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Monismo e pluralismo jurídico
Profa. Nadia Sater Gebara
Material baseado no livro de Sergio Cavalieri Filho e Ana Lucia Sabadell
A Escola Monista 
Englobando quase todos os juristas, esta escola entende que apenas um tipo de grupo social- o grupo político - o Estado devidamente organizado - está apto a criar normas de direito. 
A doutrina monista, que se encontra mais próxima das teorias de Hegel(1770), Marx(1818) e Kelsen(1881), pode ter sua razão de ser no que se refere à ciência do Direito, mas não com relação à sociologia jurídica. Um simples olhar sobre a vida social nos convence de que existiram prescrições jurídicas antes de a sociedade organizar-se em Estado, e que ainda existem prescrições, mesmo nas sociedades já política e juridicamente organizadas, além das que foram impostas pela autoridade política. 
Verificando que o Capitalismo concorrencial/industrial e o liberalismo político burguês forjaram um projeto jurídico que se define no século XVIII e se consolida no século XIX. Encaminha-se então para um terceiro “ciclo” monístico, dogmática com rígidas pretensões de cientificidade e que alcançou seu identificando uma legalidade apogeu dos anos 20 e 30 aos anos 50 e 60 do século XIX. Esse terceiro momento alcançou a culminância no formalismo dogmático da escola de Viena, representado basicamente pela teoria pura do Direito de Hans Kelsen.
O Monismo Estatal é um fenômeno jurídico que floresceu na moderna cultura européia, a partir do século XVII e XVIII, corresponde à visão de mundo predominante na sociedade moderna centrada no interesse do estado privado e na ética da racionalidade liberal-individualista, através de um estado soberano entrou em crise de esgotamento e estrutura, devido ao não acompanhamento das profundas transformações econômicas e políticas gerada pelos conflitos coletivos, das demandas sociais e das novas necessidades criadas pela globalização do capitalismo e sua inserção determinante nas estruturas sócio-políticas, dependentes e periféricas.
A íntima conexão entre a suprema racionalização do poder soberano e a positividade formal do Direito conduz à coesa e predominante doutrina do monismo. Essa concepção atribui ao Estado Moderno, o monopólio exclusivo da produção das normas jurídicas, ou seja, o Estado é o único agente legitimado capaz de criar legalidade para enquadrar as formas de relações sociais que se vão impondo. Esta asserção indica que, na dinâmica histórica, o princípio da estabilidade do Direito desenvolveu-se concomitantemente com a doutrina política da soberania, elevada esta à condição de característica essencial do Estado.
Verifica-se que o Direito moderno não só se revela como produção de uma dada formação social e econômica, como, principalmente, edifica-se na dinâmica da junção histórica entre a legalidade estatal e a centralização burocrática. O Estado moderno atribui a seus órgãos, legalmente constituídos, a decisão de legislar (Poder Legislativo) e de julgar (Poder Judiciário) através de leis gerais e abstratas, sistematizadas formalmente num corpo denominado Direito Positivo.
O segundo grande ciclo do monismo jurídico no contexto do período que vai da Revolução Francesa até o final das principais codificações do século XIX.
O conceito de Direito em Kelsen
Hans Kelsen formulou diversas críticas à Sociologia do Direito. Dentre estas se contam a de que tal sociologia incorre em jusnaturalismo, a de que confunde “ser” e “dever ser”, personificando normas, e a de que é incapaz de definir corpos coletivos.
A proposta “científica” de Kelsen descarta o dualismo Estado-Direito, fundindo-os, de tal modo que o Direito é o Estado, e o Estado é o direito privado. Essa proposta que é o expoente máximo do monismo jurídico contemporâneo no Ocidente, coincide com um período entre as duas guerras, marcado pela depressão econômica, crise e renovação do Capitalismo, bem como o surto das implementações tecnocráticas e o crescimento organizado das forças produtivas sob o intervencionismo estatal.
Torna-se imprescindível reconhecer historicamente determinados pressupostos ideológicos estreitamente vinculados e interdependentes que moldam o corpo da moderna doutrina do monismo jurídico, tais como a estatalidade, a unicidade, a positivação e a racionalização.
