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Direito Penal - Parte Especial II

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Direito Penal Parte Especial II
Prof. Eduardo Sorrentino Alcântara
Bibliografia:
	- Guilherme Nucci - Manual de Direito Penal.
	- Cezar Roberto Bittencourt – Tratado de Direito Penal – V 3 – Saraiva.
	- Pedro Franco de campos – Direito Penal Aplicado – 1ª ed. Saraiva.
	
	- Alberto Silva Franco– Cód. Penal Comentado e sua Interpretação Juris – RT, 2003
	- Magalhães Edgard Noronha - Direito Penal – V 3 – Saraiva.
1 – Distribuição, subtração e ocultação de cadáver (CP art. 211):
Art. 211 - Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele:
	
 Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
	1.1 Sujeito ativo: é um crime comum, que pode ser cometido por qualquer pessoa;
	1.2 Sujeito passivo: em primeiro lugar é a coletividade, depois, a família do morto.
	O sujeito passivo se divide em:
		- Formal ou constante: é o titular do interesse jurídico de punir (surge com 	o cometimento da infração penal);
		- Material ou eventual: será sempre o titular do bem jurídico diretamente 	lesado pela conduta do agente ativo.
	1.3 Conduta: as condutas podem ser:
		a. Comissiva: a conduta comissiva pode ser de dois tipos:
			1 - Por ação;
			2 – Por omissão imprópria: é o caso em que o sujeito deve agir mas 		não o faz (CP art. 13 §2º).
Art. 13 § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
 a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
 b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
 c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
	Observação: quem se omite modalidade imprópria, não poderá responder pelo crime que se omitiu, tendo em vista a ausência de previsão legal (Princípio da legalidade), observada a Teoria Monista adotada pelo Código Penal (art. 13). Todavia responderá pela relevância da omissão (art. 13, §2º).
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
 § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
 a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
 b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
 c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
b. Omissiva ou omissiva própria: pode agir, mas não age.
Este crime é comissivo por ação.
	1.4 Objeto jurídico: é o bem jurídico protegido ou a tutela solicitada. No caso, o sentimento de respeito à memória dos mortos.
	1.5 Objeto material: é o próprio cadáver ou parte dele. Partes do cadáver são cadáveres em si. “Múmias” e “cinzas” não são cadáveres, pois têm valor econômico.
		Obs.: O objeto material, regra geral, diz respeito ao produto do ilícito, que 	pode ser a materialidade do crime (objeto). Diversamente é a existência material 	do crime que pode ser comprovado tanto pela materialidade, quanto por outros 	elementos amealhados durante a persecução penal (testemunhas, declaração da 	vítima ou provas indiretas).
	1.6 Elementos objetivos do tipo:
	Tipo é o elemento penal incriminador previsto no preceito penal da norma penal (o verbo). No caso, subtrair, destruir ou ocultar. Entende-se que que este artigo possui um tipo penal alternativo (é indiferente a realização de qualquer um dos verbos, pois o delito continua único).
	1.7 Elemento subjetivo do tipo: 
	É o dado, de caráter moral, componente da descrição legal do ilícito penal. Pode ser a referência ao motivo ou à finalidade de agir constate no tipo, como, por exemplo, “por motivo de honra” ou “com o fim de obter vantagem indevida para si ou para outrem”. É relativo à tipicidade.
	No caso do art. 211 é o dolo, a vontade do autor. Não é o caso de dolo específico, ou seja, uma vontade especial para esse tipo penal (como a intenção específica de matar, do homicídio). Não há subtração omissiva.
	1.8 Elemento subjetivo do crime: é o dolo, a culpabilidade. Não existe elemento específico.
	
