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UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE DIREITO – PERÍODO MANHà SALA 214 Atividade Prática Supervisionada Agravo de Instrumento no Recurso Especial Prof.ª Renata Cunha (coordenadora) Andrea Rosana Viana Conceição T40623-4 / turma DR7B33 Beatriz Pereira da Silva C184861 / turma DR6A33 Felipe Teixeira Juvenal C52GHA8 / turma DR7D33 Simone Norberto Mariano T165598 / turma DR7A33 SÃO PAULO 2018 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO.................................................................................................... 3 PROBLEMA FÁTICO ......................................................................................... 4 DECISÃO DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA ........................................ 4 ASSEMBLÉIA DE CREDORES NA RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS ............ 6 CONCLUSÃO .................................................................................................... 9 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 10 3 INTRODUÇÃO Este trabalho trata-se de uma análise do acórdão nº 1654249 (2017/0031133- 3-28/11/2017) - Agravo de Instrumento no Recurso Especial, onde identificamos os fatos discutidos na decisão judicial, os fundamentos da decisão do Superior Tribunal de Justiça e os fundamentos ausentes na decisão, referente a Assembleia de Credores na Recuperação Judicial e sua importância como órgão do instituto da Recuperação Judicial. A discussão judicial, detecta a questão sobre a validade da Assembleia Geral de Credores no plano de Recuperação Judicial, prejuízos a credores, excessos cometidos pelo administrador judicial e agravo interno a que se nega provimento. No tocante aos fundamentos da decisão, a mesma tem por base o art. 35º e seguintes, da Lei 11.101/2005, que trata das funções da Assembleia Geral de Credores e ainda a Súmula 7 do STJ, que se refere a pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial. E por fim, vale ressaltar a necessidade crucial do papel do Juiz avaliar a viabilidade de recuperação econômico-financeira da empresa e do administrador judicial que auxilia o magistrado na administração da massa falida, arcando com os prejuízos ao devedor ou aos credores por dolo ou culpa no desempenho de suas funções conforme os art. 21º a 25º da Lei nº 11.101/05. 4 PROBLEMA APRESENTADO Pesquise o Agravo de Instrumento no Recurso Especial n. 1654249 (2017 / 0031133 – 3 - 28/11/2017), que se encontra anexo, disponível em https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?componente=ITA&seque ncial=1658382&num_registro=201700311333&data=20171128&formato=PDF. Item A) Identificar o problema fático discutido na decisão judicial (quais fatos e o que aconteceu): Identificamos os seguintes problemas, sendo as partes são: VISAO DISTRIBUIDORA DE MATERIAIS DE CONSTRUCAO EIRELI ME (EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL (agravante) e BANCO DO BRASIL S/A (agravado). Validade da assembleia de credores que aprovou o plano de recuperação judicial. Trata-se da viabilidade econômica da empresa em recuperação judicial, submete-se ao crivo do Poder Judiciário, nos termos da Lei 11.101/2005, o exame da legalidade dos procedimentos para a fruição do favor legal, entre eles as formalidades necessárias à validade da assembleia de credores que aprovou o plano de recuperação judicial. Prejuízo aos demais credores e de excessos praticados pelo administrador judicial; Inviabilidade de análise do recurso especial quando dependente de reexame de matéria fática da lide (Súmula 7 do STJ). Agravo interno a que se nega provimento. Equívoco quanto à delimitação da controvérsia porque, contrariamente ao consignado, é a aprovação de aditivo e não a substituição da proposta do plano de recuperação judicial, o que dispensa a publicação de edital. Concessão do efeito suspensivo. 