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Unidade IV - Métodos Científicos

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Unidade I: 
 
Unidade: Métodos Científicos 
 
 
 
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Unidade: Métodos Científicos 
 Conteúdo Programático 
 Conceituação e importância do método; 
 Tipos de métodos e Relação entre método e técnica; 
 Conceitos, tipos e técnicas. 
 
 Objetivos 
 Ao final desta Unidade o aluno será capaz de: 
 
• Conceituar e compreender a importância do método; 
• Identificar os diferentes tipos de métodos usados na metodologia científica; 
• Estabelecer a relação entre método e técnica. 
 
MÉTODOS CIENTÍFICOS 
 
Conceituação e importância do método 
 
 Para reforçar o que aprendemos nas unidades anteriores, de que a 
Ciência é um procedimento metódico que busca conhecer, interpretar e intervir 
na realidade, estudaremos alguns dos diferentes métodos científicos. 
 
O método não é único e nem sempre o mesmo para o estudo 
deste ou daquele objeto e / ou para este ou aquele quadro da 
ciência, uma vez que reflete as condições históricas do 
momento em que o conhecimento é construído. Somente à 
base desta reflexão o pesquisador conseguirá compreender o 
plano histórico e dinâmico do conhecimento científico. 
(BARROS; LEHFELD, 2000, p. 55) 
 
 Método significa caminho para chegar a um fim ou pelo qual se atinge 
um objetivo. Portanto, entende-se que: 
 
È um procedimento de investigação e controle que se adota 
para o desenvolvimento rápido e eficiente de uma atividade 
qualquer. Não se executa um trabalho sem a adoção de 
algumas técnicas e procedimentos norteadores da ação.” 
 
 
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(BASTOS; KELLER, 2000, p.84) 
 
 Que dizer então do método científico? Poderia dizer que é o caminho 
trilhado pelo cientista quando em busca de "verdades" científicas. Quais são as 
"verdades" científicas? O que é ser cientista? O que é ciência? Existe uma 
ciência única? Quando nos reportamos a uma hipotética linha demarcatória, a 
separar o que julgamos ser uma verdade científica de outras possíveis 
verdades, a que nos estamos referindo? Por estas questões, nota-se que o 
método tem vital importância, já que é por meio dele que se alcançam as 
verdades buscadas pela humanidade por meio dos pesquisadores. 
 
 
 
 
 Qualquer pessoa pode realizar uma experiência que julgue ser bem-
sucedida, mas sempre necessitará da comprovação científica por meio de 
provas. Os cientistas só aceitarão uma teoria ou descoberta depois que a 
replicarem ou obtiverem provas irrefutáveis até aquele momento. 
 
 Uma experiência científica só será considerada como válida para o 
mundo da Ciência, se for realizada seguindo determinadas normas 
controladas. Os cientistas se esmeram em replicar incontáveis vezes uma 
experiência até terem certeza de que foram obedecidos todos os critérios de 
cientificidade exigidos pela Ciência. 
 
O cientista é aquele que se utiliza do método científico 
para encontrar a solução dos problemas ou 
compreender o universo à sua volta. Assim, o método 
científico é o caminho trilhado pelo cientista. 
 
 
 
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 No método científico, a hipótese é o caminho que deve levar à 
formulação de uma teoria. O cientista, na sua hipótese, tem dois objetivos: 
explicar um fato e prever outros acontecimentos dele decorrentes. A hipótese 
deverá ser testada / aplicada para que os resultados obtidos pelos 
pesquisadores comprovem perfeitamente a hipótese, então ela será aceita 
como uma teoria. 
 
 Para simplificar, a hipótese é uma tentativa preliminar de resposta ao 
problema da pesquisa. 
 
DÚVIDA PROBLEMA HIPÓTESE 
 
 
TENTATIVA DE SOLUÇÃO 
 
 
 A hipótese é uma resposta provisória e antecipa algo que será ou não 
confirmado com a pesquisa. 
 
 O método 
científico é 
composto pelas 
seguintes fases: 
 
• Observação de um 
fato; 
• Formulação de um 
problema; 
• Proposta de uma 
hipótese; 
• Realização de uma 
pesquisa para testar 
a validade 
 da hipótese. 
 
 
 
 
 
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 Para maior segurança nas conclusões, toda pesquisa deve ser 
controlada com técnicas que permitem descartar as variáveis que podem 
mascarar o resultado. 
 
