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ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA Julia Carolina L. Tessaro ATM 2021/2 B 2 Endocrinologia e Metabologia Julia Carolina L. Tessaro| ATM 2021/2 Sumário PRINCÍPIOS DA ENDOCRINOLOGIA ................................................................................................................................3 INTRODUÇÃO AO DIABETES ...........................................................................................................................................5 NEUROPATIA DIABÉTICA ...............................................................................................................................................8 DOENÇA CARDIOVASCULAR E DIABETES ...................................................................................................................... 11 COMPLICAÇÕES MICROVASCULARES ........................................................................................................................... 14 EMERGÊNCIAS EM DM: COMO TRATAR? ..................................................................................................................... 16 HIPOGLICEMIA ............................................................................................................................................................. 20 TRATAMENTO DO DM ................................................................................................................................................. 20 TRATAMENTO DO PRÉ-DIABETES ................................................................................................................................. 27 INSULINOTERAPIA NO DM2 ......................................................................................................................................... 28 3 Endocrinologia e Metabologia Julia Carolina L. Tessaro| ATM 2021/2 Princípios da Endocrinologia “A sinalização que coordena e controla a função e os múltiplos órgãos” Hormônios são liberados na corrente sanguínea e atuam em tecidos distantes, geralmente de forma regulatória. Essas substâncias são produzidas e/ou armazenadas pelas glândulas endócrinas: Além das glândulas endócrinas, há outros órgãos com secreção hormonal: TECIDO ADIPOSO: leptina, adiponectina, resistina, etc APARELHO JUSTAGLOMERULAR: renina CORAÇÃO: ANP ESTÔMAGO: grelina INTESTINO DELGADO: GLP1 Todos esses hormônios respondem a mecanismos de regulação hormonal, sendo eles: feedback, taxa de nutrientes circulantes e níveis de eletrólitos circulantes. O feedback é a resposta hormonal que passa pelo eixo “hipotálamo – hipófise – glândulas periféricas” 4 Endocrinologia e Metabologia Julia Carolina L. Tessaro| ATM 2021/2 A regulação pela taxa de nutrientes circulantes pode ser exemplificada pela secreção de insulina que acontece devido ao aumento dos níveis plasmáticos de glicose no período pós-prandial. Dessa forma, o pâncreas secreta a insulina para que a glicose seja absorvida pelas células e haja, novamente, um equilíbrio no seu nível sérico. Já os níveis de eletrólitos circulantes são o exemplo de regulação que sofre o paratormônio. Dependendo dos níveis séricos de Ca²+, a glândula paratireoide é estimulada ou inibida. O paciente endocrinológico: As doenças endócrinas seguem quatro padrões básicos: Excesso hormonal, falta hormonal, resposta alterada dos tecidos aos hormônios e tumores das glândulas endócrinas. Além disso, as alterações são quantitativas, ou seja, há um desvio quantitativo da normalidade, como exemplo no hipercortisolismo X insuficiência adrenal. Outra característica muito comum do paciente endocrinológico é que há a sobreposição de diversas doenças no mesmo paciente. Ex: obesidade + hipercortisolismo / hipertireoidismo em indivíduo magro e hipercinético. Sinais e sintomas: Hemianopsia bitemporal Acantose nigricans Atrofia muscular Exoftalmia Dermopatia Galactorréia Poliúria Polidipsía Estrias violáceas Obesidade centrípeta Amenorreia PRIMÁRIA: ausência de menarca até os 14 anos em meninas sem desenvolvimento puberal ou até os 16 anos independentemente de haver desenvolvimento sexual secundário SECUNDÁRIA: ausência de menstruação ≥ 3 meses consecutivos. Diminuição da Libido Alopecia Ginecomastia A avaliação laboratorial da função endócrina: A secreção hormonal glandular pode ter um padrão basal, pulsátil, variações cíclicas, variações diurnas ou até mesmo variações dependentes da idade. Esse fato é determinante na hora de escolher a forma de avaliação laboratorial da glândula. Testes dinâmicos: Estes testes, também conhecidos como provas funcionais, consistem em avaliações hormonais seriadas, em resposta a algum agente provocativo, seja hormonal, medicamentoso, alimentar ou físico. Ex: ACTH, insulina cortisol; Glicose insulina; GnRH