	1.9 Crime formal: é aquele que só precisa da ação, não da materialidade.
	Por ser formal o art. 211, em regra, não admite tentativa perfeita, que é aquela em que o agente termina a execução do crime. Assim sendo, a tentativa imperfeita ou inacabada, que ocorre quando o agente não termina a execução do crime, se enquadra no art. 211.
	Relembrando: processo iter criminis, que é o conjunto de fases pelas quais passa o delito:
		a. Cogitação;
		b. Preparação;
		c. Execução;
		d. Consumação.
Exemplo que reúne as 4 fases iter criminis: o agente , com intenção de matar a vítima (cogitação), adquire um revólver e se posta de emboscada à sua espera (atos preparatórios), atirando contra ela (execução) e lhe produzindo a morte (consumação).
	1.10 Crime de forma livre: não há uma forma específica para sua execução.
	1.11 Crime instantâneo: se consuma com uma só conduta e o resultado não se prolonga no tempo. Ocorrerá somente nas modalidades destruir e subtrair.
	1.12 Crime permanente: também se consuma com uma só conduta, porém a situação jurídica se prolonga no tempo. Ocorre no caso de ocultação.
		Observação 1 : a importância da distinção entre instantâneo e permanente é 	a ocorrência da prisão em flagrante, pois o crime permanente permite a realização 	dessa prisão enquanto não cessar a realização do núcleo do tipo (ocultar);
		Observação 2: para que seja configurado o art. 211 ou, via de regra, 	qualquer outro tipo penal, é prescindível a apreensão do objeto material do crime, 	porque poderá ser demonstrada a existência material do crime por outros meios de 	prova.
	1.13 Crime unissubjetivo: os crimes unissubjetivos (ou monossubjetivos, ou de concurso eventual) são aqueles que podem ser praticados por apenas um sujeito, entretanto, admite-se a co-autoria e a participação. É o caso do art. 211.
	Observação: Os crimes plurissubjetivos (ou de concurso necessário) são aqueles que exigem dois ou mais agentes para a prática do delito em virtude de sua conceituação típica (ex: crime de formação de quadrilha).
	1.14 Crime plurissubsistente: o crime plurissubsistente é aquele que constituído por vários atos, que fazem parte de uma única conduta. Exemplos: estupro (violência ou constrangimento ilegal + conjunção carnal com a vítima), roubo (violência ou constrangimento ilegal + subtração); lesão corporal (violência + integridade corporal ou saúde física ou mental de outrem), etc. Neste caso, cada ato (verbo) implicará em uma imputação. É o caso art. 211.
	Observação 1: crime unissubsistente é aquele constituído de um só ato (ato único), como a injúria verbal, em que a realização de apenas uma conduta esgota a concretização do delito. Impossível, por esta razão, a tentativa. 
	Observação 2: não confundir delito alternativo com crime plurissubsistente, pois no alternativo é indiferente a realização de qualquer um dos verbos, pois o delito continua único. Os vários núcleos do tipo costumam ser acompanhados por vírgula ou pela expressão “ou” (indicativo de alternatividade), demonstrando que ao legislador os diversos verbos se equivalem. Exemplo, Receptação:
 CP Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte: ...
2. Vilipêndio a cadáver (CP art. 212)
Art. 212 - Vilipendiar cadáver ou suas cinzas:
 Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
	Consiste no desprezo, menoscabo, aviltamento, humilhação ao cadáver ou às suas cinzas (objeto material).
	Observação: pode ocorrer por gestos ou por palavras, caracterizada a vontade (dolo) de ultrajar a memória do morto.
	É um crime comissivo.
	2.1 Classificação: é umcrime comum, formal, não admite tentativa, de forma livre, instantâneo, unissubjetivo e uni ou plurissubsistente.
		a. Instantâneo: porque se consuma com uma só conduta e o resultado não se 	prolonga com o tempo;
		b. Unissubjetivo: porque pode ser cometido por uma pessoa. Diferente do 	plurissubjetivo, também conhecido como delito de encontro ou de concurso 	necessário, que exige mais de uma pessoa;
		c. Uni ou plurissubsistente: pois admite a com conduta comissiva por um ou 	vários atos.
			Observação: não confundir uni ou plurissubjetivo, que diz respeito 		à quantidade de agentes, com o uni ou plurissubsistente, que diz respeito à 		conduta praticada (um ou mais verbos).
3. Estupro (CP art. 213): é o estupro na modalidade simples:
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso:
	É um tipo penal alternativo, considerando que a prática de uma das condutas descritas no tipo penal constitui crime único.
	O sujeito passivo em relação à redação anterior, que era próprio ou especial, passou a ser simples, podendo ser qualquer pessoa.
	Outra inovação foi a unificação dos crimes tornando-os similares, de estupro e atentado violento ao pudor.
	Obs.: diante disso, estupro é toda forma de violência sexual com fim libidinoso.
	Daí é perfeitamente possível o estupro cometido por:
	a. Por agente homem contra vítima mulher;
	b. Por agente homem contra vítima homem;
	c. Por agente mulher contra vítima mulher;
	d. Por agente mulher contra vítima homem;
	Com isso, o sujeito passivo e ativo pode ser qualquer pessoa.
	3.1 Conjunção carnal: possuía interpretação restritiva no Brasil, significando a introdução do pênis na vagina. Atualmente, com a nova redação do art. 213, o significado continua o mesmo, porém associado à prática de outro crime, qual seja, outro ato libidinoso (diverso da conjunção carnal). Assim:
		Gênero: “ato libidinoso”;
		Espécies: “conjunção carnal” e “ato diverso da conjunção carnal”.
	Obs.: em qualquer peça acusatória deve ser descrito o ato sexual violento tal como ocorreu.
	3.2 Definições sobre violência ou grave ameaça: a violência empregada consiste na coação física, entendida como qualquer meio que subjugue a vítima.
	A grave ameaça consiste na violência moral (com intimidação séria).
	
	Obs.: a tentativa é admissível, embora de difícil comprovação.
	3.3 Observações:
		a. Possibilidade do agente ativo de estupro ser o marido em relação à esposa.
		b. Necessidade de prova de honestidade ou recato sexual da vítima.
	Há de se observar, para caracterizar o estupro, dois requisitos básicos: o dissenso e o fim libidinoso. Assim, a prova de honestidade (prostituição, v.g) e o dever conjugal não são itens a serem valorados.
	3.4 Espécies de estupro:
		a) Estupro simples: CP art. 213, caput;
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: 
			Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. 
		b) Estupro pela idade: CP art. 213, §1º, 2ª parte.
§ 1o ... se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos
			Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. 
		c) Estupro que resulta em lesão corporal grave: CP art. 213, §1º, 1ª parte.
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou ...: 
		d) Estupro seguido de morte: CP art. 213, §2º.
			§ 2o Se da conduta resulta morte: 
			Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos
	Considerações:
	A idade é um critério é objetivo e deve ser provada através de documentos.
	A lesão corporal grave deve ser interpretada em sentido amplo, abrangendo a grave e a gravíssima.
	Se resultar em morte, esta deve ser decorrente do mesmo contexto fático, senão é concurso material.
	Observações:
	a) O estupro é crime hediondo em todas as suas formas, assim, o regime inicial sempre será fechado.
	b) O homem constrangido à conjunção carnal por mulher que engravida naõ tem legitimidade para requerer aborto, pois o fundamento é a dignidade da mulher e a vida do feto (CP art. 128, II). A mãe, neste caso, não terá direito a alimentos, mas a criança sim
	3.5 Estupro de vulnerável (CP art. 217-A):
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. 
1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. 
§ 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: 
Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. 
§ 4o Se da conduta resulta morte: 
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos
	O Código não apresenta tipologia para pedofilia; deve-se enquadrar neste.
	Para o art. 217-A a prova deve ser feita nos casos de idade menor de 14 anos através de documentos. Já nas hipóteses do §1º, deve ser provada a ausência de capacidade intelectiva e cognitiva (entender e querer). 
	Por interpretação analógica, o ébrio e o viciado em drogas também podem ser considerados vulneráveis.
	Se resultar em lesão corporal grave ou morte, o estupro de vulnerável também será qualificado.
	
