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________________________________________________________________________________ Fatec Sorocaba Apostila ECONOMIA E FINANÇAS EMPRESARIAIS (EFE) MICROECONOMIA (PARTE 1) Prof. Dr. Adilson Rocha FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 2 SUMÁRIO 1. EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO.................................................... 03 2. NOÇÕES GERAIS DE ECONOMIA ......................................................................... 08 2.1. Introdução .......................................................................................................... 08 2.2. Recursos Produtivos ou Fatores de Produção ..................................................... 11 2.3. Agentes Econômicos ........................................................................................... 13 3. QUESTÕES ECONÔMICAS FUNDAMENTAIS (Problema da Escassez e Necessidade de Escolha) .............................................................................................. 15 3.1. Questões Econômicas Fundamentais .................................................................. 15 3.2. A Curva (Fronteira) de Possibilidades de Produção ........................................... 15 3.3. Case 1: Uma fazenda e sua Fronteira de Possibilidades de Produção ................ 16 4. ORGANIZAÇÃO ECONÔMICA ............................................................................... 18 4.1. Economia de Mercado ......................................................................................... 18 4.2. Economia Planificada Centralmente ................................................................... 18 4.3. Economia Mista .................................................................................................. 18 5. DEMANDA, OFERTA E EQUILÍBRIO DE MERCADO ........................................ 19 5.1. Demanda ............................................................................................................. 19 5.2. Oferta .................................................................................................................. 19 5.3. Equilíbrio de Mercado ........................................................................................ 19 5.4. Mudanças no Preço de Equilíbrio ....................................................................... 21 5.5. Deslocamento da Curva da Demanda ................................................................. 21 5.6. Deslocamento da Curva da Oferta ...................................................................... 22 5.7. Deslocamento das Curvas da Demanda e Oferta e movimentos ao longo das mesmas ............................................................................................... 23 6. ELASTICIDADES ...................................................................................................... 25 6.1. Elasticidade-Preço da Demanda (Ed) ................................................................. 25 6.2. Elasticidade no Ponto (Ed) ................................................................................. 25 6.3. Classificação da Elasticidade-Preço da Demanda (Ed) ...................................... 23 6.4. Elasticidade-Renda da Demanda (Er) ................................................................. 27 6.5. Elasticidade-Preço Cruzada da Demanda (Exy) ................................................. 28 6.6. Elasticidade da Oferta (Eo) ................................................................................. 30 7. SETOR PÚBLICO ...................................................................................................... 32 7.1. Conceito .............................................................................................................. 32 7.2. Funções do Setor Público ................................................................................... 32 7.3. Impostos .............................................................................................................. 32 7.4. Teorias ................................................................................................................ 33 7.5. Flutuações ou Ciclos Econômicos ...................................................................... 33 7.6. Objetivos do Setor Público ................................................................................. 33 7.7. Instrumentos do Setor Público ............................................................................ 34 7.8. Orçamento do Setor Público ............................................................................... 34 7.9. Caráter “Automático” da Política Fiscal ............................................................. 35 7.10. Enfoque Clássico ou Monetarista ....................................................................... 35 7.11. Enfoque Keynesiano .......................................................................................... 36 7.12. O Déficit e seu Financiamento ........................................................................... 36 8. TEORIA DA PRODUÇÃO ........................................................................................ 37 8.1. A Empresa e a Produção ..................................................................................... 37 8.2. Tecnologia e a Empresa .................................................................................. 37 8.3. A Produção e o Curto Prazo .............................................................................. 38 9. CUSTOS DA PRODUÇÃO ........................................................................................ 39 9.1. Conceitos de Custos ............................................................................................ 40 9.2. Produto Marginal ................................................................................................ 42 9.3. Conceitos da Remuneração dos Fatores de Produção ........................................ 42 10. ESTRUTURA DE MERCADO .................................................................................. 43 10.1. Estrutura de Mercado – Síntese e Classificação – Stalkeberg ............................ 43 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 44 FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 3 1 EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ECONÔMICO 1.1 Antiguidade Clássica – 1ª fase (4000 a 1000 a.C.) China, Índia, Assíria, Babilônia, Mesopotâmia, Egito etc. Características: Trabalho escravo; ausência de moeda; comercio incipiente. Regimes teocráticos. Consequências: Ausência de um pensamento econômico. 1.2 Antiguidade – 2ª fase (1000 a.C. ao ano 500 da era cristã) Grécia e Roma. Características: Início de preocupação pelos fatos econômicos. Conceitos embrionários sobre a riqueza, valor econômico e moeda. Consequências: Fase inicial da economia agrária, seguida de economia urbana. Gradativo desenvolvimento do comércio internacional e embriões da empresa. Queda do Império Romano do Ocidente, surgimento do feudalismo e retorno à economia agrária. Alguns pensadores: Xenofonte (440-355 a.C.), Platão (427-347 a.C.), Aristóteles (384-322 a.C.), Catão (234-149 a.C.), Varrão (234-149 a. C.), Plínio, o Antigo (23-79 d.C.), Columela etc. 1.3 Idade Média (500 a 1500 d.C.) Características: Sistema feudal; economia artesanal e regime corporativo. Regime da servidão; economia fechada (sistema feudal). Perdurou até o século X. Ressurgimento das cidades; nascimento do ofício (trabalho ambulante). A partir do século XIII, início do regime corporativo.Consequências: Regulamentos rigorosos sobre a produção e o consumo. Predominância da doutrina canônica (condenação ao empréstimo a juro e acumulação de riquezas). Subordinação da economia à moral (justo preço, justo salário, justo lucro). Economia a serviço do homem; combate à escravidão. Alguns pensadores: São Tomás de Aquino (1225-1274), Oresmo (1328-1382), Alberto Magno, Pennafort e outros. 