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QUEIRÓS, Fábia Cristina L. N. de; ASSIS, Lenilton F. de. Os desafios do ensino médio noturno nas aulas de Geografia. Technè: revista de ciências, ensino e formação. V. 1, Sobral(CE): Instituto de Estudos e Pesquisas do Vale do Acaraú (IVA), 2008. p. 71-78 OS DESAFIOS DO ENSINO MÉDIO NOTURNO NAS AULAS DE GEOGRAFIA 1 Fábia Cristina Lucas Nunes de Queirós 2 Lenilton Francisco de Assis 3 Resumo O artigo discute as condições sociais, os problemas e perspectivas de estudo dos alunos do ensino médio noturno, destacando o olhar sobre os desafios e as contribuições que a Geografia escolar pode oferecer para uma melhor compreensão do mundo e das suas vidas. Ele é resultado de reflexões e práticas vivenciadas no ensino médio noturno do município de Amontada (CE), durante os estágios supervisionados do CLE/UVA. Palavras-chave: Ensino noturno; Ensino médio; Geografia; Ensino de Geografia. Introdução A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9.394/96) estabelece que uma das principais finalidades do ensino médio é a preparação para o trabalho e para a cidadania (BRASIL, 2007). Essa preparação deve ocorrer mediante a construção de habilidades e competências que desenvolvam a capacidade de aprender, ou melhor, de “aprender a aprender”, o que implica em domínio de diversas estratégias cognitivas como a leitura, a escrita, o cálculo e a orientação. Nesse processo, a escola assume um papel fundamental como espaço para a organização dessas estratégias que ocorrem em interação com as práticas sociais 1 Artigo adaptado do Trabalho de Conclusão do Curso de Licenciatura Específica (CLE) em Geografia, oferecido pela Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) no município de Amontada (CE), entre 2005 e 2008. 2 Licenciada em Geografia pelo CLE/UVA; Especialista em Administração Escolar pela UVA; Professora da rede pública municipal em Amontada; fabinhaqueiros@hotmail.com 3 Professor Assistente do Curso de Geografia da UVA (Sobral/CE); Doutorando em Geografia Humana pela USP; lenilton@yahoo.com cotidianas, principalmente em turmas de ensino noturno que se caracterizam por uma clientela menos favorecida economicamente, formada por trabalhadores e alunos que tiveram de deixar os estudos no diurno à espera de um emprego, além de um público cada vez mais jovem e necessitado de maior inclusão social. Na escola pública brasileira, o ensino noturno ainda apresenta um alto índice de evasão, sobretudo no ensino médio. Segundo o Censo Escolar 2006 do Ministério da Educação (MEC), a taxa média de abandono na rede pública de ensino médio (19,8%) é 18 vezes maior que a da rede particular. Ela é mais alta no primeiro ano (25%) e diminui nos dois anos seguintes, chegando a 17,4%, no 2º ano, e a 12,9%, no 3º ano (BRASIL, 2008). No Ceará, essa média nacional se confirma com uma taxa de evasão escolar na rede pública estadual de 25%, de acordo com os dados de 2006 da Secretaria da Educação do Estado (SEDUC). Um entre cada quatro estudantes cearenses do ensino médio público abandona o curso no primeiro ano de estudos. Em termos absolutos, são cerca de 40 mil alunos por ano ou duas salas de 50 alunos por dia. Quando somado ao percentual de reprovações, o número de estudantes que não conseguem concluir o primeiro ano do ensino médio chega a 37,9% (MOURA, 2008). Se no ensino fundamental as políticas de transferência de renda têm contribuído para diminuir a evasão escolar nos últimos anos, no ensino médio o mesmo não ocorre, pois quando o aluno atinge os 17 anos, as famílias mais carentes já não podem contar com o auxílio do Bolsa Família. Nesta idade, o adolescente é considerado apto a trabalhar, preferindo se matricular no ensino noturno para tentar conciliar o trabalho e os estudos. A evasão no ensino médio noturno passa, então, a ser um problema recorrente, dentre outros fatores, devido às deficiências de aprendizagem trazidas do ensino fundamental (em especial, nas áreas de leitura, interpretação textual e raciocínio lógico) e à diversidade de alunos que não se sentem estimulados com a proposta de ensino recebida, em especial aqueles que já chegam cansados à escola após mais um dia de trabalho, os que têm problemas de relação com a família, envolvimentos com drogas, etc. Partindo dessas questões é que propomos apresentar neste artigo algumas reflexões das práticas e experiências vivenciadas como professora e estagiária do ensino médio noturno do município de Amontada (CE), as quais foram registradas no trabalho de conclusão do Curso de Licenciatura Específica em Geografia – CLE/UVA. Nos Estágios Supervisionados I e II do referido