FSH, LH. 5 Endocrinologia e Metabologia Julia Carolina L. Tessaro| ATM 2021/2 Exame de imagem: RNM PARA HIPÓFISE ECOGRAFIA PARA TIREOIDE RNM OU TC ABDOME COM WASHOUT PARA ADRENAL RNM PARA OVÁRIOS Pela grande incidência de “achalomas”, devemos antes fazer uma investigação clínica e laboratorial apurada e apenas depois utilizar exames de imagem. Muitas vezes os achalomas não são a causa da doença e, por isso, podem atrapalhar seu raciocínio e prejudicar o diagnóstico correto da patologia. Introdução ao Diabetes Epidemiologia: Há 425 milhões de pessoas, vivas, com diabetes no mundo, de acordo com a IDF. A prevalência aumenta com a idade. O brasil tem a quarta maior prevalência de diabetes do mundo. Aproximadamente 5 milhões de pessoas com idade entre 20 e 79 anos morreram por diabetes em 2015, o equivalente a um óbito a cada 6 segundos. Classificação: Diabetes tipo 1: Caracterizado pela deficiência “absoluta” na secreção de insulina. Em alguns casos, há uma pequena reserva de insulina, sendo mais fácil o manejo. Nos casos Ainsulinêmicos, o manejo é mais difícil pois perde-se o controle do glucagon também. Relação com processo auto-imune (90%). Tendência à cetoacidose. Geralmente, pacientes jovens não-obesos (pode ocorrer em qualquer idade). Sintomas clínicos exuberantes no diagnóstico. 6 Endocrinologia e Metabologia Julia Carolina L. Tessaro| ATM 2021/2 Sintomatologia típica: • Sede anormal e sensação de boca seca (polidipsia). • Aumento da frequência e volume urinário (poliúria). • Cansaço excessivo / falta de energia (fadiga e astenia). • Fome constante (polifagia). • Perda de peso súbita. • Atraso na cicatrização de feridas. • Infecções recorrentes. • Visão borrada: diferente da retinopatia, é causada pelo edema que a hiperglicemia causa na lente (cristalino) e não pelos danos à circulação da retina. Diabetes tipo 2: Fisiopatologia multifatorial Etiologia multifatorial: ambiente + genética Usualmente, adultos com sobrepeso / obesidade* *o grupo etário com maior crescimento na incidência de DM 2 é na faixa infanto-juvenil #Quanto mais pessoas com DM2 na família, maior a chance de desenvolver a doença. #ambiente intrauterino com excesso de glicose ou falta severa de nutrientes pode acarretar em DM2. #GLP1: responsável pelo efeito incretínico, que é o aumento da liberação de insulina na primeira fase. Quadro clínico típico: Usualmente assintomático / oligossintomático: diagnóstico por teste de rotina/screening.Sintomático: Sintomas típicos e sintomas relacionados às complicações crônicas RESISTÊNCIA INSULÍNICA acantose nígricans: 7 Endocrinologia e Metabologia Julia Carolina L. Tessaro| ATM 2021/2 Critérios diagnósticos para o diabetes: Rastreamento: Se glicemia normal: rastrear a cada 3 anos. Se glicemia alterada: realizar a segunda medida. A confirmação do diagnóstico de DM requer repetição dos exames alterados, idealmente o mesmo exame alterado em segunda amostra de sangue, na ausência de sintomas inequívocos de hiperglicemia.3 Pacientes com sintomas clássicos de hiperglicemia, tais como poliúria, polidipsia, polifagia e emagrecimento, devem ser submetidos à dosagem de glicemia ao acaso e independente do jejum, não havendo necessidade de confirmação por meio de segunda dosagem caso se verifique glicemia aleatória ≥ 200 mg/dL. 8 Endocrinologia e Metabologia Julia Carolina L. Tessaro| ATM 2021/2 Neuropatia diabética As neuropatias diabéticas (NDs) constituem as complicações crônicas mais prevalentes entre indivíduos com diabetes mellitus, afetando mais de 50% dos pacientes. Fatores de risco: O controle glicêmico é importante na prevenção e tratamento da neuropatia diabética. Segundo estudo do The Diabetes Control and Complications Research Group o controle glicêmico previne neuropatia diabética em diabéticos tipo 1. n = 1441 Follow-up médio 6,5 anos Múltiplas aplicações de insulina ou Bomba de insulina versus 1-2 aplicações de insulina Esse efeito protetor persiste por um longo período devido a memória metabólica. Apresentações clínicas e diagnóstico: A polineuroparia simétrica distal é a forma mais comum (75%) Primariamente sensorial Apresentação distal em membros inferiores, com ascendência proximal com o tempo Quando ultrapassa terço médio das pernas, pode afetar as mãos Envolvimento motor ocorre tardiamente naqueles com alterações sensoriais extensas Controle glicêmico Idade Altura Duração do diabetes 9 Endocrinologia e Metabologia Julia Carolina L. Tessaro| ATM 2021/2 “PSD é uma polineuropatia sensorimotora simétrica atribuível a alterações metabólicas e microvasculares como um resultado da exposição crônica à hiperglicemia (diabetes) e a covariáveis de risco cardiovascular” Consequencia de polineuropatia sensitiva: Pé de Charcot. Perda da sensibilidade protetora (LOPS) Alteração dos pontos de pressão plantar Microlesões