Tipos de métodos 
 
 Existem vários tipos de métodos científicos utilizados pelos cientistas e 
pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento para se chegar a 
determinados resultados. São eles: 
 
a) Método indutivo: é aquele que parte da observação de casos 
particulares para o estabelecimento de hipóteses de caráter geral. Trata-
se do método proposto pelos empiristas (Bacon, Hobbes, Locke, Hume), 
para os quais o conhecimento é fundamentado exclusivamente na 
experiência, sem levar em consideração princípios preestabelecidos. 
 
 Nesse método, parte-se da observação de fatos ou fenômenos cujas 
causas se desejam conhecer. A seguir, procura-se compará-los com a 
finalidade de descobrir as relações existentes entre eles. Por fim, procede-se à 
generalização, com base na relação verificada entre os fatos ou fenômenos. 
Observe o exemplo a seguir: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• João é mortal. 
• Paulo é mortal. 
• Manoel é mortal. 
• Ora, João, Paulo e Manoel são homens. 
• Logo, (todos) os homens são mortais. 
 
 
 
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 Conclusões indutivas são perigosas, pois generalizações de premissas 
verdadeiras podem levar a uma falsa conclusão. 
 
b) Método dedutivo: é aquele pelo qual, a partir da observação de um 
princípio geral, chega-se a conclusões particulares. Parte de princípios 
reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis e possibilita chegar a 
conclusões de maneira puramente formal, isto é, em virtude unicamente 
de sua lógica. É o método proposto pelos racionalistas (Descartes, 
Spinoza, Leibniz), segundo os quais só a razão é capaz de levar ao 
conhecimento verdadeiro, que decorre de princípios a priori evidentes e 
irrecusáveis. Como neste exemplo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
c) Método hipotético-dedutivo: é aquele pelo qual, mediante a percepção 
de uma lacuna no conhecimento, formula-se uma hipótese e, então, pelo 
processo de observação e inferência dedutiva, testa-se a predição da 
ocorrência de fenômeno abrangido pela hipótese (LAKATOS; 
MARCONI, 1991). 
 
 
 
 
 
• Todo mamífero é vertebrado. 
• Todo homem é mamífero. 
• Logo, todo homem é vertebrado. 
 
 
 
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 Pode-se apresentar as etapas do método hipotético-dedutivo da 
seguinte forma: 
 
1 – Problema: quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado 
assunto são insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o 
problema; 
2 – Conjecturas: para tentar explicar a dificuldade expressa no problema, são 
formuladas conjecturas ou hipóteses. Para a explicação de um fenômeno, 
surge o problema; 
3 – Dedução de conseqüências observadas: das hipóteses formuladas, 
deduzem-se conseqüências que deverão ser testadas ou falseadas; 
4 – Tentativa de falseamento: falsear significa tentar tornar falsas as 
conseqüências deduzidas das hipóteses. Enquanto no método dedutivoprocura-se a todo custo confirmar a hipóteses, no método hipotético-dedutivo, 
ao contrário, procuram-se evidências empíricas para derrubá-la; 
5 – Corroboração: quando não se consegue demonstrar qualquer caso 
concreto capaz de falsear a hipótese, tem-se a sua corroboração, que é a 
confirmação da hipótese, entretanto, está é considerada provisória. 
 
 
 Neste caso, de acordo com Popper1, a hipótese mostra-se válida, pois 
superou todos os testes, mas não definitivamente confirmada, já que a 
qualquer momento poderá surgir um fato que a invalide. 
 
d) Método dialético: procura contestar uma realidade posta, enfatizando 
as suas contradições. Para toda tese, existe uma antítese, que, quando 
contraposta, tende a formar uma síntese. 
 
 Tal método funda-se numa concepção dinâmica da realidade e das 
relações dialéticas entre sujeito e objeto, conhecimento a ação, teoria e prática. 
 
O método dialético não envolve apenas questões ideológicas, 
geradoras de polêmicas. Trata-se de um método de 
investigação da realidade pelo estudo de sua ação recíproca 
(...) É contrário a todo conhecimento rígido: tudo é visto em 
constante mudança, pois sempre há algo que nasce e se 
desenvolve e algo que se desagrega, se transforma 
(ANDRADE, 1999, p.114-115). 
 
