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esporte e lazer final versao preliminar

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Prévia do material em texto

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 
MINISTÉRIO DO ESPORTE 
Programa Mais Educação 
Macrocampo – Esporte e Lazer 
SOBRE O ESPORTE E O LAZER 
 
Autores 
Leila Mirtes de Magalhães Pinto 1 
Maria Leonor Brenner Ceia Ramos2 
Amauri Aparecido Bássoli de Oliveira3 
 
 
 
 
 
 
 
1 Diretora do Departamento de Ciência e Tecnologia do Esporte (DCTEC-SNDEL) – Ministério do Esporte. 
2 Chefe de Gabinete (SNDEL) – Ministério do Esporte. 
3 Professor Associado da Universidade Estadual de Maringá – UEM, Consultor do Ministério do Esporte. 
 
 
2 
 
PROGRAMA MAIS EDUCAÇÃO 
 
 
 
SOBRE O ESPORTE E O LAZER 
 
 
Participação de: 
Rejane Penna Rodrigues 
4
 
Gianna Lepre Perim
5
 
Cláudia Bonalume 
6
 
Allyson Carvalho de Araújo
7
 
José Pereira de Melo
7
 
Cláudio Kravchychyn
8
 
Giuliano Gomes de Assis Pimentel
8
 
Ieda Parra Barbosa Rinaldi
8
 
Juliana Pizani
8
 
Taiza Daniela Seron
8
 
Vanildo Rodrigues Pereira
8 
Pedro Paulo Deprá
8 
Evando Carlos Moreira
9
 
Helen Wernik Nascimento
10
 
Raquel Stoilov Pereira
 11
 
Sérgio Augusto Rosa de Souza
 12
 
Eraldo dos Santos Pinheiro
13
 
 
 
 
 
4 Secretária Nacional de Desenvolvimento de Esporte e de Lazer (SNDEL) – Ministério do Esporte. 
5 Diretora do Departamento de Esporte Escolar e Identidade Cultural (DEEIC - SNEED) – Ministério do Esporte. 
6 Diretora do Departamento de Políticas Sociais da SNDEL (DPESEL - SNDEL) – Ministério do Esporte. 
7 Professores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN – Equipe Colaboradora do PST. 
8 Professores da Universidade Estadual de Maringá – PR. – Equipe Colaboradora do PST. 
9 Professor Adjunto da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT. 
10 Consultora Especialista em Políticas Públicas – Brasília – DF. 
11 Professora Mestre do Centro Universitário Várzea Grande – MT. 
12 Professor Assistente da Universidade Federal do Maranhão – UFMA, consultor do Ministério do Esporte – 
SNEED/ME. 
13 Professor Integrante de Equipe Colaboradora do PST – RS. 
 
 
3 
SUMÁRIO 
APRESENTAÇÃO 
1. DE QUE ESPORTE E LAZER FALAMOS? 
2. QUE RELAÇÃO ESPORTE, LAZER E ESCOLA PRETENDEMOS CONSTRUIR? 
3. QUE DIRETRIZES ORIENTAM A CONSTRUÇÃO DA AÇÃO EDUCATIVA 
INTEGRADA QUE PROPOMOS? 
3.1 Vivência lúdica do esporte e do lazer 
3.2 Respeito e valorização da diversidade cultural 
3.3 Promoção da intergeracionalidade 
3.4 Promoção da interdisciplinaridade e intersetorialidade 
3.5 Relação metodológica participativa 
3.6 Desenvolvimento de trabalho participativo para autoorganização comunitária 
4. QUE ATIVIDADES PODEM SER CONSTRUÍDAS NA AÇÃO EDUCATIVA 
INTEGRADA QUE PROPOMOS? 
4.1 Esporte 
4.1.1. Esportes coletivos 
4.1.2. Esportes individuais 
 
4.2 Artes marciais 
4.2.1. Artes marciais de aproximação 
4.2.2. Artes marciais que mantêm distância 
4.2.3. Outras 
 
4.3. Dança 
4.3.1. Danças tradicionais e folclóricas 
4.3.2. Dança de rua 
4.3.3. Outras 
 
4.4. Ginástica 
4.4.1. Ginástica circense 
4.4.2. Ginástica de academia 
4.4.3. Ginástica Artística e Rítmica 
4.4.4. Ginástica Geral 
 
4.5. Jogos e brincadeiras 
4.5.1. Jogos e brincadeiras populares 
 
 
4 
4.5.2. Jogos de tabuleiros 
4.5.3. Outros 
 
PARA REFLEXÃO 
FONTES 
 
LISTA DE QUADROS 
Quadro 1: As modalidades 
Quadro 2: Esporte coletivo e individual 
Quadro 3: Artes marciais de aproximação, que mantêm a distância e outros 
Quadro 4: Dança tradicional e folclórica, de rua e outros 
Quadro 5: Ginástica geral, de academia, artística e rítmica 
Quadro 6: Jogos e brincadeiras populares, tabuleiro e outros 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
Fig. 01: Jogo de futebol 
Fig. 02 e 03: Jogo de vôlei e vôlei cego sentado 
Fig. 04, 05 e 06: Cestas de basquete adaptadas 
Fig. 07: Jogo de rugby tag 
Fig. 08: Prática da iniciação à natação 
Fig. 09: Salto em altura 
Figuras 10 e 11: tênis de mesa 
Fig. 12: Iniciação ao tênis de campo 
Fig. 13 e 14: Artes marciais 
Figuras 15 e 16: Prática do karatê 
Figuras 17 e 18: Capoeira 
Figuras 19 e 20: Roda de capoeira 
Fig. 21: Oficina de dança 
Fig.22: Dança: uma manifestação inclusiva 
Figuras 23 e 24: Prática do xadrez 
Fig. 25: Prática do xadrez gigante 
Figuras 26 e 27: Jogos gigantes em lona 
Fig. 28: Caracol 
Fig. 29: Jogo dos dados 
 
 
 
5 
APRESENTAÇÃO 
 
Apresentamos a proposta de integração entre Políticas Participativas de Esporte, Lazer 
e Educação com o objetivo de fomentar ações educativas voltadas à autonomia cidadã, 
contribuindo com a superação de desigualdades sociais e inclusão educacional, assim como a 
promoção de mudanças concretas na vida dos brasileiros. 
Acreditamos que esta é uma oportunidade ímpar para a socialização das diretrizes e 
dos fundamentos que norteiam os Programas Sociais de Esporte e Lazer do Ministério do 
Esporte em ação integrada com o Programa Mais Educação, marco importante para a atuação 
do esporte e do lazer na educação escolar e intersetorialidade dos campos envolvidos. Espaço 
representativo de um novo tempo de desenvolvimento social e humano que assume o esporte e 
o lazer como meios e fins educativos. 
A proposta aqui apresentada enfatiza a importância do estabelecimento de relações 
interpessoais e coletivas para a apropriação e o acesso a conhecimentos e experiências de 
esporte e lazer, considerados como dois dos fatores prioritários do desenvolvimento humano. 
Relações que, para serem mantidas, devem priorizar os valores que alicerçam a convivência 
entre iguais e diferentes, bem como ampliar e diversificar as formações e oportunidades de 
práticas de esporte e lazer pelos sujeitos de todas as idades. 
Entendemos que cada sujeito vive etapas diferentes de aprendizagem, com facilidades, 
dificuldades, competências e habilidades diversas; com possibilidades de aprender que 
também se diferenciam uma das outras, traduzindo em experiências únicas as práticas 
culturais. Todos podem aprender coisas diferentes em tempos diferentes, o que garante a 
diversidade e a riqueza cultural. E, nesse contexto, o esporte e o lazer têm papéis especiais na 
formação ampliada, tendo em vista a educação integral, que implica escola, família e 
comunidade. 
Temos à frente o desafio da construção da sinergia capaz de reunir os esforços na 
mesma direção da conquista da cidadania pelo esporte e o lazer! 
 
 
 
 
6 
1. DE QUE ESPORTE E LAZER FALAMOS? 
 
Estamos falando do esporte e do lazer considerados como direitos sociais de toda 
população brasileira. Conquista alcançada a partir da Constituição Brasileira de 1988
1
. 
Você conhece esta Constituição? 
É a nossa Carta Magna, que estabelece os princípios fundamentais que definem os 
direitos e deveres de todos os cidadãos, atenta para o bem-estar de todos. Uma das partes da 
Constituição Brasileira de 1988 é dedicada à ―Educação, à Cultura e ao Desporto‖. Nesta 
parte, dois artigos garantem o direito ao esporte e ao lazer: o artigo 217 e o 227. 
O artigo 227 coloca bem claro que: ―é dever da família, da sociedade e do Estado 
assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, ao direito à vida, saúde, 
alimentação, educação, lazer, profissionalização, cultura, dignidade, ao respeito, liberdade e 
convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, 
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão‖ (Art. 227, Constituição 
Brasileira). 
Já no artigo 217, Seção III, que trata do direito ao desporto, é declarado o dever do 
Estado fomentar práticas desportivasformais e não formais, como direito de cada brasileiro, 
observando a promoção prioritária do desporto educacional e do incentivo ao lazer, como 
forma de promoção social. 
Mas a questão da garantia do direito não é tão simples como pode parecer. Isso porque 
ela não se limita a palavras e ideias, nem está fora das pessoas e só nas leis. O direito também 
não é garantido de forma automática. Ele se torna concreto na vida de todos quando as pessoas 
passam a cuidar das suas relações com elas mesmas, com os outros e o lugar onde vivem e 
realizam suas atividades cotidianas
2
. 
Afinal, se os direitos existem para garantir o bem-estar da população, não podemos 
esquecer que todos têm o mesmo direito e, ao mesmo tempo, a mesma responsabilidade e 
compromisso, para que os direitos aconteçam de fato. 
O governo tem que fazer sua parte, elaborando e executando políticas e programas, 
 