A primeira e essencial especificidade do Direito moderno é a natureza de sua estatalidade, ou seja, só o sistema legal posto pelos órgãos estatais deve ser considerado Direito Positivo, não existindo positividade fora do Estado e sem o Estado. Esse procedimento de que o Estado Soberano detém o monopólio da produção das normas jurídicas, permite aferir a função instrumental da moderna organização burocrático-centralizadora, no sentido de não só unificar nacionalmente o Direito, mas igualmente tornar viável a supremacia da lei do Estado (verifica-se, assim, tanto a estabilidade como a unicidade).
Outro elemento caracterizador do Direito Estatal, inter-relacionado com a própria estatalidade e a unicidade, é problema da positividade do Direito. Verificando que o direito positivo é a representação do direito posto oficialmente, composto por um conjunto de regras coercitivas vigentes destinadas às condições históricas de um espaço público particular. Na positividade jurídica ocorre a organização centralizada do poder e o funcionamento de órgãos aptos a assegurar o cumprimento das regras.
Foi Max Weber quem melhor tratou a racionalidade não só como expressão problemática do mundo, mas, sobretudo, como fio condutor particular à civilização ocidental. Esse processo consiste na organização da vida, por divisão e coordenação das diversas atividades, com base em um estudo precioso das relações entre os homens, com seus instrumentos e meios, vistas a maior eficácia e rendimento(Burocracia)
Para seus adeptos, o Direito é um sistema pleno, sem lacunas e autônomo , dentro do qual não há espaço para juízos de valor, morais ou políticos. 
Enquanto o jusnaturalismo pauta o Direito pela justiça das suas normas, e o realismo define o Direito pela eficácia daquelas, o positivismo faz o Direito depender da validade dos seus comandos normativos 
Em Kelsen, o Direito apresenta-se como um sistema normativo — formado por normas válidas e coercitivas —, que funciona como um "esquema de interpretação" a conferir sentido jurídico aos atos humanos Assim, uma conduta humana é juridicamente relevante se coincide com o conteúdo de uma norma válida. 
A pretensão dessa concepção de Direito é descrever o Direito como ele é, não dizer como ele deveria ser . Para melhor compreender a construção, importa analisar algumas das categorias com que trabalha Kelsen.
Norma jurídica. A norma jurídica é um dever-ser e o ato humano ao qual ela atribui significado é um ser . Esse ato será conforme o Direito se coincidir, em seu conteúdo, com o conteúdo da norma. O conteúdo da norma pode ser um comandar, um permitir e um conferir competência. Eventual divergência entre o ato e o conteúdo da norma implica em uma sanção socialmente organizada.
Validade. Para incidir nos fatos da vida e atribuir-lhes efeitos jurídicos, a norma precisa ser válida. Para Kelsen, a validade é a qualidade da norma que:
 (1) existe juridicamente, isto é pertence a um ordenamento jurídico, posto que criada segundo o modo prescrito por outra norma do sistema, de forma a obrigar os homens a se comportarem segundo o conteúdo normativo. 
Portanto, uma norma existe e obriga na medida em que foi produzida conforme o prescrito em uma norma superior. Cria-se, assim, uma "cadeia normativa" de normas postas. Para que esse encadeamento não caia no infinito, Kelsen pressupõe uma norma hipotética que, pretensamente, fecha o sistema: a norma fundamental - Constituição
Norma fundamental. Para completar o projeto positivista, Kelsen não pode fechar o seu sistema normativo com um dado fático ou moral. O próprio Direito deve fundar o sistema normativo. Chega-se, assim, à norma fundamental, uma normajurídica hipotética, não posta mas pressuposta, que funciona como fundamento de validade último de todo o sistema normativo kelseniano, assim podendo ser enunciada: "devemos obedecer às ordens do autor da Constituição" qualquer que seja o conteúdo desta Constituição.
Em Kelsen, não interessa ao Direito se uma norma é verdadeira ou falsa, boa ou má, mas tão-somente se ela é válida ou inválida. O único juízo de valor admitido por Kelsen é a compatibilidade das condutas humanas às normas, e destas com as normas superiores.
