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Introdução à Ética

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INTRODUÇÃO À ÉTICA
Paulo Pozzebon 
JUÍZOS
JUÍZOS DE FATO
Indicam o que as coisas são e porque são;
JUÍZOS DE VALOR
Avaliam coisas, pessoas, ações, decisões, etc.
São normativos: enunciam o dever-ser.
Definem valores: bem, mal, felicidade.
Exemplos para discussão
Maria está bem vestida, hoje. 
O candidato da oposição é um canalha.
A estrutura de atendimento fisioterapêutico do hospital é inadequada.
As instalações de segurança não atendem às determinações legais.
O professor tem uns 207 anos.
Exemplos para discussão
Pigmeus não jogam bem o basquete.
Indivíduos de baixa estatura, quando jogam basquetebol, não obtêm os resultados mínimos requeridos em competições oficiais.
O time campeão tem apresentado desempenho abaixo do esperado nos últimos jogos.
Este tema de pesquisa é mais importante que o outro.
CONSCIÊNCIA MORAL
Capaz de distinguir o bem, o mal, lícito, ilícito, virtude e vício;
Capaz de julgar valor dos atos e condutas e agir em conformidade com os valores morais – responsabilidade;
Capacidade de deliberar diante de alternativas;
Pessoal, individual, irrepetível: convicção interna da decisão moral.
A consciência moral é suficiente para distinguir o bem do mal e o justo do injusto?
SUJEITO MORAL
Pessoa consciente de si e dos outros; capaz de reflexão; 
Dotado de vontade: capacidade de controlar e orientar desejos, impulsos, tendências, sentimentos; deliberar e decidir entre alternativas possíveis;
Responsável: reconhece-se como autor das próprias ações e de suas consequências;
Livre: causa interna das próprias ações; não submetido a coação.
Todas as pessoas são sujeitos morais?
MORAL (i)
Moral é um conjunto de normas, princípios e valores que regulamentam as relações dos indivíduos entre si e destes com a coletividade.
Todo grupo social tem algum conjunto de regras morais. Ex: prisões; tribos indígenas.
A existência de um código moral é indispensável para haver convivência, co-laboração e sobrevivência (individual e grupal).
São normas transmitidas oralmente, pela família, pelo senso comum, pela escola, etc.
As normas morais variam segundo diferentes situações históricas, contextos sociais, culturais e mesmo geográficos.
MORAL (ii)
A moral é criação coletiva e anônima, dirigida pelas tradições e tentativas de inovação. Não se orienta por qualquer critério teórico. Por isto, há normas morais que se tornam inadequadas, injustas e ruins.
A moral tem também uma dimensão pessoal: quando suas normas são cumpridas com sinceridade e por convicção, pelos indivíduos, a moral tende a aperfeiçoar indivíduos e coletividade.
ÉTICA
Reflexão, teorização, sistematização sobre os problemas morais (filosofia moral).
A Ética examina, analisa, critica, julga e repropõe os valores e normas criados pela moral; é a tentativa de construir um pensamento coerente e consistente sobre valores e normas morais; busca maneiras efetivas de realizar o bem.
É reflexão de natureza filosófica, mas apóia-se nas contribuições das ciências, especialmente da Antropologia Cultural, Sociologia, Psicologia e Biologia.
O QUE QUER A ÉTICA?
Aperfeiçoar a moral, superando suas limitações: falta de rigor e coerência, fundamentos irrefletidos, peso dos costumes, relativização dos valores;
 Construir códigos de normas, princípios e valores que permitam enfrentar os desafios das sociedades atuais;
Dar respostas adequadas a problemas graves e candentes.
CAMPOS DE REFLEXÃO RELACIONADOS À ÉTICA
Política
Direito
Cultura
Educação
Economia
Religião
Sexualidade
Relações pessoais
Relações sociais
PROBLEMAS DA ÉTICA (FILOSOFIA MORAL)
Valores
Liberdade
Autonomia / heteronomia
Virtude
Dever (obrigação)
Responsabilidade
Lei (norma)
Sanção (castigo)
Meios de ação
Fundamentos da ética
Princípios éticos
Critérios de julgamento ético
Métodos de discernimento ético
ÉTICA PROFISSIONAL
É a ética aplicada aos problemas específicos de cada uma das profissões.
Muitas vezes é apresentada sob a forma de um Código de Ética, contendo os direcionamentos adequados aos casos mais freqüentes.
