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APONTAMENTOS DE DIREITO PENAL V art 235 a 295 CP

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APONTAMENTOS DE DIREITO PENAL V
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Prof. Rosa Maria Neves Abade
TÍTULO VII
DOS CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
CAPÍTULO I
DOS CRIMES CONTRA O CASAMENTO
 BIGAMIA
Art. 235. Contrair alguém, sendo casado, novo casamento:
Pena: reclusão, de dois a seis anos.
§ 1º. Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos.
§ 2º. Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia, considera-se inexistente o crime.
Suspensão condicional do processo: Cabe no § 1º (art. 89 da Lei nº 9.099/95).
Objeto jurídico: A organização da família.
Sujeito ativo: A pessoa casada que contrai novo matrimônio. Quanto à pessoa solteira, viúva ou divorciada, que se casa com pessoa sabe ser casada, é sujeito ativo do crime de bigamia, mas na figura mais branda do § 1º deste art. 235.
Sujeito passivo: O Estado, o cônjuge do primeiro matrimônio e o do segundo, se de boa fé.
Tipo objetivo: O crime consiste em contrair, ou seja, formalizar novas núpcias quando já se está casado. 
Segundo o Código Civil, não podem casar (art. 1.521): 
I – os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; 
II – os afins em linha reta; 
III – o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV – os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; 
V – o adotado com o filho do adotante; 
VI – as pessoas casadas; 
VII – o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. 
Caso, em qualquer das hipóteses, ciente do impedimento que gere a nulidade, a pessoa vier a se casar, o crime será o do art. 237 do CP (conhecimento prévio de impedimento), exceto na hipótese do inciso VI (as pessoas casadas), quando o crime será o do art. 235 (bigamia), por força do princípio da especialidade. 
Evidentemente, a poligamia também configura o delito em estudo – ou seja, a contração de três ou mais casamentos pela mesma pessoa. Nesta hipótese, no entanto, não haverá um único crime de bigamia, mas vários, em concurso (em continuidade delitiva, se atendidos os requisitos do art. 71 do CP, ou em concurso material, residualmente). É pressuposto (ou elementar) deste crime a existência formal e a vigência de anterior casamento. 
Se for anulado o primeiro matrimônio, por qualquer razão, ou o posterior, por motivo diverso da bigamia, considera-se inexistente o crime (§ 2º do art. 235 do CP). 
Tratando-se de casamento inexistente (pessoas do mesmo sexo ou sem consentimento de uma delas), não há crime. 
A pessoa separada judicialmente (“desquitada”) não pode contrair novo matrimônio enquanto não se divorciar. 
Observação: com a instituição do divórcio entre nós, a prática deste crime tornou-se rara.
União estável: não configurará o crime em hipótese alguma. Duas uniões estáveis, um casamento prévio e uma união estável posterior ou vice-versa. Não importa! A união estável jamais será relevante para o crime de bigamia. Somente ocorrerá o delito quando houver um casamento válido prévio. Por isso, trata-se de crime de forma vinculada, pois só pode ser praticado mediante a contração de segundo casamento, o qual depende do cumprimento de diversas formalidades legais. Da mesma forma, se o casamento religioso não observar o que dispõe os arts. 1.515 e 1.516 do CC, não haverá o que se falar em bigamia.
Tipo subjetivo: É o dolo.
Erro:  Como o dolo, no âmbito do crime de bigamia, deve necessariamente abranger a ciência da existência de impedimento para o matrimônio, o desconhecimento do agente acerca de tal circunstância caracteriza erro de tipo (CP, art. 20), acarretando a atipicidade do fato. Exemplo: Uma pessoa vem a se casar após ser enganada pelo seu advogado, que lhe cobra honorários sob o argumento de que prestou serviços correspondentes à decretação judicial do seu divórcio. Nesse exemplo, o agente incidiu em falsa percepção acerca de uma situação fática, nota marcante do erro de tipo, excludente do dolo. Vale destacar, porém, que a dúvida do agente no tocante ao seu estado civil configura o delito, a título de dolo eventual.(MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado, vol. 3). Assim, eventual erro do agente deve ser aferido de acordo com CP, art. 20 (erro de tipo) ou 21 (erro de proibição).
Consumação: No momento e lugar em que se efetiva o casamento (crime instantâneo de efeitos permanentes).
Tentativa: É duvidosa a admissibilidade, entendendo os que A aceitam que ela começa com os atos de celebração. O processo de habitação não pode ser considerado início de execução.
Pena: Reclusão de dois a seis anos.
Ação penal: Pública incondicionada.
Prescrição: A contagem do lapso prescricional da pretensão punitiva estatal nos delitos de bigamia e falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, enquanto não transitada em julgado o decisum condenatório, inicia-se na data em que o fato se tornou conhecido, ex vi do artigo 111, inciso IV, do Código Penal. (TJSP, Ap. Crim. n. 0001177-98.2007.8.26.0116, Rel. Des. Silmar Fernandes. J. 8.9.2013).
Casamento realizado no exterior: O fato de não ter a apelante homologado o seu casamento firmado em solo americano no Brasil não retirou a sua condição de pessoa casada, levando-a a cometer o crime de bigamia quando contraiu as novas núpcias. A própria omissão da recorrente em relação ao primeiro casamento, quando efetuou os trâmites do segundo matrimônio, demonstra a sua condição dolosa, situação que afasta a hipótese de erro de tipo. Não tivesse o intuito doloso a acusada poderia ter se certificado junto ao Cartório de Ipatinga acerca da validade de seu primeiro casamento, evitando-se, assim, a ocorrência do crime. (Ap Crim. 2167812-11.2011.8.13.0313, 31.8.2016).
Bigamia privilegiada: Casamento de pessoa não casada com a outra casada (§ 1º)
Noção: Em figura destacada, o CP incrimina a conduta de quem, não sendo casado (isto é, sendo solteiro, viúvo, divorciado), contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância.
Tipo subjetivo: Em face da expressão usada (“conhecendo”), requer-se o dolo direto, não bastando o eventual.
Pena: É alternativa a pena privativa de liberdade: reclusão ou detenção, de um a três anos.
Tipo objetivo: Nos termos do § 1º, aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos. Trata-se de exceção à teoria monista, regra do art. 29 do CP, pois a pessoa casada responderá pelo crime do caput, embora ambos tenham buscado o mesmo resultado, em concurso de pessoas. Ademais, como o § 1º fala em conhecendo essa circunstância, exige-se o dolo direto, não sendo possível a prática do delito quando a pessoa age com dolo eventual.
Causa de exclusão da tipicidade: no § 2º, temos duas situações diversas de exclusão da tipicidade: a) se o primeiro casamento for anulado, por qualquer motivo; b) se o segundo casamento for anulado, desde que a anulação não se dê em virtude da própria bigamia. O dispositivo é aplicável tanto às causas de anulação quanto às de nulidade (arts. 1.521, 1.548 e 1.550 do CC). Entrementes, atenção: enquanto não ocorrer a anulação ou a declaração de nulidade, o agente poderá ser processado pela prática do delito.
Classificação doutrinária: crime simples (ofensa somente a um bem jurídico), próprio (só pode ser praticado por pessoas casadas), material (exige resultado naturalístico para a sua consumação), de dano (causa lesão ao casamento), de forma vinculada (o meio de execução está agregado ao que determina a lei civil), comissivo (exige uma ação), instantâneo de efeitos permanentes (consuma-se no momento em que homologado o casamento, mas seus efeitos se arrastam no tempo), plurissubjetivo(exige a presença de duas pessoas) e plurissubsistente (a execução pode ser fracionada).
INDUZIMENTO A ERRO ESSENCIAL E OCULTAÇÃO DE IMPEDIMENTO
Art.236. Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja anterior:
Pena: detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único: A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.
Objeto jurídico: A regular formação da família.
Sujeito ativo: O cônjuge induziu em erro ou ocultou impedimento.
Sujeito passivo: O Estado e o cônjuge enganado.
Tipo objetivo: O crime consiste em contrair novo casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou lhe ocultando impedimento que não seja casamento anterior (se o impedimento for casamento anterior, o crime será o de bigamia, do art. 235). Como o CP não conceitua erro essencial, tampouco elenca as causas de impedimento, deve o intérprete da lei buscar a complementação no Código Civil (portanto, norma penal em branco homogênea): Obviamente, para que o cônjuge-vítima seja induzido, ele deve desconhecer o defeito do cônjuge agente e se por este induzido em erro essencial. A modalidade de induzir exige ação positiva, não bastando a simples omissão ou inação. b) ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior. Como ocultar, entende-se esconder, disfarçar, encobrir. Na opinião dominante dos autores, a ocultação deve ser comissiva, não se tipificando o comportamento de quem simplesmente se omite a declarar o impedimento. Também nesta modalidade, mister se faz que o outro cônjuge seja enganado.
Impedimentos:
Art. 1.521. Não podem casar:
I – os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II – os afins em linha reta;
III – o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV – os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V – o adotado com o filho do adotante;
VI – as pessoas casadas;
VII – o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
Erro essencial:
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:
I – o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;
II – a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal;
III – a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável, ou de moléstia grave e transmissível, pelo contágio ou herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência;
IV – a ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que, por sua natureza, torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado.
Ação penal: é a única hipótese, em toda a legislação penal, de ação penal privada personalíssima. Ou seja, somente o ofendido pode ajuizar a ação penal. Caso ocorra o seu falecimento, o direito de queixa não será transmitido. Não é possível a nomeação de curador especial ao incapaz ou o início da ação penal pelo seu representante legal.
Condição de procedibilidade, prescrição e decadência: a ação penal só poderá ser ajuizada depois de transitada em julgado a sentença que anulou ou declarou nulo o casamento. Portanto, o prazo decadencial só correrá a partir desse momento, e não do dia em que se descobre a autoria do delito (regra para a contagem do prazo decadencial). Da mesma forma, o prazo prescricional da pretensão punitiva também só passa a correr da anulação do casamento. Ademais, como já comentado, somente o contraente enganado poderá ajuizar a queixa-crime. Há, por fim, quem sustente que a sentença civil não é somente condição de procedibilidade, mas, sim, condição objetiva de punibilidade.
Tipo subjetivo: É o dolo.
Consumação: No momento e lugar em que se realiza o casamento. Trata-se de crime material ou causal:. Consuma-se com o casamento, que se aperfeiçoa no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados (CC, art. 1.514). Há, entretanto, entendimentos no sentido de tratar-se de crime formal, pois não se exigiria a efetiva dissolução do matrimônio por conta do erro ou do impedimento. Essa circunstância, em nossa opinião, constitui mero exaurimento. (MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado, volume 3). Por se tratar de crime condicionado à anulação ou declaração de nulidade do casamento, não é possível a tentativa.
Tentativa: É juridicamente inadmissível, em razão da condição de procedibilidade inserta no parágrafo único.
Pena: detenção, de seis meses a dois anos.
Ação penal: É de iniciativa privada.
Classificação doutrinária: crime simples (ofensa somente a um bem jurídico), comum (pode ser praticado por qualquer pessoa), material (exige resultado naturalístico para a sua consumação), de dano (causa lesão à instituição familiar), de forma vinculada (o meio de execução está agregado ao que determina a lei civil), comissivo (exige uma ação), instantâneo de efeitos permanentes (consuma-se no momento em que homologado o casamento, mas seus efeitos se arrastam no tempo), unissubjetivo (pode ser praticado por uma única pessoa) e plurissubsistente (a execução pode ser fracionada).
CONHECIMENTO PRÉVIO DE IMPEDIMENTO
Art. 237. Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta.
Pena: detenção, de três meses a um ano.
Transação: Cabe (art. 76 da Lei nº 9.099/95).
Suspensão condicional do processo: Cabe (art. 89 da Lei nº 9.099/95).
Objeto jurídico: A formação da família.
Sujeito ativo: O cônjuge (ou ambos os cônjuges) que contrai matrimônio sabendo da existência de impedimento absoluto.
