Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade Federal do Rio Grande do Norte Centro de Tecnologia Departamento de Engenharia Ele´trica Apostila de Medidas Ele´tricas Marcus Vinicius Arau´jo Fernandes Natal/RN - Brasil Semestre 2008.1 Cap´ıtulo 1 Generalidades sobre os Instrumentos de Medidas Ele´tricas 1.1 Definic¸a˜o de Medida Medida e´ um processo de comparac¸a˜o de grandezas de mesma espe´cie, ou seja, que possuem um padra˜o u´nico e comum entre elas. Duas grandezas de mesma espe´cie possuem a mesma dimensa˜o. No processo de medida, a grande que serve de comparac¸a˜o e´ denominada de “grandeza unita´ria”ou “padra˜o unita´rio”. As grandezas f´ısicas sa˜o englobadas em duas categorias: a. Grandezas fundamentais (comprimento, tempo, etc.). Grandezas Fundamentais Grandeza Unidade Simbologia Comprimento metro [m] Massa quilograma [kg] Tempo segundo [s] Intensidade de Corrente ampe´res [A] Temperatura Termodinaˆmica kelvin [K] Quantidade de Mate´ria mole [mol] Intensidade Luminosa candela [cd] b. Grandezas derivadas (velocidade, acelerac¸a˜o, etc.). Cap´ıtulo 1. Generalidades sobre os Instrumentos de Medidas Ele´tricas 2 Grandezas Ele´tricas Derivadas Grandeza Derivada Unidade Dimensa˜o Simbologia Carga coulomb [A · s] [C] Energia joule [m2 · kg · s−2] [J ] Poteˆncia watt [m2 · kg · s−3] [W ] Tensa˜o volt [m2 · kg · s−3 · A−1] [V ] Resisteˆncia ohm [m2 · kg · s−3 · A−2] [Ω] Condutaˆncia siemens [m−2 · kg−1 · s3 · A2] [S] Capacitaˆncia farad [m−2 · kg−1 · s4 · A2] [F ] Indutaˆncia henri [m2 · kg · s−2 · A−2] [H] Frequ¨eˆncia hertz [s−1] [Hz] 1.2 Sistema de unidades E´ um conjunto de definic¸o˜es que reu´ne de forma completa, coerente e concisa todas as grandezas f´ısicas fundamentais e derivadas. Ao longo dos anos, os cientistas tentaram estabelecer sistemas de unidades universais como, por exemplo, o CGS, MKS e o SI. 1.2.1 Sistema Internacional (SI) E´ derivado do MKS e foi adotado internacionalmente a partir dos anos 60. E´ o padra˜o utilizado no mundo, mesmo que alguns pa´ıses ainda adotem algumas unidades dos sistemas precedentes. 1.3 Noc¸o˜es de Padra˜o, Aferic¸a˜o e Calibrac¸a˜o 1.3.1 Padra˜o Padra˜o e´ um elemento ou instrumento de medida destinado a definir, conservar e reproduzir a unidade base de medida de uma determinada grandeza. Possui uma alta estabilidade com o tempo e e´ mantido em um ambiente neutro e controlado (temperatura, pressa˜o, umidade, etc. constantes). Padro˜es de Grandezas Ele´tricas Corrente Ele´trica: O ampe´re e´ a corrente constante que, mantida entre dois condutores paralelos de comprimento infinito e sec¸a˜o transversal desprez´ıvel separados de 1m, no va´cuo, produz uma forc¸a entre os dois condutores de 2 · 10−7N/m. Na pra´tica sa˜o utilizados instrumentos chamados “balanc¸as de corrente”, que medem a forc¸a de atrac¸a˜o entre duas bobinas ideˆnticas e de eixos coincidentes. Tensa˜o: O padra˜o do volt e´ baseado numa pilha eletroqu´ımica conhecida como “Ce´lula Padra˜o de Weston”, constitu´ıda por cristais de sulfato de ca´dmio (CdSO4) e uma pasta de sulfato de mercu´rio (HgSO4) imersos em uma soluc¸a˜o saturada de sulfato de ca´dmio. Em uma concentrac¸a˜o espec´ıfica da soluc¸a˜o e temperatura de 20oC a tensa˜o medida e´ de 1, 01830V . Cap´ıtulo 1. Generalidades sobre os Instrumentos de Medidas Ele´tricas 3 Resisteˆncia: O padra˜o do ohm e´ normalmente baseado num fio de manganina (84% Cu, 12% Mn e 4% Ni) enrolado sob a forma de bobina e imerso num banho de o´leo a temperatura constante. A resisteˆncia depende do comprimento e do diaˆmetro do fio, possuindo valores nominais entre 10−4Ω e 106Ω. Capacitaˆncia: O padra˜o do farad e´ baseado no ca´lculo de capacitores de geometria precisa e bem definida com um diele´trico de propriedades esta´veis e bem conhecidas. Normalmente usam-se duas esferas ou 2 cilindros conceˆntricos separados por um diele´trico gasoso. Indutaˆncia: O padra˜o do henri e´ tambe´m baseado no ca´lculo de indutores sob a forma de bobinas cil´ındricas e longas em relac¸a˜o ao diaˆmetro com uma u´nica camada de espiras. 1.3.2 Aferic¸a˜o Aferic¸a˜o e´ o procedimento de comparac¸a˜o entre o valor lido por um instrumento e o valor padra˜o apropriado de mesma natureza. Apresenta cara´ter passivo, pois os erros sa˜o determinados, mas na˜o corrigidos. 1.3.3 Calibrac¸a˜o Calibrac¸a˜o e´ o procedimento que consiste em ajustar o valor lido por um instrumento com o valor de mesma natureza. Apresenta cara´ter ativo, pois o erro, ale´m de determi- nado, e´ corrigido. 1.4 Classificac¸a˜o dos Erros De acordo com a causa, ou origem, dos erros cometidos nas medidas, estes podem ser classificados em: grosseiros, sistema´ticos e acidentais. E de acordo com suas carac- ter´ısticas, estes podem ser classificados em: constantes, aleato´rios e perio´dicos. 1.4.1 Erros Grosseiros Estes erros sa˜o causados por falha do operador, como por exemplo, a troca da posic¸a˜o dos algarismos ao escrever os resultados, os enganos nas operac¸o˜es elementares efetuadas, ou o posicionamento incorreto da v´ırgula nos nu´meros contendo decimais. Estes erros podem ser evitados com a repetic¸a˜o dos ensaios pelo mesmo operador, ou por outros operadores. 1.4.2 Erros Sistema´ticos Sa˜o os ligados a`s deficieˆncias do me´todo utilizado, do material empregado e da apre- ciac¸a˜o do experimentador. a. A construc¸a˜o e aferic¸a˜o de um aparelho de medida nunca podem ser perfeitas. Por outro lado, ha´ sempre uma divergeˆncia, embora pequena, entre a ana´lise teo´rica de Cap´ıtulo 1. Generalidades sobre os Instrumentos de Medidas Ele´tricas 4 um circuito e o comportamento pra´tico deste circuito. As hipo´teses de base da teoria na˜o sa˜o inteiramente realiza´veis na pra´tica. Basta mencionar, como exemplo, o consumo de energia dos aparelhos de medida e as variac¸o˜es das caracter´ısticas f´ısicas ou ele´tricas dos elementos que constituem o circuito. Este conjunto de imperfeic¸o˜es constitui a deficieˆncia do me´todo. b. A pro´pria definic¸a˜o dos erros sistema´ticos indica quais sa˜o os meios de limitac¸a˜o. O material empregado deve ser aferido: medidores, pilhas, resisteˆncias, capacitores, etc. O seu controle deve ser perio´dico. Um modo simples de verificar a presenc¸a ou auseˆncia de erro sistema´tico consiste na repetic¸a˜o da mesma experieˆncia, substi- tuindo os elementos iniciais por elementos teoricamente iguais. A identificac¸a˜o dos resultados da´ como conclusa˜o a auseˆncia do erro sistema´tico; pore´m, a discordaˆncia indidca que ha´ um erro, no me´todo ou no material, sem identificar qual dos dois e´ o responsa´vel. c. Ha´ experimentadores que teˆm a peculiaridade de fazer a leitura maior do que a real, enquanto outros a fazem menor. Este erro pode ser limitado tomando-se como resultado a me´dia aritme´tica das leituras de va´rias pessoas. 1.4.3 Erros Acidentais A experieˆncia mostra que, a mesma pessoa, realizando os mesmos ensaios com os mesmos elementos constitutivos de um circuito ele´trico, na˜o consegue obter, cada vez, o mesmo resultado. A divergeˆncia entre estes resultados e´ devida a` existeˆncia de um fator incontrola´vel, o “fator sorte”. Para usar uma terminologia mais cient´ıfica, diremos que os erros acidentais sa˜o a consequ¨eˆncia do “impondera´vel”. Como ja´ foi dito, sa˜o erros essencialmente varia´veis e na˜o suscet´ıveis de limitac¸a˜o. 1.4.4 Erros Constantes Erros invaria´veis em aplitude e polaridade devido a impreciso˜es instrumentais. Em geral, podem ser facilmente corrigidos pela comparac¸a˜o com um padra˜o conhecido da medida. 1.4.5 Erros Perio´dicos Erros varia´veis em amplitude e polaridade, mas que obedecem a uma certa lei (por exemplo, a na˜o linearidade de um conversor A/D). Podem ser eliminados pela medic¸a˜o repetitiva sob condic¸o˜es distintas e conhecidas. 1.4.6 Erros Aleato´rios Erros Aleato´rios sa˜o todos os errosrestantes, possuem amplitude e polaridade varia´veis e na˜o seguem necessariamente uma lei sistema´tica. Sa˜o em geral pequenos, mas na˜o esta˜o presentes em qualquer medida, provenientes de sinais espu´rios, condic¸o˜es varia´veis de observac¸a˜o, ru´ıdos do pro´prio instrumento. Cap´ıtulo 1. Generalidades sobre os Instrumentos de Medidas Ele´tricas 5 Erros Aleato´rios: caracter´ısticas e limitac¸o˜es - os valores lidos possuem uma distribuic¸a˜o estat´ıstica; - cada medida e´ independente das outras; - erros pequenos ocorrem com maior probabilidade que os grandes; - erros importantes sa˜o aperio´dicos; - erros (+) e (−) possuem mesma amplitude e probabilidade de ocorreˆncia e frequ¨eˆncia. 1.5 Erros Absoluto e Relativo A palavra “erro”designa a diferenc¸a alge´brica entre o valor medido Vm de uma grandeza e o seu valor verdadeiro, ou aceito como verdadeiro, Ve: ∆V = Vm − Ve Assim, o valor verdadeiro Ve da grandeza pode ser expresso da seguinte maneira: Vm −∆V ≤ Ve ≤ Vm + ∆V O valor ∆V e´ chamado limite superior do erro absoluto, limite ma´ximo do erro absoluto ou simplesmente “erro absoluto”. Quando o valor Vm encontrado na medida e´ maior que o valor verdadeiro Ve, diz-se que o erro cometido e´ “por excesso”. Quando Vm e´ menor que Ve, diz-se que o erro cometido e´ “por falta”. O “erro relativo”ε e´ difinido como a relac¸a˜o entre o erro absoluto ∆V e o valor verda- deiro Ve da grandeza medida: ε = ∆V Ve Para efeito de ca´lculo de ε pode-se, na maioria dos casos, considerar Ve = Vm tendo-se em conta que estes valores sa˜o muito aproximadamente iguais entre si. O erro relativo percentual tem a forma: ε = ∆V Ve · 100 1.6 Tratamento de erros em medidas Com o intuito de minimizar e identificar os va´rios tipos de erros presentes numa medida, um tratamento estat´ıstico pode ser aplicado num conjunto de dados obtidos em condic¸o˜es ideˆnticas e/ou conhecidas. Este tratamento estat´ıstico baseado na observac¸a˜o repetitiva e´ eficaz na minimizac¸a˜o de erros perio´dicos e aleato´rios. Cap´ıtulo 1. Generalidades sobre os Instrumentos de Medidas Ele´tricas 6 1.6.1 Me´dia Aritme´tica A me´dia aritme´tica x¯ e´ dada a partir da equac¸a˜o a seguir. x¯ = n∑ i=1 xi n onde xi sa˜o os valores medidos e n e´ o nu´mero de medidas. O res´ıduo r e´ a diferenc¸a ente a me´dia e cada uma das medidas r = (x¯− xi). 