cumulativas Deformidades Ulcerações Diagnóstico da neuropatia: Sintomas clínicos Testes sensoriais quantitativos Testes para Neuropatia autonômica Score de Michigan Quando encaminhar para neuro? Quanto for de componente predominante motor, tiver assimetria e rápida progressão. Diagnóstico diferencial: Hipotireoidismo, deficiência vitamínica, alcoolismo, paraproteinemias, neuropatias hereditárias... Considerar na avaliação inicial excluir condições comuns: 1) Hipotireoidismo: coleta de TSH 2) Paraproteinemias: eletroforese de proteínas plasmáticas 3) Deficiência de vitamina B12: dosagem de vitamina B12 4) Consumo abusivo de álcool 10 Endocrinologia e Metabologia Julia Carolina L. Tessaro| ATM 2021/2 Apresentação clínica da polineuropatia autonômica: Hipotensão postural Diminuição da variabilidade de frequência cardíaca Taquicardia de repouso Morte súbita (arritmias graves) Gastroparesia diabética (gastropatia) Enteropatia diabética (diarréia) Hipomotilidade colônica (constipação) Cistopatia diabética (bexiga neurogênica) Disfunção erétil Disfunção sexual feminina Melhor manejo: prevenção! 1) Controle glicêmico precoce - Melhor validado em diabetes tipo 1 - Menor magnitude de benefício em DM 2 (heterogeneidade) 2) Modificação de estilo de vida - Exercício (supervisionado aeróbico ou de resistência) - Padrões dietéticos saudáveis - Controle do peso corporal Manejo da dor neuropática: 1° escolha são anticonvulsivangtes como pregabalina e gabapentina (mas não tem no SUS). 2° escolha são os antidepressivos tricíclicos: amitriptilina, nortriptilina (tem pelo sus, mas ficar atento aos EA’s) Opioides: tramadol, também é uma opção. O risco de precipitação da neuropatia hipoglicemia é significativo quando a taxa de declínio da HBa1c acontece muito rapidamente. 11 Endocrinologia e Metabologia Julia Carolina L. Tessaro| ATM 2021/2 Doença Cardiovascular e Diabetes Acreditava-se que o risco de IAM em um diabético equivalia ao risco de IAM em pacientes sem diabetes, mas com infarto prévio. Essa hipótese era justificada fisiologicamente pelo fato de que havendo resistência insulínica já há processo de aterosclerose. Porém, em estudos mais recentes (2009), constatou-se que em pacientes dom DM2 o risco relativo de desfechos cardiovasculares foi 43% menor do que em pacientes sem DM2 com infarto prévio. Além disso, 80% dos diabéticos não têm doença coronariana. “Ter DM2 não significa ter alto risco cardiovascular!” Fatores de risco para doença cardiovascular no DM2: Idade: Homens acima de 35 anos e mulheres acima de 45 anos. Gênero: mulheres têm maior risco. HF de doença arterial prematura: em homens antes dos 55 anos e mulheres antes dos 65 anos. Tabagismo. Duração do diabetes: duração maior que 10 anos aumenta o risco. Diminuição da TFG e microalbuminúria: representam dano endotelial. NASH (esteato hepatite não alcoolica). Apneia do sono. Síndrome metabólica. Estratificando o risco: No paciente diabético, as calculadoras baseadas no ASCVD e em Framingham (escore de risco global) têm limitações. Por isso, a estratificação do risco cardiovascular baseia-se em: Fatores de estratificação: com qualquer um deles a pessoa já é alto risco. Idade > 49 anos para homens e > 56 anos para mulheres; Diabetes mellitus com duração superior a 10 anos; História familiar prematura de doença cardiovascular; Presença de síndrome metabólica (critérios da IDF); Hipertensão arterial sistêmica tratada ou não tratada; 12 Endocrinologia e Metabologia Julia Carolina L. Tessaro| ATM 2021/2 Tabagismo atual; Taxa de filtração glomerular estimada < 60 mL/min; Albuminúria > 30 mg/g de creatinina; Neuropatia autonômica cardiovascular; Retinopatia diabética. Pacientes com diabetes, assintomáticos, com evidência de aterosclerose subclínica detectada por meio dos marcadores biológicos referidos no Quadro 2, também são considerados de risco alto, independentemente da presença de fatores de estratificação. Pacientes que já apresentaram eventos vasculares, que foram submetidos a revascularização ou amputação não traumática de membros inferiores ou que tenham evidência de estenose arterial severa (> 50%) em qualquer território vascular são considerados de risco muito alto. Avaliação do perfil lipídico: Tratamento: À exceção dos pacientes de risco baixo, pacientes de maior risco devem iniciar o uso de estatinas o mais cedo possível, se o LDL-c estiver acima da meta correspondente. O tipo e a potência da estatina devem adaptar-se à necessidade de redução inicial. Sabe-se que a resposta às estatinas é heterogênea; por isso, o paciente deve ser avaliado a cada 3 meses para garantir a manutenção das metas. 13 Endocrinologia e Metabologia Julia Carolina L. Tessaro| ATM2021/2 Em pacientes com DM e risco cardiovascular muito alto, é recomendado reduzir o LDL-c para ≤ 50 mg/dL ou o não HDL-c para ≤ 80 mg/dL. Em pacientes de risco alto, é atingir e manter LDL-c abaixo de 70 mg/dL e/ou não HDL-c abaixo de 100 mg/Dl (quando os TG forem maiores que 300 mg/dL). 