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Livro de Sociologia das organizações

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Brasília - DF.
SOCIOLOGIA DAS ORGANIZAÇÕES
Autores
Natália PACHECO 
Raquel SANT’ANA
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e 
Editoração
Sumário
Organização do caderno de estudos e pesquisa ..................................................................................................... 4
Introdução ............................................................................................................................................................................. 6
Aula 1
Organizações e sociedade: perspectivas sociológicas .................................................................................... 7
Aula 2
Grupos e agrupamentos sociais .............................................................................................................................20
Aula 3
Sociologia do Trabalho: conceitos básicos ........................................................................................................36
Aula 4
A Sociologia do Trabalho nas organizações .....................................................................................................47
Aula 5
Dimensões políticas das organizações ...............................................................................................................63
Aula 6
Poder, liderança e comunicação nas organizações .........................................................................................74
Referências ..........................................................................................................................................................................90
4
Organização do caderno de 
estudos e pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, 
de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com 
questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais 
agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos 
com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa 
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. 
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus 
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas 
conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de 
fortalecer o processo de aprendizagem do aluno.
5
Organização do caderno de estudos e pesquisa
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
6
Introdução
A Sociologia é a ciência que estuda os fenômenos sociais que alicerçam o comportamento 
humano e as estruturas sociais e organizacionais, o que é de fundamental importância para 
os acadêmicos do curso de Administração. Em uma era marcada pela globalização, torna-se 
fundamental compreender as diferenças e as origens dos mecanismos sociais e econômicos 
que controlam valores, comportamentos e reações. Desse modo, a disciplina de Sociologia das 
Organizações se estabelece como o elo entre teoria e prática e entre compreensão e conceituação.
Objetivos
Este caderno de estudos tem como objetivos:
 » Proporcionar uma visão da Sociologia como ciência da sociedade, para promover a 
análise da diferenciação do processo social, histórico e atual da sociedade em construção.
 » Estudar os aspectos de uma sociedade que influem na organização e no desenvolvimento 
das organizações (de empresas, fundações, órgãos públicos e congêneres), assim como 
promover uma melhor compreensão dos fenômenos que ocorrem dentro das organizações 
sob um ponto de vista sociológico.
 » Investigar a influência dos padrões na implantação, expansão e desenvolvimento das 
organizações, assim como promover o claro entendimento dos fenômenos em torno 
das inter-relações sociais que se desenvolvem no interior das organizações.
7
Apresentação
Nesta primeira aula, vocês serão apresentados aos principais conceitos sociológicos, de modo 
a entender como esse campo do saber vincula-se à formação profissional do administrador de 
empresas. Para tanto, é indispensável entender como se estrutura a sociedade, assim como o papel 
da Sociologia nas organizações empresariais. Estudaremos, portanto, as principais perspectivas 
sociológicas para que possam conhecer melhor a interseção entre a sociedade, as relações sociais 
estudados pela Sociologia e como estas se reproduzem no contexto organizacional.
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
 » Compreender a dimensão científica da Sociologia. 
 » Descrever as principais vertentes sociológicas. 
 » Estabelecer as relações centrais entre a sociedade e as organizações. 
 » Entender alguns fundamentos da Sociologia aplicada à Administração.
1
AulA
ORGANIZAÇÕES E SOCIEDADE: 
PERSPECTIvAS SOCIOLóGICAS
8
AulA 1 • ORGANIZAÇÕES E SOCIEDADE: PERSPECTIvAS SOCIOLóGICAS
Para iniciarmos a primeira aula de nossa disciplina, você deve compreender que, ao longo do 
tempo, ocorreram várias mudanças sociais causadas por novos interesses e necessidades dos 
indivíduos. Sugerimos, então, que você tenha em mente que o que buscaremos é trazer uma 
visão resumida, porém consistente, sobre a Sociologia e sua aplicabilidade para as organizações, 
definindo o objeto da Sociologia das Organizações. Para tanto, os conceitos fundamentais 
empregados na Sociologia serão apresentados, assim como suas relações com outras ciências, 
o que permitirá perceber como as transformações sociais se processam socialmente e o papel 
das organizações nesse processo.
A origem da Sociologia
As Revoluções Industrial e Francesa trouxeram uma série de transformações econômicas, 
políticas e culturais, no século XVIII. A industrialização e a transformação da estrutura política 
com a experiência da democracia moderna acarretaram também muitos novos dilemas. É neste 
contexto que surge a Sociologia, no século seguinte (XIX), como uma ciência destinada a entender 
e explicar muitos desses problemas. A Sociologia surge em um esforço de compreensão dos novos 
fenômenos trazidos pelo que se convencionou chamar “modernidade”.
Por volta da metade do século XIX, a Sociologia surge como uma disciplina, buscando responder 
ao duplo desafio de produzir entendimento sobre o que unia os grupos sociais e, também, de 
desenvolver soluções para a desintegração social. Desintegração esta que foi fruto justamente 
dos impactos das revoluções ocorridos na Europa. Os desenvolvimentos advindos da Revolução 
Industrial trouxeram também novas condições de existência, entre elas, a divisão rígida de 
grupos sociais. 
A Revolução Industrial significou muito mais que a inserção da máquina a vapor ou a aproximação 
de fronteiraspelo desenvolvimento dos meios de transportes, ela representou o triunfo da 
lógica capitalista cuja característica central está na concentração, pouco a pouco, dos meios de 
produção (as máquinas, as terras e as ferramentas). Essa estratégia converteria, assim, grandes 
massas humanas em simples trabalhadores explorados por não terem posses, recursos próprios 
de sobrevivência. 
Eis que se instalou a sociedade capitalista cuja estrutura estava dividida entre: a) sociedade de 
burgueses – que eram os donos dos meios de produção; b) proletariado – caracterizados por 
serem donos apenas de sua força de trabalho; c) funcionários do Estado e uma classe média 
composta por vários estratos contrários à discussão política. Ainda que possamos enumerar três 
classes distintas na sociedade capitalista, toda sua repercussão social foi ditada pelos conflitos 
entre duas delas: a burguesia e o proletariado.
Mais do que apenas uma nova lógica econômica, estava nascendo um novo estilo de vida, 
construído não mais no meio rural, mas sim baseado na vida urbana e em uma sociedade 
9
ORGANIZAÇÕES E SOCIEDADE: PERSPECTIvAS SOCIOLóGICAS • AulA 1
de consumo impulsionada pela expansão das indústrias. Esse novo modo de viver tornava a 
sobrevivência de cada membro da sociedade totalmente dependente da produção dos outros. 
Como cada indivíduo não era mais capaz de produzir tudo de que ele precisava, obrigatoriamente, 
foi gerada uma relação de dependência, que logo se transformaria em exploração e submissão.
Para sobreviver, tornou-se necessário consumir. Contudo, como a maior parte da população 
era trabalhadora (proletária), não conseguia ter acesso a esse consumo, excluindo-se cada vez 
mais do restante da sociedade. Ao mesmo tempo em que se consolidava a sociedade capitalista, 
a desintegração e o isolamento de costumes e instituições eram percebidos de forma cada vez 
mais forte. Isso porque a intensa utilização das máquinas nos processos de produção não destruiu 
somente o artesão independente, o trabalhador do campo, mas submeteu-os também a uma 
severa e cansativa rotina de trabalho, assim como novas formas de conduta, de comportamento 
e de relações no trabalho.
Todas essas modificações produziram como consequência mudanças radicais na sociedade. Os 
efeitos de tais mudanças – desaparecimento dos pequenos proprietários rurais e dos artesãos 
independentes, pela imposição de prolongadas horas de trabalho – foram traumáticos e 
impactaram diretamente nas relações sociais. As consequências da rápida urbanização decorrente 
da forte industrialização elevaram em muito os índices de criminalidade, prostituição, alcoolismo 
e suicídio. Não é difícil de imaginar que houve muita revolta por parte dos trabalhadores, que 
pôde ser percebida pelos episódios recorrentes de destruição das máquinas, atos de sabotagem e 
explosão de oficinas, assim como roubos e crimes, que evoluiria pouco mais tarde para a criação 
de associações livres, como a formação de sindicatos. 
Diante do que estudamos até aqui, é importante frisar que um dos fatos de maior importância 
relacionados com a Revolução Industrial é o aparecimento do proletariado e o papel histórico 
que esta nova categoria social desempenharia na sociedade capitalista.
Apesar de não existir consenso entre os pensadores da época sobre os impactos nas condições 
de vida desencadeadas pela Revolução Industrial, não há controvérsias de que esse fato histórico 
produziu modificações sociais e, assim, novos fenômenos na sociedade agora industrial. 
O que é mais relevante, contudo, é que tudo aquilo que foi alvo de reflexão e estudos pelos primeiros 
pensadores da Sociologia foi de suma importância para formar e constituir um saber sobre a 
sociedade. Consolida-se, portanto, a Sociologia como ciência tendo como objetivos principais:
 » produzir entendimento sobre a vida social humana, procurando explicar de modo 
sistemático os fenômenos sociais, utilizando-se de métodos (regras comuns às ciências 
de investigação social) e técnicas (formas determinadas para aplicar os métodos gerais 
a um campo de investigação específico);
10
AulA 1 • ORGANIZAÇÕES E SOCIEDADE: PERSPECTIvAS SOCIOLóGICAS
 » elaborar explicações sociais, sugerindo medidas para promover intervenções na sociedade, 
seja para ajustar as mudanças, seja para provocá-las quando necessário;
 » compreender as diferenças sociais no espaço e no tempo, de modo a explicar as atitudes 
advindas dos problemas sociais, buscando estabelecer suas causas e propor soluções. 
