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Vasculites Definição Vasculite é o nome dado a uma inflamação em vaso sanguíneos. Geralmente provoca danos ao revestimento do vaso, causando seu estreitamento ou obstrução, e assim limitando ou interrompendo o fluxo sangüíneo. Se não for tratada, poderá gerar isquemia e, conseqüentemente, possíveis danos ou até mesmo destruição dos tecidos abastecidos por esses vasos afetados. Histórico das vasculites 1837 Schönlein Púrpura de Henoch-Schönlein 1874 Henoch 1866 Kussmaul e Maier Poliarterite Nodosa 1903 Osler Lupus Eritematoso Sistêmico 1908 Takayasu Arterite de Takayasu 1936 Wegener Granulomatose de Wegener 1937 Behçet Síndrome de Behçet 1948 Davson Poliarterite microscópica 1948 Zeek Vasculites de hipersensibilidade 1951 Churg-Strauss Granulomatose alérgica Classificação American College of Rheumatology - Baseada no tamanho da vaso : pequeno, médio, grande Classificação das vasculites - Conferência de Consenso de Chapell-Hills, 1994 artéria renal artéria interlobar glomérulo artéria interlobular Aorta grande calibre médio calibre pequeno calibre arteríola artéria arqueada Patogênese A patogênese dos vasculites permanece pouco compreendida. O papel da resposta imune na injúria vascular varia em cada doença. 3 mecanismos: complexo imune anticorpos antineutrófilo citoplasmático (ANCA) respostas do T-linfócito e a formação do granuloma (mediada pelas células). Os efeitos resultantes no vaso sanguíneo são uma combinação de ataques imunes e resposta do endotélio. A deflagração (por exemplo, antígeno) por resposta inflamatória é desconhecida. ANCA ANCA – 1982 Mecanismo não esclarecido Hipótese: degranulaçao, ativação e apoptose de neutrófilos dano endotelial direto e indireto 2 tipos (IFI) : cANCA (PR3) Granulomatose de Wegener (GW) pANCA (MPO) Poliangite microscópica e Sd. de Churg-Strauss (possível em infecções, DII, vasculites por RAM) GW : até 90% sensibilidade PR3 e MPO são obtidos por imunoensaio enzimático Revisão Internacional da Nomenclatura da Conferência de Consenso de Chapell-Hills, 2012 artéria renal artéria interlobar glomérulo artéria interlobular Aorta grande calibre médio calibre pequeno calibre arteríola artéria arqueada Vasculite de pequenos vasos associadas ao ANCA - poliangeíte microscópica - granulomatose com poliangeíte (Wegener) - granulomatose eosinofílica com poliangeíte (Churg-Strauss) Vasculite de pequenos vasos ANCA-s - imunocomplexo-mediadas Vasculite crioglobulinêmica Vasculite da IgA (Henoch-Schonlein) Urticária-vasculite hipocomplementêmica (vasculite anti-C1q) - Doença anti-MB glomerular (Goodpasture) Arterite de Célula Gigante Granulomatose de grandes vasos. Idade > 50 anos Sintomas: Cefaléia, febre, língua/mandíbula (alt. mecânica), couro cabeludo, polimialgia reumática (40 – 50%), isquemia n. óptico e musc. extrínseca (ptose), aorta (27% - dissecção e ruptura) Exame clínico: Nódulos, pulso da art. temporal fraco ou ausente, lesões, PA assimétrica Laboratorial: anemia normocrômica e normocítica, trombocitose e VHS aumentada Bx art Temporal – inflamação granulomatosa da média e adventícia, aumento histiócitos e cel. Mononucleares, cel. gigantes e trombose luminar. Exames complementares: RNM, US, TC, arteriografia da art. temporal Tratamento: prednisona (40-60mg/d), metilprednisolona (1g por 3 dias), AAS (81mg/d) sem contra-indicação Arterite de Takayasu Granulomatose de grandes vasos (aorta, seus ramos e art. pulmonar) Mulheres jovens (principalmente etnia oriental) Sintomas: Cefaléia, tontura, claudicação, diplopia, dor torácica, ICC, derrame, ataque isquêmico transitório Exame Físico: HA, sopros, pulso fraco, PA assimétrica, regurgitação aórtica, vasos dolorosos Tratamento: Glicocorticóide, raramente metotrexate e revascularização Granulomatose com Poliangeites (G. de Wegener) Granulomatose necrotizante, afeta geralmente pequenos e médios vasos das VAS, VAI e rins. Entretanto é uma doença sistêmica e suas manifestações variam de acordo com o órgão afetado. 