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1 1Prof. Dr. Marcos Sousa Genética Quantitativa e Herança Multifatorial Prof. Dr. Marcos Sousa 2 Em uma população, existem dois tipos de características: Qualitativas Quantitativas Qualitativas: consegue-se dividir a população em classes fenotípicas distintas Sistema sangüíneo ABO Fator Rh Prof. Dr. Marcos Sousa 3 Quantitativas: variação fenotípica contínua na população Altura, peso, cor, atividade metabólica, comportamento – características que variam mais ou menos continuamente na população. Prof. Dr. Marcos Sousa 4 Qual é o interesse de se estudar genética quantitativa? Muitas doenças genéticas têm herança complexa Uma mesma manifestação clínica pode ter causas genéticas múltiplas A maioria das características variáveis com componentes genéticos tem variação quantitativa. Prof. Dr. Marcos Sousa 5 Muitas doenças genéticas têm herança complexa (diabetes, hipertensão arterial, transtornos mentais, insuficiência renal, etc.) Uma mesma manifestação clínica pode ter causas genéticas múltiplas (ver acima) A maioria das características variáveis com componentes genéticos tem variação quantitativa. (Peso, altura, índice de massa corpórea, atividade metabólica, QI, caracteres biométricos, etc.) Prof. Dr. Marcos Sousa 6 GENÉTICA QUANTITATIVA CARÁTER QUANTITATIVO Genética Quantitativa é a parte da genética que estuda os caracteres quantitativos, os quais distinguem-se dos caracteres qualitativos nos seguintes aspectos: Herança poligênica Os caracteres quantitativos são, em geral, regulados por vários genes, ao passo que os caracteres qualitativos são de herança monogênica ou poligogênica. 2 Prof. Dr. Marcos Sousa 7 GENÉTICA QUANTITATIVA Estudo a nível de populações é baseado na estimação de parâmetros As características quantitativas são estudadas a nível de população e são descritas através de parâmetros tais como média, variância e covariância. Os estudos qualitativos são feitos a nível de indivíduos e a interpretação da herança é feita com base na contagem e proporções definidas pelos resultados observados nas descendências dos cruzamentos. Prof. Dr. Marcos Sousa 8 Herança quantitativa da cor das brácteas do pincel indiano (Castilleja hispida). Esquerda: extremos da faixa de cores. Direita: exemplos da gama de fenótipos Prof. Dr. Marcos Sousa 9 Características de herança complexa Prof. Dr. Marcos Sousa 10 Média A média é uma medida de localização do centro da amostra, e obtém-se a partir da seguinte expressão: onde x1, x2, ..., xn representam os elementos da amostra e n a sua dimensão n xi Prof. Dr. Marcos Sousa 11 Variância Na herança quantitativa o número de fenótipos diferentes é bem grande. Duas populações podem ter a mesma média mas apresentares variabilidades diferentes. 1 2 2 2 n n x xi Prof. Dr. Marcos Sousa 12 Rebanho A Rebanho B 3 Prof. Dr. Marcos Sousa 13 Desvio Padrão 2 Prof. Dr. Marcos Sousa 14 Para que serve o desvio padrão? • Descreve a amplitude de variação • Quanto maior o desvio padrão, maior a amplitude de variação Prof. Dr. Marcos Sousa 15 Média e variância de uma distribuição Prof. Dr. Marcos Sousa 16 Comprimento de 10 cães 101105 99100 90103 108106 104104 Média= 102 Variância = 25,3 Desvio padrão = 5,03 Por que os indivíduos são diferentes? Porque apresentam diferentes composições genéticas (variações hereditárias) + desvio de ambiente. Prof. Dr. Marcos Sousa 17 Herança Poligênica Em traços poligênicos influência genética é exercida por um grande número de genes (sistema de poligenes), com efeitos aditivos e iguais Mecanismo da herança poligênica depende de pares de alelos de vários locos Herança poligênica: grande variação de fenótipos Cor da pele Altura Peso Produção de ovos Produção de leite Prof. Dr. Marcos Sousa 18 Herança Poligênica Quando maior a quantidade de genes dominantes, mais escura será a cor da pele Padrão de Herança: (P) AABBCC x aabbcc (F1) AaBbCc F1 = geração intermediária entre os dois fenótipos homozigotos dos parentais F2 = ampla variação entre os dois tipos AABBCC.........AaBbCc........aabbcc 4 Prof. Dr. Marcos Sousa 19 Herança Poligênica • Distribuição dos genótipos: descontínua • Distribuição dos fenótipos: contínua (curva normal = curva de Gauss) • Quanto maior o número de poligenes, mais próxima da curva normal fica a distribuição. DISTRIBUIÇÃO NORMAL Prof. Dr. Marcos Sousa 20 Herança Poligênica e Multifatorial Traços quantitativos são chamados de multifatoriais, porque neles interferem genes + ambiente (herança por uma combinação de fatores) Traços poligênicos possuem um significado mais restrito, porque a influência genética é exercida por um grande número de genes (sistema de poligenes), com efeitos aditivos e iguais Prof. Dr. Marcos Sousa 21 Cor dos olhos A cor dos olhos é, portanto, uma característica cuja herança