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Explicação de Texto - Madame Bovary

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Para estruturarmos esta explicação de texto, foram recortados do romance, dois trechos referentes aos capítulos 6 (segunda parte – páginas 115 - 118) e 8 (terceira parte – páginas 449 - 452), onde que, em ambos, podemos observar relação homologas entre o início da vida da heroína e sua decadência. Procurarei analisar neste trabalho, as consequências causadas na vida de Emma Bovary, por certos costumes que tivera desde sua infância e, também, as influências místicas que podem ser referenciadas ao decorrer destes trechos que fazem forte relação com a personalidade de Emma e os acontecimentos que ocorrem com a mesma personagem. 	 
	Logo no início do capítulo 6 percebemos um narrador onisciente em terceira pessoa, o narrador não atribui valores positivos ou negativos as ações cometidas por Emma, ele apenas apresenta os fatos, na maioria das vezes, de forma descritiva, sem inserção de nenhum diálogo. O narrado começa narrando que Emma havia lido Paul et Viriginie, um romance escrito por Barnardin de Saint-Pierre, que conta a história de amor infantil e juvenil, seguida de separação e morte; e prossegue dizendo que Emma havia sonhado com várias coisas, até com a idéia de ter um irmãozinho, entretanto, o que destaco neste momento é o fato de que o irmão que Emma sonhara, deveria fazer algumas ações já imaginadas pela heroína, como por exemplo, “[...] buscar para você os frutos vermelhos nas grandes árvores mais altas do que campanários, ou que corre descalço pela areia, trazendo-lhe um ninho de passarinhos.” (pg. 115), Emma cria uma visão imagética de como deveria ser seu irmão, ocasionada pela leitura que fizera do romance infantil, assim já podemos determinar que Emma, desde muito nova, já se influenciara por suas leituras, o que posteriormente a influenciará de forma escandalosa.
	Aos treze anos, Emma foi conduzida por seus pais a um convento, onde fora educada por freias, de forma rígida e conveniente aos padrões de etiqueta da época. No convento, Emma, se dedicava aos estudos, se distraia minimamente com as brincadeiras na hora do intervalo e compreendia bem o catecismo, a heroína havia se apegado logo cedo aos costumes religiosos, ia á igreja, se confessava, rezava, cantava os cânticos canônicos e se deliciava apenas com o cheiro do perfumes do altar. O narrador nos apresenta logo em seguida, alguns elementos que podem passar despercebidos em uma primeira leitura; os elementos que chamam a atenção de Emma nos sermões dos padres na missa faziam referência á assuntos de âmbito conjugais, como apontado na página 116, “As comparações de noivo, de esposo, de amante celeste e de núpcias eternas que aparecem nos sermões levantavam-lhe do fundo da alma doçuras inesperadas.”, estes sentimentos inesperados que brotam de forma inusitada podem salientar pequenos devaneios que a personagem já tinha ao imaginar tais elementos amorosos. 
	Ao fim da página 116 o narrador nos apresenta alguns aspectos pertinentes da personalidade de Emma Roualt (pois neste trecho, Emma ainda não havia se casado com Charles Bovary). Emma era acostumada aos aspectos calmos, entretanto, lhe fascinavam os acidentados (termo próprio do narrador), Emma apreciava tudo que lhe era conveniente, principalmente ao coração (dominado pelas leituras), o que não despertava nela, nenhum interesse, ela logo descartado; essas características perdurarão por todo romance. Ainda neste parágrafo, descobrimos que Emma possui uma “[...] índole mais sentimental do que artística, buscando emoções, e não paisagens.”, essa perspectiva emocional que nos fora apresentado, é crucial para entendermos, mais adiante, as conseguências que a heroína sofreu durante toda sua vida. 
	Emma, como dito anteriormente, fora influenciada desde criança pelas leituras que fazia, entretanto, vale ressaltar que as leituras, eram de romances românticos, o que formaliza totalmente o âmbito de nossa análise, caso Emma tenha lido outros tipos de romances, o romance escrito por Flaubert teriam tido outros rumos, e por acaso não teria se tornado tão atrativo. Na página 117 são revelados com clareza os elementos que eram mais frequentes nos romances que Emma lia, tais romances foram apresentados a personagem através da solteirona que ia trabalhar no convento todos os meses, ela trazia consigo as novidades da vida fora do convento, algumas quinquilharias e também os livros tão desejados por Emma. Por alguns meses Emma dedicou-se apenas aos livros que a solteirona lhe emprestou, falavam apenas de “[...] amores, namorados, namoradas, damas perseguidas a desmaiar em pavilhões solitários, mensageiros que são mortos em todas as paradas, casas que se esgotam em todas as páginas, florestas sombrias [...]” (pg. 117), dentre outros assuntos, ao contrário do romance lido por Emma no início da obra (de amor infantil e juvenil), que ao contrário dos que Emma lê aos quinze anos que apresentam uma maturidade mais forte. São com base nestes tipos de romance românticos que as atitudes tomadas por Emma em sua vida se desenvolverão, suas decepções virão á tona, seus anseios serão destruídos e seu fim trágico. 