Essa concepção de Direito é aplicada por Kelsen em sua teoria do Estado. Em verdade, para o jurista austríaco, Estado e Direito se confundem. Essa construção terá implicações marcantes na concepção kelseniana de democracia — e de Estado democrático —, a qual também restará, pretensamente, esvaziada de juízos axiológicos.
3. O jogo democrático em Kelsen
A democracia concebida por Kelsen funda-se em "dois postulados da nossa razão prática" liberdade e igualdade 
democracia
No momento em que o homem se organiza em sociedade, paulatinamente configura-se um aparato estatal que disciplinará as relações dos homens entre si e destes com o Estado. Surge, então, um poder que comandará o indivíduo e a sociedade. Ora, sendo a liberdade ínsita a cada ser humano, devemos ser comandados por nós mesmos. Portanto, para Kelsen, o homem é livre na medida em que participa da formação da vontade do Estado. 
De qualquer forma, "...mesmo que a vontade geral seja realizada diretamente pelo povo, o indivíduo é livre só por um momento, isto é, durante a votação, mas apenas se votou com a maioria e não com a minoria vencida" 
A Sociologia positivista de Max Weber
A partir da concepção de poder de Weber, é possível entrar no conceito de monismo estatal, que nasceu na cultura européia Ocidental, a partir do século XVII e XVIII, corresponde a visão de mundo predominante no âmbito da formação social burguesa, do modo de produção capitalista, da ideologia liberal-individualista e na centralização política através da figura de um estado Nacional soberano. É um modelo normativista tecno-formal, centrado literalmente na legalidade e no reducionismo normativista, ou seja, possui suas normas ordenadas/legitimadas em uma dada formação social e não admiti a possibilidade de outras formas de práticas diferenciadas no jurídico, havendo a hegemonia do modelo estatal de direito.
A crise do modelo positivista: 
Esse modelo hegemônico do direito estatal passou a entrar em crise estabelecendo condições para o surgimento de orientações teóricas que questionam e superam o reducionismo normativista. Toda essa revisão crítica do direito dominante, marcada pela crise de legitimidade e pela crise de produção e aplicação da justiça, foi reduzida a uma única e grande teoria crítica do direito, compreendendo inúmeras tendências e correntes refletidas das condições sócio políticas que predominam em seus países, especificamente no Brasil (durante o século XX)
O pluralismo crítico tem a sua concepção de poder centrada em Foucault. De acordo com suas análises feitas em 1981, junto com a de Burbules (1987), que definem o poder como um fenômeno social que se constituiu historicamente, onde a relação é dinâmica e todos os indivíduos como centro de transmissão e que representa “uma rede de relações que envolve todos os indivíduos de uma sociedade” (Foucault, 1981)
Foucault no seu livro Microfísica do Poder, afirma que:
Foucault, (1981:142)
“O poder (...) não é algo que se possa dividir entre aqueles que o possuem e o detém exclusivamente e aqueles que não o possuem e a de que são submetidos. O poder deve ser examinado como algo que circula, ou melhor, como algo que só funciona em cadeia. Nunca está localizado aqui ou ali, nunca está nas mãos de alguns, nunca é apropriado com uma riqueza ou um bem. O poder funciona e se exerce em rede. Nas suas malhas, os indivíduos não só circulam, mas estão, sempre, em condições de o exercer e de sofrer a sua ação: nunca são o alvo inerte ou consentido do poder: são sempre centros de transmissão.”
Verifica-se ainda, que não há nenhuma relação de sinonímia entre o estado e o poder, o Estado não é mais ponto de partida de dissolução do poder, ou seja, as relações de poder se diferenciam do Estado e de seus aparelhos. Contudo, a destruição do aparelho do Estado não é suficiente para desaparecer os poderes que imperam em uma sociedade.
A posição de Foucault, e a valorização de “micro-revoluções” que podem ser feitas em prisões, escolas, hospitais, ou seja, propõe que nessas instituições seja uma forma de contestação de poder, organizando, assim, uma alternativa ao poder burocrático (bate de frente com a concepção de poder de Weber).