14 Endocrinologia e Metabologia Julia Carolina L. Tessaro| ATM 2021/2 Doença coronariana Silenciosa no diabetes: Pacientes com diabetes podem ter doença arterial coronariana (DAC) e não apresentar sintomas. Cerca de um em cada cinco apresenta isquemia silenciosa, já um em cada 15 sofre de isquemia grave, o que se verifica quando testes mais sensíveis, como cintilografia miocárdica ou ecocardiograma de estresse, são realizados. Boa anamnese. ECG anual em pacientes assintomáticos. O escore de CAC pode auxiliar na reclassificação de risco, indicando-se para investigação pacientes com maior risco para isquemia silenciosa. Raggi et al. avaliaram mais de 900 pacientes com diabetes e observaram que a presença de CAC > 1.000 indica mortalidade de 9% em 5 anos em comparação com 1,1% em pacientes com CAC < 10.17. Hipertensão no diabetes: A prevalência de hipertensão arterial entre adultos com diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é, em geral, de 50 a 75% em todo o mundo. O controle pressórico (em torno de 140/80 mmHg) resultou em redução de 24% de qualquer desfecho relacionado ao DM2, de 32% das mortes relacionadas ao diabetes. Meta pressórica: segundo a SBD, em vista dos resultados de estudos clínicos e revisões sistemáticas recentes, a diretriz optou por recomendar um alvo de PA inferior a 130/80 mmHg para pacientes diabéticos. Para pacientes com DAC, as metas (alvo) de PA devem estar em uma faixa de segurança mais restrita (< 130/80 mmHg, mas não < 120/70 mmHg). O tratamento com IECAs ou com bloqueadores dos receptores da angiotensina (BRAs) está indicado. Ao usar mais de um anti-hipertensivo para alcançar o alvo da PA em diabéticos, deve- se, preferencialmente, combinar um IECA ou um BRA com um bloqueador de canais de cálcio (BCC) di-hidropiridínico. Terapia anti-agregante: Pacientes diabéticos sem doença aterosclerótica clínica não devem receber terapia antiplaquetária para prevenção primária de eventos CV. Nos indivíduos diabéticos e sem doença aterosclerótica manifesta classificados na categoria de alto risco, com idade > 65 anos e baixo risco de sangramento, o AAS pode ser considerado individualmente para prevenção primária de doença cardiovascular. Complicações microvasculares Duração e magnitude da hiperglicemia são fatores prognósticos importantes. Retinopatia diabética: Considerada a maior causa de cegueira na população entre 16 e 64 anos; Encontrada em mais de 90% dos pacientes com DM tipo 1 e em 60% daqueles com DM tipo 2, após 20 anos de doença. 15 Endocrinologia e Metabologia Julia Carolina L. Tessaro| ATM 2021/2 Os principais sintomas são vistas embaçadas, perda de visão e distorção das imagens, entretanto os pacientes podem ser assintomáticos. Em pacientes com diabetes tipo 2, a avaliação oftalmológica deve ser realizada imediatamente após o diagnóstico. Naqueles com diabetes tipo I, recomenda-se começar as avaliações após 3 a 5 anos do início do diabetes ou depois do início da puberdade. Edema macular diabético: É a principal alteração responsável por perda irreversível de acuidade visual, tendo prevalência de 7%. A presença e o grau de edema macular diabético (EMD) não está relacionado com a RD nem o grau da RD. Tratamento: Deve-se otimizar o controle glicêmico para reduzir o risco e a progressão da RD. Deve-se otimizar o controle da hipertensão arterial (≤ 140 x 90 mmHg) e da dislipidemia para reduzir o risco e a progressão da RD De acordo com o estágio da doença: - Foto coagulação a laser - Farmacomodulação com antiangiogênico - Infusão intravítrea de medicamento anti-inflamatório - Implante intravítreo de polímero farmacológico de liberação controlada - Cirurgia vitreorretiniana Doença renal do diabetes: Associada a aumento da mortalidade, principalmente por doença cardiovascular; O aumento da albuminúria é importante fator de risco para eventos coronarianos e para desenvolvimento e progressão da DRD; O pico de incidência é usualmente encontrado entre 10 a 20 anos de doença. Eventos hemodinâmicos iniciais (hiperperfusão, hipertensão e hiperfiltração glomerular) vazamento glomerular de macromoléculas, principalmente de albumina espessamento da 16 Endocrinologia e Metabologia Julia Carolina L. Tessaro| ATM 2021/2 membrana basal glomerular, hipertrofia glomerular, expansão mesangial, lesão podocitária e glomerulosclerose; Estes fenômenos expressam-se clinicamente por albuminúria (inicialmente intermitente e pequena e, depois, crescente e persistente) e por diminuição da TFG. O rastreamento da DRD deve ser iniciado logo ao diagnóstico de DM nos pacientes com DM2 e após 5 anos do início nos casos de DM1. O rastreamento precisa