 
 
1 O método hipotético-dedutivo foi definido por Karl Popper a partir de criticas a 
indução, expressas em A lógica da investigação científica, obra publicada pela 
primeira vez em 1935. 
 
 
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 O método dialético portanto, é contrário a todo conhecimento rígido, pois 
tudo é percebido como em constante mudança. 
 
e) Método fenomenológico: não se limita à descrição dos fenômenos. 
Também é, ao mesmo tempo, tentativa de interpretação dos mesmos, 
com o objetivo de pôr a descoberto os sentidos menos aparentes, os 
sentidos mais fundamentais que os fenômenos têm. Caracteriza-se por 
valorizar a pesquisa do cotidiano, por tentar resgatar tudo aquilo que, 
pela rotina, foi perdendo relevo e significação, foi ficando oculto pelo 
uso, pelo hábito, pelo senso comum. Nesse sentido, o enfoque 
fenomenológico permite reeducar, reorientar o olhar que investiga. 
 
 O método fenomenológico valoriza, sobretudo, a interpretação do 
mundo, o qual surge intencionalmente à consciência do homem. Assim, pode-
se afirmar que, na pesquisa de orientação fenomenológica, o sujeito deixa de 
ser um observador imparcial, como pretende a abordagem positivista, para 
assumir, de certa forma, a condição de “ator”. Aliás, um os méritos do método 
fenomenológico é justamente o de questionar os procedimentos positivistas, 
encarecendo a importância do sujeito no processo da construção do 
conhecimento. 
 
 Outra característica marcante da pesquisa fenomenológica é sua recusa 
à caracterização, pretendendo-se, ao contrário, sempre aberta a novas 
interpretações. 
 
 É importante ressaltar que, conforme Masini (1989), alguns autores 
consideram inadequado falar em método fenomenológico. Segundo eles, não 
haveria tal método, mas regras formais de pesquisa voltadas especialmente 
para o fenômeno (aquilo que se mostra como é, que se mostra a si mesmo). 
Então, não caberia falar em método, mas em atitude fenomenológica. 
 
f) Método histórico: específico das ciências sociais, parte do princípio de 
que as atuais formas de vida social, as instituições e os costumes têm 
suas raízes no passado, sendo, portanto, fundamental pesquisar sua 
 
 
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origem para bem compreender sua natureza e função. Por exemplo, 
para se investigar uma instituição social como a família e as relações de 
parentesco, o método histórico pesquisa, no passado, os elementos 
constitutivos dos vários tipos de família e as fases de sua evolução 
social. 
 
 O método histórico “consiste em investigar os acontecimentos, 
processos e instituições do passado para verificar sua influência na sociedade 
de hoje”. (ANDRADE, 2003, p. 133) 
 
 Dessa forma, o pesquisador que se utiliza do método histórico tem a 
preocupação de colocar o fenômeno estudado no ambiente social em que 
surgiu, ou seja, contextualiza-lo. Assim, será capaz de acompanhar suas 
sucessivas alterações e de compará-lo a fenômenos semelhantes em 
sociedades diferentes (LAKATOS; MARCONI, 1991). 
 
 Dentro do método histórico, há toda uma diversidade de abordagem. É 
possível aplicar esse método ao estudo de um mesmo tema, porém com 
enfoques tão diferentes quanto o positivista, o fenomenológico, o dialético etc. 
 
 
Relação entre método e técnica 
 
 Na investigação científica, os termos “método” e “técnica” acima estão 
estreitamente relacionados e são comumente empregados sem uma 
compreensão exata da sua diferenciação semântica. 
 
 Como já foi anteriormente descrito, o método - termo já conhecido na 
Grécia Clássica (méthodos) foi usado por Platão e Aristóteles no sentido de 
"estudo ordenado de uma questão filosófica ou científica". A palavra pode ser 
decomposta no prefixo metá + hodós, que quer dizer caminho, via, rota. Em 
sentido genérico é, portanto, o caminho pelo qual se chega a um 
determinado resultado. 
 
 
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 Na terminologia científica, método pode ser definido como um conjunto 
de dados e regras de proceder, permitindo atingir um fim previamente 
determinado. Ex.: pesquisa experimental, diagnóstico, operação, tratamento, 
reação físico-química ou biológica, prova clínica ou teste de laboratório. Muitos 
teóricos definem método como um conjunto de meios dispostos 
convenientemente para se chegar a um fim. 
 
