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1 Direito Penal| Material Complementar Prof. Priscila Silveira| priscilasilveira.adv@gmail.com DA FALSIDADE DE TÍTULOS E OUTROS PAPÉIS PÚBLICOS Art. 293 – Falsificação de papéis públicos -Objeto material: papéis públicos indicados nos incisos do art. 293. -Elemento subjetivo: dolo. Não admite modalidade culposa. A falsificação grosseira exclui o delito. -Tentativa: admite (crime plurissubsistente). -Ação penal: pública incondicionada. -Competência: Justiça Estadual (se a emissão do papel incumbir à União – Justiça Federal). -Norma penal explicativa: art. 293, § 5.º, do CP. -Lei penal em branco homogênea (legislação tributária). -Objetividade jurídica: O bem jurídico penalmente tutelado é a fé pública, no tocante à confiabilidade e legitimidade dos papéis públicos. -Objeto material: São os papéis públicos indicados nos incisos do art. 293, caput, do Código Penal, quais sejam: Inciso I – selo destinado a controle tributário, papel selado ou qualquer papel de emissão legal destinado à arrecadação de tributo Esse inciso diz respeito aos documentos destinados à arrecadação de tributos, salvo os especificados no inciso V, a exemplo do antigo selo pedágio, o qual era colado no para-brisa do veículo para comprovar o extinto tributo. Inciso II – papel de crédito público que não seja moeda de curso legal São os denominados títulos da dívida pública, federais, estaduais ou municipais. Embora possam servir como meios de pagamento, não se confundem com a moeda de curso legal no País. Inciso III – vale postal. Esse inciso foi revogado pelo art. 36 da Lei 6.538/1976 Inciso IV – cautela de penhor, caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito público Cautela de penhor é o título de crédito representativo do direito real de garantia registrado no Cartório de Títulos e Documentos, a teor do art. 1.432 do Código Civil. Com seu pagamento a coisa empenhada pode ser retirada. A caderneta de depósito de caixa econômica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito público designa o documento em que está consignada a movimentação da conta corrente no estabelecimento bancário. Por sua vez, a falsificação de cadernetas de estabelecimentos privados configura o crime de falsificação de documento particular (CP, art. 298), e não o delito em análise. Inciso V – talão, recibo, guia, alvará ou qualquer outro documento relativo a arrecadação de rendas públicas ou a depósito ou caução por que o poder público seja responsável. Talão é a parte destacável de livro ou caderno, no qual permanece um canhoto com idênticos dizeres. Recibo é a declaração de quitação ou recebimento de coisas ou valores. Guia é o documento emitido por repartição arrecadadora, ou adquirido em estabelecimentos privados, com a finalidade de recolhimento de valores, impostos, taxas, contribuições de melhoria etc. Alvará, no sentido do texto, é qualquer documento destinado a autorizar o recolhimento de rendas públicas ou depósito ou caução por que o Poder Público seja responsável. Exemplo clássico de conduta passível de subsunção no art. 293, inc. V, do Código Penal consiste na falsificação de guias de arrecadação da Receita Federal (DARFs), mediante inserção de autenticação bancária, como forma de comprovação do recolhimento dos tributos devidos. Inciso VI – bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela União, por Estado ou por Município. 2 Direito Penal| Material Complementar Prof. Priscila Silveira| priscilasilveira.adv@gmail.com Bilhete é o papel impresso que confere ao seu portador o direito de usufruir de meio de transporte coletivo por determinado percurso. Passe é o bilhete de trânsito, oneroso ou gratuito, concedido por empresa de transporte coletivo. Conhecimento, finalmente, é o documento comprobatório de mercadoria depositada ou entregue para transporte. O bilhete, o passe e o conhecimento devem emanar de empresa de transporte administrada pela União, por Estado ou por Município. Destarte, não se perfaz este delito quando qualquer dos objetos materiais provém de empresa privada, sem prejuízo do reconhecimento do crime de falsificação de documento particular, delineado no art. 298 do Código Penal. -Núcleo do tipo: é “falsificar”, isto é, imitar, reproduzir ou modificar os papéis públicos indicados nos diversos incisos do art. 293, caput, do Código Penal. A falsificação pode ocorrer mediante fabricação ou alteração. Na fabricação, também denominada de contrafação, o agente procede à criação do papel público, o qual surge revestido pela falsidade. Por seu turno, na alteração opera-se a modificação de papel inicialmente verdadeiro, com a finalidade de ostentar valor superior ao real. Convém destacar que a falsificação somente resultará no reconhecimento do crime em apreço quando incidir nos papéis públicos taxativamente mencionados pelo art. 293 do Código Penal. De fato, a falsificação de moeda importa no crime de moeda falsa (CP, art. 289), enquanto a falsificação de papel público diverso caracteriza o delito de falsificação de documento público (CP, art. 296). -Sujeito ativo: O crime é comum ou geral, podendo ser praticado por qualquer pessoa. Contudo, se o sujeito ativo for funcionário público,26 e cometer o crime prevalecendo-se do cargo, aumentar-se-á a pena de sexta parte, com fulcro no art. 295 do Código Penal. Para a incidência da causa de aumento da pena, não basta a condição funcional: é necessário seja o delito perpetrado em razão das facilidades proporcionadas pela posição de funcionário público. -Sujeito passivo: É o Estado e, mediatamente, a pessoa física ou jurídica prejudicada pela conduta criminosa. -Elemento subjetivo: É o dolo, independentemente de qualquer finalidade. É o dolo, independentemente de qualquer finalidade específica. Não se admite a modalidade culposa. -Consumação: Trata-se de crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado: consuma-se com a realização de qualquer das condutas legalmente descritas, prescindindo-se da efetiva circulação do papel público falsificado ou da causação de prejuízo a alguém. Tratando-se de crime contra a fé pública, é fundamental que a atuação do agente empreste ao papel idoneidade suficiente para enganar as pessoas em geral, pois a falsificação grosseira exclui o delito, ensejando o reconhecimento do crime impossível (CP, art. 17). -Tentativa: É possível, em face do caráter plurissubsistente do delito, permitindo o fracionamento do iter criminis. -Ação penal: A ação penal é pública incondicionada, em todas as modalidades do delito. -Classificação doutrinária: A falsificação de papéis públicos é crime simples (ofende um único bem jurídico); comum (pode ser praticado por qualquer pessoa); formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado (consuma-se com a prática da conduta legalmente descrita, independentemente da superveniência do resultado naturalístico); de forma livre (admite qualquer meio de execução); em regra comissivo; instantâneo (consuma-se em um momento determinado, sem continuidade no tempo); unissubjetivo, unilateral ou de concurso eventual (pode ser cometido por uma única pessoa, mas admite o concurso); e normalmente plurissubsistente (a conduta pode ser fracionada em diversos atos). -Competência: A falsificação de papéis públicos, em regra, é crime de competência da Justiça Estadual. Se, entretanto, a emissão do papel incumbir à União, suas empresas públicas ou autarquias, e a falsificação acarretar prejuízo a tais entes, o delito será de competência da Justiça Federal, nos moldes do art. 109, inc. IV, da Constituição Federal. Figura equiparada: art. 293, § 1.º Incorre na mesma pena prevista no caput – reclusão, de dois a oito anos, e multa – quem: Inciso I – usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéisfalsificados a que se refere este Artigo. Trata-se de conduta posterior à falsificação dos papéis públicos, realizada por pessoa diversa do falsário. De fato, se o autor da 3 Direito Penal| Material Complementar Prof. Priscila Silveira| priscilasilveira.adv@gmail.com falsificação praticar qualquer dos comportamentos aqui descritos, será responsabilizado unicamente pela ação inicial, constituindo as ações subsequentes meros fatos impuníveis (princípio da consunção). Inciso II – importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui à circulação selo falsificado destinado a controle tributário. O raio de incidência deste inciso é inferior ao do inciso anterior, pois se limita ao selo falsificado destinado a controle tributário. Inciso III – importa, exporta, adquire, vende, expõe à venda, mantém em depósito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: a)em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributário, falsificado; b)sem selo oficial, nos casos em que a legislação tributária determina a obrigatoriedade de sua aplicação. O crime é doloso. Contudo, além do dolo, afigura-se indispensável a presença do especial fim de agir (elemento subjetivo específo). O crime é doloso. Contudo, além do dolo, afigura-se indispensável a presença do especial fim de agir (elemento subjetivo específico) representado pela expressão “em proveito próprio ou alheio”. Trata-se de crime próprio ou especial, pois somente pode ser cometido pela pessoa que se encontre no exercício de atividade comercial ou industrial. E, nessa seara, o § 5.º do art. 293 do Código Penal veicula uma norma penal explicativa, assim redigida: “Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do § 1.º, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em vias, praças ou outros logradouros públicos e em residências”. A alínea b constitui-se em lei penal em branco homogênea, pois é preciso analisar a legislação tributária para identificação das hipóteses de obrigatoriedade do selo oficial. Fica nítida, ademais, a verdadeira preocupação do legislador: a fé pública foi colocada em plano secundário para se proteger a ordem tributária, mediante o combate à sonegação fiscal. De fato, não há pertinência lógica entre falsificar selo (crime contra a fé pública) e vender cigarro sem selo oficial (delito tributário). A consumação desse crime, de cunho formal, prescinde da constituição definitiva do crédito tributário. Como já decidido pelo Superior Tribunal de Justiça: É dispensável a constituição definitiva do crédito tributário para que esteja consumado o crime previsto no art. 293, § 1.º, III, “b”, do CP. Isso porque o referido delito possui natureza formal, de modo que já estará consumado quando o agente importar, exportar, adquirir, vender, expuser à venda, mantiver em depósito, guardar, trocar, ceder, emprestar, fornecer, portar ou, de qualquer forma, utilizar em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria sem selo oficial. Não incide na hipótese, portanto, a Súmula Vinculante 24 do STF, segundo a qual “Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no art. 1.º, incisos I a IV, da Lei n.º 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo”. Com efeito, conforme já pacificado pela jurisprudência do STJ, nos crimes tributários de natureza formal é desnecessário que o crédito tributário tenha sido definitivamente constituído para a instauração da persecução penal. Essa providência é imprescindível apenas para os crimes materiais contra a ordem tributária, pois, nestes, a supressão ou redução do tributo é elementar do tipo penal. Supressão de carimbo ou sinal de inutilização de papéis públicos: art. 293, § 2.º A pena é de reclusão, de um a quatro anos, e multa, para quem “suprimir, em qualquer desses papéis, quando legítimos, com o fim de torná-los novamente utilizáveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilização”. Trata-se de crime de médio potencial ofensivo, compatível com a suspensão condicional do processo, se presentes os demais requisitos exigidos pelo art. 89 da Lei9.099/1995. Nessa hipótese, os papéis públicos são legítimos, ou seja, não foram falsificados mediante contrafação ou alteração, mas já foram inutilizados. A conduta criminosa consiste em suprimir (eliminar ou retirar) o carimbo ou sinal indicativo da inutilização. Não basta o dolo. Exige-se um especial fim de agir (elemento subjetivo específico), contido na expressão “com o fim de torná- los novamente utilizáveis”. 4 Direito Penal| Material Complementar Prof. Priscila Silveira| priscilasilveira.adv@gmail.com Uso de papéis públicos com carimbo ou sinal de inutilização suprimidos: art. 293, § 3.º Incorre na mesma pena cominada ao art. 293, § 2.º, do Código Penal aquele que usa, depois de alterado, qualquer dos papéis nele indicados. Se a lei comina igual pena, cuida-se novamente de crime de médio potencial ofensivo. Os §§ 2.º e 3.º do art. 293 do Código Penal não são cumuláveis, ou seja, se o sujeito suprimir o carimbo ou sinal indicativo da inutilização do papel público, e depois utilizá-lo, responderá somente pela supressão, figurando o uso mero post factum impunível (princípio da consunção). Figura privilegiada: art. 293, § 4.º A pena é de detenção, de seis meses a dois anos, para quem usa ou restitui à circulação, embora recebido de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se refere este artigo e o seu § 2.º, depois de conhecer a falsidade ou alteração. Trata-se de infração penal de menor potencial ofensivo, de competência do Juizado Especial Criminal, admitindo a transação penal e o rito sumaríssimo, em sintonia com as disposições da Lei 9.099/1995. O tratamento penal mais suave se deve ao móvel do agente, que não se dirige à lesão da fé pública, e sim em repassar a terceiro seu prejuízo patrimonial. Com efeito, se o sujeito receber o papel de má-fé, ou seja, com conhecimento da falsidade, e ainda assim usá-lo ou restituí-lo à circulação, terá contra si imputado o crime definido no art. 293, § 1.º, do Código Penal. Art. 294 – Petrechos de falsificação -Classificação: Crime simples, Crime comum, Crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado, Crime de forma livre, Crime comissivo (regra),Crime não transeunte, Crime instantâneo (“fabricar”, “adquirir” e “fornecer”) ou permanente (“possuir” e “guardar”),Crime unissubjetivo, unilateral ou de concurso eventual, Crime plurissubsistente (regra). -Objeto material: objeto especialmente destinado à falsificação dos papéis públicos especificados art. 293 do CP. -Elemento subjetivo: dolo. Não admite modalidade culposa. -Crime não transeunte (deixam vestígios de ordem material). -Tentativa: não admite (crime obstáculo). -Ação penal: pública incondicionada. -Objetividade jurídica: O bem jurídico penalmente protegido é fé pública, no que diz respeito à confiabilidade e legitimidade dos papéis públicos. O legislador, preocupado com a falsificação de papéis públicos, não aguardou sua concretização para autorizar o Estado a exercer seu poder punitivo. Ele antecipou a tutela penal, incriminando condutas representativas de atos preparatórios do crime tipificado no art. 293 do Código Penal. Destarte, o art. 294 do Código Penal, com a rubrica “petrechos de falsificação”, veicula um autêntico crime obstáculo. -Objeto material: É o objeto especialmente destinado à falsificação dos papéis públicos especificados art. 293 do Código Penal. A elementar “especialmente” relaciona-se à finalidade precípua do objeto destinado à falsificação de papéis públicos. Emsíntese, nada impede seja o bem utilizado também para outros fins, embora seja prioritariamente empregado na contrafação de papéis públicos. Ademais, não é preciso sirva o petrecho unicamente à contrafação ou alteração, mesmo porque será difícil, quiçá impossível, identificar algum objeto que não tenha nenhuma outra serventia que não a falsificação de papéis públicos. -Núcleos do tipo: O tipo penal possui cinco núcleos: “fabricar” (criar, montar, construir ou produzir), “adquirir” (comprar ou obter), “fornecer” (proporcionar, dar, vender ou entregar), “possuir” (ter a posse) e “guardar” (manter, conservar ou proteger). Todos os verbos se ligam ao objeto especialmente destinado à falsificação de papéis públicos. Trata-se de tipo misto alternativo, crime de ação múltipla ou de conteúdo variado. A lei apresenta diversos núcleos, e a realização de mais de um deles, no tocante ao mesmo objeto material, caracteriza um único delito. 5 Direito Penal| Material Complementar Prof. Priscila Silveira| priscilasilveira.adv@gmail.com -Sujeito ativo: O crime é comum ou geral, p ou geral, podendo ser praticado por qualquer pessoa. Entretanto, se o sujeito ativo for funcionário público,29 e cometer o crime prevalecendo-se do cargo, aumentar-se-á a pena da sexta parte, com fulcro no art. 295 do Código Penal. Para a incidência da causa de aumento da pena não basta a condição funcional: é imprescindível seja o delito executado em razão das facilidades proporcionadas pela posição de funcionário público. -Sujeito passivo: É o Estado, interessado na preservação da fé pública no que diz respeito ao sistema de emissão de papéis públicos. - Elemento subjetivo: É o dolo, independentemente de qualquer finalidade específica. Não se admite a modalidade culposa. -Consumação: Cuida-se de crime formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado: consuma-se com a fabricação, aquisição, fornecimento, posse ou guarda dos objetos destinados à falsificação, independentemente da sua efetiva utilização pelo agente ou por qualquer outra pessoa. Nos núcleos “guardar” e “possuir” o crime é permanente, comportando a prisão em flagrante enquanto perdurar a situação de contrariedade ao Direito; nas demais variantes, o crime é instantâneo. -Tentativa: Não é cabível, pois o legislador incriminou de forma autônoma atos representativos da preparação do delito tipificado no art. 293 do Código Penal (falsificação de papéis públicos). Em outras palavras, o delito de petrechos de falsificação é classificado como crime obstáculo, logicamente incompatível com o conatus. -Ação penal: A ação penal é pública incondicionada. -Lei 9.099/1995: Em razão da pena mínima cominada (um ano), o art. 294 do Código Penal contempla crime de médio potencial ofensivo, compatível com a suspensão condicional do processo, se presentes os demais requisitos exigidos pelo art. 89 da Lei 9.099/1995. -Classificação doutrinária: O crime de petrechos de falsificação é simples (ofende um único bem jurídico); comum (pode ser praticado por qualquer pessoa); formal, de consumação antecipada ou de resultado cortado (consuma-se com a prática da conduta legalmente descrita, independentemente da superveniência do resultado naturalístico); de forma livre (admite qualquer meio de execução); em regra comissivo; não transeunte (deixa vestígios materiais); instantâneo (nos núcleos “fabricar”, “adquirir” e “fornecer”) ou permanente (nas modalidades “possuir” e “guardar”); unissubjetivo, unilateral ou de concurso eventual (pode ser cometido por uma única pessoa, mas admite o concurso); e normalmente plurissubsistente (a conduta pode ser fracionada em diversos atos). -Aumento de pena: Art. 295 - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. DA FALSIDADE DOCUMENTAL Falsificação do selo ou sinal público- art. 296 CP - Introdução: O crime de falsificação do selo ou sinal público esta tipificado no art. 296 do Código Penal pátrio, elencado no rol dos crimes documentais, muito embora não seja, o selo ou sinal público um documento, mas sim, “objetos que, se utilizados, garantem a autenticidade de um documento”. Vale destacar as palavras do ilustre mestre Fragoso: “os selos e sinais públicos a que a lei penal aqui se refere, não constituem documento. São, porém, comumente empregados como elementos de certificação ou autenticação documento, o que justifica a classificação. Uma vez apostos ao documento, tais selos passam a fazer parte integrante dele”. -Elementos que configuram o crime: a) falsificar selo ou sinal público, fabricando-os ou alterando-os; b) que o selo seja destinado autenticar atos oficiais da união, de Estado ou de Municípios, e por analogia do Distrito Federal; 6 Direito Penal| Material Complementar Prof. Priscila Silveira| priscilasilveira.adv@gmail.com c) que este selo ou sinal seja atribuído por lei a entidade de direito público, ou autoridade, ou sinal público de tabelião; d) a conduta de usar selo ou sinal falsificado; e) utilização indevida de selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio; f) alteração, falsificação, ou uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de órgãos da administração pública; A falsificação poderá ser cometida de duas maneiras: no ato de fabricação ou ainda na alteração de selo ou sinal público. Não pode deixar de ser mencionado que a simples utilização do brasão, símbolos da União, Estados, Municípios em documentos e objetos de sociedade civis, por si só, não caracteriza nenhuma das hipóteses do artigo em estudo. -Classificação doutrinária: Crime comum; material; doloso; não transeunte; de forma livre; instantâneo; comissivo; unissubjetivo; plurissubsistente ou unissubsistente (depende do caso concreto). -Sujeitos do crime: Sujeito ativo: qualquer pessoa, sendo que, caso o agente seja funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, incidirá uma pena mais severa para este (§2º do art. 296 do CP). Sujeito passivo: o Estado, a coletividade e a pessoa prejudicada pelo uso indevido do selo ou sinal público falsificados. -Bem juridicamente tutelado: Busca-se proteger com a tipificação deste delito de falsificação de selo ou sinal público, a fé pública. -Objetividade jurídica do delito de falsificação de documento público é a fé pública, ou seja, a credibilidade que todos depositam nos documentos -Consumação e Tentativa: Consuma-se o crime quando nele se reúnem todos os elementos previstos na sua definição legal. Daí, de acordo com o caput do artigo em apreço, a consumação se dá na falsificação (fabricação ou alteração) de selos ou sinais públicos. Art. 296, §1º do CPB, consuma-se o crime quem usa selo ou sinal falsificado; quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em prejuízo próprio; ou ainda, quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utilizados ou identificadores de órgãos ou entidades da Administração Pública. Por se tratar de um crime em regra plurissubsistente, admiti-se a forma tentada. -Elemento Subjetivo: é o dolo. Vale ressaltar que não há previsão para a modalidade culposa. - Modalidades comissiva e omissiva: Todos os verbos constantes do caput, bem como do §1º do art. 296 do CP, pressupõe um comportamento comissivo por parte do agente. - Forma Majorada: No caso previsto no §2º do art. 296 do Código Penal, onde traz que se o agente for funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. Neste caso, não é o simples fato de o agente ser funcionário público que terá sua pena aumentada. A pena só será aumentada caso o funcionário público cometa o crimeprevalecendo-se do cargo que ocupa. - Pena e ação penal: A pena cominada ao crime de falsificação do selo ou sinal público é de reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. Aumento de pena: se o agente for funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. -Ação penal: Pública Incondicionada. Falsificação de documento público- Art. 297 -Introdução: o crime de falsificação de documento público, esta tipificado no artigo 297 do Código Penal Brasileiro, e elencado no rol dos crimes contra a fé pública, exatamente no rol da falsidade documental. O tipo penal de falsificação de documento público, não exige, para a sua consumação, a efetiva produção de dano, logo, a simples ação do núcleo do tipo já caracteriza o crime. 7 Direito Penal| Material Complementar Prof. Priscila Silveira| priscilasilveira.adv@gmail.com Como exemplo, verificamos o crime de falsificação no caso de uma adulteração de documento público verdadeiro, quando uma pessoa inserir sua foto em documento de identidade de terceiro. Já no caso de falsificação de documento público, podemos vislumbrar quando uma pessoa comparece ao Instituto de Identificação portando uma certidão de nascimento em nome de terceiro e preencher a ficha de identificação civil como se fosse ele, objetivado obter carteira de identidade falsa. -Classificação doutrinária:Crime comum; formal; doloso; não transeunte; de forma livre; de forma vinculada (§§ 3º e 4º do art. 297); instantâneo; comissivo; unissubjetivo; plurissubsistente. - Sujeitos do crime: Sujeito ativo: qualquer pessoa, sendo que, caso o agente seja funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, incidirá uma pena mais severa para este (§1º do art. 297 do CP). Sujeito passivo: o Estado, bem como a pessoa prejudicada pelo ilícito penal. - Bem juridicamente tutelado:Busca-se proteger com a tipificação deste delito de falsificação de documento público, a fé pública. -Objetividade jurídica: é a fé pública, ou seja, a credibilidade que todos depositam nos documentos. -Consumação e tentativa: Consuma-se o crime quando nele se reúnem todos os elementos previstos na sua definição legal. Daí, de acordo com o caput do artigo em apreço, a consumação se dá na falsificação ou alteração de documentos públicos verdadeiros. Por se tratar de um crime em regra plurissubsistente, admiti-se a forma tentada. - Elemento subjetivo: O elemento subjetivo no crime por hora em estudo é o dolo. Vale ressaltar que não há previsão para a modalidade culposa. - Modalidades comissiva e omissiva: Todos os verbos constantes do caput, bem como do §3º do art. 297 do CP, pressupõe um comportamento comissivo por parte do agente. -Pena: reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. -Aumento de pena: se o agente for funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. -Ação penal: Pública Incondicionada. Falsidade ideológica- Art. 299 CP - Classificação doutrinária: Crime comum; formal; doloso; não transeunte; de forma livre; instantâneo de efeitos permanentes; comissivo e omissivo próprio; unissubjetivo; plurissubsistente. - Sujeitos do Crime: Sujeito ativo: qualquer pessoa. Vale lembrar que o art. 299 do Código Penal não exige nenhuma qualidade ou condição especial do agente.Sujeito passivo: o Estado, bem como a pessoa prejudicada pelo ilícito penal. - Bem juridicamente tutelado: Busca-se proteger com a tipificação deste delito de falsificação de selo ou sinal público, a fé pública. - Consumação e tentativa: Consuma-se o crime quando nele se reúnem todos os elementos previstos na sua definição legal. Daí, de acordo com o caput do artigo em apreço, a consumação se dá na omissão de declaração em documento público ou particular, que devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir, com o intuito de prejudicar direito, bem como criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. Por se tratar de um crime em regra plurissubsistente, admiti-se a forma tentada. - Elemento subjetivo: é o dolo. Vale ressaltar que não há previsão para a modalidade culposa. -Modalidades comissiva e omissiva: Os verbos inserir e fazer inserir, constantes do caput do artigo art. 299 do CP, pressupõe um comportamento comissivo por parte do agente. Já o núcleo do tipo omitir, “induz a uma conduta negativa por parte do agente, retratando neste caso, um crime omissivo próprio”. - Forma Majorada: No caso previsto no parágrafo único do art. 299 do Código Penal, traz que se o agente for funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou a alteração e de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte. Neste caso, não é o simples fato de o agente ser funcionário público que terá sua pena aumentada. A pena só será aumentada caso o funcionário público cometa o crime prevalecendo-se do cargo que ocupa. 