ser anual e basear-se na medida da albuminúria (IAC ou albumina em amostra isolada de urina) e na estimativa da TFG. Todo teste anormal confirmado em duas de três amostras coletadas em um intervalo de 3 a 6 meses. Doença renal não relacionada com o diabetes, quando pensar? Início da proteinúria em pacientes nos quais o DM tem duração inferior a 5 anos, em especial no DM1; Início abrupto da proteinúria e rapidamente progressivo, não compatível com o curso clínico da DRD; Alterações no sedimento urinário, como cilindros hemáticos, leucocitários e acantócitos; Manifestações clínicas de outra doença sistêmica e ausência de retinopatia e de neuropatia em pacientes com DM1, visto que neles a retinopatia diabética precede o surgimento de DRD. Emergências em DM: Como tratar? Epidemiologia da cetoacidose diabética (CAD) e estado hiperglicêmico hiperosmolar (EHH): Incidência CAD: 4,6-8 episódios :1000 pacientes; EHH não se sabe a incidência; CAD mais frequente acima dos 65 anos; 34% dos casos de CAD é em DM2; CAD primeira manifestação do DM1 em ¼ dos pacientes; Hospitalizações por CAD aumentaram nos EUA, pois a bomba de insulina é associada à um risco maior de CAD; A mortalidade por crises de hiperglicêmicas vem caindo 0,2% aa; 17 Endocrinologia e Metabologia Julia Carolina L. Tessaro| ATM 2021/2 Desencadeantes da cetoacidose diabética: 1- Estresse médico ou cirúrgico maior (IVA, sepse, trauma); 2- Dose inadequada de insulina; 3- Primodiagnóstico; 4- Outros (educação limitada, falta de acesso ao tto, abandono do tto); Fisiopatologia e diagnóstico das síndromes hiperglicêmicas: Cetoacidose diabética tradicional: - Desidratação - Acidose metabólica - Cetonemia - Hiperglicemia EHH, o que há de diferente? Desenvolve-se, em geral, após um período de hiperglicemia sintomática no qual a ingestão de líquidos é inadequada para evitar a desidratação extrema decorrente da diurese osmótica induzida pela hiperglicemia. O fator precipitante pode ser uma infecção aguda coexistente, drogas que alterem o metabolismo de glicose (glicocorticoides) ou aumentem a perda de líquidos (diuréticos), não adesão a tratamento médico ou outras condições clínicas. Secreção residual de insulina evita a lipólise e CAD, mas há desidratação mais pronunciada por falha no acesso à agua e/ou idade avançada. Há hiperglicemia e hiperosmolaridade mais grave pois 20% sem diagnóstico prévio e há demorano reconhecimento do diagnóstico. Quadro clínico CAD: Vômito, dor abdominal, taquipnénia (kusmaul), taquicardia, sonolência, xerostomia, flush facial, hálito cetônico. 18 Endocrinologia e Metabologia Julia Carolina L. Tessaro| ATM 2021/2 Tratamento: #AÇÃO 1- Manutenção das vias respiratórias: em caso de vômitos, indicação de sonda nasogástrica; Exames a serem solicitados: Cetonemia, glicemia capilar, glicemia venosa, ureia, eletrólitos e creatinina, hemograma, cultural sangue/urina, QUE, ECG, Rx tórax (se indicado), monitorização cardíaca. #AÇÃO 2- Reposição de fluídos: Corrigir a hipotensão e restaurar a volemia Auxiliar a excreção de cetonas Corrigir os distúrbios eletrolíticos Cuidados especiais: gravidez, crianças, idosos, cardiopatas e nefropatas. #AÇÃO 3- Infusão de potássio: 19 Endocrinologia e Metabologia Julia Carolina L. Tessaro| ATM 2021/2 #AÇÃO 4- Infusão de insulina: Suprimir a cetogênese Reduzir a glicemia Corrigir os distúrbios eletrolíticos O que não fazer: bolus de insulina pois dá efeito rebote. Administrar bicarbonato EV. Dosar / Administrar fosfato. O que fazer: Infusão de glicose para manutenção da insulina e evitar hipoglicemias. • Diluir 50 U de insulina regular em 50ml de NaCl 0,9% • Infundir a 0,1 U/kg/hora* • Limite de Infusão: 15 U/hora • Obs: alternativa com injeções subcutâneas com resultados incertos Complicações potenciais: Edema cerebral Hipo/hipercalemia Edema pulmonar por sobrecarga de volume Tromboembolismo venoso Pessoa tem que voltar a comer assim que passar a náusea e o vômito! #2° a 6° hora: Monitorar a cada hora / a cada 2 horas: Glicemia, potássio, cetonemia Se parâmetros metabólicos de resposta não atingidos: Aumentar infusão de insulina em 1U/hora Se glicemia abaixo de 250mg/dl Iniciar infusão de glicose a 10% 125ml/hora Iniciar insulina basal a 0,25U/Kg/dia Da 6° à 12° hora: checar resolução da CAD. Cuidado #1: Não usar nível de bicarbonato para avaliação de resolução devido à acidose hiperclorêmica. Cuidado #2: Não usar cetonúria; persiste mais tempo durante resolução. Resolução do quadro não é baseada no nível de glicose, mas da ceto acidose (cetonemia e ph) Checar resolução da CAD (Negativação da cetonemia e pH >7,3), se resolvido transição para terapia subcutânea: • Calcular dose diária de insulina (0,5 – 0,7 U/Kg/dia) • Dividir 50% insulina basal : 50% insulina prandial • Definir escolha de insulina e regime de distribuição de