curso, tivemos a oportunidade de relacionar teoria e prática, de analisar a formação profissional diante os desafios da práxis docente, destacando uma situação problema que pudéssemos aprofundar nos Estágios III e IV como culminância de uma “prática reflexiva” (PIMENTA; LIMA, 2004). O artigo, assim, debruça-se sobre as condições sociais, os problemas e perspectivas de estudo dos alunos do ensino médio noturno, destacando o olhar sobre os desafios e as contribuições que a Geografia escolar pode oferecer para uma melhor compreensão do mundo e das suas vidas. Para tanto, realizamos uma revisão bibliográfica sobre a problemática apresentada e associamos as experiências dos estágios e da nossa prática docente a mais dez (10) entrevistas com jovens matriculados no ensino médio noturno da Escola de Ensino Fundamental e Médio de Amontada, onde abordamos temas como a escola, o trabalho, a família, os professores e os sonhos para o futuro. Da observação à regência: algumas inquietações sobre a prática docente noturna A realização do Estágio I numa turma de 6ª série da noite veio reforçar alguns pressupostos e inquietações que já tínhamos sobre o ensino noturno, até então por nós desconhecido enquanto estudante e docente. Nesse estágio, percebemos que os alunos do noturno apresentam uma série de características próprias que demandam repensá-las de acordo com as suas especificidades: o fato de serem, em grande parte, jovens e adultos trabalhadores e/ou desempregados; a precariedade de funcionamento do ensino noturno (faltam livros didáticos, materiais de apoio e muitos professores já vêm cansados de dois turnos de trabalho diário); e a inserção de alunos cada vez mais jovens e desestimulados com a escola e o futuro. Tudo isso torna o ensino noturno mais complexo e contribui para a estigmatização dos seus alunos e profissionais. A turma da 6ª série noturna (25 alunos) embora não fosse tão numerosa como as do período diurno (média de 50 alunos) era desafiadora para qualquer professor, considerando a diversidade de realidades que apresentava: alunos repetentes, de diferentes faixas etárias; alunos que retornaram à escola depois de um longo período ausentes; além da grande maioria ter problemas de desestrutura familiar que se revelavam nas aulas com a falta de valores básicos como respeito e educação. Os alunos não paravam na sala, conversavam muito, gritavam uns com os outros e os mais velhos ficavam revoltados com a postura dos jovens pedindo a todo instante que a professora tomasse providências. A professora, mesmo se esforçando, encontrava dificuldades de domínio da turma. A estratégia da aula expositiva agravava mais a situação, contribuindo para que os alunos conversassem com os colegas. Logo em seguida, foram copiadas na lousa algumas perguntas para acalmar a euforia, mas os alunos respondiam automaticamente, sem pensar, sem questionar, sem organizar as idéias porque assimque terminassem o “dever” iam para casa. Essa seqüência revelava uma prática bastante conhecida: verbalismo, reprodução de conteúdos e memorização. Ao final da aula, a professora desabafou: É isso aí, esta é a única maneira de motivá-los a fazer a tarefa! Eles são muito desinteressados! Mesmo não desprezando as dificuldades observadas, pudemos identificar que esse é um problema recorrente no ensino noturno: a facilitação, o jogo de faz de conta pedagógico, seja por paternalismo, seja por falta de compromisso. O aluno do ensino noturno é muitas vezes, aquele que já convive com a “marca” do fracasso escolar ou o “jovem trabalhador” que chega à escola procurando um algo a mais, alguém que os oriente, que lhes informe, que os encoraje porque a grande maioria deles só tem esse apoio na escola e dão de cara com uma rotina de quadro, giz, apagador a semana inteira, o mês inteiro, o ano inteiro, e isso é desgastante, é desmotivante. As conseqüências são, a evasão escolar, as sucessivas reprovações e o estigma de que os alunos noturnos não têm interesse, são agressivos, marginais. Diante desse quadro desafiador, combinamos com a professora de fazermos uma regência como atividade obrigatória do estágio que estávamos realizando. Sem o propósito de simularmos uma aula “irreal” para o dia a dia de um professor e com o intuito de despertarmos o interesse e a participação dos alunos, selecionamos recursos e estratégias como exposição de textos e imagens através do retroprojetor, questionários e discussão. O tema da aula sugerido pela professora foi uma revisão sobre o “subdesenvolvimento”, o qual chamou, de início, a atenção dos alunos pelo uso do retroprojetor (que era um recurso da própria escola!). Começamos a fazer alguns