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Coletânea de textos a respeito da Crise de 2008

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O mito de que o laissez faire é o responsável 
pela crise atual 
 
por George Reisman, segunda-feira, 10 de novembro de 2008 
 
 
Acessado em 18/09/2014: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=188 
 
A imprensa está trabalhando com afinco para criar um dos maiores mitos da história: o 
mito de que a atual crise financeira é resultado direto da liberdade econômica e do 
capitalismo laissez faire. 
A tentativa de culpar o laissez faire é prontamente confirmada por uma pesquisa no 
Google utilizando-se os termos "crisis + laissez faire". Na primeira página dos resultados, 
ou nos itens aos quais esses resultados levam, aparecem declarações dos seguintes tipos: 
· "A crise hipotecária representa o fracasso do laissez faire". 
· "[Nicolas] Sarkozy diz que a economia 'laissez faire', a 'auto-regulação', e a visão de que 
o 'todo-poderoso mercado' sempre sabe o que é melhor acabaram". 
· "A ideologia americana do laissez faire, como praticada durante a crise do subprime, foi 
tão simplista quanto perigosa", diz Peer Steinbrück, ministro das finanças da Alemanha. 
· "[Henry] Paulson utiliza uma abordagem laissez faire para a crise financeira..." 
· "Para os dias do laissez faire, au revoir"[1] 
Artigos recentes no The New York Times fornecem confirmações adicionais. Por exemplo, 
um artigo declara que "Os Estados Unidos têm uma cultura que celebra o 
capitalismo laissez faire como sendo o ideal econômico..."[2]Um outro artigo nos informa 
que "Por 30 anos, o sistema político americano tem sido enviesado em favor das 
desregulamentações dos negócios e contrário a novas regras"[3] Em um terceiro artigo, 
uma dupla de repórteres garante que "Desde 1997, Mr. Brown [o Primeiro Ministro 
Britânico] tem sido uma voz poderosa em favor da adoção, pelo Partido Trabalhista, da 
filosofia econômica americanista que defende a baixa regulamentação. Essa 
postura laissez faire estimulou os bancos britânicos a se expandirem internacionalmente 
e irem buscar retornos em áreas bem distantes da sua missão principal, que é a de atrair 
depósitos."[4] Deste modo, até a Grã-Bretanha é descrita como tendo uma 
"postura laissez faire." 
A mentalidade exibida nessas declarações está tão completamente em desacordo com o 
real significado delaissez faire que ela até seria capaz de descrever a política econômica 
da velha União Soviética, em suas últimas décadas, como sendo laissez faire. Por essa 
lógica, é assim que seria caracterizada a política de Brejnev e de seus sucessores de 
permitir que os trabalhadores das plantações coletivas cultivassem por conta própria 
pedaços de terra de até uma acre e vendessem o produto nos mercados das cidades 
soviéticas. Seguindo-se a lógica da mídia, isso também seria "laissez faire" — pelo menos 
em comparação à época de Stalin. 
O capitalismo laissez faire tem um significado muito bem definido, mas que é totalmente 
ignorado, contradito e categoricamente corrompido por declarações como as de cima. O 
capitalismo laissez faire é um sistema político-econômico baseado na propriedade 
privada dos meios de produção em que os poderes do estado são limitados à proteção 
dos direitos do indivíduo contra a iniciação de qualquer força física. Essa proteção deve 
ser utilizada sempre que houver alguma iniciação de força física da parte de outros 
indivíduos, de governos estrangeiros e, mais importante, de seu próprio governo. Essa 
última função é realizada por recursos como uma constituição escrita, um sistema de 
divisão de poderes com pesos e contrapesos, uma explícita declaração de direitos, e uma 
eterna vigilância exercida pelos cidadãos que têm o direito de ter e portar armas. Sob o 
capitalismo laissez faire, o estado consiste apenas e essencialmente de uma força 
policial, tribunais de justiça, e uma força de defesa nacional, que reprime e combate 
aqueles que iniciarem força física. E nada mais.[5] 
A total absurdidade dessas declarações que garantem que o atual ambiente político-
econômico dos EUA de alguma maneira representa o capitalismo laissez faire se torna 
berrantemente óbvia quando se tem em mente o papel extremamente limitado do 
governo em um genuíno ambiente laissez faire e então compara esse papel aos seguintes 
fatos relativos à atualidade dos Estados Unidos: 
1. Os gastos governamentais nos EUA atualmente chegam a mais de 40 por cento da 
renda nacional — isto é, a soma de todos os lucros, salários e ganhos com juros auferidos 
no país. Isso sem levar em conta nenhum dos maciços gastos extra-orçamentários, como 
aqueles direcionados às semi-estatais Fannie Mae e Freddie Mac.Também não se está 
considerando os recentes gastos com os variados "socorros financeiros". O que essa 
porcentagem significa é que mais de 40 dólares de cada 100 produzidos são apropriados 
pelo governo contra a vontade dos cidadãos que produzem esse montante. O dinheiro e 
os bens envolvidos são entregues ao governo apenas porque os cidadãos que os produzem 
não querem ir para a cadeia. Assim, a liberdade de eles utilizarem a totalidade de sua 
própria renda é violada em escala colossal. Em contraste, sob um capitalismo laissez 
faire, os gastos do governo seriam tão modestos que uma simples tarifa sobre vendas 
poderia ser suficiente para financiá-los. O imposto de renda de pessoa física e jurídica, o 
imposto sobre a herança e sobre ganhos de capital, o imposto para a Seguridade Social e 
para a saúde pública não existiriam. 
2. Há atualmente quinze gabinetes ministeriais federais, nove dos quais existem com 
o único propósito de interferir respectivamente na habitação, nos transportes, na saúde, 
na educação, na energia, na mineração, na agricultura, no trabalho e no comércio; e 
praticamente todos eles atualmente invadem desrespeitosamente um ou mais aspectos 
da liberdade econômica do indivíduo. Sob um capitalismo laissez faire, onze desses 
quinze gabinetes deixariam de existir e somente os ministérios da justiça, da defesa, do 
estado e do tesouro permaneceriam. E, ademais, dentro desses ministérios, reduções 
adicionais seriam feitas, tais como a abolição da Receita Federal, pertencente ao 
Ministério do Tesouro, e da Divisão Antitruste, pertencente ao Ministério da Justiça. 
3. A interferência econômica dos atuais ministérios é reforçada e amplificada pelas 
mais de cem comissões e agências federais, sendo as mais conhecidas delas, além da 
Receita Federal, do Fed e da FDIC [agência federal cuja função é garantir os depósitos 
feitos em bancos comerciais], o FBI, a CIA, a EPA [agência que regulamenta o meio 
ambiente], a FDA [agência de vigilância sanitária, equivalente à nossa Anvisa], a SEC 
[agência que regulamenta a bolsa de valores — equivalente à nossa CVM], a CFTC 
[agência reguladora que controla os mercados de futuros e de opções], a NLRB [agência 
