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Cadeia Produtiva da Carne Bovina

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Cadeia produtiva da carne bovina
Fabiano Alvim Barbosa
Médico Veterinário
Doutor Produção Animal
Professor Adjunto UnB
fabianoalvim@unb.br
 
Venício José Andrade
Médico Veterinário
PhD em Ciência Animal
Professor Titular- EV-UFMG
vejoan@gmail.com
 
 
 
RESUMO
 
A visão sistêmica do agronegócio da bovinocultura de corte permite conhecer
uma rede de relações existentes entre os agentes econômicos e não somente
a unidade de produção.
A eficiência dessa cadeia produtiva é dependente de todos os elos envolvidos
no processo. A crescente demanda mundial de commodities agropecuárias
decorrente da expansão econômica de países em crescimento tem
proporcionado estimativas de crescimento na demanda mundial de carne
bovina.
O Brasil tem alcançado ganhos em produtividade e qualidade na produção
bovina de corte, nas últimas décadas, com crescentes volumes físicos e
financeiros de exportação, consolidando sua hegemonia como maior
exportador mudial.
A exigência do mercado consumidor é cada vez maior, sendo necessário
adequar as normas e requisitos técnicos para que o Brasil mantenha sua
participação no mercado, sendo fundamental a gestão da atividade nos
aspectos técnicos, adiministrativos e financeiros, ambiental, social, controle de
qualidade, rastreabilidade, certificação de processos e produtos.
 
Palaras-chave: agronegócio, bovinos de corte, gestão, sistemas.
 
1 Introdução 
O aumento da eficiência produtiva é primordial para a lucratividade da pecuária
de corte, sendo que, as unidades de negócio devem ser entendidas e
manejadas dentro de um enfoque sistêmico, em busca da maximização de
lucros. Os sistemas de produção de gado de corte são complexos e
diversificados, não havendo fórmulas e nem recomendações únicas, que
possam ser largamente aplicadas para todas as condições do criatório
nacional. Portanto, cada produtor deve desenvolver seu sistema de produção,
combinando suas metas às condições ambientais e mercadológicas (3), aliado
às capacidades financeiras e aos recursos humanos, aliados à
responsabilidade social e ambiental.
 
O conhecimento da cadeia produtiva da pecuária bovina de corte torna-se
fundamental para o gestor da atividade conhecer as ameaças e oportunidades
no ambiente externo (fora da unidade de produção), bem como as forças e
fraquezas da sua unidade de negócio (ambiente interno) para que se possa
analisar e tomar decisões gerenciais para tornar a empresa mais competitiva
no mercado.
 
 
2 Objetivos
O objetivo geral dessa revisão será proporcionar o conhecimento do sistema de
produção interligado a toda cadeia produtiva de bovinos de corte no cenário
nacional e internacional, bem como descrever o histórico dos anos anteriores e
discutir as possíveis tendências do agronegócio da bovinocultura de corte
brasileira.
 
Como objetivos específicos a revisão abordará a cadeia produtiva de bovinos
de corte relacionada:
a) ao sistema de produção – histórico e evolução, custos e estratégias
gerenciais;
b) ao mercado nacional – preços de venda, volumes e fatores de demanda;
c) ao mercado internacional – preços de venda, volumes, importadores,
exportadores, barreiras de exportação e fatores de demanda;
d) às tendências da atividade no médio prazo.
 
3 Desenvolvimento
3.1 O agronegócio da bovinocultura de corte
A tradução do termo agribusiness, usado pelos americanos e recentemente
pelos brasileiros, significa negócio agrícola ou agronegócio. Esta expressão
ressalta as interrelações que existem entre o setor primário, as fazendas e os
outros setores da cadeia produtiva, como as indústrias de insumos, indústrias
alimentares ou de processamento, prestação de serviços, atacadistas,
consumidores, entre outros (5).
 
O conceito tradicional de economia primária (agropecuária), secundária
(indústria), terciária (serviços), como se fossem sem integração, está sendo
substituído por uma economia interligada, de que fazem parte o setor primário,
o setor à montante (insumos e bens de capital para o setor) e o à jusante
(armazenamento, transporte, processamento, transformação e distribuição), e
juntos caracterizam o agronegócio (17).
 
A visão sistêmica do agronegócio permite conhecer uma rede de relações
contratuais, de dominância, de liderança, pesquisa e desenvolvimento,
financiamento, assistência técnica, informações de mercado, logística, entre
outros, e, não somente num segmento da produção. A eficiência da cadeia
produtiva é dependente de todos os elos envolvidos no processo, portanto,
uma quebra ou ineficiência em algum segmento acarreta prejuízos para todos.
Pode-se citar o exemplo do embargo às exportações americanas de carne
bovina devido à “doença da vaca louca”, em que os Estados Unidos perderam
para o Brasil, sua posição de maiores exportadores mundiais de carne bovina
(8).
 
A análise fundamentada na noção de cadeia produtiva, ao descrever o fluxo da
produção de um bem, revela a possibilidade de existirem situações de mercado
típicas de concorrência imperfeita. Pode-se identificar, no interior de uma
cadeia, segmentos de mercado representando as relações comerciais que se
estabelecem entre o setor, a montante e agropecuário e entre este e o setor à
jusante (Fig. 1). As empresas que atuam nos setores; à montante e à jusante,
são poucas, organizadas em associações de interesses, e interagem com um
grupo amplo, heterogêneo e disperso de produtores. Essa situação limita a
capacidade de ações coletivas dos atores localizados na agropecuária (16).
 
Figura 1 – Os setores do agronegócio
 
Fonte: Reis, 2002 (17).
 