	Atenção: não confundir estupro de vulnerável com violação sexual mediante fraude. No primeiro caso, não há vontade penalmente relevante, ainda que a vítima concorde com o ato (a violência sempre é presumida). No segundo caso, existe a vontade, mas ela está viciada, distorcida da realidade.
	3.6 Ação penal em relação a estupro:
	A regra é que ela é pública condicionada à representação, contudo, será incondicionada se a vítima é menor de 18 ou vulnerável (arts. 213 §1º e 217-A).
	Se a vítima for pobre, basta pedir por um simples requerimento.
	Deve ser observado o teor do art. 101 do CP segundo o qual nos crimes complexos, havendo uma parte dele de ação penal incondicionada, o todo também o será. Neste caso, o estupro deveria seguir esta regra, contudo, como há dispositivo específico (art. 225) este deve prevalecer.
Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública condicionada à representação.
4. Assédio Sexual (CP 216-A):
	Está inserido no capítulo dos crimes contra a liberdade sexual. Protege-se a liberdade sexual da pessoa, desde que o titular desse direito (a liberdade sexual) esteja submetido a outrem numa relação de poder. Essa relação, imprescindivelmente, deve decorrer de superioridade trabalhista ou administrativa.
	
	A superioridade existe em função de hierarquia (decorre de carreira) ou ascendência (decorre de liderança).
	Diante desse ilícito, os bens jurídicos atingidos são, dentre outros:
	a) A liberdade sexual;
	b) A honra;
	c) A liberdade do exercício do trabalho;
	d) O direito de não discriminação.
	
	4.1 Sujeito ativo e passivo: caracteriza-se como sendo bipróprio, ou seja, exige uma condição especial tanto do sujeito ativo quanto do passivo. É necessária a prova da hierarquia ou da ascendência.
	A prova da hierarquia pode ser feita através da exposição do organograma da empresa. O agente ativo pode ser homem ou mulher. Quanto ao sujeito passivo, também pé irrelevante o seu sexo, podendo a conduta ter conotação homossexual ou heterossexual.
	4.2 Consumação e tentativa: ocorre a consumação com a prática do ato constrangedor, sendo desnecessário que ocorra qualquer ato de caráter sexual. Constitui atos de caráter sexual beijos, abraços lascivos e toques.
	Pode ocorre a tentativa, apesar de muito rara, caso o constrangimento seja escrito e não chegue ao conhecimento da vítima.
	O §2º do art. 216-A prevê uma causa de aumento (1/3), pois assim pune com mais rigor o crime praticadocontra menor de 18 anos. Observar o art. 7º, XXXIII da CF.
	A causa de aumento prevista no art. 226, I também se aplica no 216-A.
Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.
 Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. 
 
 § 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 (dezoito) anos
CF Art. 7º XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze anos
5. Corrupção de menores (CP art. 218):
Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos
	Induzir alguém, menor de 14 anos, a satisfazer a lascívia de outrem.
	A tutela é a dignidade sexual da pessoa, específica do menor de 14 anos, e também visa o sadio desenvolvimento sexual.
	5.1 Sujeito ativo: pode ser homem ou mulher, independente do sexo do sujeito passivo. O destinatário dessa prática sexual não comete crime do art. 218, por se referir o dispositivo à lascívia de outrem, contudo, responderá pelo Art. 217-A e 218-A, primeira parte.
Estupro de vulnerável.
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem
	5.2 Sujeito passivo: somente o menor de 14 anos. O menor experiente nas questões sexuais, o que já foi corrompido e o que se prostitui, também são protegidos, por se considerar a idade como requisito objetivo.
	5.3 Consumação e tentativa: o delito se consuma com a prática do ato que importe na satisfação da lascívia de terceiro, mesmo que não haja a efetiva satisfação sexual.
	A tentativa é possível, mesmo que apesar de induzido, o menor não pratique o ato ou porque não disponha de terceiro.
6. Satisfação da Lascívia Mediante Presença de Criança ou Adolescente (art. 218-A, CP):
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem: 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos
 
	O art. 218-A trata-se de uma variação do antigo crime denominado corrupção de menores. É um crime de concurso necessário quando existe conjunção carnal ou de conduta simples (por uma só pessoa quando for ato libidinoso).
 A lei visa o perigo causado à vítima pela conduta do agente, sendo que a simples presença do menor durante a execução dos atos já constitui crime.
 6.1. Bem jurídico tutelado: é a vulnerabilidade do menor de 14 em assuntos sexuais (a moral sexual). Não será fato atípico mesmo que já tenha se iniciado na vida sexual, pois a vulnerabilidade, considerando a idade é um marco objetivo.
 	6.2. Sujeitos da infração: pessoas de ambos os sexos que praticam o ato em conjunto ou não.
	Obs.: no pólo ativo desse crime pode haver participação, desde que haja contribuição para a conduta do tipo, sem praticá-la. Também se não presenciar será enquadrado.
	6.3 Sujeito passivo: menor de catorze ou criança.
 	6.4. Dolo: vontade de praticar o ato, com menor de 14, sendo imprescindível que saiba ou deva saber a idade da vítima (dolo eventual).
	OBS.: o desconhecimento culposo ou fortuito do fato de ter a vítima menos de 14 em hipótese remota poderá constituir erro de tipo.
 	6.5. Consumação: é desnecessária a habitualidade para caracterização do crime. E o crime se consuma com a prática do ato libidinoso ou a conjunção carnal e, além disso, com o abalo psíquico, moral e sexual do ofendido.
	OBS.: é possível a tentativa na modalidade de induzir, desde que efetue manobras com a finalidade de induzir a vítima, mas esta recusa-se a presenciar a prática.
 	6.6 Prova da infração: admite-se por todos os meios legais, notadamente declarações do ofendido que tem grande valor probatório nos crimes sexuais.
	OBS: a prova da idade da vítima, somente poderá ocorrer através de documento (certidão imediata pelo registro civil). Em sua falta ser poderá através de perícia.
	OBS: é imprescindível prova documental.
 
