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ANTROPOLOGIA FILOSÓFICA QUEM É O SER HUMANO? Um ser complexo, multidimensional, capaz de se modificar e se reinventar – um mistério para si mesmo. Questões essenciais: Quem somos nós? Qual é o propósito de nossa existência? Necessidade de conhecer as dimensões e características que, integradas, nos constituem. FEITO DE TERRA E PARTE DA TERRA “Somos Terra que pensa, sente e ama. O ser humano, nas várias culturas e fases históricas, revelou essa intuição segura: pertencemos à Terra; somos filhos e filhas da Terra; somos Terra. Daí que [a palavra] ‘homem’ vem de ‘húmus’. Viemos da Terra e voltaremos à Terra. A Terra não está à nossa frente como algo distinto de nós mesmos. Temos a Terra dentro de nós. Somos a própria Terra que na sua evolução chegou ao estágio de sentimento, de compreensão, de vontade, de responsabilidade e de veneração. Numa palavra: somos a Terra no seu momento de auto-realização e de autoconsciência. “Inicialmente não há, pois, distância entre nós e a Terra. Formamos uma mesma realidade complexa, diversa e única. Foi o que testemunharam os vários astronautas, os primeiros a contemplar a Terra de fora da Terra. Disseram-no enfaticamente: daqui da lua ou a bordo de nossas naves espaciais não notamos diferença entre Terra e humanidade, entre negros e brancos, democratas ou socialistas, ricos e pobres. Humanidade e Terra formamos uma única realidade esplêndida, reluzente, frágil e cheia de vigor. Essa percepção não é ilusória. É radicalmente verdadeira”. (Leonardo Boff) UM ANIMAL EXTRAORDINÁRIO Nascemos não-especializados Passamos por um processo de humanização para adquirir comportamentos e habilidades humanas. Como ficaria um indivíduo que não passou por esse processo? POSSUI INTELIGÊNCIA ABSTRATA Animal: inteligência concreta Ser humano: inteligência abstrata a inteligência humana não se limita aos elementos presentes aqui e agora. Opera com símbolos abstratos, é capaz de incorporar elementos distanciados no espaço e no tempo, inclusive possibilidades futuras. COMUNICA-SE POR MEIO DE LINGUAGEM SIMBÓLICA Comunicação animal A linguagem permite ao ser humano distanciar-se da experiência vivida aqui e agora e reorganizá-la num outro nível e lhe dar um novo sentido. A linguagem dota o ser humano de um pensamento abstrato, capaz de operar no contexto de uma inteligência abstrata. Pensamento é linguagem: os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo. PRODUZ CULTURA Natural: o que a natureza criou; Cultural: o que o ser humano criou. Sociedade, política, economia, artes, ciências, costumes, técnicas e tudo o que constitui o ambiente e o mundo humano. No ser humano, natureza e cultura se entrelaçam continuamente. PRODUZ PELO TRABALHO O que é o trabalho? Pelo trabalho o ser humano: Produz sua sobrevivência Produz o ambiente em que vive Produz o mundo humano (cultura) Produz-se a si mesmo (habilidades, desenvolvimento) É RELACIONAL, SOCIAL E POLÍTICO O ser humano é gregário: só se torna humano vivendo em sociedade; só se desenvolve se relacionando com outros seres humanos. Sociedade: pessoas que vivem juntas numa comunidade organizada; pessoas que se ‘associam’ com vistas ao intercâmbio econômico, cultural e relacional. Política: procedimento desarmado para solução de conflitos; trabalho de construção da vontade coletiva para a consecução de objetivos comuns. É HISTÓRICO O ser humano não é sempre o mesmo, mas está em constante mudança nos aspectos físicos, culturais, sociais, econômicos, etc. O ser humano está inserido no processo histórico, como parte agente e paciente. Compreender o ser humano, suas obras e comportamentos implica compreender o contexto histórico em que surgiram. É LIVRE O ser humano é livre? Que