Sujeito passivo: O Estado e o cônjuge desconhecedor do impedimento.
Tipo objetivo: A conduta que se pune é “contrair” casamento. Para a incriminação, é suficiente que o agente se case conhecendo (sabendo) a existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta. 
A conduta consiste em contrair casamento ciente de que está impedido por lei. Como o CP não elenca as hipóteses de nulidade absoluta do casamento, deve o intérprete da legislação buscar a complementação no Código Civil (normal penal em branco homogênea):
Art. 1.521. Não podem casar:
I – os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II – os afins em linha reta;
III – o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV – os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V – o adotado com o filho do adotante;
VI – as pessoas casadas;
VII – o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
Portanto, aquele que, por exemplo, casa com um parente em linha reta, ciente do vínculo, pratica o crime do art. 237 do CP. No entanto, atenção: se a causa de impedimento for o casamento anterior (inc. VI), o crime será o de bigamia. Ademais, se houver o emprego de fraude, para induzir o consorte de boa-fé a errar, o delito será o do art. 236 (induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento). Se ambos os contraentes souberem do impedimento, serão coautores do crime. (CP, art. 29).
Tipo subjetivo: É o dolo
Consumação: 
Tentativa: Admite-se.
Pena: Detenção de três meses a um ano.
Ação penal: Pública incondicionada.
Diferença entre o artigo 237 e o artigo 236 do CP:
Art. 236 – Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior.
Art. 237 – Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta.
Este crimeé diferente do art. 236 do CP, pois não se exige da fraude, apenas o modo de agir omissivo do sujeito ativo, se houver impedimento que cause a nulidade absoluta do casamento. Mas, havendo omissão que cause nulidade relativa, daí dizer que se trataria como fato atípico, porém, se houver emprego de fraude neste caso, o sujeito ativo cometerá o crime de induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento, previsto no art. 236, do CP.. Este é crime subsidiário em relação ao delito do artigo 236 CP, pois enquanto neste o agente age fraudulentamente, a fim de enganar o outro nubente, no crime de conhecimento prévio de impedimento, o agente simplesmente não declara tal situação. 
Veja, a título de exemplo, a hipótese do inciso VII do art. 1.521 do CC, causa de nulidade do casamento: (não pode casar) o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. Caso o agente, ciente dessa situação, vier a casar com a viúva da vítima de homicídio, sem que ela saiba ser ele o autor do crime, em tese, dois delitos serão praticados: tanto o do art. 236 quanto o do art. 237. Contudo, como houve a intenção de enganar o contraente, prevalecerá o crime do art. 236, que tem penas mais altas. Entretanto, caso a viúva e o homicida, ambos cientes da situação, vierem a se casar, ambos praticarão o crime do art. 237. Portanto, a principal diferença entre os dois delitos é o emprego de fraude, existente somente no primeiro (art. 236). Exige-se, dessa forma, uma conduta comissiva do agente. Ademais, o art. 237 fala somente em causas de nulidade absoluta, redação não repetida no art. 236. Nas palavras de Cleber Masson, se igual comportamento fosse incriminado pelo art. 236 do Código Penal, não haveria razão legitimadora do art. 237 do Código Penal. E o principal argumento repousa na sanção penal cominada a cada um dos delitos. Com efeito, a pena mais grave do art. 236 somente se justifica em razão da fraude utilizada na execução do delito, revelando o caráter subsidiário do art. 237, que será aplicado nas hipóteses de silêncio do agente, ou seja, nas situações em que não houver fraude para a contração do casamento (Direito Penal Esquematizado, volume 3).
SIMULAÇÃO DE AUTORIDADE PARA CELEBRAÇÃO DE CASAMENTO
Art. 238 - Atribuir-se falsamente autoridade para celebração de casamento:
Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não constitui crime mais grave.
OBJETO JURÍDICO: é a regular formação da família, no tocante à ordem jurídica matrimonial.
SUJEITO ATIVO pode ser qualquer pessoa. 
SUJEITO PASSIVO é o Estado e os cônjuges enganados. 
TIPO OBJETIVO: é ATRIBUIR-SE FALSAMENTE (imputar-se, aclamar-se...com falsidade) AUTORIDADE PARA CELEBRAÇÃO DE CASAMENTO. Desta forma, o agente confere a si mesmo, de forma falsa, autoridade para celebrar casamento. Obviamente, o casamento a que se refere o tipo penal é aquele casamento legal, realizado nos moldes do art. 1514 do CC, mas por pessoa que não tinha autoridade para tal. A autoridade competente para celebrar um casamento, consoante as normas legais, é, em regra, o Juiz de Paz (vide art. 98, inc. II, da Constituição Federal). No entanto, em diversas Unidades de Federação no Brasil, o Juizado de Paz não está organizado, cabendo tal incumbência, consoante normatização de cada Estado, ao Juiz de Registro Civil, Juiz de Casamento ou mesmo ao Juiz de Direito com atribuição para tal.
TIPO SUBJETIVO : é o DOLO, consistente na vontade livre e consciente do agente em simular autoridade para celebrar casamento. Desta forma, somente haverá tipicidade na conduta se o objetivo do agente for enganar um ou mesmo os dois nubentes. Sendo a simulação tão somente uma brincadeira ou mesmo praticada numa situação que não possui o condão de gerar qualquer tipo de equívoco, a conduta será atípica. Da mesma forma, o agente deve ser a consciência que não tem competência para celebrar casamentos. Não é admitida a forma CULPOSA.
CONSUMAÇÃO: no momento em que agente pratica qualquer um dos atos relacionados à solenidade de celebração de casamento. Portanto, não se faz necessário que o agente venha a praticar todos os atos previstos na norma ou mesmo concluir a celebração. No momento em que pratica um só ato já consuma o tipo penal, uma vez que age investido na falsa autoridade para celebrar um matrimônio. 
TENTATIVA é possível. Basta visualizarmos a situação de nubentes e convidados prontos para início da cerimônia, o falsário diante de todos (mas sem ainda praticar qualquer ato), chegando a polícia no local e impedindo, por motivos alheios à sua vontade, que viesse a dar início à cerimônia.
Ação Penal é de Iniciativa Pública Incondicionada. A competência para processar e julgar, em regra, é da Justiça Estadual Comum, posto que não é considerado um delito de menor potencial ofensivo. No entanto, é possível, preenchidos os requisitos legais, a suspensão condicional do processo.
Crime subsidiário: Observe-se que a parte final do preceito cominatório (previsão da pena) estabelece que a pena abstrata e ressalva “se o fato não constituir crime mais grave”. Assim, trata-se de um tipo penal subsidiário. Havendo um outro enquadramento legal para a conduta típica descrita no art. 238 do CP, sendo ela mais grave, deverá prevalecer.
SIMULAÇÃO DE CASAMENTO
Art. 239 - Simular casamento mediante engano de outra pessoa:
Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não constitui elemento de crime 
mais grave.
BEM JURÍDICO TUTELADO é a disciplina jurídica do casamento.
SUJEITO ATIVO: QUALQUER PESSOA
SUJEITO PASSIVO é o Estado e a pessoa ludibriada ou seu representante.
TIPO OBJETIVO: é o SIMULAR (aparentar falsamente, fingir) CASAMENTO (no sentido legal, consoante o disposto no art. 1514 do CCv). Não basta, no entanto, a simples simulação do casamento, pois o tipo penal exige que tal simulação seja destinada a enganar uma outra pessoa. Assim, o agente, na verdade, encena uma farsa, colocando-se na figura de um dos contraentes e resultado no contraente de boa fé a convicção de que está realmente contraindo um matrimônio conforme a lei. Desta forma, é imprescindível para a caracterização do delito que o agente atue de forma a ludibriar o contraente de boa fé. Importante ressaltar que o tipo penal somente se configura se um dos nubentes for enganado. Portanto, a “outra pessoa” que desponta como elementar do tipo penal deve ser obrigatoriamente um dos nubentes. Se os dois nubentes participam da farsa, a conduta poderá ser atípica ou se amoldar em outro tipo penal, dependendo da intenção dos agentes da simulação (estelionato, por exemplo).
TIPO SUBJETIVO: é o DOLO, que consiste na vontade livre e consciente do agente em enganar o outro nubente, simulando um casamento. Não há previsão de modalidade CULPOSA.
CONSUMACAO no momento em que o agente pratica o primeiro ato relacionado à celebração do casamento, ainda que não conclua todo o procedimento. Assim, não é necessário que o casamento simulado venha a se concretizar, basta a prática de um só ato inerente à cerimônia de celebração. 
TENTATIVA é possível, muito embora existam julgados que indicam que, na hipótese da 
vítima descobrir a farsa, antes da prática de qualquer ato cerimonial, a conduta será 
atípica.
A Ação Penal é de Iniciativa Pública Incondicionada. A competência para processar e julgar, em regra, é da Justiça Estadual Comum.
CRIME SUBSIDIÁRIO: Observe-se que a parte final do preceito cominatório (previsão da pena) estabelece a pena abstrata e ressalva “se o fato não elemento de crime mais grave”. 
Assim, trata-se de um tipo penal subsidiário. Havendo um outro enquadramento legal para 
a conduta típica descrita no art. 239 do CP, sendo ela mais grave, deverá prevalecer. Logo, se a simulação tiver por fim obter vantagem indevida, estaremos diante de um crime de estelionato (art. 171 do CP). Se o agente, pretendendo manter relações sexuais com pessoa virgem, que já havia declaradoque somente cederia sexualmente após o casamento, simula o ato matrimonial com o intuito de obter praticar conjunção carnal, estaremos diante do tipo penal violação sexual mediante fraude (art. 215 do CP).
ADULTÉRIO (REVOGADO PELA LEI 11.106/05)
Hoje adultério é apenas ilícito civil.
Art. 240. Cometer adultério:
Pena: detenção, de quinze dias a seis meses.
§ 1º. Incorre na mesma pena o co-réu.
§ 2º. A ação penal somente pode ser intentada pelo cônjuge ofendido, e dentro de um mês após o conhecimento do fato.
§ 3º. A ação penal não pode ser intentada:
I – pelo cônjuge desquitado;
II – pelo cônjuge que consentiu no adultério ou perdoou, expressa ou tacitamente.
§ 4º. O juiz pode deixar de aplicar pena:
I – se havia cessado a vida em comum dos cônjuges;
II – se o querelante havia praticado qualquer dos atos previstos no art. 317 do Código Civil.
REGISTRO DE NASCIMENTO INEXISTENTE
Art. 241. Promover no registro civil a inscrição de nascimento inexistente;
Pena: Reclusão de dois a seis anos.
Objeto jurídico: O estado de filiação.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito passivo: O Estado e a pessoa prejudicada pelo registro.
Tipo objetivo; Promover tem sentido de dar causa, requerer, provocar. A conduta deve visar à inscrição (registro) de nascimento inexistente, isto é, nascimento que não existiu ou nascimento de natimorto.
Tipo subjetivo: É o dolo.
Consumação: Coma inscrição do registro civil.
Tentativa: Admite-se
Pena: Reclusão, de dois a seis anos.
Ação penal: Pública incondicionada.
PARTO SUPOSTO, SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE DIREITO INERENTE AO ESTADO CIVIL DE RECÉM – NASCIDO
Art. 242. Dar parto alheio como próprio; registrar como seu filho de outrem; ocultar recém – nascido ou substituí-lo, suprindo ou alterando direito inerente ao estado civil:
Pena: reclusão de dois a seis anos.
Parágrafo único: Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza;
Pena: detenção, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena.
Suspensão condicional do processo: Cabe no parágrafo único (art. 89 da Lei nº 9.099/95).
Alteração: caput e parágrafo único com redação dada pela Lei nº 6.898/81.
Divisão: O art. 242 do CP, contém quatro figuras distintas em seu caput e a figura privilegiada no parágrafo único.
Parto Suposto (1ª figura)
Objeto jurídico: O estado de filiação.
Sujeito ativo: Só a mulher.
Sujeito passivo: Os herdeiros prejudicados.
Tipo objetivo: A descrição é dar parto alheio como próprio, nela não se enquadrando o fato oposto de dar parto próprio como alheio. Para a tipificação do art. 242 não basta que a mulher, simplesmente, diga que um recém nascido é seu filho. Mister se faz a criação de situação em que a gravidez e parto são simulados e é apresentado recém nascido alheio como se fosse próprio; ou há parto real, mas o natimorto é substituído por filho de outrem. Não se faz necessário o registro civil.
Tipo subjetivo: É o dolo.
Consumação: Com a situação que altera, de fato, a filiação da criança; ou com a supressão ou alteração dos direitos.
Tentativa: Admite-se.
Pena: reclusão, de dois a seis anos. Na figura privilegiada, detenção de um a dois anos, ou perdão judicial.
Ação penal: Pública incondicionada.
Registro de filho alheio (2ª figura do caput)
Observação: A alteração introduzida neste art. 242 deu nova definição penal à chamada adoção à brasileira. Por meio de tal prática, muitos casais, em vez de adotar regularmente uma criança, preferiam registrá-la como sendo seu filho. 
