em sentido estrito). A causa da morte não foi afogamento, mas o choque que a vítima teve com a parte física da ponte. Conforme doutrina majoritária, o agente responde por crime único doloso consumado. 
Tipo subjetivo
- Como já foi visto anteriormente, o tipo objetivo é composto por 4 elementos, quais sejam: A conduta, o nexo causal, o nexo de imputação e o resultado. 
	O tipo objetivo, por sua vez, é formado pelo dolo, pelo elemento subjetivo do injusto (finalidade específica almejada pelo autor) quando este houver e pela culpa. 
Dolo
- A doutrina brasileira divide o dolo em três espécies distintas, quais sejam elas: 
a) O dolo direto: É aquele dirigido diretamente ao resultado que almeja o autor. 
b) O dolo eventual: Ocorre quando o agente conhece da possibilidade de que o resultado ocorra, mas assume o risco, pouco se importando com isso
c) O dolo alternativo: É quando existem mais de um resultado possíveis, assumindo, o agente,o risco por ambos e se contentando com qualquer um deles. Ex: Atira em alguém para matar ou ferir gravemente. 
	A doutrina alemã, por sua vez, divide o dolo em : 
a) Dolo direto de 1º grau (propósito): É aquele dolo dirigido diretamente ao resultado desejado pelo autor da conduta. Ex: Quer matar alguém e pois isso coloca uma bomba em seu carro. 
b) Dolo direto de 2º grau: Ocorre quando o autor não quer o resultado diretamente, mas conhece dele, sabe que ele necessariamente ocorrerá e isto não o impede de praticar a conduta. Ex: Para matar um desafeto (dolo direto de 1º grau) indivíduo põe bomba em seu carro conhecendo do fato de que outra pessoa estaria com ele no momento da explosão (dolo direto de 2º grau). 
c) Dolo eventual: Ocorre quando o agente conhece da possibilidade de que o resultado ocorra, mas assume o risco, pouco se importando com isso. Haverá dolo eventual, desta forma, diferentemente do dolo direto de 2º grau onde o resultado é iminente e inevitável, quando resultado é provável. 
	Diz-se, portanto, que no dolo eventual o agente dá o seu consentimento mental
Dolo eventual X Culpa consciente
- Diz-se que haverá culpa consciente quando o agente conhecia da possibilidade de ocorrência do resultado, assumiu o risco, mas deseja e acredita que o resultado não vai ocorrer, não consentindo com ele nem mesmo de forma remota. 
	Existem, no que diz respeito à diferenciação do dolo eventual da culpa consciente, três teorias distintas, sendo elas: 
1ª – Teoria hipotética do consentimento (FRANK)
- Por esta teoria, haverá dolo eventual e não culpa consciente quando, em um cálculo de possibilidade, o agente antevê o resultado como certo e insiste na prática do ato. Ex: Vê uma velhinha atravessando a rua, percebe que não haverá tempo, mas não reduz a velocidade de seu carro. 
2ª – Teoria positiva do consentimento (FRANK)
-Por esta teoria, haverá dolo eventual quando o agente, seja como for, aconteça ou não o resultado, não para de atuar. 
3ª – Teoria da motivação (Max Ernst MAYER)
- Por esta teoria dever-se-á analisar os motivos do agente.
* Critério de diferenciação prática: Dolo eventual corresponda à indiferença, ao desapego pela vítima e pelo bem jurídico. Esse critério é utilizado nos casos mais complicados onde a simples observação das teorias é insuficiente para a diferenciação. 
	Acaso, ainda que se valha do critério de diferenciação, não se consiga estabelecer se houve dolo eventual ou culpa consciente, no entender de Aníbal Bruno, deve-se desclassificar para o menos grave, qual seja, a culpa consciente (in dubio pro reu). 
Culpa
-Trata-se da causação de um resultado, não desejado, por descuido do agente. 
Manifestações da culpa
- A doutrina européia trata da culpa somente como negligência, enquanto que a doutrina brasileira a subdivide em três manifestações distintas: 
a) Imprudência: Corresponde à prática de um ato arriscado. Ex: Correr, no meio da rua, com uma tesoura aberta em riste. 
b) Negligência: Corresponde à pratica de um ato displicente. Ex: Não trocar as pastilhas de freio. 
c) Imperícia: Corresponde à falta de aptidão prática ou teórica para exercício de profissão, arte ou ofício. Ex: dirigir é uma arte para o direito penal. Neste caso, acaso o indivíduo desconheça as regras de trânsito, mas tenha um bom domínio sobre o carro, falta-lhe aptidão teórica. Acaso ele conheça com perfeição as regras de trânsito, mas não tenha um bom domínio sobre o carro, falta-lhe aptidão prática. 
Requisitos	
- Quando se fala em culpa, fala-se em três requisitos para que ela se dê no caso concreto, quais sejam: 
a) Previsibilidade, que corresponde à capacidade do ser humano prever o ato, que se subdivide em: 
- Objetiva (do homem médio); 
- Subjetiva (do sujeito); 
* A crítica que se faz à observação da previsibilidade é que, na realidade, qualquer evento, ainda que remotamente, é previsível, ressalvadas raríssimas exceções. 
b) Ausência de dirigibilidade: Ocorre quando o agente falta ao dever objetivo de cuidado, determinando a experiência comum que ele deveria agir de forma diversa (aquilo que é exigível a todos os seres humanos). 
c) Evitabilidade do resultado: Acaso o agente tivesse sido diligente, o resultado não teria ocorrido. 
Espécies
- São as espécies da culpa: 
a) Consciente: Ocorre quando o agente assume o risco, mas não deseja o resultado acreditando que ele não ocorrerá. Ex: O sinal fechou a poucos segundo e o agente pensa ser capaz de passar antes que algum carro da rua transversal comece a se movimentar. 
b) Inconsciente: Ocorre quando o agente não assume o risco e tampouco deseja o resultado. Ex: não vê o sinal vermelho. 
c) Própria: É a culpa normal, assentada em suas três manifestações (imperícia, imprudência e negligência). 
d) Imprópria: Derivada do erro de tipo vencível. Ex: Indivíduo vê, ao meio dia, dentro da possibilidade de averiguar antes de agir, moita se mexendo e, pesando ser um animal bravio, atira e mata uma pessoa. 
	Quanto à culpa imprópria, é importante observar que somente nela poderá haver a chamada tentativa de crime culposo. Ex: Seguindo o exemplo acima, o indivíduo, querendo matar o suposto animal bravio, atira, mas na realidade lesiona a pessoa que estava atrás da moita. 
Atipicidade e teoria da imputação objetiva
- A teoria da imputação objetiva derruba a tipicidade da conduta ainda na análise do tipo objetivo quando: 
1º - Há quebra do princípio da confiança por parte da “vítima”; Ex: Motorista está em sua mão, na velocidade permitida e atropela ciclista que não para no pare matando-o. Sua conduta é atípica pela falta do nexo de imputação. 
- O princípio da confiança é baseado nos escritos de Rosseau e determina que cada indivíduo, de acordo com o pacto social que celebrou ao nascer, tem de agir de forma correta e na confiança de que os demais farão o mesmo. 
2º - Quando o “autor” agiu no cumprimento correto de uma regra; Ex: Anestesista aplicou a quantidade correta e da forma correta definida pela medicina contemporânea, entretanto o paciente morre por choque anafilático. Sua conduta é atípica pela falta de nexo de imputação. 
3º - Quando o “autor” agiu dentro do risco tolerável; 
Antijuridicidade ou ilicitude
Antijuridicidade e ilicitude, para o direito, não termos sinônimos, sendo que antijuridicidade é a desconformidade entre a conduta e os requisitos do ordenamento jurídico como um todo (normas, princípios gerais, exegese dos tribunais, etc.) e não somente da ordem normativa (a lei). 
