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CINÉTICA QUÍMICA CATÁLISE CATÁLISE Uma forma de acelerar a velocidade de uma reação química é aumentando a temperatura; Uma outra maneia é encontrar um meio de baixar a energia de ativação da reação; Nesse caso, em uma mesma temperatura, uma fração maior de moléculas pode passar pela barreira de ativação; A altura da barreira de ativação para um dado caminho de reação está fora de nosso controle, sendo determinada pela estrutura eletrônica dos reagentes e pelo arranjo dos átomos no estado de transição; Portanto, para alterar a barreira de ativação, temos que fornecer uma outra rota para a reação, ou seja, um mecanismo alternativo. 2 3 A catálise está presente em mecanismos cinéticos, quer em processos bioquímicos, quer em processos industriais. Exemplos 4 Definição: Catálise é o fenômeno através do qual a velocidade de uma reação é alterada por uma substância cuja concentração no início e no final da reação é a mesma. A substância que provoca a catálise é denominada de “Catalisador” A função de um catalisador é promover um mecanismo adicional, através do qual os reagentes são transformados em produtos; Este mecanismo alternativo, geralmente, possui uma energia de ativação menor do que o mecanismo sem a presença do catalisador, de modo que, a reação catalisada se apresenta mais rápida; O catalisador altera a velocidade da reação química sem modificar os fatores energéticos dessa reação; Na realidade, o único fator energético alterado é a energia de ativação da reação, Ea; Uma reação química sem e com a presença de um catalisador pode ser visualizada no gráfico dado a seguir: 5 Algumas vezes a reação é muito lenta na ausência de catalisador (por exemplo, a reação de formação da água); Quando a reação é catalisada, geralmente, a sua velocidade é proporcional à concentração do catalisador; A energia de ativação de uma reação sem catalisador é maior do que a correspondente energia de ativação da reação com catalisador. 6 Características Gerais dos Catalisadores: [A] ]B[ K B A eq 1 2 o catalisador tem a propriedade de aumentar a velocidade da reação direta (caminho 1), assim como, a velocidade da reação inversa (caminho 2); na presença do catalisador, o tempo para atingir o equilíbrio será diminuído (uma vez que, o equilíbrio é alcançado mais rapidamente), entretanto, o valor da constante de equilíbrio se mantém; a posição de equilíbrio pode ser alcançada mais rápida ou menos rapidamente. O parâmetro físico-químico que define a posição de equilíbrio é a energia livre de Gibbs da reação: 2) O catalisador é específico para uma determinada reação: 1) O catalisador não altera o valor da constante de equilíbrio de uma reação reversível: um bom catalisador deve ser seletivo para a reação de interesse; um excelente exemplo, são as reações de conversão de álcool etílico (etanol) a hidrocabonetos, a aldeídos, a cetonas, a dienos, a álcoois de cadeia maior, a ésteres, conforme pode ser visualizado no esquema a seguir: eq o Kln RTG 7 C2H2OH Álcool etílico 1 C2H4 ++ Produtos hidrocarboneto 2 Cobre H3C-CHO + Produtos aldeído 3 Cromo H3C-CO-CH3 + Produtos cetona 4 Alumina Al2O3 sílica-tântalo SiO2/Ta H2C=CH-CH=CH2 + Produtos dieno 5 cobre-magnésio H3C-CH2-CH2-CH2OH + Produtos álcool de cadeia maior 6 cobre ativado com urânio H3C-CH2-O-CO-CH3 + Produtos éster 8 3) O catalisador não apresenta nenhuma relação estequiométrica com os produtos formados de um modo geral, a quantidade de catalisador necessária é pequena; uma vez que, o catalisador é recuperado no final da reação, ele não influencia as propriedades dos produtos formados. 