Objeto jurídico: O Estado de filiação.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito passivo: O Estado e as pessoas prejudicadas pelo registro.
Tipo objetivo: O núcleo é registrar, que tem a significação de declarar o nascimento, promover sua inscrição no registro civil. Pune-se a ação registrar como seu o filho de outrem. Ou seja, o agente declara-se pai ou mãe de determinada criança que, na verdade, não é seu filho, mas de terceira pessoa. O nascimento é real, a criança registrada existe, porém sua filiação é diversa declarada.
Tipo subjetivo: É o dolo.
Consumação: Co o efetivo registro (ou com a supressão ou alteração, na hipótese de reconhecer-se o elemento subjetivo do tipo).
Concurso de crimes, prescrição, pena e ação penal: Iguais do caput.
3) Ocultação de recém nascido (3ª figura do caput)
Objeto jurídico: O estado de filiação.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito passivo: O recém nascido.
Tipo objetivo: Ocultar é esconder, sonegar. Como recém nascido, entende-se a expressão em seu sentido comum e não restrita ao conceito científico. Não basta para a tipificação a mera ocultação; é necessário que esta seja acompanhada da privação dos direitos do recém nascido, isto é,suprindo ou alterando direito inerente ao estado civil.
Tipo subjetivo: É o dolo e o elemento subjetivo que o tipo contém, referente ao especial fim de agir (para supressão ou alteração). Na doutrina tradicional pede-se o “dolo específico”. Inexiste modalidade culposa.
Consumação: Com a supressão ou alteração dos direitos.
Tentativa: Admite-se.
Pena e ação penal: Igual a 1ª figura.
d) Substituição de recém nascido (4ª figura do caput)
Objeto jurídico: O estado de filiação.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito passivo: Os recém nascidos substituídos.
Tipo objetivo: Pune-se a substituição (troca) de recém nascidos, atribuindo-se a um os direitos de estado civil do outro. Não é necessário à configuração o registro de nascimento das crianças substituídas. A troca do recém nascido pode ser por criança viva ou natimorta.
Tipo subjetivo: O dolo e o elemento subjetivo do tipo referente ao especial fim de agir (para alterar ou suprimir). Na escola tradicional é o “dolo específico”. Não há modalidade culposa.
Consumação: Com a efetiva supressão ou alteração dos direitos.
Tentativa: Admite-se.
Concurso de crimes: A eventual falsidade de registro estará absorvida por este crime.
Pena e ação penal: igual a 1ª figura.
Figura privilegiada (parágrafo único)
Noção: Nas quatro figuras do caput, se o crime for praticado por motivo de reconhecida nobreza (generosidade, desprendimento, humanidade, solidariedade, etc.), o juiz poderá aplicar a pena de detenção, de um a dois anos, ou deixar de fixá-la, aplicando o perdão judicial.
Perdão judicial: A Lei nº 6.898, de 30.3.81, inseriu, no parágrafo único, mais um caso de perdão judicial. Quanto a natureza extintiva da punibilidade desse instituto.
SONEGAÇÃO DE ESTADO DE FILIAÇÃO
Art. 243. Deixar em asilo e expostos ou outra instituição de assistência filho próprio ou alheio, ocultando-lhe a filiação ou atribuindo-lhe outra, com o fim de prejudicar direito inerente ao estado civil:
Pena: reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Suspensão condicional do processo: Cabe (art. 89 da Lei nº 9.099/95).
Objeto jurídico: O estado de filiação.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito passivo: A criança lesada em seu estado de filiação.
Tipo objetivo: A norma refere-se a filho próprio ou alheio, de modo que outras pessoas, além dos pais, poderão ser autoras do crime. O comportamento é descrito como deixar em asilo de expostos ou outra instituição de assistência filho próprio ou inerente ao estado civil. A vítima portanto, deve ser abandonada em instituição pública ou particular, não se enquadrando neste tipo de ação de largar em outro local. Não basta porém, o simples abandono: é necessário que este seja acompanhado de ocultação da filiação ou atribuição de filiação diversa. Não é preciso que se trate de criança já registrada.
Tipo subjetivo: É o dolo
Consumação: Com o abandono de que resulte ocultação ou alteração do estado de filiação.
Tentativa: Admite-se.
Confronto: Vide. Arts. 133 e 134 do CP.
Pena: Reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Ação penal: Pública incondicionada.
Título VII
Dos Crimes Contra a Família
Capítulo III
DosCrimes Contra a Assistência Familiar
ABANDONO MATERIAL
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a dez vezes o maior salário mínimo vigente no País. (Redação dada pela Lei nº 5.478, de 1968)
Parágrafo único - Nas mesmas penas incide quem, sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo, inclusive por abandono injustificado de emprego ou função, o pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada. (Incluído pela Lei nº 5.478, de 1968)
A lei tutela a família, no sentido de ser observada a regra do Código Civil que estipula a necessidade de assistência material recíproca entre os parentes.
Na primeira modalidade o legislador incrimina o cônjuge ascendente ou descendente que, sem justa causa, deixa de promover a subsistência de seus dependentes. Assim, o sujeito passivo é o cônjuge, o filho menor de 18 anos ou incapacitado para o trabalho, ou, ainda, o ascendente inválido, idoso ou gravemente enfermo. É evidente que só existirá o crime se a vítima estiver passando por necessidades materiais e o agente, podendo prover-lhe a subsistência, intencionalmente deixar de fazê-lo.
Na segunda modalidade, o agente, sem justa causa, deixa de efetuar o pagamento da pensão alimentícia acordada, fixada ou majorada em processo judicial. A existência de prisão civil pela inadimplência do dever alimentar não exclui o crime, mas o tempo que o agente permaneceu preso em sua conseqüência poderá ser descontado na execução penal, sendo, portanto, caso de detração (art. 42 do CP).
Em ambas as hipóteses o crime é omisso próprio e, assim, não admite tentativa. Na primeira figura a consumação se dá quando o agente, ciente de que a vítima passa por necessidades, deixa de socorrê-la. Exige-se permanência no gesto, não havendo crime no ato transitório, em que há ocasional omissão por parte do devedor. Na segunda figura, a consumação ocorre na data em que o agente não paga pensão estipulada.
Nas duas figuras, o crime é permanente.
Por fim, o parágrafo único do art. 244 pune com as mesmas penas o sujeito que frustra ou ilide de qualquer modo o pagamento de pensão alimentícia. Trata-se de punir o emprego de fraude, tendente a afastar o encargo, como, por exemplo, deixar de trabalhar para que o valor da pensão não seja descontado da folha de pagamento, ocultar rendimentos, etc.
ENTREGA DE FILHO MENOR A PESSOA INIDÔNEA
Art. 245. Entregar filho menor de dezoito anos a pessoa em cuja companhia saiba ou deva saber que o menor fica moral ou materialmente em perigo:
Pena: detenção, de um a dois anos.
§ 1º. A pena é de um a quatro anos de reclusão, se ao agente pratica delito para obter lucro, ou se o menor é enviado para o exterior.
§ 2º. Incorre, também, na pena do parágrafo anterior quem, embora excluído o perigo moral ou material, auxilia a efetivação de ato destinado ao envio de menor para o exterior, com o fito de obter lucro.
Suspensão condicional do processo: cabe no caput e nos §§ 1º e 2º (art. 89 da Lei nº 9.099/95).
Alteração: A Lei nº 7.251/84 deu nova redação o caput e introduziu os dois parágrafos.
CR/88: Sobre pais e filhos, vide arts. 227, § 6º, e 229 da Magna Carta.
Objeto jurídico: A assistência aos filhos menores.
Sujeito ativo: Somente os pais (legítimos, naturais ou adotivos).
Sujeito passivo: O filho menor de 18 anos, independentemente da natureza da filiação.
Tipo objetivo: Entende-se entregar, como deixar sob a guarda ou cuidado. Embora não se requeira que a entrega seja por maior tempo, esse lapso deve ser juridicamente relevante. Incrimina-se a entrega do filho menor de 18 anos a pessoa em cuja companhia saiba ou deva saber que o menor fica moral ou materialmente em perigo. É necessário, pois, que essa pessoa, a cuja companhia o filho é entregue, possa colocá-lo em perigo moral ou material. Basta a situação de perigo abstrato. Embora a rubrica se refira a pessoa inidônea, a nova redação do dispositivo alcança não só o perigo moral como o material. Como exemplos de pessoas capazes de colocar o menor em risco material, lembre-se dos que podem conduzir a atividades arriscadas, insalubres, temerárias, etc. Quanto ao risco moral, as pessoas que se dedicam à prostituição, crime, contravenções de jogo ou de medicância, etc.
Tipo subjetivo: É o dolo direto (“saiba”) e dolo eventual (“deva saber”).
Consumação: Com a entrega do filho, sem dependência de efetivo dano moral ou material (crime de perigo).
Formas qualificadas: Quando os pais visam lucro, ou quando da entrega do filho resulta seu envio ao exterior, vide § 1º, desse artigo.
Ação penal: Pública incondicionada.
Figuras qualificadas do § 1º
Noção: O § 1º compreende duas formas qualificadas; a) Fim de lucro; 2) Se o menor é enviado para o exterior.
1ª Forma - Fim de lucro: Incide o § 1º quando a entrega do filho menor é praticada para obter lucro. Basta a finalidade (que é elemento subjetivo do tipo), sendo dispensável o efetivo proveito econômico do país.
2ª Forma – Enviado ao exterior: Pune-se mais gravemente a entrega quando o filho é enviado para o exterior. Tal resultado deve ser imputável ao agente por dolo (ou, ao menos, culposamente). Não incide a figura qualificada se o menor não chega a sair do nosso país.
Confronto: Se o agente “prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa”. Se o agente “promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro”.
Ação penal: Pública incondicionada
Participação autônoma: § 2º
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito passivo: Igual ao do caput.
Tipo objetivo: Pune-se quem auxilia a efetivação de ato destinado ao envio de menor para o exterior. Exemplos: preparação de papéis ou passaporte, compra da passagem, embarque, etc.
Tipo subjetivo: É o dolo (vontade de auxiliar a prática do ato, com consciência do destino do menor) e o elemento subjetivo do tipo (“com o fito de obter lucro”). É indiferente que haja ou não risco moral ou material para o menor (“excluído o perigo moral ou material”).
Consumação: Com o ato de auxílio, independentemente da saída do menor ou da obtenção do lucro (crime formal).
Tentativa: Pode haver.
Pena: Do caput, é detenção, de um a dois anos. Dos §§ 1º e 2º, é reclusão, de um a quatro anos.
Ação penal: Pública incondicionada.
ABANDONO INTELECTUAL
Art. 246. Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária do filho em idade escolar:
Pena: detenção, de quinze dias a um mês, e multa.
Transação: Cabe (art. 76 da Lei nº 9.099/95).
Suspensão condicional do processo: Cabe ( art. 89 da Lei nº 9.099/95).
CR/88: Sobre o dever de educação, vide arts. 205, 208, I, e 229
Objeto jurídico: A instrução dos menores.
Sujeito ativo: Somente os pais.
Sujeito passivo: O filho em idade escolar.
Tipo objetivo: Deixar de prover tem a significação de não tomar as providências necessárias. Assim, o agente omite-se nas medidas que podem propiciar instrução primária (de 1º grau) de filho em idade escolar. Para a tipificação impõem-se que a conduta seja sem justa causa (elemento normativo). Como causas justas podem ser lembradas a falta de escolas ou vagas, distâncias a percorrer, penúria da família. O delito configura-se independentemente da legitimidade do filho (CR/88, art. 227, § 6º) e de viver ele, ou não, em companhia dos genitores.
Tipo subjetivo: É o dolo
Consumação: Consuma-se o delito quando,após os sete anos de idade o filho, o agente revela, inequivocamente, sua vontade não cumprir o seu dever (delito omissivo permanente).
Tentativa: Não se admite
Pena: É alternativa: detenção de quinze dias a um mês, e multa.
Ação penal: Pública incondicionada.
ABANDONO MORAL
Art. 247. Permitir alguém que menor de dezoito anos, sujeito a seu poder ou 
confiado à sua guarda ou vigilância: 
I – frequente casa de jogo ou mal-afamada, ou conviva com pessoa viciosa ou 
de má vida; 
II – frequente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de ofender-lhe o pudor, ou 
participe de representação de igual natureza;
III – resida ou trabalhe em casa de prostituição; 
IV – mendigue ou sirva a mendigo para excitar a comiseração pública: 
Pena – detenção, de um a três meses, ou multa.
BEM JURÍDICO TUTELADO é a formação moral do menor de 18 
anos.
SUJEITO ATIVO são os pais ou qualquer pessoa a quem se 
confie a guarda ou vigilância do menor. 
SUJEITO PASSIVO é o menor de 18 anos.
TIPO OBJETIVO : É PERMITIR, no sentido de tolerar, admitir, por ação ou omissão. Deve o agente exercer o pátrio poder, guarda ou vigilância em relação à vítima, menor de 18 anos. O elemento objetivo do tipo penal é completado com as hipóteses previstas nos incisos, cuja frequência é vedada ao menor de 18 anos. 