NORMAS CORPORATIVAS
Conjunto de normas que uma corporação impõe a seus membros, tendo em vista a construção de uma imagem favorável da corporação perante o público.
Estas normas nem sempre estão de acordo com a ética.
LEIS – normas jurídicas
Normas escritas
Organizam a vida social
Cobradas pelo Estado ou pelos cidadãos
Cumprimento exigido sob penalidade.
MATRIZES MORAIS BRASILEIRAS
MORAL TRADICIONAL PATRIARCAL
Exemplo: Moral do senhor de engenho, do barão do café, dos coronéis e dos velhos proprietários rurais.
Origem: Nobreza feudal européia. Trazida ao Brasil com a colonização, no século XVI, vigente até hoje em muitas regiões do país.
Valores mais altos: honra, autoridade/lealdade, glória;
Família: O pai é o chefe de família, autoridade suprema, proprietário de todos os bens e detentor de todos os direitos. Esposa e filhos lhe devem submissão e respeito.
Casamento: vínculo sagrado indissolúvel. Decidido pelos pais dos noivos em nome de conveniência (“bom partido”, amizade, gratidão, honra, alianças políticas e econômicas, etc).
Dupla moral sexual: o rapaz tem iniciação sexual precoce, dispondo de escravas e moças pobres; a moça deve casar-se cedo e virgem; o marido dispõe de ampla liberdade sexual; a esposa deve fidelidade e submissão.
Negócios: realizados em nome de amizade, prestígio, honra. A palavra dada é garantia suficiente.
Trabalho: castigo ou pena, obrigação dos servos e sina do pobre; à “gente bem” cabe o comando, o trabalho degrada um fidalgo. Só o nascimento enobrece.
MATRIZES MORAIS BRASILEIRAS
MORAL BURGUESA
Exemplo: Moral das classes altas a partir dos anos 60; moral das novelas da Rede Globo ou dos filmes americanos.
Origem: burguesia européia. No Brasil, surge com a industrialização e com o avanço do capitalismo na economia no século XX.
Valores mais altos: riqueza (dinheiro), liberdade e sucesso [concebidos de forma individualista].
Família: pai tem autoridade, mas não é suprema nem incondicional; esposa redefine seus papéis [tendência de emancipação feminina]; filhos têm direitos que aos poucos passam a ser respeitados.
Casamento: contrato solúvel c/ cláusula de fidelidade; escolha em nome dos sentimentos.
Moral sexual: antes do casamento: liberdade sexual e declínio do valor da virgindade; depois do casamento: cláusula de fidelidade
Negócios: realizados em nome do lucro, apenas. Exigem garantias reais (bens).
Trabalho: fonte de riquezas e realização pessoal; “o trabalho enobrece”.
MORAL DA SOCIEDADE DE CONSUMO
O mercado capitalista tudo transforma em mercadoria e faz circular como mercadoria: trabalho, competência, conhecimento, cultura, valores, posição social, reconhecimento, etc.
“Tudo está à venda” e a forma de se adquirir algo é quase sempre comprando. Logo, trabalha-se para ter dinheiro e poder, com ele, consumir.
O consumo confere identidade, posição social e realização pessoal. Ilusão de que tudo pode ser comprado, incluindo amor, realização e felicidade.
Culto ao prazer: o prazer é o critério para avaliar uma tarefa, um relacionamento, uma aula, um emprego, a própria vida.
Paixões: vistas como inevitáveis e boas; o indivíduo deve se render a elas.
Desejos / sonhos: sempre bons; o indivíduo tem o direito de realizá-los.
Valores econômicos confundidos com valores éticos: competitividade, agressividade, individualismo, ambição por dinheiro e poder;
O mercado faz promessas que não cumpre: felicidade por meio do consumo; universalização do consumo; oportunidades para todos.
MATRIZES MORAIS DA SOCIEDADE BRASILEIRA
MORAL DOS PRINCÍPIOS
Princípios imutáveis de fundo religioso dão origem a normas permanentes e incontestáveis;
A virtude consiste em cumprir inflexivelmente as normas;
Moral própria de sociedades tradicionais.
MATRIZES MORAIS DA SOCIEDADE BRASILEIRA
MORAL DO OPORTUNISMO
Baseada no princípio de proveito do próprio grupo/família/indivíduo;
Princípios e normas são invocados e seguidos quando convenientes;
“Levar
vantagem em tudo” 
“O mundo é dos espertos” 
“O mundo se divide entre malandros e manés”.