	6.7. Ação penal: é pública incondicionada e o processo correrá em segredo de justiça.
EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO DE PENA:
Fato: Mévio matou Tício em emboscada, porque Tício estuprou a filha de Mévio.
Tudo começa com o Juiz seguindo o art. 68 que diz “a pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento”. Ou seja, é o sistema trifásico (ou “bad”, mnemonicamente):
Tipificação do crime: momento antes do sistema trifásico em que o juiz, tipifica o crime (simples, privilegiado ou qualificado):
 			 Homicídio simples
				Art 121. Matar alguém: 
 Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
 Homicídio privilegiado (caso de diminuição de pena)
 § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço. 
 Homicídio qualificado 
 § 2° Se o homicídio é cometido: 
 IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a defesa do ofendido; 
 Pena - reclusão, de doze a trinta anos. 
				Obs. É qualificado, pois tem pena própria.
	O juiz tipifica o crime a partir da sanção descrita no tipo penal. No exemplo, ele tem três caminhos a seguir: (i) homicídio simples, ou o caput do art. 121; o (ii) homicídio privilegiado, em que há a presença de circunstâncias que fazem decrescer a reprovabilidade do crime, suavizando a sua pena e o (iii) homicídio qualificado, com a presença de circunstâncias que elevam a reprovabilidade do delito, e conduzem ao aumento de pena. 
	Hipoteticamente, no exemplo, o juiz entendeu se tratar de homicídio simples, com pena de reclusão entre no mínimo de 6 anos.
TIPO DE CRIME: HOMICÍDIO SIMPLES - 6 ANOS
Sistema Trifásico: fixação da pena propriamente dita:
1ª Fase: PENA-BASE:
	Fixa-se a pena-base de acordo com as circunstâncias judiciais do art. 59. Ela se tornará definitiva, caso não existam circunstâncias legais (agravantes ou atenuantes), ou causa de aumento ou diminuição aplicáveis:
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e conseqüências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime: ...
	
	Após analisar o crime com base nos aspectos apontados no art. 59 o juiz resolve fixar a pena-base em 10 anos, acrescendo 2/3 à pena do crime inicialmente tipificado de homicídio simples (6 anos).
	Obs.: se os maus antecedentes se referirem ao mesmo crime, aumento de 1/3; se se referirem a outra natureza, 1/6.
	
