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Resumo para AV1 analise experimental

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Resumo de TSP 1
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Resumo
Resumo da matéria de Teorias e Sistemas Psicológicos I.
Sumário
Introdução
O behaviorismo é um sistema psicológico que tem como objeto de estudo o compor- tamento, e deseja estudá-lo via métodos científicos. Ele busca observar o comportamento humano - e o animal, às vezes, quando se julga que as inferências feitas também se aplicam a humanos - e, a partir dessa observação, analisar objetivamente as relações entre fatores ambientais e individuais relacionados ao comportamento.
Poucos são, na atualidade, os terapeutas que utilizam exclusivamente a terapia comportamental, entretanto ela, é parte integrante da terapia cognitivo comportamental, uma área da psicologia clínica que vem se desenvolvendo rapidamente, e com eficácia comprovada por várias pesquisas científicas.
Origem histórica
Em 1913, Watson publica o artigo “A Psicologia como um behaviorista a vê” (2008), no qual expõe os principais posicionamentos científicos da nascente Psicologia Compor- tamental. Ele define como seu objeto de estudo o comportamento, por ser fisicamente observável (pode-se ver as pessoas andarem, comerem, conversarem, mas é difícil observar seus pensamentos e sentimentos).
Watson não está propondo a criação de uma nova psicologia, mas sim a redefinição do objeto de estudo da psicologia para algo que seja objetivo, observável e mensurável: o comportamento, uma posição que não obteve muita aceitação, na época.
Posicionamento filosófico
Ao definir o comportamento como objeto de estudo científico, fica implícito que ele é um fenômeno ordenado, e que pode ser explicado por leis simples, podendo ser previsto a partir das mesmas.
O que se percebe, com isso, é que o comportamento - caso se tenha os meios necessários - pode ser controlado. Essa visão é conhecida como determinismo. No caso do behaviorismo, o que determina o comportamento é, por um lado, a hereditariedade e, por outro, o meio ambiente.
A principal diferença entre os primeiros behavioristas, como Watson, e aqueles que seguiram as posições skinnerianas, está na tradição filosófica que cada grupo assume ao definir o que consideram ser uma ciência. Skinner chamou os primeiros behavioristas de behavioristas metodológicos, enquanto chamou a sua posição de Behaviorismo radical.
Dessa forma, ao pensarmos no behaviorismo, é importante identificarmos que, embora todos se dediquem ao estudo do comportamento, existem dois tipos diferentes de behaviorismo.
Behaviorismo metodológico
Para Watson, o behaviorismo devia seguir os seguintes postulados:
O comportamento é composto por elementos, ou respostas, e pode ser analisado por métodos científicos, naturais e objetivos.•
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O comportamento é composto por secreções glandulares e movimentos musculares.
Todo estímulo físico elicia uma resposta. Assim, todo comportamento segue um determinismo causa-efeito.•
Os processos conscientes se existem, não podem ser estudados cientificamente e, portanto, devem ser ignorados.•
Imagine uma pessoa que diz que está comendo porque sente fome. Pense atentamente nessa experiência, que, com certeza, você já passou inúmeras vezes e na sequência de eventos envolvidos na mesma:
Em primeiro lugar, pode-se dizer que há um período de privação de comida.
Durante a privação, os processos fisiológicos do corpo começam, a partir de um determinado limiar, a despertar uma sensação de fome.•
Ao se deparar com essa sensação, você vai direto para sua geladeira, procura algum alimento de sua preferência e o come.•
O primeiro e o terceiro momentos são objetivamente observáveis, enquanto o segundo não. É comum que as pessoas tratem o fato 2, a sensação de fome, como a causa do fato 3, o comportamento de comer. Para essa corrente do Behaviorismo, esse pensamento é um mentalismo ingênuo, porque, se a fome é resultado da privação de comida, pode-se desconsiderar a causa mental, a sensação, e preocupar-se somente com os fatos naturais, facilmente mensuráveis.
É importante registrar aqui que o behaviorismo metodológico não nega a existência da mente, mas sim a sua cientificidade, afirmando, dessa forma, não ser possível o estudo dos eventos mentais.
Behaviorismo radical
O behaviorismo radical pode ser considerado uma filosofia da ciência do comporta- mento humano que busca compreender questões humanas - como comportamento, cultura, e outros - dentro do modelo de aprendizagem por consequências, e rejeita o uso de variáveis não físicas.