MORAL CRISTÃ
Historicamente identificada com a moral dos princípios, mas confundida às vezes com a moral do oportunismo.
Historicamente confundida com a moral tradicional patriarcal. Na verdade, exige como valores mais altos o amor-caridade, confiança em Deus, misericórdia e outros valores que não se encontram situados no alto das escalas de valores, nem da moral tradicional, nem da moral burguesa.
VALORES
Valor é o que faz um ente desejável, objeto de uma tendência; sinônimo de bem, bondade, qualidade positiva.
Aplica-se às realidades que têm o caráter de bens (dimensão objetiva);
Valem com referência ao homem (d. subjetiva);
Bipolaridade: positivo X negativo;
Hierarquia:
Cada geração redispõe a hierarquia dos valores;
Os valores podem ser hierarquizados por si mesmos?
DIFERENTES TIPOS DE VALORES
Valores morais: bom/mau; justo/injusto; lícito/ilícito; reto/desviado; honesto/desonesto; respeitoso/desrespeitoso; solidário/indiferente; generoso/egoísta; coragem/covarde; puro/impuro;
Valores estéticos: belo/feio; confortável/desconfortável; saboroso/sem sabor
Valores lógicos: válido/inválido; verdadeiro/falso;
Valores úteis: capaz/incapaz; caro/barato;
Valores religiosos: sagrado/profano; divino/demoníaco.
QUESTÕES PARA DEBATE
Que valores deveriam estar em proeminência na sociedade contemporânea?
Que valores tem sido indevidamente menosprezados na sociedade contemporânea? Por quê?
Que valores deveriam ser abandonados ou menos valorizados?
Que valores deveríamos transmitir na escola e na família?
LIBERDADE
A liberdade humana é limitada;
Radica-se no livre-arbítrio: capacidade de escolha; mas exige ausência de coação; 
Supõe conhecimento e maturidade, mas se amplia por meio do conhecimento;
Obrigação da liberdade: condenados a ser livres;
Moralidade supõe liberdade;
Moralidade dá sentido à liberdade: cada determinação é uma autodeterminação; quem escolhe, escolhe por toda a humanidade.
RESPONSABILIDADE
Capacidade de responder pelos próprios atos: assumir autoria, consequências e oferecer justificativa.
Capacidade de agir com prudência, prevendo as consequências dos próprios atos.
Supõe a liberdade e o conhecimento dos valores.
Torna-nos passíveis de sanção.
DEVER
Obrigação moral considerada em si mesma e não em relação ao objeto.
Obrigação que ultrapassa a consciência individual; expresso como imperativo categórico: tu deves.
Qual é seu fundamento? Sociedade, natureza, razão, religião, compromisso livremente assumido?
SANÇÃO
Reposta ao comportamento da pessoa: castigo ou recompensa; pode vir de:
Consciência
Opinião pública;
Conseqüências naturais;
Sanções civis;
VIRTUDES 
Disposição estável para agir bem. 
Prudência: reta noção do que se deve fazer ou evitar, exigindo o conhecimento dos princípios gerais da moralidade e das contingências particulares da ação.
Justiça: disposição de dar a cada um o que é seu de acordo com a natureza, a igualdade ou a necessidade; respeitar todos os direitos e todos os deveres.
Fortaleza: firmeza interior contra tudo o que molesta a pessoa. 
Temperança: meio justo entre o excesso e a falta; medida e condição de toda virtude.
VÍCIOS PRINCIPAIS
Orgulho
Avareza
Gula
Luxúria
Inveja
Preguiça
Ira
AUTONOMIA E HETERONOMIA
Autonomia: capacidade de adotar regras próprias e de segui-las voluntária e coerentemente.
Comportamento adulto: ajo livremente por seguir as regras que eu mesmo estabeleci.
Heteronomia: aceitar e cumprir regras dadas por outra pessoa. 
Comportamento infantil: cumpro porque o outro está ordenando.
EXAME DO ATO MORAL (i)
Um ato pode ser:
Moral: quando é conforme às normas morais vigentes; Ex: um gesto solidário;
Imoral: quando viola a moral constituída; Ex: um assassinato;
Amoral: quando o agente despreza inconsciente ou deliberadamente toda a dimensão moral de seus atos; Ex: agir apenas em função do lucro, sem considerar o lado humano;
Não-moral: quando o ato não pertence ao campo da moral e deve ser julgado segundo outros critérios; Ex: nu artístico.