PENA-BASE: 10 ANOS
2ª Fase: ATENUANTES/AGRAVANTES:
	Sobre a pena-base apurada na 1ª fase, recaem as circunstâncias legais (agravantes ou atenuantes), dos arts. 61, 62, 65 e 66”.
	O crime foi cometido mediante emboscada, que é uma agravante (CP art. 61, “c”), com o juiz acrescendo 2 anos, o que correspondente à majoração de 1/5 à pena-base apurada na primeira fase.
	Obs.: o legislador não orientou quanto ao quantum a ser utilizado. A doutrina orienta a utilização de 1/6 a mais ou a menos (respeitados os limites aquém e acimado mínimo e máximo legais admitidos). No exemplo, essa orientação não foi seguida.
AGRAVANTE: 02 ANOS
PENA-BASE+ AGRAVANTE: 10+2 = 12 ANOS
3ª Fase: DIMINUIÇÃO/AUMENTO:
	Sobre a pena apurada na 2ª fase (e não sobre a pena-base) incidirão as eventuais causas de aumento ou diminuição da parte Geral ou Especial do CP.
O Juiz entendeu que o crime foi praticado mediante motivo de relevante ordem moral (art. 121, §1º), o que diminui a pena em 1/6 a 1/3. No exemplo, ele preferiu diminuir a pena em 1/3:
DIMINUIÇÃO: 1/3 DE 12 ANOS = 4 ANOS
PENA-BASE+ AGRAVANTE- DIMINUIÇÃO: 10+02-04 = 08 ANOS
PENA FINAL = 08 ANOS
OBSERVAÇÃO: cálculo dos dias-multa:
	Para cálculo do número de dias-multa, adota-se integralmente o critério trifásico disposto no art. 68 do Código Penal e aplicado no cálculo da pena privativa de liberdade. Desta forma, a partir do mínimo cominado em abstrato (10 dias-multa), o juiz fixará um número base de dias-multa, levando em consideração as circunstâncias judiciais (art. 59, caput, CP). Posteriormente, verificará a ocorrência de agravantes (art. 61 e 62 do CP) e atenuantes genéricas (art. 65 e 66 do CP) e, por último, tornará a quantidade de dias-multa definitiva, fazendo incidir as causas de diminuição e aumento de pena dispersas tanto na Parte Geral, quanto na Parte Especial do diploma mencionado.
7. Mediação para servir à lascívia de outro (CP art. 227):
 Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem:
 Pena - reclusão, de um a três anos.
 § 1o Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18 (dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda: 
 Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
 § 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude:
 Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena correspondente à violência.
 § 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.
	No crime em análise, a vítima não é forçada à prática sexual, o que ocorre é um convencimento de se entregar a terceiro. Dessa forma, a relação sexual é consentida.
	Há necessariamente três pessoas envolvidas sendo:
	1ª - aquele que induz;
	2ª - a pessoa que é induzida, e;
	3ª – o beneficiário do ato sexual.
	Obs.: nesse caso, somente quem induz responderá pelo delito, todavia, se ao chegar ao local do ato, a vítima desiste de praticá-lo e o terceiro (beneficiário) emprega violência ou grave ameaça para obrigar a realização do ato, este responderá por crime de estupro.
	Distinção importante: não confundir induzimento à prostituição do art. 228, com o delito em análise, pois aquele pressupõe habitualidade e entrega do próprio corpo a terceiros, sendo estes pessoas indeterminadas e que se disponham a pagar.
	7.1 Figuras qualificadas: estão previstas no §1º e 2º e se aplicam ao sujeito ativo, ou seja, quem induz. Com isso, se a violência ou grave ameaça for empregada pelo beneficiário, este responderá pelo crime de estupro.
	Além das figuras qualificadas que preveem, cada uma, penas autônomas, - vale ressaltar, as privativas de liberdade, - o parágrafo 3º impõe a aplicação de multa, adicionando mais uma penalidade no preceito secundário, caso fique demonstrada a finalidade de lucro.
	7.2 Problema a ser respondido passado pelo professor:
	João induziu Maria a praticar sexo com José, sendo reconhecida por sentença essa imputação. Considerando que João já cumpriu pena há 10 anos pelo crime e estava com 70 anos na data da sentença, calcule as penas.
	Resposta: crime tipificado no art. 227 com pena de reclusão de 1 a 3 a anos.
	A pena-base, na primeira fase, deve ser estabelecida no piso, ou seja, 1 ano de reclusão, aumentada de 1/6 pelos maus antecedentes, perfazendo o montante de 1 ano e 2 meses.
	Na segunda fase, considerando as circunstâncias atenuantes previstas no art. 65, I, 2ª parte (maior de 70 anos na data da sentença), a pena deve retornar ao piso, observado o teor da súmula 231 do STJ. Assim sendo, a pena concretiza-se em 1 ano de reclusão.
	Considerando a quantidade de pena, entretanto considerando os maus antecedentes, o regime inicial deverá ser semiaberto, nos termos do art. 33, §2º, “c” c/c §3º
STJ Súmula nº 231 - 22/09/1999 - DJ 15.10.1999
Circunstâncias Atenuantes - Redução da Pena - Mínimo Legal
 A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal.
Art. 33 - A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. 
 § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso: 
 c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.
 § 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código
8. Tráfico internacional de pessoa para fim de exploração sexual (CP, art. 231 e ss)
Art. 231.  Promover ou facilitar a entrada, no território nacional, de alguém que nele venha a exercer a prostituição ou outra forma de exploração sexual, ou a saída de alguém que vá exercê-la no estrangeiro. 
 Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. 
 § 1o  Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar ou comprar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la. 
 § 2o  A pena é aumentada da metade se: 
 I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; 
 II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato; 
 III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou 
IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. 
 § 3o  Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. 
 	O art. 231 tem como objetividade jurídica a facilitação à prostituição e o aliciamento de compra de prostitutas.
	8.1 Momento Consumado: entrada ou saída do território nacional, sendo que não se faz necessário o início da atividade de prostituição, basta que tenha entrado ou saído do país com essa finalidade, assim é crime formal.
	Obs.: muito embora formal admite-se a tentativa, quando, por exemplo, o embarque é impedido.
	Importante: a ação penal é pública incondicionada e nos termos do art. 234-B do Código Penal a ação correrá em segredo de justiça.
Art. 234-B - Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão em segredo de justiça.
8.2 Sujeito ativo: abrange qualquer pessoa e a anuência da vítima não torna o fato atípico e o emprego de violência ou grave ameaça ou ainda a fraude figurará como causa de aumento de pena, até a metade.
	Obs.: para o caput estar configurado não é necessário a intenção de lucro, contudo se esta ficar comprovada será aplicado o § 3º, cumulando-se multa.
	8.3 Sujeito passivo: a partir da Lei nº 11.106/05, homem e mulher podem ser sujeitos passivos do crime, anterior à lei somente poderia ser a mulher e era denominado tráfico de mulheres. 
	Observar que as causas de aumento de pena estão previstas no § 2º, I a V
§ 2o  A pena é aumentada da metade se: 
 I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; 
 II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato; 
 III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutorou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou 
IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. 
9. Tráfico interno de pessoa para fim de exploração sexual (art. 231-A, CP)
Art. 231-A - Promover ou facilitar o deslocamento de alguém dentro do território nacional para o exercício da prostituição ou outra forma de exploração sexual: 
 Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. 
 § 1o  Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar, vender ou comprar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la.  
§ 2o  A pena é aumentada da metade se: 
 I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; 
 II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato;  
III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou 
IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude.  
§ 3o  Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.
	A objetividade jurídica é coibir a exploração sexual e a prostituição, e nesse crime também não é requisito a obtenção de lucro, contudo se existir aplica-se o § 3º.
9.1 Momento consumativo: ao se realizar a conduta típica e a tentativa é possível nos mesmos moldes do art. 231,CP com causa de aumento também remetida para o § 2º do art. 231, CP sendo a ação pública incondicionada sendo de rigor o sigilo processual nos termos do art. 234-B, CP.
§ 2o  A pena é aumentada da metade se: 
 I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; 
 II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato; 
 III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou 
IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. 
Art. 234-B - Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão em segredo de justiça.
9.2 Sujeito ativo e passivo: qualquer pessoa.
10. Crimes contra a paz pública (CP arts. 286 a 288):
	10.1 Quadrilha ou bando:
 Art. 288 - Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim de cometer crimes:
 Pena - reclusão, de um a três anos. 
 Parágrafo único - A pena aplica-se em dobro, se a quadrilha ou bando é armado.
	Estará configurado quando mais de 3 pessoas se associarem para a pratica de crimes. Assim, é um crime de concurso necessário que exige a prova da finalidade de cometer, reiteradamente, crimes. Pressupõe um acorde de vontades.
	Observação: quadrilha ou bando se distingue do concurso de pessoas (ou de agentes). No concurso de pessoas a associação é momentânea, enquanto na quadrilha ou bando é de forma estável. Os crimes cometidos pela quadrilha podem ser de qualquer natureza.
	
