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Universidade Federal da Paraíba Departamento de Química Estatística Aplicada a Química Analítica Prof. Ricardo Alexandre Cavalcanti de Lima João Pessoa - Paraíba Noções de Probabilidade Experimentos que ao serem repetidos nas mesmas condições conduzem ao mesmo resultado são denominados determinísticos. Experimentos que ao serem repetidos nas mesmas condições não produzem o mesmo resultado são denominados experimentos aleatórios. di Experimentos Determinísticos Aquecer um frasco com água até 100 ºC, ao nível do mar, e observar seu aspecto. ◦ Resultado: Ebulição da água. Soltar um peso de 16 toneladas sobre a cabeça de uma pessoa. ◦ Resultado: Morte. Soltar uma bola de ferro de 100 g a uma altura de 2,4 m dentro da minha sala e cronometrar o tempo para impacto no chão. ◦ Resultado: 0,7 s. Experimentos Aleatórios Lançar um dado “honesto” e verificar o número mostrado na face superior. Pegar uma lâmpada nova, acendê-la e cronometrar o tempo até que se queime. Contabilizar o número de pessoas no ponto de ônibus às 18:00 h. Determinar agora o horário de início da novela das oito. Por que um cientista deve estudar probabilidades? Porque, na prática, mesmo os experimentos determinísticos possuem uma caráter aleatório. Porque, à primeira vista, um fenômeno pode parecer aleatório, mas possuir um caráter determinístico (causa) por trás de si. Problema: • Determinar a concentração de ácido acético em uma amostra de vinagre. Legislação : mínimo de 4% de ácido acético Como fazer? Titulação ácido-base Resultado das Titulações 3,80% 4,20% Devo aprovar o lote B e rejeitar o lote A ? Se o erro associado é de ± 0,30% 3,50 a 4,10% 3,90 a 4,50% Tratamento dos Erros Aleatórios Introdução “Toda medida está sempre afetada por erros. É impossível realizar uma análise química totalmente livre de erros ou incertezas.” Tipos de Erros 1. Erro Grosseiro Na titulação da amostra de vinagre, a viragem não ocorreu. O analista esqueceu de adicionar o indicador !!!!!!! Resultados anômalos 2. Erro Sistemático (determinado) Faz com que a média de um conjunto de dados difira do valor aceito. Afeta a exatidão dos resultados. Ex: na titulação do ácido acético, troca do indicador fenolftaleína pelo indicador vermelho de metila. Viragem do vermelho de metila: abaixo de pH 7 Ponto final da titulação ocorre antes que todo o ácido acético tenha sido neutralizado Vinagre parecerá ter concentração menor que a real Tipos de Erros 2. Erro Sistemático (determinado) CH H S NH3ClHN N C O OH Erros absolutos na análise de Ácido Nicotínico e Hidrocloreto de Benzil Isotiouréia. Cada marca esférica ilustra o erro associado a uma determinação única. Cada linha vertical ilustra o erro médio associado ao conjunto de medidas, relacionado com o valor verdadeiro. Tipos de Erros 3. Erro Aleatório (indeterminado) • Erros sistemáticos eliminados • Experimento feito com atenção e disciplina Novas análises de duas amostras de vinagre do mesmo lote 3,91% 4,01% Resultados bem parecidos, mas não idênticos Nem tudo estava realmente controlado Tipos de Erros Processo sob Controle Causam o maior ou menor espalhamento simétrico dos dados em torno de um valor central. Em geral, o erro aleatório de uma medida é refletido por sua precisão. “Toda medida está sempre afetada por erros. É impossível realizar uma análise química totalmente livre de erros ou incertezas.” Tipos de Erros 3. Erro Aleatório (indeterminado) Erros Sistemáticos Tipos de Erros Sistemáticos 1. Erros Instrumentais Causas: imperfeições nos instrumentos de medida e instabilidades no seu suprimento de energia • Uso de equipamentos volumétricos em temperatura diferente da de calibração • Distorções na parede dos frascos devido ao calor durante a secagem • Contaminantes nas paredes internas dos fracos Forma de eliminação 1. Erros de Método Causa: comportamento físico-químico não ideal dos sistemas. • Lentidão de algumas reações e incompletude de outras • Não especificidade de alguns reagentes • Instabilidade de algumas espécies • Possível ocorrência de reações paralelas Exemplo Excesso de reagente requerido para que o indicador mude de cor Erros de mais difícil detecção. Por isso são os mais graves dos erros sistemáticos Erros Sistemáticos Tipos de Erros Sistemáticos Erros de Método - Detecção 1. Análise de materiais de referência certificados Avaliar se a diferença é devido ao erro aleatório ou uma tendência no método. Uso de teste estatístico. 