1.6.2 Erro Padra˜o ou Desvio Padra˜o O erro padra˜o σ e´ encontrado a partir de uma se´rie de leituras e fornece uma estima- tiva da amplitude do erro presente nestas medidas e consequentemente sua precisa˜o. A determinac¸a˜o precisa do erro padra˜o σ implica num grande nu´mero de leituras. σ = √∑ r2 n− 1 sendo: ∑ r2 = (x¯− x1)2 + (x¯− x2)2 + . . .+ (x¯− xi)2 Distibuic¸a˜o Normal ou Curva Gaussiana y = 1√ 2piσ2 · e− r 2 2σ2 onde σ2 e´ a variaˆncia, tp e´ o ponto de retorno ( dy dx = 0) e pi sa˜o os pontos de inflexa˜o ( d 2y d2x = 0). A a´rea hachurada na curva representa 68, 3% da a´rea total que equivale ao conjunto de todas as medidas. O erro padra˜o σ de uma se´rie de medidas indica enta˜o uma proba- bilidade de 68, 3% que o valor verdadeiro da medida esteja entre −σ e +σ do valor me´dio x¯ do conjunto de dados. Consequentemente 2σ ⇒ 95, 4% e 3σ ⇒ 99, 7%. Cap´ıtulo 1. Generalidades sobre os Instrumentos de Medidas Ele´tricas 7 1.6.3 Erro Limite O erro limite L e´ uma forma de indicac¸a˜o da margem de erro baseada nos valores extremos (ma´ximo e mı´nimo) poss´ıveis. Em geral, e´ definido como uma porcentagem do valor padra˜o ou fundo de escala. Supo˜e uma probabilidade teo´rica de 100% de que o valor verdadeiro (yv) esteja no intervalo y ± L. Apesar de menos rigorosa, esta medida de erro e´ mais popular que o erro padra˜o, pois indica o erro de forma mais direta e facilmente compreens´ıvel por um leigo. Numa avaliac¸a˜o rigorosa de dados, sempre que poss´ıvel deve-se usar a definic¸a˜o de erro padra˜o. Exemplo: a. R = 10kΩ± 5%; b. C = 10µF + 20%− 10%; c. Em um instrumento: “precisa˜o”= 5% (o termo “precisa˜o”utilizado aqui deve ser substitu´ıdo por “erro”). 1.6.4 Determinac¸a˜o do valor mais prova´vel O valor verdadeiro xv da grandeza a ser medida e´, em geral, desconhecido. Atrave´s da teoria de erros pode-se determinar, com alto grau de exatida˜o, o valor mais prova´vel xp e o quanto este valor ifere do valor verdadeiro. Num conjunto de medidas onde os erros predominantes sa˜o aleato´rios, o valor mais prova´vel corresponde a` me´dia aritme´tica xp ≡ x¯. 1.6.5 Intervalo de Confianc¸a Faixa de valores compreendida entre xp±σ (ou 2σ, 3σ, . . . ) ou xp±L. Considerando um conjunto de medidas quaisquer, a probabilidade de que o valor verdadeiro xv esteja presente em xp ± σ e´ de 31, 7%. 1.7 Dados Caracter´ısticos dos Instrumentos Ele´tricos de Medic¸a˜o Sa˜o indicados a seguir alguns dados caracter´ısticos essenciais dos instrumentos ele´tricos de medic¸a˜o, dados estes importantes na utilizac¸a˜o correta dos mesmos. 1.7.1 Natureza do Instrumento Natureza do instrumento e´ a caracter´ıstica que o identifica de acordo com o tipo de grandeza mensura´vel pelo mesmo. Exemplo: amper´ımetro, volt´ımetro, watt´ımetro, fas´ımetro, etc. Cap´ıtulo 1. Generalidades sobre os Instrumentos de Medidas Ele´tricas 8 1.7.2 Natureza do Conjugado Motor A natureza do conjugado motor caracteriza o princ´ıpio f´ısico de funcionamento do instrumento; caracteriza o efeito da corrente ele´trica aproveitado no mesmo. Exemplo: eletrodinaˆmico - efeito de corrente ele´trica sobre corrente ele´trica; ferro-mo´vel - efeito do campo magne´tico da corrente ele´trica sobre pec¸a de material ferromagne´tico; te´rmico - efeito do aquecimento produzido pela corrente ele´trica ao percorrer um condutor, etc. 1.7.3 Calibre do Instrumento O calibre do instrumento e´ o valor ma´ximo, da grandeza mensura´vel, que o isntrumento e´ capaz de medir. Exemplo: um volt´ımetro que pode medir no ma´ximo 200 volts, diz-se que o seu calibre e´ de 200 volts. Ha´ a considerar dois casos: Instrumento de um so´ calibre: o valor do calibre corresponde, normalmente, ao valor marcado no fim de sua escala. Exemplo: a figura abaixo representa um volt´ımetro de calibre u´nico, 200 volts. Instrumento de mu´ltiplo calibre: os valores dos respectivos calibres veˆm indicados nas va´rias posic¸o˜es da chave de comutac¸a˜o dos calibres, posic¸o˜es da chave de comuta;ca˜o dos calibres, podendo haver no mostrador apenas uma escala graduada. O valor de uma grandeza medida num dos calibres sera´ obtido pela relac¸a˜o: Valor da grandeza = Calibre utilizado Valor marcado no fim da escala · Leitura Exemplo: A figura abaixo representa um multivolt´ımetro cujos terminais 1 e 2 sa˜o para ligac¸a˜o do mesmo ao circuito ele´trico cuja tensa˜o se deseja medir, sendo a sua escala graduada em diviso˜es, de 0 a 200 diviso˜es. Utilizando-se a chave de comutac¸a˜o K no calibre de 300V , liga-se o volt´ımetro a um circuito ele´trico obtendo-se a leitura de 148 diviso˜es. Portanto, o valor medido V da tensa˜o sera´: V = 300 200 · 148 = 222V 1.7.4 Discrepaˆncia Discrepaˆncia e´ a diferenc¸a entre valores medidos para a mesma grandeza. Exemplo: um volt´ımetro e´ empregado para medir a tensa˜o de uma fonte, dando como primeira leitura 218V e como segunda leitura 220V . Diz-se enta˜o que entre as duas medic¸o˜es ha´ uma discrepaˆncia de 2V . Cap´ıtulo 1. Generalidades sobre os Instrumentos de Medidas Ele´tricas 9 1.7.5 Sensibilidade Sensibilidade e´ a caracter´ıstica de um instrumento de medic¸a˜o que exprime a relac¸a˜o entre o valor da grandeza medida e o deslocamento da indicac¸a˜o. Exemplo: dois am- per´ımetros sa˜o postos em se´rie para medir uma mesma corrente I. No primeiro, observa- se uma indicac¸a˜o de x diviso˜es na escala e no segundo, uma indicac¸a˜o de 2x diviso˜es. Diz-se,enta˜o, que a sensibilidade do segundo amper´ımetro e´ o dobro da sensibilidade do primeiro. 1.7.6 Resoluc¸a˜o Resoluc¸a˜o e´ o menor incremento que se pode assegurar na leitura de um instrumento, o que corresponde a` menor divisa˜o marcada na escala do instrumento. 1.7.7 Mobilidade Mobilidade e´ a menor variac¸a˜o da grandeza medida capaz de usar um deslocamento percept´ıvel no ponteiro ou na imagem luminosa. 1.7.8 Perda Pro´pria Perda pro´pria e´ a poteˆncia consumida pelo instrumento correspondente a` indicac¸a˜o final da escala, correspondente ao calibre. Exemplo: um amper´ımetro de calibre 10A e resisteˆncia pro´pria 0, 2Ω tem uma perda pro´pria de 20W . E´ deseja´vel que os instrumentos ele´tricos de medic¸a˜o tenham a mı´nima perda pro´pria a fim de que na˜o perturbem o circuito em que esta´ ligado, sobretudo este circuito trata-se de um circuito de pequena poteˆncia. Os instrumentos eletroˆnicos de medic¸a˜o sa˜o considerados de perda pro´pria praticamente nula. 1.7.9 Eficieˆncia Eficieˆncia de um instrumento e´ a relac¸a˜o entre o seu calibre e a perda pro´pria. Exem- plo: levando em considerac¸a˜o o exemplo do item anterior, a eficieˆncia do amper´ımetro seria: 10A/20W = 0, 5A/W . No caso de volt´ımetro e´ usual exprimir a eficieˆncia em Ω/V , pois: V/W = RI/V I = R/V . Dois volt´ımetros, um de 800Ω/V e outro de 5000Ω/V , o segundo tem melhor eficieˆncia que o primeiro. 1.7.10 Rigidez Diele´trica Rigidez diele´trica caracteriza a isolac¸a˜o entre a parte ativa e a carcac¸a do instrumento. A rigidez diele´trica e´ expressa por um certo nu´mero de quilovolts, chamado de “tensa˜o de prova”ou “tensa˜o de ensaio”, o qual representa a tensa˜o ma´xima que se pode aplicar entre a parte ativa e a carcac¸a do instrumento sem que lhe cause danos. Estes valores sa˜o representados nos instrumentos simbolicamente por uma estrela con- tendo, ou na˜o, um nu´mero em seu interior. Cap´ıtulo 1. Generalidades sobre os Instrumentos de Medidas Ele´tricas 10 1.7.11 Categoria de Medic¸a˜o Definido pelos padro˜es internacionais, a categoria de medic¸a˜o define categorias de I a IV, onde os sistemas sa˜o divididos de acordo com a distribuic¸a˜o de energia. Esta divisa˜o e´ baseada no fato de que um transiente perigoso de alta energia, como um raio, sera´ atenuado ou amortecido a` medida que passa pela impedaˆncia (resisteˆncia CA) do sistema. 1.7.12 Exatida˜o Exatida˜o e´ a caracter´ıstica de um instrumento de medic¸a˜o que exprime o afastamento entre a medida nele efetuada e o valor de refereˆncia aceito como verdadeiro. O valor da exatida˜o de um instrumento de medic¸a˜o ou de um acesso´rio e´ definido pelos limites do erro intr´ınseco e pelos limites da variac¸a˜o na indicac¸a˜o. Como se veˆ, a exatida˜o de um instrumento e´ considerada em relac¸a˜o a um padra˜o, a um valor aceito como verdadeiro. Pode-se dizer que a exatida˜o esta´ diretamente relacionada com as caracter´ısticas pro´prias do instrumento, a forma como foi projetado e constru´ıdo. Os erros sistema´ticos e´ que definem se um instrumento e´ mais exato ou menos exato que outro. A exatida˜o vem indicada nos instrumentos ele´tricos de medic¸a˜o e nos acesso´rios atrave´s da sua “classe de exatida˜o”. Cap´ıtulo 1. Generalidades sobre os Instrumentos de Medidas Ele´tricas 11 Classe de Exatida˜o do Instrumento A classe de exatida˜o do instrumento representa o limite de erro, garantido pelo fa- bricante do instrumento, que se pode cometer em qualquer medida efetuada com este instrumento. A classe de exatida˜o e´ representada pelo “´ındice de classe”, um nu´mero abstrato, o qual deve ser tomado como uma percentagem do calibre do instrumento. Exemplo: seja um volt´ımetro de calibre C = 300V e classe de exatida˜o 1, 5; o limite de erro que se pode cometer em qualquer medida feita com este volt´ımetro e´ de 1, 5% de 300V , ou seja: ∆C = 300·1,5 100 = 4, 5V Veˆ-se que o erro relativo percentual e´ ∆C X · 100 > 1, 5% para uma medic¸a˜o efetuada de X volts. Isto mostra que o instrumento deve ser utilizado para medir grandezas de valor o mais pro´ximo poss´ıvel do ser calibre, onde teremos o erro relativo mı´nimo. Uma pra´tica usual e´ selecionar um instrumento de calibre tal que o calor medido se situe no u´ltimo terc¸o da escala. Um instrumento ele´trico de medic¸a˜o, quanto melhor e´ a sua classe de exatida˜o, mais caro ele custa e mais cuidados ele requer na sua utilizac¸a˜o, com pessoal mais especializado. Tendo em vista este fato e´ que os instrumentos ele´tricos de medic¸a˜o podem ser classificados em dois grupos: Instrumentos de Laborato´rio: sa˜o medidas realizadas em ambientes e condic¸o˜es ideais, distintos do ambiente industrial. Sa˜o medidas feitas para averiguar o funcionamento dos dispositivos de medidas industriais, ou para o projeto de dispositivos e circuitos. Devem ter uma maior precisa˜o e por isso sa˜o mais caros e delicados. Classe de exatida˜o de 0, 1 a 1, 5; Instrumentos de Servic¸o, Instrumentos Industriais: sa˜o aquelas medidas feitas direta- mente sobre a montagem industrial ou instalac¸a˜o ele´trica. Sa˜o utilizados equipa- mentos pra´ticos tanto fixos como porta´teis, classe de exatida˜o de 2 a 3, ou maior. 