5 Pelo requisito da legalidade, a agravante – Banco do Brasil S/A, trouxe novos elementos tendentes à reforma da decisão. Item B) Identificar a decisão do Superior Tribunal de Justiça e quais os fundamentos utilizados (fundamentos da decisão): RECURSO ESPECIAL Nº 1.654.249 – GO (2017/0031133-3): Cuida-se de recurso especial interposto com fulcro nas alíneas “a” e “c” do inciso III do artigo 105 da Constituição federal, visando a reforma de acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás que deu provimento ao agravo de instrumento manejado pelo Banco do Brasil S.A. em face da decisão do Juiz que homologou o plano de recuperação judicial e concedeu o favor legal a ementa. As deliberações tomadas pelos credores, não impedem o judiciário de promover um controle quanto à licitude das providências decididas em assembleia, devendo a vontade dos credores ser respeitada nos limites da Lei, diante do que, o plano de recuperação aprovado poderá ser considerado nulo, sendo-lhe negada a homologação judicial pretendida. Existindo a implementação de aditivo ao plano de recuperação judicial originária e sendo explicadas as mudanças ocorridas na própria assembleia geral de credores realizada, com nítido prejuízo aos credores ausentes e que porventura tinham concordado com o plano inicialmente apresentado, há nulidade do procedimento por ofensa ao artigo 36 e artigo 56, parágrafo 3º ambos da Lei 11.101/2005. O administrador judicial excedeu as suas atribuições legais, ao indeferir os pedidos de votação, atinentes as teses suscitadas nas objeções opostas por alguns credores, sendo que tais matérias são de atribuição da assembleia geral de credores e não do administrador judicial, portanto, deveriam ser colocadas em votação, separadamente, a fim de que os credores deliberassem sobre cada irregularidade apontada, havendo nítida ofensa ao artigo 22 e artigo 35, inciso I, alínea “f” , ambos da Lei 11.101/2005. Concernente as teses de ilegalidade do plano de recuperação judicial apresentado pela agravada, relativas as carências de 24 meses para começar o pagamentos dos 6 credores, ao deságio de 50% do critério pertencente aos credores quirografários, à atualização da divida sem juros legais, mas, somente, correção monetária pela TR e juros de 1% ao ano, ao pagamento total em somente 96 meses ou 8 anos, entendo que elas se afiguram prejudicada, diante da declaração de nulidade da assembleia geral de credores, devendo tais questões serem novamente apreciadas e votadas na nova assembleia a ser realizada. O grupo consultou duas jurisprudências de matérias semelhantes com o problema apresentado. STJ - Superior Tribunal de Justiça: RECURSO ESPECIAL nº 1.354.120 – GO (2011/0082024-3). TJ – Tribunal de Justiça: AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.426.712-4, DA 1ª VARA DE FALÊNCIAS E RECUPERAÇÕES JUDICIAIS DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA – 18ª CÂMARA CÍVEL DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO PARANÁ. Item C) Pesquisar os fundamentos legais que dão fundamento a assembleia de credores na recuperação de empresas e sua importância como órgão do instituto da recuperação judicial (o que deixou de ser falado e o que poderia ter falado): A Assembleia Geral de credores, é uma peça fundamental do instituto da Recuperação Judicial, tem a função única deliberar nesse procedimento,conforme as regras do art. 35 da LFRE, sobre: a) aprovação, rejeição ou modificação do plano de recuperação judicial apresentado pelo devedor; b) a constituição do Comitê de credores, a escolha de seus membros e sua substituição; c) o pedido de desistência do devedor, nos termos do § 4o do art. 52 da lei; d) o nome do gestor judicial, quando do afastamento do devedor; e, e) qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores. O Administrador Judicial é a pessoa física ou jurídica, de confiança do magistrado e auxiliar do mesmo, encarregada de administrar a massa falida, desde que seja profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de 7 empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada, sendo uma função remunerada e indelegável. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê de Credores, além de outros, os deveres estampados no artigo 22 da Lei nº 11.101/05. O administrador responderá pelos prejuízos causados à massa falida, ao devedor ou aos credores por dolo ou culpa no desempenho de suas funções Artigos 21 a 25 da Lei nº 11.101/05. A figura do Administrador Judicial também é importantíssima para o trâmite processual da Recuperação Judicial, ele atua como um auxiliar do Juiz, e após o deferimento e sua nomeação, faz a primeira diligência ao principal estabelecimento da empresa recuperanda, para avaliar e comprovar o descrito na petição inicial. O papel do Juiz é de extrema importância, tendo em vista que é nesse momento que se avalia a viabilidade de recuperação econômico-financeira da empresa. Fundamentos Legais da Assembleia de Credores: Art. 35, da Lei 11101/2005: A assembleia-geral de credores terá por atribuições deliberar sobre: I – na recuperação judicial: f) qualquer outra matéria que possa afetar os interesses dos credores; Art. 36, da Lei 11101/2005: A assembleia-geral de credores será convocada pelo juiz por edital publicado no órgão oficial e em jornais de grande circulação nas localidades da sede e filiais, com antecedência mínima de 15 (quinze) dias, o qual conterá: § 2o Além dos casos expressamente previstos nesta Lei, credores que representem no mínimo 25% (vinte e cinco por cento) do valor total dos créditos de uma determinada classe poderão requerer ao juiz a convocação de Assembléia-geral. SÚMULA 7 – STJ: A pretensão de simples reexame de prova não enseja recurso especial. 