1.4 Mercantilismo (séculos XV a XVIII) Características: Transformação do meio. Renascimento e Reforma. Surgimento do individualismo, dos capitais e do Estado moderno. Consequências: Nascimento do capitalismo e da empresa. Desenvolvimento das manufaturas; capitalismo comercial e financeiro. Formas: Mercantilismo espanhol ou bulionista. Mercantilismo francês ou industrialista. Mercantilismo inglês ou comercial (contratos). Efeitos: Idéia inicial da balança do comércio. Revolução da vida econômica. Desenvolvimento do comércio e da indústria. Obtenção de metais preciosos (condição essencial da atividade econômica pelo Estado). Alguns pensadores: A. Montchrétien (1575-1621), A. Serra (1580-1650), J. Bodin (1530- 1596), Petty (1623-1687), Malynes (1586-1654), T. Mun (1571-1641), Colbert (1619-1683) e R. Cantilon (1680-1734). 1.5 Revolução Filosófica e Industrial (1750-1850) Características: Transformação radical do domínio das idéias. Anseios de liberdade total. Consequências: Melhor aproveitamento das forças naturais. Invenções mecânicas. Capitalismo industrial. Liberdade econômica. Direito absoluto de propriedade. Racionalismo filosófico e econômico. Alguns pensadores: Voltaire, Diderot, Rousseau. FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 4 1.6 Os Precursores da Ciência Econômica – Escola Fisiocrata (1756-1776) Princípios teóricos: Ordem natural e providencial (caráter sociológico). Produto líquido (caráter econômico). Circulação das riquezas. Consequências de ordem prática: Comércio livre. Não-intervencionismo. Imposto único. Liberdade de trabalho. Principais representantes: F. Quenay (1694-1774), Mércier de la Rivière (1720-1794), Dupont de Nemours (1739-1817), Turgot (1727-1781), Mirabeau (1715-1789), Baudeau (1730- 1792) e Gournay (1712-1759). 1.7 Escola Clássica ou Individualista (Liberalismo econômico) Fundador da Economia Política como ciência: Adam Smith (1723-1790). Contribuições de A. Smith: Princípio da divisão do trabalho. Intervencionismo atenuado. Liberdade econômica. Liberdade no comércio internacional. Divulgador de Adam Smith: J. B. Say (1767-1832). Contribuições:Derrota definitiva das ideias fisiocráticas. Nova concepção de economia política. Papel da indústria e figura do empresário. Teoria do escoamento. 1.8 Corrente Pessimista R. Malthus (1766-1834) e D. Ricardo (1772-1823). Contribuições: Teoria da população (Malthus). Lei do rendimento não proporcional (Malthus). Lei da renda do solo (Ricardo). Lei da renda e do salário (Ricardo). Lei da balança do comércio (Ricardo). Teoria quantitativa da moeda (Ricardo) e regulamentação da emissão de papel- moeda (Ricardo). 1.9 Os Adversários do Não-Intervencionismo Absoluto Sismonde de Sismondi (1773-1842). Contribuições: Método e objeto da economia política. Crítica da superprodução e do consumo. Explicação do pauperismo e das crises. Precursor da Escola Histórica. 1.10 Origens do Coletivismo Saint-Simon (1760-1825). Contribuições: Crítica à propriedade privada. Governo econômico substituindo o governo político. Economia dirigida. Discípulos de Saint-Simon: A. Thierry, A. Comte e outros. Contribuições: Supressão da propriedade privada. Estado como único proprietário dos instrumentos de produção. Supressão do direito de herança. 1.11 Socialismo Associacionista R. Owen (1771-1858), C. Fourier (1772-1837), L. Blanc (1813-1882) e ainda Leroux Cabet e outros. Contribuições: Criação de um novo meio. Colônias comunitárias. Abolição do lucro. Precursor do cooperativismo. Proteção ao trabalhador (oficinas sociais). 1.12 Escola Protecionista F. List (1789-1846) e H. Carey (1793-1879). Contribuições: Ideia da nacionalidade econômica. Cruzada contra o livre-câmbio. Protecionismo alfandegário para favorecer economias em formação. FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 5 1.13 Liberalismo Otimista F. Bastiat (1801-1850), Dunoyer (1786-1862), H. Carey (1793-1879) e Prince Smith (1809- 1874). Contribuições: Contrário à ingerência do Estado na vida econômica. Subordinação do produtor ao consumidor. Lei da repartição entre o capital e o trabalho. Lei da solidariedade. 1.14 Apogeu e Declínio do Liberalismo Stuart Mill (1807-1873), Nassau W. Sênior (1790-1864) e J. E. Cairnes (1824-1875). Contribuições: Teoria do valor. Teoria da distribuição. Reformas sociais. Socialização da renda territorial. Limitação do direito de herança. Abolição do assalariado. 1.15 Os Dissidentes (Reações contra a Escola Liberal). 1.15.1 A Escola Histórica (1845-1870) Fundadores: W. Roscher (1817-1894) e K. Knies (1821-1898). Contribuições: Nega as leis econômicas naturais. Relatividade e mobilidade dos fenômenos econômicos. Estudo das instituições sociais através dos tempos. 1.15.2 A Escola Histórica (1870 em diante) Os continuadores: Schmöller (1838-18917), Brentano (1844-1931), Bücher (1847- 1930), Sombart e outros. Contribuições: Admite leis econômicas naturais. Coordenação do método dedutivo. Estudo das instituições (monografias sociais). Variação das medidas legislativas para ajustar-se às necessidades mutáveis. 1.15.3 Socialismo de Estado ou de Cátedra A. Wagner (1835-1917). Contribuição: O Estado deve regulamentar a propriedade privada. 1.15.4 Socialismo Realista Rodbertus (1805-1875) e Lassale (1825-1864). Contribuições: Preconiza o coletivismo. Reformas sociais e econômicas. Cooperativas de produção. 1.15.5 Anarquismo Proudhon (1805-1875), Bakunin (1814-1876), Kropotkin (1842-1887) e W. Godwin (1756-1836). Contribuições: Supressão de toda autoridade. Supressão do juro pelo crédito gratuito. Associações livres (autoridade da razão e da ciência). 1.16 As Correntes do Final do Século XIX (1850-1940) Causas: Nova transformação do meio e evolução social. Capitalismo com novas características (capitalismo de monopólio e financeiro) Capitalismo de Estado. Sindicalismo operário. Novas técnicas. FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 6 1.16.1 Doutrinas Extremistas 1. Marxismo Karl Marx (1818-1883) Concepções: Infra-estrutura (realidade econômica). Superestrutura (idéia, direito, moral, religião etc.) A técnica comanda as estruturas jurídicas. Concepção da mais- valia e do valor-trabalho. Materialismo histórico. Autor do Manifesto Comunista de 1848 e do livro O Capital em 1867, este em cooperação com Engels. 2. Marxismo Reformista Labríola e Bernstein. Contesta certas teses de Marx e preconiza reformas sociais gradativas para atingir o ideal coletivista. 3. Sindicalismo Revolucionário G. Sorel e J. Guesde. Pelloutier – a partir de 1895. Objetivos: Colocar os sindicatos operários a serviço da revolução. Adoção de métodos violentos para tomada do poder. 4. Comunismo Russo ou Bolchevismo Lênin (1870-1924). Objetivos: Atingir o comunismo puro por etapas, por meio do coletivismo marxista e da ditadura do proletariado. Economia planificada. 