 A palavra “técnica” vem do grego tékhne, e significa arte. Se o método 
é o caminho, a técnica é o modo de caminhar. Técnica subentende o modo de 
proceder em seus menores detalhes, a operacionalização do método segundo 
normas padronizadas. É resultado da experiência e exige habilidade em sua 
execução. Um mesmo método pode comportar mais de uma técnica. 
 
 O método científico inicialmente ocorre do seguinte modo: há um 
problema que desafia a inteligência; o cientista elabora uma hipótese e 
estabelece as condições para seu controle, a fim de confirmá-la ou não. A 
conclusão é então generalizada, ou seja, considerada válida não só para 
aquela situação, mas para outras similares. Além disso, quase nunca se trata 
de um trabalho solitário do cientista, pois, hoje em dia, cada vez mais as 
pesquisas são objetos de atenção de grupos especializados ligados às 
universidades, às empresas ou ao Estado. De qualquer forma, a objetividade 
da ciência resulta do julgamento feito pelos membros da comunidade científica 
que avaliam criticamente os procedimentos utilizados e as conclusões, 
divulgadas em revistas especializadas e congressos. 
 
 Assim, dentro da visão do senso comum, a ciência busca compreender a 
realidade de maneira racional, descobrindo relações universais e necessárias 
entre os fenômenos, o que permite prever os acontecimentos e, 
conseqüentemente, também agir sobre a natureza. 
 
 Para tanto, a ciência utiliza métodos rigorosos e atinge um tipo de 
conhecimento sistemático, preciso e objetivo. Entretanto, apesar do rigor 
do método, não é conveniente pensar que a ciência é um conhecimento certo e 
 
 
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definitivo, pois ela avança em contínuo processode investigação que supõe 
alterações à medida que surgem fatos novos, ou quando são inventados novos 
instrumentos. 
 
 Por exemplo, nos séculos XVIII e XIX, as leis de Newton foram 
reformuladas por diversos matemáticos que desenvolveram técnicas para 
aplicá-las de maneira mais precisa. No século XX, a teoria da relatividade de 
Einstein desmentiu a concepção clássica que a luz se propaga em linha reta. 
Isso serve para mostrar o caráter provisório do conhecimento científico sem, no 
entanto, desmerecer a seriedade e o rigor do método e dos resultados. Ou 
seja, as leis e as teorias continuam sendo de fato hipóteses com diversos graus 
de confirmação e verificabilidade, podendo ser aperfeiçoadas ou superadas. 
 
 
 
PARA REFLETIR 
 A partir da explanação feita acima será que podemos afirmar 
que existe um método universal? 
 Será que os métodos universais devem ser considerados 
válidos para situações diversas? E tendo situações diferentes 
podemos qualificá-las como universais? 
 Como descrever relações universais por meio de métodos 
“individuais”? 
 Será que esse tipo de método é realmente válido 
universalmente? 
 Será que podemos nomear o método como sendo universal? 
 
 
 
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Conceito, tipos e técnicas 
 
 A pesquisa está relacionada diretamente com a produção de 
conhecimento e decorre da capacidade de raciocínio do homem, no 
enfrentamento de inúmeros problemas e desafios. A curiosidade e a 
necessidade de conhecer e explicar o novo faz com que a investigação 
científica se enriqueça e evolua constantemente. 
 
 Inúmeros autores, entre os quais Andrade (1999), Cervo e Bervian 
(1996), Gil (1982), Lakatos e Marconi (1991), Salomon (1977) e Severino 
(2000), ao conceituarem pesquisa científica, concordam que se trata de 
procedimento eminentemente racional, que faz uso de métodos científicos, 
visando à busca de respostas e explicações para a questão em estudo. 
Enfatizam, também, o caráter processual da pesquisa enquanto atividade que 
envolve fases, desde a formulação adequada do problema até a elaboração e 
apresentação do relatório final ou monografia. 
 
 Para Cervo e Bervian (1996), os passos geralmente observados na 
realização de pesquisas são os seguintes: 
 
● formular questões ou propor problemas e levantar hipóteses; 
● efetuar observações e medidas; 
● registrar, tão cuidadosamente quanto possível, os dados observados 
com o intuito de responder às perguntas formuladas ou comprovar a 
hipótese levantada; 
● elaborar explicações ou rever conclusões, idéias ou opiniões que 
estejam em desacordo com as observações ou com as respostas 
resultantes; 
● generalizar, isto é, estender as conclusões obtidas a todos os casos 
que envolvam condições similares; a generalização é tarefa do 
processo chamado indução; 
● prever ou predizer, isto é, antecipar que, dadas certas condições, é de 
se esperar que surjam certas relações (CERVO; BERVIAN, 1996, 
 
 
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p.46-47). 
 
