Buscar

AP Direta e Indireta

Prévia do material em texto

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA E INDIRETA: DL 200/67
1- CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:
Administração Pública (AP) é o conjunto de entidades, órgãos e pessoas (físicas ou jurídicas) incumbidos de realizar a atividade administrativa, visando a satisfação das necessidades coletivas e segundo os fins desejados pelo Estado (interesse público).
A atividade administrativa é a gestão dos interesses qualificados da comunidade (pela necessidade, utilidade ou conveniência de sua realização), e marcados pela conjugação de dois princípios do regime jurídico – administrativo: supremacia do interesse público e indisponibilidade do interesse público.
A AP está subordinada aos princípios do Direito Administrativo, tanto os expressos no Art. 37, caput, CR/88 (LIMPE), como os reconhecidos pelo ordenamento jurídico. AP, Estado e Governo não se confundem. O Estado é a nação politicamente organizada, e é uma pessoa jurídica, com personalidade jurídica própria (Art. 41, I, CC/2002). O Governo, por sua vez, corresponde à atividade que fixa objetivos do Estado ou conduz politicamente os negócios públicos. 
O Estado brasileiro é composto por três poderes: Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, todos eles independentes e harmônicos entre si. Porém, a atividade administrativa está presente em todos os poderes estatais. A função principal do Poder Legislativo é legislar, produzir as leis que existem em nosso país. Mas o Poder Legislativo também executa a função administrativa, não de forma principal, quando, por exemplo, contrata pessoal, abre licitação, etc.
Da mesma forma, a função precípua do Poder Judiciário é aplicar as leis ao caso concreto, com o fito de dirimir os conflitos de interesses (lides). Entretanto, a função administrativa também está aqui presente, quando, por exemplo, contrata funcionários, compra veículos oficiais, etc. Portanto, é o Poder Executivo que executa, de forma principal, concreta e direta, a função administrativa, praticando atos administrativos que representam uma manifestação do poder de império do Estado. 
O Estado Gerencial Brasileiro é dividido em três setores, cada um com atribuições específicas, mas todos perseguindo a satisfação do interesse público (1º Setor, 2º Setor e 3 º Setor).
- 1º SETOR: Administração Pública Direta e Indireta.
- 2º SETOR: Concessionárias e Permissionárias de serviços públicos.
- 3º SETOR: Sistema “S” (SESC, SENAI, SEBRAE), ONG’s e OSCIP. 
A Administração Pública, por sua vez, se divide em Direta e Indireta.
A Administração Pública Direta é composta pelos entes federais:
União;
Estados – Membros;
Distrito Federal;
Municípios.
A Administração Pública Indireta é composta por tais entidades:
Autarquias;
Fundações;
Empresas Públicas;
Sociedade de economia mista.
As entidades da Administração Pública Indireta são criadas por força e vontade da Administração Pública Direta, para auxiliar esta no desempenho da função administrativa. Embora a indireta tenha sido criada pela direta não há entre elas uma relação de subordinação, mas de mera vinculação. No entanto, embora não esteja subordinada (mas somente vinculada) a indireta pode sofrer controle do ente criador. Esse controle chama-se controle finalístico ou tutela administrativa (alguns ainda chamam de supervisão ministerial). 
A AP Direta corresponde à atuação direta do Estado por suas entidades estatais (União, estados, Distrito Federal e Municípios). A AP Indireta é integrada por pessoas jurídicas de direito público ou privado, criadas ou instituídas a partir de lei específica (autarquias, fundações, empresa pública e sociedade de economia mista).
2- DESCENTRALIZAÇÃO ≠≠ DESCONCENTRAÇÃO ≠ CENTRALIZAÇÃO
A centralização é a situação em que o Estado executa suas tarefas diretamente, ou seja, por intermédio dos inúmeros órgãos e agentes que compõem sua estrutura funcional. A descentralização, o Estado executa suas tarefas indiretamente, isto é, delega a atividade a outras entidades. Na desconcentração, o Estado desmembra órgãos para propiciar melhoria na sua organização estrutural.