questionamentos a partir das imagens e fragmentos de textos projetados, associando o conteúdo à realidade local. Timidamente, alguns começaram a se manifestar, com medo, vergonha, sentimento de inferioridade. Logo, a participação crescia, o interesse em contar os problemas observados no município e na televisão. Levamos à cabo as orientações de Azambuja (1994, p. 22) de que “romper com essa Geografia da memorização, da informação, constitui o aspecto fundamental para a reconstrução da prática educativa em Geografia”. No estágio II, voltado para o Ensino Médio, fizemos observações e regência em uma turma de 3º ano diurno (56 alunos). Na aula de regência, discutimos o tema “Sobre Planaltos e Planícies, construímos um país”, utilizando recursos como Mural Ilustrativo com fotos dos pontos extremos do Brasil e a análise de um mapa hipsométrico para que os alunos pudessem se familiarizar-se com as formas de relevo e conseguissem perceber a relação entre elas e as paisagens naturais. A turma reagiu bem diferente do Estágio I , participando, questionando, fazendo análises interessantes sobre a formação geológica do Brasil e do município. As conversas paralelas quase não existiram e os alunos demonstraram conhecimento sobre o assunto. Traçamos esse paralelo para compreendermos porque as dificuldades sentidas na observação e regência do Estágio II em uma sala de ensino médio diurno foram bem menores, apesar de ser uma turma mais numerosa. O perfil do aluno é diferente: mesma faixa etária, acesso a material didático adquirido pela família que “ainda” mantém-se presente no desenvolvimento dos filhos (mesmo a contragosto de muitos deles!); vivência de uma socialização positiva no ambiente escolar; conhecimentos mais aprimorados e melhores oportunidades de ensino-aprendizagem com professores “menos cansados” que iniciam suas jornadas diárias de trabalho. As expectativas desses alunos após a conclusão do curso também são um elemento de diferenciação: grande parte dos alunos diurnos deseja dar continuidade aos estudos, principalmente no nível superior; já tem projetos de vida, sonha com uma profissão específica. A maioria dos alunos noturnos encontra dificuldades para prosseguir os estudos porque precisam garantir um trabalho para subsistência. Essas duas realidades nos mostraram que o ensino médio não é só a continuação do ensino fundamental, mas é uma etapa singular da formação do cidadão, um momento de começar a definir trajetórias, de sonhar com o futuro, de fazer planos e projetos, de experimentar, escolher suas possibilidades. Mas, esses sonhos e projetos se diferenciam muito de acordo com as condições sociais de cada aluno. Finalizamos os estágios cônscios de que era apenas uma breve experiência, diante do cotidiano complexo e desafiador de muitos professores. Porém, algumas teorias que havíamos discutido já nos inquietavam diante daquela realidade. Entendíamos, então, que muitos problemas de aprendizagem associados, quase sempre, à falta de interesse e à realidade dos alunos, também “escondiam” a falta de um bom planejamento do professor, de melhor motivação para as aulas, assim como de metodologias mais adequadas às distintas realidades das turmas. Reflexões sobre o ensino médio noturno As questões levantadas nos estágios serviram de estímulo para pesquisarmos outros trabalhos e experiências docentes com o ensino noturno, especialmente com o ensino médio de Geografia que definimos como objeto da nossa prática reflexiva. Os jovens constituem uma parcela significativa nas turmas do ensino médio noturno, por isso é de extrema importância discutir a categoria juventude. Os estudos sobre juventude têm contribuído para entender essa categoria do ponto de vista sociológico, mostrando que ela deve ser considerada como uma categoria heterogênea (LIMA, 2004). Há alguns anos, o perfil e as características dos alunos do ensino noturno eram estudados a partir da categoria genérica de adulto trabalhador. Atualmente, o ensino noturno atende alunos bastante diversos em idade e interesses. Verifica-se que o critério de idade não nos permite mais caracterizar esses alunos, visto que há uma diferença com relação à expectativa de escolarização, bem como às diferenças de inserção na vida social, de vivências diferenciadas do mundo do trabalho, das responsabilidades familiares. A diversidade é mais profunda e nos obriga a conhecer esses segmentos em sua complexidade, considerando várias características: geracionais, de gênero, religiosidade, etnia, origem rural/urbana, portadores de necessidades especiais, hábitos, atitudes, ritmos de socialização e aprendizagem – inclusive em relação à leitura