65 a 74 anos (média) Frequência 20/100.0000 Sintomas VAS : sinusite recorrente, epistaxe, congestão nasal, perfuração de septo nasal, deformação nasal, febre, polimialgia, poliartralgias, cefaleias, astenia intensa. VAS e/ou VAI : 90% procura por serviço de saúde. Estenose subglótica, anormalidades radiográficas como nódulos cavitários ou não, infiltrado alveolar difuso hemorrágico Renal : hematúria, proteinúria, IRA Rash cutâneo, arterite migratória, envolvimento ocular (esclerite, úlcera de córnea, artrite) Acomentimento do SNC Complicações: TEP (Trombo embolismo pulmuar), TVP (Trombo venosa profunda) Diagnóstico ANCA + (Anticorpo contra citoplasma de neutrofilos) Leucocitose, trombocitose, VHS e PCR elevadas, anemia normocítica, creatinina elevada. Bx (renal: focal, segmentar, necrotizante, glomerulonefrite) Tratamento: Glicorticóides (pulsos), ciclofosfamida, metotrexate , azatioprina, SMX-TMP, micofenolato mofetil e rituximabe. Poliangiite Microscópica Vasculite necrotizante de pequenos vasos caracterizada por poucos ou nenhum depósitos imunes. Mais comum em homens 50 anos (média) Afeta rins(79%), pulmões(12-29%), articulações(65-72%), trato gastrintestinal(32-58%) e nervos periféricos(14-36%). Tosse persistente com ou sem hemoptise Diagnóstico Baseado nos recursos clínicos compatíveis e achados histológicos na bx do tecido Laboratório: achados similares aos GP (GW) IFI e ELISA. Tratamento Grave (rim, pulmão, nervo): ciclofosfamida, prednisona, metotrexate, azatioprina, micofenolato mofetil e rituximabe, plasma ferese. Vasculite Cutânea Manifestação mais comum encontrada na prática clínica. Lesões aparecem como púrpura palpebral, pápulas necróticas, urticária, infarto cutâneo, vesículas hemorrágicas, eritema, lesões ulcerativas. Histologicamente: Inflamação de pequenos vasos da pele, geralmente com leucocitose (Leucocitoclasia). Causas: Idiopática, RAM (maioria), infecção, alergia, malignidade, doença do tecido conectivo ou vasculite sistêmica primária. Forma Idiopática: dx de exclusão, não requer tratamento específico, somente observação e elevação das pernas. Tratamento: Glicocorticóide, AINE, dapsone, colchicina, antihistamínicos, pentoxifilina Forma Grave: metotrexate e azatioprina Poliarterite Nodosa (PAN) Vasculite que afeta vasos de médio calibre Incidência 2-9/1 milhão/ ano Sintomas: Febre, perda de peso, mal-estar, suor noturno, HA, sintomas musculoesqueléticos, vasculites envolvendo nervos, trato gastrintestinal, pele, coração e vasos renais não glomerulares Diagnóstico Arteriografia do órgao envolvido (isquemia mesentérica e HA severa) Bx ( inflamação necrotizante envolvendo pequenas ou médias artérias, neutrófilos abundantes, alterações fibrinóides, rompimento da lâmina elástica interna Tratamento: Ciclofosfamida, glicocorticóides Doenças associadas: Hep B, C e HIV Vasculite Crioglobulinêmica Crioglobulinas são imunoglobulinas mono ou policlonais que precipitam em temperaturas menores que 37ºC e redissolvem com aquecimento, ocorrem numa varidedade de doenças incluindo neoplasias linfóides, infecções crônicas, inflamatórias e doenças autoimunes. Hep C principal causa Vasculite de pequenos vasos, causada pela deposição de imunocomplexos circulantes combinados com fatores locais e hemodinâmicos Tríade clínica: púrpura palpebral, poliartralgia e doença renal Manifestação renal: proteinúria, HAD, edema, IR, sd nefrítica Deposição glomerular de IgG, IgM e complemento (IFID) Tratamento Hep C : antiviral Grave (vasculite) : glicocorticóides, ciclofosdamida, azatioprina, troca de plasma( para remoção de imunocomplexos), rituximabe Doença de Kawasaki Vasculite aguda que afeta