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Aula 4 - Leitura e Produção de Textos - Ana Fontoura

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Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 4 
1 
CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA 
PRÓ-REITORIA DE ENSINO 
 
 
 
DISCIPLINA 
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS 
 
AULA 4 
MODOS DE ORGANIZAÇÃO TEXTUAL: 
NARRAÇÃO, DESCRIÇÃO E DISSERTAÇÃO 
 
 
CÓDIGO 
GINS1007 
 
CRÉDITOS 
04 
 
TOTAL DE AULAS NO SEMESTRE 
80h/a 
 
OBJETIVOS 
 
 Reconhecer os elementos constitutivos do texto narrativo; 
 Reconhecer os elementos constitutivos do texto descritivo; 
 Reconhecer os elementos constitutivos do texto dissertativo; 
 Diferenciar o texto dissertativo expositivo do dissertativo argumentativo; 
 Produzir textos de variadas tipologias. 
 
 
CONTEÚDO 
 
1. O texto narrativo; 
2. O texto descritivo. 
3. O texto dissertativo 
3.1 Exposição e argumentação 
3.2 Elementos constitutivos do texto argumentativo 
 
ESTRATÉGIA 
 
 Confrontação e elaboração de diferentes tipologias textuais. 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
ABREU, Antonio. S. Curso de redação. São Paulo: Ática, s/d. 
CAMPEDELLI, Samira Youssef; BARBOSA, Jésus. Produção de texto e usos da linguagem. São 
Paulo: Ática, s/d. 
CARNEIRO, Agostinho Dias. Redação em construção. São Paulo: Moderna, s/d. 
SARMENTO, Leila Lauar. Oficina de redação. 3 ed. São Paulo: Moderna, 2006. 
VIANNA, Antônio Carlos et al. (Orgs.). Roteiro de redação: lendo e argumentando. São Paulo: 
Scipione, s/d. 
 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 4 
2 
 
PROCESSOS DE ELABORAÇÃO DO TEXTO (TIPOLOGIAS TEXTUAIS) 
 
Dependendo do tipo de texto que se queira produzir, o desenvolvimento dos parágrafos precisará 
atender a algumas características específicas. Há três tipos básicos de textos, amplamente utilizados em 
nosso dia a dia. Em linhas gerais, são eles: 
 
* NARRAÇÃO: quando se deseja contar (ou relatar) um fato que tenha ocorrido; 
 
* DESCRIÇÃO: quando se deseja mostrar os detalhes (ou características) que se referem a 
um lugar, objeto ou pessoa; 
 
* DISSERTAÇÃO: quando se deseja apresentar uma noção, opinião ou idéia (dissertação 
expositiva); ou quando se deseja defender um ponto de vista e tentar convencer outra pessoa 
(dissertação argumentativa). 
 
Narrar, descrever e dissertar são, portanto, os três processos fundamentais de redação que 
fazem parte da comunicação do dia a dia e, por isso, são muito utilizados na prática da escrita. Vejamos 
como isto se dá em termos práticos, através do exemplo que se segue: 
 
Na rua onde você mora, realiza-se semanalmente uma feira. Você decide escrever sobre isso. 
Dependendo do enfoque que você queira dar ao seu texto, o processo de elaboração vai ter de ser 
diferente. 
 
a. Se você quer mostrar ao leitor como é a feira (isto é, o que existe nela, que produtos são 
vendidos, como são as barracas, etc.), vai ter de recorrer à descrição; 
 
b. Se você quer contar ao leitor algum fato que tenha acontecido na feira (vamos supor, um 
assalto, um desentendimento entre fregueses, etc.), terá de recorrer à narração; 
 
c. Mas se você decidir analisar a presença da feira em sua rua de modo mais profundo e 
escrever sobre a importância da feira para sua comunidade (proporcionar o encontro entre os vizinhos, a 
aquisição de alimentos mais frescos e em conta, etc.), neste caso, teremos de recorrer à dissertação 
expositiva, para que você possa expor suas idéias; 
 
d. Por fim, pode-se ainda abordar este tema sob um outro enfoque. Digamos que você deseja 
provar a superioridade da feira, enquanto atividade econômica, em relação às redes de supermercados, 
por exemplo. Neste caso, vai recorrer à dissertação argumentativa, com o intuito de convencer o leitor de 
sua opinião. 
 
Mas atenção: é difícil que um texto apresente apenas um destes processos de construção em 
sua elaboração. O mais comum é que eles coexistam, isto é, que um texto apresente dois ou mais destes 
processos simultaneamente. 
Há mais algumas características, sobre estes quatro tipos de textos, que podemos destacar: 
 
 Descrever é caracterizar. Ao descrever, você explica com suas palavras o que percebeu de 
um fato ou objeto, buscando passar para o leitor, o mais fielmente possível, a visão que você 
teve do elemento que busca descrever. Portanto, o texto descritivo costuma fazer uso 
constante da adjetivação, para enriquecer os detalhes e ajudar a compor os cenários e/ou 
personagens; 
 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 4 
3 
 Narrar é contar. Ao narrar, você conta um fato acontecido, com quem aconteceu, onde, 
quando, como, por que, etc. Por dar ênfase às ações ocorridas, na narração é constante o uso 
de verbos, notadamente os de ação; 
 
 Dissertar de forma expositiva é dar sua opinião sobre um fato ou tema. Neste caso, o autor 
deve procurar desenvolver uma idéia central, explicando seus pontos de vista, propondo novos 
aspectos ao tema central, até chegar ao seu principal objetivo, ou seja, concluir de modo claro 
e coerente seu pensamento; 
 
 Dissertar de forma argumentativa é defender um ponto de vista, buscando convencer o leitor 
a assumi-lo também. É nesse aspecto de sedução do leitor que consiste a diferença básica 
entre textos dissertativos expositivos e argumentativos. Bons exemplos de textos dissertativos 
argumentativos são os discursos políticos, em que se busca aliciar o leitor ou ouvinte para que 
assuma determinada posição ideológica. 
 