1.7.13 Repetibilidade (Precisa˜o) No Vocabula´rio Internacional de Metrologia, o termo Precisa˜o foi substitu´ıdo por Repetibilidade. Neste texto adotaremos o termo Repetibilidade. Repetibilidade e´ a caracter´ıstica de um instrumento de medic¸a˜o, determinada atrave´s de um processo estat´ıstico de medic¸o˜es, que exprime o afastamento mu´tuo entre as diversas medidas obtidas de uma grandeza dada, em relac¸a˜o a` me´dia aritme´tica dessas medidas. Ou seja, repetibilidade e´ a propriedade de um instrumento de, em condic¸o˜es ideˆnticas, indicar o mesmo valor para uma determinada grandeza medida. Um instrumento preciso na˜o e´ necessariamente exato, embora seja na maioria dos casos. A repetibilidade esta´ mais ligada a` operac¸a˜o, ao fato de medir a grandeza. Ou seja, e´ o termo que esta´ necessariamente ligado a uma avaliac¸a˜o estat´ıstica sobre os valores resultantes de uma medida. A precisa˜o exprime o grau de consisteˆncia ou reproduc¸a˜o nas indicac¸o˜es de uma medida sob as mesmas condic¸o˜es. A repetibilidade na˜o vem indicada nos intrumentos, pois ela resulta de uma ana´lise estat´ıstica. A repetibilidade de uma medida se faz atrave´s do “´ındice de repetibilidade”, comu- mente dado em func¸a˜o do desvio padra˜o sobre a me´dia dos valores medidos. Assim, Cap´ıtulo 1. Generalidades sobre os Instrumentos de Medidas Ele´tricas 12 quando se diz que determinado resultado tem uma repetibilidade de 0, 5% isto que dizer que a relac¸a˜o σ/x¯ ≤ 0, 005, onde σ e´ o desvio padra˜o. A repetibilidade e´ um pre´-requisito da exatida˜o, mas a repetibilidade na˜o garante a exatida˜o. As medidas efetuadas podera˜o ser ta˜o mais precisas quanto mais exato for o instrumento empregado. Exemplo: Suponhamos um volt´ımetro, constru´ıdo com certa classe de exatida˜o, tem sua resisteˆncia original substitu´ıda por outra de maior valor. Este volt´ımetro continua a fazer medidas com a mesma repetibilidade, entretanto a sua exatida˜o pode estar muito diferente daquela que ele tinha quando estava com a resisteˆncia original. A exatida˜o das medidas somente pode ser comprovada atrave´s da comparac¸a˜o do instrumento com um padra˜o. Exemplo: Suponhamos dois volt´ımetros de mesmo calibre, um de classe de exatida˜o 2 e outro de classe de exatida˜o 1. Os dois volt´ımetros podera˜o fazer medidas com a mesma repetibilidade, pore´m o segundo indicara´ valores mais exatos, pois estes estara˜o mais pro´ximos do valor aceito como verdadeiro. 1.8 Princ´ıpios de Funcionamento de Instrumentos Ele- tromecaˆnicos Os primeiros instrumentos utilizados para medidas de grandezas ele´tricas eram ba- seados na deflexa˜o de um ponteiro acoplado a uma bobina mo´vel imersaem um campo magne´tico. Uma corrente aplicada na bobina produz o seu deslocamento pela forc¸a de Lo- rentz. Um mecanismo de contra-reac¸a˜o (em geral uma mola) produz uma forc¸a contra´ria de modo que a deflexa˜o do ponteiro seja proporcional a` corrente na bobina. Estes instrumentos analo´gicos esta˜o em desuso em func¸a˜o de suas qualidades inferiores se comparadas a`s dos instrumentos digitais (impreciso˜es de leitura, fragilidade, desgaste mecaˆnico, dif´ıcil automac¸a˜o de leitura, etc.). Os instrumentos digitais atuais sa˜o inteiramente eletroˆnicos, na˜o possuindo partes mo´veis (exceto seletores de escala e teclas). Sa˜o mais robustos, precisos, esta´veis e Cap´ıtulo 1. Generalidades sobre os Instrumentos de Medidas Ele´tricas 13 dura´veis. Sa˜o baseados em conversores analo´gico/digital (A/D) e sa˜o facilmente adapta´veis a uma leitura automatizada. Ale´m disso, o custo dos instrumentos digitais e´ em geral inferior (com excec¸a˜o dos oscilosco´pios). Contudo, iremos estudar os princ´ıpios gerais sobre instrumentos eletromecaˆnicos de medic¸a˜o para entendermos melhor o avanc¸o dos instrumentos digitais. 1.8.1 Generalidades sobre Instrumentos Ele´tricos de Medic¸a˜o Os instrumentos ele´tricos empregados na medic¸a˜o das grandezas ele´tricas teˆm sempre um conjunto que e´ deslocado aproveitando um dos efeitos da corrente ele´trica: efeito te´rmico, efeito magne´tico, efeito dinaˆmico, etc. Preso ao conjunto mo´vel esta´ um ponteiro que se desloca na frente de uma escala graduada em valores da grandeza a que se destina o instrumento medir, como na figura abaixo. A corrente ele´trica cont´ınua ao percorrer a bobina fica na presenc¸a do campo magne´tico do ima˜ permanente. A interac¸a˜o entre a corrente e o campo magne´tico origina as forc¸as aplicadas aos condutores da bobina, forc¸as estas que produzem um conjugado em relac¸a˜o ao eixo de rotac¸a˜o do sistema, fazendo girar a bobina em torno deste eixo. Este conjunto assim originado e´ chamado de “conjugado motor”. Ao mesmo tempo as molas, com uma extremidade presa ao eixo da bobina e a outra a` carcac¸a do instrumento, ficam sob tensa˜o mecaˆnica e se opo˜em ao movimento de rotac¸a˜o da bobina, originando um “conjugado antagonista”ou “conjugado restaurador”. Estas molas, ale´m da oposic¸a˜o ao deslocamento do conjunto mo´vel, fazem-no voltar a` posic¸a˜o inicial (posic¸a˜o de repouso) cessado o efeito do conjugado motor. Para evitar as oscilac¸o˜es do conjunto mo´vel em torno da posic¸a˜o de equil´ıbrio, cria- se um “conjugado de amortecimento”por meio de artif´ıcios externos ao sistema. Este “conjugado de amortecimento”evita tambe´m os deslocamentos bruscos do conjunto mo´vel ao partir da posic¸a˜o de repouso, como ao voltar a ela cessado o efeito do conjugado motor. O conjunto mo´vel dos instrumentos ele´tricos e´ assim submetido a treˆs conjugados: 1. O motor produzido pela grandeza a medir, aproveitando um dos efeitos da corrente ele´trica; Cap´ıtulo 1. Generalidades sobre os Instrumentos de Medidas Ele´tricas 14 2. O antagonista produzido pelas molas; 3. O de amortecimento produzido por arranjos externos ao conjunto mo´vel. 1.8.2 Amortecimento do Movimento do Conjunto Mo´vel Ha´ treˆs tipos principais de amortecimentos aplicados aos instrumentos ele´tricos de medic¸a˜o: amortecimento por correntes de Foucault, por atrito sobre o ar e por atrito sobre l´ıquido. Amortecimento por Correntes de Foucault A figura acima mostra o princ´ıpio f´ısico em que se baseia este amortecimento. O disco de alumı´nio e´ rigidamente solida´rio ao eixo do conjunto mo´vel. Quando este se desloca, movido pelo conjugado motor, o disco corta as linhas de fluxo do entreferro do ima˜ permanente. No disco sa˜o enta˜o induzidas correntes de Foucault. Como elas esta˜o na presenc¸a do campo magne´tico do mesmo ima˜ permanente, a interac¸a˜o entre estas correntes e o referido campo magne´tico dara´ origem a uma forc¸a cujo sentido se opo˜e ao movimento do disco, produzindo assim um conjugado em relac¸a˜o ao eixo de rotac¸a˜o, conjugado este que e´ de amortecimento, pois a sua existeˆncia esta´ condicionada ao movimento do disco. O conjugado de amortecimento e´ diretamente proporcional a` velocidade angular do disco. Amortecimento por Atrito sobre o Ar E´ provocado pela reac¸a˜o do ar sobre uma fina palheta meta´lica presa ao eixo de rotac¸a˜o do conjunto mo´vel, ao qual esta´ tambe´m preso o ponteiro. A figura abaixo mostra o artif´ıcio mais empregado para este tipo de amortecimento. Pode ser demonstrado que o conjugado de amortecimento e´ proporcional a` velocidade angular do conjunto mo´vel. Cap´ıtulo 1. Generalidades sobre os Instrumentos de Medidas Ele´tricas 15 Amortecimento por Atrito sobre L´ıquido O l´ıquido mais usado e´ o o´leo mineral, em virtude de suas caracter´ısticas, tambe´m como isolante. A viscosidade do o´leo e´ escolhida de acordo com o mais intenso ou menos intenso amortecimento que se queira dar ao movimento do conjunto mo´vel. Demonstra-se tambe´m em dinaˆmica dos l´ıquidos que o conjugado de amortecimento neste caso e´ ainda proporcional a` velocidade angular do conjunto mo´vel. 1.8.3 Suspensa˜o do Conjunto Mo´vel Esta e´ a parte mais delicada na construc¸a˜o dos instrumentos ele´tricos de medic¸a˜o, devendo a suspensa˜o do conjunto mo´vel ser feita com tal perfeic¸a˜o a proporcionar um movimento sem nenhum atrito. Ha´ treˆs tipos de suspenso˜es mais empregadas: suspensa˜o por fio, por eixo (instrumento de “pivot”) e suspensa˜o magne´tica. Suspensa˜o por Fio Empregada, sobretudo, em instrumentos de alta sensibilidade, instrumentos de labo- rato´rio. O fio de suspensa˜o mostrado na figura acima e´, em geral, feito de uma liga fo´sforo- bronze e tem treˆs finalidades: suportar o conjunto mo´vel; fornecer, por interme´dio da torc¸a˜o, o conjugado antagonista; e servir como condutor para levar a corrente ele´trica a` bobina. A extremidade superior do fio e´ presa a` carcac¸a do instrumento e a sua porc¸a˜o inferior e´ feita em forma de mola para permitir regular a tensa˜o mecaˆnica do fio e centralizar o conjunto mo´vel. Suspensa˜o por Eixo O eixo e´ feito de ac¸o, tendo nas extremidades dois bicos pontudos de ac¸o duro repou- sando sobre dois apoios de rubi ou safira sinte´tica. Cap´ıtulo 1. Generalidades sobre os Instrumentos de Medidas Ele´tricas 16 O eixo pode ser vertical ou horizontal, como na figura acima. Devido a este detalhe, deve-se ter o cuidado de utilizar o instrumento na posic¸a˜o correta indicada pelo fabricante, no mostrador, por s´ımbolos que podem ser vistos na sessa˜o a seguir. Suspensa˜o Magne´tica E´ utilizada, sobretudo, nos instrumentos de eixo vertical. Dois pequenos ima˜s per- manentes sa˜o empregados: um preso ao eixo do conjunto mo´vel e outro a` carcac¸a do instrumento. A suspensa˜o magne´tica pode ser de dois tipos: repulsa˜o, conforme a figura acima, em que po´los de mesmo nome sa˜o colocados em presenc¸a na parte inferior do eixo; e atrac¸a˜o, conforme figura acima, em que po´los de nomes contra´rios sa˜o colocados em presenc¸a na parte superior do eixo. O guia indicado nas figuras e´ feito de material na˜o magne´tico e serve para evitar que o conjunto mo´vel fuja da posic¸a˜o correta em que deve trabalhar. Esta suspensa˜o tem sido empregada com resultados satisfato´rios nos medidores de energia ele´trica, eliminando consideravelmente o atrito no apoio inferior, uma vez que com este artif´ıcio o conjunto mo´vel fica flutuando no ar. Isto fez com que a vida me´dia destes medidores aumentasse de 15 para 30 anos. 1.8.4 Processos de Leitura Os instrumentos ele´tricos de medic¸a˜o, conforme o modo de indicac¸a˜o do valor das grandezas medidas, podem ser classificados em treˆs tipos: indicadores, registradores e acumuladores, ou totalizadores. Instrumentos Indicadores Sobre uma escala graduada, eles indicam ovalor da grandeza a que se destinam medir. Podem ser do tipo “ponteiro”para instrumentos analo´gicos de suspensa˜o por eixo e do Cap´ıtulo 1. Generalidades sobre os Instrumentos de Medidas Ele´tricas 17 tipo “feixe luminoso”ou “imagem luminosa”para instrumentos analo´gicos de suspensa˜o por fio. Os instrumentos digitais podem utilizar leds, displays, ou monitores independente dos tipos de instrumento; podendo inclusive, atrave´s de uma rede, possibilitar uma indicac¸a˜o remota . Instrumentos Registradores Em instrumentos analo´gicos, sobre um rolo de papel graduado, eles registram os valores da grandeza a que se destinam medir. Depois, retirando-se o papel do instrumento, tem- se uma ide´ia da variac¸a˜o da grandeza medida durante o per´ıodo de tempo em que este instrumento esteve ligado. Em instrumentos digitais, o registro e´ realizado atrave´s de memo´rias. O que facilita a ana´lise e o armazenamento de dados. Ale´m de, atrave´s de uma rede, possibilitar a ana´lise de forma remota. Acumuladores ou Totalizadores O mostrador destes instrumentos indica o valor acumulado da grandeza medida, desde o momento em que os mesmos foram instalados. Sa˜o especialmente destinados a` medic¸a˜o de energia ele´trica, levando em considerac¸a˜o a poteˆncia ele´trica solicitada por uma carga e o tempo de utilizac¸a˜o da mesma. A quan- tidade de energia ele´trica solicitada durante um certo per´ıodo, um meˆs por exemplo, e´ obtida pela diferenc¸a entre a leitura no fim do per´ıodo, chamada “leitura atual”, e a leitura que foi feita no in´ıcio do per´ıodo, chamada “leitura anterior”. 1.9 Simbologia para Instrumentos de Medida A utilizac¸a˜o correta dos instrumentos de medidas ele´tricas depende da escolha dos instrumentos. Isto permite a medida correta das grandezas sem por em risco a vida do operador e a integridade do equipamento. Para tanto, deve-se observar os s´ımbolos gravados nos visores. As tabelas a seguir ilustram alguns dos s´ımbolos frequ¨entemente utilizados em medidas ele´tricas e nos diagramas dos circuitos ele´tricos. Cap´ıtulo 1. Generalidades sobre os Instrumentos de Medidas Ele´tricas 18 Cap´ıtulo 1. Generalidades sobre os Instrumentos de Medidas Ele´tricas 19 Para fixar a ide´ia, vamos dar um exemplo: Significac¸a˜o: instrumento de ferro mo´vel, para correntes cont´ınua e alternada, classe de exatida˜o 1, deve ser utilizado com o mostrador na posic¸a˜o horizontal, tensa˜o de ensaio 2kV . 1.10 Precauc¸o˜es na Utilizac¸a˜o E´ aconselha´vel que o operador somente utilize um instrumento ele´trico de medic¸a˜o se tiver real certeza de que o esta´ utilizando de modo correto. Esta precauc¸a˜o faz evitar acidentes para o operador e para o instrumento. Se o instrumento na˜o e´ ainda conhecido para o operador, antes de coloca´-lo em operac¸a˜o, devem ser lidos os manuais de instruc¸o˜es fornecidos pelo fabricante. Para fazer a medida de uma grandeza ele´trica, e´ necessa´rio selecionar o instrumento adequado tendo em vista va´rias condic¸o˜es: 1. Natureza da grandeza que se quer medir: corrente, tensa˜o, poteˆncia, energia, etc., e o seu tipo, isto e´, grandeza cont´ınua ou alternada. 2. Valor aproximado da grandeza para que se possa fazer a selec¸a˜o do calibre adequado. Na pra´tica, isto e´ quase sempre poss´ıvel em virtude dos dados caracter´ısticos do equipamento fornecidos na sua placa de identificac¸a˜o. Por exemplo, deseja-se me- dir a corrente solicitada por uma laˆmpada de 200W , 220V , pode-se empregar um amper´ımetro de calibre 1A, uma vez que, calculando a corrente solicitada por esta laˆmpada, se veˆ que ela e´ ligeiramente inferior a 1A. Se na˜o ha´ condic¸o˜es para determinar previamente o valor aproximado da grandeza, enta˜o deve ser selecionado um instrumento de calibre o maior poss´ıvel. Verificado assim desta forma o valor da grandeza, pode-se enta˜o selecionar um calibre mais adequado, de tal modo que o valor medido se situe no u´ltimo terc¸o da escala do instrumento utilizado, obtendo-se assim melhor resultado na medida. 3. O instrumento deve ter uma classe de exatida˜o compat´ıvel com a qualidade da gran- deza que se esta´ medindo e com a precisa˜o que se deseja nos resultados que sera˜o obtidos. 4. Em relac¸a˜o a` poteˆncia ele´trica da fonte que alimenta o circuito em que vai ser intro- duzido o instrumento de medic¸a˜o, este deve ser selecionado com uma eficieˆncia a melhor poss´ıvel a fim de que nenhuma influeˆncia cause no referido circuito. 5. E´ interessante analisar previamente a perturbac¸a˜o que pode causar um determinado instrumento de medic¸a˜o ao ser inserido num circuito. Este fato e´ ressaltado com o exemplo seguinte: corriqueiramente e´ dito que todo amper´ımetro tem resisteˆncia interna desprez´ıvel quando e´ utilizado para medir uma corrente ele´trica. Esta afirma- tiva e´ precipitada! E´ mais correto afirmar que a resisteˆncia interna do amper´ımetro Cap´ıtulo 1. Generalidades sobre os Instrumentos de Medidas Ele´tricas 20 e´ pequena, mas na˜o, desprez´ıvel. Podera´ ser desprez´ıvel se realmente for muito me- nor do que a resisteˆncia do circuito com a qual tenha sido posto em se´rie. Para fixar a ide´ia, suponhamos que uma fonte E = 10V alimenta uma resisteˆncia R = 1Ω, conforme a figura abaixo. Ora, a corrente I que circula atrave´s de R e´ de 10A. Se for introduzido em se´rie com R um amper´ımetro de resisteˆncia interna Ra = 1Ω, conforme a figura abaixo, a corrente sera´ agora I = 5A. Isto mostra que o amper´ımetro causou uma perturbac¸a˜o no circuito em virtude de a sua resisteˆncia ser considera´vel, e na˜o desprez´ıvel, diante do valor da resisteˆncia R do circuito. Este exemplo e´ extensivo a todos os outros instrumentos ele´tricos de medic¸a˜o e serve de alerta aos seus manipuladores. Cap´ıtulo 2 Medic¸a˜o de Poteˆncias Ativa e Reativa 2.1 Watt´ımetro Eletrodinaˆmico A figura a seguir esquematiza este instrumento que consta essencialmente das seguintes partes, ale´m das molas restauradoras: a. Uma bobina fixa Bc constitu´ıda de duas meias bobinas ideˆnticas; b. Uma bobina mo´vel Bp, a` qual esta´ preso o ponteiro, colocada entre as duas meias bobinas Bc. O movimento do conjunto mo´vel, bobina Bp, resulta da interac¸a˜o entre o campo eletromagne´tico, criado pela corrente ic, e a corrente ip da bobinaBp. O seu funcionamento e´ assim ideˆntico ao do instrumento de ima˜ fixo e bobina mo´vel, sendo o ima˜ permanente substitu´ıdo por Bc, fazendo-se ressalva de que os eletrodinaˆmicos sa˜o utiliza´veis tanto em corrente cont´ınua como em corrente alternada. A notac¸a˜o Bc e Bp e´ justificada pela utilizac¸a˜o destes instrumentos como watt´ımetro, onde Bc e´ chamada bobina de corrente e Bp, bobina de potencial ou bobina de tensa˜o. E ainda, Lc e´ o coeficiente de auto-induc¸a˜o de Bc e Lp, de Bp. Cap´ıtulo 2. Medic¸a˜o de Poteˆncias Ativa e Reativa 22 Consideremos uma carga Z submetida a` tensa˜o v e percorrida pela corrente i. Ligando Bc em se´rie com esta carga e Bp em paralelo, e considerando Rp >> ωLp, temos que ic = i e ip = v Rp . O que nos da´ a poteˆncia ativa da carga Z em watt, de modo que a leitura do valor da poteˆncia ativa e´ feita diretamente. 2.1.1 Erro Sistema´tico do Watt´ımetro Como mostram os dois esquemas seguintes e´ imposs´ıvel realizar, ao mesmo tempo, a ligac¸a˜o se´rie Bc−carga e a ligac¸a˜o paralela Bp−carga. A medic¸a˜o, portanto, comporta um erro sistema´tico: seja com a influeˆncia da bobina Bc na corrente ic antes da medic¸a˜o de Bp, ou na influeˆncia da corrente ip da bobina Bp fazendo que haja um desvio da corrente total i = ic da carga e que e´ medida pela bobina Bc. No caso em que se deseje um valor preciso de poteˆncia medida, e´ poss´ıvel determinar-se o valor da poteˆncia perdida para subtra´ı-lo da indicac¸a˜o do watt´ımetro. 