1.16.2 Doutrinas Não Extremistas 1. CorporativismoObjetivos: Pretende reviver o corporativismo medieval. As corporações ou associações profissionais seriam corpos intermediários, reconhecidas como instituições de direito público e econômico. Jamais existiu em estado puro. Tentativas com Salazar em Portugal e Mussolini na Itália. 2. Escolas Econômicas Cristãs a) Escola Católica (Catolicismo social) Objetivos: Caracteriza-se por nova forma de sindicalismo não revolucionário. Sua doutrina assenta-se principalmente na encíclica Rerum Novarum, de 1891. Combate o individualismo absoluto e o princípio do laissez-faire. Dividiu-se em duas correntes, conhecidas como da direita e da esquerda, esta mais próxima do socialismo. b) Protestantismo social Objetivos: Fundado na Inglaterra em meados do século XIX. Preconiza a difusão do sistema cooperativista e pretende um socialismo agrário. Também possui uma corrente extremada, esquerdista. 1.17 As Correntes Teóricas Modernas 1. Escolas Hedonistas Representaram reações contra a Escola Histórica. Baseavam suas teorias no princípio hedonístico. Surgiram na segunda metade do século XIX, representadas por duas correntes: Escola Psicológica e Escola Matemática ou de Lausanne. Pretendiam o retorno à abstração pura, partindo do princípio hedonístico que caracteriza os fatos econômicos. Assim, seria possível estudar os fatos econômicos puros, livres de quaisquer outras influências. FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 7 a) Escola Matemática Representantes: Cournot (1801-1877), considerado o precursor por sua obra de 1838, Pesquisa sobre os princípios matemáticos da teoria das riquezas. Gossen (1810-1858), Stanley Jevons (1835-1882), L. Walras (1834-1910), V. Pareto (1848- 1923) e Irving Fisher. Escola de Lausanne porque Walras e Pareto residiam nessa cidade. Contribuições: Os fatos econômicos são considerados quantidades e, portanto, suscetíveis de serem expressos por números.. Sendo grandezas variáveis e interdependentes, são funções uns dos outros, podendo ser traduzidos em equações. As leis econômicas seriam leis da realização do equilíbrio econômico e a economia uma Mecânica Econômica. Idéia sintética do mundo econômico. b) Escola Psicológica (Marginalismo) Surgiu em 1871 com, com Walras (1834-1910), Jevons e menger (1840-1921). Apresenta-se sob vários ramos: escola psicológica ausrtíaca, Bohm-Bawerk (1851- 1914), Menser e Wieser (1851-1926); nova escola de Viena (neomarginalismo), integrada por Mises, Haberler, Shumpeter (1883-1950) e outros.. Também merece realce a escola de Cambridge, integrada por A. Marshall (1842-1924), Pigou, Clark, Keynes, Robertson e outros. Características: Duas são as contribuições essenciais do marginalismo. O método da análise e o conteúdo psicológico. Trabalha com pequenas variações, à margem ou no limite das grandezas conjuntas. Pretende uma explicação subjetiva, individual e psicológica do mundo. Procura conciliar as noções do custo de produção e da utilidade (reações psicológicas dos consumidores) para explicar o equilíbrio econômico. 2. Institucionalismo (Escola Sociológica) Características: O sociólogo francês Simiand, discípulo de Durkheim e o economista Brocard e outros entendiam (como a Escola Histórica) ser impossível compreender os fatos econômicos sem colocá-los no quadro das instituições nas quais se desenvolvem. Sem abandonar as explorações psicológicas, pretendem análise do meio complexo que forma uma nação. 3. Keynesianismo Características: Denomina-se a corrente do pensamento econômico liderada por John Maynard Keynes (1883-1946), eminente economista inglês, autor da obra Teoria geral do emprego, juro e moeda, publicada em 1936. O maior problema econômico, a seu ver é suprimir o desemprego e atingir o pleno emprego. Sua teoria é macroeconômica e global a sua análise. Procura estudar as reações psicológicas individuais dos grandes sujeitos econômicos: consumidor, poupador e empresário (variáveis independentes). Knut Wicksell, economista sueco, é por muitos considerado como seu inspirador. Com base nas reações psicológicas procurou interpretar a propensão marginal a consumir, a eficácia marginal do capital e a taxa de juro. FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 8 2 NOÇÕES GERAIS DE ECONOMIA 2.1 Introdução Temas de Economia – desemprego; inflação; déficit público; alterações nas taxas de juros; aumento de impostos; desvalorização da taxa de câmbio. Necessidades Humanas x Recursos Produtivos ilimitadas limitados Escassez de Bens ESCASSEZ ≠ POBREZA (ter mais desejos do que bens) (ter poucos bens) Escassez é diferente de limitação de bens (oferta x demanda). Escassez existe em todos os países do mundo. Economia = grego “oikos” (casa) e “nomos” (norma, lei) = “oikonomia” = administração da “casa” ou da “coisa pública”. Economia = é a Ciência Social que estuda como as pessoas e a sociedade decidem empregar os seus recursos escassos, que poderiam ter utilização alternativa, na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas. Cabe a Ciência Econômica, fornecer respostas, tais como: O que é inflação? Quais as suas causas? Como reduzi-la? Por que existe uma distribuição de renda tão desigual de renda? Como reduzir esse problema? O que é desemprego? Por que ocorre esse fenômeno? Como fazer para que o nível de emprego aumente? Qual o papel do Governo no bem-estar da população? Como se determinam os preços? O que determina a existência de relação econômica internacionais? Sistema Econômico = é a forma na qual uma sociedade está organizada em termos políticos, econômicos e sociais, para desenvolver as atividades econômicas de produção, troca e consumo de bens e serviços (abrangem leis, normas, registros etc.). FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 9 Alguns economistas gostam, de maneira humorística, de comparar sistemas econômicos e regimes políticos assim: No SOCIALISMO, você tem duas vacas. O Estado toma uma e a dá a alguém. No COMUNISMO, você tem duas vacas. O Estado toma as duas e lhe dá o leite. No FASCISMO, você tem duas vacas. O Estado toma as duas e lhe vende o leite. No NAZISMO, você tem duas vacas. O Estado toma as duas e mata você. No CAPITALISMO, você tem duas vacas. Você vende uma e compra o touro. Teorias e Modelos – previsão e explicação de fenômenos. Construir Teorias = extrair conhecimentos sobre o funcionamento do Sistema Econômico. Modelo = representação simplificada da realidade ou das principais características de uma teoria (palavras, diagramas, tabelas, gráficos, equações etc., que possibilitem a simulação de fenômenos, observados empiricamente ou não). Necessidades Humanas = é a sensação de carência de algo unida ao desejo de satisfazê-la. Tipos de Necessidades: Natural = “comer” Necessidades do indivíduo Social = “festa de casamento” Segundo o requerente Coletivos = “transportes” Necessidades da sociedadePúblicos = “ordem pública” Necessidades Vitais ou Primárias = depende da conservação da vida. Ex.: “alimentos”. Segundo a natureza Necessidades Civilizadas ou Secundárias = tendem a aumentar o bem-estar do indivíduo e variam no tempo, segundo o meio cultural, econômico e social em que se desenvolvem os indivíduos. Ex.: “turismo”. Necessidades não-econômicas = são as necessidades que podem ser satisfeitas com bens que