crianças Principal causa de doença cardíaca adquirida 80% podem ocorrer antes dos 5 anos h/m= 1,5 Febre aguda seguida por 1-3 dias de rash,hiperemia conjuntival, alterações da mucosa oral, enrijecimento muscular, descamação e adenopatia cervical Anormalidades da art. coronária. Envolvimento cardíaco é responsável pela morbi-mortalidade Exames: ecocardiograma, RNM, angiografia, TC (ultra fast), teste de estresse farmacológico, cineangiocoronariografia ou angiografia convencional Aneurismas aparecem em 1-4 sem após a febre e se desenvolvem em 15-25% das crianças não tratadas Tratamento: Ig intravenosa (aneurisma coronário), AAS, ciclofosdamida glicocorticóides, pentoxifilina, troca de plasma, ulinastatin, abcixinabe (grandes aneurismas) e infliximabe Púrpura de Henoch-Schölein Vasculite de pequenos vasos que afeta crianças e adolescentes Sintomas: Púrpuras, artrite, dor abdominal, sangramento gastrintestinal e nefrites Lesões bolhosas na pele, envolvimento testicular e obstrução intestinal (intussuscepção) Pode evoluir para insuficiência renal (2-5%) Reincidência nos primeiros 3 meses até 18 meses Diagnostico : Fundamentos clínicos com testes laboratoriais (típicos): VHS, PCR, MP aumentados. D. Autolimitada Tratamento: Glicocorticóides (diminuem edema tissular), arterites, desconforto abdominal, além de diminuir o risco de intussuscepção Em GN e IRC: Glicocorticóides + agente citotóxco (Azatioprina, Metotrexate) Vasculite Urticariforme Apresentação cutânea lembrando urticária e inflamação dos capilares cutâneos e vênulas na biópsia de pele Se apresentam como urticária subaguda Duração dos sintomas (>24hrs) ,cor violácea da lesão associada com dor em queimação que é mais frequente que o prurido e pigmentação residual após as lesões Afeta pele, TGI, músculo esquelético, renal, sistema pulmonar (DPOC) Diagnóstico Apresentação clínica e suporte laboratorial Bx de pele ( vasculite leucocitoclástica, Ig, complemento, deposição de fibrina na junção derme-epidermica e ao redor dos vasos sanguineos (IF) Classificação (baseada nos níveis de C3 e C4): Normocomplementêmica (idiopáticos) Hipocomplementêmica (LES) Valores de complemento devem ser monitorados A síndrome hipocomplementêmica é autoimune e envolve mais 6 meses de vasculite com baixos níveis de complemento na presença de achados sistêmicos (angioedema, DPOC, inflamação ocular e glomerulonefrites) Tratamento: Antihistamínicos, glicocorticóides, colchicina, dapsone, hidroxicloroquina, pentoxifilina, indometacina, azatioprina, ciclofosfamida, ciclosporina A, Ig intravenosa, troca plasmática e rituximabe Poliangeite Granulomatosa Eosinofílica - (Síndrome de Churg-Strauss) Rara, asma, febre, hipereosinofilia e vasculite sistêmica Prevalência 3/1 milhão Adultos (raro em crianças e adolescentes) Pode evoluir com rinite alérgica, asma, pneumonia, infiltrados pulmonares e eosinofilia persistente 3 fases: Prodômica (rinite alérgica e asma) eosinofilia periférica e tissular vasculite (visceral) Laboratorial: Eosinofilia > 1500, aumento de PCR e IgE, ANCA + (50%) Histológico: Infiltrado eosinofílico tecidual, granulomas extravasculares, vasculite necrotizante de pequenos vasos Tratamento: Prednisona, glicocorticóide, Ig intravenosa, metotrexate, INFα Envolvimento cardíaco é a principal causa de morte e sinal de mal prognóstico Vasculite necrotizante « ANCA positiva »rara Vasculite necrotizante de pequenos vasos Granulomas vasculares e/ou extravasculares Eosinofilia e infiltrado eosinofílico tecidual Necrotizing and granulomatous arteritis in the lung of a patient with Churg-Strauss syndrome. Granulomatous inflammation, vasculitis, and eosinophilia Another variant of this granulomatous inflammation associated with necrotizing vasculitis was described by Churg and Strauss and is now designed Churg-Strauss Syndrome. In these