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Ação do Vento nas Estruturas Profª Aline Paliga Universidade Federal de Pelotas Centro de Engenharias - Engenharia Civil Na sua opinião, qual destas construções, a romana ou a atual deve sofrer maior ação dos ventos? Comparação do Burj Khalifa com outras grandes construções Vento e seus efeitos aquecimento diferenciado equatorial pólos rotação da Terra Esquema simplificado da “Circulação Global do Ar” + Vento Fluido em movimento OBSTÁCULO Exerce uma ação (força) Engenharia de Estruturas : qual é o efeito? Conceito: fluxo de ar médio sobreposto a flutuações de fluxo, denominadas rajadas ou turbulências. As rajadas apresentam um valor de velocidade do ar superior à média, e são responsáveis pelas “forças” que irão atuar nas edificações. Caráter aleatório – intensidade, duração, direção e sentido. NBR 6123/1988 Após a revisão de 2003 da NBR 6118, a análise de vento é OBRIGATÓRIA nas estruturas. • elementos de vedação e suas fixações (telhas, vidros, esquadrias, painéis de vedação etc.) • partes da estrutura (telhados, paredes etc.) • a estrutura com um todo NBR 6123/1988 “Forças devidas ao vento em edificações”. A maioria dos acidentes ocorre em construções leves, principalmente de grandes vãos livres, tais como hangares, pavilhões de feiras e de exposições, pavilhões industriais, coberturas de estádios, ginásios cobertos. Coberturas Os ventos fortes são os de maior interesse na engenharia de estruturas. Torres de transmissão Silos Ponte Tacoma Narrows Pontes Em 7 de novembro de 1940 a ponte pênsil de 1600 metros apenas poucos meses após a sua inauguração. Os ventos atingiram os 70km/h, fazendo a estrutura oscilar muito, deslizando a alta velocidade. Não houve vítimas deste acidente. Uma nova ponte foi construída no local, e ainda se encontra em funcionamento. Segundo BLESSMANN (2000), a origem da escala deve-se ao Almirante da Marinha Real Britânica, Francis Beaufort, interessado em proporcionar aos marinheiros ainda inexperientes condições de estimar a velocidade do vento. Para tanto, Beaufort estabeleceu uma maneira dos marinheiros estimarem a velocidade aproximada do vento, observando seus efeitos. Como os ventos podem ser classificados de acordo com a sua intensidade? 0 - calmaria...................0 a 2 km/h................fumaça eleva-se verticalmente. 1 - brisa ......................... 2 a 6 km/h.................fumaça inclina-se, indicando a direção e sentido do vento 2 - vento leve ............... 6 a 12 km/h................folhas agitam-se suavemente. 3 - vento fresco ............. 12 a 20 km/h................folhas e arbustos pequenos em movimento constante. 4 - vento moderado ........ 20 a 29 km/h.............folhas e arbustos pequenos em movimento agitado. 5 - vento regular .............29 a 39 km/h......................ramos maiores e árvores pequenas oscilam. 6 - vento forte ....... 39 a 50 km/h...........................galhos e arbustos grandes em movimento. 7 - ventania fraca ...........50 a 62 km/h.................árvores inteiras em movimento, dano a coberturas mal construídas. Difícil caminhar contra o vento. O vento é ouvido em edifícios. Escala Beaufort 8 - ventania moderada .... .62 a 75 km/h................galhos finos e árvores fracas quebram-se. Troncos de árvores esbeltas oscilam. Coberturas leves são danificadas, principalmente na cumeeira e beirais. Desabamento de muros muito altos (2,5 a 3 m) e de tapumes comuns. Geralmente é impossível de caminhar. 9 - ventania forte....................75 a 88 km/h..................... galhos grossos e arbustos quebram-se. Árvores esbeltas podem ser derrubadas. Telhas e telhados leves são arrancados, topos de chaminés de alvenaria danificados, coberturas isoladas sofrem danos que podem chegar ao tombamento, ruptura de vidraças, casas simples (de madeira ou alvenaria pobre) são destruídas. Caminhões- baús vazios podem tombar. Antenas parabólicas e postes podem ser danificados. Pessoas podem ser lançadas ao solo pelas rajadas. 