2. Análise em paralelo com método analítico independente Deve diferir-se do método usado o máximo possível. Uso de teste estatístico. 3. Através de determinações em branco 4. Variação do tamanho da amostra Erros Sistemáticos Tipos de Erros Sistemáticos 3. Erros Pessoais Causa: resultam das limitações pessoais do analista • Erros resultantes de julgamentos pessoais • Avaliação da cor de uma solução no ponto final da titulação • Avaliação da posição de um ponteiro ou menisco entre as divisões de duas escalas Tendência a determinar as leituras na direção da melhora da precisão ou a um valor preterido Erros Sistemáticos Tipos de Erros Sistemáticos Efeitos sobre os Resultados 1. Erros Constantes Não dependem do tamanho da amostra • Tornam-se mais perigosos a medida que o tamanho da amostra diminui Minimização: utilização de amostras maiores o possível 1. Erros Proporcionais Dependem do tamanho da amostra • Aumentam ou diminuem com o tamanho da amostra tomada Causa comum: presença de interferentes na amostra Erros Sistemáticos Erros Aleatórios O primeiro passo para tratar estatisticamente os erros aleatórios é admitir alguma hipótese sobre sua distribuição Erros Aleatórios • Intervalo de volume entre 9,969 mL a 9,994 mL • Média = 9,982 mL • Mediana = 9,962 mL Calibração de pipeta A incerteza na medida • Todas as medidas científicas estão sujeitas a erro. • Esses erros são refletidos no número de algarismos informados para a medida. • Esses erros também são refletidos na observação de que duas medidas sucessivas da mesma quantidade são diferentes. A incerteza na medida A medida de uma quantidade física envolve: • o sistema material em estudo • o instrumental • o observador Dados que não se conhece sua confiabilidade não tem significado. A incerteza na medida Exatidão – é a concordância entre uma medida e o valor verdadeiro ou mais provável da grandeza. Precisão - é a concordância em uma série de medidas de uma dada grandeza. • A acurácia expressa a proximidade dos valores real e medido, e a precisão a reprodutibilidade. • Exatidão e precisão são conceitos distintos. É possível ocorrer precisão sem exatidão, mas o contrário não pode ocorrer. A incerteza na medida Exemplo: Sabe-se que uma substância contém 49,10% ±0,02% do constituinte A. Os resultados obtidos por dois analistas para esta substância com o mesmo método analítico foram: • Analista 1 – %A: 49,01; 49,25; 49,08; 49,14 • Analista 2 – %A: 49,40; 49,44; 49,42; 49,42 • Analista 3 – %A: 49,04; 49.08; 49,08; 49,12 A média aritmética para cada analista é: - Analista 1 – 49,12 -Analista 2 – 49,42 - Analista 3 – 49,08 A incerteza na medida A incerteza na medida Pode-se observar que: 1. Os valores obtidos pelo Analista 1 são acurados (muito próximos do valor correto), mas não são precisos. 2. Os valores obtidos pelo analista 2 são precisos, mas não são acurados. 3. Os valores obtidos pelo analista 3 são acurados e precisos. A incerteza na medida Precisão e exatidão A incerteza na medida 1 2 3 4 exato e preciso preciso e ineexato impreciso e inexato exato e impreciso Precisão e exatidão A incerteza na medida Algarismos significativos • O número de dígitos informado em uma medida reflete a exatidão da medida e a precisão do aparelho de medição. • Todos os algarismos conhecidos com certeza mais um algarismo extra são chamados de algarismos significativos. • Em qualquer cálculo, os resultados são informados com o menor número de algarismos significativos (para multiplicação e divisão) ou com o menor número de casas decimais (adição e subtração). A incerteza na medida ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS ( AS ) Os algarismos significativos são todos os dígitos precisos e o 1º