Um behaviorista radical defende que as diferentes explicações sobre o comporta- mento humano deveriam ser estabelecidas com base em evidências refutáveis, e não em especulações abstratas. O behaviorismo radical foi concebido em experimentos realizados sob o rigor da produção de conhecimento científico. Desenvolvido dentro de um laboratório, em condições controladas, é um método passível de replicação.
Entretanto, o behaviorismo radical não nega veemente a possibilidade da auto- observação, apenas questiona a natureza do que está sendo observado.
3.2.1	Comportamento e ambiente
Skinner propõe a existência de dois tipos de relações entre o comportamento e o ambiente:
Consequências seletivas que ocorrem após o comportamento e modificam a probabili- dade futura de ocorrerem comportamentos equivalentes, isto é, da mesma classe.•
Contextos que estabelecem a ocasião para o comportamento ser afetado por suas consequências (e que, portanto, ocorreriam antes do comportamento e que igualmente afetariam a probabilidade desse comportamento).•
Essas duas formas de interações são denominadas contingências, sendo conceitos de extrema importância para a análise comportamental proposta por Skinner.
Tipos de evento
As duas classes mais amplas de eventos de interesse da análise do comportamento são as classes de eventos ambientais e comportamentais. Os eventos ambientais são al- terações que ocorrem no ambiente, como o escurecimento de uma sala, o som de uma campainha, o cheiro de uma flor, etc. Já os comportamentais são ações promovidas pelo organismo cujo comportamento está sendo estudado, são os eventos que se quer explicar.
Um mesmo evento pode ser considerado ambiental ou comportamental, dependendo de qual sujeito está sob análise. Considere o seguinte exemplo: “um grupo de colegas de classe estava reunido em frente ao Laboratório de Psicologia. Pedro contou uma piada. Todos riram ruidosamente”.
Se o comportamento de Pedro estiver sendo estudaddo, pode-se dizer que o grupo reunido é um evento ambiental (antecedente) ao evento comportamental “contar uma piada”, e que os risos são um evento ambiental (consequente) ao evento comportamental promovido por Pedro.
Se resolvermos analisar o comportamento de outro membro do grupo, a piada contada por Pedro passa a ser um evento ambiental antecedente ao evento comportamental “rir”, promovido por todos os membros do grupo.
Perceba, contudo, que há uma parte dos eventos ambientais que afetam o com- portamento do sujeito que estamos analisando, e outra parte que não afeta. Os eventos ambientais que efetivamente influenciam o comportamento do sujeito estudado são chama- dos de “estímulos”.
Para a análise científica do comportamento, eventos podem ser classificados em função de: sua localização, sua disponibilidade à observação e sua natureza. Quanto à sua localização, os eventos podem ser externos ou internos, conforme ocorram dentro ou fora do corpo do indivíduo cujo comportamento está em estudo.
É possível que um exemplo seja esclarecedor. Mariana está tomando remédios para gastrite, de acordo com uma receita médica. Quando toma seus remédios na hora certa, sua mãe a elogia pelo autocuidado (evento ambiental consequente externo). Quando não os toma, consegue detectar excesso de acidez no seu estômago (evento ambiental antecedente interno).
Quanto ao acesso à observação, os eventos podem ser públicos, quando mais de um observador pode ter acesso a eles, ou privados, quando não podem ser observados por
outros. Eventoscomportamentais podem ser públicos e privados, também. Podemos, por exemplo, falar em silêncio de tal maneira que ninguém possa ter acesso a essa nossa ação (evento comportamental privado), ou falar alto o suficiente para que outros nos ouçam.
Quanto à natureza, os eventos podem ser físicos ou sociais. Ser atingido por um golpe, por exemplo, leva a reações relacionadas às características fiscas do golpe (sente-se dor, pode-se ser derrubado pela força do golpe, etc.). Mas, também é possível que o efeito dos eventos sobre o comportamento resulte não apenas de suas propriedades físicas, mas também do “significado” que esse evento tem num contexto histórico e cultural (parar num semáforo porque sua luz está vermelha é um exemplo).