 As pesquisas costumam ser agrupadas de acordo com diferentes 
critérios e nomenclaturas. Podem ser classificadas, por exemplo: 
 
• segundo a área de conhecimento - em pesquisas sociológicas, 
antropológicas, educacionais etc.; 
• segundo suas finalidades - em pesquisa pura ou aplicada; 
• segundo as técnicas de coleta e interpretação de dados - em pesquisa 
quantitativa e qualitativa; 
• segundo o ambiente em que se desenvolve - em pesquisas de campo, 
de laboratório. 
 
 A essa diversidade correspondem múltiplas maneiras de se interpretar 
os dados obtidos. São os diferentes marcos epistemológicos de que se lança 
mão para a compreensão da realidade estudada. O resultado não deve 
constituir-se em uma verdade única, absoluta e inquestionável, mas numa 
forma de conhecimento que atribui um determinado sentido (não dogmático) 
àquele aspecto particular do real. 
 
 Conforme esclarece Pádua (1996), a classificação das pesquisas em 
diferentes tipos surgiu com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento das 
mesmas. A autora, entretanto, observa: 
 
Para além do formalismo que uma tipologia requer, devemos 
reconhecer que o fundamental é compreender a realidade em 
seus múltiplos aspectos e, para tanto, essa compreensão vai 
requerer, e talvez admitir, diferentes enfoques, diferentes 
níveis de aprofundamento, diferentes recursos, dependendo 
dos objetivos a serem alcançados e as possibilidades do 
próprio pesquisador para desenvolvê-los (PÁDUA, 1996, p. 
32-33). 
 
 
 Quanto às suas finalidades, as pesquisas podem ser divididas em dois 
grandes grupos: puras e aplicadas. No primeiro, encontram-se os estudos 
motivados por razões de ordem intelectual e, no segundo, as pesquisas que 
objetivam resultados de ordem prática. 
 
 
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 Se a pesquisa pura pretende alargar a fronteira do conhecimento, a 
pesquisa aplicada tem em vista a utilização, na prática, de conhecimentos 
disponíveis para responder às demandas da sociedade em contínua 
transformação. 
 
 Ao tomarmos como critério de classificação o procedimento geral de 
que se valeu o pesquisador, podemos classificar as pesquisas em: 
Bibliográficas, de Laboratório e de Campo. 
 
 
 
Um trabalho científico pode utilizar mais de um tipo de 
metodologia. Assim, uma pesquisa de cunho 
predominantemente bibliográfico pode adotar, também, 
recursos da pesquisa de campo ou de laboratório. 
 
 
 
 
a) Pesquisa Bibliográfica 
 
 A pesquisa bibliográfica abrange a leitura, análise e interpretação de 
livros, periódicos, textos legais, documentos mimeografados ou xerocopiados, 
mapas, fotos, manuscritos etc. Todo material recolhido deve ser submetido a 
uma triagem, a partir da qual é possível estabelecer um plano de leitura. Trata-
se de uma leitura atenta e sistemática que se faz acompanhar de anotações e 
fichamentos que, eventualmente, poderão servir à fundamentação teórica do 
estudo. 
 
 
 
 
 
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 Por tudo isso, deve ser uma rotina tanto na vida profissional de 
professores e pesquisadores, quanto na dos estudantes. Isso porque a 
pesquisa bibliográfica tem por objetivo conhecer as diferentes contribuições 
científicas disponíveis sobre determinado tema. Ela dá suporte a todas as fases 
de qualquer tipo de pesquisa, uma vez que auxilia na definição do problema, na 
determinação dos objetivos, na construção de hipóteses, na fundamentação da 
justificativa da escolha do tema e na elaboração do relatório final ou 
monografia. 
 