10 - vendaval ................. 88 a 102 km/h...................árvores são quebradas ou arrancadas em grande número. Danos a plantações e bosques. Danos estruturais consideráveis: forros, telhas e telhados pesados são arrancados; danos a paredes de alvenaria; casas de alvenaria podem ser parcial ou totalmente destruídas; hangares são destelhados e mesmo arrancados de suas bases; tombamento de silos metálicos. Escala Beaufort Destruição ou arrancamento de revestimentos de fachadas, esquadrias e vidraças. Desabamento de muros comuns (1,8m). Torres de transmissão danificadas ou arrancadas de suas bases. Postes tombados. 11 - tempestade ............ 102 a 120 km/h......................danos generalizados e severos, tanto em estruturas como em plantações e bosques, que sofrem grandes devastações. Construções de alvenaria podem ser totalmente destruídas, bem como pavilhões industriais e afins. Mesmo construções com boa estrutura em concreto armado ou aço sofrem danos. 12 - furacão ou tufão ............mais de 120 km/h..................extremamente violento e devastador, com danos ainda mais importantes que os ocasionados por uma tempestade. Escala Beaufort Depende necessariamente: A ação do vento Aspectos aerodinâmicos Aspectos meteorológicos Ao incidir sobre uma estrutura, o vento terá um comportamento distinto em função da forma da mesma. Forma Qual é a velocidade do vento a considerar no projeto de uma estrutura? kF V Velocidade é avaliada: • local da edificação; • tipo de terreno (plano, aclive, morro, etc.); • altura da edificação; • rugosidade do terreno (tipo e altura dos obstáculos); • tipo de ocupação. A variação da velocidade do vento com a altura região com grandes obstruções (centros de grandes cidades) 3 tipos de terreno Perfis de velocidade média (km/h) regiões com obstruções uniformes, obstáculos com altura média de 10m (cidades pequenas e subúrbios de grandes cidades) região com poucos obstáculos (campo aberto, fazendas) Altura gradiente Velocidade gradiente O efeito da forma Trajetória do vento Linhas de Fluxo Sobrepressão x Sucção Define-se o termo barlavento com sendo a região de onde sopra o vento (em relação a edificação), e sotavento a região oposta àquela de onde sopra o vento. O vento sempre atua perpendicularmente a superfície que obstrui sua passagem. + - Ação do vento em elementos Produz um esforço de pressão sobre o elemento, empurrando-o na direção e sentido do vento VENTO A BARLAVENTO VENTO PARALELO Produz um esforço de sucção vertical sobre o elemento, puxando-o na direção perpendicular ao vento VENTO A SOTAVENTO Produz um esforço de sucção sobre o elemento, puxando-o na direção e sentido do vento Produz um esforço de sobrepressão sobre o elemento, empurrando-o na direção e sentido do vento e na direção perpendicular ao vento. VENTO COM PRESSÃO INTERNA Produz um esforço de sucção sobre o elemento, puxando-o na direção e sentido do vento e na direção perpendicular do vento. VENTO COM SUCÇÃO INTERNA Sucção Ensaios em túneis de vento mostram que o máximo de sucção média aparece em coberturas com inclinação entre 8° e 12°, para certas proporções da construção, exatamente as inclinações de uso corrente na arquitetura em um grande número de construções. Sobrepressão Ocorre com mais frequência em coberturas com mais de 45 graus de inclinação. Situação padronizada: Regiões diferentes do planeta estão sujeitas a diferentes velocidades do vento Velocidade Básicado Vento Vo • equipamentos de leitura anemômetros ou anemógrafos • condições de instalação (altura, localização e rugosidade do terreno) 10 metros de altura em terrenos planos sem obstrução Velocidade padrão a ser corrigidas para cada caso particular. Isopletas • velocidade básica para uma rajada de 3 segundos; • período de retorno de 50 anos; • probabilidade de 63% de ser excedida, pelo menos uma vez, no período de retorno; • altura de 