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XX Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XVI Encontro Latino Americano de Pós-Graduação e VI Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba. 1 ANÁLISE DA DEGRADAÇÃO DE REAGENTES QUÍMICOS DE USO ACADÊMICO POR ESPECTROSCOPIA NO INFRAVERMELHO FTIR-UATR Souza, H.L.; Ferreira, W.C.; Cho, L.Y.; Sakane, K.K. Univap - Av. Shishima Hifumi, 2911, Urbanova, CEP-12244.000, São José dos Campos-SP – her_leite@hotmail.com Resumo – No meio acadêmico é comum a utilização de alguns reagentes com o prazo de validade fora do indicado pelo fabricante. Neste trabalho foram analisados reagentes no prazo de validade e após o prazo de validade coletados em laboratórios químicos, com intuito da criação de dados que comprovem a degradação gradativa dos mesmos após o vencimento da data prevista pelo fabricante, e quantificar a perda de pureza do reagente. Foi utilizada a técnica de espectroscopia no infravermelho FTIR-UATR e calculado as áreas de uma banda de referência para obtenção da porcentagem de degradação. Palavras-chave: Espectroscopia no infravermelho, degradação, reagentes químicos. Área do Conhecimento: Ciências exatas e da Terra Introdução No meio acadêmico, normalmente são formados pequenos estoques de vários reagentes químicos, utilizados em inúmeros experimentos de forma esporádica. O abandono de experimentos causa o acúmulo de reagentes sem utilidade e/ou pouco utilizados, que eventualmente excederam o prazo de validade estimado pelo fabricante. De acordo com a Resolução - RDC nº 33 da ANVISA, o prazo de validade refere-se a “data limite para a utilização de um produto com garantia das especificações estabelecidas, com base na sua estabilidade”, ou seja, refere-se ao prazo limite garantido pelo fabricante onde o produto não sofrerá nenhuma alteração físico-química. Essa afirmação não torna o produto inerte (com relação a reagentes químicos), mais sim a ocorrência da diminuição progressiva da eficácia do reagente como espécie química. Outra complicação com relação a reagentes vencidos é seu descarte e armazenamento. Muitos reagentes necessitam de tratamentos especiais para seu descarte e espaço físico diferenciado, levando a altos custos. O objetivo desse trabalho é alertar ao descarte de reagentes químicos que excederam o prazo de validade, provando por técnica de espectroscopia vibracional no infravermelho FTIR-UATR a diminuição da concentração desses reagentes químicos durante o período após o vencimento da data limite para sua utilização, creditada pelo fabricante. Para efeitos comparativos foi utilizado nas análises, reagentes químicos de características distintas, buscando abranger o maior número de classes das substâncias químicas. O EDTA ou ácido etilenodiamino tetra-acético é uma substância orgânica de pH ácido, que tem atividade quelante (habilidade de se ligar a íons metálicos formando compostos mais estáveis), podendo fazer até 6 ligações covalentes (Antonin, 2011). O reagente químico utilizado nas análises tem em sua formulação o sódio (Na+) como metal estabilizante do EDTA. Figura 1: Fórmula estrutural do EDTA dissódico XX Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XVI Encontro Latino Americano de Pós-Graduação e VI Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba. 2 O ácido ascórbico, popularmente conhecido como vitamina C, é uma substância orgânica de grande importância para os organismos celulares, pois age como antioxidante, ou seja, age como um redutor para outras moléculas. Figura 2: Fórmula estrutural do ácido ascórbico O sulfato de potássio é um sal inorgânico muito utilizado na agricultura como fonte de potássio, importante para ativação enzimática em espécies vegetais (Associação Brasileira para Pesquisa da Potassia do Fosfato, 1990). Figura 3: Fórmula estrutural do sulfato de potássio Metodologia Escolheram-se três reagentes distintos com datas de validade diferentes. Para evitar qualquer tipo de alteração na composição do reagentes escolidos, (até mesmo impurezas presentes), não foi feito nenhum tipo de purificação ou tratamento, obtendo as amostras diretamente dos seus recipientes de origem. Retirou-se duas amostras de cada reagente com datas distintas, (com excessão do ácido ascórbico que analisou-se três amostras de datas diferentes). Utilizou-se o equipamento espectrofotômetro infravermelho Spectrum Spotlight 400 (Perkin Elmer) para obtenção dos espectros no intervalo de 4000 a 400 cm-1 com resolução de 4 cm-1. Colocou-se cada amostra no sistema de amostragem do equipamento e realizou-se as medições. Resultados As figuras do 6 ao 9 mostram a variação na intensidade das bandas sobrepostas de cada um dos reagentes e suas respectivas validades. Figura 4: Expectoro completo do EDTA dissódico de 2011 Figura 5: Expectoro completo do EDTA dissódico de 2016 XX Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XVI Encontro Latino Americano de Pós-Graduação e VI Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba. 3 Figura 6: Espectro da banda marcadora (indicado pela seta) do EDTA dissódico com as validades de 2016 e 2011 Figura 7: Espectro ampliado da banda marcadora EDTA dissódico Figura 8: Espectro da banda marcadora Ácido ascórbico com as validades de 2011, 2012 e 2015 Calcularam-se as áreas das bandas características de cada amostra para quantificar a degradação como mostrado na Imagem 10, Imagem 11 e Imagem 12. Imagem 10: Intensidade da banda de sulfato de potássio em 1100 cm-1, onde A com validade 2017 e o B com validade 2009 Imagem 11: Intensidade da banda de EDTA dissódico em 773 cm-1 com validade 2016 