 
7 
garantindo equipamentos e atividades educativas, para que as pessoas tenham acesso às 
oportunidades disponíveis de vivências do que é de direito. As famílias, as escolas, os clubes, 
a sociedade organizada, enfim, todas as instituições têm também que fazer sua parte, da 
mesma forma que é importante a participação de todos nestas ações. 
É muito importante que todos conheçam seus direitos e deveres, para que tenhamos 
uma vida melhor em sociedade. O primeiro passo para que o direito ao esporte e ao lazer seja 
concreto é a consciência da sua importância em nossas vidas. 
Falando sobre o lazer, Marcellino
3
 o destaca como cultura – entendida no seu sentido 
mais amplo, vivenciada (praticada, fruída ou conhecida) no tempo disponível das obrigações 
profissionais, escolares, familiares, sociais, combinando os aspectos tempo e atitude. O 
importante, como traço definidor, é o caráter desinteressado dessa vivência. Nele não se busca 
outra recompensa além da satisfação provocada pela situação vivida. A disponibilidade de 
tempo significa possibilidade de opção pela atividade prática e contemplativa. Tempo 
disponível implica liberação das obrigações sociais. 
Leila Pinto
4
 complementa lembrando que o lazer é tempo/espaço/oportunidade 
privilegiado para vivências lúdicas. O lúdico, por sua vez, representa as experiências 
prazerosas, de livre escolha dos sujeitos a partir das suas oportunidades de diversificadas 
práticas culturais, compartilhadas com o outro, exercitando a autonomia de todos. A 
ludicidade é, pois, uma conquista do sujeito no contexto de suas relações socioculturais, 
vivência com sentidos e significados diversos, como de (re)criação, encontro e pertencimento. 
Afinal, sendo um fenômeno social que convive com as alegrias e os conflitos 
cotidianos, o lazer nas sociedades como a nossa tem várias compreensões, algumas são até 
contraditórias. De modo geral, o entendimento sobre lazer começa por compreendê-lo como a 
oportunidade de vivências que não são obrigatórias. 
Isso porque são muitas as obrigações que temos a cumprir todos os dias em casa, na 
escola, na igreja, no trabalho e em outros momentos. Por causa disso, muitas pessoas ficam 
―escravas do relógio‖, vivendo sob a pressão do estresse, com medo de perder tempo, 
oportunidades, dinheiro
5
. 
Em nosso meio, o lazer é, muitas vezes, valorizado na sua perspectiva compensatória 
como um tempo de descanso - ―tempo livre‖ das obrigações do trabalho -, a ser vivido mais 
 
 
8 
com o objetivo de recuperar as energias para retorno ao trabalho; ou na sua perspectiva 
utilitarista como tempo de consumo de muitos produtos e serviços de entretenimentos. 
Neste contexto capitalista, muitos se sentem mal com o ―tempo desocupado‖, tempo 
assim concebido por ser um momento sem atividade, não pela escolha da pessoa, mas pela sua 
condição de desempregada. Com isso, essas pessoas têm dificuldades de atribuir ao seu 
―tempo desocupado‖ o sentido de lazer, sobretudo, porque nele estão vivendo vários 
problemas (econômicos, estresse e outros) que dificultam, ou mesmo impedem o acesso às 
oportunidades de diversão e enriquecimento lúdico da vida cultural, que dão sentido ao lazer. 
Assim, o significado de lazer mais importante para nós é seu entendimento como 
cultura vivida com alegria e liberdade no tempo disponível fora das obrigações sociais. Um 
tempo/espaço/oportunidade privilegiado para vivências lúdicas, para brincar de diferentes 
modos, participar de diferentes formas (assistindo, praticando, conhecendo) e em vários 
lugares. Como é um dos fatores de qualidade de vida, o lazer é compreendido como meio e 
fim educativos para a formação de valores, e pode contribuir muito para o desenvolvimento 
social, cultural e humano.
6
 
Falando sobre o esporte, destacamos a diferença entre esporte de rendimento, esporte 
educacional e o de participação/lazer. O esporte de rendimento tem como característica básica 
ser praticado, segundo normas e regras nacionais e internacionais, com finalidade de obter 
resultados de alta performance e integrar pessoas e comunidade do País e estas com outras 
nações. Já o esporte educacional caracteriza-se por se desenvolver por meio dos sistemas de 
ensino e formas sistemáticas e assistemáticas de educação, evitando-se a seletividade, a 
hipercompetitividade de seus praticantes, com a finalidade de alcançar o desenvolvimento 
integral e a formação para a cidadania e para o lazer. Por sua vez, o esporte de 
participação/lazer caracteriza-se por se desenvolver pela livre escolha do sujeito, 
compreendendo as modalidades esportivas praticadas com finalidade de integração dos 
praticantes na plenitude da vida social, na promoção da saúde e da educação e preservação do 
meio ambiente.
7
 O esporte é, pois, uma produção cultural e sócio-histórica. 
Como produção cultural, é criação humana que pode ser redimensionada, recriada e 
reinventada pelos seus praticantes, segundo seus desejos e necessidades, a fim de que 
usufruam de atividades prazerosas, solidárias e de enriquecimento cultural, da mesma forma 
 
 
9 
que possam adquirir senso crítico e autonomia para suas escolhas.
8
 
Como produção sócio-histórica, o esporte pode representar um rico espaço de 
exercício da participação, da solidariedade, da cooperação, da autonomia, dentre outros 
valores que são basilares de uma sociedade cidadã.
9
 
Como fenômeno sociocultural, historicamente determinado, o esporte emaranha-se 
com a história das demandas e realizações de cada época, revelando contradições vividas na 
prática social de cada sociedade. Nós vivemos em um contexto social contraditório em relação 
ao que apresentamos e defendemos como prática esportiva, ou seja, vivemos em um contexto 
onde o capital coloca-se como elemento chave na busca contínua pelos resultados, até mesmo 
o ganhar a qualquer custo. Nesse sentido, a competição esportiva valoriza, sobretudo, a 
sobrepujança, concorrência, seleção, especialização e busca pela superação, 
independentemente das estratégias usadas e suas consequências. Por isso, dependendo de 
como o esporte é concebido e valorizado os princípios formativos a ele inerentes, pode ser 
interpretado e praticado de forma a reforçar essas condições sociais contraditórias, que 
enfatizam o individualismo, a automização e a instrumentalização do corpo e do jogo, dentre 
outros aspectos que não consideramos na proposta que defendemos de educação para e pelo 
esporte. 
Como podemos ajudar para garantir o direito ao esporte e ao lazer como um dos 
fatores de qualidade de vida? 
Um primeiro passo é considerarmos a educação conscientizadora ―para‖ e ―pelo‖ 
esporte e lazer como direito de todos, reconhecendo as diferenças entre as pessoas (na cor, no 
credo, na nacionalidade, nas habilidades corporais, na idade, na condição financeira,no gosto 
e interesse cultural). Por isso, temos que combater os preconceitos, as discriminações, as 
violências (que não acontecem só nas agressões físicas e verbais, mas também quando 
amedrontamos os outros, causamos vergonha e humilhações).
10
 
Um segundo passo é dado por quem acredita que seu agir pode ter um impacto na vida 
das outras pessoas, e, por isso, participa coletiva e solidariamente. Essas pessoas sabem que 
podem incorporar valores positivos no que fazem e, com isso, ajudar a melhorar a vida de 
todo o grupo. 
Um terceiro passo é a valorização e o reconhecimento da riqueza que o esporte e lazer 
 
 
10 
possibilitam em seu aprendizado e vivência, ou seja, a ampliação e aprimoramento das 
possibilidades motoras, de relações sociais, de desafios, a exploração das relações do 
cotidiano com diversos enfrentamentos relacionados aos espaços, materiais, tempos e regras 
implicadas, todos estes aspectos que podem contribuir com o processo informativo e 
formativo em relação à vida.
11
 
 
Esses passos são fundamentais para a/o: 
 
1. Busca da reversão do quadro de injustiça social, reconhecendo e tratando o 
esporte e o lazer como direitos sociais de todos os cidadãos. 
2. Universalização da informação e do conhecimento sobre o esporte e o lazer. 
3. Democratização do acesso de todos às políticas públicas de esporte e lazer, 
garantindo a participação dos cidadãos na gestão destas políticas. 
4. Compreensão da importância do esporte e do lazer para o desenvolvimento 
social, cultural e humano. 
5. Valorização do esporte e do lazer como dimensões da vida de todo cidadão, 
espaço com possibilidades de transformação sociocultural e histórica e de 
inclusão dos sujeitos de todas as idades, gêneros, etnias, deficiências e camadas 
sociais às oportunidades cotidianas de suas vivências. 
6. Compromisso com a educação ―para‖ e ―pelo‖ esporte e lazer, tendo em vista a 
humanização das relações e autonomia dos sujeitos. 
7. Garantia de oportunidades de aprendizado e vivência teórico/prática dos 
elementos constituintes do esporte e do lazer 
 
 
11 
2. QUE RELAÇÃO ESPORTE, LAZER E ESCOLA PRETENDEMOS CONSTRUIR? 
 