	É importante observar que no que diz respeito ao seu relacionamento com a tipicidade, adota-se a 2ª fase da tipicidade (do caráter indiciário), onde se acredita que a tipicidade indica a antijuridicidade, que só poderá ser afastada por normas permissivas mais especificamente denominadas excludentes de ilicitude ou causas justificantes. 
Excludentes de antijuridicidade
O CP enumera 4 causas justificantes distintas, sendo que a doutrina majoritária e a jurisprudência entendem como uma 5ª causa, supra-legal, o consentimento do ofendido. 
	Acaso as excludentes não sejam reais, elas serão putativas, sendo estas aquelas realizadas por erro de tipo (que derruba a tipicidade quando o erro é invencível) ou erro de proibição (que derruba a culpabilidade quando o erro é invencível), não derrubando estas, desta forma, a antijuridicidade, como o fazem as causas justificantes reais. 
- Legítima defesa real; 
- Estado de necessidade real; 
- Estrito cumprimento do dever legal real; 
- Exercício regular de um direito real; 
- Consentimento do ofendido (nos direitos disponíveis): Somente será relevante no que diz respeito aos direitos disponíveis, tal qual o patrimônio. Ex: Empregada furta objeto na casa da patroa e, quando esta percebe, ao invés de apresentar notitia criminis, diz à empregada que ela pode ficar com ele. 
	Como tal consentimento somente será relevante no que diz respeito aos direitos disponíveis, ele não o será quando disser respeito a direitos de natureza distinta (nãodisponíveis) tal qual a vida. Ex: Homem sofrendo com doença terminal consente em receber injeção letal para por fim a sua vida e seu sofrimento. Tal consentimento não será relevante, respondendo o médico que procedeu ao ato por homicídio doloso (ainda que privilegiado). 
1ª - Estado de necessidade (art. 24 do CP)
O que caracteriza o estado de necessidade é o confronto de dois bens jurídicos, no qual se busca salvar um deles por meio do sacrifício do outro. São características do estado de necessidade: 
A) O bem salvo deverá de ser de maior ou igual valor ao vem sacrificado, compondo este a razoabilidade no sacrifício requerida pelo instituto. Acaso o bem sacrificado seja de maior valor, tal conduta não gerará a atipicidade , mas sim, uma possível redução de 1 a 2/3 na pena, conforme §2º do artigo 24, vez que ter-se-á somente um início do estado de necessidade. 
B) No estado de necessidade, sacrifica-se um bem com a finalidade de defender direito seu ou alheio de perigo atual ou iminente. O Código Penal fala só em perigo atual. Todavia, a doutrina e a jurisprudência estenderam o alcance dessa norma aos casos em que o perigo é iminente, procedendo a uma analogia in bonan partem, com base na análise da legítima defesa (outra excludente) onde tal iminência também caracteriza o instituto. 
 
C) O perigo não foi provocado pela vontade (dolo) do agente. Desta forma, acaso ele o tenha provocado mediante culpa, poderá se valer do instituto normalmente. 
D) Não poderia o agente evitar a ocorrência do resultado iminente de forma diversa. Acaso possuísse maneira diversa de evitar o resultado, ou seja, acaso o sacrifício não fosse razoável, não estará o agente acoberto pelo instituto. 
E) Deverá o agente agir com vontade e consciência de que está salvando um direito próprio ou alheio. Desta forma, ainda que sua conduta se enquadre nas circunstâncias da excludente, acaso o agente desconheça do fato ou não pretenda agir acoberto por ela, não poderá se valer do instituto. 
F) Dirige-se contra atos de animais, máquinas e terceiros inocentes. É importante observar aqui que, no entendimento do Dr. Constantino, ainda que o animal ou máquina seja mero instrumento da ação humana, qualquer conduta diversa dirigida a este mesmo animal ou máquina será caracterizada como estado de necessidade e não legítima defesa, vez que para esta haver, deverá estar presente uma conduta (somente o ser humano é capaz de conduta) que se consolida em uma agressão injusta. Desta forma, a legítima devesa só se realiza contra ato de ser racional. 
* Quanto aos terceiros inocentes, tem-se, por exemplo: Louco investe contra indivíduo, com faca em riste, pretendendo matá-lo. Este, em sua fuga, encontra com pessoa lhe tomando o caminho e a empurra para poder passar, causando-lhe lesões. Ele não responderá por lesão corporal, pois estava agindo no estado de necessidade. Todavia, no mesmo exemplo, acaso o indivíduo se houvesse voltado contra o louco e lhe dado um golpe, estaria ele agindo na legítima defesa, e não no estado de necessidade. 
Espécies de estado de necessidade
A) Estado de necessidade defensivo: Ocorre quando a atuação se volta contra a fonte de perigo. Ex: Indivíduo se depara com animal bravio desferindo-lhe um tipo quando este estava na iminência de atacá-lo. Pelo Direito Civil, aquele que age em estado de necessidade defensivo não tem de indenizar. 
B) Estado de necessidade agressivo: Ocorre quando a atuação se volta contra bem diverso da fonte do perigo. Ex: Motorista, para não atropelar criança que pulou na frente de seu carro, bate em carro alheio. Neste caso não responderá pelo crime de dano pois agiu em estado de necessidade. Pelo Direito Civil, aquele que age em estado de necessidade agressivo tem de indenizar, todavia, tem direito de regresso contra aquele que deu causa à sua conduta. 
Encontro de excludentes
- Estado de necessidade real X estado de necessidade real: É possível e estará presente, por exemplo, quando existem dois náufragos em uma única tábua que somente a um pode salvar. Neste caso, as agressões recíprocas, por serem justas, comporão estados de necessidade contrapostos.
- Estado de necessidade X Legítima defesa real: Não é possível, pois a legítima defesa pressupõe uma agressão injusta que gera uma conduta justa, da qual não se cabe excludente contraposta. 
Estado de necessidade na doutrina alemã
1º - Estado de necessidade justificante: É o estado de necessidade normal que derruba a antijuridicidade. Corresponde ao estado de necessidade defensivo. 
2º - Estado de necessidade esculpante: É aquele que afasta a culpabilidade, correspondendo ao estado de necessidade agressivo. 
2ª – Legítima Defesa
Dispõe o artigo 25 do CP: “Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”. 
- Repelir: É verbo cujo substantivo é repulsa, que significa reação a uma ação, que neste caso é a conduta (que só pode ser humana, vez que depende da vontade e da consciência) agressiva (ação) que enseja uma reação (conduta) igualmente agressiva. 
- Agressão: Trata-se do ataque físico. Desta forma, não se fala mais em legítima defesa da honra, que compunha reação física a um ataque imaterial. 
- Atual: Está acontecendo naquele momento. Ex: Homem vem desferir facada em outro que lhe acerta as fuças com um pescotapa. 
- Iminente: Esta prestes a acontecer. Ex: Indivíduo está sacando o revólver com o qual pretende atirar no outro que, se adiantando, atira nele primeiro. 
* Não se admitirá a legítima defesa nos casos de agressão injusta pretérita (passada) ou futura. 
- Injusta: A agressão deverá ser contrária ao direito. Desta forma, fica evidente o não cabimento de Legítima Defesa Real contra Legítima Defesa Real, pois ambas as agressões seriam justas, faltando requisito indispensável ao instituto. 
	Não caberá legítima defesa da propriedade, de igual forma, quando, por exemplo, um oficial de justiça adentra, com base em ordem judicial, o imóvel alheio, vez que não se trata de agressão injusta. 
- Titularidade do direito: O defendente pode se valer do instituto em defesa de direito próprio ou alheio. 
- Vontade e consciência: Compõem a vontade e a consciência o elemento subjetivo indispensável ao instituto desde os tempos da implementação do finalismo. Desta forma, acaso um indivíduo dê um tiro em seu desafeto desconhecendo do fato de que este estava em estado de iminente agressão a outra pessoa, não poderá se valer do instituto da legítima defesa, vez que não agiu com vontade e consciência de salva-la. Desta maneira, responderá pelo homicídio doloso consumado. 