A AP Direta reflete a administração centralizada, pois é uma atuação direta. A AP Indireta reflete a administração descentralizada, pois é uma atuação indireta. Descentralização é a distribuição de competências de uma para outra pessoa, física ou jurídica. A descentralização é feita por outorga (lei) ou por delegação (ato ou contrato). Desconcentração é uma distribuição interna de competências, ou seja, uma distribuição de competências dentro da mesma pessoa jurídica.
Descentralizar = cria uma nova pessoa jurídica. Se submete ao controle da AP Direta, mas não tem hierarquia com essa. Desconcentrar = NÃO cria uma nova pessoa jurídica. Se submete ao controle e tem hierarquia. Trata-se de desmembrar órgão. Ex. Presidente e seus ministros.
A descentralização ocorre através de outorga ou delegação. Outorga =- se faz através de Lei, e transfere o exercício e a titularidade do serviço. Delegação = se faz através de ato administrativo ou contrato, e transfere somente o exercício. Não transfere a titularidade, que permanece nas mãos do Estado.
	
O conceito de AP Direta está previsto no artigo 4º, I, DL 200/67. O conceito de AP Indireta está previsto no artigo 4º, II, DL 200/67.
Centralização é o fenômeno jurídico que visa organizar as estruturas da administração pública direta, formada pelos entes federativos. 
Descentralização é o fenômeno jurídico responsável pela criação das estruturas que compõem a administração pública indireta, criada por força e vontade da direta, e para auxiliar a direta no desempenho da função administrativa. 
Não são fenômenos excludentes, não se repelem. Ao contrário, se complementam para que possa ser criada definitivamente a Administração Pública. 
3- AUTARQUIAS:
São pessoas jurídicas de direito público, integrante da Administração Pública Indireta, criada por lei para desempenhar funções que, despidas de caráter econômico, sejam próprias e típicas do Estado.
Autarquias são pessoas jurídicas de direito público, tendo sido esta personalidade jurídica adquirida no termo inicial de eficácia de sua lei instituidora. Logo, as autarquias são instituídas por lei, e na data que esta entra em vigor, a autarquia começa a existir como pessoa jurídica.
As autarquias são CRIADAS por lei (lei ordinária). Lei, portanto ato oriundo do Poder Legislativo. Assim, não pode criar autarquia nem por decreto nem por medida provisória, pois esses são atos do 
Poder Executivo. 
Base Legal: Artigos 4º, II, “a” e 5º, I, DL 200/67.
	 Artigo 77, § 2º, I, CERJ.
	 Artigo 37, XIX, CR/88.
As autarquias são instituídas e excluídas por lei ordinárias, em respeito ao princípio do paralelismo das formas. Tal lei é de competência exclusiva do chefe do Poder Executivo, como manda o artigo 61, § 1º, II, CR/88. Uma vez criadas, são organizadas por ato administrativo, na forma de Decreto. Seu pessoal pode ser regido pelos sistemas estatutário ou celetista.
As autarquias podem ter cargos públicos, e aqui será estatutário. Se for emprego público, será regime celetista (artigo 1º, caput, Lei 9.962/00). O patrimônio das autarquias é formado de bens públicos. São bens públicos de uso especial, pois estão afetados a um fim especial (artigo 98, CC/2002). O objeto da autarquia é atividade tipicamente estatal. Ex: INSS, IBAMA, INCRA, UFF, UFRJ. A autarquia é pessoa jurídica autônoma em relação ao Estado. As autarquias têm imunidade tributária recíproca (artigo 150, § 2º, CR/88), isto é, o Estado não pode cobrar tributo dele próprio.
As autarquias em juízo são consideradas Fazenda Pública, e tem várias prerrogativas processuais, como: execução fiscal; uso de precatórios (artigos 100, CR/88 e 730, 731, CPC); tem prazo em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer (artigo 188, CPC), duplo grau de jurisdição obrigatório (artigo 475, III, CPC); as despesas processuais são pagas ao finaldo processo (artigo 27, CPC); não está sujeita ao concurso de credores. Se a autarquia for parte no processo ou tiver interesse processual, a competência será da Justiça Federal (artigo 109, CR).
As autarquias têm que fazer licitação, salvo se for caso de dispensa ou inexigibilidade (artigos 37, XXI, CR/88 e 1º, Parágrafo único, Lei 8666/93). As autarquias têm responsabilidade civil objetiva (artigo 37, § 6°, CR/88) pelos atos de seus agentes que causar danos a outrem.