Para este tópico, partimos dos desafios da formação ampliada questionando: que 
relação é essa? 
O esporte e o lazer estão no processo educacional há muito tempo, sendo 
desenvolvidos e praticados dentro de várias concepções que são representativas de seu 
momento histórico. 
Dentro da perspectiva histórica, temos a concepção de atividade preconizada pelo 
Decreto-Lei 69.450/71
12
, que concebeu a ideia central de que a Educação Física e seus 
constituintes são elementos à parte do processo pedagógico e formativo da educação. Tal 
situação levou o esporte e o lazer a serem trabalhados como ações com o fim em si mesmas, 
atividades que se prendiam a vivências momentâneas e sem vinculações com os preceitos 
pedagógicos maiores da educação, ou seja, um espaço de ação motora isolada e 
descontextualizada de uma formação ampliada. Essa atuação e perspectiva levaram diversas 
gerações formadas a terem em seu imaginário a ideia de que a Educação Física escolar e seus 
conteúdos são vazios e sem relações pedagógicas com o todo da escola. 
Esta situação perdurou por muito tempo e comprometeu, de forma impactante, novos 
olhares e perspectivas. Com os avanços e estudos de profissionais da área, houve o repensar e 
o exercício de práticas diferenciadas para a área de forma geral, resultando em produções que 
mobilizaram novos conceitos e procedimentos para a Educação Física escolar e não escolar. 
A partir da nova LDBEN 9.394/96
13
, a Educação Física passa a ser considerada um 
Componente Curricular, ou seja, reconhece-se o seu valor pedagógico e a mesma é colocada 
em igualdade com as demais áreas do conhecimento, devendo ser contemplada dentro das 
grades curriculares de toda Educação Básica. Este contexto desafia o esporte e lazer na escola 
a serem articulados com o conjunto de atividades, tempos e espaços educativos das propostas 
educativas formais como das não formais, abrindo espaço para a formação ampliada. 
O desafio posto pelo Programa Mais Educação aos Programas de Esporte e Lazer 
parceiros, especialmente o Programa Segundo Tempo e Programa Esporte e Lazer da Cidade, 
ambos do Ministério do Esporte
14
, parte do reconhecimento de que, ao aderir no espaço 
 
 
12 
escolar as novas experiências de formação ampliada, precisam se integrar ao projeto 
pedagógico da escola, bem como à dinâmica social da comunidade que a acolhe. Com isso, 
favorece a ampliação e o enriquecimento progressivos da jornada escolar e, 
consequentemente, do currículo da Educação Básica, como propõe o Programa Mais 
Educação ao explicitar que a educação integral: 
 
[...] constitui uma estratégia para garantir atenção e desenvolvimento integral 
às crianças, aos adolescentes e jovens, sujeitos de direitos que vivem uma 
contemporaneidade marcada por imensas transformações e exigência 
crescente de acesso ao conhecimento, nas relações sociais entre diferentes 
gerações e culturas, nas formas de comunicação, na maior exposição aos 
efeitos das mudanças em nível local, regional e internacional. Ela se dará por 
meio da ampliação de tempos, espaços e oportunidades educativas que 
qualifiquem o processo educacional e melhoram o aprendizado dos alunos 
15
. 
Deste modo, a proposta do Esporte e Lazer busca refletir um formato que avance da 
compreensão tradicional de escola como instância hermética
16
 de educação em relação à 
comunidade, abrindo-se, portanto, para a construção de projeto pedagógico e ações dialogadas 
entre todos os atores sociais que compõem os cenários pedagógicos que o grupo propõe 
abarcar, pela negociação com vistas à gestão compartilhada. A ideia de escola participativa, 
defendida por Lück
17
, nos oferece elementos que justificam o envolvimento de toda a 
comunidade nas posturas educacionais da escola, sobretudo, ao apontar a garantia de um 
currículo escolar que faça mais sentido à realidade dos alunos. 
Portanto, os fundamentos que constituem a proposição de intervenção pedagógica do 
Programa Mais Educação focalizam-se na afirmação da cultura dos direitos humanos, no 
entrelaçamento entre os saberes comunitários e escolares e na experimentação e consolidação 
de novos espaços educativos. Tais fundamentos regem a organização das diversas ações que o 
compõem e podem ser reconhecidas pelo entrelaçamento entre os saberes comunitários e 
escolares. A relação respeitosa entre estes saberes, equacionada mediante objetivos educativos 
de cada instituição, serve de base para a ampliação do tempo e espaço de aprendizagem, a 
partir da seleção e inclusão de ações socioeducativas que o integram.
18
 
Almeja-se, com a ampliação dos espaços e tempos de aprendizagem, não a 
hiperescolarização, com o aumento da jornada escolar, replicando o mesmo currículo escolar, 
 
 
13 
mas busca-se aportes de outras áreas sociais e organizações da sociedade civil para promover 
uma educação cidadã
19
 a partir da articulação escola e sociedade. 
Parte-se do conceito de território apontado por Santos
20
 para explicitar a partilha de 
saberes construídos pelas diversas comunidades. Estes, na compreensão do Programa Mais 
Educação, configuram-se como potencializadores para o aprendizado significativo dos alunos 
da Educação Básica, para além dos conteúdos conceituais do currículo formal. 
A relação de estes saberes, na compreensão da proposta, possui pontos comuns, 
mesmo que expressem metodologias e formações diferenciadas, sendo trabalho do professor 
relacioná-los para primar por uma educação significativa para o educando
21
.O decreto que 
dispõe sobre o Programa Mais Educação expressa, já nos objetivos do programa, a função, 
dentre outras, de promover o diálogo entre os conteúdos escolares e os saberes locais, bem 
como de favorecer a convivência entre professores, alunos e suas comunidades
22
. 
 O ensejo de articulação entre os saberes escolares e comunitários, bem como o 
envolvimento com a proposta pedagógica da escola, também se encontra com o merecido 
relevo na presente proposta
23
, buscando envolver diversos atores sociais em e com fins de 
avançar na ação educativa. São convocados gestores, professores, crianças e jovens com seus 
familiares para juntos à comunidade organizarem estratégias de aprimoramento do processo 
educativo. O compromisso educacional proposto possibilita a percepção do impacto deste no 
rendimento escolar dos alunos, contribuindo com a Educação Integral, da mesma forma que 
contribui com a democratização da prática esportiva e de lazer. 
Convém ressaltar, ainda, a necessidade de que todas as pessoas envolvidas no 
Programa Mais Educação compreendam que a proposta educativa de que falamos neste 
Caderno acontecerá em diferentes tempos e espaços educativos. Assim, integra o esporte e o 
lazer ao currículo das escolas numa perspectiva de formação ampliada, que inclui as práticas 
escolares vividas, ininterruptamente, no cotidiano das relações entre alunos, professores e 
comunidades. 
Ao pensar a fusão do esporte e lazer no que se refere à ―formação ampliada integrada à 
proposta pelo Programa Mais Educação‖, temos pela frente outro grande desafio: a definição 
das diretrizes orientadoras da ampliação e do aprofundamento dos conteúdos inerentes aos 
 
 
14 
campos nas discussões conceituais, procedimentais e atitudinais
24
 da ação educativa que 
propomos, tema da próxima parte deste Caderno. 
 
3. QUE DIRETRIZES ORIENTAM A CONSTRUÇÃO DA AÇÃO EDUCATIVA 
INTEGRADA QUE PROPOMOS? 
 
3.1 Vivência lúdica do esporte e do lazer 
 
Segundo Leila Pinto
25
, as brincadeiras
26
 não são inatas, pois brincar pressupõe uma 
aprendizagem social que acontece na descoberta diária, que se dá em tempos e espaços 
cotidianos. Na convivência lúdica há liberdade para as pessoas se diferenciarem uma das 
outras, manifestarem e buscar realizar suas preferências e interesses culturais pela própria 
escolha, o que gera alegria pelo fazer e participar. A motivação e o desejo de brincar 
envolvem os participantes, porque querem e almejam conhecer, vivenciar e desfrutar a 
manifestação cultural escolhida da forma mais prazerosa possível. 
A satisfação na prática lúdica do esporte e do lazer está, pois, diretamente relacionada 
ao que o participante consegue realizar nos desafios que enfrenta, com suas ações básicas e 
exigências técnicas implicadas. Por isso, é uma falácia defender que o sujeito que não possui 
vivências e conhecimentos adequados de uma ação, seja ela motora, cognitiva ou cultural, 
consiga sentir prazer e estímulo em sua realização.
27
 
Em geral, o desejo é ―fazer de novo‖ o que já foi experimentado, reinventando a ação e 
superando os próprios limites.
28
 No tempo de lazer, estas experiências encontram maiores 
oportunidades de acontecerem, uma vez que o tempo de lazer é, também, em sua essência, 
tempo lúdico. 
Assim, quando se fala de aprendizagem social para o brincar no lazer não se trata de 
apenas aprender a jogar e ―ocupar o tempo livre‖, conforme analisam Oliveira e Perim29. Para 
eles, o acesso ao esporte (e lazer) de qualidade, implica em condições adequadas para as 
 
 
15 
práticas desejadas e estímulo a uma interação afetiva que contribua para o desenvolvimento 
integral dos participantes. 
Interação que implica compreender que o lúdico é, como diz Huizinga
30,―uma 
atividade livre, conscientemente tomada como não séria e exterior à vida habitual, mas ao 
mesmo tempo capaz de absorver o jogador de maneira intensa e total, praticada dentro de 
limites espaciais e temporais próprios, segundo uma certa ordem e certas regras‖. 
Em outras palavras, a principal finalidade do lúdico é sua própria vivência definida, 
organizada e controlada pelos seus praticantes, argumento que nos leva a destacar o exercício 
da liberdade como uma característica que assegura a identidade lúdica.
31
 