8 Art. 56, da Lei 11101/2005: Havendo objeção de qualquer credor ao plano de recuperação judicial, o juiz convocará a assembléia-geral de credores para deliberar sobre o plano de recuperação. § 3o : O plano de recuperação judicial poderá sofrer alterações na assembléia-geral, desde que haja expressa concordância do devedor e em termos que não impliquem diminuição dos direitos exclusivamente dos credores ausentes. Súmula 182 - É inviável o agravo do art. 545 do CPC que deixa de atacar especificamente os fundamentos da decisão agravada. Art. 1021, Novo CPC: Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento interno do tribunal. § 4º Quando o agravo interno for declarado manifestamente inadmissível ou improcedente em votação unânime, o órgão colegiado, em decisão fundamentada, condenará o agravante a pagar ao agravado multa fixada entre um e cinco por cento do valor atualizado da causa. Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor. § 1o São devidos honorários advocatícios na reconvenção, no cumprimento de sentença, provisório ou definitivo, na execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente. § 11 O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§2º e 6º, sendo vedado ao tribunal, no computo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do devedor, ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento. Art. 105, da CF: Compete ao Superior Tribunal de Justiça: III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: 9 a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal. CONCLUSÃO Diante do exposto, concluímos que cumpridas as exigências legais, o juiz deve conceder a recuperação judicial do devedor cujo plano tenha sido aprovado em assembleia, uma vez que tais questões são de exclusividade de apreciação na assembleia geral. Neste trabalho vimos negado o provimento ao agravo de Instrumento no Recurso Especial Nº 1654249 (2017/0031133-3-28/11/2017) por unanimidade, contudo o poder da assembleia geral não é deliberativo, não se sobrepondo fortemente aos credores, menos ainda à lei. Foram claras as nulidades da assembleia de credores: Como a não publicação do edital para a realização da nova assembleia, havendo prejuízo aos credores, indo contra o artigo 36 e 56, § 3º da lei 11.101/2005. O excesso do administrador judicial ao denegar pedidos de votação, esta matéria não é de sua competência segundo o artigo 22 da lei Nº 11.101/2005. Compete ao juiz e ao comitê de credores a fiscalização do plano de recuperação como das atividades pelo administrador judicial, sendo assim, apesar de reconhecidas as nulidades, não foi passível de reforma a decisão, a pretensão de reexame de prova não enseja recuso especial tornando–o assim, improdutivo no tema em questão. Diante das informações elencadas neste trabalho vimos que o juiz e o administrador judicial são imprescindíveis para a correta realização do processo falimentar. O juiz principalmente em sua função de supervisionar a atuação de todos os presentes do processo e do administrador judicial representando devidamente os 10 credores, cuidando para que a jurisdição atenda perfeitamente a pretensão destes, segundo a legislação empresarial. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS BEZERRA FILHO, Manoel Justino. Lei de Recuperação de Empresas e Falências Comentada. 9ª edição, São Paulo, Revista dos Tribunais, 2013. VADE Mecum Universitário de Direito 2ºsemestre, 18ºedição. Ed. Rideel, 2015. https://www.tjpr.jus.br/consulta-processual (acesso em 07/05/2018) http://www.stj.jus.br/sites/STJ/default/pt_BR/Processos/Consulta-Processual (acesso em 07/05/2018) VIEIRA, JAIR LOT. Lei de Falências Lei nº 11.101, de 09 de fevereiro de 2005. Regula a Recuperação Judicial, a Extrajudicial e a Falência, supervisão Editorial, Edipro,2005.
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