As situações enumeradas nos incisos são autoexplicáveis. Apenas a considerar que “casa mal-afamada” (inc.I) significa o local onde os preceitos morais não são observados, tais como prostíbulos, locais destinados clandestinamente ao uso de drogas, botecos (bolichos). Já a hipótese do inc. IV, refere-se à mendicância com o objetivo de gerar piedade nas pessoas.
TIPO SUBJETIVO: é o DOLO, não havendo previsão para a modalidade CULPOSA.
CONSUMAÇAO: O crime estará CONSUMADO, nas hipóteses dos incisos I, II e III, 
quando for caracterizada a habitualidade na conduta. Uma só visita aos locais indicados não consuma o tipo penal. Em especial a hipótese do inc. III, por si só já enseja a habitualidade, posto que residir e trabalhar têm o sentido de continuidade. Na hipótese do inc. IV, basta um só ato de mendicância para consumar o tipo penal. No entanto, especialmente em relação ao inciso IV, a jurisprudência tem assentado que é possível a verificação da excludente de ilicitude do estado de necessidade, quando comprovado que não havia outro meio, diante do estado de miserabilidade da família, a não ser tentar angariar dinheiro da forma descrita. 
TENTATIVA: Por se tratar de um crime omissivo próprio, a TENTATIVA não é admitida.
AÇAO PENAL: É crime de ação penal pública incondicionada, sendo competência para 
processar e julgar dos Juizados Especiais Criminais.
INDUZIMENTO Á FUGA, ENTREGA ARBITRÁRIA OU SONEGAÇÃO DE INCAPAZES . Art. 248
Objeto jurídico: a proteção do pátrio poder, tutela e da curatela. 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: pais, tutor, curador e os filhos menores, os tutelados ou curatelados.
Tipo objetivo: Punem-se as condutas de:
a) induzir o menor ou interdito à fuga; 
b) confiar o menor ou interdito a outrem, sem autorização do pai ou responsável- denominada “entrega arbitrária; 
c) deixar de entregar o menor ou interdito a quem legitimamente o reclame, sem justa causa; é a denominada “ sonegação de incapaz” 
Tipo subjetivo: É o dolo.
Consumação: Na primeira conduta, a consumação se dá com a fuga do menor ou interdito; na segunda, com a efetiva entrega do menor ou interdito;na terceira modalidade, com a recusa de entregar o menor ou interdito. 
Tentativa: Admite-se.
 Pena: Detenção, de dois meses a dois anos, se o fato não constitui elemento de outro crime (infração expressamente subsidiária). 
Ação penal: Pública incondicionada.
SUBTRAÇÃO DE INCAPAZES
Art. 249. Subtrair menor de dezoito anos ou interdito ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou de ordem judicial:
Pena: detenção, de dois meses a dois anos, se o fato não constitui elemento de outro crime.
§ 1º. O fato de ser o agente o pai ou tutor do menor ou curador interdito não o exime de pena, se destituído ou temporariamente privado do pátrio poder, tutela, curatela ou guarda.
§ 2º. No caso de restituição do menor ou interdito, se este não sofreu maus tratos ou privações, o juiz pode deixar de aplicar pena.
Suspensão condicional do processo: Cabe (art. 89 da Lei nº 9.099/95).
Objeto jurídico: A guarda de menores ou interdito.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa, inclusive pais, tutores ou curadores, se destituídos ou temporariamente privados do pátrio poder, tutela, curatela ou guarda (§ 1º).
Sujeito passivo: pais, tutores, curadores e, eventualmente, os próprios menores.
Tipo objetivo: O núcleo subtrair significa tirar, retirar. A pessoa que se subtrai é menor de 18 anos ou interdito (submetido judicialmente à curatela). A subtração é feita de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial. Portanto, se o menor é tirado de quem apenas o cria, sem ter sua guarda em razão de lei ou determinação judicial, a conduta não se enquadrará neste delito do art. 249 do CP. Inexistirá o crime se o menor fugir sozinho e depois for ter com a agente; caso haja induzimento para fuga e não subtração, o delito será o do art. 248 do CP.
Tipo subjetivo: É o dolo genérico.
Consumação: Com a efetiva subtração à guarda do responsável.
Tentativa: Admite-se.
Confronto: Se a subtração for com fim libidinoso, o crime será contra os costumes. Se o fim for a privação da liberdade, art. 148 do CP. Se a finalidade for a obtenção de resgate, art. 159 do CP. Se houver apenas induzimento à fuga, art. 248 do CP. Se o agente “subtrair criança ou adolescente ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou ordem judicial, com o fim de colocação em lar substituto”, art. 237 da Lei nº 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente).
Pena: Detenção, de dois meses a dois anos, se o fato não constitui elemento de outro crime (infração expressamente subsidiária).
Ação penal: Pública incondicionada.
Perdão judicial (§ 2º)
Noção: É cabível no caso de restituição (voluntária ou espontânea) do menor ou interdito, se este não sofreu maus tratos ou privações. Sobre a natureza e conseqüências do perdão judicial, que entendemos ser causa de extinção da punibilidade.
Capítulo II
DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA
INCÊNDIO
Art. 250. Causar incêndio, expondo ao perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem:
Pena: reclusão de três a seis anos, e multa.
Aumento de pena:
§ 1º - as penas aumentam-se de um terço:
I - se o crime é cometido com intuito de obter vantagem pecuniária em proveito próprio ou alheio;
II - se o incêndio é;
Em casa habitada ou destinada a habitação;
Em edifício público destinado a uso público ou a obra de assistência social ou de cultura;
Em embarcação, aeronave, comboio ou veículo de transporte coletivo;
Em estação ferroviária ou aeródromo;
Em estaleiro, fábrica ou oficina;
Em depósito de explosivos, combustível ou inflamável;
Em poço petrolífero ou galeria de mineração;
Em lavoura, pastagem, mata ou floresta.
Os crimes descritos neste título visam proteger a incolumidade pública, ou seja, a tranquilidade na vida em sociedade, evitando que a integridade corporal ou os bens das pessoas sejam expostos a risco.
No crime de incêndio, o agente provoca intencionalmente a combustão de algum material no qual o fogo se propaga, fogo este que, em face de suas proporções, causa uma situação de risco efetivo (concreto) para número elevado e indeterminado de pessoas e coisas. A situação de risco pode também decorrer de pânico provocado pelo incêndio (em um cinema, teatro, edifício, etc.). A provocação de incêndio em uma casa afastada não coloca em risco a coletividade e, assim, não caracteriza o crime de incêndio.
O crime pode ser praticado por ação ou por omissão. Não se exige a utilização de substância inflamável, podendo o fogo ter sido provocadodiretamente em papéis, tecidos, etc.
Sujeito ativo: Pode ser qualquer pessoa, inclusive o proprietário do local incendiado.
Sujeito passivo: O Estado e as pessoas expostas a risco.
Consumação e tentativa: O crime se consuma com a criação do perigo, sendo possível a tentativa.
Se a intenção do agente era matar alguém, responde por crime de homicídio (consumado ou tentado, conforme o resultado), qualificado pelo emprego de fogo. O homicídio absorve o crime de incêndio.
Por outro lado, a caracterização do crime de incêndio absorve o crime de dano qualificado pelo uso de substância inflamável (art. 163, parágrafo único, II, do CP).
O § 1º determina a elevação da pena em um terço quando o crime é cometido com intenção de obter alguma vantagem (ainda que o agente não consiga obtê-la) e quando o fato ocorre em determinados locais, elencados na lei, nos quais existe uma situação mais grave de risco.
Incêndio Culposo
§ 2º - Se culposo o incêndio, a pena é de detenção de seis meses a dois anos.
 Trata-se de crime que ocorre quando alguém não toma os cuidados necessários em determinada situação e, por conseqüência, provoca um incêndio que expõe a perigo a incolumidade física do patrimônio de número indeterminado de pessoas. Ex. Atirar ponta de cigarro em local que pode ocorrer combustão, não tomar as cautelas devidas em relação a fios elétricos desencapados, etc.
 As causas de aumento de pena do § 1º não se aplicam ao crime de incêndio culposo.
EXPLOSÃO
Art. 251. Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples colocação de dinamite ou de substâncias de efeitos análogos:
Pena: reclusão, de três a seis anos, e multa.
§ 1º. Se a substância utilizada não é dinamite ou explosivo de efeitos análogos:
Pena: reclusão, de um a quatro anos, e multa.
AUMENTO DE PENA: § 2º. As penas aumentam-se de um terço, se ocorre qualquer das hipóteses previstas no § 1º, nº I, artigo anterior, ou é visada ou atingida qualquer das coisas enumeradas no nº II do mesmo parágrafo.
MODALIDADE CULPOSA: § 3º. No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou substância de efeitos análogos, a pena é de detenção, de seis meses a dois anos; nos demais casos, é de detenção, de três meses a um ano.
Objeto jurídico: Incolumidade pública. 
Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa.
Sujeito passivo é a coletividade, exposta a perigo com a explosão 
Tipo objetivo. Diferencia do crime de incêndio pelo seu meio de execução. No incêndio o meio utilizado é o fogo e aqui o meio utilizado é a explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos. 
Consumação: com a produção do perigo comum.
Tentativa é teoricamente admissível, mas de difícil configuração na prática, pois a lei pune também atos preparatórios da explosão, ou seja, o arremesso ou a simples colocação de engenho explosivo. 
Ação penal pública incondicionada. 
Pena: reclusão de três a seis anos ,e multa
 2.1.Figura Privilegiada. (§ 1º) Se o agente não utiliza dinamite ou substância de efeitos análogos, mas utiliza explosivo com menor dano ofensivo, por exemplo, pólvora. A pena, neste caso, será de reclusão de um a quatro anos, e multa. 
2.3 Figura Qualificada: (§ 2º). Se a explosão for dolosa, a pena será aumentada em 1/3 se ocorrerem as hipóteses do § 1º , I e II, do artigo 250. 
2.4. Resultado Agravador. Se da conduta dolosa do agente advém morte ou lesão corporal grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de um terço (258 CP), Neste caso, o resultado morte ou lesão corporal grave deve ocorrer culposamente ( preterdolo). 
2.5. Explosão Culposa. § 3º - No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou substância de efeitos análogos, a pena é de detenção, de 6 meses a 2 anos; Se a substância é diversa a pena é de detenção, de 3 meses a 1 ano.  - Ex.: colocação de tambores de gás para utilização como combustível em veículo sem as cautelas necessárias.
USO DE GÁS TÓXICO OU ASFIXIANTE . Art. 252.
Objeto Jurídico: incolumidade pública. 
Sujeito ativo é qualquer pessoa 
Sujeito passivo é a coletividade. 
Tipo objetivo: Consiste o crime em expor a perigo a vida, integridade física ou o patrimônio de outrem, utilizando-se o agente de gás tóxico (que provoca envenenamento) ou asfixiante (que falsa falta de ar, sufocamento). Basta a exposição do perigo. 
Consumação com a ocorrência da situação de perigo a um número indeterminado de pessoas. Tentativa é admissível . 
Ação penal pública incondicionada. 
Pena: reclusão de um a quatro anos , e multa.
Resultado Agravador: É figura preterdolosa, e o resultado morte ou lesão corporal grave deve ter ocorrido de forma culposa. Cabe apenas para a o uso de gás tóxico ou asfixiante, em sua modalidade dolosa.
Figura Culposa (Parágrafo Único) Aqui o uso do gás tóxico e asfixiante deu-se por culpa, pois o agente não observou um cuidado necessário ao manusear o gás, permitindo a sua propagação e colocando em risco à vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem.
FABRICO, FORNECIMENTO, AQUISIÇÃO, POSSE OU TRANSPORTE DE EXPLOSIVOS OU GÁS TÓXICO OU ASFIXIANTE Art. 253.
Objeto Jurídico: incolumidade pública. 
Sujeito ativo é qualquer pessoa 
Sujeito passivo é a coletividade. 
Tipo objetivo O art. 16, parágrafo único III, da lei n. 10. 826/03, alterou o caput, que descreve a conduta como deter, possuir, fabricar ou empregar artefato explosivo...”. 
Restaram assim, no art. 253, no que se concerne a engenho explosivo, os verbos fornecer, adquirir e transportar. Ocorre que, para realizar uma destas três condutas, é necessário que o sujeito possua ou detenha o objeto material, condutas descritas na lei especial. 
Consumação: o crime com qualquer ação descrita no caput. 
Tentativa: Não é possível. 
Ação penal: Pública incondicionada 
Pena: Detenção de seis meses a dois anos, e multa. 
CRIME DE INUNDAÇÃO. Art. 254.
Objeto jurídico. A incolumidade pública.
Sujeito ativo: qualquer pessoa 
Sujeito passivo a coletividade.
Tipo objetivo: A conduta que se pune é provocar inundação, da qual decorra perigo para a vida, integridade física ou saúde de outrem. Pode ser ocasionada por ação ou omissão. No delito de inundação, de acordo com a mencionada figura típica, podemos destacar os seguintes elementos: a conduta de causar         inundação, e a integridade física ou o patrimônio de outrem. O núcleo causar é no sentido de produzir, ocasionar, dar causa. É Crime de perigo concreto.
        