e à escrita. Continuar rotulando o aluno do ensino médio noturno como o “adulto trabalhador” ou limitando suas características à dimensão do mercado de trabalho é reduzi-lo a uma função pragmático-tecnicista (KUENZER, 2001). No Brasil, as políticas de incentivo ao novo ensino médio continuam reforçando essa “velha” função, como afirmam Souza e Assis (2007, p. 12): [...] a formação do estudante para o mercado de trabalho ainda é um dos principais objetivos do ensino médio brasileiro, malgrado a “relutância” de velhos problemas (como a formação dos professores; a identidade dos jovens, o mercado de trabalho, a violência e as drogas; a falta de livro didático; a política curricular; a gestão democrática da escola, etc.) que ficaram subjacentes no programa de expansão do novo ensino médio. Por isso, consideramos ainda incipientes as propostas e os projetos pedagógicos que atendam, de fato, à dupla condição de jovem e de trabalhador dos alunos do ensino noturno. O que se nota é que a escola noturna, mesmo em tempo de reformas, enquanto afirma reconhecer a condição de trabalhador do seu aluno, parece encaminhar sua análise do fator trabalho como uma coisa negativa, que atrapalha a escolarizaçãodo aluno, desconsiderando, portanto, o trabalho em sua positividade, como princípio educativo e como espaço de sociabilidade (ABDALLA, 2004, p. 56). As análises freqüentes sobre o processo de escolarização dos jovens do período noturno apontam que é a necessidade de trabalhar cada vez mais cedo que os força a abandonar a escola ou impede o seu acesso. Contudo, muitos alunos vêem na escola também o espaço para o divertimento, a paquera, o círculo de amizades, pois suas formas de lazer são muito modestas e a escola acaba possibilitando sua socialização. A baixa auto-estima, a evasão e a falta de acolhimento pela própria escola são, hoje, grandes problemas do ensino noturno. E o professor tem grande parcela de contribuição nesse processo, pois educar representa um compromisso político que exige dos mestres medidas concretas para mudar a realidade, como a valorização dos conhecimentos e das formas de expressão dos alunos, levando em conta as dúvidas, inquietações, jornada de trabalho e condições emocionais e socioculturais decorrentes da exclusão social. Ao lado das dificuldades apresentadas pelo aluno estão as do professor, que possui duas ou três jornadas de trabalho e, cansado, pouco pode oferecer no último período escolar. Com graves deficiências na sua formação, não consegue ministrar boas aulas, além de não possuir tempo suficiente para prepará-las. Estes problemas são agravados pelos baixos salários recebidos, o que dificulta uma contínua atualização. O despreparo docente é diretamente proporcional à qualidade dos conteúdos ensinados, ministrados sem qualquer reflexão ou adequação à realidade de seus alunos e, o que é pior, sem que se vislumbre qualquer aplicação prática mais imediata. Aos problemas arrolados deve-se acrescer, ainda, o uso contínuo de procedimentos metodológicos que, além de se repetirem provocando o desinteresse, fazem com que o aluno simplesmente receba conteúdos, nem sempre adequados e motivadores. A “fórmula” diária da aula é a exposição acompanhada de quadro, giz e apagador. Abdalla (2004, p. 21-22) descreve com precisão sobre como a maioria dos docentes vêm se tornando refém do sistema educacional no qual estão inseridos: [...] Mesmo os professores mais jovens, que ainda afirmam acreditar na importância da escola na formação do cidadão, confessam suas dificuldades em manter um diálogo proveitoso com os alunos, que permanecem mais fora do que dentro da sala de aula. E, fato curioso, não se percebe nesta escola nenhum professor, exceto alguns com formação em pedagogia, questionando sua própria atuação como uma das “culpadas” pelo desinteresse dos alunos. Assim sendo, para que o ensino noturno se concretize de forma satisfatória também é preciso pensar no professor como um profissional em formação contínua (SOARES, 2001, p. 221). A valorização do educador se inclui no bojo de políticas e ações prioritárias que a sociedade necessita pensar e efetivar para que os mestres possam, de fato, desenvolver práticas de ensino que sirvam como alternativas de vida e trabalho para uma parcela expressiva de estudantes que se encontra, de um lado, excluída e, de outro, ávida por se incluir em processos significativos de formação. No quadro de incertezas que acolhe os alunos do ensino noturno, faz-se ainda necessário que os professores aprendam a entender o que eles têm a dizer, o que suas atitudes revelam - mesmo quando não falam ou pouco interagem. São grupos de jovens