O TEXTO NARRATIVO 
 
INFERNO NACIONAL 
 
A historinha abaixo transcrita surgiu no folclore de Belo Horizonte e foi contada lá, numa versão 
política. Não é o nosso caso. Vai contada aqui no seu mais puro estilo folclórico, sem maiores rodeios. 
Diz que uma vez um camarada que abotoou o paletó. Em vida o falecido foi muito dado à falcatrua, 
chegou a ser candidato a vereador pelo PTB, foi diretor de instituto de previdência, foi amigo do Tenório, 
enfim... ao morrer nem conversou: foi direto ao Inferno. Em chegando lá, pediu audiência a Satanás e 
perguntou: 
- Qual é o lance aqui? 
Satanás explicou que o inferno estava dividido em diversos departamentos, cada um administrado 
por um país, mas o falecido não precisava ficar no departamento administrado pelo seu país de origem. 
Podia ficar no departamento do país quer escolhesse. Ele agradeceu muito e disse a Satanás que ia dar 
uma voltinha para escolher o seu departamento. 
Está claro que saiu do gabinete do Diabo e foi logo para o departamento dos Estados Unidos, 
achando que lá devia ser mais organizado o inferninho que lhe caberia para toda a eternidade. Entrou no 
departamento dos Estados Unidos e perguntou como era o regime ali. 
- Quinhentas chibatadas pela manhã, depois passar duas horas num forno de duzentos graus. Na 
parte da tarde: ficar numa geladeira de cem graus abaixo de zero até as três horas, e voltar ao forno de 
duzentos graus. 
O falecido ficou besta e tratou de cair fora, em busca de um departamento menos rigoroso. Esteve 
no da Rússia, no do Japão, no da França, mas era tudo a mesma coisa. Foi aí que lhe informaram que tudo 
era igual: a divisão em departamento era apenas para facilitar o serviço no Inferno, mas em todo lugar o 
regime era o mesmo: quinhentas chibatadas pela manhã, forno de duzentos graus durante o dia e geladeira 
de cem graus abaixo de zero, pela tarde. 
O falecido já caminhava desconsolado por uma rua infernal, quando viu um departamento escrito na 
porta: Brasil. E notou que a fila à entrada era maior do que a dos outros departamentos. Pensou com suas 
chaminhas: "Aqui tem peixe por debaixo do angu". Entrou na fila e começou a chatear o camarada da 
frente, perguntandopor que a fila era maior e os enfileirados, menos tristes. O camarada da frente fingia 
que não ouvia, mas ele tanto insistiu que o outro, com medo de chamarem atenção, disse baixinho: 
- Fica na moita, e não espalha não. O forno daqui está quebrado e a geladeira anda meio 
enguiçada. Não dá mais de trinta e cinco graus por dia. 
- E as quinhentas chibatadas? - perguntou o falecido. 
- Ah... O sujeito desse serviço vem aqui de manhã, assina o ponto e cai fora. 
 
(Sérgio Porto - Stanislaw Ponte Preta) 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 4 
4 
 
EXERCÍCIOS 
 
1. Levante, no texto acima, características que comprovem que se trata de um texto narrativo: 
 
 
2. Observe os tempos dos verbos que aparecem no texto acima e conclua: qual tempo verbal é 
característico do texto narrativo? 
 
 
3. Um elemento bastante frequente nos textos narrativos é a presença de diálogos, que exigem pontuação 
específica. O que marca, em um texto narrativo verbal, a existência de diálogos? 
 
 
4. Leia a charge abaixo e correlacione-a ao texto anterior. Quais seus pontos de semelhança e/ou 
divergência em relação ao texto de Stanislaw Ponte Preta? 
 
 
 
 
______________________________________________________________________________________ 
______________________________________________________________________________________ 
______________________________________________________________________________________ 
______________________________________________________________________________________ 
______________________________________________________________________________________ 
 
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5 
ELEMENTOS DA NARRATIVA 
 
Vamos ler o texto que se segue: 
 
O PADEIRO 
 
Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do 
apartamento - mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa 
nos jornais da véspera sobre a “greve do pão dormido”. De resto não é bem uma greve, é um lock-out, 
greve dos patrões; que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da 
manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o quê do governo. 
Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café 
vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do 
apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando: 
- Não é ninguém, é o padeiro! 
Interroguei-o uma vez: como tivera a idéia de gritar aquilo? 
“Então você não é ninguém?” 
Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera 
bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma 
voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: “não 
é ninguém, não senhora, é o padeiro”. Assim ficara sabendo que não era ninguém. . . 
Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo para 
explicar que estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele tempo eu também, como 
os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada que deixava a redação de jornal, quase sempre 
depois de uma passagem pela oficina - e muitas vezes saía de lá levando na mão um dos primeiro 
exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como pão saído do forno. 
Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque no jornal 
que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou 
artigo com meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu 
coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre: “não é 
ninguém, é o padeiro!” 
E assobiava pelas escadas. 
 
(BRAGA, Rubem. In: Para gostar de ler, Vol. 1, Ática, São Paulo, 1977) 
 
 
Como você deve ter observado através da leitura do texto, os acontecimentos são contados por 
alguém: o narrador. Na história, aparecem as personagens envolvidas em fatos que se desenrolam em 
certo tempo e em determinado espaço. São esses elementos que caracterizam a narrativa. 
O narrador relata episódios imaginados ou presenciados por ele ou, até mesmo, dos quais tenha 
participado. Quando se dispõe a contar uma história, já tem em mente a idéia-chave, que é a base da 
narrativa. Para que a narrativa tenha qualidades, o assunto deve ser relatado de forma original e despertar 
no leitor interesse pelo desenrolar da história. A linguagem deve ser simples, clara, correta. A história deve 
ser verossímil, ou melhor, deve dar ao leitor a “impressão” de que pode, de fato, acontecer. 
Os principais elementos da narrativa são: 
 
a. ENREDO: o enredo ou trama é formado pelos fatos que se desenrolam durante a narrativa. Não 
é suficiente tirar os fatos da realidade e passá-los para o papel; é preciso selecioná-los. Só deve fazer parte 
da narrativa o que é importante para o desenvolvimento da história. 
 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 4 
6 
b. PERSONAGENS: os fatos envolvem personagens. É de acordo com ações, comportamento e 
características das personagens que a história se desenvolve. Por isso elas são elementos fundamentais da 
narrativa. 
 
c. ESPAÇO: os fatos acontecem em um determinado ambiente, o espaço. Ele pode funcionar 
como pano de fundo para a história ou até como expressão do estado de espírito das personagens, 
dependendo do tipo de tratamento que o autor dá à narrativa. 
 
d. TEMPO: o narrador conta fatos que ocorrem em determinado intervalo de tempo - elemento que 
indica quando ocorrem as ações das personagens. No texto que lemos, estão presentes duas formas de 
tempo: 
 cronológico - espaço de tempo real em que a personagem realiza suas ações. Os verbos 
aparecem no presente: “Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo (...) e abro a porta.” 
 
 psicológico - é o que aparece em momentos da narrativa que não correspondem a ações 
efetivas das personagens, mas a lembranças, devaneios, sonhos, etc. Os verbos não aparecem no 
presente, já que as ações não estão sendo realizadas naquele momento. Nesse texto que lemos, quando o 
narrador se lembra da história do padeiro, os verbos aparecem no pretérito: “E enquanto tomo café vou me 
lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. (...) Ele abriu um sorriso largo. Explicou que 
aprendera aquilo de ouvido.” 
 
 
 
 
O TEXTO DESCRITIVO 
 
 
A GUERRA DO FIM DO MUNDO 
 
O homem era tão alto e tão magro que parecia sempre de perfil. Sua pele era escura, seus ossos 
proeminentes e seus olhos ardiam como fogo perpétuo. Calçava sandálias de pastor e a túnica azulão que 
caía sobre o corpo lembrava o hábito desses missionários que, de quando em quando, visitavam os 
povoados do sertão batizando multidões de crianças e casando os amancebados. Era impossível saber sua 
idade, sua procedência, sua história, mas algo havia em seu aspecto tranquilo, em seus costumes frugais, 
em sua imperturbável seriedade que, mesmo antes de dar conselhos, atraía pessoas. 
 