Esse cenário favorece a possibilidade para que as relações entre os setores, a
montante e agropecuário assumam características de oligopólio e as relações
entre a agropecuária e a jusante características de oligopsônio, isto é, pequeno
número de compradores que controlam o mercado e ditam o preço. Por
conseguinte, pelo menos teoricamente, os produtores rurais são os agentes
que dispõem de menores recursos para negociar seus interesses no interior de
uma cadeia, mesmo que essa negociação seja entendida como uma aliança
estratégica. Como um sistema agroindustrial não se interrompe no setor a
jusante, seria interessante observar que as relações que são estabelecidas
entre este e os consumidores podem assumir a configuração de um mercado
com traços de oligopólio, isto é, pequeno número de vendedores que controlam
a oferta do produto e seu preço (4). A cadeia da pecuária bovina de corte esta
ilustrada na Fig.2.
 
Figura 2 – Fluxograma da cadeia pecuária da bovinocultura de corte
 
 
Fonte: Reis, 2002 (17).
 
A economia brasileira tem passado por rápidas transformações nos últimos
anos. Nesse contexto, ganham espaço novas concepções, ações e atitudes,
em que produtividade, controle dos custos de produção e eficiência se impõem
como regras básicas de sobrevivência em um mercado cada vez mais
competitivo e globalizado. A conscientização dos pesquisadores, técnicos e
produtores rurais envolvidos nesse sistema, bem como o ajuste para esse novo
cenário, é primordial para a competitividade da atividade.
 
Nas análises da CEPEA-USP e CNA com relação ao agronegócio do Brasil, o
valor total do produto interno bruto (PIB) deste, em cada um dos seus
complexos é composto de: a) insumos; b) produção; c) processamento; e d)
distribuição e serviços. Com relação a esses quatros componentes tem-se que,
no complexo do agronegócio da pecuária, os percentuais de participação
registrados são 6,85%, 41,96%, 17,11% e 34,35%, respectivamente.
 
Especificamente para a pecuária, o setor produtivo possui a maior participação
no PIB (41,96%) (10). O PIB da agropecuária (produção) tem efeito
multiplicador nos demais setores da economia brasileira. Cada R$ 1,00 de
renda obtida na agropecuária gera R$ 2,40 nos setores de insumos,
processamento e serviços, o que representa uma multiplicação de renda de
140%.
 
Osdados anuais do PIB do agronegócio, da agricultura e da pecuária mostram
um crescimento acumulado expressivo, desde de 1999 até o ano de 2007. O
percentual de crescimento de 1999 para 2007 foi de 80,9, 81,34 e 109,6% para
a pecuária, agricultura e agronegócio, respectivamente. Entretanto, ao analisar
os dados a partir de 2004, a situação passa a ser de estabilização ou pequeno
crescimento para os setores da pecuária e agronegócio e de queda na
agricultura (Tab. 1).
 
Tabela 1 – Variação anual do PIB na pecuária, agricultura e agronegócio de
1999 a 2007 – bilhões de reais
 
Ano Pecuária Agricultura Agronegócio
1999 37,80 48,98 306,58
2000 40,51 45,49 306,88
2001 50,92 61,91 391,53
2002 53,07 72,72 424,32
2003 64,94 97,12 520,68
2004 65,22 95,43 533,98
2005 67,84 85,20 537,63
2006 65,10 84,52 539,59
2007 68,40 88,82 642,63
Fonte: CEPEA/USP, 2008 (9).
 
3.2 O agronegócio da bovinocultura de corte brasileira e o cenário
mundial
O Brasil possui o segundo maior rebanho bovino mundial, sendo o primeiro
rebanho comercial do mundo, já que a Índia, líder mundial em termos
numéricos, não explora economicamente seus animais. Com o maior rebanho
comercial do mundo, o Brasil é o maior exportador de carne em toneladas e em
faturamento, entretanto, ainda possui taxas produtivas (abate e produção de
bezerros, por exemplo) abaixo dos seus maiores concorrentes.
bezerros, por exemplo) abaixo dos seus maiores concorrentes.
Na última década, as produções bovinas dos Estados Unidos (E.U.A), da União
Européia (U.E.), da Austrália e da Índia ficaram praticamente estáveis, fato
acontecido também com o volume de exportação (Tab. 2).
O Brasil tem como manter sua hegemonia na exportação de carne bovina, por
ter vantagens com relação à expansão horizontal, isto é, crescimento em terras
não-exploradas, e expansão vertical, incremento da produtividade (melhora na
taxa de natalidade e de desmama, de abate e precocidade do rebanho) mas,
para isso, tem que melhorar os aspectos de segurança sanitária e certificação
de qualidade de origem (rastreabilidade) do rebanho, que podem colocar em
risco todo o resultado conquistado no mercado internacional.
Tabela 2 – Balanço da pecuária bovina mundial
 Brasil Índia China EstadosUnidos Austrália União Européia
Anos 2007 2008* 2007 2008* 2007 2008* 2007 2008* 2007 2008* 2007 2008*
Rebanho Bovino
– milhões de
cabeças
168 170 282 282 140 139 97 97 29 30 88 87
Abate – milhões
de cabeças 42 39 25 26 59 60 35 35 9 9 29 29
Produção de
carne – mil ton
Eq. Carcaça
7,8 7,3 2,5 2,7 7,5 7,7 12,1 12,2 2,2 2,1 8,2 8,1
Taxa de abate
(%) 23 23 9 9 42 43 36 37 31 29 33 33
Produção de
bezerros –
milhões de
cabeças
43,8 44,1 57,0 57,5 59,5 60,5 37,4 37,2 10,2 10,3 30,4 30,5
Exportações –
milhões ton Eq.
Carcaça
2,19 2,15 0,74 0,80 0,1 0,1 0,65 0,67 1,40 1,36 0,14 0,10
*2008 – previsões.
Fonte: Anualpec, 2008 (6).
 