 Rogério Greco citando Hungria nos dá a definição de inundação:
 
            “Entende-se por inundação o alagamento e um local de notável extensão, não destinado a receber águas. As águas são desviadas de seus limites naturais ou artificiais, expandindo-se em tal quantidade que criam perigo de dano a indeterminado número de pessoas ou coisas. Como observam Liszt-Schmidt, não basta, para o crime de inundação, qualquer alagamento ou transbordamento: é necessário que não esteja mais no poder do agente dominar a força natural das águas, cujo desencadeamento provocou, criando uma situação de perigo comum, a que se refere o legislador como a uma das características do crime”.
            Se o alagamento for de pouco efeito deverá o agente ser responsabilizado pelo crime de dano artigo 163 do Código Penal.
Consumação: com a ocorrência de perigo comum, em virtude do alagamento do local de grande extensão não destinado a receber águas. 
Tentativa: é possível. 
Ação Penal Pública Incondicionada.
Pena: reclusão de três a seis anos e multa, no caso de dolo, ou detenção de seis meses a dois anos no caso de culpa. 
Resultado Agravador: se da inundação resultar lesão corporal grave ou morte, serão aplicadas as penas do artigo 258 do CP. 
INUNDAÇÃO COM O FIM DE CAUSAR A MORTE DE ALGUÉM
 