2.1.2 Modo Pra´tico de Ligar o Watt´ımetro Antes de ligar um watt´ımetro,e´ preciso observar os valores ma´ximos de corrente e tensa˜o suporta´veis por Bc e Bp, respectivamente. Estes valores esta˜o indicados no mostrador do instrumento, como por exemplo, na figura abaixo em que Bc suporta no ma´ximo 5A e Bp, 300V . Olhando para um watt´ımetro, facilmente identificamos os terminais das bobinas Bc e Bp: os terminais de Bc teˆm maior sec¸a˜o que os de Bp. Ou aqueles esta˜o designados por A1 e A2, e estes por V1 e V2. Um terminal de Bc, como tambe´m um de Bp, esta´ marcado com um sinal ± ou com um aster´ıstico ∗. Isto indica a entrada das bobinas Bc e Bp. Cap´ıtulo 2. Medic¸a˜o de Poteˆncias Ativa e Reativa 23 Para que o watt´ımetro deˆ uma indicac¸a˜o correta: 1. O terminal marcado de Bc deve ser ligado a` fonte e o outro a` carga, como mostra a figura acima. 2. O terminal marcado de Bp deve ser ligado no condutor que esta´ em se´rie com Bc; levando em conta o recomendado no item anterior, sua ligac¸a˜o deve ser feita como na figura acima, isto e´, a bobina Bp ligada depois da bobina de corrente. 3. O terminal na˜o marcado de Bp sera´ ligado ao outro condutor, isto e´, ligado ao ponto B ou E ou D da figura acima. 4. O watt´ımetro pode dar indicac¸a˜o para tra´s desde que o aˆngulo θ, entre a tensa˜o aplicada a Bp e a corrente que percorre Bc, tenha cos θ < 0. Para dar indicac¸a˜o para frente, e´ preciso inverter uma de suas duas bobinas Bc ou Bp, conforme mostram as figuras abaixo. Observamos que o watt´ımetro da´ um desvio proporcional ao produto V I cos θ, onde: V e´ o valor eficaz da tensa˜o aplicada a` Bp; I e´ o valor eficaz da corrente que percorre Bc; e θ e´ o aˆngulo de defasagem entre V e I. Como a escala do instrumento ja´ e´ graduada em valores de poteˆncia, no caso em watts, enta˜o a sua indicac¸a˜o sera´: W = V I · cos θ Se as grandezas aplicadas ao watt´ımetro forem as mesmas aplicadas a` carga, enta˜o ele indicara´ a poteˆncia ativa da carga, conforme a expressa˜o de W acima. Chamamos a atenc¸a˜o para este ponto porque pode acontecer de a carga ser alimentada com a tensa˜o V e percorrida pela corrente I, enquanto que o watt´ımetro tenha Bp submetida a` tensa˜o U , diferente de V , e Bc percorrida pela mesma corrente I. A indicac¸a˜o W do watt´ımetro sera´ neste caso: W = UI · cos ( ~̂U ~I ) Cap´ıtulo 2. Medic¸a˜o de Poteˆncias Ativa e Reativa 24 2.2 Medic¸a˜o de Poteˆncia Ele´trica em Corrente Alter- nada Para a medic¸a˜o da poteˆncia ele´trica ativa solicitada por uma carga, empregamos o watt´ımetro. O instrumento pode ser o mesmo, quer a fonte seja de corrente cont´ınua ou de corrente alternada. Chamamos a atenc¸a˜o para o fato de que a indicac¸a˜o do watt´ımetro e´ igual ao produto da tensa˜o V aplicada a` sua bobina de potencial Bp pela corrente I que percorre a sua bobina de corrente Bc e pelo cosseno do aˆngulo de defasagem entre V e I: W = V I · cos ( ~̂V ~I ) Se V for a mesma tensa˜o aplicada a` carga e I a mesma corrente que percorre, enta˜o a indicac¸a˜o do watt´ımetro sera´ a poteˆncia ativa absorvida pela carga. Relembramos as expresso˜es das poteˆncias ele´tricas em corrente alternada: Poteˆncia Aparente: S = V I expressa em volt-ampe´re (V A). Poteˆncia Ativa: P = V I · cos θ expressa em watt (W ). Poteˆncia Reativa: Q = V I · sin θ expressa em var (var). E´ preciso tambe´m na˜o esquecer a relac¸a˜o entre a tensa˜o composta U (tensa˜o entre fases) e a tensa˜o simples V¯ (tensa˜o entre fase e neutro) nos circuitos trifa´sicos equilibrados: U = √ 3 · V Para os ciscuitos trifa´sicos equilibrados, as expresso˜es das poteˆncias ficara˜o: Poteˆncia Aparente: S = 3V I = √ 3 · UI. Poteˆncia Ativa: P = 3V I · cos θ = √3 · UI cos θ. Poteˆncia Reativa: Q = 3V I · sin θ = √3 · UI sin θ. 2.2.1 Me´todos para Medic¸a˜o da Poteˆncia Ativa Num circuito trifa´sico a poteˆncia instantaˆnea e´ dada pela relac¸a˜o: p = v1i1 + v2i2 + v3i3 onde: i1, i2 e i3 sa˜o as correntes das fases 1, 2 e 3, respectivamente; v1, v2 e v3 sa˜o as respectivas tenso˜es entre cada fase e o neutro. Cap´ıtulo 2. Medic¸a˜o de Poteˆncias Ativa e Reativa 25 Me´todo dos Treˆs Watt´ımetros: Circuitos de 3 Fases e um Neutro Este me´todo e´ aplica´vel para os circuitos trifa´sicos a quatro fios, equilibrados ou na˜o, sendo treˆs fios de fase e um fio de neutro. Temos enta˜o: P = V1I1 cos θ1 + V2I2 cos θ2 + V3I3 cos θ3 Aplicando enta˜o treˆs watt´ımetros, como mostra a figura abaixo, temos que a soma das suas indicac¸o˜es respectivas representa a poteˆncia ativa total absorvida pela carga Z. As indicac¸o˜es dos watt´ımetros sera˜o: a. W = V1I1 cos ( ~̂V1~I1 ) b. W = V2I2 cos ( ~̂V2~I2 ) c. W = V3I3 cos ( ~̂V3~I3 ) Levando em considerac¸a˜o que a figura do diagrama fasorial corresponde ao esquema da mesma figura, temos: a. cos ( ~̂V1~I1 ) = cos θ1 b. cos ( ~̂V2~I2 ) = cos θ2 c. cos ( ~̂V3~I3 ) = cos θ3 A indicac¸a˜o total sera´: W = W1 + W2 + W3 e a poteˆncia ativa total: P = W . Se o circuito e´ equilibrado, isto e´, existem as igualdades: a. V1 = V2 = V3 = V b. I1 = I2 = I3 = I Cap´ıtulo 2. Medic¸a˜o de Poteˆncias Ativa e Reativa 26 c. θ1 = θ2 = θ3 = θ enta˜o, teremos: P = 3V I cos θ Para este caso podemos empregar apenas um watt´ımetro e multiplicar a sua indicac¸a˜o por 3 para termos a poteˆncia ativa total P . Me´todo dos Dois Watt´ımetros: Circuitos de 3 Fases Este me´todo e´ aplica´vel para os circuitos trifa´sicos a treˆs fios, equilibrados ou na˜o, sendo todos os treˆs fios de fase. Podera´ ser aplicado ao circuito de 4 fios se o mesmo for equilibrado, o que significa na˜o circular corrente no neutro. Nos circuitos trifa´sicos a treˆs fios, duas condic¸o˜es sa˜o sempre satisfeitas: 1. A soma das correntes de linha e´ sempre zero: i1 + i2 + i3 = 0 Isto corresponde a: ~I1 + ~I2 + ~I3 = 0 2. A soma das tenso˜es compostas e´ sempre zero: u12 + u23 + u31 = 0 Isto corresponde a: ~U12 + ~U23 + ~U31 = 0 Explicitando i3 na expressa˜o acima e substituindo na expressa˜o de poteˆncia ins- tantaˆnea obtemos: p = v1i1 + v2i2 − v3 (i1 + i2) ou ainda: p = (v1 − v3) i1 + (v2 − v3) i2 Podemos ainda escrever as seguintes relac¸o˜es:{ v1 − v3 = u13 que e´ a tensa˜o composta entre as fases 1 e 3 v2 − v3 = u23 que e´ a tensa˜o composta entre as fases 2 e 3 Enta˜o: p = u13i1 + u23i2 E a poteˆncia ativa total sera´: Cap´ıtulo 2. Medic¸a˜o de Poteˆncias Ativa e Reativa 27 P = U13I1 · cos ( ~̂U13, ~I1 ) + U23I2 · cos ( ~̂U23, ~I2 ) A figura acima indica a montagem a realizar com os dois watt´ımetros para a obtenc¸a˜o de P . Cada watt´ımetro indicara´: a. W1 = U13I1 · cos ( ~̂U13, ~I1 ) b. W2 = U23I2 · cos ( ~̂U23, ~I2 ) Se o circuito e´ equilibrado, temos do diagrama fasorial da figura acima: a. ~̂U13, ~I1 = 30 o − θ b. ~̂U23, ~I2 = 30 o + θ Acarretando como consequ¨eˆncia: a. W1 = UI · cos (30o − θ) b. W2 = UI · cos (30o + θ) Sobre as expresso˜es acima faremos as seguintes observac¸o˜es: 1. θ < 60o acarreta cos θ > 0, 5 Neste caso temos W1 e W2 positivos, isto e´, os dois watt´ımetros da˜o indicac¸a˜o para a frente. 2. θ > 60o acarreta cos θ < 0, 5 O primeiro watt´ımetro da´ indicac¸a˜o para frente, mas o segundo da´ indicac¸a˜o para tra´s. 3. θ = 60o acarreta cos θ = 0, 5 O primeiro watt´ımetro indica sozinho a poteˆncia ativa total da carga, pois o segundo indica W2 = 0. Cap´ıtulo 2. Medic¸a˜o de Poteˆncias Ativa e Reativa 28 Os dois watt´ımetros sempre dara˜o indicac¸o˜es diferentes entre si. Somente para θ = 0 e´ que teremos: W1 = W2. A poteˆncia ativa total P = W1+W2 e´ assim a soma alge´brica das respectivas indicac¸o˜es dos dois watt´ımetros. Se acontecer o segundo caso num circuito, devemos inverter a bobina de corrente Bc do segundo watt´ımetro de modo que o mesmo deˆ uma indicac¸a˜o parafrente e este valor sera´ subtra´ıdo da indicac¸a˜o do primeiro instrumento para termos a poteˆncia total P . O fator de poteˆncia da carga pode ser calculado a partir das expresso˜es: cos θ = W1+W2√ 3·UI ; sin θ = W1−W2 UI ; tgθ = W1+W2 W1−W2 · √ 3 Para este me´todo, ale´m da montagem da figura acima, pode ser realizadas as monta- gens mostradas na figura abaixo, bastando para isto substituir na expressa˜o da corrente os valores correspondentes: i1 = − (i2 + i3) ou i2 = − (i1 + i3) 2.2.2 Medic¸a˜o da Poteˆncia Reativa A poteˆncia reativa solicitada por uma carga monofa´sica, de fator de poteˆncia cos θ, e´ expressa como: Q = V I · sin θ Para a carga trifa´sica esta poteˆncia sera´: Q = V1I1 sin θ1 + V2I2 sin θ2 + V3I3 sin θ3 Se a carga trifa´sica e´ equilibrada, esta expressa˜o, ficara´: Q = 3V I · sin θ Embora existam instrumentos especiais para medic¸a˜o de poteˆncia reativa, eles sa˜o pouco empregados.Para os circuitos monofa´sicos emprega-se o watt´ımetro e mais um volt´ımetro e um amper´ımetro, como mostra a figura abaixo. Da´ı deduzimos: cos θ = P V I e consequentemente sin θ e ainda: Q = V I · sin θ. Para os circuitos trifa´sicos empregamos o wattimetro tendo cuidado de alimentar a sua bobina Bp com uma tensa˜o defasada de 90 o em relac¸a˜o a` tensa˜o aplicada a` carga. Cap´ıtulo 2. Medic¸a˜o de Poteˆncias Ativa e Reativa 29 Montagens para Medic¸a˜o da Poteˆncia Reativa em Circuitos Trifa´sicos O circuito trifa´sico pode ser a 3 ou 4 fios, equilibrado ou na˜o, a montagem a realizar e´ a mostrada na figura abaixo. O fio neutro na˜o e´ utilizado. As indicac¸o˜es dos watt´ımetros sera˜o: a. W1 = U23I1 cos ( ~̂U23~I1 ) b. W2 = U31I2 cos ( ~̂U31~I2 ) c. W3 = U12I3 cos ( ~̂U12~I3 ) Do diagrama fasorial correspondente, mostrado na figura acima, temos: a. cos ( ~̂U23~I1 ) = cos (90o − θ1) = sin θ1 b. cos ( ~̂U31~I2 ) = cos (90o − θ2) = sin θ2 c. cos ( ~̂U12~I3 ) = cos (90o − θ3) = sin θ3 Cap´ıtulo 2. Medic¸a˜o de Poteˆncias Ativa e Reativa 30 Assim, a soma das indicac¸o˜es sera´: W = U23I1 sin θ1 + U31I2 sin θ2 + U12I3 sin θ3 Como as tenso˜es sa˜o supostas sempre equilibradas temos que: | ~U23| = | ~U31| = | ~U12| = U = √ 3 · V Assim, a expressa˜o toma a forma: W = √ 3 · (V I1 sin θ1 + V I2 sin θ2 + V I3 sin θ3) Comparando as equac¸o˜es, conclui-se que: W = √ 3 ·Q ∴ Q = W√ 3 Ou seja: a poteˆncia reativa total Q da carga e´ igual a` soma das indicac¸o˜es dos treˆs watt´ımetros dividida por √ 3. Sendo o circuito trifa´sico equilibrado, podemos empregar apenas o primeiro watt´ımetro como mostra a figura abaixo. Desta se conclui: W1 = UI sin θ = √ 3 · V I sin θ E neste caso para termos a poteˆncia reativa total Q: Q = √ 3 ·W1 ou seja: Q = 3V I sin θ Costuma-se fazer a montagem da figura com treˆs watt´ımetros na pra´tica para verificar se o circuito trifa´sico e´ realmente equilibrado, pois em caso afirmativo todos os watt´ımetros dara˜o a mesma indicac¸a˜o: W1 = W2 = W3 Ainda para os circuitos trifa´sicos equilibrados podemos empregar dois watt´ımetros como na figura abaixo e teremos: W = W1 +W2 Cap´ıtulo 2. Medic¸a˜o de Poteˆncias Ativa e Reativa 31 Sequeˆncia das Fases Na medic¸a˜o da poteˆncia ativa na˜o importa a sequ¨eˆncia das fases. Mas, na medic¸a˜o da poteˆncia reativa e´ muito importante conhecer a sequ¨eˆncia das fases, pois se a ligac¸a˜o de Bp na˜o for a correta, como a indicada nas montagens anteriores, o instrumento pode dar indicac¸a˜o incorreta, inclusive em sentido contra´rio ao normal. A primeira vista parece que e´ bastante inverter a ligac¸a˜o de Bc e teremos a indicac¸a˜o correta para a frente. Entretanto, esta observac¸a˜o e´ feita para o fato da identificac¸a˜o da natureza da poteˆncia reativa, isto e´, indutiva ou capacitiva. Se a poteˆncia reativa for capacitiva, embora o instrumento esteja com a ligac¸a˜o correta, sua indicac¸a˜o sera´ para tra´s, como se pode ver na figura abaixo. A indicac¸a˜o do watt´ımetro: W = U23I1 · cos ( ~̂U23, ~I1 ) Mas, do diagrama fasorial: cos ( ~̂U23, ~I1 ) = cos (90o + θ) = − sin θ Donde concluimos: W = −U23I1 sin θ Se a ligac¸a˜o tivesse sido U32 ter´ıamos que a indicac¸a˜o do watt´ımetro seria: W = U32I1 sin θ O mo´dulo seria o mesmo, mas dir´ıamos que a poteˆncia reativa e´ indutiva, quando na realidade e´ capacitiva. Cap´ıtulo 3 Transformadores para Instrumentos 3.1 Introduc¸a˜o Os transformadores para instrumentos sa˜o equipamentos ele´tricos projetados e cons- tru´ıdos especificamente para alimentarem instrumentos ele´tricos de medic¸a˜o, controle ou protec¸a˜o. Sa˜o dois os tipos de transformadores para instrumentos. Transformador de Potencial (TP) E´ um transformador para instrumento cujo enrolamento prima´rio e´ ligado em de- rivac¸a˜o com um circuito ele´trico e cujo enrolamento secunda´rio se destina a alimentar bobinas de potencial de instrumentos ele´tricos de medic¸a˜o, controle ou protec¸a˜o. Na pra´tica e´ considerado um “redutor de tensa˜o”, pois a tensa˜o no seu circuito secunda´rio e´ normalmente menor que a tensa˜o no seu enrolamento prima´rio. Transformador de Corrente (TC) E´ um transformador para instrumento cujo enrolamento prima´rio e´ ligado em se´rie em um circuito ele´trico e cujo enrolamento secunda´rio se destina a alimentar bobinas de corrente de instrumentos ele´tricos de medic¸a˜o, controle ou protec¸a˜o. Na pra´tica e´ consi- derado um “redutor de corrente”, pois a corrente que percorre o seu circuito secunda´rio e´ normalmente menor que a corrente que percorre o seu enrolamento prima´rio. 3.2 Generalidades sobre Transformadores O transformador e´ um equipamento ele´trico, esta´tico, que recebe energia ele´trica e fornece energia ele´trica. Um transformador consta essencialmente de dois circuitos ele´tricos, acoplados atrave´s de um circuito magne´tico. Um dos circuitos ele´tricos, cha- mado “prima´rio”, recebe energia de uma fonte AC, e o outro, chamado “secunda´rio”, fornece energia da mesma forma e frequ¨eˆncia, mas usualmente sob tensa˜o diferente, a uma carga M . Cap´ıtulo 3. Transformadores para Instrumentos 33 Os circuitos prima´rio e secunda´rio sa˜o bobinas de fios de cobre, em geral com n1 6= n2 onde n1 e´ o nu´mero de espiras do prima´rio e n2 e´ o nu´mero de espiras do secunda´rio. O circuito magne´tico, chamado “nu´cleo”, e´ de chapas de ferro-sil´ıcio justapostas, mas isoladas umas das outras para reduzir as perdas por correntes de Foucault. Admitindo que a poteˆncia fornecida ao prima´rio e´ totalmente transferida ao secunda´rio, isto e´, na˜o ha´ perdas, rendimento 100%, podemos escrever: U1I1 = U2I2 ou ainda: U1 U2 = I2 I1 = n1 n2 Da expressa˜o acima conclu´ımos: n1I1 = n2I2, o que significa ser o nu´mero de ampe´res- espiras do prima´rio igual ao nu´mero de ampe´res-espiras do secunda´rio. Portanto: I1 = n2 n1 · I2 Como ~I1 e ~I2 teˆm sentidos opostos, a relac¸a˜o fasorial entre elas sera´: ~I1 = −n2n1 · ~I2 E como ~E1 deve equilibrar a tensa˜o aplicada ~U1, temos as sequintes relac¸o˜es fasoriais: ~U2 = ~E2 e ~U1 = − ~E1 Agora, consideraremos um transformador real com todos os seus elementos considera- dos: resisteˆncias dos enrolamentos prima´rio r1 e secunda´rio r2, corrente de excitac¸a˜o ~I0, fluxo de dispersa˜o representados pelas “reataˆncias de fuga”ou “reataˆncias de dispersa˜o”do prima´rio x1 e secunda´rio x2. Desta forma, a expressa˜o do transformador ficara´: ~U1 = − ~E1 + r1~I1 + jx1~I1 ~U2 = ~E2 − r2~I2 − jx2~I2 onde a corrente do prima´rio com a corrente de excitac¸a˜o e´ ~I1 = −n2n1 · ~I2 + ~I0. Cap´ıtulo 3. Transformadores para Instrumentos 34 3.3 Transformador de Potencial (TP) A figura abaixo representa, esquematicamente, o transformador de potencial (TP). O TPtem n1 > n2 dando assim uma tensa˜o U2 < U1, sendo por isto considerado na pra´tica como um elemento “redutor de tensa˜o”, pois uma tensa˜o elevada U1 e´ transformada para uma tensa˜o reduzida U2 de valor suporta´vel pelos instrumentos ele´tricos usuais. Os TPs sa˜o projetados e constru´ıdos para uma tensa˜o secunda´ria nominal padronizada em 115 volts, sendo a tensa˜o prima´ria nominal estabelecida de acordo com a tensa˜o entre fases do circuito em que o TP sera´ ligado. Assim, sa˜o encontrados no mercado TPs para: 2300/115V , 13800/115V , 69000/115V , etc., isto significa que: a. Quando no prima´rio se aplica a tensa˜o nominal para o qual o TP foi constru´ıdo, no secunda´rio tem-se 115 volts; b. Quando no prima´rio se aplica um tensa˜o menor ou maior do que a nominal, no secunda´rio tem-se tambe´m uma tensa˜o menor ou maior do que 115 volts, mas na mesma proporc¸a˜o das tenso˜es nominais do TP utilizado. Exemplo: num TP de 13800/115V , ao aplicar-se a tensa˜o de 13400V no prima´rio, tem-se no secunda´rio 112V ; ao aplicar-se a tensa˜o de 14280V , tem-se no secunda´rio 119V . Os TPs a serem ligados entre fase e neutro sa˜o constru´ıdos para terem como tensa˜o prima´ria nominal a tensa˜o entre fases do circuito dividida por √ 3, e com tensa˜o secunda´ria nominal 115/ √ 3 volts ou 115V aproximadamente, podendo ainda ter estas duas possibi- lidades de tenso˜es ao mesmo tempo por meio de uma derivac¸a˜o conforme mostra a figura abaixo. Assim, sa˜o tambe´m encontrados no mercado TPs, por exemplo, para: Cap´ıtulo 3. Transformadores para Instrumentos 35 1. Tensa˜o prima´ria nominal: 13800/ √ 3 volts Tensa˜o secunda´ria nominal: 115/ √ 3 volts, ou as duas tenso˜es: 115/ √ 3V e 115V aproximadamente. 2. Tensa˜o prima´ria nominal: 69000/ √ 3 volts Tensa˜o secunda´ria nominal: 115/ √ 3 volts, ou as duas tenso˜es: 115/ √ 3V e 115V aproximadamente. O quadro abaixo mostra as tenso˜es prima´rias nominais e as relac¸o˜es nominais padro- nizadas para os TPs fabricados normalmente no Brasil. Os TPs sa˜o projetados e constru´ıdos para suportarem uma sobre-tensa˜o de ate´ 10% em regime permanente, sem que nenhum dano lhes seja causado. Como os TPs sa˜o empregados para alimentar instrumentos de alta impedaˆncia (volt´ımetros, bobinas de potencial de watt´ımetros, bobinas de potencial de medidores de energia ele´trica, rele´s de tensa˜o, etc.) a corrente secunda´ria I2 e´ muito pequena e por isto se diz que sa˜o transformadores de poteˆncia que funcionam quase em vazio. 