8 Direito Penal| Material Complementar Prof. Priscila Silveira| priscilasilveira.adv@gmail.com - Pena: A pena cominada ao crime de falsidade ideológica é de reclusão, de 1(um) a 5 (cinco) anos, e multa, se o documento é público e de reclusão de 1(um) a 3(três) anos, e multa se o documento é particular. Aumento de pena: Vale lembrar que se o agente for funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte. -Ação penal: Pública Incondicionada Falso reconhecimento de firma ou letra- art. 300 CP -O objeto jurídico é fé pública. -A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “reconhecer”, como verdadeira, firma (assinatura ou abreviação) ou letra (sinal representativo) de alguém, quando não o seja. -O sujeito ativo pode ser apenas o funcionário que possui, legalmente, a atribuição para reconhecer firma ou letra, portanto trata-se de crime próprio. O sujeito passivo é o Estado. -O elemento subjetivo é o dolo. -O momento de consumação se dá com o reconhecimento, independente da entrega do documento a quem dele possa fazer mau uso. -Trata-se de crime formal. Não admite tentativa, isso porque o agente reconhece letra ou firma em um único ato, logo é crime unissubsistente. Certidão ou atestado ideologicamente falso-Art. 301 CP -O objeto jurídico é fé pública. -A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “falsificar” ou “certificar” falsamente fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou serviço de caráter público ou qualquer outra vantagem, que não seja patrimonial. Caso a vantagem obtida seja patrimonial o crime passa a ser estelionato. -O sujeito ativo pode ser apenas o aquele que “em razão da função pública” tenha atribuição para expedir atestado ou certidão, portanto trata-se de crime próprio. O sujeito passivo é o Estado. -O elemento subjetivo é o dolo. Entretanto, se aplica multa caso o agente tenha fim de lucro. Art. 301, § 2º – Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além da pena privativa de liberdade, a de multa.” -O momento de consumação se dá com a realização das ações típicas, independente do resultado naturalístico. -Trata-se de crime formal. Admite tentativa. Falsidade material de atestado ou certidão-Art. 301, § 1º CP. Há autores que entendem que esse parágrafo trata de forma qualificada do anterior, como Nucci. -O objeto jurídico é fé pública. -A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “falsificar” ou “alterar”, atestado ou certidão para que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou serviço de caráter público ou qualquer outra vantagem, que não seja patrimonial - O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, uma vez que trata-se de crime comum. O sujeito passivo é o Estado. -O elemento subjetivo éo dolo. Entretanto, se aplica multa caso o agente tenha fim de lucro. Art. 301, § 2º – Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além da pena privativa de liberdade, a de multa.” -O momento de consumação se dá com a realização das ações típicas, independente do resultado naturalístico. 9 Direito Penal| Material Complementar Prof. Priscila Silveira| priscilasilveira.adv@gmail.com -Trata-se de crime formal. Admite tentativa. Falsidade de atestado médico- Art. 302 CP. -O objeto jurídico é fé pública. -A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “dar” atestado falso. Este atestado deve versar, segundo a doutrina majoritária, sobre fato relevante, e não sobre opinião ou prognóstico do profissional. -O sujeito ativo pode ser apenas o médico, portanto trata-se de crime próprio. O sujeito passivo é o Estado. -O elemento subjetivo é o dolo. Entretanto, se aplica multa caso o agente tenha fim de lucro. Art. 302, Parágrafo único – Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa. - O momento de consumação se dá com a efetiva entrega do atestado falso a alguém, independente do resultado naturalístico. -Trata-se de crime formal. Admite tentativa. Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica-Art. 303 CP. -O objeto jurídico é fé pública. -A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “reproduzir” ou “alterar” selo ou peça filatélica (destinada a colecionadores) que tenha valor para coleção (devido ao aumento do valor do selo ou da peça com o passar do tempo), salvo quando a reprodução ou alteração está visivelmente anotada na face ou verso do selo ou peça. -Nas mesmas penas incorre quem, faz uso destas para fins de comércio. -O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, uma vez que trata-se de crime comum. O sujeito passivo é o Estado. -O elemento subjetivo é o dolo. -O momento de consumação se dá com a realização das ações típicas, independente do resultado naturalístico. -Trata-se de crime formal. Admite tentativa. Uso de documento falso-Art. 304 CP. - TIPO OBJETIVO: o Verbo núcleo: Fazer Uso – o agente deve utilizar o documento falso em sua específica destinação probatória como se fosse verdadeiro. A mera exibição do documento, entre amigos, não configura o crime. A simples alusão ao documento falso ou a exibição para vangloriar-se não configura o uso. A apresentação de fotocópia não autenticada do documento falso é fato atípico, pois esta foge ao conceito de documento. -Espontaneidade da exibição: prevalece que a apresentação não precisa ser espontânea, basta que seja voluntária (por todos, Nucci). Assim, quando o agente fornece o documento falso a policial que o requisita, consuma-se o crime. Por outro lado, Delmanto, citando Nelson Hungria, sustenta que o documento deve sair da esfera de disponibilidade do agente por sua própria iniciativa. Revista Pessoal: se o documento falso é encontrado com o agente durante revista pessoal, não houve apresentação espontânea nem voluntária, o que afasta a ocorrência do injusto. -Meio Executório: forma livre. - Elementares: documento falso, apresentação voluntária e apresentação dentro da destinação específica do documento. - documento que saber ser falso. Prevalece que a dúvida sobre a falsidade não afasta o crime, uma vez que o delito admite dolo eventual. Em sentido contrário: Damásio, que exige o dolo direto. - SUJEITOS: Ativo – qualquer pessoa, menos a que falsificou o documento. O uso do documento falsificado pelo falsário configura mero exaurimento do delito de falsificação e será por ele absorvido. Se o falso se exaure no crime de estelionato, por ele será absorvido. -Súmula 17, STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido. -Haverá punição pelo uso, ainda que a pessoa que falsificou o documento seja absolvida ou desconhecida. 10 Direito Penal| Material Complementar Prof. Priscila Silveira| priscilasilveira.adv@gmail.com a. Passivo – Estado e, secundariamente, a pessoa lesada. - unissubsistente. Consuma-se no momento em que o agente faz uso do documento. Dispensa a ocorrência do dano, sendo suficiente que o documento falso tenha potencialidade lesiva. - TENTATIVA: Em regra, inadmissível. Teoricamente, se o documento é enviado pelo correio, seria admissível a tentativa. Art. 305 – Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor: Pena – reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento é público, e reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é particular. -O objeto jurídico é fé pública. -A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “fazer uso” de qualquer dos papéis falsificado do art. 296 a 302. São eles: o Documento público ou particular; (falsidade material – art. 297 e 298 / falsidade ideológica – art. 299); o Papel onde consta firma ou letra falsamente reconhecida; (art. 300), o Atestado ou certidão pública; e (art. 301), o Atestado médico. (art. 302). -O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, uma vez que trata-se de crime comum. O sujeito passivo é o Estado. -O elemento subjetivo é o dolo. -O momento de consumação se dá quando for feito o uso do documento, independente do resultado naturalístico. -Trata-se de crime formal. Admite tentativa. -Apresentação espontânea do documento: Segundo a posição jurisprudencial majoritária, defendida também por Nucci, é irrelevante se o agente utiliza o documento falso em ato unilateral ou se faz porque qualquer autoridade assim exige. Utiliza-se muito o exemplo da carteira de habilitação falsa, em que a exigência é feita por policial rodoviário por estar em sua função fiscalizadora. Em sentido contrário, sustentando que o documento deve sair da esfera do agente por iniciativa dele mesmo, encontramos Delmanto. -Passaporte falso – competência: “STJ, Súmula 200, O Juízo Federal competente para processar e julgar acusado de crime de uso de passaporte falso é o do lugar onde o delito se consumou.” Falsa identidade-Art. 307 CP Identidade é termo mais abrangente que apenas nome e qualidade, para Nucci é o conjunto de características peculiares de uma pessoa determinada, que permite reconhece-la e individualiza-la. -O objeto jurídico é fé pública. -A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “atribuir” a si ou a outrem falsa identidade para obter vantagem ou causar dano. -O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, uma vez que trata-se de crime comum. O sujeito passivo é o Estado. -O elemento subjetivo é o dolo. -O momento de consumação se dá com a simples atribuição, independente do gozo de vantagem ou do efetivo prejuízo. -Trata-se de crime formal. Admite tentativa. Falsa identidade- Art. 308 CP -O objeto jurídico é fé pública. -A ação nuclear descrita no tipo consubstancia-se em “usar”, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista (documento que comprova a regularidade diante do serviço militar obrigatório) ou qualquer documento de identidade alheia; ou “ceder”, a outrem esses documentos, seja próprio ou alheio. -A alteração de fotografia do documento pode constituir o crime do art. 297 (falsificação de documento público), caso o intuito seja diverso da falsa identidade. -O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, uma vez que trata-se de crime comum. O sujeito passivo é o Estado. -O elemento subjetivo é o dolo. 11 Direito Penal| Material Complementar Prof. Priscila Silveira| priscilasilveira.adv@gmail.com -O momento de consumação se dá com o uso ou com a cessão do documento, independente do resultado naturalístico. -Trata-se de crime formal. Admite tentativa. Fraudes em certames de interesse público- art. 311-A do CP. -Cometeo crime em estudo o agente ativo que utiliza ou