Reflexos inatos
Os reflexos inatos possuem uma relação determinada com o ambiente, de forma que cada vez que o estímulo aparece, o comportamento é semelhante. Eles fazem parte de um conjunto de comportamentos transmitidos geneticamente, e que variam conforme as espécies. Essas são sempre o produto de uma longa seleção natural, que atuou nos diversos seres vivos selecionando os comportamentos mais adaptados ao ambiente no qual vivem. Há uma classe de comportamentos que são compreendidos como uma “preparação mínima” para o organismo interagir com seu ambiente, e que possuem um papel importante
na sobrevivência da espécie.
Um bebê, desde o nascimento, necessita mamar ao peito. Há uma série de movi- mentos de sucção importantes, e imagine ter que ensiná-lo a fazer isso, como seria difícil. Porém, logo que se leva o bebê ao mamilo, ele inicia os reflexos de sucção.
Imagine, por outro lado, que você tivesse que aprender a retirar o braço toda vez que sente a espetada de um prego. Isso também ocorre automaticamente, sem que você precise aprender. São justamente esses comportamentos, que fazem parte do repertório inato do ser humano e de outras espécies animais, que são chamados de reflexos.
Características
Para compreender o fenômeno reflexo, é importante observar as mudanças possíveis entre a intensidade do estímulo e a magnitude da resposta. No exemplo do reflexo pupilar, a intensidade do estímulo é a intensidade de luz projetada sobre o olho, e a magnitude da resposta é o tamanho da contração obtida (diâmetro antes da apresentação da luz menos diâmetro depois da apresentação da luz).
Ao se observar um comportamento reflexo, discriminando suas variações quanti- tativas, é possível buscar verificar se há relações que seguem um determinado padrão, e tais padrões podem ser estabelecidos e descritos por meio de leis ou propriedades, que possibilitam compreender e mesmo prever o exato funcionamento reflexo:
Lei da intensidade-magnitude: Ela demonstra que, quanto maior é a intensidade do estímulo, maior será a magnitude da resposta. Deve-se levar em conta que há uma intensidade máxima do estímulo que provoca essa relação. Estímulos muito fortes podem, na realidade, comprometer o organismo em vez de eliciar uma resposta reflexa.•
Lei do limiar: Toda resposta reflexa só é eliciada frente a uma intensidade mínima do estímulo. Entretanto, o valor do limiar não é um valor exato, mas uma faixa de•
intensidade, na qual a resposta pode ou não ocorrer.
Lei da Latência e da duração: Essa lei descreve que quanto maior for a intensidade do estímulo, menor será a latência, ou seja, o tempo que vai desde a estimulação até a ocorrência da resposta. Imagine que você leve um susto devido a um barulho. Se alguém medir a altura do som e as contrações musculares associadas a seu susto, poderá perceber que, quando o som for mais alto, mais rápido seu corpo se contrairá. Essa regra não só vale para a latência, mas também para a duração da resposta: quanto mais intenso o estímulo, maior a duração da resposta eliciada.•
Força do reflexo: Ela representa uma relação entre a latência, a magnitude e a duração da resposta. Ou seja, a força do reflexo será considerada fraca se sua latência for longa, a magnitude pequena e a duração curta, e será considerada forte se a latência for curta, a magnitude for grande e a duração longa.•
Efeito das eliciações sucessivas: Deve-se considerar que, após sucessivas apresentações do mesmo estímulo, na mesma intensidade, há uma mudança na relação dele com as respostas. Conforme se corta muitas cebolas, por exemplo, a quantidade de lágrimas tende a diminuir. Esse fenômeno se chama habituação do reflexo. Em outros casos, há a potenciação do reflexo, como no caso de uma goteira, que - depois de muito tempo - passa a produzir um som considerado insuportável.•
Condicionamento clássico
De acordo com a teoria evolutiva, é muito importante aos seres vivos não só terem reflexos inatos, pois estes só os auxiliam em situações específicas do ambiente. É necessário também que ele aprenda novos reflexos, para podem lidar com situações que se modificaram, que estão fora do previsto biologicamente por seu organismo.
O reflexo aprendido, ou condicionado, foi descoberto e estudado pelo fisiologista russo Ivan Petrovich Pavlov. Em seu laboratório, ele realizava diversos estudos fisiológicos, com o objetivo de estudar o funcionamento do sistema digestório utilizando, para tanto, o reflexo salivar, ou seja, a secreção de saliva por um organismo, eliciado pela apresentação de alimento.