            Caso a inundação tenha sido provocada pelo agente com o intuito de mataralguém, deverá o agente responder pelos dois crimes, homicídio qualificado artigo 121, § 2º, III quarta figura, em concurso impróprio com o delito de inundação, havendo o cúmulo material de penas.
 
USURPAÇÃO DE ÁGUAS
 
Se a conduta do agente não criar uma situação de perigo comum, com intuito de represar ou desviar águas alheias em proveito próprio deverá ser responsabilizado pelo artigo 161, I do Código penal.
PERIGO DE INUNDAÇÃO. Art. 255
Objeto jurídico. A incolumidade pública.
Sujeito ativo: qualquer pessoa 
Sujeito passivo a coletividade. 
Tipo objetivo É semelhante ao delito anterior, mas apenado com pena mais branda. A conduta do agente deve causar perigo comum. Deve haver comprovação do perigo concreto. Pune-se a conduta de quem remove, desloca, destrói ou inutiliza em prédio próprio ou alheio obstáculo natural ou obra destinada a impedir inundação. Inexiste a modalidade culposa e se a vontade do sujeito é causar a inundação, o crime será o previsto no art. 254. 
Consumação: Consuma-se o delito com a efetiva remoção, destruição ou inutilização de obstáculo natural ou obra destinada a impedir inundação, trazendo perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem.
Tentativa: Para a maioria da doutrina não é possível a tentativa, a exemplo de Fernando Capez que diz: “A tentativa é inadmissível”. Conforme Rogério Greco “A doutrina dominante não reconhece a possibilidade da tentativa, a exemplo de Guilherme Souza Nucci, quando diz que não se admite a tentativa, pois é fase preparatória do crime de inundação, excepcionalmente tipificada”.
 
            Para Rogério Greco a tentativa é possível e assevera:
            “Dessa forma, se fosse sua intenção destruir algum obstáculo com o fim de causar inundação, segundo nosso posicionamento, mesmo que tivesse destruído algum obstáculo natural, por exemplo, não poderia ser responsabilizado pelo delito previsto pelo artigo 255 do Código Penal, mas sim pelo crime de inundação, consumado (se ela efetivamente ocorreu no caso concreto, criando uma situação real de perigo), ou tentado (se, embora destruindo o obstáculo, a inundação foi  impedida por ação de terceiros)”.
 
PERÍCIA: Como se trata de um crime que deixa vestígios há necessidade da perícia conforme artigo 158 do Código de Processo Penal.
 
CONCURSO ENTRE CRIME DE INUNDAÇÃO E PERIGO DE INUNDAÇÃO: No caso do agente, destruindo uma barreira de contenção, venha causar perigo a integridade física e a propriedade um número indeterminado de pessoas, deverá ser aplicada a regra de concurso formal de crimes.
Ação Penal Pública Incondicionada.
Pena: reclusão de um a três anos e multa
DESABAMENTO OU DESMORONAMENTO. Art. 256
Objeto Jurídico: Incolumidade pública 
Sujeito ativo é qualquer pessoa 
Sujeito passivo é a coletividade. 
Tipo Objetivo: No crime de desabamento ou desmoronamento, podemos destacar os seguintes elementos: a) a conduta de causar desabamento ou desmoronamento; b) expondo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem.
Rogério Greco citando Bento de Faria nos traz os conceitos de desabamento e desmoronamento:
 “Causar desabamento – é provocar a queda de qualquer construção suscetível de – vir abaixo: edifícios, muros, pontes, monumentos, galerias andaimes, etc.
 Causar desmoronamento – implica a mesma ideia, mas não usando a lei de palavras sinônimas e conceituando-o de modo distinto, havemos de considerar como tal, o ato determinante da desagregação de partes de alguma coisa: v.g., da terra da montanha, quando se faz rodar uma barreira etc.”.
	A conduta que se pune é “causar”, que significa provocar desabamento ou desmonoramento. É indispensável que o desabamento ou o desmoronamento provoquem uma situação de perigo a um número indeterminado de pessoas ou bens. Se o agente visa a causar desmoronamento ou desabamento a fim de criar perigo para determinados bens, pode configurar-se o crime de dano, art. 163. 
Para a caracterização do crime de desabamento não basta a simples ameaça, o perigo de que ele possa ocorrer, sendo imprescindível a ocorrência efetiva da queda do prédio ou da parede(RF 208/318). Resultando o desabamento ou desmoronamento lesão corporal grave ou morte aplica-se ao fato o artigo 258, ocorrendo hipótese de crime preterdoloso. 
Aplica-se ao crime culposo o artigo 258. É crime autônomo quando resulta morte, e está previsto nos artigos 256, parágrafo único e 258, última parte do Código Penal, não podendo ser confundido com o crime previsto no artigo 121, § 3º do CP (RF 261/345). Por sua vez, o desabamento ou desmoronamento em lugar sujeito à administração militar, 
expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem é crime militar 
previsto no artigo 274 do Código Penal Militar.
Consumação: com a situação de perigo à coletividade. 
Tentativa. É admissível. 
Ação Penal Pública Incondicionada. 
Pena: reclusão de um a três anos e multa 
Figura Culposa (Parágrafo Único). O parágrafo único do artigo 256 prevê a modalidade culposa, que para se configurar deve o agente deixar de observar seu necessário dever objetivo de cuidado, e deverá ainda expor a perigo a vida a integridade física e o patrimônio de um número indeterminado de pessoas.
 