	Quanto à vontade e a consciência, há de se observar ainda que, quem age para repelir injusto ataque praticado por outrem em estado de sonambulismo ou agindo por reflexo, não age em legítima defesa, mas sim em estado de necessidade. 
- Moderadamente: Deverá o defendente agir de movo equivalente à agressão e naquilo que for necessário para afastá-la. 
- Usando dos meios necessários: São os meios disponíveis e suficientes para o caso concreto. 
* Justifica-se a legítima defesa pelo fato de que o Estado não está presente para regular os conflitos, legitimando a parte a se defender frente a essa ausência. 
* A legítima defesa compõe, assim como as demais excludentes de ilicitude, norma permissiva que, como tal, tem aplicação imediata, no caso concreto, diferentemente da aplicação das normas incriminadoras que depende do exercício da jurisdição condicionado ao exercício do direito de ação. 
Excesso
- O excesso na legítima defesa ocorrerá quando o defendente não agir de forma moderada ou não se valer dos meios estritamente necessários, sendo que poderá se apresentar de três formas distintas: 
1ª – Doloso: Aqui existe a perfeita ciência, por parte do defendente, de que a injusta agressão cessou e, ainda assim, ele continua com sua ação agressiva. Neste caso, acaso mate o agressor primário, responderá por homicídiodoloso consumado. Acaso não, pela lesão corporal dolosa. 
2ª – Culposo: Haverá o excesso culposo na eventualidade de o defendente proceder a cálculo errado daquilo que era necessário, extrapolando não intencionalmente. Neste caso, acaso venha a ocasionar a morte do agressor primário, responderá por homicídio culposo consumado. Acaso não, pela lesão corporal dolosa. 
3ª – Esculpável: Derivado do erro de tipo invencível, exclui o dolo e a culpa, correspondendo à legítima defesa subjetiva. Neste caso, há um excesso físico por parte do defendente sem que este o percebesse, mas que, com base no critério do “homem médio”, tal erro seria cometido por qualquer um. 
Legítima defesa sucessiva
Em regra o iniciador da agressão ou contenda não pode invocar a legítima defesa para os seus atos. Todavia, não se pode esperar que ele, por ter iniciado a agressão, seja forçado a suportar o excesso de qualquer natureza (doloso, culposo ou esculpável) do defendente. Desta forma, uma vez iniciado tal excesso, poderá o iniciador agir em legítima defesa sucessiva. Ex: Agressor A vai para cima de B que se defende, mas se excede. É lícito que A se defenda de tal excesso. 
	A jurisprudência determina que, quando existe dúvida quanto a quem iniciou a contenda, deve-se absolver ambos (agressor e agredido) ou aquele que foi formalmente acusado. 
3ª – Estrito Cumprimento do dever legal
Conforme o disposto no artigo 23, III do CP, não haverá crime quando o agente age no estrito cumprimento do dever legal. Desta forma, por exemplo, acaso um oficial de justiça munido de um mandado judicial e agindo estritamente no que este permite, adentra a casa de outrem e de lá retira um determinado bem, está agindo no estrito cumprimento do dever legal e, dessa forma, não poderá responder por invasão de domicílio e tampouco por furto. Encontra-se, de igual forma, no estrito cumprimento do dever legal o policial que, ao encontrar resistência na realização de uma prisão, utiliza-se de força moderada para vencê-la. 
	O que se deve levar em conta é que, o cumprimento do chamado dever legal deverá ser estrito, ou seja, não deverá ser abrandado ou excedido, caso este último que, se ocorrer, possivelmente ensejará crime de abuso de autoridade mais qualquer outra infração que venha praticar neste excesso (pú. do art. 23). 
4ª – Exercício regular de um direito (que jure suo utitur neminem laedit) 
O exercício regular do direito, enquanto descriminante, se baseia no brocardo latino que diz que “aquele que se vale de seu direito a ninguém lesa”. 
	Não se pode confundir o ato do funcionário público no exercício de suas atribuições como exercício regular de um direito, vez que, para o particular, a lei garante direitos subjetivos específicos e, pelo princípio da legalidade, quaisquer outros que não sejam por ela vedados. Já para os funcionários públicos, somente será lícita a sua conduta, no exercício de suas atribuições, se for pautada por aquilo que a lei expressamente permita. Dessa forma, quando o CPP determina que a autoridade policial deve realizar a prisão em flagrante, nota-se a presença do estrito cumprimento do dever legal, enquanto que, quando no mesmo dispositivo, discorre sobre a possibilidade do civil realizar a prisão em flagrante, garante um direito subjetivo ao particular, que, se exercido, colocará o agente, ainda que tenha se valido de força moderada, sob a excludente de ilicitude denominada exercício regular de um direito. 
Estrito cumprimento do dever legal, exercício regular de um direito e teoria da imputação objetiva. 
Nestas duas excludentes de ilicitude a teoria da imputação objetiva fez grandes avanços no sentido de pretender derrubar, na tipicidade, o tipo objetivo através do nexo de imputação, não permitindo sequer que a análise chegue à antijuridicidade. Não se pode pretender fazer o mesmo nos casos em que se encontrem a legítima defesa e o estado de necessidade pois, em princípio, o risco produzido pelo agente é intolerável pela sociedade. 
	Em suma, o funcionalismo prega que quando as duas excludentes supracitadas se dão sem grande conflituosidade, o risco produzido é tolerável, não havendo, portanto, nexo de imputação, devendo a conduta ser considerada atípica. É importante ressaltar, todavia, que nas situações de maior complexidade, ainda que diga respeito ao estrito cumprimento do dever legal e ao exercício do regular do direito, deve-se estabelecer a tipicidade, deixando a análise da excludente para a antijuridicidade, conforme faz a teoria finalista. 
* Obs: Matar alguém nunca compõe estrito cumprimento do dever legal, podendo, quando muito, compor legítima defesa própria ou de terceiro. 
Ofendículas 
Vigora a muito calorosa discussão doutrinária quanto à natureza das ofendículas, sendo que os finalistas alegam se tratar de uma legítima defesa pré-ordenada, enquanto que, os funcionalistas, repudiando essa idéia com base na alegação de que a legítima defesa é dirigida por uma vontade, sendo que, acaso uma pessoa inocente se machuque nas ofendículas, ou um assaltante cardíaco venha a falecer, tal situação comporia um excesso na legítima defesa, dizem se tratar de um exercício regular de um direito, não se responsabilizando o proprietário quanto aos danos causados a agressores ou inocentes desde que tais dispositivos tenham sido instalados de acordo com as normas urbanísticas. 
	Contudo, mesmo para o funcionalismo, acaso tais dispositivos sejam instalados sem a observância das normas acima descritas e, por isso, cause dano a alguém, comporá legítima defesa pré-ordenada e por isso, será passível de análise de excessos. 	
Descriminantes putativas
Putativa é termo proveniente do verbo latino putare que significa fazer um puro juízo de valor. 
	Toda descriminante putativa será proveniente de um erro de tipo (erro sobre a realidade fática) ou erro de proibição (o agente “estica” os limites da norma permissiva), sendo que uma série de circunstâncias faz com que o agente pense estar agindo corretamente mas não está, prezando a lei pela boa-fé em sua conduta. 
Descriminantes putativas por erro de tipo e erro de proibição
- Erro de tipo (art. 20 do CP): Diz-se que aqui o agente “não sabe o que faz”.Poderá ser vencível ou invencível, sendo que, em cada um destes casos produzirá conseqüências distintas: 
a) Invencível: Exclui o dolo e a culpa; 
b) Vencível: Exclui o dolo, mas prevalece a culpa; 
- Erro de proibição (art. 21 do CP): Diz-se que aqui o agente sabe o que faz mas pensa ser permitido. Assim como o erro de tipo poderá ser vencível ou invencível produzindo, a cada caso, conseqüências diversas: 
a) Invencível: Exclui a culpabilidade; 
b) Vencível: Gera uma redução na pena; 
Culpabilidade
Trata-se do juízo de censura ou reprovação realizado pelo magistrado quando da análise de uma infração penal. Para proceder a tal, o juiz se baseia em três requisitos que são os pilares da culpabilidade, quais sejam: 
1º - Imputabilidade; 
2º - Potencial consciência da ilicitude; 
3º - Exigibilidade de conduta diversa; 
Imputabilidade
É a capacidade que o indivíduo tem de lhe serem atribuídos fatos criminosos, vez que tem consciência de sés atos. Desta forma, considerar-se-ão imputáveis aqueles que sejam maiores de 18 anos e com desenvolvimento mental completo. 