Sendo tempo de escolha dos sujeitos, o jogo lúdico começa e acaba quando os 
participantes desejam. Sua duração é definida pela própria ação. Para Huizinga
32
, ele acaba 
quando algum deles — o "desmancha-prazer" — termo usado pelo autor para caracterizar o 
comportamento de quem desrespeita ou ignora as regras do jogo, escolhe não querer mais 
jogar, desfazendo a "magia" daquele momento. Em qualquer um desses casos, o jogo vivido 
acaba e pode ser recomeçado como outra ação reorganizada pelos participantes motivados em 
continuar jogando. 
A análise deste exercício de limites no jogo nos permite entender que a ―ordem‖ do 
mesmo é fruto de valores praticados pelos participantes. Valores que podem ser até 
contraditórios, uma vez que o sujeito que escolhe não jogar, como diz Huizinga
33
, tanto pode 
sair do jogo por motivos de escolha de outra atividade que lhe cause maior interesse, como 
pode ser motivado pela discordância das regras vividas, para ele muito violentas, ou por 
desejo de manipular a brincadeira e atrapalhar a convivência do grupo, dentre outros motivos. 
Se buscamos garantir a formação humana necessária a superação de violências de toda 
espécie, temos, pois, que garantir sempre a relação dialogada e respeitosa entre educandos, 
educadores e educandos. Afinal, a vivência lúdica é um espaço educativo privilegiado! 
É importante esclarecer, aqui, que não estamos nos referindo à liberdade como um 
bem absoluto, doado ou herdado, do qual podemos abusar. Também não estamos a limitando 
pela coação social sob a forma de tradição, costumes, leis ou regulamentos. Viver a liberdade 
também não é fazer o que se quer, na hora e no lugar que deseja. Ao contrário, como 
experiência cidadã, a liberdade é autonomia construída na interação com o outro.
34
 
 
 
16 
Como nos ensina Alberto Melluci
35
, a liberdade vincula-se à capacidade de as pessoas, 
coletivamente, deliberarem, julgarem, escolherem e agirem de modos diferentes nas 
oportunidades possíveis. Isso implica, tanto a identificação e compreensão de oportunidades 
individuais e coletivas para a realização de sonhos quanto o enfrentamento dos limites vividos 
nessa concretização. 
Assim, na proposta pedagógica que estamos construindo, temos que atentar para os 
sentidos e maneiras como lidamos com a ―ordem‖ necessária à conquista da liberdade em 
nossas atividades. Isso porque jogar, brincar, pode ter diferentes sentidos. 
Com isso, a ordem no jogo lúdico, tanto pode ser fruto de diálogos e negociações sobre 
os limites e possibilidades (compreensão cidadã) como ser fruto de fiscalizações e valorização 
da sisudez (controle moralista, repressivo e disciplinador do corpo), ou de educação utilitarista 
para ―ocupação do tempo com atividades úteis na perspectiva dos adultos, do mercado, do 
controle da escola‖. É por isso que, muitas vezes o esporte e lazer são tratados como "coisas 
de vagabundo", "inúteis", "quebra a rotina diária‖, ―válvula de escape de uma escola tensa" 
ou, meio de ―tirar a meninada das ruas‖.36 
Buscando a compreensão cidadã da ordem do jogo, temos que abrir espaços para a 
prática diária de regras de convivência, de organização de conteúdos, escolhas, exercício de 
papéis e responsabilidades construídas com base nos valores sustentadores da amizade, do 
respeito e valorização do outro, da solidariedade, das habilidades e limites de cada pessoa. 
Para isso,é fundamental o diálogo sobre os problemas e as descobertas coletivas das 
alternativas para os mesmos. Daí a importância da ação educativa de esporte e lazer ser 
planejada, organizada e vivida com a participação de todos, com consciência de seus 
objetivos, fundamentos e finalidades.
37
 
Além disso, a atitude conformista nos momentos lúdicos de esporte e lazer deve ser 
identificada e superada, buscando-se participações críticas e criativas que qualificam as 
atividades de esporte e lazer práticas, de assistência e de aquisição ou troca de conhecimentos. 
A atitude conformista nestas atividades significa a expressão elementar de participação, ou 
seja, o sujeito brincante aceita e repete o que está pronto, mesmo que não entenda o que 
acontece. É importante a modificação desse nível para o crítico e o criativo. A crítica é 
mobilizada pelo diálogo sobre dúvidas, limites e outras possibilidades de esporte e lazer. A 
 
 
17 
vivência de alternativas sugeridas pelo grupo aponta para o rico exercício da criatividade dos 
participantes nas atividades.
38
 
Por isso, é importante que as crianças e os jovens tenham acesso a um repertório 
variado, contendo jogos e brincadeiras que promovam o desenvolvimento das mais variadas 
habilidades fundamentais, de diversificadas formas de convivência em grupos e de usufruto de 
espaços, tempos e materiais também diversificados, ampliando suas condições de 
conhecimento do próprio corpo e suas interações com os outros corpos e o ambiente. 
As brincadeiras e os jogos são uma constante na vida das crianças, independentemente 
de seu gênero, cor, nível socioeconômico e/ou qualquer outro tipo de classificação ou 
referência‖; são vitais para o crescimento e desenvolvimento infantil.39 Além disso, não 
podemos nos esquecer de que a cultura infantil é essencialmente lúdica, integrando 
experiências significativas ao longo de toda vida.
40
 
 
Propostas para a vivência lúdica do esporte e do lazer: 
 Mobilizar atividades de esporte e lazer com muita alegria, liberdade e participação. 
 Motivar para a reinvenção dessas atividades, apropriando-se de modos diferentes dos 
espaços, materiais e tempos que os participantes têm disponíveis. 
 Reconhecer que os sujeitos têm tempos de aprendizagem diferentes; individuais e 
coletivos (o que é aprendido, como e quando). 
 Ressignificar o que é aprendido, se apropriando do conhecimento e disponibilizando 
para uso em situações diversas, com criatividade. 
 Promover vivência e livre escolha de atividades de esporte e lazer dentro e fora da 
escola, com oportunidades de: 
 coparticipação dos sujeitos com diferentes habilidades, respeitando os limites 
de todos os participantes; 
 comunicação entre os participantes sem agressões, com tolerância, boa vontade 
e gentileza; 
 diálogos sobre os problemas e as conquistas vividos em cada ação; 
 tomada de decisões coletivas sobre o que fazer, mobilizando todos; 
 manutenção de cuidados com o próprio corpo e o ambiente, a saúde e a 
qualidade de vida. 
 
 
 
 
18 
3.2 Respeito e valorização da diversidade cultural 
 
O esporte e lazer na vida moderna colocam-se como espaços privilegiados para a 
vivência de valores que podem contribuir para mudanças de ordem moral e cultural. Devem 
ser encarados enquanto um campo de intervenção pedagógica, com características específicas, 
sendo possível com ele interferir e modificar a realidade social. 
Como desafio, os educadores deverão tornar as atividades acessíveis a todos, de forma 
qualitativamente superior à existente (muito focada nos modelos da escola formal e do esporte 
de rendimento) e conceber a intervenção no âmbito do lazer como algo que possa contribuir 
para superar a lógica social pautada pela negação da diferença e desigualdade de acesso. 
As ações devem partir sempre do pressuposto de que as atividades esportivas propostas 
não visam, exclusivamente, ao rendimento, mas sim, à valorização das diferentes formas de 
expressão, ou seja, não é porque um aluno não possui uma habilidade refinada no futebol que 
deve ser tratado de forma inferiorizada nas aulas. Muitas vezes, esse aluno possui maior 
afinidade com outros componentes da cultura corporal ou com outras habilidades. Assim, 
deve-se não apenas respeitar, mas também mostrar aos alunos que é importante valorizar as 
diferentes formas de expressão.
41
 Para tanto, a ação comunicativa coloca-se como vital para 
essa superação.
42
 
A ação concreta e organizada dos educadores deve estender a todos o acesso às 
práticas culturais, qualificando e diversificando a vivência cultural, buscando a promoção da 
autonomia dos participantes e colaborando para a superação das injustiças sociais, pois ―a 
educação, como um processo de aprendizado da cultura e de seus sistemas simbólicos, é 
multifacetada, ou seja, não se restringe a um momento particular e formal da vida humana, 
mas está diluída nos mais diferentes espaços de relações sociais‖.43 
A partir da compreensão do esporte e do lazer e do entendimento dos vários tipos de 
conhecimentos implicados, dos conteúdos, atitudes e valores envolvidos e das possibilidades 
de se constituírem como ferramenta de participação, é possível construirmos novos arranjos e 
configurações para os mesmos. 
 
 
19 
A diversidade de que falamos é muito rica. No Programa Mais Educação, o esporte e o 
lazer, como práticas sociais e de aprendizagem da cultura representam formas de educação 
que ocorrem em diferentes espaços e tempos dentro e fora da escola, envolvendo os saberes 
comunitários (habitação, corpo/vestuário, alimentação, brincadeiras, curas e rezas, expressões 
artísticas, calendário e narrativas locais, dentre outros) e os saberes escolares (a curiosidade, o 
questionamento, a observação, a descoberta, o jogar, o desafio, a experimentação, o debate, 
dentre outros) alertando para a premissa de que ―a escola não se encerra em si mesma, torna-
se parte integrante da vida de seus alunos e da comunidade onde está inserida‖.44 
No campo do lazer, Gisele Schwartz destaca as possibilidades culturais sugeridas por 
Dumazedier
45
, ampliadas por Luiz Otávio Camargo
46
 e a própria Gisele
47
, enfatizando os 
interesses: 
 Físico-esportivos: práticas corporais e esportivas onde prevalece o movimento 
(esportes, caminhada, jogos, dança, ginástica, lutas, brincadeira, andar de 
bicicleta...). Para serem caracterizadas como atividades de lazer, as atividades 
físico-esportivas devem ter livre adesão e serem realizadas em espaço/tempo 
disponíveis fora das obrigações. 
 Artísticos: conteúdos estéticos, imagens, emoções e sentimentos, campo do 
imaginário (teatro, cinema, exposições etc.). 
 Intelectuais: busca de informações, conhecimento do real, das memórias, das 
explicações (leituras, cursos, entrevistas, debates...). 
 Manuais: capacidade de manipulação, transformação de objetos e materiais 
(tapeçaria, bordado, costura, jardinagem, marcenaria...). 
 Turísticos: conhecer lugares, paisagens, situações, modos de vida (viagens, 
passeios). 
 Sociais e virtuais: busca de relacionamento social, encontro pessoal ou virtual 
(bailes, bares, festas, almoços, clubes...). 
 Pelas atividades digitais (internet, rádio, vídeo, cinema...). 
 