EXAME DO ATO MORAL (ii)
Para ter valor moral, um ato deve ser:
Voluntário: consciente e derivado da vontade livre (vontade não é o mesmo que desejo);
Responsável: agente assume autoria, conseqüências e oferece razões que justificam o ato;
Obrigatório: refere-se a um dever (compromisso livremente assumido).
ROTEIRO PARA O DISCERNIMENTO ÉTICO (M.Vidal)
Seqüência do raciocínio ético:
Descrição exata do problema: atendendo aos fatores que uma análise científica deve considerar;
Enquadramento do problema dentro do contexto da cultura atual;
Interpretação sistemática do problema: correlação de dados, explicação causal, etc;
Valoração ética como meta do processo.
Análise concreta de um problema ético:
O quê? É necessário conhecer aquilo sobre que se vai emitir a avaliação ética;
Por quê? Motivos, intenção do agente; o motivo dá um significado essencial e constitutivo à ação humana;
Como? Estilo da ação e meios empregados;
Quem? O sujeito é parte importante da realidade objetiva submetida a valoração;
Onde? Quando? Informações complementares.
CASOS PARA DEBATE
Bombardeio nuclear de Hiroshima
Índio queimado em Brasília
Royalties do Pré-Sal
CARRO GANHO PELA DOMÉSTICA
RESTAURANTE DA CÂMARA
No ano de 2005, o concessionário de um dos restaurantes da Câmara dos Deputados foi procurado pelo secretário da Câmara, que lhe ofereceu prorrogação de sua concessão mediante o pagamento de R$40.000,00 de propina. Sem alternativa melhor, o proprietário aceitou o trato e pagou a propina, visando lucrar mais com a prorrogação da concessão.  
Restaurante da Câmara
Quem agiu bem e quem agiu mal? Por quê? Quem ganhou e quem perdeu nessa transação?
GANHADORES DA LOTERIA EM LIMEIRA
RESPONSABILIDADE SOCIAL
RESPONSABILIDADE
Capacidade de responder pelos próprios atos: assumir autoria, consequências e oferecer justificativa.
Capacidade de agir com prudência, prevendo as consequências dos próprios atos.
Supõe a liberdade e o conhecimento dos valores.
Torna-nos passíveis de sanção.
RESPONSABILIDADE SOCIAL
Responsabilidade social empresarial é a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais que impulsionem o desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais. (Instituto Ethos) 
PRÁTICAS SOCIALMENTE RESPONSÁVEIS NA EMPRESA
Transparência com stakeholders; 
Práticas previsíveis; manual de condutas;
Explicitam seus valores éticos;
Ouvidoria independente;
Plano de carreira;
Desenvolvimento humano 
Utilização sustentável dos recursos naturais;
Prevenção de danos e distorções nas comunidades do entorno da empresa.
Incentivo a práticas culturais: artes, folclore, cultura popular, festas populares, culinária regional, criação popular de cinema, jogos, brincadeiras e esportes regionais e populares, 
práticas de participação política; 
estimulo ao desenvolvimento econômico/diversificação;
Estímulo ao desenvolvimento da educação.
Desenvolvimento de tecnologias sustentáveis
Política de Responsabilidade Social da empresa;
Plano de Ação;
Balanço social da empresa (diversos modelos; padrão contábil; investimentos no desenvolvimento humano, na comunidade, no meio ambiente).
Equívocos / Problemas
Responsabilidade social / Caridade
Responsabilidade social em substituição à ação própria do Estado;
Ações de responsabilidade social restritas ao marketing;
Cortina de fumaça: ocultar omissão/desvio do Estado; leis inadequadas; 
Tarefa: melhorar o Estado
Como distinguir a ação socialmente responsável da ação oportunista e autopromotora?
Divulgação com transparência; auditoria independente;
Presença das ações socialmente responsáveis no orçamento anual e no planejamento
estratégico;
Ações têm ligação com o ramo de atividade da empresa.
Superficialidade das ações: só o que produz imagens simpáticas.
DEBATE DO TEXTO
Responsabilidade social tornou-se dever, exigido pelo discurso politicamente correto;
Cumprido o dever legal, de onde vem a obrigação da responsabilidade social?
Impacto econômico, ambiental, social e cultural;
Devolver parte do que se recebe da sociedade;

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