patients there was an associated asthma as well as peripheral eosinophilia, and sometimes their vasculitic and granulomatous process was preceded by a eosinophilic pneumonia or an eosinophilic enteritis. So, again, there was a subset of patients that initially were considered polyarteritis nodosa with asthma. Eventually the terminology evolved such that there was a more specific designation, Churg-Strauss Syndrome, for what appeared to be a clinically pathologic process distinct from usual polyarteritis nodosa Gênero: sem distinção Idade de apresentação da doença: média de 48 anos Prevalência: 10,7 – 13 por milhão/habitantes Incidência anual: 0,5 – 6,8 por milhão/habitantes Incidência anual: 0 a 97 por milhão/pacientes asmáticos Principais características Aspectos primordiais asma – 95% rinite – 70% Polipose nasal eosinofilia periférica > 1500 cel/mm3 e/ou 10% Órgãos e sistemas afetados pulmão – 40 a 70%, coração – 60% (> morbidade), gastrointestinal – 37 a 62%, pele – 35 a 75% sistema nervoso – 50 a 78% , rim – 16 a 49% A instalação da doença ocorre em 3 fases sequenciais - Fase prodrômica 2ª e 3ª décadas da vida asma rinite alérgica - Fase eosinofílica eosinofilia periférica eosinofilia tecidual - Fase vasculítica 3ª e 4ª décadas da vida granulomas vasculares e extra-vasculares sintomas constitucionais Manifestações cutâneas proeminentes na fase vasculítica - 35 a 75% dos casos Granulomas extravasculares de Churg-Strauss: Nódulos cutâneos e subcutâneos Necrose do colágeno com infiltrado granulomatoso *El 70% de los pacientes con la enfermedad de Churg-strauss desarrollan lesiones cutáneas en forma de nódulos cutáneos y subcutáneos, denominados granulomas extravasculares de Churg-Strauss. Caracterizados por áreas de necrosis del colágeno rodeados de infiltrado granulomatoso Critério diagnóstico Asma Eosinofilia >10% Mononeuropatia ou polineuropatia Infiltrados pulmonares migratórios/evanescentes Alterações de seios paranasais Biopsia com infiltrado eosinofílico extravascular Critério diagnóstico: > 4 Sensibilidade 85% e especificidade 99,7% Padrões de ANCA C-ANCA : 90% positivo padrão citoplasmático proteinase 3 lactoferrina Wegener P-ANCA: 40 a 60% positivo padrão perinuclear mieloperoxidase elastase poliarteríte microscópica Churg-Strauss Diagnóstico laboratorial Eosinofilia > 1.500 cel/mm3 ou > 10% P-ANCA: 40-60% Reações de fase aguda: inespecíficas CT de tórax Eosinofilia no BAL na presença de opacidades Biópsia tecidual: “gold standard” Diagnósticos diferenciais Doença respiratória exacerbada pela aspirina – DREA Pneumonia eosinofílica crônica (ausência de granulomas) Aspergilose broncopulmonar alérgica (acomete apenas vias aéreas) Síndrome hipereosinofílica (presença da mutação FIP1L1/PDGFRalfa) Wegener (C-ANCA) e poliangeíte microscópica(< eosinofilia) Tratamento Ausência de comprometimento sistêmico FFS = 0 - Sintomático: Asma e HAS - Inicial: Prednisona 0.5 a 1.0 mg/kg/dia. Em doses decrescentes Comprometimento sistêmico FFS = 1 - Inicial: Prednisona 0.5 a 1.0 mg/kg/dia ou metilprednisolona 1 g/dia por 3 dias - manutenção: prednisona em doses decrescentes de 12 a 18 meses Prednisona 10mg/dia ou menos (20% pacientes) Prednisona > 15mg/dia + azatioprina ou MTX 93% de remissão na ausência de comprometimento cardíaco ou de SN Comprometimento sistêmico grave FFS > 2 - inicial: ciclofosmanida VO diariamente ou IV (6 a 12 pulsos) Prednisona ou metilprednisolona - manutenção: prednisona em doses decrescentes Azatioprina ou MTX Controvérsia: antagonistas do receptor de leucotrieno Poupadores de corticosteroides - emergência da doença durante suspensão do corticosteroide - emergência da doença pré-existente Efeito pró-inflamatório? - Ação sobre neutrófilos, eosinófilos e mastócitos Efeito patogênico direto?
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