Se o crime é culposo, em razão do agente não ter observado um dever de cuidado, a pena será de seis meses a um ano.
DESABAMENTO DE CONSTRUÇÃO- erro no projeto
           
 Está previsto no artigo 29 do Decreto-Lei nº 3.688/41, in verbis:
 
            “Artigo 29 Provocar o desabamento de construção ou, por erro no projeto ou execução, dar-lhe causa:
 Pena – multa, se o fato não constitui crime contra a incolumidade pública”.
           
 Conforme leciona Rogério Greco: “Na verdade, de acordo com o raciocínio da insignificância, não deveria mais existir aludida contravenção, haja vista que, ou o fato assume a importância exigida pelo Direito Penal, configurando-se no delito previsto pelo artigo 256 do estatuto repressivo, ou caso não possuindo o necessário relevo, deveria ser considerado atípico, por ausência de tipicidade material”.
 
DESABAMENTO OU DESMORONAMENTO COMO MEIO PARA A PRÁTICA DO DELITO DE HOMICÍDIO
 
            Se a finalidade do agente era por meio do desmoronamento ou desabamento, causar a morte de alguém, e se com esse comportamento tiver exposto a vida a integridade física ou o patrimônio de outrem deverá responder por homicídio qualificado (tentado ou consumado) em concurso formal com o delito previsto no artigo 256 do Código Penal.
            Caso não tenha havido perigo para a incolumidade pública, responderá por homicídio.
SUBTRAÇÃO, OCULTAÇÃO OU INUTILIZAÇÃO DE 
MATERIAL DE SALVAMENTO . Art. 257.
“Art. 257 - Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião de incêndio, inundação, naufrágio, ou outro desastre ou calamidade, aparelho, material ou qualquer meio destinado a serviço de combate ao perigo, de socorro ou salvamento; ou impedir ou dificultar serviço de tal natureza:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa”.
Objeto Jurídico: a incolumidade pública 
Sujeito ativo é qualquer pessoa \
Sujeito passivo é a coletividade. 
Tipo Objetivo: As condutas que se punem são “subtrair”, “ocultar” ou “inutilizar”. A conduta deve recair sobre aparelho, material ou qualquer meio destinado a serviço de combate ao perigo, de socorro ou salvamento. As condutas devem ser realizadas durante calamidade ou desastre. Pode ser executado por ação ou omissão. A 2º parte do art. 257, consiste em impedir ou dificultar serviço de combate ao perigo, de socorro ou salvamento.
O delito possui assim as seguintes elementares: 
 
 a) a conduta de subtrair, ocultar ou inutilizar;
 b) por ocasião de incêndio, inundação, naufrágio, ou desastre ou calamidade pública; 
c) aparelho, material ou qualquer meio destinado a serviço de combate a perigo, de socorro, ou salvamento;
 d) ou impedir ou dificultar serviço de combate a perigo, de socorro, ou salvamento.As condutas devem ser praticadas por ocasião de incêndio, inundação, naufrágio ou outro desastre ou calamidade, e devem ter por objeto aparelho, material ou qualquer meio destinado a serviço de combate a perigo, de socorro ou salvamento.
Consumação: com a ocorrência dos fatos descritos na norma. 
Tentativa: é admissível.
Ação Penal Pública Incondicionada. 
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa
FORMAS QUALIFICADAS DE CRIME DE PERIGO COMUM
 
“Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço”.
Aplicadas aos crimes previstos nos artigos 250 até artigo 257 do CP. Embora a rubrica do artigo do 258 do Código Penal use a expressão formas qualificadas de crime de perigo comum, não estamos diante de qualificadoras, estamos diante de causas especiais de aumento de pena conhecidas como majorantes.
Conforme lição de Rogério Greco “para que possa falar em qualificadora, a lei penal deverá nos fornecer, de antemão, as penas mínima e máxima (ou pelo menos uma delas) em quantidade superior àquelas constantes do caput, onde se encontra a denominada modalidade formal”.
Resultado preterdoloso:
 
A primeira parte do artigo 258 do Código penal determina que se do crime doloso de perigo comum e resulta:
 lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; 
se resulta morte, é aplicada em dobro.
Agindo o agente com dolo em relação aos crimes de perigo comum, e culposamente em relação à morte ou lesão corporal de natureza grave ou morte, o agente terá sua pena majorada, estamos diante de um crime preterdoloso. 
Conforme lições de Rogério Greco: “Assim, estamos diante do chamado crime preterdoloso, em que o agente atua com dolo na sua conduta e culpa no resultado agravador”.
 Caso tenha atuado com dolo nos dois crimes haverá concurso formal impróprio. De acordo com as lições Rogério Greco  “Caso tenha atuado, também, com dolo no que diz respeito à obtenção dos resultados lesão corporal de natureza grave e morte, deverá responder pelo delito de perigo comum, em concurso formal impróprio ou imperfeito com essas infrações penais, levando a efeito o raciocínio do cúmulo material, conforme preconiza a parte final constante do caput do artigo 70 do Código penal”.
 
 
MAJORANTES (AUMENTO) NOS CRIMES CULPOSOS DE PERIGO COMUM
 
A segunda parte do referido artigo determina a aplicação da pena no caso de culpa, isso significa que a segunda parte será aplica somente quando o crime é praticado de forma culposa, os seguintes delitos, incêndio, explosão, uso de gás tóxico ou asfixiante, inundação e desabamento e desmoronamento, não se aplicando as previstas nos artigos 253, 255 e 257, pois não há previsão para a modalidade culposa. 
E também não se aplica ao artigo 259, pois, está inserido após as causas de aumento de pena. Neste caso haverá a seguinte solução:
No caso de culpa, se do fato resulta:
lesão corporal (mesmo que leves) a pena aumenta-se de metade; 
se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço”.
DIFUSÃO DE DOENÇA OU PRAGA. Art. 259.
Objeto Jurídico: a incolumidade pública. 
Sujeito ativo é qualquer pessoa 
Sujeito passivo é a coletividade. 
Tipo Objetivo: A conduta que se pune é difundir, ou seja espalhar doença ou praga que possam causar dano em floresta, plantação ou animais. É indispensável que estas plantas e animais tenham valor econômico. 
Consumação: com a propagação da doença ou praga 
Tentativa: é admissível. 
Ação Penal Pública Incondicionada. 
 Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa
FIGURA CULPOSA (PARÁGRAFO ÚNICO). Configura quando o agente, não observando o cuidado objetivo necessário, dá causa à difusão de doença ou praga.. 
ATENÇÃO: Entende a doutrina que este artigo foi tacitamente revogado pelo artigo 61 da Lei 9605/98.
A Lei 9.605/98, que dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Em seu capítulo V, estão os chamados crimes contra o meio ambiente. No artigo 61 seção III (Da poluição e outros crimes ambientais) foi prevista figura típica semelhante e mais abrangente, conforme se verifica in verbis:
 
“Art. 61- Disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas:
        Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa”.
            Conforme Rogério Greco assevera:
            “Dessa forma, após a entrada em vigor da Lei nº 9.605/98, já não mais se aplicaria o artigo 259 do Código Penal quando o agente, dolosamente, viesse a difundir doença ou praga que pudesse causar dano a floresta, plantação ou animais de utilidade econômica”.
 
            Se levarmos em conta a revogação total do artigo 259, incluindo seu parágrafo único, como a lei posterior não mês previsão da modalidade culposa, poderíamos raciocinar em abolitio criminis.
            Para Mirabete houve a revogação total do artigo e ensina:
 
            “O bem jurídico tutelado no artigo 259, que é a incolumidade pública, passou a consistir na nova lei penal, de forma mais precisa, no meio ambiente, conceito aperfeiçoado posteriormente à entrada em vigor do Código penal. Regulando inteiramente a matéria, o artigo 61 da lei ambiental revogou tacitamente o artigo 259 do CP. A conduta passou a ser menos severamente punida, abolindo-se a forma culposa”.
CAPÍTULO II - CONTRA A  SEGURANÇA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO  E TRANSPORTE E OUTROS SERVIÇOS PÚBLICOS
PERIGO DE DESASTRE FERROVIÁRIO. Art. 260
 