divulga, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do certame, conteúdo sigiloso de: I - concurso público; II - avaliação ou exame públicos; III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: - Forma equiparada: Comete o mesmo crime quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas não autorizadas às informações mencionadas no caput do artigo 311-A. - Forma Qualificada: O delito será qualificado se da ação ou omissão resulta dano à Administração Pública: - Forma Majorada: Haverá majoração da pena se o fato é cometido por funcionário público. - Objeto Jurídico: proteger a fé pública. - Sujeito Ativo: Qualquer pessoa. Sujeito Passivo: O Estado, bem como as instituições e pessoas prejudicadas. - Ação Penal: pública incondicionada. De forma excepcional, é possível ser interposta a ação privada subsidiária da pública na hipótese prevista no artigo 5º, inciso LIX, da Constituição Federal. - Da Pena: 1a) Na forma simples (caput) e na forma equiparada (§ 1o) a pena é reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa; 2a) Na forma qualificada (§ 2o ) a pena é de reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa; 3a) Na forma majorada (§ 3o ) a pena será aumentada de 1/3 (um terço). - Elemento Subjetivo: é o dolo, que consiste na vontade livre e consciente de utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade, conteúdo sigiloso de certames de interesse público especificados nos incisos I, II, III e IV. - Consumação: No tipo fundamental (caput), a consumação ocorre com efetiva utilização ou divulgação do conteúdo sigiloso. Não se exige que o beneficiário tenha tido proveito (formal); Na forma equiparada (§ 1o), a consumação ocorre com a permissão ou facilitação, por qualquer meio, ao acesso às informações sigilosas. Não se exige que o beneficiário tenha tido proveito (formal); O dano à Administração Pública é mero exaurimento da conduta, punível na forma qualificada (§ 2º). - Tentativa: É possível em todas as modalidades. - Classificação Doutrinária: comum; formal; livre; CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – ARTIGOS 312 A 359-H DO CÓDIGO PENAL: Cinco espécies: · Crimes cometidos por Funcionários Públicos contra a Administração Pública em geral: Capítulo I- Artigos 312 a 327 do CPB · Crimes cometidos por particulares contra a Administração Pública: Capítulo II- Artigos 328 a 337 do CPB · Crimes cometidos por particulares contra a Administração Pública estrangeira: Capítulo II- A: 337, B, C e D – Lei 10.467, de 11/06/02. · Crimes cometidos contra a Administração da Justiça: Capítulo III- 338 a 359 do CPB · Crimes cometidos contra as Finanças Públicas: Capítulo IV- 359, A,B,C,D,E,F,G,H. 12 Direito Penal| Material Complementar Prof. Priscila Silveira| priscilasilveira.adv@gmail.com CAPÍTULO I - CRIMES PRATICADOS POR FUNCIONÁRIO PÚBLICO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL Este Capítulo prevê delitos que só podem ser praticados de forma direta por funcionário público, são crimes funcionais. Os crimes funcionais são crimes próprios, porque a lei exige uma característica específica no sujeito ativo, ou seja, ser funcionário público. Subdividem-se em: Crimes funcionais próprios: aqueles cuja exclusão da qualidade de funcionário público torna o fato atípico. Ex.: prevaricação – provado que o sujeito não é funcionário público, o fato torna- se atípico. Crimes funcionais impróprios: excluindo-se a qualidade de funcionário público, haverá desclassificação do crime de outra natureza. Ex.: peculato – se provado que a pessoa não é funcionário público, desclassifica-se para furto ou apropriação indébita. De outro lado, é possível que pessoa que não seja funcionário público responda por crime funcional como coautora ou partícipe. Isso porque o artigo 30 do Código Penal diz que as circunstâncias de caráter pessoal, quando elementares do crime, comunicam-se a todas as pessoas que dele participem. Ora, ser funcionário público constitui elementar de todos os crimes funcionais e, dessa forma, comunica-se às demais pessoas que não possuam essa qualidade, mas que tenham cometido crime funcional juntamente com um funcionário público. Exige-se, porém, que o terceiro saiba da qualidade de funcionário público do outro. Ex.: funcionário público e não-funcionário público furtam bens do Estado. Ambos responderão por peculato. O funcionário público é denominado intraneus, e o não- funcionário público, extraneus. Faz-se necessário, nesse momento, delinear o conceito de funcionário público, que o Código Penal traz no artigo 327. Artigo 327 – Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego, ou função pública. Cargos: são criados por lei, com denominação própria, em número certo e pagos pelos cofres públicos. Emprego: para serviço temporário, com contrato em regime especial ou pela CLT. Função pública: abrange qualquer conjunto de atribuições públicas que não correspondam a cargo ou emprego público. Art. 327, §1º – Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. Nova redação determinada pela Lei 9.983/2000. Para uma corrente, chamada de ampliativa, abrange os funcionários que atuam nas: a) autarquias (ex.: INSS); b) sociedades de economia mista (ex.: Banco do Brasil); c) empresas públicas (ex.: Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos); d) fundações instituídas pelo Poder Público (ex.: FUNAI). Estas três últimas são pessoas jurídicas de direito privado, mas, para fins penais, seus agentes são considerados funcionários públicos por equiparação. Segundo essa corrente, a redação do artigo 327, §2º, do Código Penal deixa clara essa opção do legislador pela tese ampliativa. Para outra corrente, denominada restritiva, o conceito de funcionário público por equiparação abrange tão-somente os funcionários das autarquias. Para os seus seguidores, o art. 327, §1º, do Código Penal é norma de extensão que conceitua a elementar “funcionário público” e, por isso, é também uma norma penal incriminadora, que, portanto, deve ser interpretada restritivamente. Múnus público: O tutor, curador, inventariante judicial, síndico, liquidatário, testamenteiro ou depositário judicial, nomeado pelo juiz, que se apropria dos valores que lhe são confiados, não cometem o crime de peculato, uma vez que as citadas pessoas não exercem função pública. Eles, na realidade, exercem múnus público, o qual não se confundem com função pública. Devem, se for o caso em apreço, responder pelo crime de apropriação indébita majorada ( CP, art. 168, § 1º, II ). 13 Direito Penal| Material Complementar Prof. Priscila Silveira| priscilasilveira.adv@gmail.com PECULATO – CP 312: Vem de peculatu – pecus: gado – em certa época foi o gado a base das fortunas. 1. Bem jurídico. patrimônio público e probidade administrativa 2. Sujeitos. a) Ativo: funcionário público, sendo admissível o concurso com o particular. b) Passivos: União, Estados-membros, Distrito Federal, municípios e demais pessoas jurídicas mencionadas no artigo 327, §1º. 3. Tipo objetivo. Apropriação ou desvio de bem móvel ou qualquer outro valor, público ou particular, de que o agente detenha a posse, em razão do cargo. 4. Objeto matéria: é dinheiro, valor ou qualquer outro bem e deve ser coisa corpórea. 5. Tipo subjetivo. O dolo e o elemento subjetivo do tipo, consistente no especial fim de obter proveito próprio ou alheio. PECULATO-TIPO: “CAPUT”DO ARTIGO 312 DO CPB. Análise do núcleo do tipo: são duas as condutas típicas previstas: PECULATO-APROPRIAÇÃO: Apropriar-se é fazer sua a coisa de outra pessoa, invertendo o ânimo sobre o objeto. O funcionário tem a posse do bem, mas passa a atuar como se fosse seu dono. Ademais, o funcionário público deve ter a posse em razão do cargo. A expressão “posse”, nesse crime, abrange também a detenção e a posse indireta. A posse deve ter sido obtida de forma lícita. PECULATO-DESVIO: “... ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio”. PECULATO-FURTO: Artigo 312, § 1º do CPB: também chamado de “PECULATO IMPRÓPRIO”. PECULATO CULPOSO: Artigo 312, § 2º do CPB. CAUSA DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE OU DE REDUÇÃO DA PENA: Artigo 312, § 3º do CPB. Efeito da reparação do dano no peculato doloso: não extingue a punibilidade; -se a reparação for feita antes da denúncia por ato voluntário do agente: a pena será reduzida de 1/3 a 2/3: hipótese de arrependimento posterior( artigo 16 do CPB ); -se após o recebimento da denúncia e antes da sentença de 1ª Instância: atenuante genérica do artigo 65, III, b, do CPB, se após a sentença e antes do acórdão – artigo 66 do CPB. (ATENUANTE INOMINADA OU DA CLEMÊNCIA). PECULATO-USO: Se for bem fungível, há peculato: funcionário que usa dinheiro público para comprar apartamento: crime consumado, mesmo que depois reponha aos cofres públicos; se for infungível não há crime: funcionário que usa um trator público em sua casa e depois devolve. Classificação: crime próprio, doloso, material, comissivo, instantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente e de forma livre. Pena: reclusão de 02 a 12 anos e multa. Ação Penal: pública incondicionada. Concurso de pessoas: É admissível, segundo a regra do artigo 30 do CP. Elemento normativo do tipo: “valer-se de facilidade proporcionada pela qualidade de funcionário”. Aplicação da defesa preliminar: Artigo 514 do CPP – “Nos crimes afiançáveis, estando a denúncia ou queixa em devida forma, o juiz mandará autuá-la e ordenará a notificação do acusado, para responder por escrito, dentro do prazo de quinze dias”. AGRAVANTE GENÉRICA DA VIOLAÇÃO DO DEVER FUNCIONAL (ARTIGO 61, II, “G” DO CPB )- Não incide, tratando-se de elementar do tipo. Crimes afiançáveis: artigo 323, I do CPP. Todos os delitos praticados por funcionários públicos contra a Administração Pública em geral, são afiançáveis. PECULATO MEDIANTE ERRO DE OUTREM: CP artigo 313. Conduta típica: Apropriar-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem – Pena: reclusão, de um a quatro anos, e multa. Cuida-se aqui do chamado peculato-estelionato. 