Podemos considerar então a Sociologia como uma resposta intelectual à nova configuração 
social surgida com a Revolução Industrial, expressando uma das manifestações científicas 
do pensamento moderno, que se propõe a desvendar uma nova área do conhecimento não 
incorporada até então ao saber científico: o mundo social. 
Principais teorias sociológicas
O termo Sociologia foi criado por Auguste Comte (1798-1857), na metade do século XIX. 
Considerado o pai criador da Sociologia, Comte acreditava na possibilidade de criar uma 
sociedade-modelo, um ideal de convivência social que teria o amor como princípio, a ordem 
como base e o progresso como fim. 
Comte dividiu a Sociologia em duas grandes vertentes: 
 » Estudo da ordem social: esse ramo entende que os fenômenos sociais só podem ser 
estudados em conjunto por existir uma forte conexão entre eles, e é somente pelo consenso 
social que pode existir a harmonia social. A sociedade é composta por células sociais e 
tais células são famílias, e não indivíduos. É a família, portanto, a fonte espontânea da 
educação moral e constitui a base natural da organização política.
 » Estudo do progresso social: segundo essa vertente, todo estado social é uma consequência 
do passado e uma preparação para o futuro, em uma visão progressista na qual não 
haveria espaço para quaisquer vontades superiores. O estado social seria regido por leis 
comparáveis às leis biológicas, ou seja, assim como o corpo vai se desenvolvendo até 
se tornar autônomo, a humanidade também caminharia para a completa autonomia. 
Émile Durkheim (1858-1917) inaugura a tradição francesa da Sociologia. Sua grande contribuição 
para os estudos sociológicos se localiza no fato de reconhecer que os sistemas de símbolos 
culturais (isto é, valores, crenças, dogmas religiosos, ideologias) são uma base fundamental para 
promover a integração da sociedade.
As mudanças pelas quais as sociedades passam tornam-nas mais complexas e heterogêneas, 
mudando aos poucos aquilo que Durkheim (1893) chamou de “consciência coletiva”. Em contextos 
de sociedade simples, com a divisão do trabalho pouco desenvolvida, toda a coletividade de 
indivíduos tem uma mesma consciência que orienta de modo similar seus pensamentos e ações. 
11
ORGANIZAÇÕES E SOCIEDADE: PERSPECTIvAS SOCIOLóGICAS • AulA 1
Para Durkheim, nessas sociedades verificamos elos baseados nas semelhanças entre as pessoas, 
que ele chama de “solidariedade mecânica”. 
Nas sociedades ditas complexas, nas quais se desenvolveu uma divisão do trabalho que gerou 
diferentes grupos com uma diversidade de desdobramentos dos símbolos e valores comuns, a 
consciência coletiva muda na mesma velocidade em que as mudanças sociais (em geral muito 
rápidas) ocorrem, tentando manter seus indivíduos integrados. 
Serão estes símbolos comuns que se reinventam constantemente que vão assegurar o elo social, 
mesmo em sociedade em que a divisão do trabalho separou os indivíduos. Tais símbolos, cujos 
significados serão partilhados coletivamente, serão o cimento para concretizar as relações sociais. 
Caso os indivíduos percam essa referência simbólica e não consigam mais reconhecer esses 
símbolos como seu ponto de equilíbrio social, ocorrerá o que Durkheim chama de “estado 
de anomia”, desencadeado por uma série de patologias, de doenças sociais. É um estado em 
que os indivíduosnão se baseiam mais pelas regras comuns da sociedade por não conseguir 
identificá-las causando caos (DURKHEIM, 1893, 1897).
Na tentativa de “curar” a sociedade da anomia, Durkheim descreve a necessidade de se estabelecer 
o que ele chama de “solidariedade orgânica” entre os membros da sociedade. A solução estaria, 
portanto, em uma analogia ao exemplo do corpo humano, no qual cada órgão tem uma função 
e depende dos outros para manter nosso organismo vivo, cada membro da sociedade deveria 
exercer uma função na divisão do trabalho, inserido em um sistema de direitos e deveres, o 
que despertará, por consequência, a necessidade de se manter coeso e solidário aos outros. O 
importante para Durkheim é que o indivíduo realmente se sinta parte de um todo, que cada 
membro da sociedade precise dela interiormente.
Como podemos perceber, a Sociologia sob o ponto de vista durkheimiano está pautada nas 
interações entre os indivíduos e naquilo que os mantêm unidos. No contexto organizacional, é 
preciso encontrar os pontos que convergirão os indivíduos para um mesmo fim em suas interações 
profissionais. O importante da visão de Durkheim para o estudo das organizações é entender 
quais são os símbolos que as empresas criam em sua equipe, assim como nos parceiros e clientes 
para desenvolver assim uma melhor gestão das relações com eles. 
Outro importante teórico da Sociologia, Karl Marx (1818-1883), percebeu que a base da construção 
de cada época histórica girava em torno de questões econômicas. Existia, portanto, uma forte 
correlação entre a dinâmica social e os tipos específicos de produção econômica, a organização de 
trabalho e o controle da propriedade privada. Desse modo, segundo Marx, a organização de uma 
sociedade em um dado momento histórico é determinada pelas relações de produção, ou seja, 
pela natureza da produção e a organização do trabalho. Entendida desta forma, a organização da 
economia é a infraestrutura (termo utilizado por Marx), a matéria base que descreve e comanda 
a superestrutura, que consiste na cultura, na política e em outros aspectos mais abstratos da 
12
AulA 1 • ORGANIZAÇÕES E SOCIEDADE: PERSPECTIvAS SOCIOLóGICAS
sociedade. Resumindo: a engrenagem de funcionamento da sociedade humana deve ser entendida, 
em última instância, por sua base econômica (MARX; ENGELS, 1846).
Para Marx (1867), as relações sociais são afetadas por “contradições” próprias da estrutura da base 
econômica. Por exemplo, na era capitalista, que se desenvolveu amplamente após a Revolução 
Industrial, como estudamos no início desta aula, ele viu que a organização da produção nas 
fábricas se encontrava em contradição em relação à propriedade privada dos bens de produção e à 
obtenção de lucro por poucos a partir do trabalho cooperativo e da exploração de muitos. Muitos 
(os proletários) trabalhavam duramente para que poucos (a burguesia) lucrassem amplamente, 
havendo uma constante “luta de classes”.
Este argumento de Marx inspirou toda uma linhagem de estudos sociológicos conhecida como 
a “teoria do conflito” ou a “sociologia do conflito”. Segundo essa teoria, todas as estruturas da 
organização social se desdobram de desigualdades sociais que levam ao conflito, sendo este 
provocado pela distribuição injusta de vantagens sociais e econômicas entre aqueles que 
detêm ou controlam os meios de produção e podem com isso consolidar o poder e desenvolver 
ideologias para manter seus privilégios, e aqueles que, sem os meios de produção, vendem sua 
força de trabalho, gerando conflito com os mais privilegiados (MARX; ENGELS, 1848). Segundo 
Marx, esse conflito é inevitável enquanto as desigualdades perdurarem, e é o que provoca as 
mudanças sociais, pois, uma vez que explode um conflito, mudanças ocorrem. 
A análise sociológica da teoria marxista aplicada à Sociologia das Organizações deve, portanto, 
concentrar-se nas estruturas de desigualdade e nas relações entre, de um lado, aqueles que detêm o 
poder, privilégios e bem-estar material (financeiro) e, de outro, os menos poderosos, privilegiados 
e materialmente abastados. Para Marx e as gerações de estudiosos que ele influenciou a pensar 
sobre o conflito, “a ação está” dentro da organização social humana. Logo, deve-se pensar como 
a ação se desenvolve dentro das organizações e como se desencadeiam os conflitos que têm por 
base a distribuição desigual de vantagens no meio empresarial.
Outra referência fundamental da teoria sociológica é Max Weber (1864-1920), que enfatizava o fato 
de a desigualdade ser multidimensional, isto é, não estar exclusivamente baseada na economia. 
Para Weber, o conflito é contingente em condições históricas, sendo aleatório, ocasional, e 
não o resultado inevitável das desigualdades, e que as mudanças poderiam ser causadas por 
motivos outros e não somente pela base material e econômica de uma sociedade. Ele também 
ressaltou que a Sociologia deve estar atenta tanto para a estrutura da sociedade quanto para os 
significados que os indivíduos conferem para essas estruturas. Weber concordava com Marx, 
por ambos duvidarem de que houvesse leis gerais da organização humana, mas, discordava de 
Marx por acreditar que seria possível produzir análises que não se comprometessem com um 
posicionamento específico nos conflitos de classe.
13
ORGANIZAÇÕES E SOCIEDADE: PERSPECTIvAS SOCIOLóGICAS • AulA 1
O estudo das considerações de Weber para entender a Sociologia das Organizações se localiza 
justamente no fato de ele perceber que as causas dos conflitos podem ser diversas, logo, não 
apenas as bases materiais desencadeariam problemas organizacionais. Se outras variáveis 
são importantes no processo de entendimento e mediação de conflitos, elas não podem ser 
desconsideradas na administração de empresas, segundo a visão de Weber.
Outra contribuição importante de Weber para as organizações é sua análise da burocracia. 