3.3.1 Relac¸a˜o Nominal U1n U2n = Kp Cap´ıtulo 3. Transformadores para Instrumentos 36 E´ a relac¸a˜o entre os valores nominais U1n e U2n das tenso˜es prima´ria e secunda´ria, respectivamente, tenso˜es estas para as quais o TP foi projetado e constru´ıdo. A “relac¸a˜o nominal”e´ a indicada pelo fabricante na placa de identificac¸a˜o do TP. E´ chamada tambe´m de “relac¸a˜o de transformac¸a˜o nominal”, ou simplesmente de “relac¸a˜o de transformac¸a˜o”, sendo nas aplicac¸o˜es pra´ticas considerada uma constante para cada TP. Ela e´ muito aproximadamente igual a` relac¸a˜o entre as espiras: U1n U2n = Kp 6= n1n2 3.3.2 Relac¸a˜o Real U1 U2 = Kr E´ a relac¸a˜o entre o valor exato U1 de uma tensa˜o qualquer aplicada ao prima´rio do TP e o correspondente valor exato U2 verificado no secunda´rio dele. Em virtude de o TP ser um equipamento eletromagne´tico, a cada U1 corresponde um U2 e como consequ¨eˆncia, um Kr: U1 U2 = Kr ; U ′1 U ′2 = K ′r ; U ′′1 U ′′2 = K ′′r Como tambe´m, para uma mesma tensa˜o U1 aplicada ao prima´rio, a cada carga colocada no secunda´rio do TP podera´ corresponder um valor da tensa˜o U2, e como consequ¨eˆncia, um Kr: U1 U ′2 = K ′r ; U1 U ′′2 = K ′′r ; etc. Estes valores de Kr sa˜o todos muito pro´ximos entre si e tambe´m de Kp, pois os TPs sa˜o projetados dentro de crite´rios especiais e sa˜o fabricados com materiais de boa qualidade sob condic¸o˜es e cuidados tambe´m especiais. Como na˜o e´ poss´ıvel medir U2 e U1 com volt´ımetros (U1 tem normalmente valor ele- vado), mede-se U2 e chega-se ao valor exato U1 atrave´s da construc¸a˜o do diagrama fasorial do TP. Por isto e´ que a “relac¸a˜o real”aparece mais comumente indicada sob a forma se- guinte: ~U1 U2 = Kr 3.3.3 Fator de Correc¸a˜o de Relac¸a˜o Kr Kp = FCRp E´ o fator pelo qual deve ser multiplicada a “relac¸a˜o de transformac¸a˜o”Kp do TP para se obter a sua relac¸a˜o real Kr. De imediato veˆ-se que a cada Kr de um TP correspondera´ um FCRp. Em virtude destas variac¸o˜es, determinam-se os valores limites inferior e superior do FCRp para cada TP, sob condic¸o˜es especificadas, partindo-se da´ı para o estabelecimento da sua “classe de exatida˜o”, conforme sera´ visto a seguir. Cap´ıtulo 3. Transformadores para Instrumentos 37 Na pra´tica lemos o valor da tensa˜o U2 com um volt´ımetro ligado ao secunda´rio do TP e multiplicamos este valor lido por Kp para obtermos o valor da tensa˜o prima´ria, valor este que representa o “valor medido”desta tensa˜o prima´ria, e na˜o o seu valor exato U1. Exemplo: um TP de 13800/115V tem o prima´rio ligado entre as duas fases de um circuito de alta tensa˜o e o secunda´rio alimentando um volt´ımetro onde se leˆ: U2 = 113V . Como a relac¸a˜o de transformac¸a˜o e´ neste caso Kp = 120, considera-se que a tensa˜o do circuito e´: KpU2 = 120 · 113 = 13560V 3.3.4 Diagrama Fasorial O diagrama fasorial do TP, mostrado logo abaixo, e´ o mesmo do transformador geral. A seguir e´ mostrado o racioc´ınio para sua construc¸a˜o. Vamos trac¸ar o diagrama fasorial do transformador considerando n1 > n2. No se- cunda´rio do transformador medem-se: U2, I2 e θ2, grandezas estas que dependem do tipo de carga que o transformador alimenta. Escolhendo-se uma escala conveniente para repre- sentac¸a˜o gra´fica dos fasores, fixa-se a posic¸a˜o do fasor ~I2 em relac¸a˜o ao fasor ~U2 e adota-se a seguinte sequ¨eˆncia: a. A partir da extremidade de ~U2, trac¸a-se r2~I2 paralelo a ~I2 por representar a queda de tensa˜o na resisteˆncia pro´pria do enrolamento secunda´rio. b. A partir da extremidade de r2~I2 trac¸a-se x2~I2 adiantado de 90 o em relac¸a˜o a ~I2 por representar a queda de tensa˜o na reataˆncia de dispersa˜o do secunda´rio. c. Unindo-se o ponto 0 a` extremidade do fasor x2~I2, determina-se o fasor ~E2 representa- tivo da f.e.m. do enrolamento secunda´rio. d. O fasor ~E1 esta´ em fase com ~E2, sendo o seu mo´dulo determinado pela seguinte relac¸a˜o: E1 = n1 n2 · E2 e. Adiantando-se de 90o em relac¸a˜o a ~E1 e ~E2 trac¸a-se o fasor representativo do fluxo φ. f. A corrente de excitac¸a˜o I0, a qual e´ cerca de 1% da corrente nominal prima´ria, e o aˆngulo θ0 sa˜o determinados por meio de um ensaio em vazio. No diagrama fasorial ~I0 e´ posicionado em relac¸a˜o a − ~E1 uma vez que em vazio pode-se considerar: ~U1 = − ~E1. Na figura, o fasor ~I0 na˜o esta´ em escala para possibilitar uma melhor visualizac¸a˜o da figura. g. A partir da extremidade de ~I0 trac¸a-se um fasor paralelo a ~I2, pore´m de sentido contra´rio, de mo´dulo: n1 n2 · I2. h. Unindo-se o ponto 0 a` extremidade do fasor acima, determina-se o fasor ~I1. i. A partir da extremidade de − ~E1 trac¸a-se r1~I1 paralelo a ~I1 por representar a queda de tensa˜o na resisteˆncia pro´pria do enrolamento prima´rio. j. A partir da extremidade de r1~I1 trac¸a-se x1~I1 adiantado de 90 o em relac¸a˜o a` ~I1 por representar a queda de tensa˜o na reataˆncia de dispersa˜o do prima´rio. Cap´ıtulo 3. Transformadores para Instrumentos 38 k. Unindo-se o ponto 0 a` extremidade de x1~I1 determina-se o fasor U1 representativo da tensa˜o aplicada ao enrolamento prima´rio do transformador. Se na˜o houvesse a corrente ~I0, a corrente ~I1 estaria defasada de exatamente 180 o em relac¸a˜o a` corrente ~I2. Se o transformadorfosse perfeito, isto e´, sem perdas e sem fugas, a tensa˜o ~U1 estaria tambe´m defasada de 180 o em relac¸a˜o a` tensa˜o ~U2. No exemplo citado anteriormente, o valor encontrado de 13560V e´ o valor medido da tensa˜o prima´ria do TP. Para determinar o valor verdadeiro U1 desta tensa˜o, ter-se-a´ de construir o diagrama fasorial deste TP como aparece na figura acima. Assim, para fixar a ide´ia: a. KpU2 e´ o valor medido da tensa˜o prima´ria; b. | ~U1| = U1 e´ o valor verdadeiro ou exato da tensa˜o prima´ria obtido no diagrama fasorial, o qual pode diferir ligeiramente de KpU2. Ainda na figura acima, pode ser visto que o inverso de ~U2 esta´ defasado de um aˆngulo γ em relac¸a˜o a` ~U1. Num TP ideal este aˆngulo γ seria zero. Estas considerac¸o˜es levam a concluir que o TP, ao refletir no secunda´rio o que se passa no prima´rio, pode introduzir dois tipos de erros. 3.3.5 Erros do TP Erro de Relac¸a˜o εp valor relativo: εp = KpU2−| ~U1| | ~U1| valor percentual: ε%p = KpU2−| ~U1| | ~U1| · 100 Quando εp e FCRp esta˜o expressos em valores percentuais, ha´ o seguinte relaciona- mento entre eles: Cap´ıtulo 3. Transformadores para Instrumentos 39 ε%p = 100− FCR%p Esta expressa˜o mostra a equivaleˆncia correta entre o erro de relac¸a˜o εp e o fator de correc¸a˜o de relac¸a˜o FCRp, cujos valores indicados no paralelogramo de exatida˜o esta˜o perfeitamente coerentes com esta equivaleˆncia. Para fins de racioc´ınio, podem ser deduzidas as duas concluso˜es seguintes: 1. Kp < Kr acarreta FCRp > 100% e εp < 0: Neste caso, o valor considerado KpU2 para a tensa˜o prima´ria (chamado de valor medido) e´ menor do que o seu valor verdadeiro U1; ha´, portanto, um erro por falta; 2. Kp > Kr acarreta FCRp < 100% e εp > 0: Neste caso, o valor considerado KpU2 para a tensa˜o prima´ria (chamado de valor medido) e´ maior do que o seu valor verdadeiro U1; ha´, portanto, um erro por excesso; Ha´ uma prefereˆncia na pra´tica em se trabalhar com o FCRp em lugar do εp, pois aquele fator e´ simplesmente um nu´mero abstrato, independente de sinal, e da´ a entender exatamente o que se quer em relac¸a˜o a` tensa˜o prima´ria refletida no secunda´rio, isto e´, se ha´ erro por falta ou por excesso no valor a ela atribu´ıdo. Em termos pra´ticos na˜o e´ usual o levantamento do diagrama fasorial como me´todo para a determinac¸a˜o dos erros de relac¸a˜o e de fase de um TP, em virtude dos inconvenientes e dificuldades inerentes a este pretenso me´todo. Para se determinar estes erros, e consequentemente a classe de exatida˜o de um TP, prefere-se na pra´tica, por simplicidade, comparar o TP com um TP padra˜o ideˆntico a ele, de mesma relac¸a˜o de transformac¸a˜o nominal, pore´m sem erros, ou de erros conhecidos. Para fixar a ide´ia, vamos dar um exemplo nume´rico. Ao prima´rio de um TP de 13800/115V , sob ensaio aplica-se uma certa tensa˜o que faz surgir no secunda´rio a tensa˜o de 114V , comprovada atrave´s de um volt´ımetro. Constata-se depois que a tensa˜o prima´ria fora de exatamente 13800V . Determinar: Kp, Kr, FCRp e ε % p . Relac¸a˜o de Transformac¸a˜o Nominal: Kp = 13800/115 = 120 Relac¸a˜o Real: Kr = 13800/114 = 121, 053 Fator de Correc¸a˜o de Relac¸a˜o: FCRp = 121, 053/120 = 1, 00877 ou FCRp = 100, 877% Erro de Relac¸a˜o: ε%p = 100− 100, 877 = −0, 877% Sendo neste exemplo FCRp > 100% (εp < 0), conclu´ı-se que o erro cometido em relac¸a˜o a` tensa˜o prima´ria e´ por falta, pois a esta tensa˜o seria atribu´ıdo o valor: U1 = 120 · 114 ∴ U1 = 13680V . Erro de Fase ou Aˆngulo de Fase E´ o aˆngulo de defasagem γ existente entre ~U1 e o inverso de ~U2. Se o inverso de ~U2 e´ adiantado em relac¸a˜o a ~U1, γ e´ positivo. Em caso contra´rio, e´ negativo. Cap´ıtulo 3. Transformadores para Instrumentos 40 3.3.6 Classes de Exatida˜o dos TPs Do diagrama fasorial conclui-se de imediato que para um mesmo TP, submetido a` uma tensa˜o prima´ria U1, os erros de relac¸a˜o e de fase variam com o tipo de carga utilizada no seu secunda´rio, isto e´, eles sa˜o func¸a˜o de I2 e θ2. E´ deseja´vel na pra´tica que estes erros sejam os menores poss´ıveis. Em virtude deste fato, e com o objetivo de detectar a qualidade dos TPs e o seu comportamento prova´vel nas instalac¸o˜es, as normas te´cnicas estabelecem certas condic¸o˜es sob as quais estes transformadores devem ser ensaiados, definindo a partir da´ı a “classe de exatida˜o”dos mesmos. Os TPs sa˜o enquadrados em uma ou mais das treˆs seguintes classe de exatida˜o: classe de exatida˜o 0, 3, 0, 6 e 1, 2. Considera-se que um TP esta´ dentro de sua classe de exatida˜o em condic¸o˜es especificadas quando, nestas condic¸o˜es, o ponto determinado pelo erro de relac¸a˜o εp ou pelo fator de correc¸a˜o de relac¸a˜o FCRp e pelo aˆngulo de fase γ estiver dentro do “paralelogramo de exatida˜o”especificado na figura abaixo correspondente a` sua classe de exatida˜o. Para se estabelecer a classe de exatida˜o dos TPs estes sa˜o ensaiados em vazio e depois com cargas padronizadas colocadas no seu secunda´rio, uma de cada vez, sob as seguintes condic¸o˜es de tensa˜o: tensa˜o nominal, 90% da tensa˜o nominal e 110% da tensa˜o nominal. Estas tenso˜es de ensaio cobrem a faixa de tenso˜es prova´veis das instalac¸o˜es em que os TPs sera˜o utilizados. As cargas padronizadas, acima referidas, esta˜o relacionadas no quadro abaixo. E´ interessante ressaltar que estas cargas na˜o foram “criadas”aleatoriamente, mas sim tendo em vista os tipos de instrumentos ele´tricos que sa˜o usualmente empregados no secunda´rio dos TPs, instrumentos aqueles com os quais tais cargas se assemelham em caracter´ısticas ele´tricas. Cap´ıtulo 3. Transformadores para Instrumentos 41 Para melhor entendimento do paralelogramo de exatida˜o, suponhamos que um TP, ensaiado com uma das cargas do quadro acima, apresentou: erro de relac¸a˜o: εp = −0, 2% o que corresponde ao FCRp = 100, 2% aˆngulo de fase: γ = 20′ O ponto correspondente a estes valores fica for a dos paralelogramos