distintos que os professores precisam ouvi-los, para poderem também ser ouvidos e compreendidos. Nessa perspectiva foi que buscamos conhecer os alunos do ensino médio noturno de Amontada, a partir de uma pequena amostra dos seus anseios sobre a escola e o futuro. Quem são e o que pensam os jovens do ensino médio noturno de Amontada? Dos 10 jovens entrevistados, a grande maioria ainda morava com os pais. Os demais viviam com parentes, amigos e dois já constituíra família. Muitos deles trabalhavam em empregos temporários, os chamados "bicos", sendo mais recorrentes as seguintes ocupações: mecânico, vendedor, caixa, ajudante de pedreiro, trabalhos domésticos, serviços gerais. É importante ressaltar que a maioria não estava encarando aquele trabalho como definitivo. Todos tinham planos para o futuro, adiados pelas dificuldades de conquistar o mercado de trabalho, mas para o momento ficavam satisfeitos com o pouco que ganhavam, pois esse dinheiro proporcionava certa liberdade, garantia as vestimentas desejadas, o passeio do final de semana e ainda ajudava em casa. Por mais que se sentissem cansados no final do dia, nem pensavam em parar de trabalhar. Nas falas dos alunos, notava-se a importância que a escola exercia em suas vidas e nas expectativas que tinham de através dos estudos conquistarem um emprego e um futuro melhor. Eles relataram que o melhor da escola era a dedicação dos professores, coordenação, funcionários, para um convívio em harmonia; frisaram também o bom ensino oferecido, apesar de certos alunos expressarem que “nem todos os professores se dedicavam realmente para o sucesso dos alunos”. As dificuldades apontadas por eles se relacionavam mais às disciplinas, dentre as quais se destacavam Língua Portuguesa, Matemática e Física. No entanto, alguns citaram outros problemas como a falta de laboratórios para pesquisa e suas próprias limitações condicionadas pelo cansaço e falta de apoio familiar para concluir os estudos. Quando indagados sobre o que gostariam que a escola oferecesse, a maioria respondeu lazer, oportunidades de aulas diversificadas e, principalmente os homens, destacaram o incentivo ao esporte, pois no turno da noite as práticas esportivas não existem. As respostas dadas à pergunta sobre o que achavam mais importante aprender na escola foram diversas. Alguns citaram teatro, música, pintura, deixando explícita uma significativa ausência de atividades culturais no cotidiano extra-classe. Para muitos, a diversão é restrita e a escola poderia também ser um espaço para essas experiências que, momentaneamente, os livrassem da tensão do trabalho ou dos conflitos familiares. Muitos, com certeza, buscariam na escola também o lazer que não têm condições de desfrutar ou ainda a possibilidade de descobrir uma habilidade artística. Outros ainda ratificaram que a aprendizagem deve ir além dos conteúdos programáticos, para que o aluno aprenda para a vida, para ter uma conduta ética, para saber se comunicar com as pessoas, para ter uma vida social. Percebe-se, até então, que as expectativas dos alunos em relação à escola são inteiramente relacionadas às suas necessidades, daí a importância da escola conhecer a realidade do seu aluno para desenvolver ações que venham ao encontro dos seus anseios. Eles também sentem que muitos ensinamentos escolares não os preparam adequadamente para a vida e para o mundo do trabalho. As dificuldades são imensas. A escolaridade mínima (o ensino médio), hoje, deve ser atrelada ao domínio da informática, de uma língua estrangeira, entre outras habilidades. E o pior de tudo é que o mercado de trabalho cada vez mais exige do jovem experiência profissional, ao invés de oferecer mais oportunidades para que estes a adquiram. Como o número de jovens desempregados é imenso, o mercado prefere contratar aqueles que já têm alguma experiência profissional, ao invés de contribuir para a formação de mais jovens que estão em busca do primeiro emprego. Uma questão preocupante investigada com os alunos foi sobre as faltas e a evasão escolar. Muitos justificaram que são vencidos pelo cansaço do trabalho e aqueles que estão fora de faixa etária e não se sentem mais motivadosa estudar destacaram o desinteresse. Todos se queixaram que as aulas são monótonas, estimulando mais ao sono do que a atenção. Outros afirmaram ter problemas familiares e falta de incentivo e apoio dos pais para os estudos. Nesse último grupo, há os alunos casados e com filhos que têm conflitos com seus cônjuges, principalmente as mulheres. E ainda há aqueles que afirmaram ir à escola só para “brincar”. Nesse universo heterogêneo de realidades, o professor e a escola são ainda