Chiavenato (2003) afirma que Max Weber foi o primeiro teórico da abordagem estruturalista que 
tem sua análise voltada para a estrutura. Weber acreditava que a burocracia era a organização por 
excelência, estando sua preocupação central na racionalidade, entendida como a adequação dos 
meios aos fins. Uma organização é racional quando é eficiente. Weber entendia que a burocracia 
era a forma mais eficiente de estruturar uma organização. 
Para Weber, a burocracia busca amenizar as consequencias das influências externas à organização, 
harmonizar a especialização dos seus colaboradores e o controle das suas atividades de modo 
a atingir os objetivos organizacionais por meio da competência e eficiência, sem considerações 
pessoais.
A Sociologia e sua aplicabilidade às organizações
De acordo com Castro (2002), a Sociologia, desenvolvida como ciência social, “estuda as estruturas 
sociais, o comportamento social e as variações das sociedades, suas formas e seus fatores”. 
A preocupação central da Sociologia está, portanto, centrada na descrição e explicação do 
comportamento social dos grupos, estudando as formas fundamentais da convivência humana, 
a saber: contatos sociais, distância social, isolamento, individualização, cooperação, competição, 
controle, divisão do trabalho, integração social.
A Sociologia, como ciência que estuda a vida social humana, é considerada uma ciência por estar 
voltada para explicações de fenômenos, configurando ao lado da Psicologia e da Antropologia 
as chamadas Ciências Humanas, pela mesma finalidade de promover o melhor conhecimento 
do homem. 
Se, por um lado, a Psicologia enfoca os comportamentos individuais, a Sociologia, por outro, 
aborda os comportamentos coletivos. Desse modo, é relevante considerar que a Sociologia 
não é o estudo do homem em si, mas sim da estrutura e da dinâmica dos sistemas sociais. Em 
consequência, a Sociologia das Organizações, que se aplica à Administração, estuda os aspectos 
estruturais e a dinâmica dos sistemas sociaisdenominados empresas.
Em toda organização, cada empresa é estruturada por um agrupamento de indivíduos que 
estabelecem uma série de relações sociais. Desse modo, para entender como as empresas 
se organizam, torna-se fundamental buscar a compreensão de como se opera a convivência 
14
AulA 1 • ORGANIZAÇÕES E SOCIEDADE: PERSPECTIvAS SOCIOLóGICAS
humana dentro das organizações empresariais. Do mesmo modo, por estar inserida nos contextos 
sociais, as organizações cumprem funções na sociedade na qual está inserida, fazendo parte 
da estrutura social.
Diversas definições foram estabelecidas para explicitar a ciência sociológica das organizações. Para 
nosso estudo nesta disciplina, abordaremos uma das mais simples: a Sociologia das Organizações 
é a forma de conhecer e de pensar a natureza e a sociedade segundo o enfoque organizacional.
A Sociologia aplicada ou aplicável à administração tem a propriedade de estudar a natureza e as 
significações da organização sociocultural na sua história, assim como de analisar as tendências 
regulares e os fundamentos das mudanças sociais no meio empresarial.
Assim, os objetos de estudo da Sociologia das Organizações consistem nos fatores sociais que 
interferem nas organizações, sejam eles internos ou externos a elas, ou nos fatos sociais que sofrem 
influência das próprias organizações ou de seu comportamento. Essa corrente da Sociologia se 
remete à aplicação empresarial dos conhecimentos sociológicos (conceitos, teorias, princípios), 
ou seja, à análise das relações sociais encontradas nas empresas de modo geral.
Cabe, no entanto, à Sociologia das Organizações estudar, sistematicamente, as relações sociais 
e a interação entre indivíduos e grupos relacionados com a função econômica da produção e 
distribuição de bens e serviços necessários à sociedade.
Sociologia aplicada à Administração
Por ser uma ciência que estuda as relações sociais, a Sociologia pode ser aplicada a qualquer 
outra ciência, ou mesmo a quaisquer classes ou agrupamentos de uma sociedade. Sua aplicação 
à compreensão das organizações é de suma importância para o estudo da Administração. 
Partiremos do pressuposto de que a Sociologia se interessa por situações causadas não pelas forças 
da natureza ou mesmo pelas vontades individuais, mas sim cujas causas que se encontram na 
sociedade, nos grupos sociais, ou nas ações sociais que as condicionam. Diante disso, podemos 
afirmar que a Sociologia aplicada à Administração (ou Sociologia das Organizações) constitui 
uma das disciplinas adotadas por diversos estudiosos com o objetivo de que se possam estudar 
os fenômenos sociais que ocorrem nas empresas ou de dentro delas para a sociedade.
Para ilustrar melhor essa aplicação da Sociologia à Administração de empresas, trarei alguns 
exemplos de fenômenos sociais que implicam no modo como as organizações se estruturam e os 
impactos (sejam positivos ou negativos) que as empresas geram no meio em que está inserida: as 
relações entre membros de um mesmo setor ou equipe; o sistema de hierarquia que categoriza 
os funcionários por cargos e funções; a competitividade nos negócios; as doenças do trabalho; 
15
ORGANIZAÇÕES E SOCIEDADE: PERSPECTIvAS SOCIOLóGICAS • AulA 1
o desenvolvimento de programas de aprendizagem empresarial (Jovem Aprendiz, por exemplo); 
o cumprimento das normas de conduta culturais e sociais, entre outros.
Diante do que vimos até aqui, é possível definirmos o objeto de estudo da Sociologia das 
Organizações como sendo todos os fatores sociais que interferem nas organizações, assim como 
os fatores sociais que são influenciados pelas próprias organizações ou por seu comportamento.
Ao aplicar-se à Administração, a Sociologia tem como objetivos centrais:
 » observar os significados e funções dos papéis profissionais, as expectativas e normas 
de comportamento coletivo nos diferentes tipos de empresas, assim como entender os 
diferentes tipos de papeis dentro de uma mesma organização;
 » compreender, de modo sistemático, a flexibilidade da estrutura das organizações de 
trabalho, e como esta se relaciona com os papéis desempenhados no ambiente de 
trabalho;
 » preocupar-se com as relações de poder, de unidade e de coletividade nas empresas, 
identificando possíveis pontos de tensões e conflitos no seu interior;
 » estudar as causas, o desenvolvimento, as leis e a possibilidade de regulamentação dos 
conflitos empresariais.
Costuma-se dividir a história da Sociologia das Organizações em três fases principais:
 » 1ª - Organização científica do trabalho: esta fase é marcada pelos estudos de Taylor 
e Fayol, tendo como pressuposto central a possibilidade muito flexível de adaptação 
do homem às condições de trabalho. Esta elasticidade torna legítimo o estudo das 
organizações em uma perspectiva racional, isto é, em uma busca pelo modo ótimo de 
gerenciar as organizações. Nesta fase incluem-se ainda os estudos sobre a burocracia 
de Max Weber. As organizações são estudadas pela ótica weberiana sob o seu aspecto 
formal, sendo chamada a era da “teoria clássica da organização”.
 » 2ª - Escola das Relações Humanas: o cerne dos estudos nesta segunda fase é o fator 
humano, tendo como principais representantes Elton Mayo, Roethlisberger e Dickson. 
Para esta linha de pensadores, a organização é considerada uma unidade fechada e 
sua eficiência estaria condicionada às relações humanas, formais e informais, que se 
estabelecem dentro dela. 
 » 3ª - Sistema de Personalidade: nesta terceira fase, é estabelecida como questão central 
a ser estudada a relação entre as organizações e o “sistema da personalidade”. Uma vez 
que a organização é entendida como um sistema, o que estaria sendo investigado é, 
portanto, a integração entre estes dois sistemas (o organizacional e o da personalidade). 
Parsons e Selznick, representantes das escolas estruturo-funcionalistas; Argyris, estudioso 
16
AulA 1 • ORGANIZAÇÕES E SOCIEDADE: PERSPECTIvAS SOCIOLóGICAS
da psicologia social; e March e Simon, defensores da “teoria da decisão”, adotaram essa 
perspectiva do sistema de personalidade, buscando ao máximo afastar suas pesquisas 
de possíveis analogias com esquemas conceituais da biologia e da psicologia.
É relevante destacar, contudo, que ainda que a Sociologia das Organizações tenha uma função 
primordial de auxiliar o estudo da Administração de Empresas por meios destas três fases, esta 
ciência ocupa-se de todo tipo de organizações formais, como sindicatos, empresas, igrejas, 
escolas, prisões, hospitais, órgãos do governo e, evidentemente, organizações do setor privado. 
Nessas organizações, são estudados os fatos associados ao poder, à liderança, às resistências às 
mudanças, à conformidade às normas, ao surgimento dos grupos informais etc.
A Sociologia aplicada à Administração é, assim, uma aplicação da Sociologia das Organizações ao 
âmbito empresarial, tendo por objeto o estudo das relações de trabalho no grupo organizado do 
setor privado. Fica claro, desse modo, por essas breves considerações, o interesse que a Sociologia 
das Organizações e sua vertente da Sociologia aplicada à Administração têm para a profissão do 
administrador, seja ele diretor, gerente ou supervisor de uma organização empresarial.
Os conceitos sociológicos no estudo das organizações
Para melhor entender as interfaces entre a Sociologia e sua aplicação ao estudo das empresas, é 
relevante estabelecermos um primeiro contato com os principais conceitos sociológicos e seu 
significado social. Compreendendo o que são tais conceitos, será possível perceber como eles 
se desenvolvem no meio empresarial e qual a influência deles no processo de administração 
de empresas.