 Encontram-se em Andrade (1999), Gil (1991), Severino (2000), entre 
outros, importantes diretrizes para o êxito na pesquisa bibliográfica, no que se 
refere à leitura, análise e interpretação de textos. 
 
 
b) Pesquisa de Laboratório 
 
 Comumente, este tipo de pesquisa é confundido com pesquisa 
experimental, o que é um equívoco. Embora a maioria das pesquisas de 
laboratório seja experimental, muitas vezes as ciências humanas e sociais 
lançam mão de pesquisa de laboratório sem que se trate de estudos 
experimentais. 
 
 Na verdade, o que caracteriza a pesquisa de laboratório é o fato de 
que ela ocorre em situações controladas, valendo-se de instrumental 
específico e preciso. 
 
 Tais pesquisas, quer se realizem em recintos fechadosou ao ar livre, em 
ambientes artificiais ou reais, em todos os casos, requerem um ambiente 
adequado, previamente estabelecido e de acordo com o estudo a ser realizado. 
 
 A Psicologia Social e a Sociologia, freqüentemente, utilizam a pesquisa 
de laboratório, muito embora aspectos fundamentais do comportamento 
humano nem sempre possam ou, por questões de ética, nunca devam ser 
 
 
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estudados e/ou reproduzidos no ambiente controlado do laboratório. 
 
 
c) Pesquisa de Campo 
 
 A pesquisa de campo procede à observação de fatos e fenômenos 
exatamente como ocorrem no real, à coleta de dados referentes aos mesmos 
e, finalmente, à análise e interpretação desses dados, com base numa 
fundamentação teórica consistente, objetivando compreender e explicar o 
problema pesquisado. 
 
 Ciência e áreas de estudo, como a Antropologia, Sociologia, Psicologia 
Social, Psicologia da Educação, Pedagogia, Política, Serviço Social, usam 
freqüentemente a pesquisa de campo para o estudo de indivíduos, grupos, 
comunidades, instituições, com o objetivo de compreender os mais diferentes 
aspectos de uma determinada realidade. 
 
 Como qualquer outro tipo de pesquisa, a de campo parte do 
levantamento bibliográfico. Exige também a determinação das técnicas de 
coleta de dados mais apropriadas à natureza do tema e, ainda, a definição das 
técnicas que serão empregadas para o registro e análise. 
 
 Dependendo das técnicas de coleta, análise e interpretação dos dados, 
a pesquisa de campo poderá ser classificada como de abordagem 
predominantemente quantitativa ou qualitativa. 
 
 Numa pesquisa em que a abordagem é basicamente quantitativa, o 
pesquisador se limita à descrição factual deste ou daquele evento, ignorando a 
complexidade da realidade social (FRANCO, 1985, p.35). 
 
 É empregada nas pesquisas de âmbito social econômico, de 
comunicação, mercadológica, de opinião etc., como forma de garantir a 
precisão dos resultados, na medida em que as técnicas de coleta que aplica 
 
 
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propiciam a quantificação de todo o material recolhido e na medida em que 
prevê o tratamento estatístico desse material. 
 
 Numa pesquisa em que a abordagem é qualitativa o pesquisador está 
interessado na interpretação que os próprios sujeitos estudados têm da 
situação sob estudo, por esse motivo a ênfase na subjetividade. 
 
 A abordagem qualitativa oferece flexibilidade no processo de conduzir a 
pesquisa, pois “o pesquisador trabalha com situações complexas, que não 
permitem a definição exata e a priori dos caminhos que a pesquisa irá seguir”. 
(MOREIRA, 2004, p. 57) 
 
 
 
 
 
 
 
FIM DA UNIDADE 4 
Realize todas as atividades propostas para a 
unidade. Em caso de dúvidas, entre em contato com 
seu tutor. 
 
 
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Referências Bibliográficas 
ALVES, R. A filosofia da ciência: introdução ao jogo e suas regras. São Paulo: 
Loyola, 2000. 
 
ANDRADE, M. M. Introdução á metodologia do trabalho científico. São Paulo: 
Atlas, 2003. 
 
BARBOSA, Derly. Metodologia de estudos e elaboração de monografia. São 
Paulo: Expressão & Arte, 2006. 
 
BARROS, Aidil Jesus da Silveira.; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. 
Fundamentos de metodologia científica: um guia para a iniciação científica. São 
Paulo: Pearson Makron Books, 2000. 
 
BASTOS, Cleverson; KELLER, Vicente. Aprendendo a aprender: introdução à 
metodologia científica. Petrópolis: Vozes, 2000. 
 
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