é complexa (ou poligênica). A definição da coloração de nossos olhos é um processo complexo, que depende de uma combinação de fatores genéticos associados com as características do tecido fibroso e vasos sangüíneos presentes na íris. A cor dos olhos é um tipo de variação contínua controlada por genes denominados modificadores, pois os alelos de vários genes influenciam na coloração final dos olhos. Prof. Dr. Marcos Sousa 22 Cor do olho humano – gene OCA2 N. alelos contribuintes cor do olho 8 castanho escuro 7 castanho médio 6 castanho claro 5 avelã 4 verde 3 cinza 2 azul escuro 1 azul médio 0 azul claro Prof. Dr. Marcos Sousa 23 AABBCCDD – 8 alelos contribuintes Castanho escuro aabbccdd – zero alelos contribuintes Azul Claro AaBbCcDd – 4 alelos contribuintes (verde) AabbCcDD – idem AAbbccDd – 3 alelos contribuintes (cinza) AabbCCdd – idem Prof. Dr. Marcos Sousa 24 HETEROCRONIA A mulher acima tem heterocromia, condição na qual parte ou ambos os olhos têm cores diferentes. Esse problema pode ter fundo genético ou ser causado em decorrência de lesões oculares. 5 Prof. Dr. Marcos Sousa 25 Aspectos genéticos de 3 classes de caracteres multifatoriais: - Variação contínua (muitas características normais) - Malformações congênitas (efeito limiar) - Distúrbios comuns da idade adulta Herança Multifatorial Prof. Dr. Marcos Sousa 26 Herança Multifatorial: as doenças de padrão genético complexo • Exemplo: • Malformações congênitas: distribuição qualitativa (presença ou ausência da doença) Lábio leporino Palato fendido Defeitos de fechamento de tubo neural (anencepalia; espinha bífida) Estenose do piloro EFEITO DE LIMIAR Prof. Dr. Marcos Sousa 27 Incidência: 1/1000 em caucasóides Proporção sexual entre afetados é de 2/3H e 1/3M freq. entre japoneses freq. entre negros Mortalidade: 10 a 20% primeiro ano Dificuldades: fissura impede sucção Limiar LÁBIO LEPORINO Prof. Dr. Marcos Sousa 28 • Lábio leporino Doença surge quando o limiar é ultrapassado Pessoas normais da família mais suscetíveis do que pessoas da população normal Um casal com 5 filhos, 2 afetados risco > do 6o. filho afetado qdo um comparado c/ um casal com 5 filhos, 1 afetado. EFEITO DE LIMIAR Prof. Dr. Marcos Sousa 29 • Malformações congênitas (efeito limiar) Pé torto congênito Luxação congênita do quadril Epilepsia Anencefalia e espinha bífida Estenose do piloro Hidrocefalia • Distúrbios comuns da idade adulta Pressão sangüínea Doença cardíaca coronariana Diabetes mellitus Alguns cânceres Traços psicológicos: fatores determinantes de personalidade e inteligência OUTRAS AFECÇÕES MULTIFATORIAIS Prof. Dr. Marcos Sousa 30 Pergunta: Se duas populações têm médias fenotípicas diferentes, a causa tem natureza genética ou ambiental? COMO SABER SE UM TRAÇO FAMILIAL DEPENDE DE GENES, DO AMBIENTE OU DE AMBOS? 6 Prof. Dr. Marcos Sousa 31 Estudos com gêmeos • Gêmeos monozigóticos (mesmos genes) são iguais quanto ao traço. Prof. Dr. Marcos Sousa 32 Estudos com gêmeos • Gêmeos monozigóticos (mesmos genes) são iguais quanto ao traço. Ex. Albinismo: concordância = 100% (característica puramente genética). • Se um gêmeo monozigótico (MZ) tem o traço e o outro não, o traço depende do ambiente. Ex. lábio leporino Concordância = 40% em gêmeos MZ e 5% em DZ Discordância de 60% interferência do ambiente Prof. Dr. Marcos Sousa 33 A variação é genética ou ambiental? Cultive indivíduos de populações com diferentes médias fenotípicas em um mesmo ambiente Cultive indivíduos com o mesmo genótipo em diferentes condições. Prof. Dr. Marcos Sousa 34 Considerações finais A Genética quantitativa é muito mais geral que a Genética clássica. Seus fundamentos são facilmente associáveis aos dados mais recentes da Biologia molecular, Bioquímica, Genômica e Proteômica. As análises são muito difíceis e pouco generalizáveis. Mas, tem grande aplicação no campo do melhoramento genético. Prof. Dr. Marcos Sousa 35 German shepherd Yorkshire terrier English springer spaniel Mini-dachshund Golden retriever Hundreds to thousands of years of breeding (artificial selection) Ancestral dog Seleção artificial Prof. Dr. Marcos Sousa 36 7 Prof. Dr. Marcos Sousa 37 A partir da análise de mais de 3.500 amostras de DNA, os cientistas identificaram 155 regiões do genoma dos cachorros que, potencialmente, seriam responsáveis por traços característicos, como cor do pelo e tamanho das patas. Prof. Dr. Marcos Sousa 38 Variação do gene IGF1 explica a grande variedade de tamanhos. O IGF1 atua sobre a produção de um hormônio de crescimento. Todos os cães que pesam menos de 9 quilos têm a mesma variação desse gene. Variação de um gene Prof. Dr. Marcos Sousa 39 Três genes controlam 90% dos tipos de pêlo dos cães domésticos Prof. Dr. Marcos Sousa 40 Não subestime o poder da genética
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