 Interação social
Os cientistas sociais enfatizam que cada indivíduo percebe o mundo mediante uma visão própria. 
Desse modo, não há como existir duas pessoas iguais, que vejam a realidade de formaidêntica. 
O estudo de pequenos grupos foi uma das mais importantes contribuições que os estudiosos da 
Sociologia trouxeram para as organizações, tornando evidentes suas formas de interação apesar 
das diferentes percepções de mundo.
Pela via do conceito de interação social, é possível aprender pontos consideráveis sobre o 
comportamento dos pequenos grupos dentro das organizações, assim como sobre a influência 
que os grupos exercem sobre seus membros e os respectivos impactos sobre a organização. 
O processo de interação e todo contrato social, ou seja, o estabelecimento mútuo de um acordo 
sobre as normas de convivência, são consequências de algum fenômeno social. O fenômeno 
social se desenvolve na participação e no envolvimento dos participantes de um grupo quando 
seus membros estabelecem uma interação social. 
17
ORGANIZAÇÕES E SOCIEDADE: PERSPECTIvAS SOCIOLóGICAS • AulA 1
A comunicação entendida como o momento de troca de informações entre os indivíduos 
pelos mais diversos canais pode ser considerada como sinônimo de interação social. A seguir, 
apresentarei alguns tipos de processos sociais mediados pela comunicação e que se realizam 
por meio de interação social:
 » Cooperação: o ato de cooperar se opera por meio de uma aproximação dos indivíduos, 
seja para realização de uma ação conjunta ou mesmo para divisão de tarefas, visando 
a atingir um objetivo proposto. Exemplo: prestação de serviços advocatícios e contrato 
de compra e venda.
 » Competição: trata-se de luta contínua, que pode ser tanto consciente quanto inconsciente, 
contra um oponente individual ou coletivo, com vistas a obter o máximo possível de 
vantagens sociais ou bens econômicos. Pode ser resumida como sendo um processo de 
disputa permanente de um contra outro ou contra muitos para obter privilégios materiais 
(dinheiro) ou imateriais (poder). Exemplo: a competição entre grupos profissionais 
para um cargo ou emprego; entre pessoas para alcançar status; entre grupos políticos 
ou partidos para conquistar o poder.
 » Conflito: processo em que se trava luta consciente, e não necessariamente contínua, 
pela conquista de um bem ou posição social, por meio da sujeição ou destruição social 
do adversário. Exemplo: ocupações de terras improdutivas, imóveis abandonados 
e repartições públicas por movimentos sociais; guerra entre quadrilhas nos morros 
cariocas; conflitos no campo e na cidade.
 » Acomodação: pode ser entendida como um recurso provisório na tentativa de solucionar 
um conflito. A acomodação é entendida sociologicamente como estratégia de conciliação. 
É importante não confundir este conceito sociológico com seu entendimento no senso 
comum em que se considera acomodar-se como ausência de movimento, de ação, 
comodismo. Exemplo: conciliação nos conflitos trabalhistas; conversão dos conflitos 
religiosos e políticos pela via de acordos.
 » Assimilação: considera-se a intervenção no sentido de solucionar definitivamente o 
conflito. Exemplo: estabelecimento de um consenso sobre investimento de ações pelos 
acionistas; reversão de políticas internas mal sucedidas.
Relações sociais
“Relação social é o produto da interestimulação envolvendo dois ou mais indivíduos” (CASTRO, 
2002). Esta definição demonstra que as relações que se estabelecem nas organizações são relações 
coletivas, uma vez que abrangem e conectam coletividades.
Uma das características centrais que distinguem os tipos de relações sociais é a organização. As 
relações sociais organizadas possuem finalidades definidas, há a necessidade de constituir um 
18
AulA 1 • ORGANIZAÇÕES E SOCIEDADE: PERSPECTIvAS SOCIOLóGICAS
grupo social para atingi-las. As relações organizadas possuem estabilidade, estrutura sólida e 
identificam-se pela presença compartilhada de expectativas, de comportamento baseado em 
valores, padrões e modelos que serão controlados por normas e instituições de controle, como 
o judiciário, a igreja e a família.
Os exemplos mais representativos de relações sociais organizadas são as relações estabelecidas no 
meio educacional (escolas), político (partidos), jurídico (tribunais), religioso (igrejas e templos), 
de trabalho (empresas e repartições públicas) e de lazer (clubes, cinemas). 
As relações sociais não organizadas, por sua vez, possuem características diretamente opostas 
às relações organizadas. Essas relações são ocasionais e desencadeadas por estímulos que 
atingem os indivíduos de modo a incitá-los a participar da relação social momentaneamente 
com finalidade definida no plano interpessoal ou interindividual.
Como podemos perceber, os conceitos sociológicos podem ser considerados parâmetros universais 
para a compreensão de qualquer área do conhecimento que envolva diretamente as relações 
humanas, entre elas a Administração. Assim, é relevante ter clareza sobre tais conceitos para 
melhor gerenciar uma empresa ou qualquer outro tipo de organização. 
Ao iniciar este estudo sobre a Sociologia, você pôde perceber que muitas são as visões sociológicas 
que podem ser aplicadas para melhor entender as organizações, suas estruturas e relações. É 
importante relembrar que a grande tentativa da Sociologia está localizada em compreender o 
homem; logo, o mundo social deve ser priorizado nas análises sociológicas.
É inegável, e até mesmo muito evidente, que as contribuições da Sociologia, desenvolvidas ao 
longo do tempo por seus teóricos, pesquisadores e estudiosos, promovem a influência desta 
disciplina em nosso cotidiano. Podemos, portanto, percebê-la nos mais diversos âmbitos de 
nossa realidade, inclusive nas universidades, nas entidades estatais e nas empresas.
Resumo
Vimos até agora:
 » A Sociologia se concentra em produzir um conjunto de explicações científicas a respeito 
da vida social, esforça-se em ver e interpretar os fenômenos sociais.
 » As principais correntes teóricas da Sociologia produziram teorias de suma relevância 
para o entendimento do mundo social, sendo suas visões aplicáveis à Administração 
de Empresas.
19
ORGANIZAÇÕES E SOCIEDADE: PERSPECTIvAS SOCIOLóGICAS • AulA 1
 » A Sociologia das Organizações é uma vertente sociológica que busca compreender 
as relações existentes dentro das estruturas das organizações, assim como as que se 
estabelecem com seu meio, estando subdividida em três fases principais.
 » Os conceitos sociológicos são parâmetros importantes para entender qualquer 
configuração em que se estabeleçam relações sociais, entre elas as organizações privadas, 
as empresas.
20
Apresentação
Na segunda aula de nossa disciplina, serão estudados os grupos sociais, isto é, os tipos de 
agrupamentos que os indivíduos formam socialmente em seus diversos contextos de convivência 
social. Entender os processos de interação social é fundamental para que possamos identificar os 
papéis sociais que ocupamos e os respectivos status que nos são atribuídos pela nossa posição 
na sociedade, inclusive no meio profissional. Entendendo as organizações como um lócus de 
grupos sociais, é fundamental que os administradores compreendam como os agrupamentos 
se formam e se mantêm para que seja possível gerenciar as interações entre grupos no contexto 
empresarial da melhor forma possível.
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
 » Estabelecer a composição dos grupos e agrupamentos sociais.
 » Entender os mecanismos de sustentação dos grupos sociais.
 » Articular o sistema de status e papéis sociais ao contexto organizacional.
 » Compreender como a estrutura e a organização social se refletem nas organizações 
empresariais.
2AulAGRuPOS E AGRuPAmENTOS SOCIAIS
21
GRuPOS E AGRuPAmENTOS SOCIAIS • AulA 2
Vamos começar nossa segunda aula falando de um assunto que é sociológico, mas que com 
certeza faz parte de seu cotidiano: os grupos e agrupamentos sociais. Primeiro, vamosentender 
estes conceitos para depois mostrar como eles estão presentes na sua vida pessoal e, futuramente, 
profissional.
Os grupos sociais
O ser humano tem por característica intrínseca relacionar-se uns com os outros. Nossa natureza 
nos leva a manter relações constantes com nossos pares, agrupando-nos. Estar em sociedade, 
em grupos, representa uma condição necessária à sobrevivência humana. Assim, pode-se definir 
uma primeira categoria sociológica, os grupos sociais e os agregados sociais, como sendo “os 
contatos e os processos sociais que aproximam ou afastam os indivíduos e provocam o surgimento 
de formas diversas de agrupamentos sociais, de acordo com o estágio de integração social” (DE 
OLIVEIRA, 1994, p. 30). 
Os grupos sociais são, portanto, toda reunião de duas ou mais pessoas que se associam e 
interagem em prol de um objetivo comum. Entre os principais grupos sociais, destacam-se os 
grupos: familiar (família), vicinal (vizinhança), educativo (escola), religioso (igreja), grupo de 
lazer (clubes, associações), profissional (ambiente de trabalho, empresas) e político (Estado, 
partidos políticos). 
Segundo o sociólogo Pérsio Santos de Oliveira, algumas características centrais que adjetivam 
os grupos sociais são:
 » Pluralidade de indivíduos: para se definir como grupo, é preciso que haja sempre mais 
de um indivíduo configurando a noção de coletividade.
 » Interação social: comunicação entre os membros do grupo.
 » Organização: necessidade de ordem interna.
 » Objetividade e exterioridade: os grupos sociais antecedem os indivíduos, o que demonstra 
que são superiores e externos a seus membros.