Mario Vargas Llosa – A Guerra do Fim do Mundo 
 
A descrição 
 
Percebemos o mundo pelos sentidos. Através deles, construímos as imagens que temos de 
pessoas, coisas, lugares. Quando queremos transmitir a alguém uma imagem, recorremos de novo a 
nossos sentidos para reconstruí-la e depois exterioriza-la por meio da linguagem. Quando utilizamos a 
linguagem para expressara imagem que temos de coisas, cenas ou pessoas, construímos um texto 
descritivo. 
Como você já viu, na narração ocorre uma sequência de fatos que se desenrolam no tempo de tal 
forma que os personagens vão sofrendo transformações à medida que os acontecimentos sucedem. Na 
descrição não há essa sucessão de acontecimentos no tempo, de sorte que não haverá transformações de 
estado da pessoa, coisa ou ambiente que está sendo descrito, mas sim a apresentação pura e simples do 
estado do ser descrito em um determinado momento. 
A descrição se caracteriza por ser o retrato de pessoas, objetos ou cenas. Para produzirmos retrato 
de um ser, de um objeto ou de uma cena, podemos utilizar a linguagem não-verbal, como no caso das 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 4 
7 
fotos, pinturas e gravuras, ou a linguagem verbal (oral ou escrita). A utilização de uma dessas linguagens 
não exclui necessariamente a outra: pense, por exemplo, nas fotos ou nas ilustrações com legendas, em 
que a linguagem verbal é utilizada como complemento da linguagem não-verbal. Pense também num 
anúncio de animal de estimação perdido em que, ao lado da descrição verbal do animal, também é 
apresentada, como complemento àquela informação, a foto dele. 
 
 
Observação: 
 
Dificilmente você encontrará um texto exclusivamente descritivo (isso ocorre em catálogos, manuais 
e demais textos instrucionais). O mais comum é haver trechos descritivos inseridos em textos narrativos ou 
argumentativos. Em romances, por exemplo, que são textos narrativos por excelência, você pode perceber 
várias passagens descritivas, tanto de personagens como de ambientes. 
 
 
AS SEQUÊNCIAS DESCRITIVAS 
 
O texto que abre o assunto sobre descrição é o início do romance A guerra do fim do mundo. Nele o 
escrito peruano Mário Vargas Llosa reconta a história da guerra de Canudos. 
 Romance é um gênero textual que em que predomina as sequências narrativas. Isso não impede, 
porém, que nele possamos encontrar sequências textuais de outros tipos. 
 O texto faz um retrato de Antônio Vicente Maciel, o Antônio Conselheiro, líder da revolta de 
Canudos (Bahia, 1897), assunto tratado em textos dos mais diversos gêneros: romances, filmes, músicas, 
ensaios, textos didáticos e históricos, uma sequência descritiva num texto pertencente ao gênero narrativo. 
 As sequências descritivas, ao contrário das narrativas, caracterizam-se por não apresentarem 
sucessão de acontecimentos no tempo, de sorte que não haverá transformações de estado da pessoa. 
Coisa ou ambiente descrito, mas sim a apresentação pura e simples do estado do ser em um determinado 
momento. Observe que o autor nos apresenta o retrato verbal de Antônio Conselheiro num determinado 
momento, ou seja, fixa sua imagem, como numa fotografia. 
 Nos textos verbais, as sequências descritivas são expressas por palavras que se organizam em 
frases que podem ou não vir acompanhadas por sequências explicativas. No plano linguístico, as 
sequências descritivas caracterizam-se: 
 
 pela presença de substantivos, que identificam os traços genéricos do que se descreve, e de 
adjetivos e locuções adjetivas na função de adjunto adnominal ou predicativo. 
 
“O homem era alto e tão magro que parecia sempre de perfil.” 
 
”Sua pele era escura, seus ossos proeminentes e seus olhos ardiam como fogo perpétuo.” 
 
 os adjetivos e as locuções adjetivas podem estar representados por orações equivalentes (orações 
subordinadas adjetivas). 
 
“Calçava sandálias de pastor e a túnica azulão que lhe caía sobre o corpo lembrava o hábito desses 
missionários que, de quando em quando, visitavam os povoados do sertão batizando multidões de 
crianças e casando os amancebados.” 
 
 pela presença de verbos de ligação 
 
“Era impossível saber sua idade, sua procedência, sua história...” 
 
“O homem era alto e tão magro que parecia sempre de perfil.” 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 4 
8 
 
 A presença de verbos de ligação e de adjetivos na função de predicativo determina que, nas 
sequências descritivas, prevalecem os predicados nominais. 
 
 pelo predomínio da coordenação à subordinação de idéias. 
 
 “Sua pele era escura, seus ossos proeminentes e seus olhos ardiam como fogo perpétuo.” 
 
 Este período composto é formado por quatro orações (em duas delas ocorre a elipse do verbo): 
 
[Sua pele era escura], [seus ossos (eram) proeminentes] [e seus olhos ardiam] como fogo perpétuo (arde).] 
 
 pelo predomínio de verbos no pretérito imperfeito e no presente do indicativo. 
 
“Calçava sandálias de pastor e a túnica azulão que lhe caía sobre o corpo lembrava o hábito desses 
missionários que, de quando em quando, visitavam os povoados do sertão.” 
 
 
Como nas sequências descritivas o autor procurava fazer com que aquilo que se descreve apareça 
como um quadro vivo à nossa frente no momento em que tomamos contato com a descrição, o uso desses 
tempos verbais é fundamental. No exemplo, usou-se o pretérito imperfeito porque se trata da descrição de 
um personagem histórico. O uso desse tempo verbal permite ao autor recuar no tempo, tornando presente 
aquilo que é passado. A figura do Conselheiro, alguém que viveu na segunda metade do século XIX, pelo 
uso do pretérito imperfeito, surge a nós como uma figura presente. 
 
Veja um exemplo de descrição em que se emprega os verbos no presente do indicativo: 
 
“Noronha não é grande (vinte vezes menor que Ilhabela, em São Paulo, por exemplo), mas também 
não chega a ser uma ilhota de desenho animado. De uma ponta à outra são cerca de dez quilômetros, que, 
no entanto, não podem ser percorridos pelas areias das praias porque a maioria delas não se comunica 
entre si, nem na maré baixa.” 
 
 pelo emprego de metáforas e de comparações 
 
“... seus olhos ardiam como fogo perpétuo.” 
 
“... a túnica azulão que lhe caía sobre o corpo lembrava o hábito desses missionários...” 
 
O uso de comparações e metáforas possibilita que o interlocutor tenha mais elementos para montar 
a imagem do ser descrito. 
 
 
 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS TEXTOS TAMBÉM POR SEU GÊNERO, ALÉM DE SUA TIPOLOGIA 
 
 
 Os textos se classificam também de acordo com o seu gênero. Os gêneros textuais, por sua vez, 
estão relacionados à função social e às esferas de circulação a que cada texto está relacionado, o tipo de 
leitura que cada um demanda. 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 4 
9 
 “Esfera de circulação” é o nome dado ao público-alvo passível de ser atingido por cada tipo de texto. 
Uma notícia de jornal tem necessariamente uma esfera de circulação bem maior (possivelmente milhares de 
leitores) do que, por exemplo, uma receita médica (restrita, em geral, ao médico, ao paciente e ao 
atendente da farmácia). 
 Vejamos o quadro abaixo, que lista os principais gêneros ligados a cada tipologia: 
 
 
TIPO 
 
Exemplo de gêneros necessariamente vinculados ao 
tipo em termos de predominância 
 
 
Descritivo (descrever, caracterizar) 
 
 
Não se observou até o momento nenhum gênero 
necessariamente descritivo. 
 