Quanto às possibilidades no campo do esporte, Tubino
48
 destaca os esportes: 
 Tradicionais: de modalidades tradicionalmente consolidadas (atletismo, basquete, 
futebol, vôlei...). 
 De aventura/na natureza/radicais: envolvem desafios, inclusive riscos (na água, no 
ar, na terra e no gelo). 
 
 
20 
 Das artes marciais: derivados das artes asiáticas (jiu-jitsu, judô, karatê...). 
 De identidade cultural: de criação nacional e fixados em outrosterritórios 
(capoeira, cricket...). 
 Intelectivos: praticados com movimento reduzido (xadrez, bilhar...). 
 Com motores: nos quais as pessoas conduzem veículos com motor (automobilismo, 
motonáutica...). 
 Com música: envolvem sintonia entre as pessoas e a música de acompanhamento 
(ginástica rítmica, nado sincronizado...). 
 Com animais: incluem animais (rodeio, turfe, hipismo...). 
 Adaptados: modalidades adaptadas para pessoas com deficiências. 
 Militares: criadas no meio militar e praticada no meio civil (esgrima, tiro...). 
 Derivados de outros esportes: modalidades que tiveram origem em outras (futsal, 
futevôlei...). 
 
Enfim, o reconhecimento da diversidade em todas as ações que propomos realizar nas 
práticas de esporte e lazer precisa respeitar a sua realidade, o seu cotidiano, os aspectos 
positivos e a superação das dificuldades, com vistas a somar forças que permitam 
potencializar o trabalho da comunidade escolar e não atrapalhar ou disputar espaço com as 
atividades já desenvolvidas na escola, como as aulas de Educação Física propriamente ditas.
49
 
Nesse sentido, buscamos integrar o Programa Mais Educação ao Plano Político-Pedagógico da 
Escola e, portanto, superar a ideia de uma ação exclusiva de contraturno como única prática da 
Educação Integral. 
 
Propostas para o respeito e valorização da diversidade cultural: 
 Promover diferentes gêneros de participação no esporte e lazer, ou seja, pela 
assistência/fruição, pelo exercitamento ou prática, pelo conhecimento sobre os 
conteúdos culturais. 
 A vivência destas atividades necessita de condições adequadas para o acesso e a 
apropriação dos conteúdos pela prática, pela contemplação e/ou pela informação, 
ou seja, posso gostar de dançar ou de assistir a uma dança, ou preferir ler a respeito 
dela. São experiências de liberdade, prazer e desenvolvimento realizadas de forma 
livre, com atitude crítica e criativa. 
 Fomentar e difundir práticas culturais locais, valorizando o outro: seus 
conhecimentos, suas práticas, experiências, criatividades. 
 
 
21 
 Ressignificar o uso de espaços esportivos e de lazer, respeitando a identidade 
esportiva e cultural local/regional. 
 Adaptar as modalidades, construindo jogos a partir das concepções dos esportes 
regulamentados. 
 Trabalhar com o entendimento do esporte enquanto fenômeno histórico e cultural, 
que precisa superar a oferta de modalidades esportivas ―tradicionais‖ e utilizar a 
técnica como algo a ser descoberto em função das situações de jogo. 
 Popularizar conhecimentos: por exemplo, se para jogar basquete alguém tivesse 
que esperar mais 09 pessoas e ter uma quadra de cimento com duas tabelas e 
cestas, seria difícil jogar. A limitação para esta prática desta maneira fica grande. 
É importante conhecer o jogo oficial para praticar em uma quadra ideal e também 
em outros espaços, adaptando as regras. Por que não oferecer na escola outros 
espaços para esta prática com atividades alternativas ao jogo oficial? Por que não 
criar alternativas para jogar com um, dois, três ou mais parceiros? Esta 
apropriação do jogo é importante e deve ser construída no ambiente escolar, 
considerado um lugar para a aprendizagem dos conhecimentos historicamente 
construídos pela humanidade. 
 
3.3 Promoção da intergeracionalidade 
 
Um grande diferencial desta proposta de Política Participativa de Esporte, Educação e 
Lazer é a inclusão de pessoas de todas as faixas etárias nas atividades. 
As mudanças na educação fazem repensar a ética e os valores, nas mudanças para 
novas condutas e novos conhecimentos que precisam ser implicados. Neste processo 
educativo, podemos trabalhar a dificuldade das pessoas em articular seus tempos de 
sobreviver e de trabalhar, apontando como alternativa a inclusão de tempos para o esporte e o 
lazer.
50
 
Entendemos que o desenvolvimento humano está associado ao desenvolvimento da 
personalidade, ou das capacidades físicas, biológicas e psicológicas, mas também ao 
desenvolvimento da sociabilidade, da individualidade e da liberdade de expressão, ao 
exercício da cidadania e à capacidade de contestar a realidade, que são possibilidades de 
intervenção do lazer para o desenvolvimento de pessoas de todas as idades. 
Discutindo essa questão, Amartya Sen define o desenvolvimento humano como um 
processo de escolhas das pessoas, que implica: respeito à vida acima de tudo; direito de acesso 
a certas condições básicas do bem-estar e da dignidade; direito de todos desenvolverem seu 
 
 
22 
potencial; oportunidades educativas para isso ao longo da vida; dever de cada geração legar às 
futuras um meio ambiente igual, ou melhor, do que o recebido das gerações anteriores; 
corresponsabilidade das pessoas, instituições, comunidades e sociedades nas decisões que as 
afetam; promoção e defesa dos direitos humanos como caminhos para a construção de uma 
vida digna para todos; exercício consciente da cidadania como melhor forma de fazer os 
direitos humanos transitarem da intenção à realidade. 
51
 
Na educação pelo e para o lazer, devemos considerar as experiências vivenciadas e as 
etapas de desenvolvimento dos participantes, entendendo que há interesses específicos, 
quando reunimos pessoas da mesma idade ou a convivência entre gerações diferentes. 
O princípio aqui defendido é o da inclusão que transcende aos aspectos relacionados à 
idade, incluindo outros como a deficiência, pois no esporte e lazer, muitos, são 
frequentemente excluídos socialmente. Com isso, esse tema perpassa a indicação de ações que 
visem a conquistar e a manter em atividade todas as pessoas envolvidas como nosso público- 
alvo. A ideia básica centra-se na condição de que teremos a chance de mais quatro ou seis 
horas semanais para trabalhar, estimular e integrar crianças, adolescentes, jovens, suas 
famílias e comunidades aos conhecimentos, vivências, cultura e outras opções sociais. Nesse 
sentido, destaca-se que é imprescindível a condição de inclusão e visualização da importância 
que a participação conjunta de todos exerce no sucesso futuro das pessoas envolvidas.
52
 
A inclusão implica considerar, também, as questões de gênero, superando os 
distanciamentos observados das meninas nas práticas oferecidas. Com isso, os educadores 
devem procurar mapear os problemas, idealizar ações que consigam estimular meninas e 
meninos, homens e mulheres às oportunidades de esporte e lazer e também disponibilizar a 
todos chances de vivenciarem juntos e separadamente suas mais diversas manifestações.
 53
 
O esporte é, de certa forma, excludente se não for bem administrado. Contudo, ele 
pode servir como um elemento riquíssimo de superação e estímulo às discussões sobre as 
diferenças sociais de gênero que se tem em todo o mundo. Não se trata de uma exclusividade 
da sociedade brasileira, mas podemos contribuir, para que as futuras gerações superem 
quadros de discriminação que ainda hoje vivenciamos.
54
 
Por isso, é muito importante que possamos compreender as especificidades e 
necessidades de cada ciclo de vida e das ações intergeracionais. 
 
 
23 
Considerando as vivências principalmente na faixa etária das crianças, adolescentes 
e jovens, entendemos que o educador deve: 
 Considerar ações integradas à rede de atendimento a que estão vinculados 
(Assistência Social, Saúde...). 
 Considerar a importância de viver e repensar as experiências, pois a partir delas os 
sujeitos podem fazer as codificações necessárias e recriá-las para usos em 
diferentes momentos. 
 Considerar a era da informática e sua intimidade com a nova geração, ampliando o 
leque de ferramentas para serem utilizadas. 
 Trabalhar na perspectiva da promoção da saúde, evitandoas consequências da 
obesidade e sedentarismo na vida moderna. 
 Trabalhar valores pessoais, educando para administração dos conflitos. 
 Oportunizar o conhecimento de outros locais da cidade. 
 Proporcionar a socialização de conhecimentos educando para brincar/participar 
fazendo escolhas e sem violências. 
 
Na faixa etária dos adultos, apresentamos a proposta de: 
 Oportunizar opções para o lazer do adulto e sua família. 
 Provocar o permanente interesse pela atividade física, com conhecimentos 
significativos sobre sua importância e seus benefícios para a saúde e a qualidade de 
vida. 
 Instigar o estabelecimento de relações solidárias no bairro e proximidades, 
praticado a socialização. 
 Auxiliar na organização dos tempos das tarefas diárias, planejando um tempo para 
si mesmo. 
 Incentivar experiências da prática de outras manifestações culturais. 
 