 » Conteúdo intencional ou objetivo comum: são os valores e princípios compartilhados 
que unem os indivíduos em grupos sociais para buscar um mesmo objetivo comum, 
sendo também a divergências destes o motivo da divisão dos grupos sociais.
 » Consciência grupal ou sentimento de “nós”: é o compartilhar de ideias e sentimentos 
comuns, que define o modo de sentir, agir e pensar do grupo.
 » Continuidade: para que um grupo social se forme, é preciso que as interações sejam 
duradouras e não passageiras.
22
AulA 2 • GRuPOS E AGRuPAmENTOS SOCIAIS
Existem diferentes tipos de contatos, que podem ser tanto primários como secundários, que 
estabelecem a classificação dos grupos sociais em primários, secundários e intermediários. 
Os grupos sociais primários são aqueles nos quais os indivíduos estabelecem contatos diretos, 
próximos e mais pessoais, como, por exemplo, o familial. Já os grupos sociais secundários são 
mais complexos (Estado e igreja) e agrupam pessoas com contatos secundários, indiretos e, ainda 
que sejam diretos e pessoais, são menos íntimos. Por fim, os grupos sociais intermediários são os 
que alteram entre contatos primários e secundários, com momentos de contatos mais diretos e 
outros indiretos, cujo exemplo claro é o educacional.
Os agregados sociais, por sua vez, são agrupamentos sociais não organizados compostos por 
pessoas anônimas, mas que estabelecem um mínimo de comunicação entre elas. Suas relações e 
interações caracterizam-se por serem mais frouxas que nos grupos sociais. Exemplos de agregados 
sociais são a multidão, o público e a massa.
Redes sociais virtuais 
Esta é uma forma mais recente que as pessoas encontraram de estabelecer grupos sociais, 
mediadas pela tecnologia da internet. As redes sociais são um tipo de contato que aproxima 
virtualmente as pessoas por seus interesses, gostos etc. Ainda que possa parecer um simples 
espaço para bate-papo informal, estas redes têm sido muito utilizadas no meio empresarial, 
tanto para fazer contatos profissionais e estimular o networking como para que os empregadores 
possam conhecer melhor os candidatos a uma vaga de emprego.
Outras formas de agrupamentos sociais
A multidão apresenta aspectos de falta de organização, falta de normas e posições indefinidas 
dentro do agrupamento, apesar de ter um líder estabelecido. Seus componentes são anônimos, 
uma vez que, para fazer parte da multidão, não precisam divulgar seus dados pessoais, profissionais 
e familiares, o que torna todos iguais, demonstrando uma forte tendência de indiferenciação. 
O que os reúnem são os objetivos comuns e a proximidade física, mantendo contato constante, 
próximo, porém temporário.
Já o público é definido por Pérsio como “um agrupamento de pessoas que seguem os mesmos 
estímulos”, sendo espontâneo e sem forma espacial definida. Diferentemente da multidão, o 
público não está pautado em um contato direto, físico, mas sim em uma mesma comunicação 
recebida por meio de veículos de comunicação de massa. Uma plateia de teatro ou telespectadores 
de um mesmo programa de TV são exemplos claros de público cujos modos de pensar, agir e 
pensar compõem a opinião pública. 
A massa, por sua vez, não é ativa e formadora de opinião como o público, tendo como característica 
central a passividade. Esse agregado social espontâneo também se mobiliza e reúne por estímulos 
comuns, porém recebe opiniões já formadas veiculadas pelos meios de comunicação de massa.
23
GRuPOS E AGRuPAmENTOS SOCIAIS • AulA 2
mecanismos de sustentação dos grupos sociais
A sociedade precisa estabelecer forças que sejam capazes de manter os grupos sociais, entre as 
quais a liderança, as normas e sanções sociais, os valores sociais e os símbolos nacionais ganham 
ênfase.
A liderança é toda ação exercida por um líder ao comandar, orientar e transmitir a um grupo 
ideias e valores a serem compartilhados e seguidos. Dois são os tipos principais de liderança:
 » Liderança institucional: é aquela que decorre de uma autoridade advinda de questões de 
hierarquia de cargos ou status e posição social. Exemplos: chefes de família ou diretores 
de empresas.
 » Liderança pessoal: é a autoridade adquirida por meio de traços de personalidade do 
líder, como carisma, inteligência intelectual e emocional, prestígio etc. Exemplos: Getúlio 
Vargas e Antônio Conselheiro.
Em termos sociológicos, importa, ainda, que vejamos como a maturidade dos liberados impacta 
na execução das tarefas da equipe. Quanto mais maduros são os liderados, melhores os resultados 
finais das tarefas. É importante que a pessoa conheça e assuma sua posição no grupo social 
(seja ela superior ou inferior aos demais) para que os interesses desse grupo sejam alcançados. 
Caso contrário, se houver uma situação de imaturidade em que os liderados não entendam a 
importância de serem subordinados a uma liderança, a equipe será prejudicada, afetando os 
resultados da empresa. 
Toda liderança e todos os grupos sociais são regidos por normas sociais. As normas sociais são 
definidas como as regras de condutas estabelecidas socialmente, que conduzem, controlam 
e orientam o comportamento dos indivíduos. Sua função é determinar o que é permitido ou 
proibido, aceito ou condenado pela sociedade.
Para todo comportamento, existem sanções sociais que podem ser aprovativas, quando não 
ferem as normas sociais, tendo a aceitação da maioria da coletividade e merecendo recompensas 
por corresponder às expectativas sociais; e podem ser ainda reprovativas, merecendo cartão 
vermelho, quando equivalem a punições por condutas que agridem e desobedecem as normas 
sociais e que são condenadas pelo grupo social. 
Os valores sociais são responsáveis por orientar os indivíduos no sentido do que é certo ou 
errado. Eles são relativos, o que demonstra que mudam no tempo e no espaço. A condição de 
relatividade expressa que cada cultura, cada sociedade e, mesmo, cada geração determina o que 
é bom ou ruim para seus indivíduos. 
São os valores sociais que criam os tabus, os temas e as opiniões que não devem ser questionados, 
assim como assuntos polêmicos, como a sexualidade, a homossexualidade e o patriarcalismo. 
24
AulA 2 • GRuPOS E AGRuPAmENTOS SOCIAIS
É destes valores queadvêm igualmente os conflitos de geração, tendo em vista que pais e filhos 
vivem em épocas diferentes nas quais os valores podem ter mudado ou estar ainda em transição. 
Esses choques de valores dão origem a crises de valores, que se definem como sendo uma não 
aceitação dos novos conceitos do que é certo ou errado, assim como um não reconhecimento e 
pertencimento a uma sociedade com valores não mais condizentes com os aprendidos.
Por fim, os símbolos são objetos, bens materiais ou imateriais que carregam consigo um 
valor compartilhado. Trata-se de algo que tem um significado para além de sua composição 
física, criando um imaginário sobre sua posse. Um exemplo claro desta simbologia é a aliança 
que representa a fidelidade e a união entre duas pessoas casadas. Os símbolos são, portanto, 
convenções. É de um conjunto de símbolos que se cria a linguagem que pode ser reproduzida 
e entendida por um grupo de pessoas. Assim, todo comportamento humano é simbólico, pois 
as relações humanas são pautadas por uma linguagem comum que expressa um conjunto de 
símbolos.
Sistema de status e papéis
Pérsio de Oliveira afirma que o status social é “a posição ocupada pelo indivíduo no grupo 
social”. Para todo status social existem direitos e deveres a serem cumpridos, do mesmo modo 
com escalas de prestígio social conferido pela posição social do indivíduo dentro do grupo. 
Para cada grupo social ao qual o indivíduo pertence, existe um status social correspondente. 
Isto é, uma pessoa que é pai de família, diretor de uma empresa e presidente da associação de 
moradores de seu bairro, pertence a diferentes grupos sociais e ocupa status diferenciados em 
cada um destes grupos.
Os status podem ser classificados em dois tipos de acordo com seu modo de obtenção pelo 
indivíduo: 
 » Status adquirido é aquele que o indivíduo vai conquistando aos poucos dentro de 
seu grupo social, a partir de suas qualidades pessoais. Trata-se de um tipo de status 
relacionado à superação e às conquistas.
 » Status atribuído é o não voluntário, ou seja, aquele que é imposto ao indivíduo, 
independentemente de sua vontade ou qualidades, estando em geral associados a traços, 
como raça, sexo, cor, parentesco etc. 
O conceito de status atribuído também pode levar a falsas interpretações sobre aparentar ser o 
que não é, ou tentar ser o que não se pode. Este tipo de status pode, portanto, levar a preconceitos 
tanto positivos quanto negativos. Que tal um exemplo cômico sobre isso?
25
GRuPOS E AGRuPAmENTOS SOCIAIS • AulA 2
Figura 1.
Quando se fala em papéis sociais, está se referindo aos comportamentos esperados pelo grupo 
social pela posição de status social ocupada pelo indivíduo. Resumidamente, pode-se dizer 
que os papéis sociais são as obrigações inerentes ao status. Isso estabelece que o status e os 
papéis sociais são inseparáveis, com correspondência contínua. Desse modo, os papéis sociais 
demonstram o que a sociedade espera de cada indivíduo tomando como parâmetro o status 
social que ele ocupa.
Estrutura e organização social
Para bem compreender como cada sociedade se relaciona com seus indivíduos e estabelece as 
interações entre os mesmos, torna-se fundamental ter clareza sobre os conceitos de estrutura 
e organização social.