 
Dissertativo Expositivo (Transmitir 
saberes e informar) 
 
Tese, dissertação de mestrado, artigo acadêmico-científico, 
monografia, conferência, palestra, entrevista de 
especialista, verbete de enciclopédia e de dicionário, 
resenha, relatório científico. 
 
 
Dissertativo Argumentativo 
(Argumentar visando o convencimento do 
leitor) 
 
 
Editorial de jornal, carta de leitor, carta de reclamação, 
resenha crítica, ensaio, mensagem religioso-doutrinária, 
textos de orientaçãocomportamental, regulamento. 
 
 
Narrativo (narrar e relatar) 
 
Contos, contos de fadas, fábulas, apólogos, parábolas, 
mitos, lendas, anedotas, piadas, fofoca, caso, biografia, 
epopeia, poema heroico, peças de teatro, romances, 
novelas (literárias, de TV), crônicas, diário pessoal, 
testemunho, curriculum vitae, notícias, reportagem, ata. 
 
 
 
 
_______________________________________________________ 
 
 
Oficina de Produção 
 
Escolha uma das propostas abaixo e produza o texto proposto, de acordo com as características textuais 
estudadas. 
 
1ª Proposta: 
 
Elabore uma narrativa sobre uma cena de rua. Seguem alguns tópicos, para ajudar a organizar 
as suas idéias. Mas atenção: o texto é seu. Novos tópicos são muito bem-vindos. 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 4 
10 
 
* como é o início da história? 
* o tema sugere o espaço da narrativa; determine o lugar da rua; 
* como está o ambiente? Chuvoso, ensolarado, nublado? 
* que personagens participam da trama? O que fazem? 
* o cenário exerce alguma influência no comportamento delas? De que forma? 
* observe o tempo da narrativa: utilizando o tempo cronológico, indique quando ocorreu o fato 
narrado e a sequência em que se desenvolveram as ações; se possível, insira um momento em que 
seja empregado o tempo psicológico. 
 
2ª Proposta: 
 
Escolha um dos tópicos abaixo e desenvolva um texto descritivo claro, coerente, coeso e correto. 
Não se esqueça de fornecer o máximo de detalhes possíveis, para tornar seu texto interessante e variado: 
 
a. Descreva o bairro onde você mora ou trabalha. Destaque seus principais aspectos ou 
peculiaridades, diga como são as pessoas, as casas, o comércio, etc. Enfim, procure traçar um bom retrato 
do bairro em questão, para que, mesmo quem nunca foi lá, possa ter uma boa idéia de como é. 
 
b. Descreva: seu melhor amigo (ou amiga). Como a pessoa é, fisicamente? E quanto ao seu 
caráter, seu temperamento, suas atitudes, que traços mais se destacam? Fale o que puder para traçar um 
retrato fiel da pessoa escolhida. 
 
 
Qualquer que seja a opção escolhida, ao elaborar seu texto, não se esqueça de observar 
questões como a ortografia, a concordância, o emprego de termos adequados, etc. Problemas nesses 
aspectos podem comprometer a compreensão de suas idéias. 
 
Use sua imaginação para explorar o tema, sua capacidade de ordenação lógica para desenvolvê-
lo de modo claro e coerente de acordo com as características do tipo básico escolhido e... boa sorte! O 
importante é não ter medo de tentar. 
 
 
#O#O#O#O#O#O#O#O#O#O#O#O#O#O#O# 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 4 
11 
 
DISSERTAÇÃO: CARACTERÍSTICAS BÁSICAS 
 
1. Texto dissertativo expositivo: definição 
 
O texto dissertativo expositivo é uma sequência de idéias e opiniões a respeito de um determinado 
assunto. A elaboração de um texto dissertativo expositivo pressupõe espírito crítico, raciocínio, clareza e 
objetividade na exposição dos fatos e opiniões. 
Outro aspecto importante da dissertação, tanto expositiva quanto argumentativa, diz respeito aos 
assuntos propostos que, na maioria das vezes, são muito amplos. Torna-se necessário, portanto, delimitá-
los, antes de abordá-los em um texto dissertativo. Tomemos como exemplo o assunto “futebol”, que pode 
ser abordado sob os mais diferentes aspectos. Seria impossível abranger, num único texto, todas estas 
possibilidades. Faz-se imprescindível, portanto, definir o ângulo, ou seja, o tema sob o qual o assunto em 
questão será abordado. Ex.: 
 
 O futebol e a criança 
 O futebol e as torcidas organizadas: incitação à violência? 
 A paixão do brasileiro pelo futebol 
 O futebol de rua: tradição brasileira 
 
...e assim por diante. São inúmeras as possibilidades de abordagem de assuntos amplos. Caberá 
ao(s) autor(es) do texto definir que caminhos, que temas serão escolhidos e abordados. 
 
 
 
 
Assunto 
 
 
 
2. Estrutura básica do texto dissertativo (de qualquer tipo) 
 
Para que um texto dissertativo apresente lógica e coerência, deve ter uma determinada estrutura. A 
estrutura-padrão é constituída de: 
 
a) introdução: deve conter a idéia principal a ser desenvolvida. 
Uma vez delimitado o assunto sobre o qual se vai escrever e elaborado um plano para estruturar o 
texto, é importante pensar no parágrafo que vai introduzir o tema. Esse parágrafo deve, antes de mais nada, 
chamar a atenção do leitor para dois itens essenciais: os objetivos e o plano de desenvolvimento do texto. 
Vejamos exemplos disso: 
 
“Os meios de comunicação social constituem, paradoxalmente, meios de elite e de massa.” (José 
Marques de Melo). 
 
Observe como o autor, em poucas palavras, chama a atenção para a contradição existente nos 
meios de comunicação social e, ao mesmo tempo, nos dá idéia do que pretende desenvolver (claro, uma 
discussão em torno dessa contradição). 
 
“De um tecido rústico para cobrir barracas, surgiu a roupa mais universal do homem. Adotadas 
pela juventude, as calças jeans tornaram-se símbolo de uma nova maneira de viver.” (Revista 
Superinteressante). 
 
Tema 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 4 
12 
Através deste parágrafo, nota-se claramente que o autor pretende traçar uma evolução histórica 
do uso do jeans e demonstrar por que é a roupa mais universal e o símbolo de um novo estilo de vida. Os 
objetivos e o plano de desenvolvimento do texto ficam bem claros nesse parágrafo introdutório. 
 
b) desenvolvimento: exposição de opiniões que vão fundamentar a idéia principal; 
 
c) conclusão: é a retomada da idéia principal, que deve aparecer de forma mais convincente, uma 
vez que já foi fundamentada durante o desenvolvimento. Deve conter de uma forma resumida o objetivo 
proposto na introdução, acrescido da idéia básica empregada no desenvolvimento. 
 