que regulamenta os sindicatos], a FTC [agência que regulamenta o mercado, para 
"proteger o consumidor"], a FCC [agência que regulamenta a área de telecomunicações e 
radiodifusão], a FERC [agência que regulamenta a área de energia], a FEMA [agência 
direcionada para serviços de emergência. Teve "ótima" atuação após o furacão Katrina], 
a FAA [agência que regulamenta o tráfego aéreo], o CAA [decreto do "ar limpo"], a INS 
[serviço de imigração e naturalização], a OHSA [agência da segurança do trabalho], a 
CPSC [agência que protege contra riscos associados ao consumo], a NHTSA [agência que 
regulamenta a segurança das estradas], a EEOC [agência que promove a igualdade racial 
nos empregos], a BATF [agência que regulamenta álcool, tabaco, armas de fogo e 
explosivos], o DEA [agência anti-drogas], a NIH [agência responsável por pesquisas 
biomédicas], e a NASA. Sob um capitalismo laissez faire, todas essas agências seriamabolidas, com a possível exceção do FBI, que seria reduzido às suas legítimas funções de 
contra-espionagem e de combate a crimes contra a pessoa e a propriedade que 
ocorressem entre os estados. 
4. Para completar esse catálogo de interferência governamental e de atropelamento 
de qualquer vestígio delaissez faire, o Registro Federal, datando do final de 2007, o 
último ano para o qual havia dados completos, continha 73.000 (setenta e três mil) 
páginas de detalhadas regulamentações governamentais. Trata-se de um aumento de 
mais de 10.000 (dez mil) páginas desde 1978. Esses 30 anos durante os quais 
ocorreu esse aumento de páginas foram os mesmos anos em que, de acordo com o The 
New York Times, "o sistema político americano tem sido enviesado em favor das 
desregulamentações dos negócios e contrário a novas regras". Sob um capitalismo laissez 
faire não haveria Registro Federal. As atividades dos remanescentes ministérios e de suas 
subdivisões seriam controladas exclusivamente por legislações devidamente promulgadas, 
e não por regras criadas arbitrariamente por funcionários governamentais não eleitos. 
5. E, é claro, a tudo isso deve ser acrescentado o aparato maciço de leis, secretarias, 
agências e regulamentações em nível estadual e municipal. Sob um capitalismo laissez 
faire, a maioria desses aparatos seria completamente abolida, e os que restassem 
passariam pelo mesmo tipo de redução radical no tamanho e escopo por que passaram 
seus semelhantes em nível federal. 
O que essa breve descrição mostrou é que o atual sistema político-econômico dos EUA 
está tão distante de um capitalismo laissez faire que, na realidade, ele se aproxima mais 
é de um estado policial. A capacidade que a mídia tem de ignorar toda a maciça 
interferência governamental que existe hoje e caracterizar o atual sistema econômico 
americano como sendo de liberdade econômica e laissez faire mostra que ela, se não 
profundamente desonesta, vive em um mundo ilusório. 
A intervenção governamental é a responsável pela crise 
Muito além disso está o fato de que a responsabilidade real pela crise financeira jaz 
precisamente nas maciças intervenções governamentais, principalmente nas intervenções 
realizadas pelo Federal Reserve System (o banco central americano), que fez injeções 
maciças de dinheiro no sistema financeiro baseando-se na crença de que simplesmente 
criar dinheiro do nada e disponibilizá-lo no mercado de crédito é um substituto válido 
para todo ocapital (riqueza) criado pela produção e pela poupança. Essa é uma política que 
o Fed vem seguindo — desde sua criação em 1913, mas com um vigor excepcional desde 
2001 — para superar o estouro da bolha do mercado de ações cuja criação foi ele mesmo 
quem inspirou. 
O Federal Reserve e outras porções do governo perseguem uma política de criação de 
dinheiro e crédito para proteger os bancos e ajudá-los a encobrir a realidade, fazendo 
parecer que é possível o correntista ter o dinheiro e emprestá-lo ao mesmo tempo. Essa 
fraude ocorre da seguinte maneira: quando indivíduos ou empresas depositam dinheiro 
nos bancos, eles continuam tendo acesso irrestrito a esse dinheiro — seja para fazer 
compras ou para pagar contas — por meio de cheques ou cartão de débito, ao invés de 
terem de utilizar o dinheiro físico. E como os bancos estão agora aptos a emprestar os 
fundos que foram depositados dessa forma (normalmente os bancos criam novas contas-
correntes, ao invés de fazerem empréstimo direto de dinheiro físico), eles simplesmente 
incorrem na criação de dinheiro adicional. Os depositantes (correntistas) continuam 
tendo acesso ao dinheiro deles, ao mesmo tempo em que os tomadores de empréstimo 
têm agora acesso ao grosso dos fundos depositados. Ou seja, o mesmo dinheiro 
teoricamente agora tem dois donos distintos e com acesso simultâneo a ele. Nos anos 
recentes, o Banco Central estimulou a tal ponto esse processo que os depósitos à vista 
(conta-corrente) foram criados a uma razão 50 vezes maior do que as reservas reais em 
dinheiro que os bancos possuíam [ou seja, um compulsório de 2 por cento], uma situação 
mais do que propícia a implosão. 
Todo esse novo e adicional dinheiro entrando no mercado de crédito é basicamente 
capital fictício, no sentido de que ele não representa novos e adicionais bens de capital 
no sistema econômico, mas, sim, uma mera transferência de parte da atual oferta de 
bens de capital que, em mãos diferentes, será aplicada em atividades menos eficientes e 
geralmente mais imprevidentes. A atual crise imobiliária é talvez o exemplo mais 
evidente disso em toda a história. 
Uma quantia maior que um trilhão e meio de dólares de dinheiro criado do nada em 
conta-corrente foi canalizada para o mercado imobiliário como resultado das taxas de 
juros artificialmente baixas causadas pela presença de uma quantia crescente de 
dinheiro novo no mercado de crédito. Por causa da natureza de longo prazo de seu 
financiamento, o setor imobiliário é especialmente suscetível aos efeitos de taxas de 
juros mais baixas, que podem ser astutamente utilizadas para reduzir os pagamentos 
mensais de hipotecas. Isso fez aumentar a demanda por imóveis e pelos empréstimos 
hipotecários necessários para financiar essa demanda. (Ver um resumo dessa 
seqüência aqui). 
Por um período de anos, o resultado foi um enorme aumento na construção e na compra 
de novos imóveis, o que fazia com que os preços das casas subissem rapidamente, o que 
levava a um espiral de novos aumentos na construção e na compra de novas casas na 
expectativa de que haveria um aumento contínuo em seus preços. 
Para se ter uma medida da irresponsabilidade do Fed, no período de tempo transcorrido 
desde 2001 ele aumentou a oferta de depósitos em conta-corrente em mais de 70 por 
cento da quantia total que ele já havia criado durante os 88 anos de sua existência — ou 
seja, ele criou quase 2 trilhões de dólares.[6] Esse foi o aumento da quantia em que os 