Estrutura social pode ser definida como sendo o conjunto ordenado de partes encadeadas que 
formam um todo. Isto quer dizer que a estrutura social é o conjunto total dos status presentes 
em uma dada sociedade ou grupo social específico. Veja o exemplo abaixo de estruturas sociais 
distintas em nossa sociedade:
Figura 2. Pirâmide social da sociedade capitalista.
Alta Burguesia 
(muito ricos)
Burguesia 
(ricos)
Pequena Burguesia 
(remediados)
Proletariado 
(pobres)
Sub-Proletariado 
(marginais)
26
AulA 2 • GRuPOS E AGRuPAmENTOS SOCIAIS
Figura 3. Pirâmide social da sociedade feudal.
 
Clero
 
Nobreza
 
Camponeses
Por outro lado, a organização social expressa a totalidade de ações que os indivíduos realizam 
ao cumprir as tarefas de seus respectivos papéis sociais. 
Tais definições expressam a diferença principal entre a estrutura e a organização social que se 
revela na presença ou ausência de dinamicidade. Enquanto a estrutura é estática, a organização 
é dinâmica. A primeira diz respeito aos indivíduos em si, e a segunda às relações estabelecidas 
por eles.
É importante frisar, entretanto, que tal dinamicidade não está relacionada à permanência e 
imutabilidade no tempo. Tanto a estrutura quanto a organização social mudam ao longo do 
tempo, não permanecendo iguais continuamente e podendo sofrer mudanças ao longo do tempo.
A escola das relações humanas
A Teoria das Relações Humanas teve origem nos Estados Unidos, surgindo como uma reação 
à Teoria Clássica da Administração. Este movimento foi decorrente dos resultados obtidos na 
Experiência em Hawthorne, desenvolvida por Elton Mayo e alguns colaboradores. 
Enquanto os pensadores da Teoria Clássica, em especial Taylor e Fayol, defendiam que a motivação 
principal do trabalho são os retornos econômicos, ou seja, o salário e o lucro particular, os teóricos 
da Teoria das Relações Humanas se opõem ao afirmar que o trabalho é uma atividade grupal, 
e não individual, e que os indivíduos têm motivações não econômicas, mas, sim, psicológicas 
para o trabalho. Devido à grande resistência da Teoria Clássica, a Teoria das Relações Humanas 
só ganhou força e se consolidou após a morte de Taylor, no início da década de 1930. 
Desde então, a teoria administrativa sofreu uma importante mudança referencial, sendo 
influenciada de modo bastante claro pela Abordagem Humanística. O direcionamento do modo 
de pensar a administração foi transferido dos processos, como defendia Taylor, e da estrutura, 
como pensava Fayol, para colocar o foco nas pessoas que trabalhavam nas organizações.
É importante frisar que essa transição em muito se deveu ao desenvolvimento da Psicologia e 
da Sociologia, do mesmo modo como também influenciaram este processo as modificações 
27
GRuPOS E AGRuPAmENTOS SOCIAIS • AulA 2
ocorridas na vida social, econômica e política da época, em que se destaca principalmente a 
crise financeira dos anos 1930, que levou a uma redefinição dos conceitos de produtividade.
O surgimento da Teoria das Relações Humanas está vinculado, portanto, aos seguintes fatores:
 » Os resultados da “Experiência de Hawthorne”, desenvolvida entre 1927 e 1932, coordenada 
por Elton Mayo.
 » A percepção da importância de humanizar e democratizar a administração, afastando 
as empresas do modo mecânico e focado nos lucros da Teoria Clássica, trazendo formas 
de adequação aos novos padrões de vida do povo estadunidense.
 » O desenvolvimento da Psicologia e da Sociologia no início do século XX.
Os estudos de Elton George mayo: o caso Hawthorne
A pesquisa que alavancou o pensamento da Teoria das Relações Humanas foi desenvolvida na 
Western Eletric, uma companhia norte-americana que fabricava equipamentos para empresas 
telefônicas. Esta empresa foi escolhida para o estudo justamente por ter tido sempre como uma 
de suas características de administração a preocupação com o bem-estar de seus funcionários. 
Esse trato com os funcionários fez como que a empresa não tenha registrado nenhuma greve 
ou manifestação por quase 20 anos.
Entre os anos de 1927 e 1932, Mayo e sua equipe realizaram pesquisas em uma das filiais das 
fábricas da Western Electric Company, localizada em Hawthorne, distrito de Chicago, que deu 
nome à experiência. A pesquisa envolvia a participação de 40 mil empregados da fábrica, e o 
objetivo da experiência era detectar até que ponto os fatores ambientais e físicos influenciavam a 
produtividade dos trabalhadores. Entre os principais fatores estudados, na ordem em que foram 
pesquisadas, destacam-se: 
 » a iluminação do ambiente de trabalho;» a fadiga e o cansaço;
 » os acidentes no trabalho; 
 » a rotação de pessoal;
 » o efeito das condições físicas de trabalho.
O primeiro e frustrante resultado do experimento de Hawthorne foi seu fracasso. Num primeiro 
momento, os pesquisadores não conseguiram constatar a presença de nenhuma relação sequer 
entre a intensidade de iluminação e a produtividade dos funcionários. A experiência previa a 
redução e o aumento da iluminação em uma sala experimental. O resultado esperado era que, 
28
AulA 2 • GRuPOS E AGRuPAmENTOS SOCIAIS
quando as condições de iluminação fossem piores, houvesse uma queda na produção, contudo, 
o resultado obtido foi exatamente o oposto: a produtividade da equipe aumentou quase sempre, 
independentemente das variáveis ambientais.
Condições de trabalho na fábrica Hawthorne
Foi diante desta situação inicial que os pesquisadores perceberam que os resultados da experiência 
poderiam estar sendo “prejudicados” por variáveis de origem psicológica. Com vistas a detectar 
essa nova tendência observada, a experiência é prolongada até 1932, para tentar eliminar ou 
neutralizar o fator psicológico e para verificar novamente os resultados. A pesquisa, entretanto, 
teve que ser suspensa devido à crise dos anos 1930.
Hawthorne: conclusões e desdobramentos
As conclusões da experiência em Hawthorne foram cruciais para o estabelecimento dos princípios 
básicos da Escola das Relações Humanas. Entre as principais conclusões, é importante destacar 
algumas que impactaram diretamente uma nova visão da teoria administrativa, a saber:
 » Ainda que sempre se tenha afirmado até então que a produtividade está direta e 
unicamente relacionada à capacidade física ou fisiológica do empregado, o estudo 
mostrou que o nível de produção é resultante da integração social, uma vez que, quanto 
mais integrado socialmente no grupo de trabalho a pessoa estiver, maior será sua 
disposição para produzir.
 » Os empregados não trabalham individualmente, mas, sim, de modo coletivo. Logo, os 
funcionários se apoiam no grupo, não reagindo isoladamente como partes particulares, 
mas como membros de um todo, de um grupo de trabalho. Desse modo, é o grupo 
que define as regras de atuação e os padrões de comportamento no local de trabalho, 
estabelecendo igualmente as sanções que punirão o indivíduo que se desvia e age contra 
as normas grupais. 
 » A empresa, por ser uma organização social, não é constituída por um único grupo, mas 
sim por uma série de grupos sociais informais. Essa conclusão corrobora a anterior por 
mostrar mais uma vez que são estes diversos grupos que definem seus objetivos, suas 
regras de comportamento, suas formas de sanções sociais ou recompensas, sua escala 
de valores sociais, suas crenças e expectativas. 
 » Dentro da organização, ou seja, no ambiente de trabalho, os indivíduos estabelecem 
uma constante interação social ao participarem dos grupos sociais. Trata-se, portanto, 
de um processo contínuo de Relações Humanas, caracterizado pelas ações e atitudes 
desenvolvidas pelos contatos entre os indivíduos e os grupos. 
29
GRuPOS E AGRuPAmENTOS SOCIAIS • AulA 2
 » Apesar de agir baseado em regras coletivas, cada indivíduo possui uma personalidade 
própria, diferenciada dos demais, que influencia direta ou indiretamente o comportamento 
e as atitudes dos demais componentes do grupo com quem mantém contatos. Ao buscar 
compreender a natureza destas relações humanas, o administrador é capaz de gerir a 
empresa de modo a obter os melhores resultados de seus subordinados.
 » A divisão do trabalho em cargos e funções, a especialização cada vez maior das tarefas 
nas empresas, fragmentando o trabalho, não é a forma mais eficiente de organização do 
trabalho, tendo em vista que conduz os funcionários a uma situação de monotonia, o 
que reduz a motivação para o trabalho. Advém daí a noção da importância da inovação 
no plano empresarial, de modo a estimular o potencial criativo dos funcionários para 
evitar que trabalhar seja sinônimo de mesmice.
 » Os fatores emocionais, não previstos, não planejados e até mesmo os irracionais que 
influem no comportamento humano, merecem ser levados em consideração quando 
se busca aprimorar a capacidade produtiva dos empregados, merecendo atenção no 
planejamento e gestão empresarial.
 » A organização do trabalho nas empresas, de certo modo, desintegra grupos primários, 
como o vínculo integral com a família, por exemplo, mas forma no indivíduo outra 
noção de unidade social, produzida no ambiente de trabalho.
Diante dessas conclusões, podemos perceber como os resultados da experiência desenvolvida 
por Mayo introduziram novos conceitos à Teoria da Administração, imprimindo uma visão mais 
humanística na forma de administrar as empresas. Visão esta que retirou o foco dos processos, 
concentrando mais no capital humano das organizações.