Vejamos um exemplo de texto dissertativo expositivo: 
 
 
A VIOLÊNCIA NO BRASIL 
 
O Brasil é considerado um dos países mais violentos do mundo. O índice de assaltos, sequestros, 
extermínios, violência doméstica e contra a mulher é muito alto e contribui para tal consideração. Suas 
causas são sempre as mesmas: miséria, pobreza, má distribuição de renda, desemprego e desejo de 
vingança. 
A repressão usada pela polícia para combater a violência gera conflitos e insegurança na população 
que, nutrida pela corrupção das autoridades, não sabe em quem confiar e decide se defender a próprio 
punho, perdendo seu referencial de segurança e sua expectativa de vida. 
O governo, por sua vez, concentra o poder nas mãos de poucos, deixando de lado as instituições 
que representam o povo. A estrutura governamental torna a violência necessária, em alguns aspectos, para 
a manutenção da desigualdade social. Não se sabe ao certo onde a violência se concentra, pois se são 
presos sofrem torturas, maus tratos, descasos, perseguições e opressões, fazendo que tenham dentro de si 
um desejo maior e exagerado de vingança. 
Se a violência se concentra fora dos presídios, é necessário que haja um planejamento de forma 
que se utilize uma equipe específica que não é regida pela força, autoridade exagerada e violenta. Medidas 
precisam ser tomadas para diminuir tais fatos, mas é preciso que se atente para a estrutura que vem sendo 
montada para decidir o futuro das cidades brasileiras. 
Não é necessário um cenário de guerra com armas pesadas no centro das cidades, mas de pessoal 
capacitado para combater a violência e os seus causadores. Um importante passo seria cortar a liberdade 
excessiva que hoje rege o país,aplicar punições mais severas aos que infringirem as regras e diminuir a 
exploração econômica. 
Por Gabriela Cabral (Equipe Brasil Escola) 
http://www.brasilescola.com/sociologia/violencia-no-brasil.htm 
 
QUESTÕES 
 
1 - Qual o assunto principal tratado neste texto? E qual o tema? 
 
 
2 - O que nos leva a crer que este texto é dissertativo expositivo? Justifique, citando passagens do 
texto. 
 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 4 
13 
 
3 – Como foi afirmado anteriormente, na conclusão se retoma a tese ou ideia principal exposta na 
introdução, fazendo um “fechamento” dessa ideia. Isto ocorre nesse texto? Justifique sua resposta: 
 
 
 
 
 
MODOS DE DESENVOLVIMENTO DA DISSERTAÇÃO 
 
 Conforme vimos no módulo anterior, a estrutura básica da dissertação compreende uma introdução, 
o desenvolvimento do tema e uma conclusão, que retome e dê um “fecho” ao tema do texto. Este 
desenvolvimento da dissertação pode ser elaborado de diferentes modos. Vamos ver os mais comuns: 
 
a) POR DEFINIÇÃO: 
A definição de um dos termos – geralmente o mais importante – do tema do texto serve como ponto 
de partida para o desenvolvimento da dissertação. Exemplo: 
 
Um dos mais sérios problemas que o Brasil enfrenta é o da saúde. 
Saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e emocional, define a Organização Mundial 
de Saúde – OMS, órgão vinculado às Nações Unidas. No caso, saúde é mais do que não estar doente. 
(Isto é, abr., 1985) 
 
b) POR COMPARAÇÃO: 
Neste caso, o autor do texto compara seres, fatos, idéias, destacando semelhanças ou diferenças 
entre eles. 
 
Comparação por semelhança; exemplo: 
Não há nenhuma diferença entre a dama da sociedade e o pajé botocudo. Ambos anunciam seu 
“status” social através do volume de sofrimento que infligem à natureza para se enfeitar. 
Uma dessas damas que se apresentam em público com uma pele de onça, sapatos de couro de 
jacaré e bolsa de tartaruga estaria dizendo que, para se vestir naquele dia, foi necessário um grande 
sacrifício da natureza. Ou seja, que ela vale muito mais que um jacaré, uma onça e uma tartaruga juntos. 
Ela se sente valorizada tanto quanto o chefe indígena que matou três araras para compor seu exuberante 
cocar e cinco caitetus para fazer um colar de dentes. (Rogério C. de Cerqueira Leite) 
 
Comparação por contraste; exemplo: 
Não deixa de existir uma situação paradoxal no que diz respeito às cargas horárias de trabalho para 
uns e ao desemprego para outros. 
De um lado, trabalhadores em serviço oito horas por dia, quarenta e oito horas por semana e, de 
outro lado, trabalhadores desempregados por não conseguirem trabalho. É um dos grandes problemas que 
estamos enfrentando. (Renato Requixa) 
 
c) POR EXEMPLIFICAÇÃO: 
Neste caso, o autor busca comprovar uma afirmativa feita na introdução de seu texto através da 
citação de um exemplo que ilustre aquela regra ou princípio. Exemplo: 
 
Há maus hábitos brasileiros, disfarçados em falta de educação, que, ultrapassando os limites da 
etiqueta, ingressam no campo das contravenções. Outros são simples ilícitos civis. Todos, porém, ligados à 
ausência de civilização elementar. 
Falar alto no cinema, durante a exibição do filme, constitui simples falta de educação. Fumar, 
porém, na sala é, além de perigoso, uma ofensa à lei, que muitos se dão ao luxo de desprezar, pela quase 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 4 
14 
certeza da impunidade. Corresponde a uma ação correta buzinar, no trânsito, para um aviso relacionado 
com a segurança. Buzinar repetidamente, em frente de um hospital ou tentando acordar alguém que dorme 
no décimo andar, além de ser coisa de cafajeste, infringe a lei. 
(Walter Ceneviva – Folha de São Paulo, 2 fev. 1996) 
 
d) POR CAUSA E CONSEQUÊNCIA: 
Por causa, entende-se o fato que provoca ou justifica o que está expresso na idéia principal. Por 
consequência, o fato que decorre daquilo que está exposto na idéia principal. Exemplo: 
 
A criança pode formar várias formulações preconceituosas relativas às minorias étnicas a partir de 
seu dia-a-dia. Índios, mulheres e negros, por exemplo, são definidos através de estereótipos lamentáveis, 
não só através da fala cotidiana como através dos veículos de comunicação de massas e até dos livros 
didáticos. 
Como escapar, então, às formulações preconceituosas? Quando se comporta mal, a criança é 
advertida pelos adultos: “Cuidado que o negrão vem te pegar”. Sobre os índios, todos “aprendem” que 
andam nus, caçam com arco e flecha, adoram o sol e a lua, moram em ocas e não têm religião. O trabalho 
doméstico, por sua vez, não é o verdadeiro trabalho. E a frase predileta dos mais velhos, relativa às 
meninas, afirma mais ou menos o seguinte: “Você sabe cozinhar, então já pode casar”. 
O preconceito, portanto, nos é tão familiar que acabamos, de certa forma, impossibilitados de 
identificá-lo e incapacitados para combatê-lo. 
(Renato da Silva Queiroz) 
 
e) POR ORDENAÇÃO CRONOLÓGICA: 
Dependendo da natureza do tema que está sendo abordado, pode ser necessário situar os fatos 
tratados no tempo. Neste caso, essa ordenação no tempo pode se constituir num recurso muito valioso, por 
esclarecer tópicos do tema em questão. Exemplo: 
 