mais desafiados a escutar e atender suas expectativas. Por isso, questionamos, de imediato, qual seria a escola ideal para eles. As respostas diferenciadas revelaram um desejo comum: uma escola que dê oportunidades para todos e onde sejam priorizadas as necessidades dos alunos. E o professor? O que seria um bom professor na concepção deles? Alguns responderam que ser um bom professor é ter um bom relacionamento com a turma, encontrando soluções para os problemas existentes de maneira dinâmica e criativa; é ensinar e aprender junto com a turma; é acreditar no potencial do aluno. Outros ressaltaram que é passar confiança e auto-estima aos alunos; é ter métodos claros; é saber despertar o interesse; é ser amigo, dedicado e companheiro de todos; é trabalhar sobre a realidade dos alunos; ser afetivo. É importante observar a importância da afetividade, amizade, companheirismo citados por eles o que demonstra uma carência desses sentimentos em suas vidas e a tentativa de encontrá-los na escola. Nenhum dos alunos mencionou a possibilidade de largar a escola, mas a necessidade da escola se adaptar às suas reais necessidade. Percebe-se em suas respostas que não é tanto a necessidade de começar a trabalhar que leva os jovens a abandonarem a escola. “É muito mais o espaço de indiferença, passividade e, sobretudo um espaço ao qual eles gostariam de pertencer, mas sentem que não pertencem” (ABDALLA, 2004, p 87). Os desejos para o futuro estão focados em um bom emprego que para eles traria a felicidade e a possibilidade de dias melhores. Esses alunos querem ter seus direitos respeitados, querem ser vistos como pessoas e não como problemas, querem livrar-se de estereótipos de violentos, marginais, sem interesses, e acima de tudo eles querem ser escutados. Ao adentrarem o espaço escolar, eles trazem reflexos do mundo, fragmentos de sonhos, a realidade das ruas, as peripécias do bairro, as dificuldades familiares, os embates do trabalho, ou da falta dele. Suas falas descrevem a escola em seus meandros, cartografam seu dia-a-dia, suas pequenas e grandes dificuldades cotidianas, os abusos do poder, o espaço do revide, da afirmação e da negação. Será sensato desqualificar essas vozes? (ABDALLA, 2004, p. 68) O ensino médio noturno de Geografia: desafios e sugestões Após conhecermos um pouco daqueles jovens observados no ensino médio noturno, passamos a refletir, a partir das regências e da formação específica até então acumulada, sobre como as aulas de Geografia poderiam contribuir para atender suas expectativas em relação à escola, ao mundo e ao futuro. A Geografia busca desenvolver no ensino médio o pensamento crítico e a capacidade de compreensão do mundo contemporâneo, a partir da análise espacial, ou seja, da relação entre o meio ambiente, a sociedade e as estruturas políticas e econômicas. A Geografia como leitura do mundo em que vivemos é uma construção gradativa, que ocorre na escola, à medida que os alunos aprendem a observar, perguntar, descrever, comparar e compreender diversas escalas da realidade – local, regional, nacional, global. É algo muito mais complexo e desafiador do que a simples exposição do professor, do que a leitura de livros didáticos ou a memorização de conceitos. É retrógrada a visão dos que ainda encaram a Geografia como uma disciplina mnemônica, “decoreba”, que na vida prática não tem utilidade. O mundo nunca necessitou tanto dos conhecimentos geográficos como nesses acelerados tempos da Globalização, em que as relações entre países, povos e culturas se tornaram tão intensas. Os alunos precisam ser instigados a analisar esse espaço mundial a partir dos seus lugares e não apenas continuar a descrever paisagens, elementos naturais e sociais de forma estanque. Vesentini (1995, p. 10) ressalta que: [...] o ensino da geografia no século XXI, deve ensinar - ou melhor, deixar o aluno descobrir - o mundo em que vivemos, com atenção especial para a globalização e as escalas local e nacional, deve enfocar criticamente a questão ambiental e as relações sociedade/natureza (sem embaralhar uma dinâmica na outra), deve realizar constantemente estudos do meio (para que o conteúdo ensinado não seja meramente teórico ou “livresco” e sim real, ligado à vida cotidiana das pessoas) e deve levar os educandos a interpretar textos, fotos, mapas e paisagens. Como conduzir essa concepção de mundo nas salas de aula é o desafio que se coloca visto que muitos professores ainda continuam “reféns” da Geografia tradicional baseada no famoso tripé quadro-giz-livro – conforme constatamos no estágio. E quando se fala do aluno noturno nas aulas de Geografia, o desafio se torna ainda maior, pelo