depósitos a vista (conta-corrente) excediam as reservas bancárias (o dinheiro que os 
bancos têm disponível para pagar os correntistas que quiserem dinheiro físico). O Fed 
provocou esse aumento do capital ilusório por meio da criação de reservas bancárias 
adicionais. Ele criou essas reservas bancárias adicionais para poder atingir uma taxa de 
fundos federais (taxa básica de juros) — isto é, a taxa de juros que os bancos cobram 
entre si para o empréstimo de reservas no mercado interbancário — que estivesse muito 
abaixo da taxa de juros determinada pelo mercado. Durante um período de três anos, 
de 2001 a 2004, o Fed derrubou as taxas de juros para menos de 2 por cento e, de julho 
de 2003 a junho de 2004, ele as derrubou ainda mais, mantendo-as em aproximadamente 
1 por cento. (Para ver em mais detalhes como o Banco Central determina as taxas de 
juros, clique aqui). 
O Federal Reserve também possibilitou aos bancos operarem com uma porcentagem de 
reservas bancárias em seu menor nível histórico. Enquanto que num livre mercado os 
bancos manteriam reservas em ouro em um montante igual aos seus depósitos a vista — 
ou ao menos em uma proporção substancial de seus depósitos a vista[7] —, o Fed se 
esforçou para tornar possível que os bancos operassem com reservas de papel-moeda 
inconversível em um montante que sequer chegava a 2 por cento do total de depósitos. 
O Federal Reserve derrubou a taxa básica de juros e produziu esse vasto aumento na 
oferta de capital ilusório com o propósito de diminuir todas as taxas de juros praticadas 
pelo mercado. Esse capital ilusório adicional só poderia encontrar tomadores de 
empréstimo a uma taxa de juros mais baixa. O objetivo do Fed era diminuir os juros a 
níveis tão baixos de modo que eles não poderiamsequer compensar o aumento nos 
preços. Ele deliberadamente buscou obter uma taxa de juros real negativa sobre o 
capital, isto é, uma taxa menor do que a taxa em que os preços sobem. Isso significa que 
um emprestador, ao receber os juros devidos após um ano, tem um poder de compra 
menor do que tinha no ano anterior, quando ele tinha apenas o seu principal. 
Ao fazer isso, o objetivo último do Fed era estimular o investimento e os gastos em 
consumo. Ele queria que o custo de se obter capital fosse mínimo, de modo que ele 
pudesse ser investido na maior escala possível, e que as pessoas considerassem que 
segurar dinheiro fosse algo prejudicial, o que iria estimulá-las a gastá-lo mais 
rapidamente. Gastos e mais gastos eram tudo o que o Fed queria, na crença de que era 
isso o que devia ser feito para se evitar o desemprego em larga escala. 
Depois de algum tempo, o desejo do Federal Reserve de obter uma taxa de juros 
negativa foi alcançado, mas em um grau muito além daquele desejado. Ele queria uma 
taxa real de retorno negativa em 1 ou 2 por cento. Mas o que ele obteve no mercado 
imobiliário foi uma taxa de retorno real negativa capaz de ser medida apenas em termos 
dos enormes prejuízos do capital investido. Nas palavras do The New York Times, "Desde 
que a crise começou, as instituições financeiras de todo o mundo já perderam por volta 
de $500 bilhões em títulos lastreadosem hipotecas. A menos que alguma coisa seja feita 
para estancar o rápido declínio dos valores dos imóveis, essas instituições provavelmente 
irão perder valores adicionais em torno de $1 trilhão a $1,5 trilhão."[8] 
Essa vasta perda de capital ocorrida na derrocada do setor imobiliário é que é 
responsável pela incapacidade de os bancos fazerem empréstimos para muitos negócios 
aos quais normalmente poderiam e iriam emprestar. A razão pela qual eles não podem 
mais emprestar é que os fundos e a riqueza real que foram perdidos não mais existem e, 
logo, não podem ser emprestadas a mais ninguém. Essa política do Federal Reserve de 
expansão de crédito baseada na criação de novos e adicionais depósitos a vista serviu 
apenas para disponibilizar capital para tomadores de empréstimo indignos de crédito. 
Consequentemente, tal política privou outros mutuários, com histórico creditício muito 
melhor, do capital que precisavam para permanecer com seus negócios ativos. Essa 
política se tornou uma política de redistribuição e destruição. 
Esse capital que acabou sendo mal investido e perdido no setor imobiliário é um capital 
que agora está indisponível para empresas como Wickes Furniture, Linens 'N Things, Levitz 
Furniture, Mervyns e inúmeras outras, que foram à falência por não terem conseguido 
obter os empréstimos que precisavam para se manter operantes. E, é claro, dentre as 
principais vítimas estão os próprios grandes bancos. Os prejuízos que eles sofreram 
acabaram com seu capital e levaram-nos à bancarrota. E a lista de mortos e feridos 
certamente continuará subindo. 
Qualquer discussão sobre a derrocada do setor imobiliário seria incompleta caso não se 
mencionasse o sistemático consumo do capital imobiliário que foi estimulado durante 
vários anos pela mídia e pelos ignorantes da ciência econômica. Crentes fiéis da ideologia 
keynesiana de que os gastos em consumo representam a base genuína da prosperidade, 
os palpiteiros consideravam que o constante aumento nos preços dos imóveis era uma 
maneira poderosa de estimular tais gastos. Se o preço dos imóveis aumenta, aumenta-se 
o patrimônio dos proprietários, o que os permite renegociar suas hipotecas e até mesmo 
contrair mais empréstimos para financiar mais consumismo. E isso, segundo os 
palpiteiros, manteria a economia funcionando em nível ótimo. Mas, o que ocorreu, foi 
previsivelmente o oposto: esse esquema serviu apenas para sobrecarregar muitas famílias 
com hipotecas que agora já são maiores do que o valor de suas casas. Isso não teria 
ocorrido caso as hipotecas não tivessem sido utilizadas para financiar mais consumo. Esse 
consumismo é a causa de ter havido uma perda de capital ainda maior do que a perda 
ocorrida em decorrência dos maus investimentos. 
Também não seria completa uma discussão sobre a derrocada imobiliária que não 
mencionasse o papel exercido pelas garantias governamentais que foram dadas aos vários 
empréstimos imobiliários. Se o governo garante o principal e os juros de um empréstimo, 
não há qualquer motivo para que um emprestador se preocupe com as qualificações do 
mutuário — afinal, ele não terá prejuízos se fizer o empréstimo, não importa o quão ruim 
ele acabe sendo. 
Um número substancial de empréstimos hipotecários carregava tais garantias. Por 
exemplo, um artigo do The New York Times descreveu o Ministério da Habitação e 
Desenvolvimento Urbano como "uma agência que azeitou as engrenagens hipotecárias 
para os compradores de primeira viagem, assegurando bilhões de dólares em 
empréstimos". O artigo descreve como esse ministério reduziu progressivamente os 
padrões de empréstimos: "famílias não mais precisavam mostrar um histórico de cinco 