Em seu experimento, ele fazia uma pequena fístula próximo às glândulas de saliva do cão, na qual introduzia uma cânula, de forma a captar a quantidade de saliva produzida, podendo mensurar sua quantidade. O que percebeu foi que, quando ele mostrava o alimento ao cão, a produção de saliva aumentava. Esse é o reflexo inato alimentar: alimento elicia saliva.
Ele buscava verificar a variação da magnitude da resposta (quantidade de saliva) frente à variação da intensidade do estímulo (quantidade de alimento). Entretanto, acabou fazendo novas descobertas acidentais. Percebeu que a magnitude da resposta do reflexo salivar, após algumas repetições, variava mesmo antes da apresentação do alimento: ao ouvir os passos ou mesmo ao ver Pavlov chegando ao laboratório. Mesmo a proximidade do horário costumeiro de realização dos experimentos já parecia levar a um aumento da salivação.
Um rápido glossário:
Estímulo incondicionado (Ei ou Si) – estímulo que naturalmente elicia uma resposta incondicionada.•
Resposta incondicionada (Ri) – resposta involuntária eliciada pelo estímulo incondi- cionado.•
Estímulo neutro (En ou Sn) – estímulo que não mantém relação com o reflexo inato em questão.•
Estímulo condicionado (Ec ou Sc)– nova denominação do estímulo neutro após seu pareamento com o estímulo incondicionado. Em função deste pareamento, o estímulo neutro assume as propriedades do estímulo incondicionado, passando a eliciar a mesma resposta.•
Resposta condicionada (Rc) – resposta eliciada pelo estímulo condicionado. A relação estabelecida entre o estímulo condicionado e a resposta condicionada caracteriza o reflexo aprendido.•
O emparelhamento de um estímulo neutro e de um estímulo incondicionado não é garantia de que o condicionamento ocorra. Alguns fatores são importantes para aumentar a chance de que o emparelhamento estabeleça o condicionamento:
Frequência de emparelhamentos: quanto maior a frequência de emparelhamento, mais forte será a resposta condicionada. Entretanto, é importante considerar que um único emparelhamento, de alta intensidade, pode provocar um condicionamento forte o suficiente para durar toda a vida, mesmo sem a presença posterior do estímulo incondicionado.•
Tipo de emparelhamento: quando o estímulo neutro aparece antes do estímulo incondicionado, e permanece durante sua apresentação, maior será a eficácia do emparelhamento.•
Intensidade do estímulo incondicionado: quanto mais forte o estímulo incondicionado, mais facilmente ocorrerá o condicionamento.•
Grau de predição do estímulo condicionado: para que o condicionamento ocorra, não é necessário somente que o emparelhamento seja frequente, mas a apresentação do estímuloneutro deve ser previsível.•
Propriedades
O condicionamento clássico não se restringe especificamente ao estímulo apresen- tado no processo de emparelhamento. Portanto, quando se cria um reflexo salivar no cão por meio da sineta, isso não significa que ele responderá somente àquele som específico. Após o
processo de condicionamento, estímulos semelhantes fisicamente conseguem eliciar a mesma resposta.	Assim, sons parecidos com a sineta também eliciarão o reflexo salivar, e esse fenômeno chama-se generalização respondente. Porém,esses estímulos semelhantes não produzem a mesma magnitude da resposta eliciada pelo estímulo condicionado original, e há um gradiente de generalização, ou seja, uma relação direta entre a semelhança do estímulo condicionado e a magnitude da resposta eliciada.
Outra propriedade importante do reflexo condicionado diz respeito à sua perma- nência ou ausência quando não há mais emparelhamento dos estímulos. Quando o Sc é apresentado várias vezes sem estar emparelhado com o Sii, o que ocorre é uma gradual perda do seu poder de eliciação. Por exemplo, a campainha não causa mais a salivação do cão, se depois de sucessivas apresentações não houver alimento. Esse fenômeno é chamado de extinção respondente.
A extinção respondente é importante, por exemplo, para a eliminação de fobias. Da mesma forma que se pode aprender a sentir medo, pode-se também aprender a não mais sentir medo, com o processo de extinção. Entretanto, para isso, é importante que o indivíduo se exponha ao estímulo condicionado algumas vezes, sem que haja o emparelhamento com o estímulo incondicionado.