	Importante: não é admissível o reconhecimento da quadrilha para a prática de contravenção penal, considerando que para tanto é necessária a prática de crimes.
		10.1.1 Elementos constitutivos da quadrilha ou bando:
		a) Concurso de pessoas (com mínimo de 4 agentes);
	
		b) Finalidade de praticar crimes (mais de um), e;
		c) Estabilidade: “aconteça o que acontecer estamos juntos”.
				Obs.: esses requisitos são cumulativos; faltando pelo menos 			um deles se terá, somente, concurso de pessoas.
		10.1.2 Sujeito ativo: é plurissubjetivo - qualquer pessoa em concurso 		necessário de condutas paralelas, considerando que os envolvidos auxiliam-se 	mutuamente visando um resultado comum. 
		10.1.3 Sujeito passivo: é a coletividade.
		10.1.4 Consumação: ocorre no momento em que se verifica, por todos os 	meios de prova em direito admitidas, a efetiva associação, independentemente da 	prática do crime.
		Obs.: concurso de crimes - caso a quadrilha ou bando venha efetivamente a 	cometer crimes, haverá concurso material entre o delito de quadrilha e os demais 	cometidos pelo bando (somam-se as 	penas).
		10.1.5 Tentativa: é inadmissível, pois existente a associação o crime já se 	consumou (tentativas sobre prática de crimes já constituem o crime).
		10.1.6 Causa se aumento de pena: aumenta-se em dobro se a quadrilha ou 	bando for armada. Considerada arma como sendo a própria ou a imprópria:
			a) Arma própria: produzidas para o ataque e a defesa;
			b) Arma imprópria: produzidas para outras finalidades que não o 		ataque ou defesa, contido que possam ferir ou matar.
		Obs.: o art. 8º da Lei 8.072/90 prevê a forma qualificada da quadrilha ou 	bando, quando se tratar de união visando crimes hediondos, como a tortura ou 	terrorismo e o tráfico ilícito de drogas (“TTT”).
		Todavia, esse artigo que prevê pena de 3 a 6 anos foi derrogado, no que diz 	respeito ao tráfico, pois a Lei 11.343/06 trouxe figura da associação para o tráfico 	no seu artigo 35, com penas autônomas de 3 a 10 anos e multa.
		10.1.7 Delação premiada: o parágrafo único do artigo 8º da Lei 8.072/90 	prevê que o participante da associação que denunciar à autoridade o banco e ocorra 	o seu desmantelamento, terá redução de 1/3 a 2/3 na pena.
		10.1.8 Ação penal: é pública e incondicionada.
11. Crimes contra a fé pública (CP 289 a 292);
	A fé pública é a crença na veracidade dos documentos, símbolos e sinais que são empregados pelo homem em suas relações em sociedade; a violação da fé pública constitui o “crime de falso”.
	11.1 Requisitos:
		11.1.1 Imitação da verdade: pode ocorrer de duas formas: mudança do 	verdadeiro (ex.: modificar o teor de um documento) ou imitação da verdade (ex.: 	criar um documento falso);
		11.1.2 Dano potencial: não se exige um prejuízo efetivo nem patrimonial 	decorrente do falso: basta tirar proveito dele. O documento falso deve ser capaz de 	iludir ou enganar um número indeterminado de pessoas; a falsificação grosseira, 	não caracteriza o crime de falso;
		11.1.3 Dolo: não existe modalidade culposa.
	11.2 Modalidades:
	As modalidade de crime de falso se dividem em três:
		11.2.1 Material: que diz respeito aos elementos externos que compõem os 	documentos ou outros papéis (ex. dinheiro), ou seja, refere-se à forma do 	documento;
		11.2.2 Ideológica: diz respeito ao conteúdo do documento. O agente deve 	ter cometer a falsificação com a “finalidade de prejudicar direito, criar obrigação ou 	alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante”;
		11.2.3 Pessoal: consiste em se passar por outra pessoa quanto às suas 	qualidades (nome, idade, número de chamada).
	11.3 Falsificação de documento público (CP art. 297):
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro:
 Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
	Caracteriza-se por falsificar total ou parcialmente ou, ainda, alterar documento público verdadeiro. Nesse caso, ocorre a falsidade material e o documento público será aquele elaborado pelo servidor público, observadas as formalidade legais. 
	11.4 Falsificação de documento particular (CP art. 298):
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro:
 Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
	Os requisitos são os mesmos da falsificação de documento público, mas, obviamente, não será elaborado por servidor público. Exemplo: contrato de compra e venda, de locação; carteirinha escolar. Neste caso, o crime se consuma com a falsificação, independentemente do uso e a tentativa é possível, muito embora seja crime formal e poderá ocorrer no momento em que o aente iniciar a falsificação.
	Observação 1: Falsidade material e falsidade ideológica – distinção:
	a) Falso ideológico:neste caso o documento é formalmente correto, sendo, porém, falsa a ideia nele expressa. Aquele que emite o documento tem efetiva legitimidade para tanto. No entanto, acaba inserindo um conteúdo falso.
	b) Falso material: aqui não se trata da perfeição da ideia contida no documento, mas sim da adulteração da forma, sendo o aspecto externo forjado, contrafeito, alterado.
	Conforme explica Fernando Capez (Curso de Direito Penal, Volume 3, p. 319):
	“Conclui-se com base nessa lição que o documento ideologicamente falso é elaborado por pessoa que tinha a incumbência de fazê-lo, a qual, no entanto, insere conteúdo inverídico, ao passo que, no falso material, forja-se um documento, falsifica-se a assinatura ou se procede a alguma modificação na estrutura do documento, daí o porquê de somente se exigir prova pericial quando a falsidade for material”.
	Este último ponto é relevante, pois que na falsidade ideológica não existirá possibilidade de prova pericial porque inexiste alteração formal a ser comprovada. A falsidade do conteúdo do documento não é provada pericialmente, uma vez que não há vestígios de uma afirmação ideologicamente falsa.
	11.5 Uso de documento falso (CP. Art. 304): Na prática, pune-se o agente mais pelo uso de documento público (CP art. 304), pois é de difícil comprovação a prova de falsificação material ou ideológica.
Uso de documento falso
 Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:
 Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
	É conhecido como crime remetido, pois a sua descrição típica se integra pela menção de outros tipos penais, especificamente os arts. 297 A 302 do Código Penal.
	É conhecido, também, como crime acessório, pois a sua existência pressupõe a ocorrência de um crime anterior, qual seja, a falsificação de documento.
	“Fazer uso” significa fazer prova sobre fato relevante, apresentando efetivamente o documento a alguém, que pode ser qualquer pessoa, não somente funcionário público.
	Diante disso, é relativa a tese no sentido de que a posse ou porte de documento falso é fato atípico quando não for efetivamente apresentado pelo agente. Além disso, o quem reforça essa relatividade é a tese do artigo 159, §1° do CRTB que é expresso ao determinar que quem estiver na condução de veículo automotor, o porte da CNH é obrigatório. O mero porte, nesse caso, equivale ao uso.
	Sem e tratando de cópia de documento, só haverá crime se esta for autenticada, isto porque a cópia simples não tem valor probatório e não se enquadra no conceito de documento; é ausente a potencialidade lesiva.
	Observação: a pessoa que usa documento verdadeiro de outra pessoa como se fosse próprio, infringe o CP art. 308. Já a pessoa que usa documento falso com o fim de cometer estelionato, por este responderá (ver súmula 17 STJ). O falsário que usa documento por ele próprio falsificado, somente responderá por falsificação, considerando o delito que primeiro se consumou. Observado o post factum impunível.
STJ Súmula nº 17 - 20/11/1990 - DJ 28.11.1990
Estelionato - Potencialidade Lesiva
 Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido.
Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer documento de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza, próprio ou de terceiro:
 Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.
	A ação penal será pública incondicionada.
12. Dos crimes praticados por funcionário público contra a administração em geral (art. 312 e seguintes).
	12.1 Introdução:
	Também conhecidos como crimes funcionais, estão inseridos na categoria de crimes próprios, considerando que a lei exige uma condição especial do sujeito ativo, qual seja, ser funcionário público.
	Os crimes funcionais podem ser próprios ou impróprios.
		a) Próprios: são aqueles que ao se excluir a qualidade de funcionário 	público, o fato será atípico. Ex.: prevaricação. Delegado encobre o fato que 	escrivão não desempenha direito sua função: isso é crime de prevaricação. 	Entretanto, se um particular qualquer souber do fato e não fizer nada, isso não é 	crime, é fato atípico, pois não existe cominação no caso do particular;
		b) Impróprios: ao ser excluída a qualidade de servidor público, haverá 	desclassificação para crime de outra natureza. Ex.: peculato. Se for provado que o 	agente não é funcionário público, o crime será reclassificado como apropriação 	indébita.
	12.2 Hipótese de participação e coautoria por particular: 
		Considerando que os crimes funcionais têm como elementar a condição de 	servidor público, nos termos do art. 30 do CP, desde que o particular tenha 	conhecimento dessa elementar, também responderá pelo crime próprio (quem não 	sabe dessa condição, responde por outro crime, que não o próprio).
		Conceito de servidor público: para efeitos penais, será que, embora 	transitoriamente, como ou sem remuneração, exerça cargo, emprego ou função 	pública (CP art. 327).
		