4) O catalisador diminui a energia de ativação da reação [B] eA [B]k v RT-Ea k quanto melhor o catalisador, menor a energia de ativação da reação; as duas tabelas a seguir ilustram a eficiência de alguns catalisadores empregados em processos bioquímicos e em processos industriais: 9 Reação Catalisador Ea (kJ mol-1) Hidrólise da Uréia H3O + 102,9 Urease 28,5 Hidrólise do ATP H3O + 88,7 Miosina 88,3 Decomposição da H2O2 Nenhum 71,1 Fe2+ 42,3 Catalase 7,1 Processos Bioquímicos 10 Reação Catalisador Ea (kJ mol-1) 2 HI H2 + I2 Nenhum 184,1 Ouro 104,6 2 N2O 2 N2 + O2 Nenhum 251,0 Au 121,3 2 NH3 N2 + 3 H2 Nenhum 334,7 Mo 133,9 Processos Industriais 5) A presença do catalisador não é necessária na equação estequiométrica 11 6) O grau de aceleração da velocidade de reação é função do catalisador a experiência mostra que a velocidade de uma reação é função da concentração do catalisador. Isto é válido tanto para sistemas homogêneos, quanto para sistemas heterogêneos. Catálise Homogênea, Heterogênea e Enzimática Um processo catalítico pode ser classificado de acordo com o número de fases do sistema reacional. Dessa forma, a catálise pode ser: Homogênea: quando a reação ocorre em uma única fase; Heterogênea: quando a reação ocorre em interfases, sendo também denominada de “catálise de contato” ou de “catálise de superfície”; Enzimática: ocorre com a maioria das reações de sistemas biológicos, onde o catalisador corresponde a uma enzima. OBS.1. No caso da catálise enzimática, a catálise é considerada homogênea quando a enzima se encontra em solução; OBS.2. Quando a enzima está imobilizada em uma matriz, a catálise enzimática é considerada heterogênea. 12 Catálise Homogênea: A catálise homogênea difere da catálise heterogênea em alguns aspectos principais: não há efeitos de superfície na catálise homogênea, de modo que, a velocidade da reação independe da natureza das paredes do recipiente e da razão entre a área superficial e o volume; o catalisador homogêneo forma um “complexo” com um dos reagentes, antes de ser regenerado ao final da reação; um catalisador presente na mesma fase que as moléculas reagentes é um catalisador homogêneo; um catalisador heterogêneo existe em fase diferente das moléculas reagentes, geralmente como um sólido em contato com ragentes gasosos ou reagentes em solução. A catálise homogênea pode ser classificada principalmente em: • Catálise em fase gasosa; Catálise ácido-base. O aspecto comum aos dois tipos de catálise diz respeito ao mecanismo alternativo, caracterizado pela menor energia de ativação. 13 Tipos de Catalisadores: Uma primeira classificação dos catalisadores pode ser feita em função de sua superfície: a) Catalisadores sem superfície definida: correspondem aos catalisadores cuja superfície não é definida como, por exemplo, os catalisadores gasosos ou os catalisadores constituídos por líquidos e viscosos ou, ainda, um material vítreo depositado sobre um suporte inerte ou ativo em relação a outros constituintes. Exemplo: ácido fosfórico sobre quartzo Ácido fosfórico Ácido fosfórico sobre Quartzo 14 Outro exemplo é o ácido sílico fosfórico: Estes catalisadores são utilizados mais comumente em catálise homogênea. b) Catalisadores com superfície definida: são, normalmente, sólidos nos quais a natureza e o valor da área superficial constituem a propriedade fundamental de suas atividades como catalisadores. Exemplos: Molécula de metano em busca de sítio ativo constituído por uma nanopartícula de níquel. Alumina calcinada Imagem do arranjo hexagonal da alumina nanoporosa obtida por microscópiode força atômica. 