Antes do século XIV, os estudos geográficos e astronômicos eram quase um privilégio árabe e 
bizantino. É bem verdade que os italianos tiveram acesso a eles a partir do século XI, mas na Europa 
ocidental eram bastante desconhecidos. Apenas no século XIII tais estudos chegaram em quantidade 
significativa ao conhecimento dos cristãos ibéricos, graças às traduções de textos árabes pelos sábios de 
Toledo. No século XIV, essa cidade, além de Majorca e Barcelona, desenvolveu as ciências da navegação, 
chegando a comparar-se com o saber florentino e genovês. Mas em Portugal, embora se registrem no 
século XIV alguns almanaques com tábuas astronômicas e cálculo de latitudes, apenas no século XV 
tomariam impulso os estudos náuticos, graças à ação do Infante. 
(Antonio Mendes Jr. et alii. Brasil História – Texto e Consulta) 
 
_________________________________________________ 
 
EXERCÍCIO 
 
PEDOFILIA E TRÁFICO DE MENORES NA INTERNET 
 
A Internet, um dos bens da humanidade que muito contribui para o seu desenvolvimento, está 
sendo utilizada pelos pedófilos para realizarem suas fantasias sexuais, trocarem e comercializarem fotos, 
filmes, DVD, entre outras coisas. Dos crimes praticados através da Internet, a pedofilia é - sem sombra de 
dúvida - o que causa maior repúdio à sociedade. 
A pedofilia consiste num distúrbio de conduta sexual, em que o indivíduo adulto sente desejo 
compulsivo por crianças ou pré-adolescentes, podendo ter caráter homossexual ou heterossexual. Na 
maioria dos casos, os pedófilos são homens, muitas vezes casados, que se sentem incapazes de obter 
satisfação sexual com uma pessoa adulta. 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 4 
15 
Os números são alarmantes: estima-se que a pedofilia movimente muito dinheiro (correspondentes 
a vendas de fotos e vídeos contendo abuso sexual). Em todo o mundo já foram encontrados mais de 17.000 
sites de pedofilia na Web. 
A Internet também está sendo usada para traficar crianças e adolescentes a fim de serem 
exploradas sexualmente e envolvidas em uma rede de tráfico e prostituição. Muitos dos "pacotes turísticos" 
vendidos pela NET têm a criança como principal atração. 
Os países com maior índice de casos de pedofilia são a Tailândia e o Brasil. Há opções de 
programas com crianças, escolhendo desde a etnia até a idade e conformação física. Semelhante ao queocorre com as mulheres, estas crianças chegam à Tailândia como escravas sexuais. 
No Brasil, cresce a cada dia esta prática de crime que inclui o tráfico interno de crianças - na grande 
maioria oriundas de regiões pobres, onde são raptadas ou iludidas com promessas de adoção ou 
empregos. Tais crimes tiram da criança o que ela tem de mais valioso, isto é, sua inocência e sua infância. 
Exemplos noticiados são vários: recentemente um arquiteto pedófilo de Taguatinga, DF, foi preso graças a 
uma mulher que se comunicava com ele pela internet e fez a denúncia do crime ao Ministério Público. 
Exemplos como este são importantes, mas é preciso que haja um trabalho investigativo rigoroso, 
que exige uma estrutura grande, com policiais treinados e com conhecimento em informática, computadores 
de última geração, para que seja feito o rastreamento e localização do criminoso da forma mais rápida 
possível. Também é fundamental a implementação de políticas públicas que garantam as necessidades 
básicas das vítimas e de suas famílias, para que possam ser incluídas na sociedade como cidadãs 
brasileiras. 
A internet é um bem que, se soubermos usar, traz inúmeros benefícios; caso contrário, pode 
também trazer a perda de filhos. 
 
 http://pt.shvoong.com/humanities/1402623-pedofilia-tr%C3%A1fico-menores-na-internet/ 
 
 
EXERCÍCIOS: 
 
1. Que elementos caracterizam este texto como dissertativo expositivo? Justifique sua resposta com base 
em elementos do próprio texto: 
 
 
 
2. Caracterize o recurso de construção do segundo parágrafo do texto: 
 
 
 
3. Cite uma passagem do texto, em que o escritor utiliza o recurso da exemplificação. 
 
 
 
#O#O#O#O#O#O#O#O#O#O#O#O#O#O#O# 
 
 
TEXTO DISSERTATIVO ARGUMENTATIVO: CARACTERÍSTICAS BÁSICAS 
 
Um dos aspectos importantes a considerar quando se lê um texto deste tipo é que, em princípio, 
quem o produz está interessado em convencer o leitor de alguma coisa. Todo texto argumentativo tem, por 
trás de si, um produtor que procura persuadir o seu leitor (ou leitores), usando para tanto vários recursos de 
natureza lógica e linguística. 
Chamamos procedimentos argumentativos a todos os recursos acionados pelo produtor do texto 
com vistas a levar o leitor a crer naquilo que o texto diz e a fazer aquilo que ele propõe. 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 4 
16 
 
EXEMPLO DE TEXTO ARGUMENTATIVO 
 
 
TRABALHADOR NÃO É MÁQUINA 
 
A vida de um desempregado é horrível, porque na nossa sociedade tudo depende do trabalho: 
salário, contatos profissionais, prestígio e (quando se é católico) até o resgate do pecado original e o bilhete 
de ingresso para o paraíso. Portanto, se falta o trabalho, falta tudo. Mas corre-se o risco de que o problema 
de desemprego coloque em segundo plano o problema de quem tem um emprego. Com sua frequência 
sempre maior, a vida do trabalhador é transformada num inferno, porque as organizações das empresas se 
preocupam em multiplicar a quantidade de produtos, mas não dão a mínima para a felicidade de quem os 
produz. 
Domenico de Masi. O ócio criativo. Sextante, 2000 
 
 
As sequências argumentativas 
 
Quanto à tipologia, o texto acima é um texto argumentativo. Nele, o autor afirma que a vida de um 
desempregado é horrível, mas chama a atenção para que não se deixe em segundo plano o problema 
daqueles que têm emprego. Tomando como base o “Trabalhador não é máquina”, observe algumas 
características do texto argumentativo: 
 
- Uso de palavras que nomeiam idéias e conceitos (trabalho, dever, direito, capacidade, 
solidariedade, retribuição, satisfação, respeito, etc.): enquanto os textos narrativos e descritivos tratam 
dos seres em particular, os textos argumentativos remetem a conceitos genéricos, abstratos; por isso, há 
grande ocorrência de substantivos abstratos. 
 
- Ausência de temporalidade: ao contrário das sequências narrativas, os textos argumentativos 
não apresentam temporalidade, ou seja, não há progressão de acontecimentos no tempo; por isso, neles 
predominam verbos no presente do indicativo com valor atemporal. Observe estes trechos do texto: 
 
“A vida de um desempregado é horrível...” 
 
“... tudo depende do trabalho...” 
 
“... se falta o trabalho, falta tudo.” 
 