		12.1.2 Procedimento: para apuração desses crimes há previsão de rito 	especiais, conforme artigos 513 a 518 do CPP.
		Obs.: os crimes funcionais são afiançáveis, considerando a Lei 	12.403/11 	que trouxe um novo rol de crimes inafiançáveis.
		12.2.1 Funcionário público por equiparação
 Art. 327 § 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada para a execução de atividade típica da Administração Pública. 
		É aquele que exerce cargo, emprego ou função pública em entidade 	paraestatal, e aquele que trabalha para empresas prestadoras de serviço ou 	conveniadas para a execução de atividade típica da administração pública.
		Paraestatal: administração pública indireta. São as autarquias, empresas 	públicas, sociedades de economia mista e fundações instituídas pelo poder público.
		Empresas contratadas: são concessionárias ou permissionárias de serviço 	público e também conveniadas (Santa Casa).
		Alcance da equiparação: é importante registrar que o servidor público, 	somente responderá como tal nas condutas ativas, ou seja, como sujeito ativo. 	Assim, nesse caso, se o funcionário se apropria de um bem da empresa, responderá 	por peculato e não por apropriação indébita. Todavia, se um funcionário de uma 	empresa pública, por exemplo, for ofendido por um particular, será sujeito passivo 	de crime de injúria e não de desacato.
		Observação: o alcance da equiparação somente atinge o sujeito ativo.
		12.2.2 Causa de aumenta de pena (CPP art. 327, §2º):
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública.
 § 2º - A pena será aumentada da terça parte quando os autores dos crimes previstos neste Capítulo forem ocupantes de cargos em comissão ou de função de direção ou assessoramento de órgão da administração direta, sociedade de economia mista, empresa pública ou fundação instituída pelo poder público.
		Cargo em comissão: se o sujeito ativo ocupar o cargo, a pena será 	aumentada da terça parte (1/3), considerando-se em comissão, o sujeito que é 	nomeado em confiança, sem concurso. O mesmo aumento será aplicado à função de 	direção (Governador, p. ex.) e também assessoramento (secretários, assessores de 	deputados).
	12.3 Peculato (CP art. 312):
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
 Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
	O peculato contém o verbo do tipo apropriar-se, que significa fazer sua a coisa de outra pessoa.Neste caso, o funcionário público tem a posse do bem e passa a atuar como se dono fosse.
		Observação: para a referida posse é imprescritível que ocorra, ou que tenha 	havido, em função de cargo e ainda deve ter origem lícita.
		12.3.1 Objeto material: dinheiro, valor ou bem móvel.
		12.3.2 Sujeito ativo: funcionário público.
		12.3.3 Sujeito passivo: sempre será o Estado. Todavia, algumas vezes o bem 	poderá pertencer ao particular que também integrará o polo passivo.
			Observação: no caso de Prefeitos que se apropriem de bens dos 	quais tenha m a posse, não responderão por peculato, mas, sim, pelos crimes 	específicos existentes no Decreto Lei 201/67 (art. 1º, I)
Art. 1º São crimes de responsabilidade dos Prefeitos Municipal, sujeitos ao julgamento do Poder Judiciário, independentemente do pronunciamento da Câmara dos Vereadores:
I - apropriar-se de bens ou rendas públicas, ou desviá-los em proveito próprio ou alheio;
		12.3.4 Momento consumativo: quando se passa a comportar como dono da 	coisa.
		12.3.5 Ação penal: pública incondicionada.
	12.4 Concussão (CP art. 316):
Art. 316 - Exigir, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
 Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
		Núcleo do tipo: exigir. Neste crime, o funcionário público faz exigência de 	vantagem que, necessariamente, carrega uma carga ameaçadora, pois, caso 	contrário, haveria mero pedido.
		12.4.1 A exigência pode ser implícita ou explícita:
			a) Implícita: a vítima fica amedrontada pelo simples temor do 	exercício do cargo;
			b) Explícita: a exigência é clara, sem dúvidas, e tem como objetivo, 	p. ex., não fechar estabelecimento (fiscal) ou instaurar inquérito (autoridade 	policial).
		12.4.2 Pode ser, ainda, direta ou indireta:
			a) Direta: o próprio servidor, na presença da vítima, faz a exigência;
			b) Indireta: O servidor se vale de terceira pessoa para formular a 	exigência em seu nome.
		