A cada ano, o Brasil, consolida-se como fornecedor de produtos alimentícios
para o mundo, com destaque para produtos como a soja, o álcool, o café, o
suco de laranja, a celulose e as carnes. É o maior exportador de carne de aves
(41% do total exportado) e de bovinos (28% do total exportado) e o 4º maior de
carne suína (14% do total exportado).
 
Vários fatores contribuíram para esse aumento das exportações brasileiras de
carne bovina a partir do ano de 2001:
 
- Aspectos sanitários: o mal da vaca louca (encefalopatia espongiforme bovina
EEB) e a febre aftosa que ocorreram em outros países e abriram o mercado
mundial para o Brasil;
- Melhoria na qualidade e precocidade do rebanho brasileiro, em relação às
décadas anteriores;
- Maior demanda de alimentos pelos mercados emergentes: Rússia, Oriente
Médio, Europa Oriental;
- Baixo custo de produção do produto nacional em relação aos seus maiores
concorrentes: Austrália, Nova Zelândia, Canadá e Argentina.
As exportações do complexo da carne (bovina, suína e de aves) apresentaram
certa estabilidade em relação ao ano de 2005, embora o comportamento seja
diferenciado por segmento.
As exportações de carne bovina, em 2007, aumentaram 4,4% em relação ao
ano de 2006, ou seja, de 2,10 para 2,19 milhões de toneladas de equivalente
carcaça, com aumento do preço de venda em 10,3%, de 3,79 para 4,18 bilhões
de dólares (Tab.3).
Apesar dos efeitos negativos, no ano de 2005, ocasionados por problemas
Apesar dos efeitos negativos, no ano de 2005, ocasionados por problemas
sanitários, relacionados aos focos de febre aftosa no Brasil, o país manteve a
liderança mundial em exportação, tanto em quantidade, quanto em volume
financeiro, superando a Austrália.
As exportações brasileiras de carne industrializada apresentam um aumento
percentual e em quantidade menores do que a carne “in natura”. O mesmo
acontece com o preço desses produtos, onde o aumento do valor pago pela
carne “in natura” foi maior do que na carne industrializada (Tab. 3).
Tabela 3 – Exportações brasileiras de carne bovina
 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Industrializada 
Mil Tonelada de Equivalente
Carcaça
369 402 428 447 508 523
Milhões US$ FOB 299 338 447 524 654 694
“In natura “ 
Mil Tonelada de Equivalente
Carcaça
559 806 1.202 1.410 1.592 1.670
Milhões US$ FOB 776 1.154 1.963 2.419 3.134 3.486
Fonte: Anualpec, 2008 (6).
Conforme dados do Instituto FNP, entre 2006 a 2008, o consumo de carne
bovina (kg/habitante/ano) teve pequeno aumento na China, México e Rússia;
permaneceram estáveis na Austrália, Japão e Europa, e apresentaram queda
no Brasil, Canadá, Ucrânia e Estados Unidos (Tab. 4).
Tabela 4 – Consumo per capita mundial de carne – kg por pessoa/ano
 Carne bovina Carne total
 2006 2007 2008 2008*
Canadá 32,8 32,9 30,7 89,3
México 23,4 23,6 23,7 66,9
Estados Unidos 43,0 42,6 42,2 118,8
Brasil 35,9 30,5 27,9 83,7
União Européia 17,7 17,7 17,5 77,6
Rússia 16,6 16,9 17,5 57,7
Ucrânia 11,7 10,8 10,4 37,5
China 5,3 5,6 5,8 48,8
Japão 9,1 9,3 9,1 43,9
Austrália 36,9 36,4 36,5 93,8
* Inclui aves, suínos e bovinos. Ano de 2008 são previsões.
Fonte: Anualpec, 2008 (6).
 
Apesar da queda do consumo per capita, deve ser levado em consideração o
aumento populacional, e, conseqüentemente, o aumento da demanda total por
carne bovina no mercado mundial, visto que as importações totais nos
diferentes países tem aumentado (Tab.5).
 
Os dados de importações mundiais mostram uma tendência de estabilidade
com certas quedas em alguns países, mas aumento em outros. Os Estados
Unidos são os maiores importadores seguidos da Rússia e Japão (Tab. 5).
Tabela 5 – Importações mundiais de carne bovina – mil toneladas de
equivalente carcaça
 2003 2004 2005 2006 2007 2008
 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Estados Unidos 1.363 1.669 1.632 1.399 1.384 1.329
Rússia 720 730 978 939 1.030 1.130
Japão 851 647 686 678 686 650
União Européia 463 584 711 717 638 550
México 370 287 335 383 410 420
Coréia do Sul 444 218 250 298 308 310
Egito 93 114 221 291 300 300
Canadá 274 111 151 180 242 250
Chile 180 178 200 124 151 151
Total de importação incluindo outros
países
6.232 6.217 6.789 6.838 7.233 7.225
Fonte: Anualpec, 2008 (6).
O maior importador de carne bovina brasileira, em quantidade e valores
(dólares - US$), é a Rússia, sendo o Reino Unido o segundo em US$, mas o
terceiro em toneladas.
 