A partir destes resultados obtidos pela experiência em Hawthorne, é possível observar uma 
mudança de papel do gestor, uma vez que o engenheiro e o técnico de antes dão lugar ao 
psicólogo e ao sociólogo. Essa mudança traz importantes consequências ao introduzir uma nova 
visão sobre a natureza do homem: o homem social. Se antes o homem era visto ou ao menos 
tratado como máquina, agora ele passa a ser considerado parte de uma sociedade, impondo 
novas interpretações de sua função social, assim como um tratamento diferenciado para que 
sua produtividade possa se desenvolver de forma plena.
É este o foco de análise da Teoria das Relações Humanas: estudar a influência da motivação no 
comportamento. Ao revelar as bases que sustentam a motivação, torna-se possível compreender 
os métodos necessários à gestão empresarial ótima, isto é, da forma mais eficiente e eficaz. Para 
tanto, é extremamente necessário conhecer as necessidades humanas, para então satisfazê-las, 
motivando o indivíduo ao trabalho. A motivação refere-se, desse modo, ao comportamento 
condicionado pelas necessidades do indivíduo, devendo ser dirigida sempre em direção aos 
objetivos que possam atender tais necessidades.
30
AulA 2 • GRuPOS E AGRuPAmENTOS SOCIAIS
Segundo a Teoria de Maslow, podem-se classificar as necessidades humanas em diferentes 
estágios de motivação, sendo os três principais: 
 » Necessidades fisiológicas: são aquelas impostas pela estrutura biológica do corpo 
humano, isto é, por sua fisiologia (comer, beber, aquecer-se etc.).
 » Necessidades psicológicas: são as necessidades emocionais dos indivíduos que estruturam 
seu bem-estar psicológico, como receber atenção, não sofrer pressões, ser estimulado, 
elogiado etc.
 » Necessidades de autorrealização: caracterizam-se pela constante busca pela felicidade, 
que, em geral, está associada ao fato de ser bem-sucedido pessoal e profissionalmente, 
implicando uma série de realizações, como financeira, conjugal etc.
Figura 4.
Fonte: Adaptado de Chiavenato, 1994. p. 170.
Ao identificar as necessidades dos empregados, é possível que o empregador o motive, atendendo 
ao que ele precisa. A satisfação das necessidades acompanha os níveis hierárquicos, ou seja, 
quando as necessidades de um determinado nível já foram atendidas passa-se ao próximo 
nível na hierarquia, para buscar identificar o que cada indivíduo precisa e realimentar o ciclo 
necessidades – satisfação – motivação.
Em contraponto ao homem econômico, a Escola das Relações Humanas propõe o conceito de 
“Homem Social”, no qual este indivíduo teria muito mais motivação promovida pela necessidade 
de “estar junto” e ser “reconhecido socialmente” pelo grupo de trabalho do que via recompensas 
econômicas e individuais. Logo, podemos afirmar que os estudos de Hawthorne mostram que 
as maiores recompensas não são financeiras, mas simbólicas.
31
GRuPOS E AGRuPAmENTOS SOCIAIS • AulA 2
A mais relevante descoberta dos pesquisadores durante a experiência foi aexistência dos chamados 
“grupos informais”. Estes grupos eram estabelecidos unicamente pelos operários, o que até então 
não havia sido percebido, pois todas as análises das organizações consideravam somente o grupo 
formal, isto é, aquele em que havia a relação de hierarquia entre empregadores e empregados. 
Nos grupos informais, nos quais não havia relações estruturais de poder, os operários zelavam 
pelo seu bem-estar mútuo, forçando eventualmente a produção controlada.
Esta organização informal era um mecanismo utilizado pelos operários para manter certa 
lealdade entre eles. Mas mesmo com essa espécie de “pacto inconsciente”, os pesquisadores 
perceberam que, muitas vezes, os operários também se preocupavam em mostrar lealdade pela 
empresa. Existia, portanto, um conflito entre o grupo e a empresa que trazia tensão, inquietação 
e descontentamento para o indivíduo.
Para entender melhor esse conflito, a experiência passou por mais alguns testes que mostraram que 
os operários apresentavam em geral maior (ou mais forte) solidariedade grupal, criando sempre 
métodos para justificar as atitudes coletivas. Era considerado delator aquele que prejudicasse 
de algum modo um companheiro, e os mais rápidos, que produziam com maior facilidade e 
rapidez, eram pressionados para estabilizarem a sua produção, ou seja, produzir mais devagar 
para equilibrar-se à produção do grupo. Isso mostra como se estabelecem para os indivíduos 
as relações da organização informal entre eles e a organização formal da fábrica. Surge, assim, 
a partir da Teoria das Relações Humanas, uma série de conceitos importantes para o estudo da 
Sociologia das Organizações que trabalharemos a seguir.
A organização informal nas relações humanas
O conceito de organização informal surge e ganha importância pela necessidade inerente dos 
seres humanos de conviverem com outros indivíduos. As organizações informais estabelecem-se 
em geral como uma nova forma de estar em interação social distinta daquelas impostas pelas 
organizações formais. As organizações informais apresentam as seguintes características:
 » Colaboração espontânea: os indivíduos interagem de modo não forçado por entenderem 
seus interesses comuns.
 » Padrões de relações e atitudes: são construídos e reforçados pelo grupo, pelos quais os 
indivíduos seguem uma série de normas e regras comuns.
 » Relações de aproximação ou de afastamento: como em qualquer grupo social, existem 
relações pessoais de simpatia ou de antipatia, em diferentes níveis de intensidade.
 » Possibilidade de contrariar a organização informal: podem existir conflitos internos, 
baseados por antipatias ou mesmo interesses divergentes, promovendo assim uma 
inabilidade em propiciar um clima favorável.
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AulA 2 • GRuPOS E AGRuPAmENTOS SOCIAIS
 » Relações de status: a participação do indivíduo no grupo informal (organização) é baseada 
muito mais no seu prestígio no grupo do que em seu cargo dentro da organização formal.
 » Processos de mudança: as mudanças de níveis e alterações dos grupos informais são 
decorrentes, em geral, da mudança na organização formal que forçam a informal a 
ajustarem-se a novos componentes na equipe e novas regras.
O conceito de moral e a atitude
Os estudos sobre o conceito de moral (no masculino: o moral) tiveram início com a Teoria das 
Relações Humanas. O moral é um conceito abstrato, intangível, porém perfeitamente perceptível. 
No contexto empresarial, em termos de produtividade do indivíduo, o moral não está relacionado 
com a moral entendida como o conjunto de regras socialmente aceitas que devem ser seguidas 
pelos indivíduos, mas, sim, como uma decorrência do estado motivacional, isto é, uma atitude 
mental positiva ou negativa, dependente da satisfação ou não satisfação das necessidades dos 
indivíduos. 
No caso em que o indivíduo está satisfeito, dizemos que está com moral elevado, o que significa que 
ele apresentará uma atitude de interesse, identificação, aceitação fácil, entusiasmo e disposição 
em relação ao trabalho, que vem acompanhado por uma consequente diminuição dos problemas 
de supervisão e de disciplina. O moral elevado desenvolve a colaboração entre os indivíduos.
Comunicação empresarial
Ao considerar os resultados das experiências de Hawthorne, os estudiosos da Teoria das Relações 
Humanas passaram a concentrar sua atenção na importância da comunicação no contexto 
empresarial. Os pesquisadores observaram que as oportunidades de ouvir e aprender em reuniões 
de grupo poderiam ser extremamente úteis para identificar problemas de comunicação entre 
os grupos dentro das organizações, antevendo assim conflitos mais perigosos à administração 
empresarial. 
Diante desta consideração, revelou-se a necessidade de elevar a competência e a capacidade dos 
administradores de estabelecerem um trato interpessoal adequado com os funcionários, como 
recurso para adquirirem confiança e franqueza no seu relacionamento humano, para que possam 
enfrentar com eficiência os problemas de comunicação e evitar problemas mais complexos.
Comunicação não é sinônimo de saber falar. Comunicar-se significa transmitir mensagens entre 
duas ou mais pessoas. Logo, pressupõe saber falar e ouvir. Desenvolver a capacidade de ouvir é 
um dos grandes desafios para estabelecer uma boa relação humana dentro das empresas.
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GRuPOS E AGRuPAmENTOS SOCIAIS • AulA 2
Neste sentido, a Teoria das Relações Humanas retirou a pressão que estava sobre os funcionários 
e a levou para o nível da Administração, que passou a ser exigida no sentido de modificar a 
maneira com que vinha dirigindo até então as organizações. A ênfase das relações humanas se 
concentrou, portanto, em estimular (quase em um sentido de “forçar”) os administradores a:
 » Assegurar que os grupos menos privilegiados, ou seja, os funcionários de mais baixo 
escalão, possam participar da solução dos problemas da empresa.
 » Incentivar que no ambiente de trabalho haja maior franqueza, o que aumentará a 
confiança entre os indivíduos e os grupos nas empresas.
Desse modo, podemos apontar a comunicação como mais uma das atividades administrativas 
que tem dois propósitos centrais:
 » Proporcionar a troca de informações e a compreensão necessária para que as pessoas 
possam realizar suas tarefas.
 » Incentivar atitudes que promovam motivação, cooperação e satisfação no ambiente 
de trabalho.
A união destes dois propósitos, se bem-sucedida, desencadeará a promoção de um ambiente 
motivador de trabalho, que leva empregadores, empregados e administradores a um espírito de 
equipe, o que resultará em um melhor desempenho nas tarefas.