		12.4.3 Sujeito ativo: qualquer servidor público, ressalvando que não é 	necessário que esteja trabalhando no momento da exigência.
		12.4.4 Sujeito passivo: é a pessoa contra quem é dirigida a exigência.
		12.4.5 Consumação: no momento da exigência – crime formal. Tentativa é 	possível (ex.: servidor envia bilhete com a exigência, mas este se perde). 
	12.5 Corrupção passiva (CP art. 317):
Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem:
 Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa.
	
		Solicitar: significa pedir vantagem a particular.
		Receber: é entrar na posse.
		Aceitar promessa: significa concordar com a proposta.
		12.5.1 Sujeito ativo: é crime próprio – qualquer servidor.
		12.5.2 Sujeito passivo: sempre o Estado e o particular, desde que feita a 	solicitação.
			Observação: quando aceita a proposta, o particular não se enquadra 	como sujeito passivo.
		12.5.3 Consumação: no momento da solicitação, recebimento ou aceitação. 	Tentativa só na modalidade solicitação.
12.6 Prevaricação (CP art. 319):
Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal:
        Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Prevaricação significa retardar (atrasar), deixar de praticar (omitir por completo) ou praticar (realizar) ato de ofício contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
Observação: o sentimento ou interesse pessoal é imprescindível que seja narrado na denúncia, sob pena de inépcia (art. 41, CPP)
Art. 41.  A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol das testemunhas.
Atenção: retardar e deixar de praticar sempre será forma indevida ao passo que realizar ou praticar o ato será sempre contra texto expresso de lei (ocorrerá comissão, que é a ação por omissão).
	12.6.1 Consumação: independe de qualquer resultado, praticado algum dos verbos do tipo, o crime estará consumado.
13. Dos crimes praticados por particular contra a administração em geral (arts. 329 e seguintes).
	13.1 Resistência (CP art. 329)
        Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
        Pena - detenção, de dois meses a dois anos.
        § 1º - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:
        Pena - reclusão, de um a três anos.
        § 2º - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à violência.
	Se ato legal não se realiza em decorrência da resistência ocorrerá resistência qualificada e ainda, se dela decorrer violência o acusado também ficará sujeito às penas decorrente da violência.
		13.1.1 Sujeito passivo: será o Estado que tem o interesse em cumprir o ato ilegal, e de forma secundária o servidor executor do ato.
Observação: a resistência com emprego de violência ou ameaça contra dois ou mais funcionários públicos caracteriza crime único e não concurso formal (observado a prática de um único ato naturalístico).
13.1.2 Consumação e tentativa: é um crime formal e se consuma independentemente se o sujeito consegue impedir a execução do ato.
Atenção: na resistência qualificada é perfeitamente aceitável que o ato não ocorra. Sendo reconhecido o conatus, desde que seja preso posteriormente sem a perda do nexo causal com o primeiro ato realizado.
13.1.3 Concurso de crimes: deve ser observado o teor do § 2º do art. 329.
14. Falso testemunho ou falsa perícia:
 Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: 
 Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
	Conhecido como crime de mão própria e, diante disso, não admite o concurso de agentes ou pessoas nos termos do art. 29 do CP.
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade.
	É imprescindível que o acusado pelo falso o tenha cometido em inquérito policial ou processo judicial, administrativo ou juízo arbitral.
	Se o falso tem como finalidade a obtenção de prova em processo penal ou civil em que for parte a administração pública direta ou indireta, ensejará causa de aumento de 1/6 até 1/3.
	14.1 Importante: 
	No crime de falso testemunho o resultado naturalístico é prescindível, ou seja, independe do resultado que era objetivo d falso. No processo criminal, p. ex., mesmo que o réu, cuja testemunha falseou a verdade, seja condenado, o crime será considerado consumado.
 
 14.2 Hipótese de extinção da punibilidade:
	O fato não será punível (é típico, antijurídico, mas não punível), se antes da sentença no processo em que ocorreu o ilícito, o agente se retrata ou declara a verdade.
 Atenção: para ocorrer a extinção da punibilidade tem que se declarar a verdade ou ocorrer a retratação, antes da sentença em que ocorreu o ilícito.
	14.3 Consumação: é crime formal e instantâneo.
 14.4 Ação penal: pública e incondicionada.
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