doses • Manter infusão EV até 2 horas após primeira dose SC 20 Endocrinologia e Metabologia Julia Carolina L. Tessaro| ATM 2021/2 Hipoglicemia Glicemia inferior a 70, pode ser assintomática, despercebida, sintomática ou pseudo hipoglicemia. Hipoglicemia grave: precisa de ajuda de outra pessoa. Novas definições (2018): Nível 1- <70, suficientemente baixa para tratar com carbo de rápida absorção; Nível 2- <54, suficientemente baixa para indicar achados clínicos importantes; Nícel 3- causa dano cognitivo grave necessitando a assistência de terceiros. Recomendações: Glicose- 15 a 20g (copo de suco de fruta, copo de refrigerante, 1 colher de sopa de açúcar diluído em meio copo d’água, três balas de goma, três bolachas água e sal) para glicemia <70. Medir de novo a glicemia em 15 minutos, se não subir, repetir a conduta de 15 em 15 minutos até que suba. Glucagon injetável deve ser mantido em geladeira de pacientes que tem glicemia abaixo de 54 frequentemente, mas é caro e tem validade. Pacientes com hipoglicemia despercebida deve revisar a intensidade do tratamento do diabetes. Tratamento do DM 21 Endocrinologia e Metabologia Julia Carolina L. Tessaro| ATM 2021/2 Evolução do DM1: Nasce com 100% de células beta e à medida que o tempo passa ele perde essa massa de células beta devido a uma predisposição genética e fatores ambientais (introdução precoce do leite de vaca, algumas infecções virais, deficiência de vitamina D). Quando 80-90% das cel. Betas são perdidas, abre-se a clínica do DM1. Evolução do DM2: Resistência insulínica + obesidade + insuficiência na produção de insulina. Sarcopenía em idosos -> aumenta a resistência à insulina, pois diminui a massa magra e a captação de insulina pelos GLUT. Sedentarismo -> diminui a captação pelos GLUT. Começa com a resistência insulínica, associa-se com insuficiência das células beta ao passar do tempo. Diabetes gestacional: Se a mulher tiver células beta defeituosas, irá desenvolver o DMG, pois hormônios do segundo- terceiro trimestre de gestação (lactogênio placentário) fazem a mulher ser resistente a insulina, para que a insulina seja captada pelo feto e sirva para anabolizar o neném. Como ela não consegue produzir insulina a mais, fica com DMG. Isso serve de alerta para mulheres pois representa predisposição futura ao DM. Metas para glicemia: Tratamento DM tipo 2: Objetivos: educação, avaliar complicações micro e macro vasculares, restaurar normoglicemia e minimizar os fatores de risco cardiovasculares. Tto não farmacológico: As mudanças no estilo de vida – perda de 5% do peso corporal, já há benefício; Orientações dietéticas: dieta hipocalórica, carboidratos integrais, legumes, CHO de baixo índice glicêmico, <7% de gorduras saturadas e trans. Prática de atividade física – devem ser as primeiras ações realizadas e constantemente revisadas. 22 Endocrinologia e Metabologia Julia Carolina L. Tessaro| ATM 2021/2 A atividade física recomendada para os pacientes diabéticos consiste em 150 minutos por semana de exercícios de moderada intensidade (50-70% da frequência cardíaca máxima) distribuídos ao longo da semana (3 dias aeróbio e 2 de exercício resistido). Hb glicada baixa 0,73% com aeróbico e 0,57% com musculação. Anti-hiperglicemiantes: #Biguanidas- Metformina: Primeira escolha para resistência periférica. Melhora a sensibilidade à insulina. A redução glicêmica, provocada pela metformina, ocorre principalmente por suas ações no tecido hepático e muscular que apresentam efeito sensibilizador da insulina. No hepatócito, causa a inibição da gliconeogênese e da glicogenólise, assim como a estimulação da glicogênese, enquanto nos tecidos periféricos insulinodependentes, principalmente na musculatura esquelética, aumenta a captação de glicose provocando rápida redução da glicemia. Em contraste com secretagogos, a metformina não aumenta os níveis séricos de insulina e é bem menos passível de causar hipoglicemia, mesmo em doses consideráveis. No músculo a ativação da AMPK pela metformina promove a utilização de glicose, devido ao aumento da translocação do transportador GLUT4 para a membrana plasmática, e aumento do conteúdo de glicogênio nas células musculares. Além disso, ocorre diminuição da síntese e aumento da oxidação de ácidos graxos e lipólise. Reduz a produção hepática de glicose, absorção intestinal de glicose. Aumenta captação periférica de glicose. Modesta perda de peso. Reduz glicada de 1-2%. Benefícios: Experiência extensa com a droga; Redução relativamente maior da HbA1c; Diminuição de eventos cardiovasculares; Prevenção de DM2; Melhora do perfil lipídico; Diminuição do peso. EA: Desconforto abdominal, diarreia e náusea A apresentação de liberação prolongada (XR) causa menos efeitos gastrintestinais. Diminui absorção de B12. 