Devido aos embargos russos e chilenos, decorrentes dos surtos da febre aftosa
no Brasil, em 2005, ocorreu queda da quantidade importada por esses países
no primeiro semestre do ano; em compensação, os demais países aumentaram
suas importações. Outro aspecto que chama a atenção é a variação do preço
médio pago pela carne brasileira, que está relacionada ao tipo de carne
(industrializada, resfriada ou congelada) e ao mercado comprador.
Comparando o ano de 2005 com 2006, o preço médio da tonelada de carne
elevou, mesmo com o cenário desfavorável, relacionado aosurto de febre
aftosa e desvalorização do dólar em relação ao real (Tab. 6).
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tabela 6 – Volume de exportação de carne bovina brasileira para diferentes
países
 
 2005 – jan – dez 2006 – jan – dez
País Milhões US$ Toneladas US$/ t Milhões
US$
Toneladas US$/ t
Rússia 567 303.686 1.870,00 765 330.277 2.316,00
Reino
Unido
312 118.535 2.630,00 329 113.747 2.899,00
Egito 262 152.539 1.720,00 207 377.015 1.819,00
Holanda 215 50.616 4.240,00 304 62.623 4.858,00
Estados
Unidos
206 51.844 3.980,00 277 94.262 2.936,00
Itália 184 55.188 3.340,00 271 58.847 4.612,00
Chile 141 67.462 2.090,00 19 5.337 3.494,00
Fonte: ABIEC, 2006 (1) e 2007 (2).
Fonte: ABIEC, 2006 (1) e 2007 (2).
 
Os Estados Unidos e o Japão são grandes importadores mundiais de carne
bovina; entretanto, o Brasil, apesar de ser o maior exportador mundial, não
possui volumes expressivos de vendas para esses mercados, que necessitam
de carne com qualidade diferente daquela que é produzida em larga escala em
nosso país. O maior volume de vendas para o mercado americano é de carne
industrializada.
3.3 O agronegócio da bovinocultura de corte brasileira e o cenário
nacional
Em 2007 o maior rebanho bovino nacional estava localizado na região Centro-
oeste, seguida das regiões Sudeste, Norte, Nordeste e Sul (6) (Tab. 7). O
estado de Minas Gerais apresentava o maior rebanho com 20,33 milhões de
cabeças, seguido do estado do Mato Grosso com 18,72 milhões de cabeças,
Mato Grosso do Sul com 16,41 milhões de cabeças e Goiás com 16,68 milhões
de cabeças (6).
 
 
 
 
 