O último ciclo do monismo jurídico deve ser situado a partir dos anos 60 e 70. Está ligado com as novas necessidades de reordenação e globalização do capital monopolista e com o enfraquecimento produtivo do Welfare State (crise fiscal e ingovernabilidade do Estado do Bem-Estar). Os princípios e os objetivos que sedimentaram o estatuto e epistemológico da legalidade ocidental, instaurados entre os séculos XVII e XVIII, e predominantes nos séculos XIX e XX, começam a não mais responder eficazmente às novas demandas político-econômicas, ao aumento dos conflitos entre grupos e classes, e ao surgimento de complexas contradições culturais e matérias de vida inerentes à sociedade de massa.
Por fim, o último ciclo do monismo jurídico deve ser situado a partir dos anos 60 e 70. Está ligado com às novas necessidades de reordenação e globalização do capital monopolista e com o enfraquecimento produtivo do Welfare State (crise fiscal e ingovernabilidade do Estado do Bem-Estar). Os princípios e os objetivos que sedimentaram o estatuto e epistemológico da legalidade ocidental, instaurados entre os séculos XVII e XVIII, e predominantes nos séculos XIX e XX, começam a não mais responder eficazmente às novas demandas político-econômicas, ao aumento dos conflitos entre grupos e classes, e ao surgimento de complexas contradições culturais e matérias de vida inerentes à sociedade de massa.
Essa quarta etapa do processo caracteriza o esgotamento do paradigma de legalidade que sustentou, por mais de três séculos, a modernidade burguês-capitalista. No entanto esse declínio fez com que a variante estatal normativista resistisse a qualquer tentativa de perder sua hegemonia, persistindo, dogmaticamente, na rígida estrutura lógico-formal de múltiplas formas institucionalizadas.
Importa descrever o fenômeno da racionalização como pressuposto essencial para a correta compreensão dos aspectos normativos, institucionais e decisionais do moderno Direito Ocidental. 
Foi Max Weber quem melhor tratou a racionalidade não só como expressão problemática do mundo, mas, sobretudo, como fio condutor particular à civilização ocidental. Esse processo consiste na organização da vida, por divisão e coordenação das diversas atividades, com base em um estudo precioso das relações entre os homens, com seus instrumentos e meios, vistas a maior eficácia e rendimento.
Levando em conta todos processos explicados e tendo como objetivo correlacionar a hegemonia do modelo Estatal de direito e sua crise de eficácia na periferia com as proposições relativas com a emergência de uma nova fonte legitimadora de produção jurídica, que verifique na historicidade um modelo cultural que expresse o alargamento do espaço societário e de seu poder de auto-regulação. Surge, então, o Pluralismo jurídico.
Para um melhor entendimento da formação e concretização do Pluralismo, é preciso verificar seus quatros processos de formação, evidenciando os que ocorreram no Brasil. São eles: 
1) Práticas pluralistas alternativas, ao nível da legislação e da jurisdição, surgidas no interior da própria ordem jurídico-estatal oficial; 
2) Práticas pluralistas alternativas, ao nível da legislação e jurisdição, instituídas à margem da juridicidade posta pelo estado; 
3) Asreais implicações da cultura jurídica informal, no que tange às novas formas de legitimidade, da efetividade do justo ilegal, dos critérios de eticidade, da natureza alternativa da sanção e da justiça informal face à mudança dos papéis entre Estado e Sociedade; 
4) A influência na formação de uma nova cultura jurídica pluralista latino-americana dos valores fundamentais trazidos pelos movimentos sociais, como identidade, autonomia, satisfação das necessidades, participação democrática de base, expressão cultural do novo, e igualmente a proposição de um outro significado de justiça. Neste horizonte de pluralidades, além de implementar os fundamentos de efetividade material e formal do projeto alternativo, o instrumental pedagógico libertário estabelece as condições para uma concepção interdisciplinar e participativa de justiça.
A crítica jurídica ou o pensamento crítico surge com novas tendências paradigmáticas que desmistificam a lógica racionalista e os pressupostos dogmáticos do cientificismo positivista (contemporâneo).