e 2011 Figura 9: Espectro de banda marcadora do sulfato de potássio com as validades de 2017 e 2009 XX Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XVI Encontro Latino Americano de Pós-Graduação e VI Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba. 4 Imagem 12: Intensidade da banda de ácido ascórbico na faixa de 1657 cm-1 com validades de 2015, 2012 e 2011 Tabela 1: Resultados das áreas calculadas Produto Faixa da banda (cm-1) Validade Intensidade da banda Sulfato de potássio Sulfato de potássio 1100 1100 2017 2009 1,2337 1,1927 EDTA dissódico EDTA dissódico 773 773 2016 2011 0,6878 0,5419 Ácido ascórbico Ácido ascórbico Ácido ascórbico 1657 1657 1657 2015 2012 2011 0,7678 0,7532 0,7414 A degradação do reagente sulfato de potássio foi de 3,32% desde o vencimento em 2009. A degradação do reagente EDTA dissódico foi de 21,21% desde o vencimento em 2011. A degradação do reagente ácido ascórbico foi de 1,90% desde o vencimento em 2012 e de 3,44% desde o vencimento em 2011. No sulfato de potássio ocorre o estiramento da ligação enxofre-oxigênio, no EDTA dissódico ocorre o “rocking” do CH2 e no ácido ascórbico ocorre a deformação da carbonila. Tabela 2: Resultados das porcentagens de perda de eficácia química de cada reagente Nome do composto Data da análise Validade Porcentagem de perda (%) Sulfato de potássio Sulfato de potássio 09/05/2016 09/05/2016 2017 2009 0 3,32 EDTA dissódico EDTA dissódico 30/06/2016 30/06/2016 2016 2011 0 21,21 Ácido ascórbico Ácido ascórbico Ácido ascórbico 30/06/2016 30/06/2016 30/06/2016 2015 2012 2011 0 1,90 3,44 Discussão Por meio dessa pesquisa, quantificou-sea perda de eficácia química de cada reagente analisado. Utilizou-se os reagentes dentro do prazo de validade como base para o cálculo da porcentagem de perda por degradação dos outros reagentes fora do prazo de validade, com exceção do ácido ascórbico que não possuía em estoque reagente com data superior ao ano de publicação desse trabalho, utilizando assim um reagente com a data mais próxima ao ano de publicação. XX Encontro Latino Americano de Iniciação Científica, XVI Encontro Latino Americano de Pós-Graduação e VI Encontro de Iniciação à Docência – Universidade do Vale do Paraíba. 5 Com a utilização da técnica de espectroscopia no infravermelho, é possível analisar grande parte dos componentes da amostra, porém para a obtenção das informações obtidas nesse trabalho, utilizou- se uma banda marcadora característica, (com boa definição e início similares em relação as bandas comparadas). Cada reagente químico analisado comportou-se de uma maneira diferente ao decorrer da análise, assim obtendo diferentes resultados de degradação. O sulfato de potássio apresentou uma perda relativamente pequena em aproximadamente 7 anos, (sua perda foi de 3,32% em relação ao reagente no prazo de validade). O EDTA dissódico apresentou uma perda mais significativa que os outros reagentes em aproximadamente 5 anos, (sua perda foi de 21,21% em relação ao reagente no prazo de validade). O ácido ascórbico apresentou uma perda relativamente pequena em aproximadamente 4 e 5 anos, (sua perda foi de 1,90% e 3,44%, respectivamente em relação ao reagente no prazo de validade). Conclusão Em uma visão geral, o uso de reagentes vencidos no meio acadêmico não representa grandes alterações nos produtos obtidos em reações químicas, pelo contrário pode representar uma economia financeira substancial. Vale ressaltar que este estudo leva em consideração apenas o uso desses reagentes no meio acadêmico. Além do lado financeiro, ambientalmente a utilização destes reagentes químicos se mostra uma atitude interessante, pois evita riscos do descarte incorreto que podem levar a contaminações, evita a utilização de um espaço físico especial apenas para estes reagentes, e diminui a necessidade da compra de novos reagentes para repor os vencidos. Tendo os resultados em mente, a degradação dos reagentes com relação ao tempo, pode variar substancialmente devido a suas características químicas, ao mau uso, má conservação, entre outros fatores. Uma maneira mais eficaz para o cálculo da degradação dos reagentes é a análise periódica do reagente analisado do mesmo fabricante/fornecedor, diminuindo as variáveis suscetíveis a erros. Para evitar o vencimento dos reagentes e como consequência a perda da pureza (mesmo que pequena), seria importante a implantação de uma gestão mais controlada na compra e na utilização dos reagentes e um melhor controle dos experimentos previstos que utilizam esses reagentes no decorrer dos períodos. Um trabalho interessante seria uma nova rotulagem ao frasco do reagente vencido com um prazo de validade adicional, junto com um processo de purificação do mesmo. Outra solução seria, com os resultados das análises necessárias (como a própria espectroscopia no infravermelho FTIR-UATR), revalidar os reagentes vencidos. Referências Antonin, V.S.; Silva, J.C.M.; Souza, R.F.B. Estudo da degradação do complexo EDTA_Cu (II) por métodos eletroquímicos. In: 3º Internacional workshop advances in cleaner production, 2011, São Paulo. SILVEESTEIN, R.M.; WEBSTER, F.X.; KIEMLE, D.J. Identificação espectrométrica de compostos orgânicos 7ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006. ANVISA (2001), Resolução RDC nº134, de 13 de julho de 2001. Associação Brasileira para Pesquisa da Potassia do Fosfato. Potássio: Nessecidade e uso na agricultura moderna Piracicaba, 1990. ORIQUIS, L.R.; MORI, M.; WONGTSCHOWSKI, P. Shelf life para a indústria química Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
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