não podem ser produzidos ou com bens que não precisam ser produzidos. Ex.: Ajuda beneficente. FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 10 Bem = tudo aquilo que permite satisfazer uma ou várias necessidades humanas, ou seja, um bem é procurado porque é útil. O Bens são classificados, quanto à raridade: Bens Livres e Bens Econômicos. Bens Livres ou Bens Gratuitos = são oferecidos em quantidades maiores que a demanda. Ex.: ar, luz solar, o mar etc. (não tem preço). Bens Econômicos = são relativamente escassos e supõem a ocorrência de esforço humano na sua obtenção (preço > zero). Quanto à natureza, os Bens Econômicos são classificados em dois grupos: Bens Materiais = são natureza natural (tangíveis), podendo-se atribuir características como peso, altura, etc. Ex.: alimentos, roupas, etc. Serviços = são intangíveis, suas utilizações são, praticamente, instantâneas, ou seja, acabam no momento de sua produção, não podendo ser estocados. Ex.: cuidados médicos, serviços advocatícios, serviços de transportes, etc. Quanto ao destino, os Bens Materiais classificam-se em: Bens de Consumo = são aqueles diretamente utilizados para a satisfação das necessidades humanas. Podem ser de uso não-durável (alimentos, gasolina, etc.) ou de uso durável (móveis, eletrodomésticos, etc.). Bens de Capital (ou Bens de Produção) = são aqueles que permitem produzir outros bens (máquinas, computadores, equipamentos, instalações, edifícios, etc.). Bens Finais = podemos considerar tantos os bens de consumo quanto os bens de capital, uma vez que já passaram por todos os processos de transformação possíveis, ou seja, que estão acabados. Bens Intermediários = são aqueles que ainda precisam ser transformados para atingir sua forma definitiva. Eles são produtos utilizados no processo de produção de outros produtos (insumos), sendo também classificados como bens de capital. Ex.: fertilizantes, aço, borracha, tinta, etc. Bens Privados = são os produzidos e possuídos privadamente. Ex.: automóveis, televisores, etc. Bens Públicos = referem-se ao conjunto de bens gerais fornecido pelo setor público. Ex.: educação, saúde, segurança, etc. Bens Normais = elevação na renda e elevação nas quantidades compradas. Ex.: alimentos, roupas, eletroeletrônicos, etc. Bens Inferiores = demanda varia inversamente a renda do consumidor, ou seja, o produto cai quando a renda sobe. Ex: carne de 2ª qualidade, batata, etc. FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 11 Bens Complementares = tendem a aumentar a satisfação do consumidor quando utilizados em conjunto. A elevação no preço de um deles produz uma redução na demanda de outro e o inverso é verdadeiro. Ex.: pão e manteiga, café e leite, restaurante e música, etc. Bens Substitutos (Concorrentes ou Sucedâneos) = consumo de um bem pode substituir o consumo do outro bem. Ex.: carne bovina pela carne de frango, manteiga pela margarina, etc. Consumo Saciado = são aqueles em relação aos quais os desejos dos consumidores estão totalmente satisfeitos após um determinado nível de renda. Aumento da renda do consumidor não aumentará a demanda de um determinado bem. Coeteris Paribus = tudo o mais permanecendo constante. Ex.: modificar o preço de um determinado bem, mantendo constantes: renda do consumidor, preço de bens concorrentes, gostos e preferências, expectativas e nicho de mercado (target). Podemos dizer que a quantidade demandada desse bem depende do seu preço. 2.2 Recursos Produtivos ou Fatores de Produção São elementos utilizados no processo de fabricação dos mais variados tipos de mercadorias, as quais, por sua vez, são utilizadas para satisfazer necessidades. Terra (Recursos Naturais) = todos os recursos naturais existentes, compreendendo não somente o solo, que é utilizado para fins agrícolas, mas também o solo utilizado para construção de estradas, casas, etc. Ex.: florestas, minérios, água, etc. Importante 1: a quantidade de recursos naturais é limitada, até mesmo para nações ricas. Trabalho = todo esforço humano, físico ou mental, despendido na produção de bens e serviços. Ex.: operário da construção civil, “bóias-frias”, faxineira, médico, advogado, professor, etc. Importante 1: o tamanho da população determina a quantidade desse fator de produção, importando, é claro, a qualidade do trabalho. Importante 2: em qualquer país, a qualidade e tamanho da força de trabalho são limitados, o que implica dizer que a quantidade total do recurso denominado Trabalho, também o é. Capital = conjunto de bens fabricados pelo homem e que não se destinam à satisfação das necessidades através do consumo, mas que são utilizados no processo de produção de outros bens. FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 12 Tipos de Capital - Capital Fixo: consiste em todo tipo de instrumentos empregados na produção, como edifícios e maquinaria. - Capital Físico Dura vários ciclos de produção. ou Real - Capital Circulante: consiste nos bens em processo de preparação para o consumo, basicamente matérias-primas Tipos de e estoques. Capital - Capital Humano: educação, formação profissional (know-how) tudo o que eleva a capacidade produtiva dos seres humanos. - Capital Financeiro: fundos disponíveis para a compra de capital físico ou ativos financeiros. Capacidade Empresarial = os empresários exercem funções fundamentais para o processo produtivo. Eles organizam a produção, reunindo e combinando os demais recursos produtivos, assumindo, assim, todos os riscos inerentes à elaboração de bens e serviços, colhendo os ganhos do sucesso (LUCROS) ou as perdas do fracasso (PREJUÍZOS). O preço pago pela utilização dos serviços dos fatores de produção irá constituir na renda dos proprietários desses fatores (máquinas, equipamentos, etc.). Remuneração dos Proprietários de Recursos: Terra aluguel (não é considerado como renda) Trabalho salário (produtividade) Capital juros (empréstimos) Capacidade Empresarial lucro (remuneração de recursos)FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 13 2.3 Agentes Econômicos: Famílias todos os indivíduos ou unidades familiares da economia e que, no papel de consumidores, adquirem os mais diversos tipos de bens e serviços, com o objetivo de atender às suas necessidades. Empresas unidades encarregadas de produzir e/ou comercializar bens e serviços. A produção é realizada por meio da combinação dos fatores produtivos adquiridos juntos às famílias. Tanto na aquisição de recursos produtivos quanto na venda de seus produtos, as decisões das empresas são guiadas pelo objetivo de se conseguir o máximo lucro. Governo inclui todas as organizações que, direta ou indiretamente, estão sob o controle do Estado (esferas federais, estaduais e municipais). Intervém no sistema econômico atuando como empresário e produzindo bens e serviços através de suas empresas estatais; em outras, ele age como comprador – quando, além de contratar serviços, adquire materiais, equipamentos, etc. – , tendo em vista a realização de suas tarefas; outras vezes, ainda, o governo intervém no sistema econômico por meio de regulamentos e controles com a finalidade de disciplinar a conduta dos demais agentes econômicos. Mercados = local ou contexto em que os compradores (demanda) e vendedores (oferta) de bens, serviços ou recursos estabelecem contatos e realizam transações. RENDA ≠ RIQUEZA Renda = ganho em um determinado período de tempo. Por exemplo: salário de R$ 2.000,00/mês ou R$ 24.000,00/ano. Riqueza = constituída pelo valor total das coisas que você possui (dinheiro em mãos, dinheiro em contas bancárias, ações, conjunto de bens que constituem seu patrimônio / propriedades, obras de arte, etc.) menos tudo o que você deve (hipotecas de residências, débitos em cartões de crédito, empréstimos pessoais, etc.). Demografia = ciência cujo objetivo é estudar o estado, o movimento e o desenvolvimento das populações. FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 14 População População dependente População ativa População economicamente ativa o População ocupada o Desempregados Pessoas que exercem atividades não-remuneradas Padrão de vida: é o nível de satisfação alcançado pelas pessoas que fazem parte de um sistema econômico, quando consomem os bens e serviços por ele produzidos. Alocação de recursos: é a forma como os fatores de produção são organizados pelo mercado, para que produzam bens e serviços que atendam às necessidades das pessoas. Teoria Econômica: é composta da Microeconomia e Macroeconomia. Microeconomia: é a parte da teoria econômica que estuda os agentes econômicos individualmente, como o consumidor e a empresa. Macroeconomia: é a parte da teoria econômica que estuda os agentes econômicos em seu conjunto. Tem como objetivo principal determinar os fatores que interferem no nível total da renda e do produto de uma economia. FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 15 3 QUESTÕES ECONÔMICAS FUNDAMENTAIS DECORRENTES DO PROBLEMA DA ESCASSEZ E DA NECESSIDADE DE ESCOLHA 3.1 Questões Econômicas Fundamentais A sociedade não dispõe de recursos produtivos em quantidade suficiente para produzir tudo o que a população deseja. Dessa forma, toda sociedade, qualquer que seja sua organização política defronta-se com três questões econômicas básicas decorrentes do problema da escassez: a) O que e quanto produzir? Indica que é necessário identificar a natureza das necessidades humanas, para saber quais bens e serviços produzir e, também, reconhece a limitação existente na disponibilidade dos fatores produtivos (produzir mais ou menos alimentos?). b) Como produzir? A sociedade tem de decidir a maneira pela qual o conjunto de bens escolhido será produzido. Esses bens podem ser obtidos mediante diferentes combinações de recursos e técnicas, devendo optar pela técnica que resulte no menor custo por unidade de produto a ser obtido. c) Para quem produzir? Após ter decidido que bens produzir e como produzi-los, a sociedade tem de tomar uma terceira decisão fundamental: quem irá receber esses bens e serviços? A produção total deve ser dividida / distribuída entre diferentes indivíduos que compõem a sociedade. De que maneira essa distribuição ocorrerá? Será que todas as pessoas receberão a mesma quantidade de bens e serviços? Ou será que a distribuição de bens e serviços será feita segundo a contribuição de cada um à produção? Ou a cada um segundo a sua necessidade? 3.2 A Curva (Fronteira) de Possibilidades de Produção Três hipóteses básicas são necessárias para que possamos desenvolver o modelo da “Curva de Possibilidades de Produção”: a) Existência de uma quantidade fixa de recursos (qualidade e quantidade permanecem inalteradas durante o período de tempo da análise). b) Existência de pleno emprego dos recursos (a economia opera com todos os fatores de produção plenamente empregados e produzindo o maior nível de produto possível). c) A tecnologia permanece constante. FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 16 3.3 Case 1: Uma fazenda e sua Fronteira de Possibilidades de Produção fazenda já constituída (extensão de terra, instalações, máquinas e equipamentos e trabalhadores); fazendeiro possui habilidades técnicas para plantar qualquer commodity (know-how). decisão do fazendeiro = o que e como produzir e de que maneira os seus recursos produtivos serão distribuídos? Quadro 1: ALTERNATIVA SOJA (Kg.) MILHO (Kg.) A 0 8.000 B 1.000 7.500 C 2.000 6.500 D 3.000 5.000 E 4.000 3.000 F 5.000 0 Milho (Kg.) A 8.000 B 7.500 --------------------------------- - 7.000 6.500 ---------------------------------------------------------- C H 6.000 5.000 ------------------------------------------------------------------------------- D 4.000 3.000 --------------------------------------------------------------------------------------------- E G 2.000 1.000 F 0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 Soja (Kg.) FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 17 Eficiência Produtiva = quando estivermos situados sobre a fronteira (ao longo da linha “AF”), na qual o aumento da produção de soja, significa redução da produção de milho. Custo de Oportunidade = expressão utilizada para exprimir os custos no que se refere às alternativas sacrificadas.Por exemplo: se estivermos no ponto “D”, significa que teremos de sacrificar 1.500 Kg. de milho. Assim, o custo de oportunidade dos 1.000 Kg. de soja será dado pelos 1.500 Kg. de milho. Em síntese, para que tenhamos a ocorrência de “Custo de Oportunidade” é preciso não só que os recursos sejam limitados, mas que estejam sendo plenamente utilizados. Desde cedo temos de fazer escolhas por causa da escassez. Assim o maior valor de oportunidade ou alternativa não escolhida vem a ser o que chamamos de custo de oportunidade (ir à faculdade, dessa forma negou-se a outros benefícios tais como: jogar futebol, ir ao cinema, tomar cerveja com os amigos = sacrifício). No ponto “G” temos, utilização abaixo de suas possibilidades, podendo ser pelos recursos produtivos estarem ociosos (terras inativas, trabalhadores desocupados, etc.). Nesse caso, tem de se fazer um melhor planejamento, uma vez que se continuar assim, poderá haver desemprego e, até mesmo, “quebrar” a fazenda / empresa. No ponto “H” temos, há concorrente com uma melhor performance, seja em tecnologia, qualificação do pessoal ou know-how do seu proprietário. Nesse caso, é de suma importância haver novos investimentos, pois, corremos risco de perdermos mercado. FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 18 4 ORGANIZAÇÃO ECONÔMICA Soluções para os problemas centrais de uma sociedade irão depender, fundamentalmente, do tipo de organização econômica vigente. Existem três formas da sociedade organizar sua economia: Economia de Mercado; Economia Planificada Centralmente; e Economia Mista. 4.1 Economia de Mercado Propriedade privada dos meios de produção (fábricas e terra), buscando o lucro (concorrência). Sistemas de Preços = mecanismo de preço automático, inconsciente e sinalizador de comportamento dos consumidores e empresários (demanda e oferta). Mão Invisível (Adam Smith) = coordenação invisível entre os agentes econômicos (famílias e empresas) que se preocupam em resolver seus próprios problemas de forma egoísta. Preço = variações causadas pela oferta e pela demanda. Governo = não deve intervir no mercado, mas sim, atender as necessidades coletivas, proteger a liberdade econômica e zelar pelo livre jogo de oferta e demanda. 4.2 Economia Planificada Centralmente Típica de países socialistas. O Estado toma decisão de: o que e quanto, como e para quem produzir. A política e a economia (regras) são feitas de acordo coma vontade do Estado. 