dígito impreciso (incerto). Escala: Bureta de 50 ml com graduação 0,1 ml 30,24 precisos = 3 0 e 2 / impreciso = 4 Display: A = 0,256 precisos = 2 e 5 / impreciso = 6 A incerteza na medida 0.256 Regras para se determinar o número de algarismos significativos • Os zeros são significativos quando fazem parte do número e não são significativos quando são usados para indicar a ordem da grandeza, ou seja, zeros situados à esquerda de outros dígitos não são significativos, pois nestes casos são usados apenas para indicar a casa decimal. Ex1: 0,15016; 0,015016; 0,0015016; 0,00015016 todos têm _____algarismos significativos A incerteza na medida • Zeros colocados a direita só são significativos se forem resultado de uma medida. Não são significativos se apenas indicam a ordem da grandeza de um número. • Não confundir número de algarismos significativos com casas decimais. Ex: 0,0069870 tem _______algarismos significativos e ________ casas decimais. A incerteza na medida Regras para arredondamento • Se o dígito que segue o último algarismo significativo for menor que 5, o dígito a ser arredondado permanece inalterado. Ex: Apresentar os seguintes valores com 3 algarismos significativos 0,5742 _____________ 1,2345 ____________ 15624 ______________ 210000____________ A incerteza na medida Regras para arredondamento • Se o dígito que segue o último algarismo significativo for maior ou igual a 5, o dígito a ser arredondado é aumentado em uma unidade. Ex: Apresentar os seguintes valores com 3 algarismos significativos 0,5746 _____________ 1,2355____________ 15674 _____________ 20091____________ A incerteza na medida Algarismos significativos do resultado de um cálculo • Adição e Subtração – a soma ou a diferença deverá conter tantas casas decimais quantas existirem no componente com o menor números delas. Ex: Apresentar o resultado das seguintes operações com o número correto de algarismos significativos 2,2+0,1145 = ______________ 6,80– 2,636= ______________ A incerteza na medida Algarismos significativos do resultado de um cálculo • Multiplicação e Divisão – o resultado deverá conter tantos algarismos significativos quanto estiverem expressos no componente com o menor número de significativos. Ex: Apresentar o resultado das seguintes operações com o número correto de algarismos significativos 25,11 x 0,1041 = _____________ 0,104642 : 24,98 =____________ A incerteza na medida Algarismos significativos do resultado de um cálculo • Log – A mantissa do logaritmo deverá conter tantos algarismos significativos quanto estiverem expressos no logaritmando. Ex: Apresentar o resultado das seguintes operações com o número correto de algarismos significativos log 9,57 x 10-4 = _________ A incerteza na medida Erro e Exatidão • Erro absoluto de uma medida – é a diferença entre o valor medido e o valor verdadeiro. E= Xi – Xv Onde : E = Erro Absoluto; Xi = Valor Medido; Xv = Valor Verdadeiro O erro absoluto apresenta a unidade da medida e possui sinal. A incerteza na medida Avaliação de Erros • Erro relativo, ER – é a relação entre o erro absoluto e o valor verdadeiro. O erro relativo é adimensional e comumente expresso em % ou %0 (partes por mil). O erro informa sobre a exatidão da medida. Quanto maior o erro menor a exatidão. Ex1: Uma substância contém 49,10% de Ag+ e foi analisada por um estudante que encontrou o valor de 49,20%. Calcular o erro absoluto e o erro relativo. Ex2: Um método particular para a análise de cobre fornece resultados que são sistematicamente menores em 0,5 mg. Qual será o erro percentual relativo devido a esta fonte se o peso do cobre em uma amostra for (a) 100 mg e (b) 500 mg? A incerteza na medida 1000ou 100 V R V R X E E X E E Medidas de Dispersão Um aspecto importante no tratamento estatístico de um conjunto de dados, é o da determinação da variabilidade ou dispersão desses dados, em relação à medida de localização do centro da amostra. Como a média é a medida de localização mais importante entre as apresentadas, as medidas de dispersão são feitas com relação a ela. As medidas mais importantes são: DESVIO