tipo de liberdade possui? Liberdade como ausência de coação Física, psicológica, econômica, moral, etc. Liberdade como livre-arbítrio (capacidade de escolher) Existe onde há consciência Pode ser ampliada pelo conhecimento , pelo trabalho e pelo desenvolvimento moral. PODE ALIENAR-SE O que é alienação? Estar sujeito ao domínio de outro Ser controlado por outro Formas de alienação: No trabalho No consumo No lazer É PESSOA Indivíduo que se sustenta e se conduz pela inteligência e pela vontade; Vida espiritual: conhecimento, amor, sentido para a vida; Um todo, um microcosmo independente; Um fim em si mesmo, que nunca pode ser reduzido a mero instrumento. CAPAZ DE TRANSCENDER-SE E BUSCAR O TRANSCENDENTE Sente necessidade de ultrapassar as próprias limitações; Sente necessidade do transcendente, do que ultrapassa o humano: busca espiritual que alimenta as religiões. NÃO APENAS VIVE, MAS EXISTE Viver – dimensão biológica, sobrevivência, reprodução; Existir – dimensão espiritual: Conhecer e compreender a condição humana (potencialidades e limitações) Tornar-se senhor de si mesmo Dirigir a própria vida Dar um sentido (significado) à própria vida DESAFIOS AO SER HUMANO CONHECER-SE A SI MESMO Ninguém é óbvio para si mesmo: necessidade de conhecer-se como indivíduo Autoconhecimento amplia a liberdade e torna a vida mais intensa TRAÇAR SEU PROJETO DE VIDA – um plano para alcançar os objetivos que dão sentido à vida Que tipo de pessoa eu quero ser? Que propósito e que uso quero dar aos 25 mil dias que tenho pela frente? Que tipo de vida vai me fazer sentir feliz e realizado? O que estou disposto a fazer para alcançar os objetivos que me realizam? Qual é, para mim, a importância do amor, do sexo, da família, da fé religiosa, do dinheiro, do reconhecimento e da fama? LEITURAS RECOMENDADAS RABUSKE, Edvino. Antropologia filosófica: um estudo sistemático. 4.ed. Petrópolis: Vozes, 1992. MONDIN, Battista. O Homem: quem é ele? São Paulo: Paulus, 2010. ARANHA, Maria Lucia Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 4.ed. São Paulo: Moderna, 2012. “Dostoievski escreveu: “Se Deus não existisse, tudo seria permitido”. Aí se situa o ponto de partida do existencialismo. Com efeito, tudo é permitido se Deus não existe, fica o homem, por conseguinte, abandonado, já que não encontra em si, nem fora de si, uma possibilidade a que se apegue. Antes de mais nada, não há desculpas para ele. Se, com efeito, a existência precede a essência, não será nunca possível referir uma explicação a uma natureza humana dada e imutável; por outras palavras, não há determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade. Se, por outro lado, Deus não existe, não encontramos diante de nós valores ou imposições que nos legitimem o comportamento. Assim, não temos nem atrás de nós, nem diante de nós, no domínio luminoso dos valores, justificações ou desculpas. Estamos sós e sem desculpas. É o que traduzirei dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado porque não se criou a si próprio; e, no entanto, livre porque, uma vez lançado no mundo, é responsável por tudo o quanto fizer. O existencialista não crê na força da paixão. Não pensará nunca que uma bela paixão é uma corrente devastadora que conduz fatalmente o homem a certos atos e que, por conseguinte, tal paixão é uma desculpa. Pensa, sim, que o homem é responsável por essa sua paixão. O existencialista não pensará também que o homem pode encontrar auxílio num sinal dado sobre a terra, e que o há de orientar; porque pensa que o homem decifra ele mesmo esse sinal como lhe aprouver. Pensa, portanto, que o homem, sem qualquer apoio e sem qualquer auxílio, está condenado a cada instante a inventar o homem.”
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