4.3 Economia Mista Mescla dos dois sistemas anteriores. Empresas estatais e privadas. Estado utiliza leis para tomar providências, evitando abusos do mercado. FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 19 5 DEMANDA, OFERTA E EQUILÍBRIO DE MERCADO 5.1 Demanda (Procura) É a aspiração, desejo e não a efetivação da compra. Quantidade de demanda depende do preço. Quanto maior o preço do bem menor a quantidade a comprar. Quanto menor o preço do bem maior a quantidade a comprar. Influência de gostos e preferências, renda disponível, preços de outros bens e condições de pagamentos. Curva de Demanda de Mercado = mostra a relação entre a quantidade demandada de um bem por todos os indivíduos e seu preço, mantendo constantes as outras variáveis (gosto, renda, preço de outros bens e condições de pagamentos). 5.2 Oferta É a aspiração, desejo e não a efetivação da venda. Quanto maior o preço do bem maior a quantidade a oferecer. Quanto menor o preço do bem menor a quantidade a oferecer. Depende de um conjunto de fatores: a tecnologia, os preços dos fatores de produção (terra, trabalho, capital e capacidade empresarial) e o preço do bem que se deseja oferecer. Curva de Oferta Individual = expressão gráfica da relação numérica entre o preço do bem e a quantidade oferecida. Curva de Oferta de Mercado = mostra a relação entre a quantidade de um bem oferecido por todos os produtores e o seu preço, mantendo constantes os outros fatores (tecnologia, preço dos fatores de produção, etc.). 5.3 Equilíbrio de Mercado Quando colocamos em contato consumidores e produtores com seus relativos planos de consumo e produção, isto é, com suas respectivas curvas de demanda e de oferta em um mercado particular, podemos analisar como acontece a interação entre ambos os agentes econômicos. Isoladamente, nem a curva de demanda nem a curva de oferta poderiam nos dizer até onde podem chegar os preços ou em que medida os planos dos consumidores e dos produtores são compatíveis. FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 20 Devemos realizar um estudo conjunto de ambas as curvas e proceder por tentativa e erro, analisando para cada preço a possível competitividade entre a quantidade vendida e a demandada. Preço de Equilíbrio = é aquele em que coincidem os planos dos demandantes ou consumidores e dos ofertantes ou produtores. Costuma-se dizer que o preço de equilíbrio zera o mercado. Exemplo: PREÇO (R$/Kg) QTDE. DEMANDADA (ton.) QTDE. OFERTADA (ton.) SITUAÇÃO DO MERCADO 10,00 20 150 EO 7,00 50 120 EO 4,00 80 80 EM 2,00 110 40 ED 1,00 130 20 ED PREÇO EO 10,00 --------------------------------------------------------------- Curva de 7,00 ---------------------------------------------------- Oferta 4,00 ------------------------------------ EM 2,00 ----------------------------------------------- Curva de 1,00 ----------------------------------ED------------------- Demanda 0 20 50 80 110 130 Qtde. (tonelada) 40 120 150 Legenda – Situação do Mercado: EO = Excesso de Oferta ou Excedente. EM = Equilíbrio de Mercado. ED = Excesso de Demanda ou Escassez. FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 21 5.4 Mudanças no Preço de Equilíbrio Deslocamento da demanda para a direita: a um dado preço, os consumidores estão dispostos a consumir quantidades maiores de um determinado bem. Deslocamento da demanda para a esquerda: a um dado preço, os consumidores estão dispostos a consumir quantidades menores de um determinado bem. Deslocamento da oferta para a direita: a um dado preço, os produtores estão dispostos a produzir quantidades maiores de um determinado bem. Deslocamento da oferta para a esquerda: a um dado preço, os produtores estão dispostos a produzir quantidades menores de um determinado bem. Excesso de demanda: ocorre quando o preço de um bem é menor do que o preço de equilíbrio. É a diferença entre a quantidade de um bem que os consumidores estão dispostos a comprar e a quantidade que os produtores colocam no mercado. Excesso deoferta: ocorre quando o preço de um bem é maior do que o preço de equilíbrio. É a diferença entre a quantidade que os produtores colocam no mercado e a quantidade que os consumidores estão dispostos a comprar. 5.5 Deslocamento da Curva da Demanda Os principais fatores que influenciam na mudança/deslocamento da curva de demanda: a) A renda dos consumidores: Quando aumenta a renda do consumidor, este gastará mais e demandará maior quantidade de bens (bens normais e inferiores). Figura 4.1 – Deslocamento da Curva da Demanda de CDs Preço (R$) CDs CD1 CD2 30,00 deslocamento para direita 20,00 ------------------------------------ 10,00 0 1 2 3 4 quantidade de CDs (milhões/ano) O deslocamento se faz para direita da curva de demanda de CDs, originado por alguns dos fatores analisados, tais como, aumento da renda, elevação do preço de um bem substituto ou aumento da preferência pelos CDs. Implica que a quantidade demandada aumenta a cada um dos preços. FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 22 Bens de 1ª necessidade = quando aumenta a renda a quantidade demandada do bem aumenta em menor proporção. Bens de luxo = quando aumenta a renda a quantidade demandada do bem aumenta em maior proporção. b) Os preços dos bens relacionados É a quantidade demandada de um bem que depende das variações dos preços dos bens relacionados a ele. Por exemplo, se o preço de CDs aumentar haverá uma tendência do aumento da compra de pendrives. Em termos gráficos, um aumento no preço de CDs provoca um deslocamento da curva de demanda de CDs para a esquerda e provoca um deslocamento da curva de demanda de pendrives para direita. c) Mudanças nos gostos ou preferências dos consumidores Os gostos também experimentam alterações que podem ocasionar deslocamento na curva da demanda. As preferências dos consumidores podem-se alterar simplesmente porque os gostos se modificam com o decorrer do tempo ou devido a campanhas publicitárias. Caso os gostos variem no sentido de que se deseja demandar maior quantidade de um determinado produto, a curva da demanda será deslocada para direita, enquanto a mudança das preferências for no sentido contrário, o deslocamento será para esquerda. 5.6 Deslocamento da Curva da Oferta a) Preços dos fatores de produção Caso haja redução dos salários que se pagam aos trabalhadores, os custos de produção de CDs, por exemplo, diminuirão e as empresas contratarão mais trabalhadores e serão oferecidos mais CDs pelo mesmo preço (deslocamento para direita). b) Tecnologia existente Conjunto de técnicas ou métodos conhecidos para produzir um determinado bem ou serviço. Qualquer melhora na tecnologia permite produzir e vender a quantidade dada de um bem a um preço menor, permitindo que as empresas elevem a quantidade ofertada deste bem a qualquer preço (deslocamento para direita). Por exemplo, aquisição de uma máquina que permite aumentar a produtividade de CDs com menor custo. FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 23 Figura 4.2 – Deslocamento da Curva da Oferta de CDs Preço (R$) CDs CD1 CD2 30,00 deslocamento para direita 20,00 ------------------------------------ 10,00 0 1 2 3 4 quantidade de CDs (milhões/ano) 5.7 Deslocamento das Curvas da Demanda e Oferta e movimentos ao longo das mesmas a) Movimentos ao longo da curva da demanda e deslocamento da mesma Os movimentos ao longo da curva da demanda de um bem, por exemplo, CDs, acontecem como conseqüência de uma mudança nos preços dos CDs. Os deslocamentos da curva da demanda (CDs) se devem as alterações de alguns