anos de renda estável; três anos já eram suficientes... os emprestadores agora podiam 
eles mesmos escolher seus avalistas, ao invés de se submeterem a um grupo selecionado 
pelo governo... os emprestadores não mais tinham de entrevistar cara a cara os 
mutuários assegurados pelo governo", pois a aprovação do governo para a concessão do 
seguro hipotecário havia se tornado automática. 
O artigo do Times segue descrevendo como que "Emprestadores" da estirpe do 
Countrywide Financial, que era um dos maiores e mais destacados, "despontaram em 
cena apenas para atender aqueles mutuários cujo histórico creditício era muito ruim para 
colocá-los na categoria de empréstimos 'prime', que cobra taxas de juros menores". O 
artigo observa que o "Countrywide assinou uma promessa ao governo de que faria uso de 
'esforços ativos e criativos' para estender a propriedade de imóveis às minorias e aos 
americanos de baixa renda".[9] "Esforços ativos e criativos" é uma boa descrição do que 
os emprestadores fizeram ao oferecer tipos tão bizarros de hipotecas, como aquelas que 
requeriam o pagamento de "juros somente", e depois permitindo que até mesmo os juros 
deixassem de ser pagos ao utilizarem o artifício de adicionar os juros à quantia ainda 
pendente do principal. (Esse tipo de hipoteca era apropriado para aqueles cuja única 
razão de comprar uma casa era esperar que os preços subissem suficientemente para 
poderem revendê-la). 
Da mesma forma que inúmeras casas foram compradas baseando-se na infundada crença 
de que os preços subiriam eternamente, uma vasta quantia de complexos derivativos 
financeiros foi vendida baseando-se na infundada crença de que o Federal Reserve de 
fato tinha o poder que sempre alegou ter de evitar toda e qualquer depressão — poder 
esse que a mídia e a maioria dos economistas repetida e entusiasmadamente afirmavam 
verdadeiro. 
Os derivativos receberam uma cobertura tão negativa da imprensa que passa a ser 
necessário evidenciar que uma apólice de seguro de um imóvel é um derivativo. E muitos 
dos derivativos que foram vendidos e que agora estão criando problemas de insolvência e 
quebradeira — a saber, os "credit default swaps (CDS)" — eram apólices de seguro, de uma 
forma ou de outra. O defeito delas é que, ao contrário dos seguros comuns feitos para 
imóveis, os CDS não tinham uma lista de exclusões suficientemente abrangente. 
As apólices de seguro de imóveis excluem de sua cobertura danos causados por guerras e, 
em vários casos, dependendo das condições de risco de uma determinada área, por 
terremotos e furacões. Da mesma forma, aqueles derivativosmais complexos deveriam 
excluir perdas resultantes de colapsos financeiros causados pela expansão maciça de 
crédito orquestrada por um banco central. (Porém, considerando-se que de fato seja 
impossível determinar tal exclusão, até porque muitos dos prejuízos podem ocorrer antes 
de a natureza da causa se tornar evidente, então esses derivativos não deveriam existir e 
o mercado não mais irá criá-los por causa dos riscos inaceitáveis que eles acarretam). 
Acontece que décadas de lavagem cerebral feita pelo governo, pela mídia e pelo sistema 
educacional acabaram convencendo a todos de que tal colapso não mais era possível. 
A crença na impossibilidade de depressões também teve um papel proeminente na 
criação e venda das "collateralized debt obligations (CDOs - obrigações de dívidas 
colateralizadas)". Aqui, hipotecas de qualidade totalmente díspares foram empacotas 
conjuntamente e securitizadas no mercado secundário. Em muitos casos, grandes 
compradores empacotaram coleções dessas securities e securitizaram essas securities. 
Como cada vez mais proprietários foram dando calote em seus empréstimos, ninguém 
mais agora é capaz de julgar o valor dessas securities. Para fazer isso, seria necessário 
desemaranhar todos esses pacotes de securities até o nível de hipotecas individuais. 
Tal emaranhado de securities jamais seria vendido em um mercado que não estivesse 
completamente sobrepujado pela intensa propaganda de que depressões são impossíveis 
sob o gerenciamento governamental do sistema financeiro. 
Finalmente, uma discussão sobre a derrocada imobiliária não seria completa se não 
fizesse menção às formas de extorsão virtual que serviram para encorajar empréstimos a 
mutuários indignos de crédito. Sobre isso, a enciclopédia Wikipedia escreve, 
O Community Reinvestment Act [CRA] ... é uma lei federal americana cujo propósito é 
estimular os bancos comerciais e as associações de poupança a satisfazerem as 
necessidades dos tomadores de empréstimo de todos os segmentos de suas comunidades, 
inclusive as vizinhanças de baixa e média renda ... As regulamentações do decreto CRA 
dão aos grupos comunitários o direito de comentar e protestar contra os bancos que não 
cumprirem as diretivas do CRA. Tais comentários podem ajudar ou obstruir as expansões 
das atividades desses bancos. 
Essas palavras significam exatamente isso: o decreto CRA dá poderes completos aos 
"grupos comunitários" para que eles determinem o sucesso ou o fracasso financeiro de um 
banco. Somente se um banco estivesse fazendo empréstimos significativos para mutuários 
que, em condições normais, não obteriam tais empréstimos, é que esses "grupos 
comunitários" ficariam satisfeitos e deixariam que o banco continuasse operando 
desimpedidamente. O mais famoso desses grupos comunitários é a ACORN. 
Um decreto como o CRA só foi possível por causa das ameaças de calúnia contra os 
bancos, que seriam acusados de "racistas" caso escolhessem não conceder empréstimos a 
pessoas cujo risco creditício era enorme e que também calhassem de pertencer a alguma 
minoria. Essas ameaças de calúnia caíram como uma luva para várias agências 
governamentais que exercem poder discricionário sobre os bancos e que, por isso, têm o 
poder da intimidação e podem prejudicá-los caso não obedeçam aos desejos dessas 
agências. O mesmo é válido para todos os outros emprestadores de hipotecas, além dos 
bancos. 
O que essa extensa análise das reais causas da atual crise financeira mostrou é que foi a 
intervenção governamental, e não um livre mercado ou um capitalismo laissez faire, a 
responsável por cada aspecto essencial dessa crise. 
O mito do laissez faire e o marxismo da mídia 
O mito de que o laissez faire existe nos EUA atual e de que ele é o responsável pela atual 
crise econômica é propugnado por pessoas que não têm conhecimento algum sobre uma 
teoria economia sólida e racional ou sobre a real natureza de um capitalismo laissez 
faire. Elas defendem tal idéia apesar de terem estudado — ou melhor,por 
terem estudado — nas principais faculdades e universidades do país e do mundo. Em 
termos de assuntos econômicos, essas pessoas foram educadas inteira e exageradamente 
nas doutrinas totalmente falaciosas e perniciosas de Marx e Keynes. Ao alegarem ver a 
existência de um laissez faire em meio a todas essas maciças interferências 