Com os idosos, a proposta de atividades inclui: 
 Oportunizar o estabelecimento de vínculos, através de atividades em grupos 
(vencer solidão e socializar aspectos afetivos). 
 Auxiliar no desenvolvimento da autonomia e independência física. 
 Discutir estratégias para vencer obstáculos afetivos e financeiros (família e 
sociedade). 
 Jogar com, e não, contra, preparando para atividades de lazer. 
 
 
24 
 Trabalhar o conflito para desacomodar, buscando a cidadania. 
 Favorecer o acompanhamento das transformações sociais (com a modificação 
e/ou adaptação de hábitos e costumes). 
 
Para atividades intergeracionais, reunindo participantes de diferentes gerações ou 
faixas de desenvolvimento, sugerimos: 
 Desconstruir os preconceitos em relação às idades. 
 Oportunizar práticas de atividades intergeracionais, propondo objetivos de 
interesses comuns entre os participantes, respeitando os limites individuais. 
 Oferecer amplo repertório das diferentes manifestações culturais, com atividades 
que possam ser compartilhadas, independentemente da idade cronológica ou 
geração a que pertençam os participantes. 
 Proporcionar trocas de experiências, considerando os dois sentidos, entre os mais 
velhos e os mais jovens, facilitando a transmissão de valores, sentimentos, 
percepções e produções culturais. 
 Praticar a solidariedade, através das relações entre gerações e das trocas sociais, 
trabalhando na construção de novos vínculos sociais ente diferentes gerações. 
 Ofertar as múltiplas possibilidades do esporte e do lazer, sensibilizando as pessoas 
para a aquisição de novos gostos e mostrando novos olhares possíveis à 
participação intergeracional. 
 
Propostas para o desenvolvimento de atividades com todas as faixas etárias: 
 Promover atividades que gerem oportunidade de estabelecer relações com sua faixa 
etária e com as outras, construindo convivência entre pessoas de todas as idades. 
 Mobilizar toda a escola, as famílias e comunidades do entorno, incentivando sujeitos 
para realizarem atividades de esporte e lazer nos diferentes espaços e equipamentos 
disponíveis no lugar, em momentos também diferentes. 
 Valorizar as necessidades e demandas das crianças, dos adolescentes e jovens, dos 
adultos e idosos, nas suas trajetórias reais, procurando conhecer melhor quem são, o 
que gostam, o que precisam para ter acesso às atividades de esporte e de lazer. 
 
3.4 Promoção da interdisciplinaridade e intersetorialidade 
A proposta educativa que discutimos e o próprio conceito de educação integral, ao se 
sustentar na ideia de ampliação do tempo escolar dos alunos, sugerem-nos, também, a 
ampliação dos cenários pedagógicos, os quais não ficarão circunscritos somente ao espaço 
 
 
25 
escolar. Neste sentido, sugere o reconhecimento de novas práticas educativas, ampliando as 
compreensões de conteúdos e metodologias no processo de ensino-aprendizagem.
55
 
Essa ação educativa requer: 
I - a articulação das disciplinas curriculares com diferentes campos de 
conhecimento e práticas socioculturais [...]; II - a constituição de territórios 
educativos para o desenvolvimento de atividades de educação integral, por meio da 
integração dos espaços escolares com equipamentos públicos como centros 
comunitários, bibliotecas públicas [...]; III - a integração entre as políticas 
educacionais e sociais, em interlocução com as comunidades escolares; IV - a 
valorização das experiências históricas das escolas de tempo integral [...]; V - o 
incentivo à criação de espaços educadores sustentáveis com a readequação dos 
prédios escolares, incluindo a acessibilidade, e à gestão [...]; VI - a afirmação da 
cultura dos direitos humanos, estruturada na diversidade, na promoção da equidade 
étnico-racial, religiosa, cultural, territorial, geracional, de gênero, de orientação 
sexual [...]; e VII - a articulação entre sistemas de ensino, universidades e escolas 
para assegurar a produção de conhecimento, a sustentação teórico-metodológica e 
a formação inicial e continuada dos profissionais no campo da educação integral.56 
 
Uma das contribuições do Ministério do Esporte para a promoção do esporte e do lazer 
da comunidade escolar é integrar os conteúdos e ações da educação formal ou escolar com as 
experiências propiciadas pelos Programas de Esporte e Lazer que envolvem as famílias e 
comunidades, incluindo todas as faixas etárias, em atividades sistemáticas e eventos 
esportivos e recreativos. 
O desafio é desenvolver as atividades, a partir do reconhecimento de que o esporte e o 
lazer são direitos sociais que contribuem de fato para o desenvolvimento humano, como 
apontado na parte anterior deste texto. Desafio que implica outros como o reconhecimento de 
que o desenvolvimento do esporte e do lazer precisa ser intersetorial, interdisciplinar e 
transversal aos processos educativos vividos dentro e fora das escolas. Isso requer que as 
ações aqui propostas possam e devam ser trabalhadas articulando diversas áreas e 
disciplinas.
57
 
O fortalecimento e entrelaçamento dos saberes tratados na escola na perspectiva 
interdisciplinar é outra possibilidade que destacamos para pensarmos nas contribuições da 
vivência do esporte e do lazer no projeto político-pedagógico da escola. Nesse sentido, Araújo 
e colaboradores
58
, apoiados nas reflexões de Paulo Freire, apontam o trato com os temas 
geradores
59
 no processo de construção do conhecimento na escola, a partir de uma perspectiva 
dialógica do conhecimento, que prime por abertura de novas parcerias e pelo rompimento da 
rigidez disciplinar. 
 
 
26 
A proposta interdisciplinar, na perspectiva indicada, aborda pontos relevantes da 
intercessão entre o Programa Mais Educação e os Programas Sociais do Ministério do 
Esporte, tais como a relevância social dos temas debatidos e elencados em articulação com a 
comunidade e a participação coletiva de todos no tratamento destes temas
60
. 
A partir da estratégia metodológica apontada, na perspectiva interdisciplinar, é 
possível visualizar formas de organização do trabalho escolar, a partir de temas (geradores) 
como a violência ou a saúde, que resgatam as manifestações da cultura de movimento para o 
trato do conhecimento que não se esgota na execução de técnicas e táticas, ou mesmo na 
compreensão de conceitos que se isolem ao domínio da manifestação corporal, mas sim, que 
tratem o conhecimento destas práticas a partir de uma perspectiva contextual e, portanto, 
entrelaçado com saberes da biologia, das ciências sociais, dentre outros.
61
 
A integração que buscamos ter entre as áreas da Educação, do Esporte, do Lazer, da 
Saúde e da Segurança, por exemplo, implica conhecimentos e experiências diferentes, que em 
muito se aproximam, no trato das necessidades das pessoas e dos processos educativos 
desenvolvidos.62
 
A relação entre os conteúdos e valores associados demanda a superação da 
fragmentação do planejamento, execução e avaliação das ações integradas, envolvendo atores 
diferentes e a utilização de equipamentos e recursos didáticos diversos para a articulação das 
atividades. 
 
3.5 Relação metodológica participativa 
 
O princípio básico do qual partimos para o processo metodológico e sua estruturação é 
o da participação. Com isso, enfatizamos que, durante todo o processo conforme salientado 
no item 3.4, há que se buscar o envolvimento e a participação efetiva de todos em construções 
coletivas. 
Esta proposta baseia-se na fundamentação de que precisamos ter exacerbado nas ações 
o sentimento de ―pertencimento‖.63 Os envolvidos devem estar de corpo inteiro entrelaçados 
com as ações. Para isso, faz-se necessário que entendam suas responsabilidades e 
 
 
27 
compromissos com todo o processo. Nesse sentido, as manifestações culturais relacionadas ao 
esporte e lazer vividas com consciência de seus sentidos e significados são potencialmente 
fortes para esse exercício de formação e cidadania. Portanto, não podem prescindir de uma 
intervenção que busque a contínua participação e assunção da corresponsabilidade. 
Dessa forma, um aspecto básico a ser seguido pelos responsáveis na organização e no 
desenvolvimento das ações relacionadas ao esporte e lazer é o planejamento da ação 
imprescindível ao processo. Entendendo que esse planejamento deve ser gestado com o 
envolvimento e a participação efetiva de todos, pois essa ação caracteriza-se como sendo 
pedagógica e norteadora do processo como um todo. Em se conquistando a participação, 
seguramente, se avança para compromissos mais efetivos sobre todas as demais ações. 
Contudo, como forma estimulante e providencial para esse primeiro passo, o 
responsável pela organização deve fazer uma leitura da realidade com a qual estará 
interagindo em sua estrutura e rede de oportunidades, ou seja, levantar os aspectos que 
possam identificar os costumes, as manifestações culturais, esportivas e de lazer, o 
envolvimento com a escola e suas atividades, a participação das famílias e comunidades nas 
ações da escola, o cuidado com o meio ambiente da região, dentre outros fatores que possam 
ser, oportunamente, também considerados nas ações a serem contempladas no planejamento. 
Essa ação coloca-se como uma parte inicial do planejamento e pode também contar 
com a contribuição de todos, pois pode partir de uma enquete básica junto a todos os alunos, 
professores, coordenação pedagógica da escola, além dos familiares, gestores e outros agentes 
parceiros, sendo os dados relatados por eles. Da mesma forma, isso não isenta o responsável 
de uma busca ampliada de informações para que potencialize as futuras reuniões com os 
grupos constituídos. 
Esse trabalho, com toda certeza, enriquece e fortalece as escolhas das ações, segundo 
passo desta proposta, que deve contar com o envolvimento direto dos grupos constituídos. 
É o momento de se partir para as escolhas! 
Aqui também se coloca a necessidade do entendimento de que se trata de um momento 
pedagógico. Podemos afirmar que ainda se pratica muito pouco o exercício do planejamento 
participativo no setor educacional. Portanto, há que se pensar em estratégias e formas de 
envolvimento que possam sensibilizar e comprometer os envolvidos. 
 