Tabela 7 – Rebanho bovino brasileiro por região – milhões de cabeças (M cab)
e percentual (%)
 2007)
 Milhões de cabeças %
Centro Oeste 51,276 30,61
Sudeste 33,552 20,03
Norte 32,265 19,26
Nordeste 26,504 15,82
Sul 23,925 14,28
TOTAL 167,524 100
Fonte: Adaptado de Anualpec, 2008 (6).
Na última década registrou-se grande crescimento do rebanho bovino das
regiões Norte (50%) e Nordeste (16%), e diminuição nas demais regiões do
país.
A taxa de abate aumenta anualmente em decorrência do uso de tecnologias
(nutrição, genética, manejo e sanidade) com aumento da produtividade. A
produção de carne, o consumo interno e as exportações (cerca de 30% do total
produzido) também aumentaram, apesar do consumo per capita estar
estabilizado com tendência de diminuição (Tab. 8). Esses dados poderiam
significar uma perspectiva de melhores preços para os pecuaristas a partir de
2004, mas que somente ocorreu no final do ano de 2007.
Tabela 8 – Balanço da pecuária bovina de corte
 2003 2004 2005 2006 2007 2008*
Rebanho bovino (milhões) 175,0 176,1 175,0 169,9 167,5 169,8
Taxa de abate total - % 22,2 23,3 25,3 27,7 25,1 22,9
Abate (milhões) 38,9 41,1 44,3 47,1 42,1 38,9
Taxa abate de matrizes - % 45,1 45,4 46,8 48,5 48,0 45,3
Produção Carne - mil ton. eq. carc. 7.159 7.576 8.151 8.600 7.783 7.328
Produção Carne - mil ton. eq. carc. 7.159 7.576 8.151 8.600 7.783 7.328
Consumo interno - mil ton. eq. Carc 6.009 6.089 5.994 6.525 5.615 5.207
Consumo per capita (kg eq. carc.) 34 34 33 35 31 28
Exportação - mil ton. eq. carc. 1.208 1.630 1.857 2.588 2.532 2.150
Importação - mil ton. eq. carc. 58 48 43 25 30 29
* 2008 – são estimativas
Fonte: Anualpec, 2008 (6).
Apesar do aumento do abate de fêmeas ao longo dos anos e da diminuição do
número total de animais, não se registrou diminuição acentuada do número de
bezerros produzidos anualmente. Por outro lado observa-se significativa
redução na oferta de bois de 3 a 4 anos, e acima de 4 anos (Tab. 9), em razão
da redução da idade de abate. Esses números demonstram melhora nos
índices zootécnicos brasileiros decorrentes da utilização das tecnologias nas
diversas áreas (nutrição, sanidade, genética, reprodução e gerencial).
Tabela 9 – Rebanho bovino brasileiro – efetivo por categoria animal (milhões de
animais)
 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Touros 2,13 2,15 2,19 2,24 2,30 2,34 2,33 2,30 2,26 2,24 2,12
Vacas 53,71 54,53 55,98 58,06 59,99 60,97 62,01 62,42 60,41 57,38 55,6
Novilhas 2 a 3 anos 12,25 11,94 12,27 12,84 12,37 12,97 13,34 13,81 12,96 12,32 13,17
Novilhas 1 a 2 anos 17,20 17,33 18,31 17,81 18,91 19,45 20,33 20,20 20,15 21,03 21,13
Bezerras 19,14 20,03 19,44 20,63 21,25 22,27 22,22 22,62 23,67 23,69 22,28
Bezerros 18,92 19,80 19,21 20,40 21,06 22,11 22,08 22,50 23,54 23,54 22,15
Novilhos 1 a 2 anos 15,31 15,29 15,70 15,10 15,87 16,23 16,79 16,51 16,59 17,61 17,86
Novilhos 2 a 3 anos 10,21 9,44 9,19 9,32 8,79 9,12 9,09 9,15 8,67 8,91 9,65
Bois 3 a 4 anos 3,80 3,74 3,39 3,31 3,17 3,00 2,96 2,78 2,64 2,67 2,89
Bois acima de 4 anos 1,10 0,99 0,94 0,81 0,78 0,71 0,62 0,57 0,49 0,49 0,55
TOTAL 153,8 155,3 156,6 160,5 164,5 169,2 171,8 172,9 171,4 169,9 167,5
Fonte: Anualpec, 2008 (6).
As análises econômicas da pecuária bovina de corte mostram que os custos
operacionais efetivos (COE) vem aumentando. Os componentes que mais
contribuiram para essa maior variação se relacionam ao ano analisado. De
uma maneira geral as maiores altas foram registradas para adubos,
suplemento mineral, máquinas e mão-de-obra (Tab.10).
Tabela 10 – Variação dos preços de alguns insumos da pecuária bovina de
corte
 Jan-Nov/04
%
Jan-Nov/05
%
Jan-Dez/06
%
Jan-Dez/07
%
Adubos em geral 20,99 - 8,36 1,62 30,30
Sementes de forrageiras 0,71 20,76 3,99 9,29
Suplemento mineral 13,54 5,50 1,04 12,75
Medicamentos em geral 7,92 3,09 2,02 15,83
Construções em geral 9,68 5,41 4,80 6,83
Máquinas e implementos
agrícolas
20,69 16,58 7,26 7,30
Compra de bezerros - 1,18 - 5,21 3,37 20,11
Mão de obra 8,33 15,37 16,67 9,26
Insumos para reprodução
animal
- 0,58 1,31 0,11
Fonte: CNA e CEPEA (2005, 2006, 2007, 2008) (11,12,13 e 14).
Os dados acumulados de janeiro a dezembro de 2007 mostram um aumento
Os dados acumulados de janeiro a dezembro de 2007 mostram um aumento
da arroba de boi gordo de 36,74% (média no Brasil). Já os COE aumentaram
em média 11,02% (Tab. 11). A variação dos custos e do preço da arroba foram
diferentes em função dos anos e dos estados.
Ao se analisar a situação nos anos de 2004 a 2006, de uma maneira geral,
ocorreu queda dos preços da arroba e aumento dos custos de produção,
significando que este aumento do custo está sendo retirado da margem de
lucro do produtor que já era muito estreita em 2004. Portanto, essa redução do
lucro dificulta o crescimento da atividade, e em alguns casos, podem não cobrir
as despesas de depreciação comprometendo o investimento em reformas de
pastagens, benfeitorias e maquinários.
Ao se analisar o primeiro semestre de 2008 (jan-jun), os COE já subiram em
média 26,92% e a arroba bovina 25,93%, demonstrando que os ganhos na
venda da arroba estão sendo comprometidos com o aumento dos custos de
produção (Tab. 11).
Tabela 11 – Variação acumulada de janeiro a dezembro de 2007 e de janeiro a
junho de 2008 dos custos operacionais efetivos (COE) e arroba de boi gordo.
 
 2007 (jan-dez) 2008 (jan-jun)
Estados COE - % @ - % COE - % @ - %
Goiás 12,40 38,38 26,23 19,46
Minas Gerais 10,77 33,55 14,12 21,15
Mato Grosso 10,32 37,66 29,86 35,91
Mato Grosso do Sul 10,98 36,15 24,98 30,27
Pará 10,50 46,61 33,76 21,98
São Paulo 17,66 38,13 28,07 24,65
Brasil 11,02 36,74 26,92 25,93
Fonte: CNA e CEPEA (2007, 2008) (13 e 14).
 
Além da perda de rentabilidade, ocorreu também queda da valorização
patrimonial do rebanho, visto que os preços médios da arroba, do bezerro e da
vaca acumulam queda nos anos de 2005 e 2006, com recuperação dos preços
em 2007 (Tab. 12).
Tabela 12 – Variação dos preços médio de vaca, bezerro e arroba à prazo em
São Paulo
 Média de 2005 – R$ Média de 2006 – R$ Média de 2007 – R$
Vaca – cabeça 535,00 507,00 537,00
Bezerro – cabeça 336,00 339,00 474,00
Arroba Boi Gordo 56,00 53,90 61,70Arroba Vaca Gorda 49,40 49,90 56,10
Fonte: Anualpec, 2008 (6).
O mercado futuro do boi gordo (BM&F) projeta o preço acima de R$
98,00/arroba para out/09 e nov/09 (data base de 08/10/08), época,
normalmente, de pico de preço. Assim, o mercado futuro sinaliza para uma
realidade de preços próxima ao do ano de 2008, caracterizando um cenário de
melhores preços com maiores possibilidades de aumento da rentabilidade
quando comparado aos anos de 2005 e 2006.
3.4 Tendências e perspectivas da bovinocultura de corte brasileira
A demanda mundial de carne bovina tem crescimento estimado entre 300-400
mil toneladas por ano, sendo prevista uma evolução de 7,7 milhões de
toneladas negociadas, em 2007, para 10 milhões, em 2017 (15).
toneladas negociadas, em 2007, para 10 milhões, em 2017 (15).
Esse aumento estimado da demanda está relacionado ao crescimento
econômico dos países asiáticos e da Europa Oriental, que possuem cerca da
metade da população mundial (acima de 3 bilhões de habitantes). O
crescimento econômico traz melhoria do padrão de vida da população e
aumento da demanda por commodities agropecuárias e metálicas.
A exportação de carne bovina, bem como, os preços em dólares totais e por
tonelada de equivalente carcaça vem aumentando ao longo da década. Apesar
dos efeitos negativos ocasionados por problemas sanitários relacionados à
febre aftosa, no ano de 2005, e da diminuição da exportação para a Europa, no
início do ano de 2008, pelo não cumprimento das normativas de rastreabilidade
(SISBOV), o Brasil mantém a liderança mundial em exportação tanto em
quantidade, quanto em volume financeiro.
O cenário mundial do mercado da carne bovina está preocupado com o
crescimento contínuo das exportações brasileiras. Os produtores europeus,
contando com o apoio da imprensa local e de organizações não-
governamentais (ONGs) estão fazendo propagandas negativas dos produtos
originados do agronegócio brasileiro, sob alegação de serem oriundos de
sistemas de produção com degradação ambiental e trabalho escravo
prejudicando a imagem dos produtos brasileiros (8).
 