governamentais, que constituem o exato oposto do laissez faire, elas estão tentando 
reescrever a realidade com o intuito de fazê-la se conformar às suas visões e 
preconcepções marxistas do mundo. 
Elas absorvem as doutrinas de Marx muito mais nas aulas de história, filosofia, sociologia 
e literatura do que nas aulas de economia. As aulas de economia, conquanto 
normalmente não sejam marxistas, fornecem apenas refutações altamente insuficientes 
das doutrinas marxistas e dedicam quase a totalidade do tempo defendendo o 
keynesianismo e outras doutrinas anticapitalistas menos conhecidas, tais como a doutrina 
da concorrência perfeita e pura. 
São muito poucos os professores e alunos que já leram uma única página sequer 
dos escritos de Ludwig von Mises, que é o teórico supremo do capitalismo e alguém cujo 
conhecimento dos escritos é essencial para se obter uma compreensão profunda do 
capitalismo. Quase todos eles, portanto, são essencialmente ignorantes de uma teoria 
econômica sólida. 
Quando eu digo que o sistema educacional e a mídia são marxistas, não estou insinuando 
que seus membros defendem a socialização completa da propriedade ou que eles são 
necessariamente defensores do socialismo. O que estou dizendo é que eles são marxistas 
na medida em que aceitam as idéias de Marx em relação à natureza e ao funcionamento 
do capitalismo laissez faire. 
Eles aceitam a doutrina marxista de que, na ausência de uma intervenção 
governamental, o interesse próprio e a busca do lucro — a "cobiça desenfreada" — dos 
empresários e capitalistas iriam derrubar o salário para um mínimo de subsistência, 
enquanto que elevariam as horas de trabalho para o limite da resistência humana, 
impondo condições de trabalho horríveis e obrigando crianças pequenas a irem trabalhar 
nas fábricas e nas minas. Eles apontam para o padrão de vida miseravelmente baixo e 
para as terríveis condições suportadas pelos assalariados nos primórdios do capitalismo, 
principalmente na Grã-Bretanha, e acreditam que isso comprova sua argumentação. E 
eles prosseguem, argumentando que foram apenas as intervenções do governo na forma 
de legislações pró-sindicatos e pró-salário mínimo, leis de jornada máxima de trabalho, 
proibição de qualquer trabalho infantil, e decretos referentes às condições de trabalho, 
que serviram para melhorar as condições dos assalariados. Eles acreditam que a 
revogação dessas legislações levaria a um retorno das miseráveis condições econômicas 
do início do século XIX. 
Eles vêem os lucros dos empresários e capitalistas como sendo ganhos imerecidos e 
injustos, arrancados dos assalariados — supostamente os verdadeiros produtores — pelo 
equivalente à força física, donde consideram que os assalariados são escravos virtuais 
("escravos assalariados") e que os capitalistas "exploradores" são os virtuais donos de 
escravos. Intimamente ligado a isso, eles consideram que a tributação dos empresários e 
capitalistas e o conseqüente uso desses proventos em benefício dos assalariados, em 
aplicações como a seguridade social, a saúde pública, a educação pública, e as moradias 
públicas, são políticas que servem pura e simplesmente para devolver aos assalariados 
uma pequena porção da renda que alegadamente lhe foi pilhada durante o processo da 
"exploração". 
Em total acordo com Marx e sua doutrina de que, sob o capitalismo laissez faire,os 
capitalistas expropriam toda a produção do assalariado acima do nível necessário para 
sua mínima subsistência, eles crêem que a intervenção do governo não prejudica 
ninguém, exceto os capitalistas e empresários imorais. Nunca os assalariados. Assim, não 
apenas os impostos utilizados para pagar pelos programas sociais, mas também os salários 
mais altos determinados pelas legislações pró-sindicatos e pró-salário mínimo, são tidos 
como saídos unicamente dos lucros, sem qualquer efeito negativo sobre os assalariados, 
como o desemprego. O mesmo raciocínio se dá para o efeito da menor carga horária de 
trabalho imposta pelo governo, para as condições de trabalho melhores e para a abolição 
do trabalho infantil: os custos maiores resultantes dessas políticas simplesmente são 
considerados como se saídos da "mais-valia" dos capitalistas, e nunca do padrão de vida 
dos próprios assalariados. 
Essa é a mentalidade de toda a esquerda e em particular dos membros do sistema 
educacional e da mídia. É a visão de que a busca pelo lucro e pela satisfação material são 
inerentemente letais caso não sejam forçosamente retaliadas e rigidamente controladas 
pela intervenção governamental. É, como foi dito, uma visão que considera os 
empresários e os capitalistas como sendo donos de escravos, não obstante o fato de que 
empresários e capitalistas não utilizam armas, chicotes ou correntes para encontrar e 
manter seus trabalhadores. Ao contrário, a única arma do capitalista e do empresário é 
oferecer melhores condições e melhores salários em relação ao que esses trabalhadores 
poderiam encontrar alhures. 
Não surpreendentemente, o sistema educacional e a mídia compartilham a visão de Marx 
de que o capitalismo laissez-faire é uma "produção anárquica", o qual os empresários e os 
capitalistas gerenciam atabalhoadamente, como galinhas sem cabeça. Na visão deles, 
racionalidade, ordem e planejamento emanam apenas do governo, e não de participantes 
no mercado. 
E essa, como eu disse, é a estrutura intelectual da grande maioria dos professores de 
hoje e de suas várias gerações predecessoras. E essa é exatamente a mesma estrutura 
intelectual de seus alunos, que zelosamente absorveram seus ensinamentos equivocados 
e que acabaram, alguns deles, se tornando repórteres e editores das principais 
publicações midiáticas, tanto jornais como revistas. É a intelectualidade de seus alunos 
que hoje comenta e comanda as edições de praticamente todos os canais de 
notícias.[10] E é através dessa estrutura intelectual que a mídia hoje tenta entender e 
reportar a atual crise financeira. 
De acordo com a visão deles, o capitalismo laissez faire e a liberdade econômica são uma 
fórmula para a injustiça e para o caos, ao passo que o governo é a voz e o agente da 
justiça e da racionalidade nas questões econômicas. Tão firmemente eles mantêm essa 
crença que, quando vêem algo que pensam ser evidência de injustiça e caos em larga 
escala no sistema econômico, tal como ocorreu na atual crise financeira, eles 
automaticamente presumem que isso seja o resultado previsível da busca pelo interesse 
próprio e da liberdade econômica que torna possível essa busca. Dada essa atitude 
básica, o princípio que guia os "jornalistas" contemporâneos é a idéia de que sua função é 
encontrar os empresários e capitalistas que são responsáveis pela maldade e os 
funcionários do governo que deram a liberdade para eles cometerem esse mal. 
Finalmente, uma vez cumprida a missão acima, a tarefa final passa a ser identificar e 