 
28 
A grande vantagem que se coloca para essa ação é a de que os participantes integram-
se à ação por livre escolha e estão participando de forma espontânea. Isso se coloca como uma 
grande oportunidade pedagógica e ela não pode ser desperdiçada. Os momentos devem ser 
enriquecidos com os aspectos informativos e formativos de todos os envolvidos, o que leva a 
entender que o processo participante é, por si só, um ato que contribui com essa 
intencionalidade educativa. 
Os momentos reflexivos de elaboração e estruturação das ações devem ser pautados 
pelo estímulo à participação de todos, independentemente de qualquer condição. Levar os 
participantes a sentirem-se integrados e corresponsáveis deve ser a tônica em todos os 
momentos. 
No desenvolvimento desse processo, o responsável tem que ter em mente a sua função 
de educador, ou seja, há também que se considerar que toda essa ação visa, especialmente, à 
educação para escolhas! 
Nossas crianças e adolescentes são frutos de ações e condutas sociais que lhes são 
impostas de forma direta pela escola, agências sociais, igreja, comunidade constituída e de 
forma indireta pelos meios de comunicação e todas as suas formas de acesso ao público. Essa 
potencialidade de influência sobre as novas gerações inviabiliza, por vezes, que eles consigam 
enxergar outras formas de ver, entender e participar no mundo, sendo conduzidos a 
reproduzirem valores, costumes e ações que nem ao menos entendem por que. 
Mais uma vez, esse exercício de reflexão sobre o que fazer, como fazer e por que fazer, 
junto aos participantes das ações, pode servir de estímulo a um repensar sobre suas próprias 
condições de ser e estar no mundo. Essa é mais uma aposta e defesa do processo participante 
defendido pelo esporte e lazer junto ao Programa Mais Educação. 
Após a definição coletiva do que se quer para o período de desenvolvimento das ações, 
considerando-se as recomendações dos programas de esporte e lazer, deve-se definir o quão 
longe ou o que se espera das ações propostas. Para tanto, o grupo deve pensar em como 
elencar os objetivos. 
Piletti
64
 destaca que os objetivos devem referir-se ao comportamento que se espera. 
Isso implica dizer que, ao se estruturarem os objetivos, deve-se pensar no que se espera 
conseguir fazer/realizar ao término das ações idealizadas e desenvolvidas
65
. 
 
 
29 
Para tanto, o responsável deve ter claro que educar ―pelo‖ e ―para‖ o esporte e lazer é 
muito mais que dotar os educandos de habilidades e técnicas específicas de modalidades 
esportivas e das formas de lazer. Trata-se de oportunizar o acesso a práticas que lhes permitam 
adquirir conhecimentos e saberes úteis para sua formação humana, de maneira que 
reconheçam o que, como e porque aprendem. 
O exercício de dimensionar, na forma de objetivos, o que queremos e até onde 
podemos ir, pode ser extremamente rico para todos, pois nos ensina a ponderar, conhecer e 
reconhecer as possibilidades pessoais e coletivas. Nesse sentido, coloca-se como 
imprescindível que o responsável mantenha continuada atenção junto com os participantes, 
das expectativas idealizadas nos objetivos e de como as ações têm influência ao longo de todo 
o seu desenvolvimento. Os objetivos servem como linhas demarcadoras dos avanços das 
ações planejadas, organizadas e desenvolvidas. 
Evidentemente que nesse processo de planejamento os aspectos relacionados aos 
espaços e tempos disponíveis, materiais e recursos humanos necessários devem ser 
considerados, pois de nada adianta imaginar atividades aquáticas se não se dispõe de uma 
piscina, rio ou mar para tal. Portanto, um levantamento que possa subsidiar as discussões 
coletivas é fator imprescindível para toda a estruturação a ser elaborada. 
Entretanto, chamamos a atenção dos responsáveis para algo que, por vezes pode 
influenciar o desenvolvimento das atividades. É o cuidado que se deve ter em relação à 
influência subjetiva existente nos espaços e matérias, em que, por vezes, podem direcionar e 
determinar as ações motoras e os comportamentos. Este fato é tão fortemente impregnado pelo 
processo histórico da área da Educação Física, Esportes e Lazer que nem sempre nos 
apercebemos dessa condição. 
A prática do esporte e lazer faz uso de regras e códigos de conduta a serem 
aprendidos, porém, passíveisde serem alterados e adequados às condições, exigências e 
motivações dos diversos grupos a serem constituídos. Para tanto, os participantes devem ter 
clareza de que uma estimulação com variação de materiais e espaços poderá, de forma muito 
clara, estimular novas visões e o rompimento de ideias e conceitos preconcebidos, propiciando 
a todos autonomia na escolha, na interpretação e na criação de novos momentos e ações que 
sejam adequados aos espaços disponibilizados, sem amarras. 
 
 
30 
Entretanto, não se ignora o que se possui em relação ao esporte e ao lazer e sua 
condição básica, ao contrário, parte-se dela, porém sem limitar-se a ela. 
As vivências relacionadas ao esporte e lazer podem ser construídas e desenvolvidas em 
espaços variados e com materiais também diversificados, sem que se constituam limitações 
para o seu desenvolvimento. Da mesma forma, os materiais devem ser explorados em suas 
múltiplas possibilidades, sem que haja restrições advindas de suas regras, pois nesses 
momentos de vivências, reconhecimentos e criação há a possibilidade da transcendência dos 
conceitos e, com isso, chances de novas interpretações das manifestações da cultura corporal. 
Ainda, como aspectos a serem observados pelo responsável, estão as ações em relação 
aos procedimentos sobre a técnica esportiva e dos outros conteúdos de lazer. 
As crianças, em especial, envolvem-se com as ações do esporte, porque querem e 
almejam conhecer, vivenciar e desfrutar da forma mais adequada possível, dessa manifestação 
cultural – o esporte. 
Os responsáveis pelas ações que se vinculam ao processo de iniciação e 
desenvolvimento do esporte não podem deixar de repassar e ensinar aos educandos, fazendo 
uso de procedimentos e ações pedagogicamente adequadas, o esporte em suas múltiplas 
manifestações, sob pena de desvirtuar os ideais básicos, caso isso não seja atendido. 
Vale destacar que o Ministério do Esporte, por meio de seus programas de esporte e 
lazer, disponibiliza à comunidade material pedagógico que orienta de forma pedagógica como 
se trabalhar o processo de iniciação esportiva, com o uso de técnicas e estruturas livres e 
lúdicas.
66
 
 Em relação às técnicas, elas serão decorrentes das vivências positivas, integradoras e 
estimulantes a serem estruturadas e desenvolvidas durante os encontros. Advoga-se a 
estimulação plena e a ampliação das vivências sob o entendimento de que quanto mais 
vivências e experiências forem proporcionadas aos educandos, tanto mais elas potencializarão 
suas habilidades às exigências do cotidiano para uma vida ativa, assim como para as 
exigências do próprio esporte. Há que se entender que a satisfação na prática esportiva está 
muito fortemente relacionada ao quão bem se consegue realizar suas ações básicas e 
exigências técnicas. É um equívoco negar tal consideração, pois a falta de vivências e 
conhecimentos adequados de uma ação, seja ela cognitiva e/ou motora, pode comprometer 
 
 
31 
sensivelmente a sua realização e a sensação de prazer que ela possa proporcionar, se tais 
condições não forem atendidas. 
Por fim, chegamos a um aspecto dos procedimentos metodológicos que se coloca 
como definidor do sucesso e das reformulações necessárias para novas ações. Trata-se da 
avaliação. O esporte e lazer, conforme comentado até o momento, assim como outros 
conteúdos constituintes do processo formativo, também devem passar pelo crivo da avaliação, 
com a ressalva de que o processo avaliativo, aqui proposto, tem muito mais a ver com a 
reflexão sobre caminho percorrido do que a função de aprovar ou reprovar os participantes. 
Nesse sentido, chamamos a atenção para o que salienta Moretto
67
, indicando que a 
avaliação é um momento privilegiado de estudo e aprendizado e não um acerto de contas. 
Assim, para que ela se efetive na forma de um aprendizado de todos, deve-se colocar em 
discussão as ações desenvolvidas e a qualidade das mesmas, da mesma forma que os seus 
resultados. Obviamente, os resultados são decorrentes de todos os procedimentos e 
envolvimento tidos durante a vivência e estudo dos conhecimentos trabalhados. 
O ponto de partida para o processo de avaliação centra-se nos limites e proposições 
estabelecidos nos objetivos. Será com base na análise de sua concretização que o processo 
avaliativo deve se centrar. Para tanto, os envolvidos podem se valer de várias técnicas 
avaliativas, pois elas permitem olhares distintos sobre aspectos comuns e distintos, 
possibilitando uma variabilidade importante de dados que podem subsidiar reformulações e 
avanços. 
Para as ações idealizadas em relação ao esporte e lazer no Programa Mais Educação, 
sugere-se que se abra um leque de possibilidade de coleta de informações, tais como: 
Observações diretas no cotidiano das aulas, nas quais se deve considerar o 
envolvimento, participação, avanços em relação aos aspectos motores, físicos e outros. Essa 
técnica de avaliação coloca-se de forma interessante e pode trazer indicadores importantes ao 
processo de análise das ações desenvolvidas, para tanto o responsável deve construir uma 
planilha de aspectos a serem observados e controlar o nível de entrada e o desenvolvimento 
conseguido durante todo o processo. Essa é uma forma que exigirá do responsável atenção e 
rotina diária de registro. 
 