A) Inimputáveis: Existem dois fatores que estão ligados à inimputabilidade (incapacidade de se imputar uma conduta a alguém): 
1º - Menoridade Penal: A Constituição Federal determina em seu artigo 228 que são penalmente inimputáveis os menores de 18 anos, sendo estes sujeitos a lei especial (sendo tal lei o ECA que estabelece medidas sócio-educativas, vez que o menor não pratica crime, mas sim, ato infracional) 
	Quanto a este artigo da CF supracitado, existem duas correntes doutrinárias distintas: 
1ª – Diz ser este artigo uma cláusula pétrea e, como tal, não poderá ser alterado; 
2ª – Diz não ser esta uma cláusula pétrea, vez que a determinação que lhe consta não está presente no artigo 5º onde aquelesse encontram. Todavia, esta corrente pensa não poder ser o artigo alterado por simples questão de política criminal. 
	O artigo 27 do Código Penal repete o disposto no artigo 228 da CF e, o mesmo diploma penal, em seu artigo 4º, determina que se leve em conta a menoridade penal quando da prática do ato e não de quando este produziu resultado. Desta forma, acaso o indivíduo, com 17 anos, 11 meses e 29 dias desfira um golpe em alguém que só vem a falecer no dia seguinte, quando a maioridade penal já se deu, o infrator ainda assim será considerado inimputável. 
	Nestes termos, considerar-se-á imputável o indivíduo a partir das 00:00 do dia de seu aniversário. 
	A sentença aplicado aos menores é a absolvitória imprópria, que imporá uma medida sócio-educativa (e não uma pena). 
2º - Doenças ou distúrbios mentais: Diz-se que os portadores destas não praticam crimes vez que lhes faltam um dos seus requisitos, qual seja, a culpabilidade, mas sim injusto penal. Desta forma, estão sujeitos não a uma sentença condenatória, mas sim a uma sentença absolvitória imprópria, sendo que se diz imprópria, pois é através dela que se impõe a medida de segurança (baseada na periculosidade) que não possui um prazo determinado, se estendendo até cessar a doença ou o distúrbio que geram o perigo.
	É importante observar que a doença ou o distúrbio só torna inimputável se tirar completamente a capacidade de discernimento, cumprindo ao psiquiatra forense apurar tal situação. 
B) Semi-imputáveis: São aqueles cujo desenvolvimento mental incompleto proporciona certo nível de discernimento; 
	Diz-se que os semi-imputáveis são culpáveis, tanto assim o é que para estes será aplicada uma sentença condenatória, contudo, com a pena será diminuída (de 1 a 2/3 conforme art. 26 do CP) e, atendendo às características do caso concreto, poderá o magistrado substituí-la (ou seja, primeiro a aplica e depois a substitui) por uma medida de segurança (vicariante). 
	
Causas dirimentes da culpabilidade
A) Embriaguez fortuita: É aquela que, atingida por motivos externos e completamente desvinculados da vontade do agente, derrubam qualquer chance de consciência da pessoa. Ex: Homem está limpando o teto de depósito de pinga quando este cede e ele cai em um grande tonel, só conseguindo sair depois de um tempo e após ter ingerido grande quantidade da substância. Neste caso, acaso ele, por exemplo, saia com seu carro, totalmente sem consciência, e atropele alguém, estará dirimida a culpabilidade. 
B) Erro de proibição (afasta a potencial consciência da ilicitude); 
C) Coação moral irresistível (afasta a exigibilidade de conduta diversa); 
D) Obediência hierárquica (afasta a exigibilidade de conduta diversa); 
Espécies de embriaguez
1ª – Fortuita: Trata-se de uma dirimente da culpabilidade e, acaso não seja completa mas tenha reduzido a capacidade de discernimento do agente, a pena poderá ser reduzida de 1 a 2/3, conforme §2º do art. 28. 
2ª – Pré-ordenada: É a verdadeira actio libera in causa. Trata-se da embriaguez voluntária, direcionada à assunção de coragem suficiente para se praticar a infração penal. Neste caso, o direito entende que o momento de consciência anterior supre a falta superveniente desta. 
3ª – Voluntária: Estabelece a responsabilidade penal objetiva, e poderá ser: 
a) Dolosa: Não bebe com a intenção de cometer o crime, mas sim de ficar bêbado; 
b) Culposa: Não bebe sequer com a intenção de ficar bêbado, contudo, pela quantidade que ingeriu podia-se prever que tal acontecimento se daria. 
* Segundo o artigo 28, tal embriaguez, assim como a pré-ordenada, não exclui a imputabilidade penal. Desta forma, no caso de embriaguez voluntária, como a responsabilidade penal é objetiva (independe do elemento subjetivo) deve-se analisar as circunstâncias externas para se verificar se o crime (e não a embriaguez) foi culposo ou doloso. Ex: José atingiu a embriaguez voluntária dolosa e, quando acordou no dia seguinte se deparou segurando uma faca encravada no peito de João, um grande inimigo seu. Neste caso, fica caracterizado o homicídio doloso. 
* Sono como situação semelhante à embriaguez: Por vezes, a forma pela qual se trata o sono e a embriaguez é a mesma, ainda que aquele seja uma reação natural do corpo enquanto esta é resultante da ingestão de alguma substância psicotrópica. Desta forma, haverá mesmo o sono preordenado (actio libera in causa). Ex: Mãe, no estado puerperal, rejeitando seu filho e conhecendo do fato de que tem um sono agitado, coloca o recém nascido para dormir bem ao seu lado, conhecendo do fato que possivelmente rolará sobre ele durante a noite e, com isso, o matará. 
	Ainda que o sono não seja proposital ele ensejará a responsabilidade penal objetiva. Ex: Caminhoneiro, conhecendo do estágio de seu cansaço físico, imprudentemente continua dirigindo, caindo no sono enquanto dirige e atropelando várias pessoas. Responde, neste caso, por homicídio culposo por culpa consciente. 
Coação irresistível
A) Coação física irresistível: Coacitus non agit, sed agitur (O coacto não age, é “agido”). 
	Este tipo de coação nada influi na culpabilidade, vez que nela há a total ausência de conduta por parte do coacto, vez que não há conteúdo algum de vontade por sua parte. 
	Neste caso, por ser a conduta percebida por parte do coator e não do coacto, será quanto àquele que deverão ser analisados os demais elementos do crime (tipicidade, antijuridicidade, culpabilidade). 
B) Coação moral irresistível: Coactus sed agit (O coator age). 
	Há um conduta típica e antijurídica por parte do coacto que, contudo não é culpável, o sendo o autor mediato, qual seja, o coator (art. 22 do CP). 
	Esta excludente de culpabilidade recai sobre a exigibilidade de conduta diversa, sendo esta elemento da culpabilidade. 
	Diz-se que a coação moral irresistível se diferencia da coação física irresistível, pois aqui, há um resquício de vontade, expressa por meio de uma escolha que o coacto deverá fazer. Ex: “Ou você assalta aquele banco ou mato seu irmão”. 
* O mesmo será observado quanto à obediência hierárquica, vez que, desde que a ordem do superior não seja manifestamente ilegal, caso em que não se observará a dirimente, afastar-se-á a exigibilidade de conduta diversa e, conseqüentemente, a culpabilidade, sendo considerável culpado o superior que proferiu a ordem ilegal. 