fato de muitos apresentarem deficiências no indispensável: a leitura e a escrita. Como exigir desses alunos a análise, a observação, a interpretação se sentem dificuldades até de escrever seus próprios nomes? Fica, então, para o professor do ensino médio a tarefa de desenvolver diversas estratégias de trabalho (até mesmo para melhorar a oralidade dos alunos) a fim de que as atividades escritas não venham reprová-los. Outro entrave com estas turmas é que principalmente o aluno trabalhador já incutiu que a Geografia não é tão importante para sua vida prática e falta bastante nos dias das aulas dessa disciplina, deixando para ser mais assíduo nas aulas de Matemática, Física, Português que são para eles mais importantes e apresentam mais dificuldades. Geografia? Todo mundo passa! É lamentável essa visão distorcida e tão freqüente, sobretudo nas aulas noturnas de Geografia, já que essa disciplina poderia dar uma contribuição tão importante na formação do jovem cidadão, abordando de forma crítica e contextualizada uma série de temas como o mundo do trabalho e suas mudanças, a Globalização e os desafios da inclusão social, o desemprego e o subemprego, o crescimento da população e da urbanização, os fenômenos naturais e a conservação do meio ambiente, o multiculturalismo da sociedade contemporânea, entre outros. São tantos e interessantes temas que podem ser desenvolvidos a partir de debates e estratégias pedagógicas que valorizem os conhecimentos do aluno trabalhador, o cotidiano dos jovens que aspiram ao primeiro emprego, dos que já são chefes de família, dos que vivem em contato com as drogas, etc. E por que essa Geografia do cotidiano, a princípio tão interessante, resulta em tanta apatia diante dos alunos em sala de aula? Uma das explicações (já que são muitas possíveis!) que defendemos aqui é a necessidade do professor saber escutar e compreender o mundo dos seus alunos. Muitos mestres até fazem essa leitura e compreendem os problemas nos quais os jovens estão envolvidos,mas na hora do planejamento escolar e das aulas, não conseguem estabelecer as “pontes” entre a Geografia vivida e a Geografia ensinada. Eles não conseguem ter a devida autonomia sobre os conteúdos e os livros didáticos adotados para saber selecionar o que é mais importante para o contexto e a realidade das suas turmas. Os livros didáticos, embora sejam recursos de suma importância, não podem continuar conduzindo o professor de Geografia. Na verdade, são os mestres que se deixam conduzir pelo livro didático, que não fazem a devida crítica sobre os conteúdos apresentados e não os associam à realidade dos alunos, os quais terminam com as informações “soltas” e desconectadas da realidade, sendo artificialmente memorizadas e rapidamente “deletadas”. [...] devido à sua formação deficiente, o professor geralmente não identifica na “forma” e “conteúdo” dos manuais didáticos a visão de mundo de quem os produziu. Freqüentemente o professor adota um livro que não corresponde à sua filosofia de trabalho e que até mesmo a contradiz [...] Via de regra o manual é escolhido por critérios extra didáticos, ou seja, o seu preço, o impacto publicitário de seu lançamento, o esforço menor que exige do professor em sala de aula, etc. [...] Quando não é simplesmente o livro “oficial” da escola ou a apostila que ela própria prepara![...] (RESENDE, 1989, p. 18) Em muitos livros didáticos de Geografia, os fenômenos ainda aparecem como ocorrências parceladas, desvinculadas do todo, sem conexão com o processo social em que estão inseridos (ALMEIDA, 1990). Soma-se ainda a carência das escolas, a desvalorização e a desmotivação do professor, entre tantos outros problemas que já citamos alhures. Tudo isso contribui para reduzir a Geografia a questionários de “perguntas e respostas”, reproduzindo um ensino “decoreba” e tradicional que há mais de duas décadas já vem sendo combatido (KAERCHER, 1998). Por isso, torna-se indispensável conhecer as necessidades e expectativas dos alunos em relação à Geografia e construir junto com eles um programa que vincule conteúdos relevantes do conhecimento à realidade da vida e às expectativas para o futuro. Nem sempre dá para usar com os alunos do noturno a mesma metodologia empregada nos cursos diurnos. As aulas expositivas convidam ao sono. Para manter os alunos acordados, as técnicas de ensino têm que ser variadas: seminários, discussões, mesas-redondas, júris simulados, montagem de telejornal, maquetes, pesquisa na internet, debates de músicas, entre outras. Aulas de campo também são possíveis nos finais de semana, assim como as feiras de ciências semestrais ou anuais. Nesse contexto escolar