 
32 
Avaliação em grupo ou rodas de conversa, baseada nos princípios: 1º) O grupo é 
um espaço de identificação onde os participantes compartilham experiências, trocas de 
conhecimento e percebem que a situação vivida por cada um deles pode ser dividida com os 
demais; existem pessoas semelhantes vivendo situações parecidas com quem se pode 
compartilhar afetos, conquistas e problemas. 2º) O grupo é um espaço de diferenciação. Ao 
mesmo tempo em que ser igual aos demais, ter experiências e sentimentos semelhantes é algo 
positivo, é necessário também sentir-se singular. No grupo, as pessoas não são e não devem 
ser todas iguais. Um grupo totalmente homogêneo não é produtivo, e, muitas vezes, significa 
que as diferenças estão sendo abafadas. Ninguém deve ser excluído ou rejeitado por ter uma 
opinião ou comportamento diferente. Estes devem ser colocados em debate com todos. 3º) O 
grupo é um espaço para construção do protagonismo: sujeito ativo, participativo, que 
busca alternativas objetivas para a transformação social. No entanto, não é possível ser um 
protagonista sem estar referendado em um determinado coletivo. Isto é, ser protagonista não é 
ser um ―super-homem‖ ou ―mulher-maravilha‖ que, individualmente, busca as soluções para 
os problemas. É participar das ações de transformação da sua comunidade, escola, grupo 
sempre em busca de direitos coletivos e não satisfação de interesses individuais. A avaliação 
em grupo promove o exercício da liderança, planejamento do futuro, construção coletiva de 
ações.
68
 
Testes antropométricos, de aptidão física, motora e nutricional. Estes podem ser 
aplicados no início do programa, a fim de subsidiar sobre como os educandos estão chegando 
em relação aos aspectos vinculados aos testes e, posteriormente, a cada trimestre, replica-se 
para ver se há evolução no quadro inicial. Dessa forma, o responsável pelo programa deve 
esclarecer sobre cada um dos aspectos avaliados e qual a importância deles para o 
desenvolvimento dos educandos. Salienta-se que informá-los sobre suas condições é 
extremamente importante, pois pode contribuir com seus comportamentos na vida diária. 
Ainda como forma de aproximação do educando e família, sugere-se que os dados levantados 
cheguem até os familiares, pois muitas ações podem ser desencadeadas vinculando as 
famílias. Ressalta-se que o fato de se levantar os indicadores relacionados não devecaracterizar essa proposta como desenvolvimentista e/ou técnica, contudo, é inegável que os 
conhecimentos advindos dessas propostas contribuem para a ampliação e enriquecimento das 
ações do esporte e lazer de forma geral. 
 
 
33 
Autoavaliação. Está é uma das formas mais recomendadas para as ações do Programa, 
pois contribui, substancialmente, para a tomada de consciência sobre tudo o que se vivencia 
no seu desenvolvimento. Os educandos devem aprender a se observar e valorar o aprendizado 
realizado. A autoavaliação é uma oportunidade ótima para os momentos de reflexão e 
aproximação entre os envolvidos, os objetivos traçados e os resultados atingidos. Como 
estratégia deve-se ter à disposição planilhas que apontem os aspectos importantes que foram 
trabalhados e que merecem ser observados. Essa ação pode ser construída, desde o início das 
ações de planejamento, pois na estruturação dos objetivos são elencados os aspectos essenciais 
a serem buscados com a proposta.
69
 
Outras tantas formas de avaliação podem ser empregadas, contudo, elas são 
dependentes das proposições de atividades que serão desenvolvidas. O que se deve ter claro é 
a importância da avaliação para o redirecionamento das ações, pois somente com ela é que se 
poderá prospectar avanços para ações em continuidade ao processo formativo proposto. 
 
Propostas para a relação metodológica 
 
 Observar as indicações propostas nas ações coletivas no item 3.5, tendo-as como 
basilares para o envolvimento de todos. 
 Criar documentos próprios para o levantamento de dados da comunidade que 
possibilitem a elaboração de seu perfil sociocultural e esportivo, assim como estrutural 
em relação aos ambientes e suas constituintes. 
 De posse do perfil, elencar quais são as oportunidades disponibilizadas. 
 Buscar formas de envolver os educandos, desde o primeiro momento na tarefa de 
pensar os caminhos a serem seguidos, municiando-os sobre os levantamentos 
realizados. 
 Ofertar aos educandos possibilidades de novas experiências, para além do 
tradicionalmente disponibilizado, potencializando as oportunidades idealizadas. 
 Criar rotinas de ações que sejam estratégicas na conquista e envolvimento dos 
educandos em relação ao comprometimento, estimulando-os à assunção da 
corresponsabilidade, tais como responsabilidade pela organização dos espaços, dos 
materiais, indicação e desenvolvimento de atividades, organização de eventos, apoio 
no processo avaliativo, dentre outros. 
 Estimular a participação da família nas ações do programa. O esporte e lazer possuem 
atrativos fortes que podem contribuir com o processo educacional geral na 
 
 
34 
aproximação da família com a escola. Desenvolva eventos esportivos e de lazer com os 
quais os familiares tenham vínculo e responsabilidades. 
 Organizar eventos com os quais possa informar aos familiares a situação dos filhos em 
relação aos aspectos antropométricos, físicos, motores e nutricionais. Muitas ações 
podem ser desencadeadas a partir das conversas e informações repassadas aos 
familiares. 
 Organizar eventos que possam indicar aos familiares o sucesso e potencialidades dos 
educandos. Enaltecer e valorizar os educandos aos seus familiares deve ser uma 
constante no processo, pois rompe com o estigma de que a escola só observa as falhas. 
Esse procedimento pode contribuir em muito com a formação da autoestima positiva 
dos educandos. 
 Procurar manter um processo de vigilância constante no progresso de desenvolvimento 
do Programa, isso pode facilitar a correção de rumos. Contudo, salienta-se que essa 
vigilância deve ser, como nas demais ações, de forma coletiva. 
 
 
3.6 Trabalho participativo para autoorganização comunitária 
 
Para um trabalho coletivo participativo, as ações devem afirmar, primeiramente, um 
sentimento de pertencimento e de identidade do grupo, que identifica seus interesses comuns e 
os associa às próprias crenças, valores, interesses culturais e cultura popular, ampliando as 
experiências e conteúdos tratados na educação formal e não formal. 
O esporte e o lazer, como alternativas nesse processo, podem representar a identidade 
coletiva como meio educativo para aprendizagens da pessoa sobre ela mesma, dela sobre as 
outras pessoas, o grupo e suas relações mais amplas. 
Daí a importância da presente proposta educativa incluir possibilidades de organização 
e ação comunitária conscientizadora, nas quais o esporte e o lazer atuam como alavancas de 
momentos participativos e de mudanças sociais voltadas à garantia da cidadania e à vivência 
de seus valores fundamentais. 
O diferencial nessa proposta de ação comunitária do esporte e do lazer a ser 
desenvolvida no Programa Mais Educação é, além dos professores de Educação Física que 
trabalham com a ação educativa dos programas de esporte e lazer, integrarmos a atuação de 
agentes também como orientadores de atividades junto aos seus grupos locais. Estes agentes 
são pessoas da própria comunidade, que, muitas vezes, já vêm atuando, voluntariamente, na 
 
 
35 
Rede Social com alguns conteúdos culturais, por exemplo, o futebol de várzea e a capoeira. 
Possuem conhecimentos específicos que podem orientar algumas oficinas. Além disso, 
possuem liderança mobilizadora de transformações sociais e culturais no esporte e lazer 
vividos no cotidiano. Dividem responsabilidades e somam esforços para o desenvolvimento 
pleno e integral do ser humano. 
A ação comunitária aqui é, operacionalmente, entendida como: 
um trabalho socioeducativo que consiste numa intervenção deliberada em 
determinada comunidade, através de atividades programadas em conjunto com 
pessoas e instituições locais, objetivando despertar e ampliar sua consciência para os 
problemas da comunidade, sensibilizá-las para a mobilização e coordenação de 
lideranças e predispô-las para a ação que vise o encaminhamento de soluções 
daqueles problemas, ou a tentativa de realização de aspirações relacionadas com a 
comunidade como um todo70. 
 
Nesse processo de intervenção, Marcellino
71
 destaca a importância de um plano geral 
de ação composto por três fases interligadas, que são: 
 “Primeira Fase — é a da deflagração propriamente dita, caracterizando-se pela 
ação sensibilizadora, levantamento de necessidades e possibilidades de intervenção, 
definição de objetivos condutores da ação, seleção de instrumentos de intervenção e 
realização de atividades-impacto. A ação dos técnicos está presente com muita 
intensidade, no planejamento, na organização e na execução, buscando estimular 
e/ou coordenar as iniciativas detectadas na análise da situação. 
Segunda Fase — é marcada pela avaliação dos resultados da ação, geralmente 
ocorridos, no que pode ser denominado de período de carência. Aqui, a intensidade 
da ação dos técnicos já é menor, mas continua presente, através, por exemplo, de 
contatos, buscando a efetivação de resultados latentes. Podem ser considerados dois 
grupos de resultados: respostas, que estão intrinsecamente ligados aos objetivos da 
ação, previstos no projeto, e, geralmente, necessitando de acompanhamento técnico 
para a continuidade do processo; reflexos, que independem de acompanhamento, uma 
vez que são assumidos por grupos ou pessoas, ou podem nem mesmo estar previstos 
no planejamento da ação. 
Terceira Fase — caracteriza-se como continuidade da ação, com a retomada dos 
resultados dependentes de acompanhamento, num período de sedimentação, onde 
é exigido acompanhamento direto, necessário à consolidação do processo, tendo em 
vista o alcance do estágio de autonomia, onde o acompanhamento será levado a 
efeito a título de reciclagem.‖ 
 
Podemos observar, assim, que a proposta de ação comunitária que apresentamos

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