O mercado mundial está à procura de produtos produzidos de acordo com os
conceitos de manejo ambiental correto, bem-estar animal, certificação de
origem, responsabilidade social, sendo essas, portanto, as novas barreiras
comerciais. Normas de boas práticas de manejo e de produção, gestão
ambiental, normativas como a ISO 22.000, que aborda exclusivamente a
segurança alimentar, serão a nova tônica de produção de alimentos no mundo.
 
A implantação de medidas de controle, combate e/ou erradicação de doenças
como EEB, febre aftosa, brucelose, tuberculose terão de ser efetivas e
imediatas, para que não se tornem um problema político e econômico para a
exportação da carne bovina brasileira.
 
O mercado mundial tem observado crescimento da participação da carne de
frango na alimentação da população, inclusive na brasileira. Alguns fatores
contribuem para essa tendência, como os listados abaixo:
 
1) Preço do kg de frango inteiro ser mais barato que dos cortes bovinos e o
consumo reprimido da população por carne bovina;
2) Oscilação de preços da carne bovina é maior que a de aves, de forma
que a população tende a cortar de seu cardápio aquela carne de preço
mais alto, dando preferência à carne mais barata (frango), e
incoorporando-a a sua alimentação;
3) A rapidez de preparo das refeições, devido à mudança de hábito
alimentar (fast food, comidas semi-prontas, congeladas etc.), é favorável
às carnes de aves, dada a sua praticidade e variedades de produtos;
4) A troca da carne vermelha pela carne branca por “acreditarem” ser mais
saudável;
5) A padronização de produtos e escala de fornecimento constante das
carnes de aves levam vantagem em relação à carne bovina.
a) Gerenciais
A falta de controle gerenciais faz com que os pecuaristas baseiem-se em
apenas um ou poucos parâmetros para tomar a decisão de vender os animais.
Além das "regras" de preços, algumas vezes as decisões são tomadas em
função de situações contingenciais. Alguns produtores vendem quando
necessitam de capital de giro, enquanto outros o fazem quando não têm mais
como manter os animais no pasto. A carência de controles gerenciais tem
levado os pecuaristas ao uso de regras de decisão muitas vezes inadequadas
no sentido de maximizar seus lucros. Isso mostra que de nada adiantaria a
no sentido de maximizar seus lucros. Isso mostra que de nada adiantaria a
adoção de tecnologia moderna, caso os mesmos cuidados não fossem
tomados sob a ótica gerencial (16).
O uso de tecnologias para aumento da produtividade (ganhos em escala),
conseqüentemente redução dos custos unitários e aumento da rentabilidade é
primordial para a pecuária bovina de corte moderna. Quando o preço de venda
passa a ficar próximo dos custos de produção, essa rentabilidade cai,
diminuindo a sustentabilidade da atividade primária no médio prazo, com
diminuição dos investimentos e maiores abates de fêmeas para manter o fluxo
de caixa positivo no negócio.
As medidas estruturais e de investimentos devem ser priorizadas para
aumentar a rentabilidade da agropecuária brasileira. Como medidas podem
ser citadas:
 