 
- Encadeamentos de idéias: se nos textos narrativos o encadeamento dos enunciados decorre 
da sequência cronológica dos acontecimentos, nos textos argumentativos ele decorre das relações lógicas 
existentes entre os segmentos que o compõem, ou seja, os enunciados relacionam-se por idéias de causa, 
consequência, oposição, conclusão, etc.; por isso, o uso adequado dos conectivos tem papel fundamental 
na amarração das idéias. Observe este trecho do texto: 
 
“... a vida do trabalhador é transformada num inferno, porque as organizações das empresas se 
preocupam em multiplicar a quantidade de produtos, mas não dão a mínima para a felicidade de quem o 
produz”. 
 
As conjunções porque e mas relacionam segmentos do texto estabelecendo entre eles, 
respectivamente, idéia de causa/consequência e adversidade. 
 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 4 
17 
 
- Presença de operadores argumentativos: operadores argumentativos são palavras e 
expressões presentes na estrutura gramatical do texto cuja função é introduzir variados tipos de 
argumentos. No texto, as conjunções, além de estabelecerem nexo lógico entre enunciados, funcionam 
como operadores argumentativos na medida em que orientam o interlocutor para determinadas conclusões 
e não outras. 
 
- Ainda sobre o texto de Domenico de Masi, responda: 
 
1. Quanto à tipologia, o texto “Trabalhador não é máquina” é argumentativo. Comente as 
características que permitem classificá-lo como tal. 
 
 
2. Considerando o tipo de texto, comente por que o autor optou pelo uso do artigo indefinido na 
passagem “A vida de um desempregado é horrível”. 
 
 
3. No texto predomina a linguagem formal; no entanto, em certa passagem, o autor utiliza uma 
expressão típica da linguagem coloquial. Aponte-a e reescreva o trecho em que ela aparece, utilizando a 
linguagem formal. 
 
 
 
#O#O#O#O#O#O#O#O#O#O#O#O#O#O#O# 
 
 
TIPOS DE ARGUMENTOS 
 
Os argumentos são recursos linguísticos que visam à persuasão, ao convencimento. O argumento não 
é uma prova inequívoca da verdade. Argumentar não significa impor uma forma de demonstração, como 
nas ciências exatas. O argumento implica um juízo do quanto é provável ou razoável. 
 
 
A) ARGUMENTO PRÓ-TESE 
Caracteriza-se por ser extraído de fatos reais e obedecer à seguinte estrutura: Tese + porque + e 
também + além disso. 
Cada um desses elos coesivos introduz fatos distintos, como se observa no exemplo abaixo: 
Quanto à proposta de um sistema de cotas nas universidades, compreende-se ser a proposta 
demagógica e discriminatória, porque se constitui em verdadeira aberração, e também se encontra 
maculada pelo vício da inconstitucionalidade; além disso, esconde interesses políticos escusos que não 
visam à solução do problema da educação. 
 
B) DE AUTORIDADE 
Argumento constituído com base nas fontes do conhecimento ou em figuras de autoridade, em 
pesquisas científicas comprovadas. 
 
O artigo 196 da Constituição Federal dispõe que “a saúde é um direito de todos e dever do Estado”. 
Aduz o referido artigo que o Estado deve prover políticas econômicas e sociais que visem à redução dos 
riscos de doenças e de outros agravos à saúde. Por isso, é inconcebível que nossa população de baixa 
renda precise passar horas ou mesmo dias em busca de um atendimento básico na rede pública de saúde.Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 4 
18 
 
C) ARGUMENTO DE SENSO COMUM 
Consiste no aproveitamento de uma afirmação que goza de consenso geral; está amplamente 
difundido na sociedade. 
 
Sabe-se que quem tem o nome incluído no SPC passa por uma situação constrangedora. Sendo 
assim, aquele cujo nome foi inserido indevidamente nesse cadastro tem direito à indenização por danos 
morais. 
 
 
D) ARGUMENTO DE CAUSA E CONSEQUÊNCIA 
Estabelece a relação de causalidade. São apresentadas as causas e as consequências de um ato 
praticado. 
 
Ao se desesperar num congestionamento em São Paulo, daqueles em que o automóvel não se 
move nem quando o sinal está verde, o indivíduo deve saber que, por trás de sua irritação crônica e 
cotidiana, está uma monumental ignorância histórica. São Paulo só chegou a esse caos porque um seleto 
grupo de dirigentes decidiu, no início do século, que não deveríamos ter metrô. Como cresce dia a dia o 
número de veículos, a tendência é piorar ainda mais o congestionamento – o que leva técnicos a preverem 
como inevitável a implantação de restrições. 
 
 
E) ARGUMENTO DE EXEMPLIFICAÇÃO 
A exemplificação consiste no relato de um pequeno fato (real ou fictício). Esse recurso 
argumentativo é amplamente usado quando a tese defendida é muito teórica e carece de esclarecimentos 
com mais dados concretos. 
Há a pequena corrupção, cotidiana e muito difundida. É, por exemplo, a da secretária da repartição 
pública que engorda seu salário datilografando trabalhos “para fora”, utilizando máquina, papel e tempo que 
deveriam servir à instituição. Os chefes justificam esses pequenos desvios com a alegação de que os 
salários públicos são baixos. Assim, estabelece-se um pacto: o chefe não luta por melhores salários de 
seus funcionários, enquanto estes, por sua vez, não “funcionam”. 
 
 
 
OFICINA DE PRODUÇÃO DE TEXTO: Leia os textos e responda as questões que se seguem 
 
TEMA: QUEM LÊ MAIS ESCREVE MELHOR? 
 
TEXTO 1: NÃO 
 
 Quem lê muito pode tornar-se um bom leitor, não necessariamente um escritor 
competente. Caso contrário, bastaria a escola trabalhar uma lista de livros e cobrar as leituras em 
avaliações. 
 Escrever bem depende fundamentalmente de uma leitura crítica do mundo, de um 
interesse real pelas coisas. Não me refiro a nada transcendental, mas a tudo o que permeia o 
cotidiano. 
 É possível desenvolver essa postura no adolescente? Sim. Mas a escola tem apenas parte 
da responsabilidade nisso. Adolescentes que em sua vivência não elaboram suas próprias 
experiências terão menos chances de desenvolver-se na escola. 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 4 
19 
 Todo texto é fonte de informações, exemplo de possibilidade de trabalho com linguagem. 
Ler não adianta nada? Seria ingenuidade dizer que não. Mas de pouco adianta a leitura com a 
qual não dialogamos, sobre a qual nada pensamos. 
 E de que adianta um curso de redação? Torna mais conscientes alguns dos processos de 
criação, exercita técnicas de elaboração de texto e pode despertar interesse pelo trabalho com a 
criação. 
 
Maria Tereza A. Campos, professora do Colégio Bandeirantes. 
 
 
 
TEXTO 2: SIM 
 
 A leitura influencia a escrita por vários motivos: o leitor toma contato com novas formas 
linguísticas, enriquece o vocabulário, descobre mundos e amplia seus conhecimentos. 
 É praticamente impossível que um apreciador da leitura não consiga escrever bem. Mas 
não podemos nos esquecer de que ler exige certas habilidades. Para melhor aproveitamento, o 
leitor precisa ter capacidade de análise e interpretação. Só assim ele extrai substratos dos livros 
para seu texto. 
 Para escrever bem, é preciso ter posição crítica e fazer a leitura do mundo. E quem não lê 
geralmente fica limitado ao seu mundo. O jornal e os livros ajudam o indivíduo a conquistar novos 
conhecimentos. Além de enriquecer o vocabulário, ele pode ter contato com diferentes pontos de 
vista. Através da leitura, o ser humano cresce e toma contato com o universo. 
 A televisão pode ajudar a ampliar horizontes, mas possui linguagem diferente da escrita. 
Parafraseando Drummond, diria que escrever só se aprende escrevendo. E lendo muito. 
 