1. Bem jurídico. Tutela-se a Administração Pública, no aspecto material e moral. 2. Sujeitos: 14 Direito Penal| Material Complementar Prof. Priscila Silveira| priscilasilveira.adv@gmail.com a) Ativo: É o funcionário público. Trata-se de crime próprio. O particular pode ser partícipe do fato, respondendo pelo crime. Exemplo de Noronha: Se um funcionário, por um equívoco, recebe determinada quantia de um contribuinte e pensa restituí-la, no que, entretanto, é desaconselhado por um amigo – não funcionário – acabando por dividirem entre si o dinheiro, há concurso. b) Passivo: Direto é o Estado. De forma secundária, também o indivíduo que sofreu a lesão patrimonial. INSERÇÃO DE DADOS FALSOS EM SISTEMA DE INFORMAÇÕES – CP 313-A 1. Bem jurídico. interesse em preservar o patrimônio público e garantir o respeito à probidade administrativa. 2. Sujeitos: a) Ativo: funcionário público, sendo admissível o concurso com particular. b) Passivos: União, Estados-membros, Distrito Federal, municípios e as demais pessoas mencionadas no artigo 327, §1º. Secundariamente, o particular que sofreu o dano. 3. Tipo objetivo. Inserir ou facilitar a inserção de dados falsos, alterar ou excluir indevidamente dados corretos nos sistemas informatizados ou bancos de dados da Administração Pública com o fim de Obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano. 4. Tipo subjetivo. O dolo e o elemento subjetivo especial do tipo – fim especial de agir – consubstanciado na expressão com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem ou para causar dano. 5. Consumação. por se tratar de crime formal, ocorre com a concreção de qualquer uma das condutas, não se exigindo a obtenção da vantagem indevida nem que haja o dano almejado (exaurimento). 6. Tentativa. Admissível, por ser o crime plurissubsistente. 8. Pena e Ação penal. A pena é de dois a doze anos de reclusão, além da multa, e a ação é pública incondicionada. MODIFICAÇÃO OU ALTERAÇÃO NÃO AUTORIZADA DE SISTEMA DE INFORMAÇÕES – CP 313-B 1. Bem jurídico. O interesse em se preservar o normal funcionamento da Administração Pública, especialmente o seu patrimônio e o do administrado, bem como assegurar o prestígio que deve gravitar em torno dos atos daquela. 2. Sujeitos. a) Ativo: funcionário público, sendo admissível o concurso como particular. b) Passivos: União, Estados-membros, Distrito Federal, municípios e demais pessoas mencionadas no artigo 327, §1º, bem como o particular que sofreu o dano. 3. Tipo objetivo. Modificar ou alterar sistema de informações ou programa de informática sem autorização ou solicitação de autoridade competente. 4. Tipo subjetivo. O dolo. 5. Consumação. Por se tratar de crime formal, dá-se no momento da concreção de qualquer uma das condutas, não se exigindo a superveniência de dano, que, no caso, qualifica o crime. 6. Tentativa. Admissível, por ser o crime plurissubsistente. EXTRAVIO, SONEGAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE LIVRO OU DOCUMENTO – CP 314 1. Análise do núcleo do tipo. As condutas previstas são extraviar, sonegar e inutilizar e podem ser realizadas total ou parcialmente, o que torna mais difícil a configuração da tentativa, já que a inutilização parcial de um documento constitui delito consumado, em face da descrição típica. 2. Sujeitos a) Ativo: somente o funcionário público. b) Passivo: o Estado e, secundariamente, a entidade de direito público ou outra pessoa prejudicada. 3. Elemento subjetivo. Dolo, nao se exige elemento subjetivo nem se pune a forma culposa. 4. Objetos material e jurídico. Objeto material é o livro oficial ou outro documento e o objeto jurídico é a administração pública. 15 Direito Penal| Material Complementar Prof. Priscila Silveira| priscilasilveira.adv@gmail.com 5. Classificação. Crime próprio, formal, de forma livre, comissivo, omissivo, ou omisso impróprio, instantâneo, unisubjetivo, uni ou plurissubsistente; admite tentativa na forma plurissubsistente. EMPREGO IRREGULAR DE VERBAS OU RENDAS PÚBLICAS – CP 315 1. Análise do núcleo do tipo. A conduta consiste em dar aplicação, e tem como objeto as verbas ou rendas públicas. 2. Sujeitos: a) ativo: funcionário público. b) passivo: o Estado, secundariamente, a entidade de direito público prejudicada. 3. Elemento subjetivo do tipo. Dolo, não se exige elemento subjetivo específico, nem se pune a forma culposa. 4. Objetos material e jurídico. Objeto material é a verba ou a renda pública, objeto jurídico é a administração pública, em seus interesses patrimonial e moral. 5. Classificação. Crime próprio, material, de forma livre, comissivo e, excepcionalmente, omissivo impróprio, instantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente; admite tentativa. CONCUSSÃO – CP 316 1. Análise do núcleo do tipo. A conduta consiste em exigir, que significa ordenar ou demandar, havendo um aspecto nitidamente impositivo na conduta. 2. Sujeitos a) ativo: somente o funcionário público. b) passivo: Estado e, secundariamente, a entidade de direito público ou a pessoa diretamente prejudicada. 3. Elemento subjetivo do tipo. Dolo, exige-se o elemento subjetivo específico, consistente em destinara vantagem para i ou para outra pessoa. Não existe forma culposa. 4. Objetos material e jurídico. Objeto material é a vantagem indevida e objeto jurídico é a administração púbica (aspectos material e moral). 5. Classificação. Crime próprio, formal, de forma livre, comissivo e, excepcionalmente, omissivo impróprio, instantâneo, unissubjetivo, unissubsistente ou plurissusistente, forma em que admite tentativa. EXCESSO DE EXAÇÃO – CP 316 §§1º E 2º Exação é a cobrança pontual de impostos. Pune-se o excesso, sabido que o abuso de direito é considerado ilícito. Assim, quando o funcionário público cobre imposto além da quantia efetivamente devida, comete o excesso de exação. 1. Análise do núcleo do tipo. Há duas formas para compor o excesso de exação: a) exigir o pagamento de tributo ou contribuição sindical indevidos; b) empregar meio vexatório na cobrança. 2. Elemento subjetivo do tipo. Dolo, nas modalidades direta e indireta. Não há elemento subjetivo do tipo, nem se pune a forma culposa. 3. Elemento normativo do tipo. Meio vexatório é o que causa vergonha ou ultraje; gravoso é o meio oneroso ou opressor. 4. Norma em branco. É preciso consultar os meios de cobrança de tributos e contribuições, instituídos em lei específica, para apurar se está havendo excesso de exação. 5. Objetos material e jurídico. O objeto material é o tributo ou a contribuição social. O objeto jurídico é a administração pública (interesses material e moral). 6. Classificação. crime próprio, formal na forma exigir e material na modalidade empregar na cobrança, de forma livre, comissivo ou omissivo impróprio, unissubjetivo, unissubsistente ou plurissubsistente, forma em que se admite tentativa. 16 Direito Penal| Material Complementar Prof. Priscila Silveira| priscilasilveira.adv@gmail.com CORRUPÇÃO PASSIVA – CP 317 1. Crime comum ou militar. A corrupção passiva está tipificada tanto no direito penal ordinário (art. 317 do CPB) quanto no direito penal militar (art. 308 do CPM) 2. Corrupção eleitoral. No Código Eleitoral (Lei 4737/65) está previsto também a corrupção passiva como crime eleitoral. A referida lei sofreu modificações introduzidas pela lei 9504/97 entretanto, os tipos penais continuam sendo disciplinados pela lei 4737/65. O tipo penal aqui descrito é de conteúdo alternativo porque traz vários verbos contemplando tanto a corrupção passiva quanto a ativa. 3. Análise do núcleo do tipo. O tipo penal descrito no art. 317 do CPB é composto por três verbos: solicitar, receber, aceitar. Diz respeito ao indivíduo que solicita, recebe ou aceita promessa de vantagem indevida. 4. Corrupção própria. Quando o servidor ou funcionário público solicita, recebe ou aceita promessa de vantagem indevida em razão de um ato ilícito. 5. Corrupção imprópria. Quando o servidor ou funcionário público solicita, recebe ou aceita promessa de vantagem indevida em função de praticar um ato lícito. 6. Corrupção antecedente. Quando o pedido de retribuição é feito antes da realização do ato, configura-se a corrupção a priori. 7. Corrupção subseqüente. Quando o pedido de retribuição é feito após a realização do ato. 8. Delito bilateral. Nos crimes cometidos por particulares contra a Administração Pública (crime de Corrupção ativa - previsto no art. 333 do CP), se o particular oferece ou promete vantagem indevida ao funcionário ou servidor público e este a recebe, temos aí o que se chama de delito bilateral; é a combinação simultânea da Corrupção ativa (Art. 333 do CPB - oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício) com a corrupção passiva (Art. 317 do CPB - solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem). O delito bilateral é exceção à teoria monista ou unitária do Direito Penal, consiste na teoria pluralística. 