1) Administração da fazenda como empresa rural, de maneira eficiente, com
o objetivo de utilizar integral, permanente e, racionalmente, todos os
recursos nela disponíveis;
2) Controle de custos de produção para análise de pontos críticos e
tomadas de decisões na gestão estratégica da empresa rural;
3) Priorizar a introdução de insumos intelectuais dentro das propriedades:
consultorias, treinamentos, qualificação e bonificação de mão-de-obra;
4) Aumento da produção na mesma área (verticalização), incrementando o
uso da terra, de máquinas, animais, mão-de-obra, com conseqüente
aumento da escala de produção e redução dos custos fixos unitários e
aumento da rentabilidade do sistema.
Estudos da Watson Wyatt Worldwide - empresa americana de consultoria em
recursos humanos - com mais de 1.500 organizações em todo o mundo e, em
diferentes setores da economia, mostram que as empresas que tiveram
melhores retornos econômicos foram aquelas que investiram no seu capital
humano, proporcionando treinamentos, melhores condições operacionais e de
ambiente de trabalho, participação nas decisões e no lucro da empresa (7).
b) Rebanho e pastagens
De acordo com as informações do Instituto FNP (6), o maior abate de matrizes
nos anos de 2003 a 2006, decorrente de baixos preços do bezerro, aumento
dos custos de produção e necessidade de receitas na propriedade,
proporcionou uma queda dos preços dos animais e da arroba (maior oferta no
mercado) e redução do rebanho brasileiro. No final de 2007 e em 2008, o ciclo
pecuário bovino se inverteu, com maior retenção de matrizes, menor oferta de
boi gordo e alta do preço da arroba. As estimativas do Instituto FNP são de um
pequeno aumento no rebanho, de 7,7% até o ano de 2017, passando dos
atuais 170 milhões de cabeças, para 183 milhões de cabeças em 2017.
A estratificação das categorias no rebanho está mudando, com uma maior
participação das fêmeas em relação aos machos, devido à redução da idade
de abate desses animais em 9 meses (de 44 para 35 meses de idade), nesta
última década. Além disso, houve um aumento das taxas de prenhez de 4,2
pontos percentuais (de 66,6 para 70,8%).
O crescimento do rebanho será, futuramente, fundamentado em ganhos de
produtividade, uma vez quse se estima uma redução de 16,7 milhões de
hectares de pastagens degradadas (nativas e artificiais) para utlização como
áreas de lavouras. Dessa forma, os atuais 170 milhões de animais criados em
190 milhões de hectares de pastagens (0,9 cabeça/hectare), serão convertidos
em 173 milhões de animais que deverão ser criados em 174 milhões de
hectares de pastagens (1,05 cabeças/hectare) em 2.017.
c) Mercado
Como mencionado anteriormente, o consumo de carne bovina, per capita,
tendea diminuir, principalmente se não forem realizadas pesquisas e
esclarecimentos sobre a qualidade da carne bovina para a saúde humana.
esclarecimentos sobre a qualidade da carne bovina para a saúde humana.
Além disso, os fornecedores da matéria prima no mercado devem perceber a
mudança do hábito alimentar dos consumidores e buscar alternativas de
preparo de pratos mais práticos com a carne bovina.
As exportações brasileiras devem continuar aumentando, em virtude do
aumento de consumo de carne bovina em países onde a demanda estava
reprimida, principalmente, por causa do aumento do poder aquisitivo (países
asiáticos, por exemplo).
Cabe aos empresários ligados aos setores da carne bovina, juntamente com os
representantes políticos brasileiros, buscarem mercados externos de maior
valor agregado. É fundamental existir harmonia entre os setores primários
(oferecer produtos com qualidade, certificada e com escala), setor de
processamento (pagar de forma justa a qualidade) e setor de exportação
(buscar informações da necessidade do mercado internacional) (8).
Pesquisas de consumo realizadas em supermercados paulistas indicam que os
consumidores estão dispostos a pagar até 20% a mais por um produto com
certificação de origem, responsabilidade social e ambiental, desde que tenham
oferta constante.
Dessa forma, a busca por marcas, associações de produtores de carne bovina
e alianças mercadológicas têm conseguido seu espaço nos mercados interno e
externo, com diferencial de preço por arrobas, principalmente para carnes
produzidas pelos machos e fêmeas precoces. 
d) Tecnologias
O uso das tecnologias (nutricional, sanidade, genética, reprodutiva e gerencial)
foi e será responsável pelo aumento da produtividade brasileira, que poderá
ainda ser grandemente melhorada. A sua implantação deve ser realizada de
acordo com cada situação, com a época do ano, o nível tecnológico atual,
particularidades regionais, capacidade gerencial e de investimento, sistema de
produção (cria, recria ou engorda) e preços dos diversos fatores de produção
(insumos, mão-de-obra, terras, animais, arroba etc.).
Nos últimos anos, em razão dos aumentos nos preços dos insumos, tais como
adubos, sementes para pastagens, suplementos minerais, medicamentos e
mão-de-obra; aliado aos menores preços de vendas dos produtos, os impactos
em aumentos de rentabilidade nos sistemas não se verificaram como
 esperado, principalmente nas regiões de terras mais caras (Sudeste) e nos
sistemas de cria, devido a menor produção de arrobas por hectare quando
comparado com os sistemas de recria e engorda ou de ciclo completo.
Como a atividade é de longo prazo, não pode ser tomada uma decisão
decorrente de três ou quatro anos, sendo necessário um período maior para as
devidas análises. Apesar do aumento constante de preços dos insumos, o
preço da arroba de carne recuperou seu valor e voltou a subir atingido um novo
patamar.
Esperam-se, em função de tais ocorrências, maiores rentabilidades para a
atividade, entre 7 a 18% ao ano, desde que não ocorra queda dos preços de
venda. As medidas para aumento de produtividade isoladas não conseguem
surtir efeito na rentabilidade do sistema de produção, quando os preços de
venda ficam baixos, passando a comprometer novos investimentos a médio
prazo dentro da atividade.
e) Sanidade
O cenário da comercialização de carnes foi alterado pelas experiências
negativas que ocorreram, principalmente, relacionadas aos surtos de
encefalopatia espongiforme bovina (EEB), febre aftosa e resíduos de
substâncias (dioxina, nitrofen, hormônios) nos alimentos. Além disso, as
enfermidades causam problemas relacionados à queda de produtividade no
rebanho, aumento dos custos de produção, implicações na saúde humana e
problemas comerciais dentro e fora do país.
problemas comerciais dentro e fora do país.
 