apoiar as políticas de intervenção e controle governamental que supostamente irão 
eliminar o mal e impedir sua repetição no futuro. 
Seu temor e ódio da liberdade econômica e do capitalismo laissez-faire, bem como a 
necessidade que sentem de serem capazes de denunciar o sistema como sendo a causa de 
todos os malefícios econômicos, são tão grandes que eles chegam ao ponto de fingir para 
eles mesmos e para sua audiência que tal sistema de fato existe no mundo atual, quando 
ele claramente não existe nem remotamente. Ao fazerem a assertiva de que o laissez 
faireexiste e é o responsável pelo problema atual, eles se tornam aptos a direcionar toda 
a força do ódio que sentem pela liberdade econômica e pelo capitalismo laissez 
faire contra aquela mínima fatia de liberdade econômica que, de alguma maneira, 
conseguiu se manter existindo e contra a qual os iluminados agora decidiram desferir sua 
fúria. Essa fatia, eles alegam, é a responsável total pela inanição dos trabalhadores na 
desumana exploração da mão-de-obra que, em sua ignorância, eles garantem que é 
imposta pelos capitalistas sob um sistema laissez faire. Suas platéias, já devidamente 
doutrinadas pela lavagem cerebral tanto da mídia como do ambiente educacional que 
freqüentaram, rapidamente passam a seguir ordens e ajudam no esforço de estimular o 
ódio. 
O resultado é sentenciado por palavras como as que seguem, que apareceram em um 
daqueles mesmos artigos doThe New York Times que eu havia citado antes: 
Temos agora uma raiva coletiva, uma repulsa, por todo o sistema financeiro, e é óbvio 
que teremos uma forte reação regulatória... cujos efeitos irão se transmitir para outros 
setores porque os eleitores estão com a consciência de que "as grandes empresas são 
animais selvagens e elas precisam ser colocadas em suas jaulas"[11] 
E é dessa maneira que os inimigos do capitalismo e da liberdade econômica se mostram 
capazes de prosseguir sua campanha em prol da destruição econômica e da devastação. 
Eles utilizam a acusação de "laissez faire" como uma espécie de gazua para aumentar os 
poderes do governo. Por exemplo, no início dos anos 1930, eles acusaram o presidente 
Hoover de estar seguindo uma política laissez faire, mesmo com ele intervindo 
maciçamente na economia para impedir a queda dos salários, queda essa que era 
essencial para evitar que uma reduzida demanda por mão-de-obra se transformasse em 
desemprego em larga escala. O desemprego maciço que previsivelmente resultou dessa 
intervenção de Hoover, e o qual eles tiveram êxito em justificar como sendo 
conseqüência dolaissez faire, foi utilizado ardilosamente por eles para enganar todo o 
país, fazendo as pessoas apoiarem resolutamente as intervenções ainda maiores que 
surgiram depois, com o New Deal. 
Hoje, eles continuam jogando esse mesmo jogo. Sempre denunciando o laissez faire e 
sempre alegando que os fracassos desse fantasma precisam ser superados com ainda mais 
regulamentações e controles governamentais. Hoje, as maciças intervenções não só do 
New Deal, mas também do Fair Deal (Truman), da New Frontier (Kennedy), da Great 
Society (Johnson) e de todas as administrações subseqüentes, foram acrescentadas 
àquelas mesmas grandes intervenções que já existiam ainda na década de 1920 e às quais 
Hoover substancialmente expandiu. E, ainda assim, supostamente continuamos vivendo 
sob o laissez faire. Parece que enquanto alguém continuar sendo capaz de se mover e 
respirar sem estar sob o jugo do estado, o laissez faire continuará sendo a política 
dominante, o que torna necessário a criação de ainda mais controles governamentais. 
O ponto final lógico desse processo é que, um dia, todos terminarão acorrentados a uma 
parede, ou ao menos sendo forçados a fazer algo tipo viver em um CEP cujos números 
sejam os mesmos do seu CPF. E então o governo saberá exatamente quem é cada um, 
onde essa pessoa está e deixará claro que ela não poderá fazer absolutamente nada sem 
antes ter obtido a devida aprovação e permissão do estado. E então o mundo estará a 
salvo de qualquer um que tente fazer algo que o beneficie e que, por isso, supostamente 
prejudique os outros. E, quando chegarmos a esse ponto, o mundo irá desfrutartoda a 
prosperidade gerada pela total paralisia. 
_____________________________ 
Notas 
[1] Ver http://www.volunteertv.com/international/headlines/29762874.html. 
[2] Steve Lohr, "Intervention Is Bold, but Has a Basis in History," 14 de outubro, 2008, p. 
A14. 
[3] Jackie Calmes, "Both Sides of the Aisle See More Regulation," 14 de outubro, 2008, p. 
A15. 
[4] Landon Thomas Jr. e Julia Werdigier, "Britain Takes a Different Route to Rescue Its 
Banks," 9 de outubro, 2007, p. B7. 
[5] Como o autor deixa claro, essa é a doutrina do capitalismo laissez faire. Já o anarco-
capitalismo é contrário à existência de qualquer aparato estatal, inclusive os 
mencionados pelo autor. 
Para mais informações sobre o tema, ver os seguintes artigos:[N. do T.] 
O setor público: desestatizando a segurança, as ruas e as estradas 
A possibilidade de uma justiça privada 
Serviços de defesa no livre mercado 
Democracia - o deus que falhou 
As elites naturais, os intelectuais, e o estado 
Quatro medidas para melhorar o sistema de saúde 
Se você gosta da natureza, privatize-a 
A teoria do caos 
[6] Cheguei a essa quantia calculando o total de depósitos a vista em janeiro de 2001 e 
em agosto de 2008. Cada total foi obtido pela soma dos valores de M1 com os depósitos 
em fundos mútuos do mercado monetário, tanto os de varejo como os institucionais. 
Desses dois totais eu subtraí o respectivo total de reservas bancárias de ambas as datas. 
Disso, eu calculei a variação percentual. 
[7] Se, como já descrevi, criar depósitos a vista que totalizam valores monetários maiores 
do que as reservas bancárias significa realmente uma tentativa de trapaça, então é 
possível concluir que um livre mercado iria na prática requerer reservas de 100 por 
cento. 
[8] Joe Nocera, "Shouldn't We Rescue Housing?" 18 de outubro, 2008, p. B1. 
[9] David Streitfeld e Gretchen Morgenson, "The Reckoning, Building Flawed American 
Dreams," 19 de outubro, 2008, p. A26. 
[10] Para uma abrangente refutação de todos os aspectos dessa abordagem intelectual, 
ver George Reisman,Capitalism: A Treatise on Economics (Ottawa, Illinois: Jameson Books, 
1996), capítulos 11, 14, e em outros trechos. 
[11] Jackie Calmes, loc. cit. 
George Reisman é Ph.D e autor de Capitalism: A Treatise on Economics. (Uma réplica em PDF do 
livro completo pode ser baixada para o disco rígido do leitor se ele simplesmente clicar no título do livro 
e salvar o arquivo). Ele é professor emérito da economia da Pepperdine University. Seu 
website: www.capitalism.net. Seu blog georgereismansblog.blogspot.com. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A geração e o estouro da bolha imobiliária 
nos EUA - e suas lições para o Brasil 
 