Walter Armellei Júnior, professor de redação no Nível Médio 
 
 
(Observação: Depoimentos retirados de matéria publicada na Folha de São Paulo) 
 
1. Os textos acima são argumentativos, isto é, assumem uma posição, favorável ou contrária ao tema, e 
buscam convencer o leitor. Assim sendo, responda as questões que se seguem: 
 
a. Destaque o argumento que, em sua opinião, tem mais peso no texto que defende a posição NÃO, 
justificando sua escolha. 
 
 
b. Agora, faça o mesmo com o texto que defende a posição SIM, também justificando sua escolha. 
 
 
c. Qual dos dois, em sua opinião, está melhor elaborado como um todo, isto é, apresenta argumentos 
mais adequados, mais fortes, para defender a posição que assume? Justifique sua resposta. 
 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 4 
20 
 
PROPOSTA DE PRODUÇÃO TEXTUAL: 
 
Agora, dê sua própria opinião a respeito do tema tratado acima. A partir da visão dos dois autores e 
de suas próprias convicções, elabore um texto versando sobre este mesmo tema. Não se esqueça de 
elaborar seu texto com cuidado, com parágrafo de introdução, um ou mais de desenvolvimento e um de 
conclusão. Não se esqueça também de criar um título para seu texto. Lembre-se: um bom texto (e uma boa 
avaliação desse texto...) leva sempre em conta os quatro “C”, clareza, coerência, coesão e correção. Mãos 
à obra! O importante é não ter medo de tentar! 
 
_____________________________________________________________________ 
 
ANÁLISE CRÍTICA DE UM TEXTO ARGUMENTATIVO 
 
 Você acabou de ler textos argumentativos muito bem elaborados. Agora leremos outro, escrito por 
Xuxa Meneghel por ocasião da morte da menina Isabella Nardoni, em São Paulo, em 2008. Analise-o, 
responda as questões que se seguem e descubra os problemas que afetam a organização e a qualidade da 
argumentação. 
 
 
VAMOS GRITAR JUNTOS! 
Xuxa Meneghel O GLOBO – abr. 2008 
 
Quantas Isabellas vamos perder até entendermos que violência e educação não combinam? 
Será que não é o momento de as pessoas perguntarem se realmente educar é bater? Se precisa 
bater para educar? Será que é necessário, agredir, machucar, tirar sangue de uma criança, para educá-la? 
 Ser o “responsável” dá o direito a bater na criança, com a frágil desculpa de que se está 
educando?!!!! 
Assim como outros comportamentos absurdos foram mudados (a escravidão; bater em mulher), 
está na hora de mudar essa “cultura” de que o pai, a mãe ou o responsável têm o direito de bater em uma 
criança para educá-la. 
A violência dentro de casa pode começar num olhar raivoso, berros, um tapinha, um empurrão, um 
beliscão até chegar à tragédia de atirar uma criança pela janela. 
É nesse mundo violento que queremos viver? Até quando? 
O pensamento de algumas pessoas é que “como eu apanhei quando criança e estou aqui” – dizem 
alguns com orgulho – “vou repetir a fórmula, também baterei em meus filhos para „educá-los‟”. Ou: “Assim 
ele vai aprender mais rápido, basta eu falar uma só vez e serei obedecido, ele vai saber quem manda aqui.” 
Minha vontade é gritar: “Quem deu esse direito aos adultos?” E por que algumas pessoas 
continuam acreditando nisso? Esse “direito” de adulto bater em criança deveria ser cassado. É absurdo! É 
animal! É irracional! 
Até os animais protegem os seus filhotes. Por que alguns seres humanos, racionais, não protegem 
os filhotes da nossa espécie?É um assunto que tem de ser levado a sério. Temos que trazer este tema para o debate nacional. 
Criança não é “coisa”, é pessoa, e, como pessoa e cidadã, precisa ser respeitada e protegida, precisa ser 
vista como prioridade, prioridade absoluta. 
Há alguns anos, os maridos batiam nas mulheres sem que nada acontecesse. Era “normal”. Hoje, é 
crime bater numa mulher. 
Há pouco mais de um século, um ser humano podia ser dono de outro ser humano. 
Leitura e Produção de Texto – Profa. Ana Madalena Fontoura – Aula 4 
21 
A tragédia de Isabella causou comoção nacional, ganhou todas as manchetes de jornais, televisão, 
rádio, Internet. Muitas outras histórias trágicas acontecem todos os dias por aí e nem ficamos sabendo. São 
invisíveis? 
Neste Brasil tão grande, quantas Isabellas já foram vítimas de violência e as pessoas não sabem? 
Até quando vamos nos comover, falar do assunto durante dias, e depois continuar sabendo que 
situações como essas continuam acontecendo, “invisíveis”, até que uma outra manchete de jornal nos deixe 
indignados? 
Quantos pais, mães, responsáveis com raiva por situações de trabalho ou por falta dele, com uma 
fechada no trânsito, brigas com namorado(a), marido (mulher), estressados com o dia-a-dia descontam nos 
filhos? 
E vão continuar descontando enquanto essa violência invisível não for recebida por toda a 
sociedade como crime. 
Quando uma criança bate em outra, os pais dizem para não bater porque é falta de educação, é 
violência e tem que conversar com o amiguinho... Mas como pai e como mãe podem bater e dizer que é 
para educar??? 
Como pode uma criança se defender de uma pessoa com o dobro de seu tamanho? Como se 
proteger e se defender daqueles que lhe deram a vida e, teoricamente, deveriam protegê-la? 
Por que nossas crianças estão aprendendo dentro de casa o que é violência enquanto deveriam 
estar aprendendo o verdadeiro significado do amor? 
Quando ouvimos uma criança pedindo socorro ou sendo agredida por seus pais temos que cruzar 
os braços? 
Precisamos proteger nossas crianças com uma lei. 
Vamos gritar juntos! Violência de pai, mãe e responsáveis contra criança não é educação, é crime! 
 
 
1. O assunto deste texto é a violência contra a criança. Pode-se dizer, entretanto, que ele desenvolve 
um único tema? Justifique sua resposta: 
 
2. Ao tentar argumentar em defesa de seu ponto de vista, Xuxa lança mão de vários recursos, como 
exemplos e comparações. A seu ver, os exemplos e comparações escolhidos ajudaram de fato a 
reforçar a posição defendida pelo texto? Justifique sua resposta com base em aspectos do próprio 
texto: 
 
3. Se você ler atentamente esse texto, poderá perceber inclusive contradições entre os argumentos 
citados pela autora. Cite pelo menos uma dessas contradições: 
 
4. Além das falhas de argumentação, há outros aspectos do texto que comprometem sua eficiência. 
Cite alguns deles: 
 
5. Por fim, como você classificaria este texto, com relação à sua eficiência: a seu ver, ele consegue 
convencer o leitor a adotar as posições que defende? Por quê? 
 
 
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