Erro de proibição direto (não advindo de uma discriminante putativa)
Recai sobre a potencial (leiga, profana) consciência da ilicitude. Quanto a isso, como bem se sabe e conforme disposto no artigo 21 do CP, o desconhecimento da lei é inescusável. Contudo, por vezes o erro que recai sobre a situação fática, se inevitável, isenta de pena (afasta a culpabilidade) e se evitável, a reduz de 1/6 a 1/3. 
Ex: Egípcio, residente dos confins do deserto, vem para o Brasil, sem falar o português ou qualquer outra língua que não a sua, e aqui se casa, desconhecendo da proibição para tal, com sua terceira esposa. Trata-se de um erro de proibição inevitável, pois não haverá como ele saber que aqui, diferentemente do que ocorre em seu país, tal prática era crime. 
Erro sobre a pessoa (error in persona) –Art. 20 §3º. 
Ocorre quando o autor, pretendendo praticar o crime quanto a determinada pessoa (Ex: um desafeto), pratica contra outra que pensa ser aquela a quem suas intenções estavam dirigidas. 
	Neste caso, a lei determina que se deve pegar as condições da pessoa a que se pretendia atuar contra (vítima virtual), tanto as positivas quanto as negativas (ex: qualificadora por vingança ou privilégio por motivo qualquer), e as colocar na pessoa que efetivamente se atingiu (vítima efetiva). 
Erro na execução (Aberratio ictus) - Art. 73 do CP. 
Ocorre quanto o autor, pretendendo praticar um crime contra alguém, ao avistá-lo, procede à execução, sendo que, por qualquer motivo alheio à sua vontade, acaba atingindo pessoa diversa da pretendida. Ex: Vê seu desafeto ao lado de outra pessoa e vai atirar com um arco e flecha. Contudo,pela força do vento no local, a flecha acaba por acertar a pessoa que estava ao lado da vítima virtual. 
	Neste caso, assim como ocorre no erro sobre a pessoa, pega-se as condições da vítima virtual e joga na vítima efetiva. 
	Há de se analisar que, se acerta a pessoa pretendida e também aquela que estava ao seu lado, têm-se um concurso formal de crimes (art. 70), devendo-se aplicar as regras deste que determinam que dever-se-á pegar a pena mais grave (homicídio se a outra pessoa sobreviveu por exemplo) e aumentar de 1/6 até a ½ (para apenar pelo segundo crime). 
* Há de se analisar que aqui, no erro sobre a execução, como se jogam as circunstancias da vítima virtual para a efetiva, acaso o autor estivesse agindo em legítima defesa contra a primeira, tal condição será igualmente estendida quanto à segunda, sendo sua conduta lícita. 
Erro quanto ao crime (Aberratio criminis) – Art. 74 do CP
Ocorre quando o autor, pretendendo realizar um crime, pratica outro. Desta forma, ocorre resultado diverso do pretendido. 
	Se ocorre só o resultado que não pretendia alcançar, responde o autor pelo crime consumado na modalidade culposa. 
	Se ocorre, concomitantemente, o resultado que pretendia mais o que não queria, responde pelo concurso formal de crimes, conforme a regra do artigo 70. 
Erro sobre o nexo causal (Aberratio Causae ou Dolo geral)
Há o chamado dolo geral quando, apesar de ter-se obtido o resultado pretendido, tal aconteceu de forma diversa da pretendida pelo agente. Ex: Pensando ter matado a vítima a pauladas, joga ela no rio para ocultar seu “cadáver”, vindo ela a falecer por afogamento. Neste caso ele não responderá pela qualificadora de sufocamento, vez que pensava já estar ela morta, e tampouco pelo crime de ocultação de cadáver, vez que ela estava viva. Responderá, desta forma, somente pelo homicídio doloso consumado. 
Retorno ao estudo do Homicídio (art. 121 do CP)
Homicídio Privilegiado (art. 121 §1º do CP)
- Três figuras que, por serem causas de diminuição de pena, podem trazê-la, até mesmo, para abaixo do mínimo legalmente estabelecido. Neste caso, se a pena mínima do homicídio fosse ser aplicada (06 anos), a presença de uma das figuras do privilegiado poderia reduzir a pena a 04 anos por exemplo. O mesmo não ocorrerá com as agravantes e atenuantes genéricas. 
	É importante ressalvar ainda que, embora as figuras constantes do §1º diminuam a pena, elas não afastam o dolo, vez que, para este, basta tão somente a vontade natural dirigida ao resultado. Tampouco há de se falar que a presença destas figuras enseja a ausência da culpabilidade. 
A) Relevante valor moral (individual): A jurisprudência e a doutrina atestam que este valor deverá de ser revestido de certa nobreza de caráter. Ex: Eutanásia com propósito de aliviar a dor do doente; Homicídio de estuprador da filha do autor logo após este ter acontecido (porque se durante é legítima defesa). 
B) Relevante valor social (coletivo): Dá se, neste caso, o exemplo do patriotismo, etc. 
C) O sujeito age sob o domínio de uma violenta emoção, logo após uma injusta provocação da vítima: Aqui, como logo se vê, concorrem três fatores distintos: 
a) Sob domínio: Não basta mera influência, o agente deve estar totalmente sob o domínio da emoção, sendo o chamado raptus emocional. 
b) Logo após: Entre a provocação e o ato, deve haver curtíssimo espaço de tempo. 
c) Injusta provocação: Não se trata de uma injusta agressão, mas provocação, podendo corresponder até a um ilícito civil. 
Homicídio Qualificado (art. 121 §2º) 
Quando da presença de uma qualificadora, altera-se o padrão de pena do homicídio que é de 6 a 20 anos, para 12 a 30 anos. Acaso haja mais de uma, a primeira altera o padrão enquanto as outras aumentam de 1/6 a pena cada. 
Natureza das Qualificadoras
A) Subjetivas: Incisos I, II e V; 
- Não podem concorrer com as figuras do homicídio privilegiado, vez que ambas são subjetivas. Ex: não se pode conceber um homicídio praticado por relevante valor moral mediante paga. 
B) Objetivas: Incisos III e IV (exceto a crueldade e a tortura constantes do inciso III, vez que, por derivarem da busca de prazer doentio do autor, tem nuance subjetiva); 
Conceito de cada qualificadora
Inciso I: 
- Mediante paga: É o pagamento que se faz antes da prática do crime; 
- Promessa de recompensa: É a vantagem prometida para depois da prática do crime; 
* Tanto uma quanto a aoutra figura acima dizem respeito ao chamado homicídio mercenário ou sicário. 
- Outro motivo torpe: É aquele motivo abjeto, que causa aversão à sociedade. Desta forma, para se estabelecer outro motivo torpe, deve-se fazer uma interpretação analógica (não analogia) que é possibilitada pela própria lei (intra legem) quando trata de forma genérica o assunto, vez que, o que não se concebe no Direito Penal é a analogia empregada in malan partem. 
Inciso II:
- Motivo fútil: Insignificante, ou seja, que não justifica o crime; 
- Ausência de motivo: Se equipara ao motivo fútil enquanto qualificadora. 
* Pode haver motivo torpe e fútil, concomitantemente, quando houverem mais de um motivo, não podendo o mesmo ser abarcado pelas duas figuras. 
* Pode o homicídio ser privilegiado-qualificado? Sim, desde que as qualificadoras sejam objetivas, contraste com as figuras do privilégio que são sempre subjetivas. Ex: Eutanásia (relevante valor moral) praticada com o uso de veneno. 
	Desta forma, a qualificadora altera o padrão da pena e, sobre este, recai o privilégio. Todavia, há de se analisar que o crime continuará sendo hediondo e, como tal, o cumprimento da pena se iniciará no fechado, dependendo do cumprimento de 2/5 da pena para haver a progressão de regime. 
Inciso III: Trata da qualificadora dos meios.
1º - Veneno (venefício = homicídio cometido por meio de veneno). 
