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INSTITUTO FEDERAL DO CEARÁ ENGENHARIA AMBIENTAL E SANITÁRIA SUELEN ISABEL GALDINO LIMA ASPECTOS FITOGEOGRÁFICOS CERRADO: DEFINIÇÕES DE TERMOS QUIXADÁ/CE SETEMBRO DE 2018 INTRODUÇÃO No cenário brasileiro caracterizam-se seis biomas: o Cerrado, os Campos e Florestas Meridionais, a Floresta Atlântica, a Caatinga, a Floresta Amazônica e o Pantanal. A localização geográfica destes biomas é determinada pelos fatores climáticos, como a temperatura, a pluviosidade e a umidade relativa, e em menor escala pelo tipo de substrato. O Cerrado está localizado basicamente no Planalto Central do Brasil e é o segundo maior bioma do país em área, apenas superado pela Floresta Amazônica, Trata-se de um complexo vegetacional, que possui relações ecológicas e fisionômicas com outras savanas da América tropical e de continentes como África e Austrália (Beard, 1953; Cole, 1958; Eiten 1972, 1994; Aliem & Valis, 1987). Segundo MYERS et al. (2000), trata-se de um dos principais ecossistemas tropicais da Terra, sendo um dos centros prioritários ("hot spots") para a preservação da biodiversidade do planeta. RATTER et. al. (2000), atribui a diversidade de 160.000 espécies de plantas, fungos e animais à grande idade do Cerrado e as recentes mudanças climáticas do pleistoceno. O clima predominante no domínio do cerrado é o tropical sazonal, de inverno seco. A temperatura média anual fica em torno de 22-23°C. A precipitação média anual fica em torno de 1.200 e 1.800 mm. O conceito de Cerrado confunde-se muitas vezes com o de Savana, que são áreas normalmente planas, cobertas de uma vegetação e formação vegetal peculiar, apresentando fundamentalmente um estrato herbáceo dominado por gramíneas. Com isso, RIZZINI (1979) e EITEN (1986), afirmam que o termo savana só deveria ser empregado para indicar Cerrado quando for urgente enquadrá-lo no âmbito das formações universais. A controvérsia gerada a respeito da terminologia empregada ora como Cerrado ora savana, está relacionada às características topográficas e vegetacionais, como áreas normalmente planas cobertas por uma vegetação peculiar fundamentalmente com um estrato herbáceo graminóide. O estrato graminoso é menos desenvolvido em densidade e altura, e o estrato arbóreo também é menos elevado e esparso no Cerrado. As árvores de lenho suculento, a deciduidade e a ocorrência de ervas anuais indicam que a savana africana é um ambiente xérico. Essas características são observadas na caatinga brasileira e reforçam as diferenças entre Cerrado e as savanas africanas. Apesar de tantas diferenças entre os biomas, existem savanas que são semelhantes ao Cerrado no que se refere à fisionomia e estrutura (AUBRÉVILLE, 1965). CERRADO: DEFINIÇÃO DE TERMOS Quando falamos sobre o cerrado é importante a definição correta de determinados termos, discutindo principalmente seu conceito no contexto em que está inserido. O cerrado é uma palavra de origem espanhola que tem por significado fechado. Esse termo, não coincidentemente, define a característica geral da vegetação arbustivo-herbácea densa que ocorre na formação savânica. Com o avanço nos estudos e trabalhos literários o emprego do termo cerrado evoluiu, de modo que atualmente existem três acepções gerais de uso corrente, e que por sua vez, é importante usarmos tais termos de forma precisa e acurada para que definamos aquilo que pretendemos estudar e para que conservemos esse complexo de biomas, com toda a biodiversidade que compõe o cerrado. A primeira definição refere-se ao bioma predominante no Brasil Central, que deve ser escrita com a inicial maiúscula (“Cerrado”). Na segunda o cerrado tem sentido amplo (latu sensu), referindo-se às formações savânicas e campestres do bioma, indo desde o cerradão até