outros fatores, que não o preço, como por exemplo, a renda dos consumidores. Dessa forma, as mudanças nas condições de mercado – isto é, mudanças nos fatores que incidem sobre a demanda e a oferta, exceto o preço do bem em questão – motiva “deslocamentos” da curva da demanda, enquanto as variações no preço originam “movimentos” ao longo da curva. Figura 4.3 – Mudanças na Demanda de CDs Preço CDs D1 D2 P2 ----------- B A P1 ------------------------------------------------- C 0 Q2 Q1 Q3 Quantidade da demanda Os movimentos ao longo da curva da demanda acontecem quando muda o preço de A para B, enquanto os deslocamentos da demanda são produzidos quando se altera algum dos fatores, exceto o preço, que incidem na demanda (A para C). Importante: Mudanças na demanda são diferentes de mudanças na quantidade demandada. b) Deslocamentos da curva da oferta e sua incidência sobre o preço e a quantidade de equilíbrio FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 24 Análise em dois mercados diferentes: o trigo e o da cevada. Suponhamos que diminua o preço dos fertilizantes, o que implica na diminuição dos custos de produção do trigo e da cevada. Figura 4.4 – Deslocamentos da curva da oferta e seus efeitos sobre o preço e a quantidade de equilíbrio MERCADO DO TRIGO (A) Preço (R$) Trigo (Kg) O0 O1 P0 = 1,00 ------------------- P1 = 0,50 -------------------------------- D 0 Q0 = 10 Q1 = 12 Qtde. trigo (milhões/Kg) =================================================================== MERCADO DA CEVADA (B) Preço (R$) Cevada (Kg) O0 O1 P0 = 1,00 ------------------- P1 = 0,70 -------------------------------- D 0 Q0 = 5 Q1 = 9 Qtde. cevada(milhões/Kg) Quando se reduz o preço do capital, os custos da produção diminuem e a curva da oferta desloca-se para direita de O0 para O1 (redução do preço do fertilizante). A incidência sobre o preço e a quantidade de equilíbrio sobre cada mercado depende da inclinação da curva da demanda (analisar o preço e a quantidade do trigo e da cevada). FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 25 6 ELASTICIDADES Empresários querem saber se as mudanças nos preços elevarão ou reduzirão a receita total, ou seja, qual o resultado da multiplicação do preço pela quantidade vendida. Preço (R$) Quantidade demandada (ou vendida) por dia Receita total por dia (R$) Situação inicial Situação final Caso 1 Caso 2 100 80 80 300 340 390 30.000 27.200 31.200 Fonte: TROSTER & MOCHÓN, 2002, p.144. Quando se reduz o preço de venda, passando de R$ 100,00 para R$ 80,00 / unidade, a quantidade demandada aumenta. De qualquer modo, o resultado para a empresa será muito diferente se estivermos no Caso 1 ou no Caso 2. Em ambas as situações, a quantidade demandada aumenta, porém no Caso 1 a receita diminui, enquanto no Caso 2 a receita total aumenta em relação à situação inicial, na qual a empresa obtinha R$ 30.000,00. O sentido da variação da receita total quando muda o preço depende da “sensibilidade da quantidade demandada”. Isso se expressa por meio do conceito de Elasticidade da Demanda. 6.1 Elasticidade-Preço da Demanda (Ed) A elasticidade-preço da demanda (Ed) mede o grau em que a quantidade demandada responde às variações de preço de mercado e se expressa como o quociente entre a variação percentual da quantidade demandada do bem, produzida por uma variação de seu preço em 1%, mantendo-se constantes todos os demais fatores (coeteris paribus) que afetam a quantidade demandada. ( ∆ Q / Q) x 100 Ed = ______________ ( ∆ P / P) x 100 6.2 Elasticidade no Ponto (Ed) ( ∆ Q / Q) Ed = ______________ ( ∆ P / P) FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 26 6.3 Classificação da Elasticidade-Preço da Demanda (Ed) 6.3.1 Demanda Elástica (Ed > 1) Exemplo: suponhamos que uma redução de 10% no preço de um produto provoque uma elevação de 40% na quantidade demandada. Nessas condições o coeficiente de elasticidade-preço será: 40% Ed = _______ = 4 10% Isso indica que se trata de um produto que tem grande sensibilidade a variações de preço, uma vez que a variação percentual da quantidade foi quatro vezes maior que a variação percentual de preço que lhe deu origem. RECEITA TOTAL PREÇO AUMENTA DIMINUI DIMINUI AUMENTA 6.3.2 Demanda Inelástica (Ed < 1) Exemplo: suponhamos que uma redução de 10% no preço de um produto provoque uma elevação de 5% na quantidade demandada. Nessas condições o coeficiente de elasticidade-preço será: 5% 1 Ed = _______ = ______ = 0,5 10% 2 Isso indica que se trata de um produto cujas variações de preços provocam poucas reações nos consumidores, ou seja, há baixa sensibilidade ao que acontece com os preços de mercado, uma vez que a variação percentual de preço provoca uma variação percentual relativamente menor nas quantidades demandadas. RECEITA TOTAL PREÇO AUMENTA AUMENTA DIMINUI DIMINUI FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 27 6.3.3 Demanda com Elasticidade Unitária (Ed = 1) Exemplo: suponhamos que uma redução de 10% no preço de um produto provoque uma elevação de 10% na quantidade demandada. Nessas condições o coeficiente de elasticidade-preço será: 10% Ed = _______ = 1 10% Isso indica que a variação percentual na quantidade demandada é igual à variação percentual no preço que a ocasionou. RECEITA TOTAL PREÇO NÃO MUDA AUMENTA NÃO MUDA DIMINUI 6.4 Elasticidade-Renda da Demanda (Er) A Elasticidade-Renda da Demanda (Er) mede a sensibilidade da demanda a mudanças de renda. Ela é definida como sendo a variação percentual na quantidade demandada dividida pela variação percentual na renda do consumidor, coeteris paribus, ou seja, com os demais fatores que influenciam a demanda permanecendo inalterados. Q2 – Q1 % ∆ Q Q1 + Q2 Er = _________ = __________ % ∆ R R2 – R1 R1 + R2 6.4.1 Bem Normal – Er > 0 (Elasticidade-Renda positiva) Quando for positivo (Er > 0), o bem será considerado normal, indicando que as relações renda-quantidade demandada tenderão a ser de natureza direta. Para a maioria dos bens e serviços, um aumento na renda leva a um aumento da demanda (isto é, um deslocamento para a direita da curva da demanda). Esse é o caso dos bens normais, cujo consumo cresce quando a renda aumenta. Observa-se que o bem é considerado normal, independentemente de seu coeficiente ser unitário, alto ou baixo. FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 28 6.4.2 Bem Inferior – Er < 0 (Elasticidade-Renda negativa) Quando for positivo (Er < 0), tem-se o caso dos bens inferiores, ou seja, aqueles que, quando ocorre elevação na renda, trazem, como conseqüência uma redução de seu consumo. Por exemplo, um aumento de 10% na renda provoca uma diminuição de 5% na quantidade demandada. – 5% 1 Er = _______ = – _________ 10% 2 6.4.2 Er = 0 (Elasticidade-Renda nula) No caso de o coeficiente de elasticidade ser nulo, diz-se que a demanda é perfeitamente inelástica (anelástica) em relação à renda. As quantidades demandadas permanecem constantes (coeteris paribus), independentemente de variações no nível de renda do consumidor. Por exemplo, um aumento de 10% na renda não provoca nenhuma alteração na quantidade adquirida do produto. Esse é o caso dos bens saciado cujo consumo não se altera quando a renda aumenta. 