É por essa razão que, de acordo com a Teoria das Relações Humanas, a comunicação é um dos 
mais importantes fatores no relacionamento empresarial, por promover uma interação saudável 
e produtiva entre as pessoas que ocupam diferentes cargos. Além disso, a comunicação promove 
o conhecimento e a explicação aos participantes inferiores sobre as razões das orientações que 
recebem, o que os faz sentir parte do processo de tomada de decisão, aumentando sua autoestima 
e motivação para o trabalho.
Resumindo, a Teoria das Relações traz uma nova visão humanística que até então vinha sendo 
negligenciada pela Teoria Clássica da Administração. É extremamente relevante ressaltar 
que não se trata de uma teoria melhor ou mais certa que a outra, mas de duas teorias que se 
complementam entre si. Unindo, desse modo, as considerações de ambas as escolas, isto é, os 
estudos de Taylor e Fayol aos de Mayo, é possível chegar o mais próximo de uma teoria ideal da 
Administração Empresarial que consegue aliar os processos e retornos financeiros ao atendimento 
das necessidades humanas. 
Teoria clássica versus teoria das relações humanas
Para melhor compreender as diferenças existentes e a complementariedade entre a Teoria Clássica 
e a das Relações Humanas,segue um quadro comparativo sobre as principais características de 
cada uma das escolas da Administração:
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AulA 2 • GRuPOS E AGRuPAmENTOS SOCIAIS
Quadro 1.
TEORIA ClÁSSICA TEORIA DAS RElAÇÕES HuMANAS
TIPO DE ORGANIZAÇÃO A empresa se organiza como uma máquina.
A empresa se organiza como um grupo 
de pessoas.
ÊNFASE Enfatiza as tarefas, os processos e a tecnologia.
Enfatiza as pessoas, a psicologia das 
relações.
AuTORIDADE marcada por forte centralização da autoridade.
marcada por uma plena delegação de 
autoridade e autonomia do empregado.
ATRIBuTOS Especialização e competência técnica. Confiança e abertura.
FOCO DO TRABAlHO Foco na divisão do trabalho. Foco nas relações de trabalho.
CONFIANÇA Confia-se nas regras. Confia-se nas pessoas.
DINÂMICA Separação entre empregadores e empregados.
Dinâmica de grupo baseada nas 
relações interpessoais.
Ainda que sua importância seja bem evidente, e muitos teóricos reconhecem isso, a Teoria das 
Relações Humanas não escapou de sofrer algumas críticas bem contundentes, entre as quais 
se destacam: 
 » Má-interpretação das relações industriais e suas bases econômicas.
 » Noção ingênua dos indivíduos e da condição do operário.
 » Limitação do campo de pesquisa a uma única fábrica, o que restringe os resultados a 
uma única realidade específica.
 » Ênfase exagerada nos grupos informais.
 » Certa manipulação dos resultados em prol das relações humanas.
Desse modo, podemos perceber a importância da Teoria das Relações Humanas na forma de 
gerir as empresas e sua relevância no estudo da Sociologia das Organizações, tendo em vista a 
centralidade nas pessoas que foi defendida por essa corrente teórica. 
Resumo
Vimos até agora:
 » Como se formam os grupos, agrupamentos e agregados sociais, assim como o modo 
como eles se sustentam socialmente.
 » A importância da Escola das Relações Humanas na mudança dos conceitos empresariais, 
antes focados nos processos e agora priorizando o capital humano, ou seja, os funcionários 
e seu bem-estar.
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GRuPOS E AGRuPAmENTOS SOCIAIS • AulA 2
 » A contribuição da Experiência Hawthorne, desenvolvida por George Mayo, e seus 
resultados que inspiraram decisivamente a transição da Teoria Clássica para a Teoria 
das Relações Humanas.
 » Os conceitos de organizações formais e informais e os grupos sociais que são formados 
no interior delas, do mesmo modo como a relevância da comunicação empresarial como 
base da Teoria das Relações Humanas.
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Apresentação
Em nossa terceira aula, estudaremos uma das vertentes sociológicas mais importantes para 
entender as estruturas organizacionais: a Sociologia do Trabalho. A lógica do trabalho é um 
dos motores que movem a ação empresarial; logo, é importante perceber o significado que os 
indivíduos atribuem ao trabalho, o modo como a sociedade se organiza em função da divisão 
social do trabalho, assim como a relevância social do progresso técnico nas organizações.
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
 » Entender o conceito de trabalho.
 » Compreender a visão de trabalho no pensamento clássico.
 » Mobilizar as principais teorias sociológicas na análise do trabalho.
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AulA
SOCIOLOGIA DO TRAbALHO: 
CONCEITOS báSICOS
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SOCIOLOGIA DO TRAbALHO: CONCEITOS báSICOS • AulA 3
O conceito de trabalho
O conceito de trabalho é um dos conceitos centrais para a teoria sociológica. A palavra trabalho 
tem sua origem no latim tripaliare (do substantivo tripalium) que era um instrumento feito de 
três paus aguçados, algumas vezes ainda munidos de pontas de ferro, no qual os agricultores 
bateriam o trigo, as espigas de milho, para rasgá-los e esfiapá-los. A maioria dos dicionários, 
contudo, registra tripalium apenas como instrumento de tortura, o que teria sido originalmente 
ou se tornado depois. O termo tripalium se liga ao verbo do latim vulgar tripaliare, que significa 
justamente “torturar”. Assim, trabalhar significaria, portanto, submeter-se a algum tipo de tortura. 
Essa é uma faceta da realidade evocada no termo trabalho, aquela que revela a dureza, a fadiga, 
a dificuldade, irreversivelmente constitutiva da vida humana.
Somente na modernidade, um cunho positivo foi relacionado ao conceito de trabalho. Até 
então o trabalho era tido única e exclusivamente como um meio de subsistência, no qual a vida 
econômica, social e religiosa era uma só e o trabalho não tinha uma finalidade em si mesmo. 
Não se associava trabalhar com um mundo de consumo, predominando uma noção de deveres 
e obrigações. Não se pensava que o trabalho pudesse ser comprado ou vendido como uma 
mercadoria, embora houvesse o trabalho de servos, artesãos, mestres e aprendizes, camponeses 
e uma vasta gama de mercadores e comerciantes.
O século XVIII foi um divisor de águas para o conceito que temos atualmente de trabalho. A 
economia e a produção de bens necessários à vida tomaram feições modernas, caracterizando 
uma sociedade fundada em um modo de produção capitalista, na qual as relações entre os 
homens já não são regidas por obrigações morais e religiosas, mas, sim, sobre uma base de troca 
e de uma finalidade externa ao trabalho. Neste momento, o trabalho torna-se um valor para a 
sociedade, não de uso (que diz respeito a tudo o que satisfaz alguma necessidade humana, seja 
material ou espiritual, do corpo ou da mente), mas de troca (isto é, seu valor como mercadoria).
O trabalho humano foi transformado pelo capitalismo em uma mercadoria. Mercadoria é tudo 
aquilo que é produzido para o mercado, ou seja, não para a própria subsistência, mas para 
a venda e consumo de outrem. Se alguém produz algo para uso próprio ou para presentear 
alguém, esse algo é produto e não uma mercadoria. Mas se o objeto for trocado por dinheiro ou 
por outro produto qualquer, esse objeto passa a ser uma mercadoria. A mercadoria é, portanto, 
algo produzido para o uso de outra pessoa, que a obtém mediante a troca por dinheiro ou por 
outra mercadoria que, por sua vez, atende à sua necessidade.
De acordo com Karl Marx, deve-se entender o modo de produção capitalista tomando como base 
o papel da mercadoria no sistema. O trabalho constitui-se, então, como “o caráter específico que 
aparece no valor da mercadoria”, ou seja, a mercadoria é o produto do esforço. Segundo o autor:
O trabalho é, em primeiro lugar, um processo de que participam igualmente 
o homem e a natureza, e no qual o homem espontaneamente inicia, regula e 
controla as relações materiais entre si próprio e a natureza.
(MARX, O capital, I, pp. 197-198 – grifo nosso)
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AulA 3 • SOCIOLOGIA DO TRAbALHO: CONCEITOS báSICOS
Marx afirma que “o trabalho é, em primeiro lugar, um processo de que participam igualmente 
o homem e a natureza”, coloca o homem em relação de igualdade perante a natureza, sem 
relações de soberania ou hierarquia. Como atividade útil, o trabalho desempenha uma função 
produtiva e transformadora, tanto em relação ao mundo objetivo quanto à natureza, inclusive 
em relação à natureza do homem.
Segundo Marx, os elementos simples do processo de trabalho são a atividade orientada a um 
fim ou o trabalho mesmo, seu objeto e os meios. Em resumo, qualquer processo de trabalho, 
seja ele qual for, inclui:
 » atividade (a ação racional de concepção e execução do próprio trabalho).
 » orientação para um objetivo (fim, finalidade).
 » o objeto (matéria sobre a qual será executado o trabalho como, por exemplo, o algodão).
 » os meios (ferramentas, instrumentos, corpo, equipamentos).
 » o trabalho mesmo (resultado final ou produto).
Entretanto, retornando à origem grega do termo, Marx se interroga sobre o lado negativo 
do ato de trabalhar. Uma das discussões centrais do filósofo, tanto nos Manuscritos 
econômico-filosóficos (e outros textos escolhidos) quanto na obra O capital, mostra a condição

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