o campo limpo (Coutinho, 1978; Eiten, 1994). Dessa forma o conceito há uma única formação floresta incluída, o cerradão. Alguns autores falam em região dos cerrados, ou cerrados, fazendo referência apenas ao cerrado sentido amplo e não ao bioma. A terceira acepção do termo é o cerrado no sentido restrito (stricto sensu), definido pela composição florística e pela fisionomia, levando em consideração tanto a estrutura quanto as formas de crescimento dominantes. Por ser uma das suas principais fitofisionomias o cerrado sentido restrito caracteriza bem o bioma Cerrado. Outras aplicações e definições que o termo cerrado pode apresentar são variantes ou subdivisões de algum dos três conceitos anteriores, principalmente do cerrado sentido amplo. Em geral designam tipos de vegetação. De modo geral, a maioria dos autores enfocaram somente as formações savânicas e campestres do bioma, sem levar em consideração convenientemente as formações florestais. Exceções são encontradas nos trabalhos de Eiten (1972, 1983), Ratter et al. (1973) e Oliveira Filho & Martins (1986), entre outros. A fitossociologia tem sido um recurso de grande valia para destacar diferenças entre as fitofisionomias do bioma. Os estudos sobre a composição florística e a estrutura fitossociológica das formações florestais são de fundamental importância, pois oferecem subsídios para a compreensão da estrutura e da dinâmica destas formações, parâmetros imprescindíveis para o manejo e regeneração das diferentes comunidades vegetais. CONSIDERAÇÕES FINAIS O bioma Cerrado é um complexo vegetacional que possui relações ecológicas e fisionômicas com outras savanas da América Tropical e da África, do Sudeste Asiático e da Austrália. Por esse motivo é possível presumir que o bioma possui diferentes formas e tipos vegetacionais. Com o avanço nos estudos e trabalhos literários o emprego do termo cerrado evoluiu, de modo que atualmente existem três acepções gerais de uso corrente, e que por sua vez, é importante usarmos tais termos de forma precisa e acurada para que definamos aquilo que pretendemos estudar e para que conservemos esse complexo de biomas, com toda a biodiversidade que compõe o cerrado. A primeira sendo o Cerrado, com a inicial maiúscula, quando estivermos nos referindo ao domínio fitogeográfico do Cerrado, incluindo não só o cerrado sensu lato, mas também os outros tipos vegetacionais que ali se encontram. A segunda sendo o cerrado sensu lato ou simplesmente cerrado, quando estivermos nos referindo ao cerrado enquanto tipo vegetacional, isto é, do campo limpo ao cerradão – aqui há um complexo de biomas, bioma dos campos tropicais, das savanas e das florestas estacionais. E a terceira sendo o cerrado sensu stricto, quando estivermos nos referindo a uma das fisionomias savânicas do cerrado sensu lato. O Cerrado apresenta-se, portanto na natureza, como um mosaico de formas fitofisionômicas, determinados principalmente pelas manchas dos diferentes tipos de solo, ação do fogo e ação antrópica. As diferentes formas e tipos de vegetação existentes no Cerrado refletem a grande diversidade vegetal existente no bioma. REFERÊNCIAS AUBRÉVILLE, A. Principes d’ume systématique des formations végétales tropicales. Adansonia, n.5, 1965. BEARD, J.S. The savanna vegetation of northern tropical america. Ecological Monographs, v.23, 1953. COLE, M.M. A savana brasileira. Boletim Carioca de Geografia, v.l1, 1958. EITEN, G. The Cerrado vegetation of Brazil. Botanical Review, v.38, n.2, 1972. EITEN, G. Classificação da vegetação do Brasil. Brasília: CNPq, 1983. EITEN, G. The use of the term Savanna. Tropical Ecology, v. 27, 1986. EITEN, G. Vegetação do Cerrado In: PINTO, M.N. Coord. Cerrado: caracterização, ocupação e perspectivas. 2.ed. Brasília: UnB/ SEMATEC, 1994. OLIVEIRA