PADRÃO, VARIÂNCIA, DESVIO PADRÃO RELATIVO (COEFICIENTE DE VARIAÇÃO), FAIXA DE VARIAÇÃO (FV) e DESVIO PADRÃO DA MÉDIA. A incerteza na medida Média Aritmética Mediana • N Ímpar valor central • N par valor médio dos dois valores centrais Moda •Valor que ocorre com mais freqüência. Ex: Considerando o conjunto de dados (2,5 2,8 2,7 2,5 2,5 2,6 2,4), calcule sua média aritmética, a mediana e a moda. A incerteza na medida N x x N 1i i Medidas de Dispersão A incerteza na medida DESVIO PADRÃO VARIÂNCIA DESVIO PADRÃO RELATIVO COEFICIENTE DE VARIAÇÃO DESVIO PADRÃO DA MÉDIA FAIXA DE VARIAÇÃO 1N xx s N 1i 2 i 2s x s RSD 100.RSDCV N s sx ) min x max x(FV Ex: As análises de uma amostra de hematita (Fe2O3) forneceram os seguintes resultados (em % massa) para o teor de ferro: 7,21; 7,12; 7,16; 7,14; 7,14; 7,18. Calcule a média, o desvio padrão, a variância, o coeficiente de variação, a faixa de variação e o desvio padrão da média destes resultados. A incerteza na medida Intervalo de Confiança Análises Químicas valor verdadeiro da média não pode ser determinado (nº imenso de medidas). Análises Químicas com estatística estabelecemos um intervalo ao redor da média determinada experimentalmente, no qual se espera que a média da população μ esteja contida com certo grau de probabilidade. Limite de confiança da média Test t de Student Intervalo de Confiança Valores de “t” para cálculos de intervalo de confiança Testes Comparativos Comparando um resultado medido com um valor de referência Vamos investigar se o lote A citado no início está realmente de acordo com o que a legislação exige, ou seja, 4% de ácido acético. MEDIDAS (% de ácido) 3,91 4,01 3,61x = 3,843 % s = 0,208 % Hipótese: m = 4% t com 2 GL e 95% de confiança: Testes Comparativos Comparando um resultado medido com um valor de referência Se fizermos mais cinco titulações: MEDIDAS (% de ácido) x = 3,818 % s = 0,129 % Hipótese: m = 4% t com 7 GL e 95% de confiança: 3,91 4,01 3,61 3,83 3,75 3,91 3,82 3,70 Testes Comparativos Comparando um resultado medido com um valor de referência Ex: Um químico está testando um novo método para determinar ferro. Fazendo quatro análises num padrão cuja concentração verdadeira é 14,3%, ele obtém 13,7%, 14,0%, 13,9% e 14,1% de ferro. Como você avalia a exatidão da nova metodologia, no nível de 95% de confiança? t com 3 GL e 95% de confiança: x = 13,9 % s = 0,17 % Testes Comparativos Comparação da precisão – Teste F • os resultados de dois métodos de análises diferentes • os resultados de dois laboratórios diferentes 2 2 B A s s F • sA2 : variância do conjunto de dados A • sB2 : variância do conjunto de dados B condição: sA2 > sB2 F > 1 Se Fcalculado > Ftabelado (95%), os desvios-padrão são significativamente diferentes um do outro Testes Comparativos Comparação da precisão – Teste F Ex: O desvio padrão de um conjunto de 10 determinações é sA = 0,641 e o desvio padrão de outras 7 determinações é sB = 0,210. Existe alguma diferença significativa entre as precisões destes dois conjuntos de resultados? 2 2 B A s s F F a 95% = 4,10 Nestas condições existe menos de 5 chances em 100 das precisões serem semelhantes. A diferença entre os dois conjuntos de dados é significativa. Testes Comparativos Comparação da precisão – Teste F NÚMERO DE DETERMINAÇÕES NO DENOMINADOR (N) NÚMERODEDETERMINAÇÕES NO NUMERADOR (N) Valores de F, para comparações de variâncias, no intervalo de confiança de 95 %. Rejeição de Dados • Um dado só pode ser rejeitado quando isto for sugerido pela aplicação de um teste estatístico adequado. Para rejeitar ou não um ou mais dados pode-se fazer uso do TESTE Q. •Se Qcalc > QTab, o valor suspeito deve ser rejeitado. valormenorvalormaior próximomaisvalorsuspeitovalor Qcalc | Testes Comparativos Tab. Coeficiente de Rejeição Q, com limite de confiança de 90%. Ex. A análise de cádmio em poeira deu como resultados: 4,3; 4,1; 4,0 e 3,2 µg.g-1. Verifique se algum resultado deve ser rejeitado. No de observações Q90% 3 0,94 4 0,76 5 0,64 6 0,56 7 0,51 8 0,47 9 0,44 10 0,41 Testes Comparativos
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