Deve-se salientar que o processo de extinção de um reflexo condicionado, por meio da apresentação sucessiva do Sc sem o Si, não é contínuo, podendo haver momentos no qual o reflexo é recuperado. Esse fenômeno é conhecido como recuperação espontânea: Após a realização de um processo de extinção, é possível que haja uma recuperação da força do reflexo condicionado, mas não com a mesma força que antes.
Retome, por exemplo, o medo de cachorro. Após um período de tempo no qual a pessoa passa ao lado de um cachorro manso, o reflexo de medo desaparece. Entretanto, após um período no qual ela não entra mais em contato com outros cães, ao avistar um atravessando seu caminho na rua, ela sente reavivar uma sensação de medo. Tais recuperações espontâneas vão se tornando cada vez mais raras conforme se continua o processo de extinção respondente.
Aplicações
Duas técnicas foram consideradas como forma de amenizar o sofrimento do paciente
fóbico:
Contracondicionamento - consiste em se realizar o condicionamento de uma resposta contrária àquela que é produzida pelo estímulo condicionado (Sc).•
Dessensibilização sistemática - baseia-se na generalização respondente e no mapea- mento do gradiente de generalização, realizando, por meio dele, um processo gradual de extinção.•
Condicionamento de ordem superior
Ocorre em função do emparelhamento de um Sc com um novo Sn, o que é chamado de condicionamento de ordem superior. Os condicionamentos de ordem superior permitem compreender contextos mais complexos de reações reflexas e emocionais.
Condicionamento operante
Entretanto, como foi discutida já na seção anterior, a teoria do condicionamento reflexo permite compreender somente parte do comportamento, aquele que é eliciado por estímulos, internos e externos. Ela não explica os comportamentos emitidos, aqueles que o sujeito realiza independentemente do estímulo anterior. Por exemplo, não existe o reflexo de falar sobre futebol, ou de dançar na boate.
Embora o conceito de comportamento operante seja atribuído a Skinner, Thorndike (1911) já mencionava a importância de se considerar as consequências na explicação do comportamento. E isso fica mais claro com sua lei do efeito.
Lei do efeito
Em sua Lei do Efeito, Thorndike teorizou que as respostas que produziam con- sequências mais satisfatórias, foram escolhidas pela experiência e portanto, aumentaram de frequência. Algumas consequências reforçavam o comportamento, outras o enfraqueciam. Tais efeitos eram por ele explicados, inicialmente, por duas leis opostas, uma positiva, a da recompensa, relacionada à satisfação do organismo e ao fortalecimento de conexões entre situação e respostas; outra negativa, a da punição, relacionada ao desconforto e ao enfraquecimento de tais conexões.
Reforço
Consequências que aumentam a probabilidade de um comportamento voltar a ocorrer são chamadas de reforçadoras do comportamento. A relação entre esses reforços e o comportamento é chamada de contingência de reforço, e pode ser expressa pela expressão “se R, então C”.
O conceito de reforço é descritivo, ou seja, ele nomeia a relação estabelecida entre o comportamento e o ambiente no qual ele ocorre. E, para se identificar uma relação de reforço é necessário que essa inclua três componentes: as respostas devem ter consequências; sua probabilidade deve aumentar (isto é, as respostas devem-se tornar mais prováveis do que quando não tinham essas consequências); o aumento da probabilidade deve ocorrer porque a resposta tem essa consequência e não por outra razão qualquer.
Acerca dos efeitos reforçadores de determinadas consequências, uma distinção importante é feita entre reforçadores naturais e arbitrários, que também podem ser deno- minados reforçadores primários e secundários. Um dos mais importantes reforços primários do ser humano é a atenção, enquanto um dos mais importantes reforços secundários do ser humano é o dinheiro.
Extinção operante
Ao se estabelecer uma relação de reforço, a frequência de um comportamento aumenta. Entretanto, se o efeito reforçador é eliminado, o que se observa é que, aos poucos, o nível do comportamento reforçado retorna a seus níveis anteriores. Esse processo é chamado de extinção operante.