No ano de 2003, a EEB, na América do Norte e Europa, e a febre aftosa, nos
países da América do Sul, ajudaram o Brasil a conquistar novos mercados
internacionais; entretanto, no ano de 2005, a mesma febre aftosa comprometeu
os resultados de exportação brasileira (barreira sanitária e política) e modificou
os preços da arroba de carne bovina no Brasil. O preço da arroba de boi gordo
de Minas Gerais e Goiás chegou a ficar acima do preço verificado em São
Paulo que é, normalmente, o preço mais elevado do país. Esse fato mostra
que um problema, relacionado à negligência sanitária do país, pode trazer
séries conseqüências internas e externas no cenário econômico e político.
 
Atualmente, além da febre aftosa existem programas oficiais específicos para o
controle e erradicação da brucelose e tuberculose em propriedades rurais. Não
somente as doenças de bovinos, mas também as doenças de suínos e aves
podem prejudicar as exportações de carne bovina, haja vista o que aconteceu
com o embargo russo da carne de bovinos e suínos por causa da febre aftosa
em bovinos em 2005.
 
A União Européia questiona a rastreabilidade dos animais quando existe a
presença de animais mortos nas pastagens, o que coloca em risco a situação
brasileira, pela falta de uma legislação ou menção ao destino a ser dado para
animais mortos nas fazendas. Assim, a preocupação do sistema de produção
deve ser encarada de maneira global e não somente em ações isoladas e de
curto prazo. 
f) Gestão da qualidade e certificação de processos
Questões como controle da qualidade, segurança alimentar, preservação
ambiental e responsabilidade social vêm adquirindo importância crescente em
todas as atividades realizadas pelo homem. No setor agropecuário, nota-se a
crescente cobrança dos órgãos públicos; ONGs, consumidores, e da própria
sociedade, para que as propriedades rurais e os processadores de alimentos
desenvolvam atividades ambientalmente corretas e forneçam produtos seguros
para o consumo em diferentes mercados mundiais.
As barreiras não-tarifárias, impostas pelos países importadores, têm forçado os
países produtores a seguirem as rígidas normas fitossanitárias e os limites
máximos de contaminação dos produtos vegetais e animais por agrotóxicos e
outros químicos. Portanto, os países produtores têm de provar que atendem a
tais normas e requisitos através de certificações.
A cadeia produtiva de alimentos deve fazer uso mais eficiente dos seus
insumos, de forma integrada, desenvolvendo processos e produtos mais
seguros, gerenciando os recursos naturais e humanos de forma responsável
para garantir a segurança alimentar do produto final. Essas práticas se tornam
viáveis a partir da aplicação dos requisitos de normas e padrões nacionais e
internacionais e da certificação.
Com isso, surgem outros agentes nessa cadeia produtiva de alimentos: as
entidades normalizadoras, existentes em vários países, e que podem ser
governamentais ou não. Uma das principais normas que regulamenta o setor
produtivo de alimentos in natura para exportação no Brasil é o Protocolo
EurepGap.
O protocolo EurepGap descreve os requisitos essenciais, de acordo com as
BPA (GAP em inglês - Boas Práticas de Agricultura), os padrões globais de
segurança do alimento – HACCP (Análise de Perigos e Pontos Críticos de
Controle), preservação do meio ambiente, saúde e segurança dos funcionários,
além do bem-estar dos animais.
Os objetivos das entidades normalizadoras envolvem os seguintes padrões:
1) Segurança Alimentar: são baseados nos critérios de segurança alimentar e
derivados da aplicação dos princípios genéricos do HACCP.
derivados da aplicação dos princípios genéricos do HACCP.
2) Proteção do Meio Ambiente: consistem nas boas práticas agrícolas de
proteção ao ambiente, designadas para minimizar os impactos negativos da
produção agrícola em relação ao meio ambiente.
3) Bem-Estar, Segurança e Saúde Ocupacional: estabelecem um nível de
saúde ocupacional e critérios de segurança nas fazendas, bem como a
conscientização e responsabilidade social.
4) Bem-Estar Animal: estabelecemum nível global dos critérios de bem-estar
animal nas propriedades rurais, buscando uma relação ótima entre
produtividade, conforto animal e menor risco aos empregados que lidam
diretamente com os animais. Esses critérios são relacionados às mudanças
operacionais do manejo com o rebanho, modificações e manejo de instalações,
entre outros.
As normas EurepGap além de outras existentes (Qualiagro, Programa
Embrapa Carne de Qualidade, Qualex etc.) atendem ainda às necessidades
do consumidor europeu e americano, atualmente muito exigentes, com maior
necessidade de alimentos seguros, conhecimento da origem desses alimentos
e produtos com qualidades sanitárias garantidas. Dessa forma, esse sistema
de certificação, envolve a segurança do alimento, saúde dos trabalhadores,
além da preservação do meio ambiente.
Somente por meio desses processos de certificação os produtos poderão
chegar nesse mercado que paga preços mais elevados pela segurança e
qualidade.
Os frigoríficos brasileiros de exportação pagam preço diferencial na arroba
bovina que podem variar de 2 a 10% no valor final, para propriedades que
possuem animais rastreados e certificados conforme requisitos pré-
estabelecidos.
4 Conclusão
O Brasil consolidou sua hegemonia no mercado de exportação de carne bovina
com perspectivas de manter esse quadro por longo período; entretanto, os
pecuaristas, governo, insituições públicas e privadas, e os técnicos atuantes
nas diferentes áreas da produção animal devem fazer a parte que cabe a cada
um para manter a qualidade sanitária e técnica que atenda à necessidade de
mercado. Além disso, tópicos como gestão gerencial, segurança alimentar,
comercialização, certificação de processos, rastrebailidade e marketing são
fundamentais para a continuidade do processo. 
 
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