	As 330 paginas seguintes, contarão a história de Emma. Emma se casa com Charles Bovary (oficial de saúde), pouco tempo após o casamento, ela logo se entedia com o casamento e com a vida que leva nada se assemelha aos anseios que ela tivera quando lia seus romances, tal insatisfação levou-os a se mudar para uma cidade maior, chamada Yonville – l’ Abbaye, nesta nova cidade Emma também se entedia rapidamente. Várias artimanhas irão ocorrer, a paixão silenciosa de León por Emma, a paixão encantadora de Emma por Rodolphe (ocorre à primeira traição), que acaba abandonando-a, Emma se entristeceu, após sua recuperação, ela reencontra León em um teatro e passa a encontrá-lo todas as semanas alegando ao marido que estava aprendendo música (ocorre a segunda traição). 
	Retomamos neste momento, o oitavo capítulo da terceira parte do romance, onde é narrado a agonia e a morte de Emma ocasionada por envenenamento com arsênio. Emma se envenenou após uma sucessão de decepções, ela adquiriu várias divididas ocasionadas por sua grande ambição por luxo, riqueza e status. Os bens da casa dos Bovary foram confiscados e sem nenhuma alternativa, Emma pediu ajuda para todos seus amigos e seus ex-amantes, sem nenhum êxito e perturbada por sua insatisfação pessoal e amorosa, ela resolve tirar sua própria vida. Ao decorrer da narração da agonia da heroína, na página 449, Emma é contemplada com a visita do padre, a descrição do cenário do quarto onde a personagem esta é perturbadora, alguns algodões, um lençol, velas e um grande crucifixo; Emma encheu-se de alegria e pudera receber neste momento as vagas lembranças de seu passado, sua religiosidade que havia novamente se apagado, voltou á tona e “[...] então ela alongou o pescoço como alguém que tem sede e, colocando os lábiossobre o corpo do Homem-Deus, depositou ali com toda sua força expirante o maior beijo de amor que jamais houvera dado.” (pg. 449), após cumprir todo ritual de encomendação do corpo (benção dos olhos, dos ouvidos, da boca, das mãos, dos pés e de todo corpo do defunto), o narrador exalta em cada movimento do padre, um caso realizado por Emma, nos olhos a cobiça, na boca a mentira, nas mãos o contato sexual e nos pés satisfação dos desejos. 
	Ao final do capítulo 8, pouco tempo antes da morte de Emma, o narrador nos surpreende, ao passo que apresenta o cego, um personagem misterioso e perturbador, pode referir-se ao oráculo, comum na literatura clássica, aquele que anuncia algum pressagio, como ele já tivera tido uma aparição na obra, onde ele também cantarolava. O cego pode-se referir-se a própria morte, no trecho que se segue, “[...] acreditando ver a face horrenda do miserável, que se erguia das trevas eternas como algo de espantar.”, e m segue, morre. Na narração da morte de Emma, não há nenhuma exposição de sentimentos, isso reforça o fato de que esta personagem já era desprovida de seus próprios sentidos. 
	Para concluir, fica claro que avida de Emma Bovary, voltava-se apenas ao desejo de ambição pessoal; ao contrário da realidade, Emma foi tomada por uma vontade insensata de realização de seus desejos, a distância entre o desejo e a possibilidade de realizá-los se encontra entre dois abismos, que a heroína nunca consegue estabelecer-se. Este distanciamento verifica-se pelo fato de que Emma é um sujeito inerte, ou seja, alienado, ela foi tomada por todas as leituras que fizera durante sua vida, assim, a personagem pode ser considerada a personificação do romantismo, seus pensamentos, anseios e devaneios se frustram constantemente com a realidade, pois a sucessão de acontecimentos são determinantes a partir do trabalho que Flaubert teve coma linguagem deste grande romance.

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