10 metros • terreno plano, em campo aberto, sem obstruções. ABNT NBR 6123 Vk leva em consideração os aspectos particulares da edificação Vo velocidade padrão a) topografia do local; b) rugosidade do terreno; (presença ou não de obstáculos – perfil de velocidade) a) altura da edificação; b) dimensões da edificação; c) o tipo de ocupação e os riscos à vida humana. Velocidade Característica do Vento Vk 1S FATOR TOPOGRÁFICO FATOR DE RUGOSIDADE DO TERRENO E DIMENSÕES DA EDIFICAÇÃO 2S 3S FATOR ESTATÍSTICO 0 1 2 3kV V S S S Fator topográfico - S1 Terreno plano ou pouco ondulado Vale protegido, com diminuição de V Aclive, com aumento de V Alteração das linhas de fluxo em função da topografia 1 1,0S 1 0,9S Taludes Morros No ponto B Para 3° < θ < 6° e 17° < θ < 45° interpolar linearmente. z- altura medida a partir da superfície do terreno no ponto considerado d- é a diferença de nível entra a base e o topo do talude ou morro. Rugosidade do terreno - S2 CATEGORIA I Superfícies lisas de grandes dimensões, com mais de 5km de extensão. Exemplos: mar calmo, lagos e rios, pântanos sem vegetação; CATEGORIA II Terrenos abertos, em nível ou aproximadamente em nível, com poucos obstáculos isolados como árvores e edificações baixas. Exemplos: zonas costeiras planas, pântanos com vegetação rala, campos de aviação, pradarias, fazendas sem sedes ou muros (a cota média do topo dos obstáculos é considerada ≤1m); CATEGORIA III Terrenos planos ou ondulados com obstáculos, tais como sebes e muros, poucos quebra-ventos de árvores, edificações baixas e esparsas. Exemplos: granjas e casas de campo (com exceção das partes com matos), fazendas com sedes ou muros, subúrbios a considerável distância do centro, com casas baixas e esparsas (a cota média do topo dos obstáculos é considerada igual a 3m); CATEGORIA IV Terrenos cobertos por obstáculos numerosos e pouco espaçados, em zona florestal, industrial ou urbanizada. Exemplos: zonas de parques e bosques com muitas árvores, cidades pequenas e seus arredores, subúrbios densamente construídos de grandes cidades, áreas industriais plena ou parcialmente desenvolvidas (a cota média do topo dos obstáculos é considerada igual a 10m); CATEGORIA V Terrenos cobertos por obstáculos numerosos, grandes, altos e pouco espaçados. Exemplos: florestas com árvores altas de copas isoladas, centros de grandes cidades, complexos industriais bem desenvolvidos (a cota média do topo dos obstáculos é considerada ≥ 25m). Quanto maior edificação, maior turbilhão (rajada) e menor a velocidade média CLASSE A Todas as unidades de vedação, seus elementos de fixação e peças individuais de estruturas sem vedação; bem como toda edificação ou parte da edificação na qual a maior dimensão horizontal ou vertical da superfície frontal não exceda 20 metros; CLASSE B Toda edificação ou parte da edificação para a qual a maior dimensão horizontal ou vertical da superfície frontal esteja entre 20 e 50 metros; CLASSE C Toda edificação ou parte da edificação para a qual a maior dimensão horizontal ou vertical da superfície frontal exceda 50 metros. Dimensões da edificação –S2 Fator S2 p 2 rS = b F (z/10) Fr Fator de rajada correspondente à categoria II b Parâmetro de correção da classe da edificação p Parâmetro meteorológico Tabela 1 da NBR 6123/1988 - Parâmetros meteorológicos p 2 rS = b F (z/10) Tabela 2 da NBR 6123/1988 – Fator S2 É baseado em conceitos estatísticos e considerado o grau de segurança requerido e a vida útil da edificação. Tabela 3 da NBR6123/1988 - Valores mínimos do fator S3 Estabelece como vida útil da edificação o período de 50 anos e uma probabilidade de 63% da velocidade básica ser excedida, pelo menos uma vez, nesse período. Fator estatístico –S3 Exercício 1 - Determinar a velocidade característica do vento para o galpão mostrado abaixo. O galpão está localizado na cidade de Pelotas/RS em um terreno plano com poucos obstáculos.
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