- Há de se levar em conta que, para que se dê o venefício, a vítima tem de tomar o veneno enganada, ou seja, sem saber que o faz, vez que, acaso ela o faça forçada, a qualificadora aplicável não é a de veneno, mas sim de crueldade. 
	É preciso atentar ainda para o fato de que veneno é conceito amplo que pode abranger substâncias que, em outros casos, não seriam consideradas como tal. Ex: Açúcar, em grande quantidade, para um diabético, pode ser considerado veneno, ficando o agente sujeito à qualificadora. 
2º - Emprego de fogo; 
3º - Emprego de explosivo; 
4º - Asfixia: Se divide em: 
a) Tóxica: corresponde à ausência de ar (fecha a pessoa em um ambiente totalmente sem ar) ou ar contaminado (Ex: Fecha a pessoa em um ambiente e joga gás tóxico); 
b) Mecânica: corresponde à constrição do aparelho respiratório. Esta, poderá se dar por: 
- Sufocação: É a realizada por meio de travesseiros, sacos, etc. 
- Estrangulamento: É aquela na qual se utiliza uma corda, cordel, barbante, etc. e, com as forças das mãos, a passa ao redor do pescoço da vítima e bloqueia a passagem de ar; 
- Enforcamento: Ocorre quando o autor amarra a “corda” em uma altura, passa-a no pescoço da vítima e empurra esta no vazio, deixando que o próprio peso do corpo, em concomitância com o aperto da corda, faça o serviço. 
- Esganadura: Por esta, bloqueia-se a passagem de ar da vítima apertando-lhe o pescoço com as mãos ou qualquer outra parte do corpo. 
- Afogamento: Não só jogar a vítima que não sabe nadar ou amarrada em águas profundas, mas, de igual forma, mergulhar sua cabeça em recipientes com líquido de forma que ela não consiga respirar. 
- Soterramento: Pode ser por qualquer substância sólida, tal qual a terra, o café, a areia, os grãos, etc. 
5º - Tortura: É o meio pelo qual se pratica o homicídio prolongando a execução de maneira a causar maior sofrimento na vítima. Ex: Ao invés de dar uma facada diretamente no coração, dá um pouco abaixo no peito e vai fazendo força para lentamente a faca chegar a seu objetivo. 
6º - Meio insidioso: É aquele imbuído de engano. Tal meio está definido na exposição de motivos da parte especial, no item 38, sendo aquele pelo qualo agente esconde sua força maléfica. 
Ex: Agente quebra vidro em inúmeros pedaços e, sem que a vítima saiba, mistura em algo de comer e lhe dá. 
7º - Meio cruel: É aquele que causa um desnecessário sofrimento à vítima, revelando uma índole negativa do autor. Diferencia-se da tortura, pois este é mais célere, obtendo-se o resultado mais rapidamente. Ex: Para matar a vítima autor desfere muitas facadas ou muitas pauladas. 
8º - Outro meio que possa resultar perigo comum: É aquele meio que não gera riscos só à vítima, mas a outras pessoas também. Ex: Ocasionar uma avalanche para matar uma pessoa. 
Inciso IV: Trata da qualificadora dos modos de ação. 
1º - Traição: É conceito que se divide em: 
a) Golpear a vítima pelas costas; 
b) Trair a confiança, até então existente, da vítima. Ex: Amigo de longa data convida outro para passear pelas montanhas e, inadvertidamente, o empurra ribanceira abaixo. 
2ª – Emboscada: É termo proveniente do italiano Bosco, que significa Bosque. Trata-se do caso em que o agente se esconde em algum lugar (atrás de uma árvore, em cima de uma casa, etc.) Com fim de pegar a vítima de surpresa. 
3ª – Dissimulação: Se divide em mais de uma situação: 
a) O agente disfarça-se para se aproximar da vítima e cometer o homicídio. Ex: Se fantasia de funcionário da Sabesp para adentrar a casa da vítima e cometer o homicídio; 
b) O agente finge falsa amizade com a vítima. Diferencia-se da traição, pois aqui não há amizade pré-existente. Ex: Finge fazer amizade com a vítima em um bar e, na saída, se aproveita da “guarda-baixa” para acertá-la. 
3º - Outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima. Ex: É o caso do autor que mata a vítima que dorme ou que ataca a vítima em superioridade numérica. 
Inciso V: Trata, como qualificadora, dos crimes conexos por conexão teleológica (de finalidade): 
1º - Para assegurar a execução. Ex: mata o guarda-costas para estuprar a protegida. 
2º - Para assegurar a ocultação. Ex: mata uma pessoa que presenciou a prática de um crime. 
3º - Para assegurar a impunidade. Ex: Mata a testemunha arrolada pelo MP para narrar o que viu em juízo; 
4º - Para assegurar a vantagem do crime. Ex: Mata o comparsa para ficar sozinho com o resultado do furto. 
Homicídio culposo
Previsibilidade
É, para os clássicos e finalistas, elemento indispensável ao homicídio culposo, se subdividindo em: 
a) Objetiva: É a previsibilidade relativa ao homem-médio, sendo que a sua ausência gera a atipicidade do ato. 
b) Subjetiva: É a previsibilidade inerente ao agente, no momento mesmo do ato. Sua ausência não afasta a tipicidade (vez que a objetiva já foi estabelecida), mas sim a culpabilidade. 
Dirigibilidade
O homicídio culposo se justifica pela ausência de dirigibilidade, ou seja, o agente falta com o seu dever objetivo de cuidado. 
* Pela teoria da imputação objetiva, não mais se analisa a previsibilidade, sendo que acaso o agente tenha agido: a) Dentro do princípio da confiança, agindo da forma como deveria supondo que os demais fariam o mesmo (ex: Passou no sinal verde sem olhar para os lados); No cumprimento correto de uma regra (Ex: aplicou a anestesia da forma correta); ou atuou dentro de um risco tolerável, sua conduta será atípica pro falta de nexo de imputação, afastando-se, desta forma, o tipo objetivo. 
Homicídio culposo na direção de veículo automotor (Art. 302 do CTB)
Há um conflito aparente de normas penais quanto ao homicídio culposo, pois, o Código de Trânsito Brasileiro prevê, de forma distinta, o homicídio culposo quando o agente estiver da direção de veículo automotor, instituindo uma pena, neste caso, de 2 a 4 anos e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou habilitação de veículo automotor, diferentemente do CP que, em seu artigo 121 §3º, dá uma pena de 01 a 03 anos. 
	Existem autores que atestam ser essa discrepância da pena seria inconstitucional pois, tal diferenciação apenas com base no meio empregado feriria o princípio da igualdade e proporcionalidade da pena. 
	Há de se levar em conta, contudo, que para que o autor fique sujeito à disposição do artigo 302 do CTB, dois fatores distintos deverão cumular, quais sejam: 
A) O agente tem de estar na direção de veículo automotor. A definição de veículo automotor está na própria lei, em seu anexo 1º (no meu Código não tem, lembrar de copiar), sendo este “Todo veículo a motor de propulsão que circule por seus próprios meios, e que serve normalmente para o transporte viário de pessoas e coisas, ou para a tração viária de veículos utilizados para o transporte de pessoas e coisas. O termo compreende os veículos conectados a uma linha elétrica e que não circulam sobre trilhos (ônibus elétricos)”. 
B) Transitando nas vias terrestres, quais sejam: As ruas, as avenidas, os logradouros, as estradas, as rodovias, as praias abertas à circulação e os condomínios com ruas próprias. (Art. 1º e 2º do CTB). 
	Nas demais situações que não cumulem estes fatores, responderá o agente, quando da prática de um homicídio doloso, pelo disposto no artigo 121, §3º do CP. 
Ex: Acaso o agente, na direção de veículo automotor, cometa homicídio culposo no estacionamento de um shopping, não estará nas vias mencionadas pelo art. 2º do CTB e, desta forma, estará sujeito ao 121, §3º do CP. 