Se, por exemplo, o ratinho reforçado a pressionar a barra para obter comida deixa de obtê-la, diminui a frequência de pressionar a barra para o mesmo nível que tinha antes do reforçamento. O processo de extinção operante mostra que os efeitos do reforçamento
no comportamento não são permanentes, e só são mantidos frente à manutenção da relação reforçadora.
Resistência à extinção
É na história de aprendizagem que se pode compreender tal fenômeno. Essa história se refere aos reforçamentos que foram se estabelecendo ao longo da vida do organismo. O que se percebe é que três fatores são importantes para se entender a resistência à extinção de um determinado comportamento:
Número de reforçamentos anteriores: quanto mais um comportamento for reforçado, até o momento da suspensão do reforçador, mais difícil será sua extinção.•
Custo da resposta: Quanto maior o esforço necessário para se emitir um comporta- mento, mais fácil ele é extinto.•
Esquemas de reforçamento: Existem diferentes formas de se realizar um reforçamento operante.•
Recuperação espontânea
O processo de extinção também não é contínuo. Há que se considerar um fenômeno chamado recuperação espontânea. Após um tempo depois da realização do processo de extinção, a emissão do comportamento pode retornar em uma frequência mais alta que anteriormente.
Outros efeitos
Além da recuperação espontânea, outros efeitos podem ser notados em um processo de extinção:
Aumento da frequência da resposta no início da extinção (jorro de resposta): Quando se retira o reforçador, a frequência da resposta emitida aumenta rapidamente, antes de diminuir.•
Aumento da variabilidade topográfica: durante o reforçamento, a variabilidade da forma na qual o organismo responde (topografia) tende a diminuir. Já no início do processo extinção ocorre o oposto. Imagine que, ao apertar a campainha, ninguém atendesse a porta. Você começa a apertar mais forte, a bater na porta, e a chamar o nome do morador.•
Eliciação de respostas emocionais: Retome o exemplo da campainha. Além de você apertar mais vezes, e tentar chamar a pessoa de outras formas, você pode começar a se sentirirritado ou mesmo frustrado por ninguém lhe atender. O processo de extinção provavelmente elicia diversas respostas emocionais.•
Modelagem
A partir do reforçamento e da extinção, dois tipos de consequências do responder, é possível compreender o processo de aprendizagem de um novo comportamento, conhecido como modelagem. Para compreender como ela ocorre, é importante salientar primeiramente que todo organismo parte do que se chama repertório comportamental, ou seja, um conjunto de comportamentos que já estão presentes no sujeito, e cuja frequência é controlada por meio de processos de reforço e extinção.
Esquemas de reforçamento
Ao se programar o reforçamento de um determinado comportamento pode-se utili- zar um determinado esquema de reforçamento, ou seja, programar a forma como o reforço será liberado no processo de aquisição do comportamento desejado.
Existem basicamente dois esquemas de reforçamento:
Esquema de reforçamento contínuo – toda a emissão do comportamento desejado é se- guida do reforço. Esse esquema de reforçamento consegue estabelecer a aprendizagem muito rapidamente, visto que o sujeito com facilidade associa que o comportamento está sendo reforçado, entretanto é frágil à extinção já que a associação estreita entre comportamento e reforço permite que o sujeito perceba imediatamente quando este foi retirado.•
Esquema de reforçamento parcial – apenas algumas emissões do comportamento-alvo são reforçadas. Esse tipo de reforçamento produz uma aprendizagem mais lenta, uma vez que o sujeito demora mais a estabelecer a relação entre o comportamento e o reforço, já que nem todos os comportamento emitidos são reforçados, entretanto, uma vez estabelecida a aprendizagem, ela é muito mais resistente à extinção exatamente porque o sujeito não espera que o reforço seja emitido sempre.•
O esquema de reforçamento parcial pode ser ainda por ritmo (ou razão) ou por intervalo (ou tempo), dependendo do critério utilizado para a liberação dos reforços.
No reforçamento parcial por ritmo, o critério utilizado é o número de comportamen- tos emitidos, podendo ser sempre o mesmo número de comportamentos, o que caracterizaria o reforçamento parcial por razão fixa. Ou o número de comportamentos exigidos para a liberação do reforço pode variar ao redor de uma média, o que caracterizaria o esquema parcial por razão variável.