9. Causa de aumento de pena. Está prevista no §1º do art. 317 do CP, configura a chamada corrupção exaurida (A pena é aumentada de um terço, se, em consequência da vantagem ou promessa, o funcionário retarda ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica infringindo dever funcional). 10. Pena. A corrupção passiva é punida com reclusão, de 2 a 12 anos, e multa. Pena determinada pela Lei 10.763/03. Se o funcionário pratica, deixa de praticar ou retarda ato de ofício, com infração do dever funcional, cedendo a pedido ou influência de outrem, a pena é detenção, de 3 meses a 1 ano, ou multa. 11. Ação Penal. Ação Penal Pública incondicionada 12. Tentativa. A tentativa é admissível DA PREVARICAÇÃO – CP 319 Do latim praevaricare que significa faltar com os deveres do cargo 1. Objeto jurídico. Proteger o prestígio da Administração Pública 2. Sujeito a) Ativo. Funcionário público no exercício da função b) Passivo. O Estado 3. Análise do núcleo do tipo. "Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal". O tipo penal tem seu núcleo composto por 3 verbos: retardar, deixar de praticar, praticar. 4. Classificação. Crime próprio - somente pode ser praticado por funcionário público, se retirada a qualidade o fato torna-se atípico - formal - comissivo - instantâneo - unissubjetivo - plurissubsistente - de ação múltipla - de conteúdo variado ou alternativo. 5. Elemento subjetivo do tipo. É o dolo, ou seja a vontade específica de prevaricar. O interesse pessoal está ligado ao sentimental. 6. Ação penal. Pública incondicionada 17 Direito Penal| Material Complementar Prof. Priscila Silveira| priscilasilveira.adv@gmail.com DA CONDESCENDÊNCIA CRIMINOSA – CP 320 1.Definição jurídica. A condescendência criminosa consiste em "deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo ou, quando lhe falte competência, não levar o fato ao conhecimento da autoridade competente, punível com pena de detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa". A terminologia é imprópria porque não se trata apenas do fato de um funcionário público ser condescendente com outro que tenha tido conduta criminosa, mas também, se aquele tiver cometido qualquer falta disciplinar. A condescendência criminosa é praticada pelo funcionário público que, por indulgência, benevolência ou tolerância, deixa de responsabilizar subalterno hierárquico que tenha cometido crime, contravenção penal ou qualquer falta disciplinar. Também comete o delito em estudo o funcionário público que, embora não seja superior hierárquico daquele que tenha cometido crime, contravenção penal ou qualquer falta disciplinar, deixa de levar o fato ao conhecimento da autoridade competente para puni-lo. 2. Bem jurídico. A Administração Pública 3. Sujeitos a) ativo. Funcionário público b) passivo. O Estado 4. Tipo subjetivo. Indulgência, benevolência ou tolerância; no Direito Penal Militar além disso, a negligência. 5. Condutas típicas Deixar o funcionário, por indulgência, de responsabilizar subordinado que cometeu infração no exercício do cargo; Deixar o funcionário, por indulgência, de levar ao conhecimento de autoridade competente para punir, o fato de que outro funcionário público tenha cometido infração no exercício do cargo, evitando assim que o infrator seja responsabilizado. 6. Consumação. Com a omissão 7. Tentativa. Inadmissível porque o delito é omissivo próprio. 8. Classificação. ADVOCACIA ADMINISTRATIVA – CP 321 1. Definição jurídica. O termo advocacia é impróprio e indevido pois nada tem a ver com a função do advogado. O delito consiste em "patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado perante a administração pública,valendo- se da qualidade de funcionário; punível com pena de detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa. Se o interesse é ilegítimo a pena é de detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, além da multa". No Direito Penal Militar a incorreição no nomem iuris é desfeita, naquele diploma legal a nomenclatura usada é "patrocínio indébito". Importa salientar que no projeto de reforma do CPB o presente tipo adota a nomenclatura do CPM. 2. Análise do núcleo do tipo. O verbo núcleo do tipo é patrocinar, significa proteger ou beneficiar. É a figura do funcionário público relapso que relega seu serviço a um segundo plano e passa a defender interesses privados, legítimos ou ilegítimos, ante a Administração Pública. 3. Sujeitos a) ativo. Funcionário público b) passivo. A Administração Pública 4. Desnecessidade de ser advogado. Tendo em vista que o funcionário público é impedido de exercer a advocacia, é desnecessária a qualidade de advogado ao autor para que o delito se configure. VIOLÊNCIA ARBITRÁRIA – CP 322 1. Revogação do artigo 322 pela Lei de Abuso de Autoridade. GUILHERME NUCCI crê estar revogado este tipo penal pela vigência da Lei 4.898/65, que disciplinou, integralmente, os crimes de abuso de autoridade. Assim, a violência 18 Direito Penal| Material Complementar Prof. Priscila Silveira| priscilasilveira.adv@gmail.com praticada no exercício da função ou a pretexto de exercê-la deve encaixar-se em uma das figuras previstas na referida lei, não havendo mais necessidade de se utilizar o art. 322. ABANDONO DE FUNÇÃO – CP 323 1. Definição jurídica. O delito consiste em "abandonar cargo público, fora dos casos permitidos em lei; punível com pena de detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa. Se do fato resulta prejuízo público a pena é de detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa. Se o fato ocorre em lugar compreendido na faixa de fronteira a pena é de detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. É o cidadão que investido em cargo público, por nomeação ou contratação, abandona-o. No Direito Penal Militar tem-se a figura do abandono de cargo e do abandono de posto (figura do sentinela na guarita). 2. O prazo do abandono. A lei não estabelece prazo mínimo para configuração do abandono, basta haver prova da probabilidade de dano que o delito está caracterizado. Se houver prova do dano ou se o delito tiver sido cometido em faixa fronteiriça (150 km de largura - lei 6634/79, art. 1º), o crime será qualificado. A lei 869/58 (Estatuto dos Servidores Públicos de Minas Gerais) estabelece prazo de 30 dias para caracterizar o abandono. Pela Lei 8112/90, constitui o abandono a ausência intencional por mais de trinta dias consecutivos. No Direito Penal Militar basta provar o espaço que o sentinela afastou-se do seu posto. No caso de abandono de função em região de fronteira o prazo pode ser contado até em horas. 3. Elemento normativo do tipo. A expressão "fora dos casos permitidos em lei" constitui o elemento normativo do tipo. EXERCÍCIO FUNCIONAL ILEGALMENTE ANTECIPADO OU PROLONGADO – CP 324 1. Análise do núcleo do tipo. Entrar no exercício significa iniciar o desempenho de determinada atividade; continuar a exercê-la quer dizer prosseguir no desempenho de determinada atividade. O objeto é a função pública. 2. Sujeitos. a) ativo: somente funcionário público nomeado, porém sem ter tomado posse; na segunda hipótese, há de estar afastado ou exonerado. b) passivo: Estado. 3. Elemento subjetivo do tipo. É o dolo. Não se exige elemento subjetivo específico, nem se pune a forma culposa. Na segunda figura, há apenas o dolo direto. Inexiste forma culposa. 4. Elemento normativo do tipo. A expressão “sem autorização” indica a ilicitude da conduta, ao passo que a continuidade do exercício, devidamente permitida pela administração pública, não configura o tipo penal. 5. Objetos material e jurídico. O objeto material é a função pública e o objeto jurídico é a administração pública, nos interesses material e moral. 6. Classificação. Crime próprio, delito de mão própria, formal, de forma livre, comissivo e, excepcionalmente, omissivo impróprio, instantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente; admite tentativa. VIOLAÇÃO DE SIGILO FUNCIONAL – CP 325 1. Análise do núcleo do tipo. Revelar significa fazer conhecer ou divulgar; facilitar a revelação quer dizer tornar sem custo ou esforço a descoberta. O objeto é o fato que deva permanecer em segredo. 2. Sujeitos a) ativo: o funcionário público, abrangendo o aposentado ou em disponibilidade. b) passivo: o Estado, secundariamente, a pessoa prejudicada com a revelação. 3. Elemento subjetivo do tipo. O dolo, não existe a forma culposa, nem se exige elemento subjetivo do tipo específico. 19 Direito Penal| Material Complementar Prof. Priscila Silveira| priscilasilveira.adv@gmail.com 4. Objetos material e jurídico. O objeto material é a informação sigilosa. O objeto jurídico é a administração pública, nos interesses material e moral. 5. Classificação. Crime próprio, formal, de forma livre, comissivo e, excepcionalmente, omissivo impróprio, instantâneo, unissubjetivo, unissubsistente ou plurisusistente, forma em que se admite a tentativa. VIOLAÇÃO DO SIGILO DE PROPOSTA OU CONCORRÊNCIA – CP 326 Revogado pelo artigo 94 da Lei 8.666/93. DOS CRIMES PRATICADOS POR PARTICULARES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO EM GERAL São delitos classificados como crimes praticados por particulares contra a administração pública; entretanto, nada obsta que sejam também praticados por funcionários públicos. USURPAÇÃO DE FUNÇÃO PÚBLICA – CP 328 1. Análise do núcleo do tipo. O verbo usurpar significa alcançar algo sem o regular direito. 2. Sujeito a) Ativo. Qualquer pessoa, inclusive o funcionário público. b) Passivo. A Administração Pública. 3. Classificação. Crime comum, formal, comissivo, instantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente. 4. Forma qualificada. A forma qualificada está prevista no parágrafo único do artigo e se refere ao fato de auferir vantagem da função pública usurpada. 