Ex2: Acaso o autor cometa um homicídio culposo, todavia, na direção de uma carroça, por não entrar esta no conceito de veículo automotor, ele responderá pelo disposto no artigo 121 §3º. 
Ex3: Acaso o autor entre, com seu veículo automotor em uma praia não aberta à circulação de veículos, por não estar esta enquadrada no conceito de vias terrestres (somente a praia aberta à circulação de veículos está) ele, de igual forma, responderá pelo disposto no art. 121 §3º. 
Aumento de pena no homicídio culposo
Na eventualidade do homicídio culposo, afeto ao artigo 121 §3º, ter sido praticado: 
A) Na inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício; 
B) Sem prestação de socorro imediato à vítima; 
C) Sem que o agente procure dirimir as conseqüências do seu ato; 
D) E te fugido o agente para evitar a prisão em flagrante; 
	Ter-se-á um aumento de pena de 1/3, conforme §4 do artigo 121. 
	Na eventualidade de o homicídio culposo, afeto ao artigo 302 do CTB, ter sido praticado: 
A) Sem permissão para dirigir ou carteira de habilitação; 
B) Na faixa de pedestres ou na calçada; 
C) Deixando o agente de prestar socorro quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente; 
D) Estando o agente no exercício de sua profissão ou atividade, conduzindo veículo de transporte de passageiros; 
E) Estando o agente sob a influência de álcool ou substância tóxica ou entorpecente de efeitos análogos. (acho que esse foi revogado, por isso conferir pois estou com o vade mecum antigo). 
	Ter-se-á um aumento de pena de 1/3 à 1/2, conforme parágrafo único do artigo 302 do CTB. 
Perdão judicial no homicídio culposo
O artigo 121 §5º trata da hipótese em que, no homicídio culposo, “as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária”. Neste caso, o juiz poderá deixar de aplicar a pena. Ex: Homem estava limpando arma municiada que acidentalmente dispara e acerta em seu filho. 
	É importante acrescentar que, por se tratar de norma permissiva, a regra constante deste dispositivo poderá ser estendida para o homicídio culposo previsto no 302 do CTB. 
Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio
Para que se dê a tipicidade aqui, é indispensável que o agente tenha exercido um desses três verbos em relação ao pretenso suicida, vez que, acaso preste alguma ajuda mais direta (física), estará cometendo um homicídio. 
Observações preliminares
1ª – Autoria, Co-autoria e Participação: Quanto a estes temos as seguintes teorias: 
1ª - Teoria ampla ou extensiva de autor (sistemática clássica): Acompanhava a sistemática clássica ou causal. Não diferenciava os autores dos partícipes, equiparando-os,vez que, para ela, qualquer um que contribuísse para o resultado era considerado autor. 
2ª - Teoria restrita ou estrita de autor: Por ela: 
a) Autor é todo aquele que pratica o verbo típico (Ex: art. 121, o verbo típico seria “matar”); 
b) Co-autores são aqueles que praticam em conjunto o verbo típico (Ex: A e B matam C por meio de facadas); 
- Aqui, é lícito que haja a divisão do trabalho na prática da infração, desde que o ato de cada um dos co-autores esteja encaixado no tipo, caso contrário ele passará a ser partícipe. Ex: O tipo do estupro determina que o pratica quem constrange mulher à conjunção carnal, mediante violência ou grave ameaça. Desta forma, acaso um dos co-autores coloca uma faca no pescoço da mulher enquanto o outro pratica o coito, apesar de somente o segundo proceder à cópula, ambos serão autores, pois praticam os verbos do tipo. (Tal, todavia, não é possível no homicídio que é crime uni - subsistente). 
- É preciso atentar para o fato de que tanto um co-autor quanto os outros deverão praticar condutas, conhecendo um dos outros ou haverá autoria colateral, que sejam idôneas à prática do crime. Desta forma, por exemplo, acaso um indivíduo segure a vítima enquanto o outro a mata, somente aquele que pratica o verbo do tipo (“matar”) será o autor, correspondendo aquele que a segurou a mero partícipe. 
c) Partícipes são aqueles que dão uma ajuda extra-típica (fora do tipo que auxiliam) ao autor ou co-autores, nos seguintes verbos: 
- Induzir: Colocam a idéia, pela primeira vez, na cabeça do autor; 
- Instigar: Reforçam uma idéia do autor pré-existente; 
- Auxiliar: Fornecer meios materiais que não a efetiva prática do crime ou seriam caracterizados como co-autores. Ex: Dar o revólver, amarrar a vítima para que o outro a mate, etc. 
* O instituto da participação está definido, na Parte Geral, no artigo 29 que trata do concurso de pessoas. 
* A pertinência na diferenciação entre autores, co-autores e partícipes reside no fato de que na participação, de acordo com a sua importância, a pena poderá ser reduzida, coisa que não ocorrerá na co-autoria, vez que não há como ser mais ou menos autor. 
* No artigo 122, o legislador pegou os três verbos pelos quais se manifesta a participação e levou-os ao tipo penal. Desta forma, aquele que induz, auxilia ou instiga o suicídio será autor e não partícipe. (Trata-se de uma exceção) 
3ª - Teoria do domínio do fato: O autor não é só (ou seja, concorda com a teoria restritiva no que diz respeito à autoria mediata) quem pratica o verbo típico, mas, de igual forma: 
a) O autor intelectual: Não se pode confundir o autor intelectual com o mandante, correspondendo este àquele que, somente por uma vez, ordenou que se praticasse uma conduta criminosa. 
	O autor intelectual é aquele que dirige toda uma situação, de forma organizada. Ex: o chefe de uma facção criminosa, etc. 
	Desta forma, tamanha a sua importância na prática do crime, ele será considerado co-autor e não partícipe. 
b) O autor mediato: Ter-se-á a autoria mediata quando: 
1º - O agente se valer de um menor para a prática de um crime. Ex: Mandar que criança de 06 anos passe por um buraco pequeno para cometer furtos; 
2º - O agente se valer de um louco, incapaz de realizar qualquer juízo de valor, para a prática de crimes; 
 
3º - O agente se valer da coação moral irresistível para a prática do crime. Ex: Coloca um revólver na cabeça de um indivíduo ordenando que ele mate outro. 
 
4º - Quando o agente se vale de pessoa induzida a erro de tipo para a prática do crime. Ex: Médico dá ampola a enfermeira, mandando que esta aplique o seu conteúdo em um paciente lhe dizendo se tratar de uma medição, quando na realidade trata-se de veneno. 
Sujeito Ativo
Qualquer pessoa viva, ainda que incapaz. 
Sujeito passivo do induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio
Trata-se de qualquer pessoa humana, com capacidade de resistência ainda que diminuída. Desta forma, acaso o sujeito passivo apresente uma resistência nula (a criança e o louco que não questionam ordens e sugestões), desclassificar-se-á a conduta deste tipo para o homicídio por meio da autoria mediata. 
Tipo Objetivo
Tem-se que os verbos pelos quais se procede à pratica do crime são induzir, auxiliar ou instigar. Desta forma, o ato causador da morte deverá ser praticado pelo suicida para que se caracterize o tipo penal. Ex: Acaso suicida tenha amarrado seu pescoço a corda, se posicionado em cima de um banco, mas outra pessoa o tenha empurrado para que ele caísse no vazio e morresse, estaremos diante de um homicídio, vez que o ato causador da morte não foi praticado pelo suicida. 
	É importante ressalvar ainda que na eventualidade de crime ter sido praticado com coação física irresistível, estaremos diante de um homicídio, vez que não houve conduta por parte daquele que se feriu sob constrangimento físico. A autoria aqui será imediata. 
	Devemos observar que, na eventualidade do crime ter sido praticado com coação moral irresistível, de igual forma, tratar-se-á de um homicídio, sendo considerado o coator, autor mediato do verbo “matar”. 
	É importante observar que o suicídio em si e mesmo a sua tentativa não são tipificados como crimes, sendo que o que é tipificado no artigo 122 é o induzimento, o auxilio ou a instigação a ele. 