Objeto Jurídico: a incolumidade pública, especialmente a segurança nos meios de transporte. 
Sujeito ativo é qualquer pessoa 
Sujeito passivo é a coletividade, secundariamente, os titulares dos bens jurídicos ofendidos. 
Tipo Objetivo: É crime de perigo comum. As condutas que se punem são impedir ou perturbar serviço de estrado de ferro. “Impedir = opor-se, obstruir, atravancar, tornar impossível”. “Perturbar = atrapalhar, alterar, desorganizar, desarranjar, tornar difícil” Mirabete
Estrada de ferro: § 3º - para os efeitos deste artigo, entende-se por estrada de ferro qualquer via de comunicação em que circulem veículos de tração mecânica, em trilhos ou por meio de cabo aéreo. qualquer via de comunicação em que circulem veículos de tração mecânica, em trilhos ou por meio de cabo aéreo: bondes, trens, metrô, teleféricos, sejam
 públicos ou particulares.
O impedimento ou perturbação, deve relacionar-se a uma das ações descritas nos incisos I, II, III e IV do “caput” deste artigo. 
Art. 260 - impedir ou perturbar serviço de estrada de ferro:
I – destruindo (tornar inútil), danificando (causar avaria) ou desarranjando (“desmontar, retirar peças indispensáveis ao funcionamento ou emprego útil da coisa.” Mirabete), total ou parcialmente, linha férrea,material rodante ou de tração, obra de - arte ou instalação;
O que é material rodante? “São os veículos ferroviários, que compreendem os de tração como as locomotivas, e os rebocados, como carro de passageiros e vagões de carga” Nucc . ...........“Que circula pela linha férrea, com vagões” (Rogério Sanches)
O que é material de tração? “É o veículo ferroviário que serve de tração para os demais” Nucci . “É o que conduz, impulsiona os vagões, carros etc., como as locomotivas, carros-motores” (Mirabete)
O que é obra de arte? “Compreendem as construções para a passagem dos veículos (túneis, pontes, aterros etc.)”. Para Nucci: “São estruturas que se repetem ao longo de uma estrada ou linha férrea, tais como pontes, viadutos, túneis, muros de arrimo e outros” 
O que é instalação? “É o conjunto de aparelhos que possui certa utilidade. Ex: sinais de linha férrea, cabos, cancelas,entre outros” (Nucci)
“Destinado ao auxílio à prestação do serviço ferroviário, como prédios, cabines, chave de desvio, sinalizações etc.” ( Rogério Sanches)
II - colocando obstáculo  (“É a barreira ou impedimento, que pode ser de qualquer espécie” Nucci) na linha;
III - transmitindo falso aviso acerca do movimento dos veículos ou interrompendo ou embaraçando o funcionamento de telégrafo, telefone ou radiotelegrafia
Transmitir : Enviar ou mandar de um lugar a outro
Interromper: Provocar a suspensão da continuidade de alguém coisa
Embaraçar: Causar impedimento ou perturbar
Radiotelegrafia: “É a telegrafia sem fio, por ondas eletromagnéticas” Nucci
IV - praticando outro ato de que possa resultar desastre:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Surf ferroviário pode fazer parte do delito previsto no inciso IV?
Surf ferroviário: inexistência de crime – TJRJ: “(...) Não comete o delito previsto no art. 260, IV, do CP o agente que pratica o chamado ‘surf ferroviário’, ao viajar sobre a composição do trem, pois não se pode vislumbrar em quem realiza tal conduta outra intenção que não a de expor a perigo a própria vida, faltando, portanto, o elemento subjetivo do tipo, consistente na vontade livre e consciente de criar situação concreta de perigo de desastre ferroviário”
TJRJ: “o crime contra a incolumidade pública, previsto no art. 260 do CP, exige, para sua configuração, a existência de perigo concreto, ou seja, mais do que a simples possibilidade da ocorrência de dano, exige a verdadeira probabilidade da ocorrência de desastre ferroviário. Assim, não comete o crime de perigo de desastre ferroviário, em face da atipicidade da conduta, o agente que pratica o chamado ‘surf ferroviário’, pois o simples fato de viajar sobre o teto da composição férrea significa perigo direto e iminente apenas para ele próprio e não para os demais passageiros”.
Ocorre crime de perigo de desastre se uma pessoa que passa pelos trilhos é atropelada por um trem? “... Não há que se falar em desastre ferroviário se o risco é de pessoas estranhas ao transporte ferroviário, como ocorre por exemplo, no atropelamento daquele que atravessa os trilhos da estrada de ferro e é colhido pelo trem” (Mirabete)
Consumação: com a perturbação ou impedimento
 Tentativa: é admissível.
 Ação Penal Pública Incondicionada. 
Pena: reclusão de dois a cinco anos,e multa 
Desastre Ferroviário § 1º - Se do impedimento ou perturbação resultar efetivo desastre a pena - reclusão, de 4 a 12 anos e multa. 
Forma Culposa § 2º - Se ocorrer o desastre ferroviário por culpa do agente, a pena será de detenção, de 6 meses a 2 anos.
 Resultado Agravador. Se resultar lesão corporal grave ou morte, segundo dispõe o artigo 263, serão aplicadas as mesmas penas do artigo 258. 
ATENTADO CONTRA A SEGURANÇA DE TRANSPORTE MARÍTIMO, FLUVIAL OU AÉREO. Art. 261.
Objeto Jurídico: a incolumidade pública, especialmente a segurança nos meios de transporte. 
Sujeito ativo é qualquer pessoa 
Sujeito passivo é a coletividade, secundariamente, os titulares dos bens jurídicos ofendidos. 
Tipo objetivo: é crime de perigo comum. As condutas que se punem são expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea. a conduta deve resultar probabilidade de ocorrer acidente. O agente pratica a conduta expondo (colocando) a perigo concreto embarcação (é a construção destinada a navegar sobre a água) ou aeronave (é todo aparelho manobrável em vôo, que possa sustentar-se e circular no espaço aéreo, mediante reações aerodinâmicas, apto a transportar pessoas ou coisas (art. 106 do Código Brasileiro de Aeronáutica) própria ou alheia que se destine a transporte coletivo de pessoas e/ou coisas; ou, realizando atos com o objetivo de impedir (obstar) ou dificultar (atrapalhar) a navegação ou vôo. 
Nesta segunda forma, o agente deve agir com a finalidade de gerar o perigo concreto para o meio de transporte marítimo (mar), fluvial (rio) ou aéreo (ar). Não são protegidas as embarcações lacustres (lagos), em face de ausência de previsão do tipo penal. Entendemos que estas embarcações serão protegidas no tipo do art. 262 do Código. 
 –  embarcação: destinada a navegar sobre águas
 –  aeronave: aparelho manobrável em voo, que possa sustentar-se e circular no espaço aéreo mediante reações aerodinâmicas, apto a transportar pessoas ou coisas (art.106, código brasileiro de aeronáutica)
 –  destinado ao transporte público
 – ex.: exibicionista, radio pirata que atrapalhe
 –  qualquer ato tendente a impedir/dificultar 
Em resumo, punem-se duas condutas: 
1) EXPOR A PERIGO CONCRETO EMBARCAÇÃO OU AERONAVE PROPRIA OU ALHEIA
 2) PRATICAR ATO DE PERIGO CONCRETO PARA IMPEDIR OU DIFULTAR NAVEGAÇÃO OU VÔO 
Por ser crime de forma livre admite qualquer forma de execução.
Tipo subjetivo: dolo no caput
§ 2º - aplica-se, também, a pena de multa, se o agente pratica o crime com intuito de obter vantagem econômica, para si ou para outrem.(aposta, recebe do concorrente)
§ 3º - modalidade culposa . No caso de culpa, se ocorre o sinistro:
pena - detenção, de seis meses a dois anos.(falta de manutenção)
Tipo subjetivo: dolo 
Consumação: com a exposição em perigo ou com a prática de ato que impeça ou dificulte a navegação marítima 
Tentativa: é admissível. Ação Penal Pública Incondicionada. Pena: reclusão de dois a cinco anos,e multa 
Sinistro em Transporte Marítimo, Fluvial ou Aéreo § 1º - Se do fato resulta naufrágio, submersão ou encalhe de embarcação ou a queda ou destruição de aeronave a pena será de reclusão, de 4 a 12 anos. 
Prática do Crime com o Fim de Lucro (§ 2º ) - Aplica-se, também, a pena de multa, se o agente pratica o crime com intuito de obter vantagem econômica, para si ou para outrem.
Figura Culposa.§ 3º No caso de culpa, se ocorrer o sinistro por imprudência, negligência ou imperícia a pena será de detenção, de 6 meses a 2 anos. 
ATENTADO CONTRA A SEGURANÇA DE OUTRO MEIO DE TRANSPORTE. Art 262.
Objeto Jurídico: a incolumidade pública, especialmente a segurança nos meios de transporte. 
Sujeito ativo é qualquer pessoa 
Sujeito passivo é a coletividade, secundariamente, os titulares dos bens jurídicos ofendidos. 
Tipo Objetivo: É crime de perigo comum. As condutas que se punem são expor a perigo outro meio de transporte público (Ex táxis, ônibus, lotações), impedindo-lhe ou dificultando-lhe o funcionamento.
 Tipo subjetivo: dolo 
Consumação: com a exposição em perigo 
Tentativa: é admissível.
 Ação Penal Pública Incondicionada. 
 Pena: detenção de um a dois anos.
Desastre § 1º - Se do fato resulta desastre a pena será de reclusão, de dois a cinco anos. 
Forma Culposa § 2º - No caso de culpa, se ocorre desastre, a pena será de detenção, de 3 meses a 1 ano.
FORMA QUALIFICADA Art. 263 –
Se de qualquer dos crimes previstos nos arts. 260 a 262, no caso de desastre ou sinistro, resulta lesão corporal ou morte, aplica-se o disposto no art.258 do CP.
CAPÍTULO III
DOS CRIMES CONTRA A SEGURANÇA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO E TRANSPORTE E OUTROS SERVIÇOS PÚBLICOS
ARREMESSO DE PROJÉTIL
Art. 264. Arremessar projétil contra veículo, em movimento, destinado ao transporte público por terra, por água ou pelo ar:
Pena: Detenção, de um a seis meses.
Parágrafo único: Se do fato resulta lesão corporal, a pena é de detenção, de seios meses a dois anos; se resulta morte, a pena é do art. 121, § 3º, aumentada de um terço.
Transação: cabe no caput (art. 76 da Lei nº 9.099/95).
Suspensão condicional do processo: Cabe no caput e na primeira parte do parágrafo único (art. 89 da lei nº 9.099/95).
Objeto jurídico: A incolumidade pública, especialmente a segurança dos transportes.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito passivo: A coletividade.
Tipo objetivo: A conduta prevista é arremessar (atirar, lançar) projétil (coisa ou objeto sólido e pesado que arremessa no

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