15 Sílica-alumina gel Estrutura da sílica-alumina Óxido de molibdênio Síntese de metanol a partir de uma superfície de TiO2 dopada com cobre 16 Exemplo de catálise homogênea em fase gasosa: a reação de decomposição de um aldeído (no caso do aldeído acético) H3C-CHO + I2 H3CI + HI + CO H3CI + HI CH4 + I2 H3C-CHO CH4 + CO o I2 gasoso acelera a velocidade de decomposição do aldeído acético e a energia de ativação corresponde a 32,5 kcal mol-1; por sua vez, se a reação de decomposição do aldeído acético não for catalisada pelo I2, ocorre uma reação em cadeia, cujo mecanismo é bastante complexo e a energia de ativação equivalente a 45,0 kcal mol-1. A expressão “Catálise Ácido-Base” se refere a uma reação homogênea, em solução, na qual um ácido ou uma base funcionam como catalisador. Existem vários tipos de catálise homogênea ácido-base: Catálise específica por H+; Catálise específica por OH-; Catálise generalizada por ácido; Catálise generalizada por base. 17 Catálise específica por íons H+ Neste caso, a reação é catalisada por íons H+ e a velocidade de reação é proporcional à concentração das espécies reagentes e da espécie H+ Consideremos inicialmente a reação sem a presença de catalisador: a lei de velocidade da reação não-catalisada é dada por: [A] k dt d[A] -v o onde, ko é a constante de velocidade da reação não-catalisada Consideremos a mesma reação sendo, agora, catalisada por íons H+ A B + D A B + D H + a lei de velocidade para essa reação é: ][H [A] k ]A[k dt d[A] -v Ho 18 chamando: k][H kk Ho [A]k dt d[A] - temos que: onde, H k é denominado de “Coeficiente Catalítico do Íon Hidrogênio” e corresponde a uma medida da eficiência do catalisador em questão os coeficientes catalíticos aumentam com a força do ácido ou da base em questão; isto justifica-se porque, na catálise ácida a primeira etapa da reação consiste na protonação da molécula do substrato, o que permite esperar que, a eficiência do catalisador ácido dependa de seu poder de protonação e, portanto, da força do ácido. podemos concluir que, quanto maior a força do ácido, maior o coeficiente catalítico 19 Consideremos a expressão matemática: k][H k H k][H kk Ho pH - k logk log H para ko muito pequena, aplicando-se o log em ambos os lados dessa igualdade temos: ][H log k logk log H O gráfico de log k versus pH corresponde a uma reta com inclinação igual a -1 Este diagrama é utilizado para estudar o efeito do pH sobre a velocidade de reação; Quanto maior o valor do pH, menor a constante de velocidade, k 20 Exemplos de reações catalisadas por íons H+ i) A reação de inversão da sacarose é catalisada por íons H+ e a força do ácido utilizado, assim como sua concentração, determinam a velocidade da reação: OBS.: essa reação na ausência de ácido ocorre de maneira muito lenta H+ ii) A reação de hidrólise do acetato de etila (éster) é catalisada por íons H+ H3CCOOC2H5 + H2O H3CCOOH + C2H5OH H+ éster ácido carboxílico álcool OBS.: De maneira semelhante, essa reação, na ausência de ácido, ocorre muito lentamente. C12H22O11 + H2O C6H12O6 + C6H12O6 sacarose glicose frutose 21 Catálise Heterogênea Para se produzir uma reação sobre uma superfície, as seguintes etapas devem ocorrer: 1. Difusão dos reagentes até a superfície do catalisador; 2. Adsorção dos reagentes na superfície do catalisador; 3. Reação na superfície do catalisador; 4. Desorção dos produtos a partir da superfície do catalisador; 5. Difusão dos produtos para fora da superfície do catalisador. OBS.: Qualquer uma dessas etapas, ou uma combinação delas, pode ser lenta e, consequentemente, determinante da lei de velocidade da reação. Um catalisador heterogêneo é aquele presente em uma fase diferente daquela dos reagentes; Os catalisadores heterogêneos mais comuns são sólidos finamente divididos ou porosos usados em reações em fase gasosa ou líquida; Esses catalisadores são sólidos finamente divididos ou porosos para que tenham uma grande área superficial para que a reação ocorra. 22 Consideremos a reação: A B 1. Difusão dos reagentes “A” até a superfície do catalisador ou difusão dos produtos “B” a partir da superfície dos produtos: Difusão é um fenômeno associado ao movimento espontâneo de moléculas reagentes, líquidas ou gasosas, em direção à ou em sentido contrário à superfície de um sólido (de um catalisador). 