por George Reisman, quarta-feira, 22 de setembro de 2010 
 
 
Acessado em 18/09/2014: http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=786 
 
 
N. do T.: com as notícias cada vez mais constantes sobre fartura de crédito aqui no 
Brasil para o setor imobiliário, preços em constante ascensão e, agora, a possibilidade 
de utilizar o próprio imóvel para garantir mais empréstimos (ver aqui e aqui), vale a 
pena rever como se deu a bolha imobiliária nos EUA, e tentar aprender com suas lições. 
 
Toda a turbulência gerada nos mercados de crédito americano e mundial, causada pelo 
colapso da bolha imobiliária americana, pode ser entendida à luz da teoria dos ciclos 
econômicos desenvolvida por Ludwig von Mises e F.A. Hayek. Esses autores mostraram 
que a expansão do crédito distorce o padrão de gastos e de investimentos no sistema 
econômico. Essa distorção, por sua vez, leva a um desperdício de capital (materiais e 
equipamentos) em larga escala, gerando prejuízos e, consequentemente, preparando o 
terreno para uma subsequente contração do crédito, exatamente o que ocorreu no 
segundo semestre de 2007 e que gerou toda a crise em 2008. (Em prol dos leitores não 
familiarizados com a expressão, expansão do crédito é a criação de dinheiro pelo sistema 
bancário e seu consequente empréstimo a juros artificialmente baixos). 
A origem de todo esse problema remonta ao estouro da bolha formada na bolsa de 
valores americana no início da década de 2000. Em um esforço para evitar as inevitáveis 
consequências deflacionárias de todo estouro de bolha, o Banco Central americano (o 
Fed) cortou a taxa básica de juros, reduzindo-a de 6,25% no final de 2000 para apenas 1% 
já em 2003. 
 
 
Esses cortes nos juros foram feitos por meio de várias injeções de dinheiro criado do nada 
pelo Banco Central no sistema bancário. A taxa básica de juros é a taxa que os bancos 
cobram entre si no mercado interbancário para tomar e conceder empréstimos de 
dinheiro que compõe suas reservas monetárias, reservas essas que eles são obrigados pelo 
BC a manter em determinado percentual do total de suas contas-correntes. (Ver mais 
sobre esse mecanismo aqui). 
O dinheiro criado pelo BC cai direto na conta que os bancos têm junto ao BC. Essa conta 
forma suas reservas. Esse contínuo influxo de novas e adicionais quantidades de dinheiro 
nas reservas do sistema bancário possibilitou aos bancos criarem mais contas-correntes, 
para benefício dos tomadores de empréstimos. Essas novas contas-correntes foram 
criadas em um múltiplo de dez ou mais vezes a quantidade de novas reservas criadas pelo 
BC, e possibilitaram a concessão de mais empréstimos em uma escala 
correspondentemente maior. 
Essa acentuada queda nas taxas de juros particularmente encorajou os americanos a 
pegarem empréstimos para financiar a compra de imóveis. A razão para tal foi o forte 
declínio no valor do pagamento mensal das hipotecas, resultado do substancial declínio 
nas taxas de juros. Veja o gráfico do declínio nos juros das hipotecas: 
 
 
As novas contas-correntes criadas eram formadas por dinheiro criado do nada pelo 
sistema bancário de reservas fracionárias, e que foi emprestado para tomadores de 
empréstimo de histórico duvidoso. O colateral utilizado nesses empréstimos era o imóvel 
que o tomador estava adquirindo. 
Enquanto esse dinheiro recém-criado ia sendo jogado no mercado imobiliária a taxas 
crescentes, os preços dos imóveis subiram e a maioria das pessoas parecia estar 
prosperando. 
Porém, começando em 2004, e continuando durante todo o ano de 2005 até a primeira 
metade de 2006, por medo das consequências inflacionárias de sua política, o Fed 
começou a aumentar gradualmente a taxa básica de juros. Ele fez isso reduzindo a 
injeção de dinheiro nas reservas do sistema bancário. Veja a escalada da taxa básica de 
juros americana: 
 
Assim que essa política teve êxito em estancar a aceleração da expansão do crédito que 
até então estava indo para o mercado imobiliário, os fundamentos para um aumento 
contínuo nos preços dos imóveis foram removidos — pois a redução da expansão do 
crédito significou uma redução na demanda por imóveis. Ademais, a redução da 
expansão do crédito provocou um aumento nos juros das hipotecas: 
 