O Direito alternativo então surge devido à insuficiência da crítica jurídica tradicional. Para assim, este ser, uma alternativa viável que possibilite a recuperação do direito representado nas aspirações sociais (busca efetiva de saídas e opções concretas ao direito vigente).
A América, e em especial o Brasil, vê a partir da década de oitenta, a estruturação de um novo movimento crítico: o Direito Alternativo. No Brasil surge, mais precisamente, em 1980, introduzido no pensamento de Roberto Lyra Filho.
O movimento foi uma conseqüência de todo o processo de crítica do Direito desenvolvido principalmente a partir do início da década de 70. Em relação à maioria dos movimentos críticos anteriores ele inova, pois fez uma opção pelos pobres, sendo esta opção prática e não apenas retórica com se via anteriormente. Sua proposta se desloca do acadêmico para a rua, havendo o contato direto com os problemas populares, passando a ser identificado como um instrumento de luta. Trouxe ainda uma proposta maior, de construção de uma sociedade mais justa, ou seja, uma sociedade socialista e democrática. Seu projeto não é jurídico e, sim, político-econômico-social.
Para que o movimento do direito Alternativo torna-se praticamente homogêneo era preciso levar em conta algumas questões, tais como: 
A constatação de que existe uma luta de classes e de que o Direito é um instrumento, uma arma dessa luta;
A luta pela construção do socialismo democrático; 
A utilização da justiça social como parâmetro para definir o que é e o que não é Direito. No entanto, o Direito Alternativo não deve ser visto como a negação do pluralismo metódico, mas sim como o privilegiamento de um método sem a exclusão dos demais, que podem também ser utilizados de forma suplementar ou concomitante.
O positivismo de Combate visa a dar eficácia concreta aos direitos individuais e sociais já inscritos nos textos legais e que não vem sendo aplicados em favor das classes populares. Pode-se dizer também que é um forte instrumento de luta utilizado pelos mais diversos grupos presentes no movimento Direito Alternativo.
O uso alternativo de Direito se caracteriza pela utilização das contradições existentes no sistema. Parte do pressuposto que frente a uma antinomia jurídica, deve o intérprete escolher aquela opção que seja mais comprometida com a democracia e os interesses das classes grupos menos privilegiados dentro do contexto social. Essa forma de luta está mais presente entre os magistrados e os membros do ministério público que integram o movimento.
A segunda frente de luta do Direito Alternativo é a que diz respeito à aceitação do denominado Pluralismo jurídico. Esse fenômeno é estudado, principalmente, no âmbito da sociologia jurídica e refere-se à possibilidade da existência de uma pluralidade de ordenamentos em um mesmo espaço temporal e geográfico.
Tem-se ainda a existência do movimento do Direito Insurgente, como sendo aquele criado pela sociedade nos casos de lacuna ou injustiça do Direito Estatal. A razão é simples: O reconhecimento da existência de outras normas jurídicas além das expressamente criadas pelo Estado leva à defesa de sua aplicação em detrimento das normas estatais, sempre que essas forem injustas.
A segunda frente de luta comporta ainda a aceitação do jusnaturalismo de caminhada. Esta se caracteriza pela luta em favor da aplicação irrestrita de alguns direitos básicos, como os referentes à vida e a liberdade, que se entende acima da ordem jurídica positivada.
As maiores reações contra o movimento, é pela opção pelos pobres, pelos marginalizados, por todos aqueles que formam as classes e grupos menos privilegiados dentro da sociedade. O que esse movimento traz, então de novo, se encontra exatamente na fixação de critérios básicos a serem adotados, em cada caso, na escolha da decisão a ser tomada. A outra reação a este movimento é que este defende a construção de uma sociedade democrática e socialista.
O suporte do Direito Alternativo é a legitimidade, não a legalidade. Ele é o conjunto de direitos conquistados historicamente nas lutas sociais, mesmo que sonegados pela legalidade momentânea. O que o intérprete e o aplicador devem buscar, são os mecanismos jurídicos que permitam a efetivação desse Direito, esteja ele ou não nos textos legais. Afinal, antes de tudo ele é, justiça social, sendo o paradigma básico da própria legitimidade.