Tipo Subjetivo
A instigação, auxílio ou induzimento ao suicídio é crime que somente poderá ser praticado na forma dolosa (trata-se de um crime doloso contra a vida e, por isso, afeto ao tribunal do júri). 
	Desta forma, o tipo subjetivo, aqui, será composto tão somente pelo dolo. 
Objeto Jurídico
O objeto jurídico corresponde ao bem jurídico tutelado pela norma penal, que aqui é a vida humana, elencada à categoria de bem maior pelo disposto no artigo 5º, caput da CF. 
Objeto Material
É a “coisa” física sobre a qual recai a conduta criminosa, que, neste caso, corresponde ao homem vivo. 
Consumação
No que diz respeito à consumação, o tipo secundário (aquele que institui a pena) determina que a pena será de “reclusão, de 02 a 06 anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de 01 a 03 anos, se a tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave”. 
	Desta forma, tem-se que este crime não admite a tentativa (compõe o único crime material que não permite a tentativa), vez que, ainda que o suicídio não se consume, a conduta será típica e o crime estará consumado acaso a tentativa do suicídio resulte lesão grave ou gravíssima. Todavia, por não estar prevista no tipo, acaso a lesão corporal resultante seja leve, a conduta do agente instigador, auxiliador ou que induz será atípica. 
* Compõem, segundo o artigo 129 e § 1º, as lesões corporais graves, aquelas: 
I – Que resulta em incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 dias; 
II – Que resulte em perigo de vida; 
III – Que resulte em debilidade permanente de membro, sentido ou função; 
IV – Que resulte em aceleração do parto
	E as gravíssimas: 
I – Incapacidade permanente para o trabalho; 
II – Enfermidade incurável; 
III – Perda ou inutilização de membro, sentido ou função; 
IV – Deformidade permanente; 
V – Aborto; 
Causa de aumento de pena (parágrafo único do 122)
Institui o parágrafo único do 122 que a pena será duplicada acaso: 
I – O crime seja praticado por motivo egoístico; 
- Motivos egoísticos são aqueles ligados ao interesse do agente. Ex: Induziu a avó ao suicídio para ficar com a herança. 
II – Se a vítima é menor ou tem diminuída (e não ausente ou seria homicídio por autoria mediata), por qualquer causa, a capacidade de resistência. 
- Quanto a este assunto, por menor a lei entende aquele menor de 18 anos (18 anos menos 1 dia) e aquele maior de 14 anos (14 anos mais um dia), vez que, quanto ao menor de 14 anos, presume-se que este tem total ausência de resistência e, desta forma, ficará caracterizado o homicídio na conduta do agente mediato. 
	Há de se levar em conta, todavia, que tal presunção legal é relativa, podendo-se provarque o maior de 14 tem, pelo alto nível de maturidade, capacidade plena de resistência. O que Dr. Constantino pensa, seguindo o entendimento do ECA, é que o menor de 12 anos não pode ser entendido como portador de capacidade ainda que relativa de resistência. 
	No que diz respeito à duplificação da pena pela resistência reduzida da vítima, tem-se o caso, por exemplo, em que o pretenso suicida está passando por uma depressão, tem esquizofrenia, etc. 
Relevância da omissão na participação do suicídio
Quanto a esse assunto há discrepância de entendimentos doutrinários, alegando corrente que o crime de participação no suicídio não pode ser praticado na forma omissiva enquanto outra atesta ser tal perfeitamente possível (Dr. Constantino concorda com esta segunda corrente). 
	Se seguirmos a segunda corrente, nos fica claro que tal crime somente poderia ser praticado, pela omissão, no verbo auxiliar, não havendo como fazê-lo quanto aos verbos instigar ou induzir. É importante ressalvar ainda que, de acordo com o §2º do art. 13 do CP, a omissão somente será penalmente relevante quando “o omitente devia e podia agir para evitar o resultado”. Uma vez visto isto, nos cumpre elencar aqueles que possuem o mencionado dever de agir, vez que será quanto a eles determinada a possibilidade da prática da participação omissiva no suicídio: 
I – Aquele que tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; Ex: pais, tutores, curadores.
II – Aquele que de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; Ex: Enfermeiro, delegado quanto ao prezo sob seus cuidados, etc. 
III – Aquele que com o seu comportamento anterior criou o risco da ocorrência do resultado; Ex: exímio nadador que convida pessoa depressiva a fazer um longo nado. 
Pactos de morte
Pactos de morte são aqueles nos quais duas ou mais pessoas acordam por cometer suicídio conjunto. Neste caso, há de se auferir quem praticou a conduta que fisicamente causou a morte e qual deles sobreviveu, já que, no que diz respeito ao suicídio, houve instigação recíproca. 
	Desta forma, por exemplo, se A e B resolvem cometer suicídio conjunto pela ingestão de veneno, mas cada um deles colocou, em sua própria xícara, a substância idônea a produzir o resultado fatídico, responderá o sobrevivente, apenas pelo artigo 122 (instigação), já que não foi sua conduta fisicamente causadora da morte do outro. 
	Todavia, acaso A tenha colocado veneno em ambas as xícaras, responderá não pela instigação ao suicídio, mas sim pelo homicídio consumado. 
	Seguindo ainda o exemplo de que A tenha colocado o veneno nas duas xícaras, acaso ambos tenham sobrevivido, e A tenha sofrido lesões graves (elementar do tipo), A responderá pela tentativa de homicídio (vez que sua conduta seria causadora direta do resultado) e B pela instigação ao suicídio. 
Infanticídio (art. 123)
Dispõe o artigo 123 como sendo o crime de infanticídio: “Matar, sob influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após: Pena – detenção de 02 a 06 anos”. 
Objeto Jurídico
É a vida humana, constitucionalmente protegida pelo art. 5º, caput da CF. 
Objeto material (objeto físico sobre o qual recai a conduta criminosa)
É o ser humano que está nascendo ou acabou de nascer com vida. Diz-se que deve nascer com vida ou seria crime impossível por impropriedade do objeto. 
Sujeito ativo
É a mãe puérpera (crime próprio que admite a co-autoria e a participação). 
- Crime próprio: É aquele que somente uma classe de pessoas pode realizar. Admite a co-autoria e a participação; Não pode ser confundido com: 
- Crime de mão própria: É aquele que somente uma pessoa em específico pode praticar (Ex. Falso testemunho), admitindo, desta forma, somente a participação e não a co-autoria. 
Sujeito passivo
É o nascente (que está nascendo) ou o neonato (recém-nascido). 
	O que se deve levar em conta para estabelecer o prazo dentro do qual o infanticídio poderá ser praticado não é o tempo de vida da criança, mas sim a duração do estado puerperal, que deverá ser identificada pelo perito. 
Diferenças entre o aborto e o infanticídio
O aborto ocorre até antes do início do parto, que se dá com a dilatação do cólon do útero, enquanto que o infanticídio se da após este instante, até o momento em que se cesse o estado puerperal, a partir e quando o crime será homicídio. 
Concurso de agentes
Adotar-se-á, ao infanticídio, a norma do concurso de agentes constante do artigo 30 do CP, que institui que “não se comunicam as circunstâncias e condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”. 
	Desta forma, tem-se que a condição pessoal “estado puerperal” é elementar do crime (art. 123) e, como tal, comunicará a todos os co-autores e partícipes, que responderão pela autoria ou participação não de homicídio (apesar de que fisicamente não se encontravam no referido estado, já que somente a mãe o vivencia), mas de infanticídio. 
* Tem-se, como solução lege ferenda (não constante da lei) para a questão que se deveria extinguir o tipo do 123 (infanticídio) e aditar, no artigo 121 (homicídio), um parágrafo do qual constasse uma redução de pena para a mãe puérpera. Desta forma, tratar-se-ia de circunstância pessoal e não elementar, não comunicando aos demais co-autores e partícipes que responderiam pela autoria e participação do homicídio.

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