No reforçamento parcial por intervalo, o critério utilizado para a liberação dos reforços é o tempo transcorrido entre a emissão do comportamento-alvo, podendo ser sempre o mesmo tempo, o que caracterizaria o reforçamento parcial por intervalo fixo ou intervalos de tempo que variem ao redor de uma média, o que significaria o esquema de reforçamento parcial por intervalo variável.
Controle aversivo
Há estímulos que modificam o comportamento não pela sua apresentação, mas por sua retirada. Por exemplo, quando a luz do sol está forte, geralmente você coloca uns óculos de sol, um chapéu ou mesmo procura ficar sob uma sombra. Tais comportamentos eliminam o estímulo (luz do sol). Por outro lado, quando uma criança faz algo que a mãe
considera errado, ela pode lhe dar um tapa.A apresentação do estímulo (tapa) leva, então, a uma diminuição da frequência do comportamento.
O controle aversivo inclui três casos de controle do comportamento:
Aumento da frequência pela retirada do estímulo aversivo.
Diminuição do comportamento pela apresentação de um estímulo aversivo.
Diminuição do comportamento pela retirada de um estímulo reforçador.
No primeiro caso, fala-se em reforço negativo (em contraposição ao reforço positivo); no segundo em punição positiva; e por último em punição negativa. No caso do reforço, a probabilidade do comportamento tende a aumentar devido à relação com a consequência, e no da punição tende a diminuir. Já ação positiva do comportamento sobre o estímulo consiste em levar à apresentação de um estímulo, enquanto a negativa leva à eliminação ou não-apresentação.
O reforço negativo mantém dois tipos de comportamento. O primeiro deles é a fuga, no qual um estímulo aversivo é apresentado ao sujeito, que exibe um comportamento com a finalidade de suprimi-lo. O segundo é a esquiva, no qual ele evita ou atrasa o contato com um determinado estímulo aversivo, que, portanto, ainda não está presente no ambiente.
Um dos efeitos colaterais do controle aversivo é a eliciação de respostas emocionais. Muitos estímulos aversivos e mesmo a retirada de estímulos reforçadores podem gerar uma série de respondentes, como choro, palpitações, tremores, sudorese. Esse fenômeno pode gerar algumas consequências. Uma delas é a eliciação de respostas emocionais também na pessoa que aplica a contingência punitiva, como comportamentos relacionados a culpa ou pena, e que são marcados pela liberação de estímulos reforçadores.
Outro efeito é a emissão de respostas incompatíveis com o comportamento punido. Nota-se que após a punição de um determinado comportamento, o organismo emite uma série de respostas que dificultam a repetição do comportamento punido, chamada de resposta incompatível ou controladora. Tal resposta termina sendo negativamente reforçada, pois ela é uma forma de fuga do estímulo aversivo.
Finalmente, o efeito mais indesejado do controle aversivo talvez seja o contracontrole, por indicar que o organismo sob controle da contingência aversiva, em vez de emitir o comportamento adequado esperado pelo agente controlador, emite outro que impede a manutenção desse controle sobre si.
Bandura
A Teoria Social Cognitiva (TSC) explica o comportamento humano mediante um modelo de reciprocidade triádica. Nesse modelo, a conduta, os fatores pessoais internos (eventos cognitivos, afetivos e biológicos) e o ambiente externo atuam entre si como determinantes interativos e recíprocos.
Dessa forma, o indivíduo cria, modifica e destrói o seu entorno. O indivíduo se torna agente e receptor de situações que se produzem, e ao mesmo tempo essas situações determinarão seus pensamentos, emoções e comportamento futuros.
Para Bandura, o princípio básico que fundamenta a TSC é a perspectiva da agência,
a qual se contrapõe aos princípios behavioristas que baseavam os processos de aprendizagem na associação entre os estímulos ambientais e as respostas individuais.
A agência humana possui, de acordo com ele, quatro características fundamentais: intencionalidade (é possível escolher e planejar suas ações), antecipação (de resultados esperados), autorreatividade (as reações do agente, e a forma como ele as percebe, regulam seu comportamento) e autorreflexão (os agentes examinam seu próprio funcionamento).