Diante de tudo que foi exposto do pluralismo jurídico é verificado que em nível teórico e prático, é o uma alternativa, ou seja é a busca efetiva de saídas e opções concretas ao Direito vigente. Realiza o possível para que se possa fazer justiça social e realizar, a médio prazo, uma nova sociedade.
Wolkemer, Antônio Carlos, Pluralismo Jurídico. In: Fundamentos de uma nova cultura jurídica no Direito. São Paulo:Alfa Omega, 1997.
A Escola Pluralista 
Pluralismo Jurídico é o fenômeno que possibilita o surgimento de ‘direitos’ extra-estatais, ou seja, a possibilidade que existe do Estado não ser o único a emanar/deter normas. 
Esse fenômeno reconhece como legítimas, as relações jurídicas criadas por grupos “marginais”, no plano da luta social por direitos e pela democracia, como por exemplo as lutas dos grupos pró-moradia, pró-cidadania, etc. 
“Ao contrário da concepção unitária, homogênea e centralizadora, denominada de ‘monismo’, a formulação teórica e doutrinária do pluralismo designa a existência de mais de uma realidade, de múltiplas formas de ação prática e da diversidade de campos sociais com particularidade própria, ou seja, envolve o conjunto de fenômenos autônomos e elementos heterogêneos que não se reduzem entre si. O pluralismo enquanto concepção ‘filosófica’ se opõe ao unitarismo determinista do materialismo e do idealismo modernos, pois advoga a independência e a inter-relação entre a realidade e princípios diversos”. (Wolkmer, 1997)
 
O movimento foi uma conseqüência de todo o processo de crítica do Direito desenvolvido principalmente a partir do início da década de 70.
Em relação à maioria dos movimentos críticos anteriores ele inova, pois fez uma opção pelos pobres, sendo esta opção prática e não apenas retórica com se via anteriormente. Sua proposta se desloca do acadêmico para a rua, havendo o contato direto com os problemas populares, passando a ser identificado como um instrumento de luta. Trouxe ainda uma proposta maior, de construção de uma sociedade mais justa, ou seja, uma sociedade socialista e democrática. Seu projeto não é jurídico e, sim, político-econômico-social
A escola pluralista que, além de alguns juristas, compreende sociólogos e filósofos, considera que todo agrupamento de certa consistência ou expressão pode outorgar-se normas de funcionamento que, ultrapassando o caráter de simples regulamentos, adquirem o alcance de verdadeiras regras jurídicas. Segundo Henri Levy Brühl, o principal adepto da doutrina pluralista é G. Gurvitch, que a defendeu em diversos trabalhos.Gurvitch entende que o Direito surge da própria sociedade, não necessitando do Estado, mas apenas de fatos normativos que lhe dão existência e força obrigatória.
Georges Gurvitch foi o autor que construiu a teoria mais completa e abrangente do Pluralismo Jurídico na França, inspirando-se em Leon Petrazycki e em Eugen Ehrlich. Sua tese de doutoramento versou sobre o Direito Social (1931), tendo um artigo publicado sobre a teoria pluralista como fonte do Direito Positivo no ano de 1934 e um livro sobre o mesmo tema no ano seguinte.
De acordo com o que o próprio Gurvitch expressou em seu "Itinerário Intelectual ou o Excluído da Orda", tais teses se propunham demonstrar de um lado que "a sociologia do direito possuía um primado sobre as técnicas jurídicas apropriadas a um regime particular, e por outro lado, que o direito social não estático, ignorado muitas vezes pelos juristas, sendo engendrado por cada. Nós, cada grupo, cada classe, tão depressa de uma maneira espontânea, tão depressa pelos precedentes, costumes, práticas, etc., detinha na nossa época uma força propulsiva e explosiva particular."
Em sua obra sobre Direito Social, o autor buscou em sua essência toda uma formulação crítica ao individualismo jurídico, enfatizando propostas anti-individualista e antiestatistas, recusando identificar o todo social com um de seus setores de expressão possíveis: o Estado, numa concepção mais ampla do social. A isso, somaram-se suas experiências diretas no período revolucionário russo que lhe revelaram idéias traduzidas posteriormente para o direito social que nasce espontaneamente da sociedade, independente do Estado e da sua ordem jurídica, podendo ter as mais variadas relações com o direito estático.