representativos das classes 0, 3 e 0, 6. Entretanto fica dentro do paralelogramo da classe 1, 2. Enta˜o este TP sera´ considerado de classe de exatida˜o 1, 2 para a carga de ensaio, embora o erro de relac¸a˜o tenha sido de apenas 0, 2%. Se na placa de um TP esta´ indicado: 0, 3WXY ; 0, 6Z isto significa que: 1. o TP ensaiado com as cargas padronizadas W , X e Y tem classe de exatida˜o 0, 3, isto e´, apresenta erro de relac¸a˜o −0, 3% ≤ εp ≤ 0, 3% e aˆngulo de fase γ tal que o ponto correspondente a estes erros fica dentro do paralelogramo de classe 0, 3%; 2. ensaiado com a carga padronizada Z tem classe de exatida˜o 0, 6. Na designac¸a˜o da ABNT aquela indicac¸a˜o na placa do TP seria representada por 0, 3− P75; 0, 6− P200 . O quadro abaixo mostra como selecionar a exatida˜o adequada para um TP tendo em vista a sua aplicac¸a˜o nas diferentes categorias de medic¸o˜es. Cap´ıtulo 3. Transformadores para Instrumentos 42 3.3.7 Fator de Correc¸a˜o de Transformac¸a˜o (FCTp) do TP E´ interessante observar que na medic¸a˜o de tensa˜o, isto e´, quando o TP esta´ alimen- tando apenas volt´ımetro, o FCRp e´ o u´nico que tem efeito nos valores medidos. Mas, quando o TP alimenta instrumento cuja indicac¸a˜o depende dos respectivos mo´dulos da tensa˜o e da corrente a ele aplicadas e tambe´m do aˆngulo de defasagem entre estas duas grandezas, como no caso de watt´ımetros e medidos de energia ele´trica, enta˜o o FCRp e o aˆngulo de fase γ teˆm efeito simultaˆneo nos valores medidos, e por isto devem ser ambos levados em considerac¸a˜o na ana´lise dos resultados. Com isto chega-se ao “fator de correc¸a˜o de transformac¸a˜o”FCTp que e´ definido da seguinte maneira: fator pelo qual se deve multiplicar a leitura indicada por um watt´ımetro, ou por um medidor de energia ele´trica, cuja bobina de potencial e´ alimentada atrave´s do referido TP, para corrigir o efeito combinado do fatorde correc¸a˜o de relac¸a˜o FCRp e do aˆngulo de fase γ. A montagem da figura abaixo esquematiza o que foi dito acima. As normas te´cnicas definem o trac¸ado dos paralelogramos de exatida˜o baseando-se no FCTp e na carga medida no prima´rio do TP (carga M na figura acima), para o qual estabelecem que o fator de poteˆncia deve ser indutivo e ter um valor compreendido entre 0, 6 e 1. Fica enta˜o entendido que a exatida˜o do TP, indicada na sua placa de identificac¸a˜o, somente e´ garantida para cargas medidas daquele tipo, isto e´, com fator de poteˆncia indutivo entre 0, 6 e 1. Para qualquer fator de correc¸a˜o da relac¸a˜o (FCRp) conhecido de um TP, o valor limite positivo ou negativo do aˆngulo de fase (γ) em minutos e´ expresso por: γ = 2600 (FCTp − FCRp) onde o fator de correc¸a˜o da transformac¸a˜o (FCTp) deste TP assume os seus valores ma´ximo e mı´nimo. Justamente, a partir da expressa˜o acima e´ que se constro´i o paralelogramo de exatida˜o correspondente a cada classe, pois, fixado um valor nume´rico para o FCTp, veˆ-se que esta expressa˜o representa a equac¸a˜o de uma reta. E de acordo com o que foi dito acima, o FCTp pode ter dois valores em cada classe de exatida˜o: a. 1, 003 e 0, 997 na classe de exatida˜o 0, 3 b. 1, 006 e 0, 994 na classe de exatida˜o 0, 6 c. 1, 012 e 0, 988 na classe de exatida˜o 1, 2 Cap´ıtulo 3. Transformadores para Instrumentos 43 Para se trac¸ar o paralelogramo referente a uma classe de exatida˜o, atribui-se ao FCTp o seu valor ma´ximo e faz-se variar o FCRp desde o seu limite superior ate´ o limite inferior, obtendo-se assim os valores positivos de γ, podendo-se enta˜o trac¸ar um lado inclinado da figura. Em seguida, atribui-se ao FCTp o seu valor mı´nimo e faz-se novamente o FCRp variar, obtendo-se agora os valores negativos de γ e consequ¨entemente o outro inclinado da figura. 3.3.8 Como Especificar um TP Para se especificar corretamente um TP, e´ necessa´rio antes de tudo saber-se qual sera´ a finalidade da sua aplicac¸a˜o, pois isto definira´ a classe de exatida˜o, conforme visto anteriormente. A poteˆncia nominal do TP sera´ estabelecida tendo em vista as caracter´ısticas (em termos de perdas ele´tricas internas) dos instrumentos ele´tricos que sera˜o inseridos no secunda´rio, caracter´ısticas estas que sa˜o normalmente fornecidas pelos seus fabricantes ou podera˜o ser determinadas em laborato´rio atrave´s de ensaios apropriados. O quadro da figura abaixo indica, a t´ıtulo de refereˆncia, a ordem de grandeza das perdas da bobina de potencial de alguns instrumentos ele´tricos que sa˜o utilizados com TPs, em condic¸o˜es de 115V , 60Hz. E´ poss´ıvel, partindo da´ı, chegar-se a`s caracter´ısticas Z, R e L de cada bobina, caso se deseje. Conve´m aqui lembrar que para a bobina de potencial dos medidores de energia ele´trica, que as perdas na˜o devera˜o exceder 2W e 8V A. Os ensaios devem ser feitos em condic¸o˜es nominais. Para fixar ide´ia na especificac¸a˜o de TPs, vamos dar dois exemplos. Exemplo 1 Especificar um TP para medic¸a˜o de energia ele´trica para faturamento a um consumidor energizado em 69kV , em que sera˜o utilizados os seguintes instrumentos: a. Medidor de kWh com indicador de demanda ma´xima tipo mecaˆnico. Cap´ıtulo 3. Transformadores para Instrumentos 44 b. Medidor de kvarh, espec´ıfico para energia reativa, sem indicador de demanda ma´xima. Soluc¸a˜o: a. Classe de exatida˜o: o quadro de classe de exatida˜o indica 0, 3. b. Poteˆncia do TP: os fabricantes dos instrumentos ele´tricos que sera˜o utilizados forne- ceram o seguinte quadro de perdas em 115V , 60Hz: Da´ı, chega-se a: S = √ (6, 0)2 + (19, 3)2 ∴ S = 20, 21V A Com estes resultados e consultando o quadro da figura de cargas nominais, veˆ-se que o TP deve ser de carga nominal pelo menos de 25V A que e´ a carga padronizada para ensaio de exatida˜o imediatamente superior a 20, 21V A. A especificac¸a˜o deste TP, do ponto de vista ele´trico, pode enta˜o ter o seguinte enunciado: Transforma- dor de potencial, tensa˜o prima´ria nominal 69000V , relac¸a˜o nominal 600 : 1, 60Hz, carga nominal ABNT P25, classe de exatida˜o ABNT 0, 3−P25 (ou ANSI 0, 3WX), poteˆncia te´rmica 1000V A, grupo de ligac¸a˜o 1, para uso exterior (ou interior, con- forme for o caso), n´ıvel de isolamento: tensa˜o nominal 69kV , tensa˜o ma´xima de operac¸a˜o 72, 5kV , tenso˜es suporta´veis nominais a` frequ¨eˆncia industrial e de impulso atmosfe´rico: 140kV e 350kV , respectivamente. Exemplo 2 Especificar um TP para medic¸a˜o de energia ele´trica e controle em 13, 8kV , sem fina- lidade de faturamento, em que sera˜o utilizados os seguintes instrumentos: a. Medidor de kWh com indicador de demanda ma´xima tipo mecaˆnico. b. Medidor de kWh, sem indicador de demanda ma´xima, acoplado a um autotransfor- mador de defasamento, servindo assim para medir kvarh. c. Watt´ımetro. d. Var´ımetro. e. Volt´ımetro. f. Fas´ımetro. Soluc¸a˜o: Cap´ıtulo 3. Transformadores para Instrumentos 45 a. Classe de exatida˜o: o quadro da classe de exatida˜o indica 0, 6 ou 1, 2 (a optar pelo comprador). b. Poteˆncia do TP: os fabricantes dos instrumentos ele´tricos que sera˜o utilizados forne- ceram o seguinte quadro de perdas: Da´ı, chega-se a: S = √ (21, 9)2 + (30, 4)2 ∴ S = 37, 46V A Com estes resultados e consultando o quadro da figura de cargas nominais, veˆ-se que o TP deve ser de carga nominal pelo menos de 75V A que e´ a carga padronizada para ensaio de exatida˜o imediatamente superior a 37, 46V A. A especificac¸a˜o deste TP, do ponto de vista ele´trico, pode enta˜o ter o seguinte enunciado: Transformador de potencial, tensa˜o prima´ria nominal 13800V , relac¸a˜o nominal 120 : 1, 60Hz, carga nominal ABNT P75, classe de exatida˜o ABNT 0, 6 − P75 (ou ANSI 0, 6WXY ), poteˆncia te´rmica 400V A, grupo de ligac¸a˜o 1, para uso exterior (ou interior, conforme for o caso), n´ıvel de isolamento: tensa˜o nominal 13, 8kV , tensa˜o ma´xima de operac¸a˜o 15kV , tenso˜es suporta´veis nominais a` frequ¨eˆncia industrial e de impulso atmosfe´rico: 36kV e 110kV , respectivamente. Observac¸o˜es 1. Na construc¸a˜o dos TPs modernos, e´ normal conseguir-se a classe de exatida˜o ABNT 0, 3 − P200 (ou ANSI 0, 3WXY Z) sem alterar em muito o prec¸o do equipamento, grac¸as a` evoluc¸a˜o tecnolo´gica dos tipos de materiais utilizados. Para que os TPs citados nos exemplos 1 e 2 possam ser empregados em medic¸a˜o para fins de fatu- ramento, e tambe´m em medic¸a˜o para fins de controle, eles devem ser especificados, quanto a` exatida˜o, pelo menos como: ABNT 0, 6−P75; 0, 6−P25 (ou ANSI 0, 3WX; 0, 6Y ). 2. No dimensionamento da carga nominal de um TP a ser empregado numa instalac¸a˜o, na˜o ha´ necessidade de se considerar a resisteˆncia ele´trica dos condutores que ligam os instrumentos ele´tricos ao TP. Como refereˆncia, podemos tomar os dois exemplos citados anteriormente. Supondo que os instrumentos ficara˜o a 25m do TP e sera˜o ligados a este por meio de fio de cobre no12AWG (resisteˆncia ele´trica: 5, 3Ω/km), ter´ıamos como perdas nos condutores: Cap´ıtulo 3. Transformadores para Instrumentos 46 No exemplo 1: 0, 0082W , o que e´ desprez´ıvel na frente da carga de 20, 21V A imposta pelos instrumentos ele´tricos ao TP. No exemplo 2: 0, 028W , o que e´ tambe´m desprez´ıvel na frente da carga de 37, 46V A imposta pelos instrumentos ele´tricos ao TP. 3. Ressaltamos que os dois exemplos dados servem apenas como orientac¸a˜o de dimensi- onamento. Para cada caso, devem considerados os valores corretos das perdas dos instrumentos que sera˜o utilizados na medic¸a˜o, e na˜o ordem de grandeza dessas per- das, pois ha´ uma variedade considera´vel de instrumentos e, em consequ¨eˆncia, uma faixa muito larga de diferentes valores de perdas. 3.3.9 Transformador de Potencial Capacitivo (TPC) Em circuitos de alta tensa˜o e extra tensa˜o, e´ mais conveniente
Compartilhar