Como houve de fato uma queda na expansão do crédito, a demanda por imóveis 
inevitavelmente teve de cair. Isso porque um dos principais componentes da demanda 
por imóveis eram exatamente os fundos gerados pela expansão do crédito. Um declínio 
nesse componente gerou um equivalente declínio na demanda geral por imóveis. O 
declínio na demanda por imóveis foi, obviamente, seguido de um declínio nos preços dos 
imóveis. 
Os preços dos imóveis também tiveram de cair simplesmente por causa do repentino 
aumento da oferta de imóveis a venda: como vários imóveis haviam sido comprados na 
expectativa de que seus preços iriam aumentar continuamente, tão logo ficou 
comprovado queisso não mais iria acontecer, seus moradores trataram rapidamente de 
colocá-las a venda e lucrar o que fosse possível. 
Essa queda na demanda e nos preços dos imóveis deixou a mostra algo assustador: uma 
massa de dívida hipotecária que era literalmente impagável. Ela também revelou uma 
correspondente massa de capital mal investido e desperdiçado: o capital utilizado para 
conceder os impagáveis empréstimos hipotecários. Não apenas, dinheiro, mas também 
recursos, materiais, mão-de-obra, ferramentas — coisas naturalmente escassas — foram 
retirados de outros setores e empregados em uma área que se revelou um completo 
erro. Houve desperdício de bens que não mais poderão ser utilizados produtivamente. 
A perda dessa vasta quantia de capital acabou por solapar todo o resto do sistema 
econômico americano. 
Os bancos e outras entidades que concederam tais empréstimos tornaram-se 
imediatamente incapazes de continuar com suas operações de empréstimo na mesma 
escala de antes — e, em alguns casos, em escala nenhuma. Como seus devedores não 
mais tinham condições de quitar seus empréstimos, os bancos ficaram sem fundos com os 
quais conceder mais empréstimos ou mesmo renovar os empréstimos pendentes. Pra 
continuarem operando, os bancos não apenas não mais podiam continuar concedendo 
empréstimos no mesmo volume de antes, como também, em muitos casos, eles próprios 
tiveram de começar a pedir empréstimos, com o intuito de cumprir compromissos 
financeiros assumidos anteriormente e que agora estavam vencendo. 
Consequentemente, gerou-se uma situação em que havia tanto uma redução da oferta de 
fundos disponíveis para empréstimo quanto um aumento na demanda por fundos para 
empréstimo, situação essa que foi apropriadamente descrita pela expressão 
"sufocamento do crédito" (credit crunch). 
O fenômeno do sufocamento do crédito foi reforçado pelo fato de que a expansão do 
crédito, assim como qualquer outro aumento na quantidade de dinheiro, acaba por 
elevar os salários e os preços das matérias-primas. A expansão do crédito, portanto, 
reduz o poder de compra de todos os fundos de capital da economia. Isso também gera 
os mesmos resultados de um sufocamento tão logo as torneiras da expansão do crédito 
sejam fechadas. Isso ocorre porque as empresas agora precisam de mais fundos do que 
imaginavam precisar para completar seus projetos e, por isso, precisam pegar mais 
empréstimos (ou emprestar menos para os bancos) a fim de obter esses fundos. 
(O mesmo fenômeno ocorre em projetos de infraestrutura, para os quais os custos 
aumentaram dramaticamente ao longo dos anos, o que fez com somas 
correspondentemente maiores de capital passassem a ser necessárias para completar os 
mesmos projetos.) 
Ademais, o declínio que inevitavelmente ocorre no mercado de ações e no mercado de 
títulos privados após a expansão do crédito ser interrompida gera uma redução nos ativos 
disponíveis para o financiamento de atividades empreendedoriais, o que só faz aumentar 
o fenômeno do sufocamento do crédito. 
A situação americana foi essencialmente similar a todos os episódios anteriores de ciclos 
econômicos criados pela expansão do crédito. A única diferença é que, no caso 
americano, a expansão do crédito alimentou um aumento da demanda por imóveis e, ao 
mesmo tempo, a maioria dos fundos de capital criados por essa expansão do crédito foi 
investida em imóveis. Tão logo a demanda por imóveis caiu — como resultado da 
redução da expansão do crédito —, a maior parte dos fundos de capital investidos no 
setor imobiliário revelou-se um investimento errôneo. 
Na maioria dos ciclos econômicos anteriores, a expansão do crédito alimentava uma 
demanda adicional por bens de capital, e grande parte dos fundos de capital criados pela 
expansão do crédito era investida na produção de bens de capital. Quando a expansão 
do crédito se reduzia, a demanda por bens de capital caía, e grande parte dos fundos de 
capital investidos na produção de bens de capital acabava se revelando um investimento 
errôneo. 
Em todos os exemplos de expansão do crédito, o fator que está sempre presente é a 
introdução no sistema econômico de uma grande massa de fundos de capital que, 
enquanto dura, tem a aparência de riqueza real e fornece a base para um acentuado 
aumento no poder de compra e um correspondente aumento nos preços dos 
ativos. Infelizmente, assim que a expansão do crédito que criou esses fundos de capital 
diminui, as bases para a lucratividade dos fundos até então criados pela expansão do 
crédito são extintas. Isso ocorre porque esses fundos são normalmente investidos em 
projetos cuja lucratividade depende de uma demanda que só pode ser mantida pela 
contínua expansão do crédito. 
Após a expansão do crédito ser interrompida, tanto hoje quanto no passado, o sistema 
econômico sofre uma real implosão do crédito e dos gastos. A massa de fundos de 
capital jogada no sistema econômico pela expansão do crédito rapidamente começa a se 
evaporar (os hedge funds da Bear Stearns e o Lehman Brothers foram um ótimo 
exemplo), com o potencial de aniquilar outros fundos de capital já existentes na 
economia. 
Como consequência do sufocamento do crédito, empresas com dívidas vincendas 
simplesmente se tornam incapazes de pagá-las. Elas não conseguem renovar os 
empréstimos que pegaram e nem substituí-los. Essas empresas se tornam insolventes e 
vão à falência. Tentativas governamentais de se aliviar as condições de tais empresas 
podem facilmente precipitar um processo de contração financeira e deflação. 
Isso ocorre porque a iminência da incapacidade de se honrar as dívidas leva a um 
aumento na demanda por dinheiro em caixa. As empresas precisam elevar seu efetivo 
em caixa com o intuito de ter os fundos necessários para quitar as dívidas que estão para 
vencer. Elas não mais podem contar com a facilidade de obter tais fundos de maneira 
fácil e lucrativa por meio de empréstimos junto ao sistema bancário — o que elas faziam 
durante o período da expansão do crédito. Tampouco elas serão capazes de 
lucrativamente obter fundos vendendo títulos ou outros ativos em sua posse. Assim, 
além da quantidade qualquer de fundos que elas venham a obter de tal forma, elas 
devem também tentar acumular fundos reduzindo seus gastos. Essa redução nos gastos, 
entretanto, gera uma redução nas receitas e nos lucros de todo o sistema econômico, o 
que reduz ainda mais — e agora de forma generalizada — a capacidade de pagamento das 
dívidas de toda a economia. 
Se tal processo de insolvência gerar um processo de falências bancárias — como houve 
nos EUA —, a quantidade de dinheiro no sistema econômico será reduzida, pois o dinheiro 
eletrônico criado pelo sistema bancário de reservas fracionárias desaparece junto com os 
bancos. É como se tal dinheiro assumisse a forma de títulos podres que ninguém aceita 
como pagamento em troca de bens e serviços. 
Declínios na quantidade de dinheiro, e no volume de gastos que depende em parte da 
quantidade de dinheiro que sumiu, resultam em mais falências e mais quebras bancárias, 
o que por sua vez gera ainda mais declínios na quantidade de dinheiro, bem como mais 
aumentos na demanda por dinheiro em caixa. Foi assim que ocorreu na Grande 
Depressão de 1929-1933. 
Dados os poderes ilimitados que o Fed tem hoje para a criação de dinheiro, tal deflação 
da oferta monetária foi evitada, ao custo de uma injeção de mais de um trilhão de 
dólares no sistema bancário, o que dobrou a base monetária. Como explicou Gary North, 
Isso significa que os bancos comerciais americanos estão hoje legalmente autorizados a 
dobrar seu número de empréstimos, algo que iria dobrar a oferta monetária. Mas os 
banqueiros estãotão assustados com o atual estado da economia que eles têm se 
recusado a emprestar. Eles voluntariamente têm preferido deixar todo o seu excesso de 
reservas depositado junto ao Fed, valor esse que chega a US$ 1,2 trilhão. É isso que tem 
contrabalanceado o aumento da base monetária feito pelo Fed. 
O provável resultado futuro, tão logo esse dinheiro começar a ser liberado pelo sistema 
bancário, será um aumento nos gastos e nos preços de todos os bens, em um grau de 
magnitude suficiente para superar mesmo o extremante poderoso ímpeto de contração e 
deflação gerado como resultado do estouro da bolha imobiliária. 
Outro resultado do estouro da bolha, este já implementado quase que em sua totalidade, 
foi a promulgação de ainda mais leis e regulamentações sobre a atividade 
financeira. Ignorantes em relação ao papel essencial desempenhado pela expansão do 
crédito e ao papel do governo na ocorrência dessa expansão creditícia, os políticos e a 
mídia iniciaram uma implacável campanha acusatória, culpando a débâcle nos poucos 
aspectos da atividade econômica e financeira que ainda estavam livres do total controle 
do governo. 
Uma enorme depressão só foi evitada pela criação de mais de um trilhão de dólares pelo 
Fed, algo que inevitavelmente cobrará seu preço futuro. Se algum dia o mundo quiser se 
ver livre dessa montanha-russa econômica, com seus altos e baixos, gerada pelo papel-
moeda fiduciário e de curso forçado, livremente manipulado por burocratas, a única 
solução é a adoção de uma moeda livre de manipulações e ingerências, uma moeda que 
seja escassa por natureza e de difícil criação: o ouro. 
________________________________________ 
 
Leia também: A bolha imobiliária em 4 etapas 
 
George Reisman é Ph.D e autor de Capitalism: A Treatise on Economics. (Uma réplica em PDF do 
livro completo pode ser baixada para o disco rígido do leitor se ele simplesmente clicar no título do livro 
e salvar o arquivo). Ele é professor emérito da economia da Pepperdine University. Seu 
website: www.capitalism.net. Seu blog georgereismansblog.blogspot.com.

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