5. Necessidade de pelo menos um ato. A doutrina entende que o usurpador tem que cometer pelo menos um ato utilizando a qualidade usurpada de funcionário público ou atinente à função para que se caracterize o crime. 6. Art. 45 da LCP. O art. 45 da LCP refere-se à contravenção de simulação da qualidade de funcionário público. Significa que o indivíduo se diz funcionário público mas não pratica nenhum ato atinente à função pública. 7. Art. 46 da LCP. O art. 46 da LCP refere-se à contravenção de usurpação de função pública uniformizada. Significa que o indivíduo se diz funcionário público que trabalha fardado, por exemplo, se passar por policial militar. RESISTÊNCIA – CP 329 1. Conduta típica. Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio. 2. Análise do núcleo do tipo. É a oposição a um ato legal 3. Sujeito a) Ativo. Qualquer pessoa, inclusive o funcionário público. b) Passivo. A Administração Pública. 4. Ato legal. Para caracterizar a resistência o ato ao qual se opõe tem que ser legal. 5. Resistência ativa/passiva. Para configurar o delito a resistência tem que ser ativa contra o executor do ato legal ou contra quem lhe esteja prestando auxílio. Se a resistência for passiva, como por exemplo agarrar-se ao executor do ato implorando-lhe que não o leve a termo, não configura o delito de resistência. Posição minoritária na doutrina entende que a resistência passiva configura o crime de desobediência. 6. Funcionário competente. Não basta que a resistência seja contra funcionário público, tem que ser contra funcionário público competente para a execução do ato. 7. Prestador de auxílio. É prestador de auxílioa pessoa que está colaborando com o funcionário público na execução do ato. 20 Direito Penal| Material Complementar Prof. Priscila Silveira| priscilasilveira.adv@gmail.com 8. Classificação. Crime comum, formal, comissivo, instantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente. 9. Forma qualificada. A forma qualificada ocorre quando a resistência é suficiente para impedir a execução do ato. 10. Casos de resistência em função de ato legal. Mandado de prisão; prisão em flagrante; prisão de condenado foragido; penhora; vistoria judicial; execução de despejo; busca e apreensão, à ordem de identificar-se. DESOBEDIÊNCIA – CP 330 1. Tipo penal. Desobedecer a ordem legal de funcionário público 2. Pena. Detenção, de 15 dias a 6 meses, e multa. 3. Sujeitos a) ativo: qualquer pessoa, inclusive funcionário público. b) passivo: Estado. 4. Elemento subjetivo do tipo. Dolo, não se exige elemento subjetivo específico, nem se admite forma culposa. 5. Objetos material e jurídico. O objeto material é a ordem dada e o objeto jurídico é a administração pública, nos interesses material e moral. 6. Classificação. Crime comum, formal, de forma livre, comissivo, omissivo ou omissivo impróprio, instantâneo, unissubjetivo, unissubsistente ou plurissubsistente, forma em que admite a tentativa. DESACATO – CP 331 1. Tipo penal. Delito bem comum no meio forense. Com o advento da Lei 10259/01, que instituiu os Juizados Especiais Federais, passou a ser considerado como delito de menor potencial ofensivo não se instaurando mais Inquérito Policial, lavra-se apenas um Termo Circunstanciado de Ocorrência, que constará a oitiva do autor do delito que deverá ser conduzido à Delegacia de Polícia e, após ouvido, liberado. Acontece com maior incidência envolvendo a Polícia Militar. Para que o delito se configure necessário se faz que o funcionário público sinta-se de fato atingido pela ofensa que lhe foi dirigida. 2. Bem jurídico. A Administração Pública. 3. Sujeito. a) Ativo. Qualquer pessoa, inclusive funcionário público. b) Passivo. O Estado. 4. Tipo objetivo. Consiste em o particular ofender ou desprestigiar o funcionário público. O funcionário público por equiparação não sofre o desacato. As palavras difamatórias, injuriosas e/ou caluniosas por si caracterizam o desacato, assim como a agressão física e o riso irônico. 5. Presença do ofendido. É necessário que o ofendido presencie direta ou indiretamente a ofensa. O ofendido deve estar cara-a-cara com o ofensor ou em ao lado do ofensor quando este fala mal de si a outrem. 6. Pluralidade de funcionários. Se a ofensa for dirigida a mais de um funcionário público, ou seja, se houver pluralidade de funcionários, o crime é único. 7. Consumação/tentativa. O crime consuma-se com a ofensa. A tentativa é cabível mas de difícil constatação. 8. Classificação. Crime comum, formal, comissivo, instantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente. 9. Pena. 06 meses a 02 anos de detenção, ou multa. 10. Ação penal. Pública incondicionada 11. Embriaguez e desacato. Para configuração do desacato tem-se a necessidade da ocorrência do elemento subjetivo do delito que é o dolo específico, ou seja, a especial intenção de desprestigiar ou desrespeitar o funcionário público. Assim sendo, relativamente à relevância da situação de embriaguez frente à ocorrência do delito tem-se 3 teorias: a) Relevância da embriaguez na aferição do elemento subjetivo Como o crime exige o dolo específico, ou seja, a vontade de desacatar, o estado de embriaguez se torna incompatível com o elemento subjetivo do crime, não configurando o delito. Tal teoria é defendida por Nelson Hungria e adotada pelo TACrimSP. b) Irrelevância da embriaguez na aferição do elemento subjetivo 21 Direito Penal| Material Complementar Prof. Priscila Silveira| priscilasilveira.adv@gmail.com Tal teoria diz que o tipo não exige o elemento subjetivo do dolo específico, basta o dolo genérico. O estado de embriaguez torna-se circunstância irrelevante e o crime subsiste. O estado de embriaguez só será relevante se esta for involuntária e completa. Tal posição é minoritária no campo doutrinário do direito penal. c) Relevância relativa da embriaguez na aferição do elemento subjetivo Diz que cada caso deverá ser analisado de forma individual. Faz-se necessário observar o grau de embriaguez do ofensor. Se a sua embriaguez permite ou não que tenha consciência do ato que está praticando. TRÁFICO DE INFLUÊNCIA – CP 332 1. Nota. Até a promulgação da Lei 9127/95 o tipo penal do art. 332 do CPB tinha o mesmo nomem iuris do tipo previsto no artigo 357 do mesmo diploma legal, ou seja, Exploração de Prestígio. Com o advento da mencionada lei o tipo do art. 332 teve seu nome modificado para Tráfico de Influência. Hodiernamente subsistem os 2 tipos penais com os nomes de Tráfico de Influência (art. 332 do CPB) e Exploração de Prestígio (art. 357 do CPB). O professor Cézar Roberto Bittencourt entende que Tráfico de Influência é uma forma eufemística de tratar o delito de corrupção, ou seja, é dar um nome menos agressivo ao delito de corrupção. 2. Conduta típica. Quatro são os verbos componentes da conduta típica: solicitar, exigir, cobrar e obter. O verbo obter é importante no delito de concussão, capitulado no art. 316 do CP. 3. Bem jurídico. A escorreita Administração Pública. 4. Tipo de conteúdo variado. É tipo de conteúdo variado ou de ação múltipla porquanto 4 são os verbos constituintes da conduta típica. 5. Envolvimento de 3 pessoas. Para consumação do crime é necessário a concorrência de 3 pessoas, "ainda que virtuais" nos dizeres de Guilherme Nucci. As pessoas são: o vendedor de prestígio, o funcionário público não sabedor de que está sendo usado para beneficiar alguém, o comprador do prestígio. Se o funcionário público souber do uso de seu prestígio por alheio, deixa de ser delito de tráfico de influência para ser corrupção passiva. O funcionário público e a pessoa que está comprando o prestígio são pessoas virtuais do delito. 6. Ato do funcionário. O crime de tráfico de influência só se caracteriza se houver ato do funcionário público e, o ato tem que ser futuro. 7. Crime formal/material. Parte da doutrina entende que as condutas de solicitar, cobrar e exigir são formais enquanto que a conduta de obter é material. Nos dizeres de Vicenzo Manzini: "enquanto um quer vender fumaça o outro quer e supõe comprar um assado". 8. Fraude. Decorre do fato de que o traficante de influência vende uma vantagem que o comprador não vai ter de fato. 9. A expressão "a pretexto de". "Com desculpas de influir em ato praticado por funcionário público no exercício da função " para beneficiar o comprador do prestígio, o traficante de influência solicita, exige, cobra ou obtém dele vantagem para si ou para outrem. É a forma de enganar o comprador do prestígio. 10. Classificação. É crime comum, formal (o bem jurídico é a escorreita Administração Pública, segundo Guilherme Nucci), comissivo, instantâneo, unissubjetivo, uni ou plurissubsistente, de forma livre. 11. Causa de aumento de pena. A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário (art. 332, parágrafo único). CORRUPÇÃO ATIVA – CP 333 1. Tipo penal. Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público. A pena é de reclusão de 2 a 12 anos, e multa. Pena determinada pela Lei 10.763/03. 2. Sujeitos a) ativo: qualquer pessoa. b) passivo: Estado. 3. Elemento subjetivo do tipo. Dolo, exige-se elemento subjetivo específico consistente na vontade de fazer o funcionário praticar, omitir ou retardar ato de ofício. Não há forma culposa. 22 Direito Penal| Material Complementar Prof. Priscila Silveira| priscilasilveira.adv@gmail.com 4. Objetos material e jurídico. O objeto
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