dinâmico, encontram-se múltiplas formas de se ensinar Geografia, além da oportunidade de oferecer aos alunos momentos de interação com os colegas, professores e a comunidade que ajudam a valorizar seu potencial e auto-estima. Os temas das aulas de Geografia no ensino médio noturno devem ser um convite à discussão da realidade do mundo e do cotidiano. Devem-se evitar as explicações teóricas longas e só expositivas. Os alunos devem ser orientados a organizar os seus horários de estudo em casa, considerando suas diversas realidades. Não se trata de inventar uma nova Geografia, mais assegurar à Geografia a sua condição de ciência, fazendo um diálogo com o mundo real, extra-escola, da relação entre a escola e a vida. Considerações finais As reflexões arroladas e os depoimentos dos alunos do ensino médio noturno de Amontada são uma pequena amostra que permite estabelecer um olhar sobre a educação que extrapola os limites do próprio conceito, na medida em que situa quem são esses jovens e quais suas perspectivas para enfrentar a vida numa sociedade moderna e complexa. Muitas falas dos alunos contrariam alguns estereótipos a eles atribuídos: a irresponsabilidade, a impetuosidade desmedida, a violência, o desapego aos valores familiares ou adjetivos depreciativos como rebeldes, baderneiros, marginais. Elas exibem sim um caráter construído a partir das necessidades que regem seu cotidiano, um cotidiano que lhes impõe assumir imensas responsabilidades e tarefas, o que fazem, entretanto, sem perder a alegria e a esperança no futuro. Vale lembrar que, apesar das críticas feitas ao modelo escolar, os jovens pesquisados defendem a escola pública e tentam encontrar justificativas para o seu fracasso, apostando na sua importância e valorização. Afinal, desvalorizar a “sua escola” significa desvalorizar a sua própria “qualidade social”. O baixo desempenho escolar de muitos jovens não pode ser atribuído como um problema só deles, resultante da falta de interesse ou de tempo para se dedicar aos estudos. Torna-se necessário mudar o enfoque de análise do problema: em vez de culpa, é preciso falar de responsabilidade. A culpa, por ser de 'fora para dentro' leva ao julgamento e à atitude de defesa, de transferência, de procurar jogar novamente para fora, buscando outro culpado; a preocupação maior acaba ficando em achar o culpado e não em resolver o problema. A responsabilidade, por ser algo mais de 'dentro para fora', chama para a ação, para o compromisso e a superação. O desafio está posto para toda a comunidade, gestores, professores e políticos: é pensar com urgência outra política para a escola noturna, especialmente para o ensino médio. Há vida nas escolas, vida jovem, ansiosa em descobrir novos caminhos e oportunidades para um futuro melhor. Jovens que ainda enxergam no ensino médio uma referência para o amanhã e isso é uma realidade que não pode ser ignorada, principalmente por todos aqueles que se comprometem em trabalhar na busca de um conhecimento significativo na formação de cidadãos dignos e autônomos. O professor deve estar atento para isso e perceber a relação entre o que pretende ensinar e a utilidade desses conteúdos para as experiências de vida dos alunos, não se esquecendo de que, neste processo, a teoria e a prática não podem estar dissociadas; elas são partes integrantes de um todo - o conhecimento. A introdução de novas técnicas deve estar sempre acompanhada de fundamentação teórica adequada, de modo a garantir uma tomada de decisão consciente e criteriosa. Urge tornar a sala de aula um espaço agradável, mais propício à produção de conhecimentos, não mais um espaço vazio, sem sentido e significado. E o ensino da Geografia, como de qualquer outra disciplina, tem o desafio de conseguir fazer esse diálogo com o mundo real, de extrapolar os muros da escola. As experiências concretas devem ter ligação e coerência com o que é ensinado e as metodologias devem ser diferenciadas sempre com o cuidado de não se desligar da realidade do público que se atende. Apesar dos grandes desafios a serem superados, acreditamos que o bom professor, o grande mestre, quando está no seu “palco” diante da sua platéia ávida de conhecimentos, não esquece o seu compromisso político de contribuir na formação de cidadãos, de driblar as adversidades e construir uma Geografia crítica e contextualizada com o presente. Uma Geografia que desperte para o lugar e para mundo, que acalente os sonhos e o futuro. Referências bibliográficas ABDALLA, Vilma. O que pensam os alunos sobre a escola noturna. São Paulo: Cortez, 2004. ALMEIDA, Rosângela Doin de. 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