4- FUNDAÇÃO PÚBLICA:
Base Legal: Artigos 4º, II, “d” e 5º, IV, DL 200/67.
	 Artigo 77, § 2º, IV, CERJ.
	 Artigo 37, XXI, CR/88.
A fundação pública, se instituída pelo Poder Público, será pessoa jurídica de direito público e assim terá todos os benefícios das autarquias. Mas se for instituída por particulares, será pessoa jurídica de direito privado. Se a fundação for pessoa jurídica de direito público, deve ser criada e extinta por lei. Se for fundação de direito privado, será instituída por autorização legal. A lei não cria, mas autoriza a criação. Se a fundação for de direito público, pode ser regime estatutário ou celetista. Se for fundação de direito privado, será celetista.
Se a fundação de direito público, o patrimônio é composto por bens públicos. Se a fundação for de direito privado, o patrimônio é formado por bens particulares. Qualquer fundação pública, seja de direito público ou de direito privado, o seu objeto será sempre atividade residual. Quanto à forma, se for fundação de direito público, é igual à autarquia, ou seja, tem forma autárquica (ou autarquia fundacional). Se for fundação de direito privado, a forma é de pessoa jurídica de direito privado (artigo 62, CC/2002). O artigo 150, § 2º, CR/88 concede imunidade às fundações, ambas.
A fundação de direito público é considerada Fazenda Pública e tem as mesmas prerrogativas que as autarquias possuem, mas as fundações de direito privado não têm nenhuma prerrogativa. As fundações de direito público têm como justiça competente a Federal (artigo 109, CR/88). As fundações de direito privado tem a Justiça Comum como a competente. Para ambas as espécies de fundação, a licitação é obrigatória, salvo se for caso de dispensa ou inexigibilidade concedida por lei.
A fundação de direito público responde de forma objetiva pelos danos que seus agentes causarem a terceiros (artigo 37, § 6º, CR/88), mas a fundação de direito privado é pessoa jurídica de direito privado que exerce atividade residual, logo a sua responsabilidade é subjetiva. 
O DL 200/67, ao se referir à fundação, diz que ele tem natureza jurídica de pessoa jurídica de direito privado. Não se refere à natureza pública, porque essa muito se aproxima das autarquias, podendo ser consideradas entidades iguais.
5- EMPRESAS PÚBLICAS:
São pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da AP Indireta, criadas por autorização legal, sob qualquer forma jurídica adequada à sua natureza, para que o governo exerça atividades gerais de caráter econômico ou, em certas situações, execute a prestação de serviços públicos. Ex: ECT, BNDES, CEF, Casa da Moeda. São pessoas jurídicas de direito privado. Adquirem personalidade jurídica no momento do arquivamento de seus atos constitutivos no Registro Público de Empresa Mercantil.
Base Legal: Artigos 4º, II, “b” e 5º, II, DL 200/67.
	 Artigo 77, § 2º, II, CR/88.
A Empresa Pública será instituída através de autorização em lei. Será extinta da mesma maneira, ou seja, via lei. Todo seu capital pertence ao Poder Público. O regime jurídico será celetista nas Empresas Públicas. Os seus bens são privados, logo são penhoráveis. Porém, se for empresa pública que preste serviço público, esta penhorabilidade fica restrita, tendo em vista o princípio da continuidade do serviço público.
A Empresa Pública tem dois objetos possíveis:
prestação de serviço público, como faz a COMLURB;
exploração de atividade econômica, regulada pelo artigo 173, CR/88.
Quanto à forma, essa é livre para as Empresas Públicas, que podem ser civil ou mercantil. As Empresas Públicas não têm imunidade tributária. Não têm também prerrogativas processuais, pois não é considerada Fazenda Pública. Portanto, a competência será da justiça estadual, se a empresa pública for estadual. E federal, se ela for federal.
A Empresa Pública, seja o objeto que tiver, se submeterá à licitação, embora não haja uma sujeição direta à Lei 8666/93. Casa empresa pública deve ter em seu estatuto disposição sobre o assunto. Se for empresa pública que presta serviço público, a responsabilidade pelos danos causados será objetiva, na forma do artigo 37, § 6º, CR/88, mas se for empresa pública de intervenção no domínio econômico, a responsabilidade será subjetiva.
6- SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA:
São pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da AP Indireta, criadas por autorização legal, sob a forma de S.A., cujo controle acionário pertença ao Poder Público, tendo por fim, em regra, a exploração de atividades gerais de caráter econômico e, em algumas ocasiões, a prestação de serviços públicos. Ex: Banco do Brasil, Petrobrás. Sociedades de economia mista são pessoas jurídicas de direito privado. Adquirem personalidade no momento do arquivamento dos atos constitutivos no Registro Público de Empresas Mercantis.
Base Legal: Artigos 4º, II, “c” e 5º, III, da CR/88.
	 Artigo 77, § 2º, III, CERJ. 
A sociedade de economia mista será instituída através de autorização em lei, e o regime jurídico de seu pessoal será celetista. Os bens da sociedade de economia mista são particulares. Não são bens públicos. A sociedade de economia mista não tem nenhuma prerrogativa fiscal ou processual. A sociedade de economia mista se submete à licitação. Sua responsabilidade civil será objetiva, com base no artigo 37, § 6º, CR/88. O objeto da sociedade de economia mista é o desempenho de atividade com caráter econômico.
7- Sociedade de Economia Mista ≠ Empresa Pública
A 1ª diferença diz respeito ao patrimônio. Enquanto na empresa pública o capital é integralmente público, na sociedade de economia mista a maioria do capital votante pertence ao Estado. Ex: CEF é empresa pública. Banco do Brasil é sociedade de economia mista. 
A 2ª diferença diz respeito à forma. A sociedade de economia mista tem que ser S.A., enquanto a empresa pública tem forma livre (artigo 235, Lei 6404/76 – Lei de S.A.).
A 3ª diferença diz respeito à justiça competente. Na sociedade de economia mista é a justiça comum a competente.
A empresa publica, se for S.A., será de capital fechado. A sociedade de economia mista é uma S.A. de capital aberto, com ações na bolsa de valores ou mercado de capitais, sob autorização da CVM, autarquia federal (comissão de valores mobiliários). 
OBSERVAÇÃO: Atualmente, a melhor doutrina, corroborada pela jurisprudência majoritária, aponta a existência de dois aspectos para a Administração Pública. O primeiro seria o aspecto externo, formal ou subjetivo, que diz que a AP seria um conjunto de órgãos, estruturas e entidades, todos criados por lei (artigo 48, CF), e que se destinam à prestação de uma função pública.
Quando se pensa em função pública, o artigo 2 da CF vem logo à mente, e ele preceitua que os Poderes da União são harmônicos e independentes entre si (salvo o sistema de freios e contrapesos), e são Legislativo, Executivo e Judiciário. Isso significa que o Estado Brasileiro tem que prestar à sociedade 3 funções. Para cada função, haverá um Poder a ela correlato que a prestará de forma típica, porém não exclusiva, então cada Poder prestará principalmente, mas não exclusivamente, determinada função pública (legiferante, administrativa e jusrisdicional). 
Função legiferante consiste em inovar na ordem jurídica através da aprovação de leis e atos normativos (Emenda Constitucional é um exemplo de ato normativo que não é uma lei, mas é da competência do Poder Legislativo). Todo processo legislativo culmina com a aprovaçãode uma lei ou de ato normativo.
Função administrativa consiste na gestão da coisa pública, isto é, na administração de interesses coletivos, difusos e metaindividuais. Todo processo administrativo culmina com a prática de um ato administrativo.
Função jurisdicional consiste no dever (por conta do princípio constitucional da inafastabilidade da jurisdição) que o Poder Judiciário tem que aplicar uma lei ao caso concreto para dirimir (solucionar) uma lide, ou seja, um conflite de interesses qualificado por uma pretensão resistida (pretensão que pertence ao autor e resistência que pertence ao réu). Todo processo judicial culmina com a prolação de uma sentença (1º grau de jurisdição) ou um acórdão (2º grau de jurisdição) que vai confirmar ou reformar a sentença.

Outros materiais

Perguntas Recentes