Autoeficácia
A autoeficácia é tida como a percepção do indivíduo a respeito de suas capacidades no exercício de determinada atividade. Com as mesmas capacidades, pessoas com diferentes percepções podem obter êxitos ou fracassos em função dessas diferenças de percepção. Para a elaboração desses julgamentos acerca da própria capacidade, o indivíduo poderá levar em conta diversos fatores. Além disso, as crenças podem estar relacionadas a domínios específicos, podendo haver percepção de elevada autoeficácia em determinado domínio e baixa autoeficácia em outros.
As crenças de eficácia podem ser desenvolvidas a partir de quatro principais fontes de informação: experiência direta, experiência vicária, persuasão social, e estados físicos e emocionais. A experiência direta diz respeito às experiências vividas pelo indivíduo, e os sucessos (ou fracassos) obtidos contribuem para a construção de uma forte (ou fraca) crença na eficácia pessoal.
A segunda fonte são as experiências vicárias, fornecidas por modelos sociais. Na experiência vicária, o impacto da modelagem na percepção de autoeficácia é influenciado pela semelhança percebida em relação aos modelos. Se as pessoas vêem os modelos como muito diferentes de si mesmos, sua autoeficácia percebida não é muito influenciada pelo comportamento dos modelos, ou pelos resultados que ele produz.
A persuasão social é tida como a terceiraforma de reforçar as crenças das pessoas em suas capacidades. Persuasores desempenham um papel importante no desenvolvimento das crenças de eficácia. Persuasões positivas podem encorajar e empoderar, enquanto que as negativas podem enfraquecer essas crenças.
A quarta fonte geradora de autoeficácia é o conjunto dos estados emocionais e somáticos. As pessoas dependem, em parte, destes estados no julgamento de suas capacidades. Em atividades que envolvem força e resistência, as pessoas julgam sua fadiga, dores e sofrimentos como sinais de debilidade física, por exemplo. Contudo, não é o grau de intensidade das reações físicas e emocionais que é importante, mas como elas são interpretadas. As pessoas que têm um alto senso de eficácia podem ver seus estados de excitação como facilitador energizante do desempenho, enquanto que outras, com autodúvidas, consideram sua excitação como um debilitador.
Todas essas informações proporcionadas pelas fontes de eficácia passam por um processamento cognitivo, no qual os indivíduos selecionam, avaliam, integram e interpretam tais informações.
Outros conceitos
Há conceitos conceitos correlatos à autoeficácia que podem, a princípio, ser vistos como sinônimos. No entanto, uma análise mais profunda revela diferenças importantes. São eles:
Autoconceito - visão que o indivíduo tem de si, formada através da experiência e do•
feedback recebido de pessoas consideradas importantes. Assim, crenças de eficácia
são mais complexas que o autoconceito, já que variam de acordo com diferentes níveis e circunstâncias distintas. As crenças de autoeficácia são avaliadas por meio de perguntas do tipo “posso”, enquanto que o autoconceito é avaliado por meio de perguntas do tipo “sou” e “sinto”.
Auto-estima - um julgamento do amor-próprio, que depende da valorização cultural a respeito das capacidades que uma pessoa possui. Dado o foco da autoeficácia na capacidade, entende-se que a autoestima e a autoeficácia estejam relacionadas, mas não significam a mesma coisa uma vez que a auto-estima está mais relacionada a sentimentos de aceitação.•
Lócus de controle - é entendido como a percepção das pessoas sobre quem ou o que detém o controle sobre sua vida. Quando o indivíduo percebe os eventos de sua vida como controlados por si mesmo, se teria o lócus interno, mas, se os per- cebe como controlados por outros fatores, haveria o lócus externo. Desse modo, a autoeficácia determina em grande medida o lócus de controle interno, ou seja, se uma pessoa se sente eficaz e acredita possuir as habilidades necessárias, estabelecerá relações entre suas ações e os resultados. E de outro modo, o lócus de controle determina a autoeficácia: diante de uma tarefa, as pessoas com lócus de controle interno que crêem estarem desprovidas das habilidades necessárias desenvolvem um limitado sentido de autoeficácia e enfrentam a situação com um sentido de inutilidade.•
Resiliência - capacidade do indivíduo em resistir às dificuldades encontradas em sua vida, perseverando e enfrentando tais dificuldades de forma positiva. resiliência. Enquanto a autoeficácia residiria na percepção, na decisão, a resiliência permitiria o recuo no sentido de alcançar um determinado objetivo de conduta.•

Outros materiais