23 2. Adsorção dos reagentes na superfície do catalisador Quando duas fases imiscíveis são colocadas em contato, sempre ocorre que, a concentração de uma substância em uma das fases é maior na interface do que no seu interior. A esta tendência de acúmulo de uma substância sobre a superfície de outra substância dá-se o nome de “Adsorção”. O reagente é denominado de “ADSORVATO” O catalisador sólido é chamado de “ADSORVENTE” ou “SUBSTRATO” OBS.: Este fenômeno tem extrema importância na catálise heterogênea pois, pelo menos um dos reagentes deve estar “preso” ou “adsorvido”, de alguma maneira, à superfície do catalisador e por um período de tempo significativo. RESUMO: A ligação de partículas a uma superfície é chamada de “ADSORÇÃO”. A substância que é adsorvida é o ADSORVATO e o material sobre o qual ocorre a adsorção é o ADSORVENTE ou SUBSTRATO. O processo inverso ao da ADSORÇÃO é a DESSORÇÃO. 24 Esquema da face plana de um sólido; A representação da imagem da superfície plana de um cristal perfeito, onde o “zoom” nos dá a idéia de uma bandeja de laranjas; Uma molécula de gás, por exemplo, que colide com essa superfície pode ser associada à idéia de uma bolinha de pingue-pongue que pula aleatoriamente sobre as laranjas; A molécula perde energia cinética ao quicar sobre a superfície, e pode escapar ou ser adsorvida pela superfície, provocando o fenômeno da adsorção. A superfície de um catalisador sólido: zoom 25 Na adsorção física, também denominada de “fisissorção” há uma interação de van der Waals (interação dipolo-dipolo, por exemplo) entre o adsorvato e o adsorvente; As interações de van der Waals são de longo alcance e fracas e a energia liberada quando uma molécula é adsorvida fisicamente é da mesma ordem de grandeza que a entalpia de condensação; Esta energia pode ser adsorvida como vibrações da rede do adsorvente e dissipada como movimento térmico; Uma molécula que se desloque sobre a superfície perde gradualmente energia e termina por ser adsorvida; Este processo é denominado de “Acomodação”; A entalpia de adsorção física pode ser medida pela determinação da elevação da temperatura de uma amostra cuja capacidade calorífica seja conhecida; Dependendo da força das ligações ou das interações que ocorrem entre o adsorbato e o adsorvente, podemos diferenciar dois tipos principais de adsorção: Adsorção Física Adsorção Química Adsorção Física 26 Valores típicos situam-se na faixa de 20 kJ mol-1, conforme podemos ver na Tabela 1: Entalpia de adsorção física em kJ mol-1 CH4 -21 H2 -84 H2O -59 N2 -21 Esta pequena variação de entalpia é insuficiente para romper as ligações químicas e por isso uma molécula fisicamente adsorvida retém a sua identidade, embora possa ser deformada pela presença dos campos de força da superfície do catalisador. 27 Entalpia de adsorção químicaem kJ mol-1 Adsorvato Adsorvente Cr Fe Ni C2H4 -427 -285 -243 CO -192 H2 -188 -134 NH3 -188 -155 Adsorção Química Tabela 2. A distância entre a superfície do adsorvente e o átomo mais próximo do adsorvato é menor na adsorção química do que na adsorção física; Uma molécula quimicamente adsorvida pode ser decomposta em virtude de forças de valência dos átomos da superfície e é a existência de fragmentos moleculares adsorvidos que responde, em parte, pelo efeito catalítico das superfícies sólidas. 28 Por exemplo, a reação: 2 CO + 2 NO 2 CO2 + N2 OBS.: Dentre os principais critérios utilizados para diferenciar o fenômeno da adsorção física do fenômeno da adsorção química, o mais utilizado é a “Entalpia de Adsorção”. Na adsorção física o calor liberado por mol de moléculas adsorvidas situa-se na faixa de 2 a 6 kcal mol-1. Na adsorçào química, este valor pode atingir algumas centenas de kcal mol-1.
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