23 Endocrinologiae Metabologia Julia Carolina L. Tessaro| ATM 2021/2 Início de ação dentro de poucos dias e efeito máximo em duas semanas. Excreção urinária. CI: TFG < 30 ml/min, gravidez, insuficiência hepática e acidose grave. Dose: 1000 – 2550 mg/dia. “Esse medicamento tem a vantagem, sobre as sulfonilureias, de reduzir igualmente a HbA1c, sem os riscos de hipoglicemia, e de contribuir para a diminuição do peso ou, pelo menos, para a sua manutenção. Além disso, favorece a redução dos níveis de LDL-c e de triglicérides e contribui para a normalização das alterações ovulatórias em meninas com SOP.” SBD 2017/2018 #Pioglitazona: Ela ativa os receptores nucleares intracelulares (PPAR-g, peroxisome proliferator activated receptor) que regulam a expressão de genes que afetam o metabolismo glicídico e lipídico, responsáveis pela captação de glicose mediada por insulina nos tecidos periféricos e pela diferenciação de pré-adipócitos em adipócitos, entre outros efeitos. As tiazolidinedionas aumentam a expressão dos transportadores de glicose (GLUT4), da lipoproteína lipase e reduzem a expressão da leptina e do fator de necrose tumoral (TNF-alfa). A pioglitazona pode alterar os níveis de drogas de metabolização pelas enzimas P45, diminuindo cerca de 30% os níveis de etinil-estradiol e noretindrona, devendo ser aumentada a dose de contraceptivos naquelas diabéticas que não desejam engravidar. Estimula PPAR gama, melhorando a sinalização e sensibilidade à insulina no tecido adiposo e muscular. Não causa hipoglicemia. Reduz glicada de 0,5-2% EA: modesto ganho de peso, edema, fratura (diferencia em tecido gorduroso ao invés de ósseo). CI: Insuficiência cardíaca classes III e IV, Insuficiência hepática (TGP > 2,5x), Gravidez. #Sulfoniluréias: glibenclamida, glimepirida, glicazida, glipizida. Tem ação secretagoga, aumentando a secreção de insulina pelas células Beta. É necessária a existência de certa capacidade secretora de insulina pelas células beta das ilhotas de Langerhans para que estes agentes sejam eficazes. Também facilitam a liberação de insulina dos grânulos armazenados nas células beta do pâncreas. Acredita-se que sua ação inicial é a de aumentar o influxo de cálcio para o citosol da célula beta, facilitando a passagem desse cátion através da membrana. O tratamento agudo resulta em secreção aumentada de insulina, mas a terapia crônica produz uma secreção mais rápida, pois aumenta a sensibilidade das células beta de tal forma que se obtém níveis normais ou quase normais de resposta insulínica com níveis glicêmicos mais baixos. Alguns estudos sugerem que elas aumentem o número de receptores de insulina e/ou tenham efeito pós-receptor, facilitando as ações da insulina. Aumenta a secreção de insulina; Aumenta peso corporal; Diminui HbA1c 1-2%; Hipoglicemia: depende do agente; Fornecido pelo SUS CI: TFG abaixo de 50 ml/min ou creatinina > 2mg/dl, exceto glicazida e glipizida. Incretinomiméticos: As principais incretinas, GLP-1 e GIP, são produzidas pelo intestino em resposta à ingestão de uma refeição, estimulam a secreção da insulina pelas células beta pancreáticas e suprimem a secreção do glucagon pelas células alfa pancreáticas, de forma dependente da glicemia. A atividade fisiológica de GLP-1 e GIP encontra-se diminuída nos doentes diabéticos. O fundamento 24 Endocrinologia e Metabologia Julia Carolina L. Tessaro| ATM 2021/2 das terapêuticas incretínicas tem como alvo combater este defeito fisiopatológico, aumentando a ação, nomeadamente do GLP-1, levando a uma consequente melhoria do controlo glicémico. O foco no GLP-1 centrou-se no seu efeito na célula β. O GLP-1 aumenta a insulino-secreção de um modo dependente da glucose, o que significa que a secreção da insulina é estimulada com níveis de hiperglicemia e ausente quando a glicemia se encontra a níveis abaixo da normoglicemia, daí resultando um baixo risco de hipoglicemia. #Análogos do GLP1: Exantinida, Liraglutida, Albiglutide, Lixisenatid Aumento do nível de GLP-1, com aumento da síntese e da secreção de insulina, além da redução de glucagon. Retardo do esvaziamento gástrico. Saciedade. Vantagens: Aumento da massa de células β em modelos animais; Redução do peso; Redução da pressão arterial sistólica; Rara hipoglicemia; Redução da variabilidade da glicose pós-prandial; Redução de eventos cardiovasculares e mortalidade em pacientes com DCV (liraglutida – LEADER). EA: Náusea, vômitos e diarreia (10-50%); Aumento da frequência cardíaca; Injetável. HbA1c: diminui 1% (0,5% em associação com outros medicamentos). - 2 a 4 kg. CI: TFG < 30 ml/min, HF para Ca de medula ou NEM2. #Inibidores DPP4 (SITA, VILDA, SAXA, linagliptina): A inibição da DPP-4, que habitualmente degrada o GLP-1 poucos minutos após a sua secreção, melhora a disfunção das células beta e alfa, presente na diabetes tipo 2. Esta inibição propicia, de forma dependente da glicose, a secreção de insulina e reduz a produção hepática de glicose pela supressão da secreção de glucagon. O GLP-1 contribui, assim também, para o controlo da glicemia em jejum. 