Mas, ainda que não houvesse esta criação racional e um pouco artificial, o Direito necessariamente brotaria como floração espontânea da sociedade. Foi assim que aconteceu noutros tempos sob a forma de costumes, e isso mostra o caráter necessário do Direito (Introdução ao Estudo do Direito, 9ª ed., Lisboa, Livraria Petrony, vol. I, p. 27). 
III - A Função Social do Direito na Atual Ordem Jurídica Brasileira
Cumpre por último registrar que o Direito não desempenha apenas essas duas funções na sociedade. Modernamente a sua missão é muito mais ampla uma vez que lhe cabe, em última instância, prover o bem comum.
Miguel Reale: “não é a soma dos bens individuais, nem a média do bem de todos; o bem comum, a rigor, é a ordenação daquilo que cada homem pode realizar sem prejuízo do bem alheio, uma posição harmônica do bem de cada um com o bem de todos” 
“O Direito, diz Paulo Nader, na atualidade é um fator decisivo para o avanço social. Além de garantir o homem, favorece o desenvolvimento da ciência, da tecnologia, da produção das riquezas, o progresso das comunicações, a elevação do nível cultural do povo, promovendo ainda a formação de uma consciência nacional”. 
A atual ordem jurídica brasileira dá grande ênfase à função social do Direito. 
Exemplos: 
►A Constituição de 1988, ao garantir o direito de propriedade, ressaltou que terá ela que cumprir a sua função social (arts. 5°, XI, XII; 170, I; 182, § 4°, I; 186). ►Código Civil, por sua vez, prestigia esta questão a ponto do seu grande coordenador, o jurista Miguel Reale, ter afirmado que a socialidade é uma das suas principais características. Assim como o Código Civil de Napoleão foi fruto do liberalismo do século XVIII, cuja trilha foi seguida pelo nosso Código de 1916, a visão social do Direito - o Direito como instrumento para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e solidária - foi a grande motivação do novo Código Civil. 
►A função social do Direito é consagrada no novo Código Civil no seu art. 422 ao dispor que a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. Temos ali uma cláusula geral a ser observada em todo e qualquer contrato, dos mais simples aos mais complexos, e que altera substancialmente o conteúdo da atividade contratual. Exige dos contratantes uma postura mais humana, menos individualista, inaugurando um novo tempo no mundo negocial. 
Quem contrata não mais contrata apenas com quem contrata; contrata também com a sociedade
	
	
O exercício de todo direito subjetivo está condicionado ao fim que a sociedade se propôs: a paz, a ordem, a solidariedade e a harmonia coletiva, enfim, ao bem comum, porque o Direito, repita-se, é o instrumento de organização social para atingir essa finalidade. 
Em conformidade com a Constituição, como não poderia deixar de ser, o § lº do art. 1.228 do novo Código Civil submete o exercício do direito de propriedade à sua função social. “
Kelsen:
“ser” = Norma
“dever ser” = Ato humano
Elemento caracterizador do Direito Estatal: 
estatalidade e unicidade, positivação e racionalização.
Jusnaturalismo - justiça
Realismo – eficácia
Positivismo- validade
"norma jurídica não é a norma justa ou a norma eficaz, é a norma válida" . 
Kelsen.
liberdade e igualdade
o pluralismo jurídico: teoria que sustenta a coexistência de vários sistemas jurídicos no seio da mesma sociedade
 sociedade.
Direito Alternativo - legitimidade, não a legalidade
Pode-se afirmar que a passagem do individualismo para o social é a característica essencial da evolução jurídica do nosso tempo. 
Valer-se do direito para colimar resultados contrários à sua instituição, eis o abuso do direito” (Conflito de Vizinhança e sua Composição, 2a ed., Forense, p.100). 
“O proprietário poderá ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante”, caso em que será fixada uma justa indenização ao proprietário”.

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