25 Endocrinologia e Metabologia Julia Carolina L. Tessaro| ATM 2021/2 Aumenta secreção de insulina e diminui de glucagon (dependente de glicose). Peso: neutro. Hb1ac: 0,6%. Risco de hipoglicemia baixo. EA: infecção urinária e nasofaringe. CI: cefaleia crônica, IR e Insuficiência hepática. Inibidores do cotransporte sódio-glicose: SGLT-2 é uma proteína de membrana cotransportadora de sódio/glicose tipo 2 que está presente no TCP do rim. Essa proteína é responsável por reabsorver a glicose que é filtrada pelos rins antes que ela seja eliminada pela urina. Os inibidores do cotransporte bloqueiam o SGLT-2, reduzindo a reabsorção da glicose pelo rim, aumentando a excreção de glicose e reduzindo os níveis de açúcar no sangue. Faz excretar cerca de 50-90g de glicose por dia. #Inibidores SGLT-2 ( dapaglifozina, empaglifozina, canaglifozina): Peso: -2 a 3 kg. Hb1ac: diminui de 07, a 0,5 % comparado a placebo. EA: candidíase em ~10%, ITU, fraturas, hipotensão pela diurese. Risco de hipoglicemia baixa. CI: TFG < 60 ml/min (dapa) ou 45 ml/min (empa e cana). Redução de eventos cardiovasculares e mortalidade em pacientes com DCV (empagliflozina – EMPAREG). 26 Endocrinologia e Metabologia Julia Carolina L. Tessaro| ATM 2021/2 A escolha do medicamento deve levar em consideração: Estado geral, peso e idade do paciente; Comorbidades presentes (complicações do diabetes ou outras); Valores das glicemias de jejum e pós-prandial, bem como da HbA1c; Eficácia do medicamento; Risco de hipoglicemia; Possíveis interações com outros medicamentos, reações adversas e contraindicações; Custo do medicamento; Preferência do paciente. A1C < 9%? monoterapia com metformina. Reavaliar em 3 meses Se a meta de A1C for alcançada, reavaliar em 3-6 meses. Se não for alcançada, considerar terapia combinada. 27 Endocrinologia e Metabologia Julia Carolina L. Tessaro| ATM 2021/2 Tratamento do Pré-diabetes Pré diabetes tem progressão anual de 2-11% Metformina se mostrou superior ao placebo mas inferior à modificação do estilo de vida 28 Endocrinologia e Metabologia Julia Carolina L. Tessaro| ATM 2021/2 Resumindo:Insulinoterapia no DM2 Nossa produção de insulina endógena é de aproximadamente 40 UI diárias, com secreção basal (40 – 50%) e prandial (50 - 60%). A maioria dos pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (DM2) não utiliza insulina inicialmente após o diagnóstico. A frequência de uso da insulina no tratamento do DM2 aumenta progressivamente à medida que se prolonga o tempo de doença, devido à progressiva perda de função das células Beta. Quais as indicações para terapia insulínica? Hiperglicemia grave (A1c >10%, glicemia maior que 300 mg/dl, sintomas catabólicos) Glicada inicial > 9% Falha de mono, dupla e tripla terapia oral / injetável não insulínica No SUS, com Met e glibenclamida, conseguimos baixar no máximo 2-2,5% da glicada Internação hospitalar Gestação Contraindicações TFG <30 ml/min / falha de acesso a antidiabéticos orais 29 Endocrinologia e Metabologia Julia Carolina L. Tessaro| ATM 2021/2 Alguns pacientes iniciam tardiamente o tratamento insulínico em razão de várias barreiras; dentre elas, as mais importantes são a inércia terapêutica, por parte dos médicos, e a aversão ao ganho de peso e ao risco de hipoglicemia, por parte dos pacientes. A principal medida de aderência ao tratamento é o médico ensinando e mostrando como usar. Como iniciar a insulina no DM2? 1. Introduz-se uma dose de insulina basal, geralmente substituindo um mais dos secretagogos prescritos; Se for NPH 22h, inibe a produção hepática de glicose noturna, duração da ação 14h. Se Glargina de manhã menor risco de hipoglicemia. Detemir e Degludeca qqr hora. 2. Começar com 10 UI ou 0,1-o,2 UI/kg 3. Ajuste: paciente faz 2 glicoses em jejum por semana, calcula a média, se estiver acima de 130, aumentar 1-2 UI/ semana. Após 60- 90 dias, faz-se nova glicada. Se a glicada não estiver abaixo da meta, considerar terapias combinadas de insulina basal e prandial. Existem três opções: 1) basal plus: Esquema basal + uma injeção de insulina rápida (4 UI) na maior refeição do dia. 2) adicionar um análogo de GLP-1. 3) substituir por 2 de pré-mista: NPH + lispro, dividir a dose basal em 1/3 de manhã e 2/3 no almoço ou janta. 30 Endocrinologia e Metabologia Julia Carolina L. Tessaro| ATM 2021/2 Se, ainda assim, não controlar a glicada, considere: 1) Ao basal plus, adicionar para um total de 2 ou mais injeções de insulina rápida (mesmo tto do DM1), iniciar com 4UI ou 10% da basal/refeição. 2) Substituir por 3 pré-mistas (manhã 1/3, almoço 1/3, janta 1/3)
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