0% Er = _______ = 0 10% 6.5 Elasticidade-Preço Cruzada da Demanda (Exy) A quantidade demandada de uma particular mercadoria é afetada não somente pelo seu preço, mas também pelo preço dos bens relacionados a ela. Se os bens estão relacionados, então eles são classificados como substitutos ou complementares. A mudança no preço de um bem, caso ele seja substituto ou complementar, pode afetar a quantidade demandada de outro bem. A Elasticidade- Preço Cruzada da Demanda (Exy) mede o efeito que a mudança no preço de um produto provoca na quantidade demandada de outro produto, coeteris paribus. Mais formalmente, se tivermos dois bens, X e Y, a elasticidade-preço cruzada da demanda, pela fórmula do ponto médio será dada por: ∆Qx Qx Exy = _________ ∆Py Py FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 29 6.5.1 Exy > 0 (Bens Substitutos) Exemplo: um aumento no preço do bem Y provoca uma elevação na quantidade demandada do bem X. Suponhamos, então, que o preço do bem Y se eleve de R$ 2,00 para R$ 3,00, provocando um aumento na quantidade demandada do bem X de 2 para 4 unidades.Qx2 – Qx1 4 – 2 Qx1 + Qx2 2 + 4 Exy = _________ = __________ = 1,66 Py2 – Py1 3 – 2 Py1 + Py2 2 + 3 Esse resultado indica que Exy > 0. Segue-se então que os bens X e Y são substitutos. 6.5.2 Exy < 0 (Bens Complementares) Exemplo: um aumento no preço do bem Y provoca uma redução na quantidade demandada do bem X. Suponhamos, então, que o preço do bem Y se eleve de R$ 2,00 para R$ 3,00, provocando um aumento na quantidade demandada do bem X de 4 para 3 unidades. Qx2 – Qx1 3 – 4 Qx1 + Qx2 4 + 3 Exy = _________ = __________ = – 0,71 Py2 – Py1 3 – 2 Py1 + Py2 2 + 3 Esse resultado indica que Exy < 0. Segue-se então que os bens X e Y são complementares. 6.5.3 Exy = 0 (Bens Independentes) Exemplo: um aumento no preço do bem Y não provoca nenhuma alteração na quantidade demandada do bem X. Suponhamos que X seja automóvel e Y seja café. Se o preço do café se elevar de R$ 10,00 para R$ 25,00, a quantidade demandada de automóveis permanecerá constante em 1 milhão. Qx2 – Qx1 Qx1 + Qx2 0 / 1.000.000 Exy = _________ = ____________ = 0 Py2 – Py1 25 – 10 Py1 + Py2 25 + 10 Esse resultado indica que Exy < 0. Segue-se então que os bens X e Y são complementares. FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 30 6.6 Elasticidade da Oferta (Eo) Da mesma forma que na demanda, a elasticidade da oferta é um importante instrumento para analisar mercados. A Elasticidade da Oferta (Eo) é a medida da sensibilidade da quantidade ofertada em resposta a mudanças de preços. A fórmula utilizada para calcular a elasticidade da oferta é basicamente a mesma utilizada para calcular a elasticidade –preço da demanda. Nesse caso, entretanto, a mudança na quantidade refere-se à quantidade ofertada. Mais formalmente, define-se a elasticidade da oferta como a variação percentual na quantidade ofertada dividida pela variação percentual no preço. ( ∆ Qo / Qo) P ∆ Qo Eo = ______________ = ___________ x ___________ ( ∆ P / P) Qo ∆ P 6.6.1 Oferta Elástica Se a variação percentual na quantidade ofertada for maior e na mesma direção que a variação percentual do preço, o coeficiente de elasticidade-preço da oferta se denominará elástico. ∆ % Qo Eo = ______________ > 1 ∆ % P Figura 5.1 – Curva de Oferta Elástica Preço ($/unid) O P2 ----------------------------------------------- 10% Eo > 1 P1 --------------------- 20% 0 Qo1 Qo2 Qtde.(unidades/mês) FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 31 6.6.2 Oferta Inelástica Se a variação percentual na quantidade ofertada for menor e na mesma direção que a variação percentual do preço, o coeficiente de elasticidade-preço da oferta se denominará inelástico. ∆ % Qo Eo = ______________ < 1 ∆ % P Figura 5.2 – Curva de Oferta Inelástica Preço ($/unid) O P2 ----------------------------------------------- 10% Eo < 1 P1 ------------------------------------ 5% 0 Qo1 Qo2 Qtde.(unidades/mês) 6.6.3 Oferta com Elasticidade Unitária Se a variação percentual na quantidade ofertada for igual e na mesma direção que a variação percentual do preço, o coeficiente de elasticidade-preço da oferta será unitário. ∆ % Qo Eo = ______________ = 1 ∆ % P Figura 5.3 – Curva de Oferta com Elasticidade Unitária Preço ($/unid) O P2 ----------------------------------------------- 10% Eo = 1 P1 ------------------------------- 10% 0 Qo1 Qo2 Qtde.(unidades/mês) FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 32 7 SETOR PÚBLICO 7.1 Conceito = entende-se por setor público mais do que somente Estado-Nação das organizações políticas atuais. Os órgãos e administrações públicas que compõem o setor público têm ao menos três níveis de governo. Setor público Empresas Financeiras Produtivo Estatais Não-financeiras Unidades Estados Territoriais Municípios Territórios Setor Público Administração Previdência Sistema de Previdência Social Pública Social Outras administrações Administração Autarquias Central Estado Fonte: Estrutura do Setor Público Brasileiro (TROSTER & MOCHÓN, 2002) 7.2 Funções do Setor Público: Fiscalizadora (estabelecer e cobrar impostos) Reguladora (leis e disposições administrativas) Provedora de bens e serviços (empresas públicas – escolas, hospitais etc.) Redistributiva (modificar a distribuição de renda – regiões) Estabilizadora (controle agregados econômicos – produção) 7.3 Impostos: Impostos= imposição do Estado a indivíduos e empresas. Impostos Diretos = incidem sobre o contribuinte e não sobre os bens. Ex.: IRPF. Impostos Indiretos = incidem no momento de compra dos bens e serviços. Ex.: ICMS. FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 33 Transferências = provisões que se realizam sem a provisão correspondente de bens e serviços por parte do receptor – garantir a base mínima – Ex.: seguro-desemprego e pensões. Intervenção Direta no Mecanismo de Mercado = imposição de regras. Ex.: salário mínimo, congelamento de preços. 7.4 Teorias: Monetaristas (não à intervenção) – Friedman Livre jogo das forças do mercado equilibrando o pleno emprego. Estado deve controlar somente o volume do dinheiro. Keynesianos (sim à intervenção) – John Maynard Keynes Não acreditam na tese do livre jogo das forças do mercado equilibrando o pleno emprego. Intervenção do Estado mediante as políticas monetária e fiscal para estabilizar a economia. 7.5 Flutuações ou Ciclos Econômicos: DEPRESSÃO – ponto mínimo do ciclo RECUPERAÇÃO – fase ascendente do ciclo AUGE – ponto máximo do ciclo RECESSÃO – fase descendente do ciclo 7.6 Objetivos do Setor Público: MAIOR NÍVEL POSSÍVEL DE EMPREGO A ESTABILIDADE DE PREÇOS O CRESCIMENTO ECONÔMICO TARGET – busca de progresso econômico e social do país, conseqüentemente, a distribuição de renda e equilíbrios dos intercâmbios comerciais. FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 34 7.7 Instrumentos do Setor Público: POLÍTICA MONETÁRIA* e POLÍTICA FISCAL *A Política Monetária será abordada no 2º semestre em Macroeconomia. 6.7.1 Política Fiscal: CONCEITO – decisões do Governo que se referem ao gasto público e aos impostos. IMPOSTOS – são receitas públicas criadas por lei e de cumprimento obrigatório para os sujeitos contemplados por ela. REDUÇÃO OU AUMENTO DOS IMPOSTOS – Redução: quando o Governo quer estimular a produção e consumo para aumentar a oferta de empregos. Aumento: o inverso da redução. 7.8 Orçamento do Setor Público: CONCEITO – é uma descrição de seus planos de gasto e financiamento. Orçamento do Setor Público = Receitas Públicas – Gastos Públicos SUPERÁVIT X DÉFICIT X EQUILÍBRIO a) A Política Fiscal Expansiva Impostos Consumo Privado Produção e Emprego Gasto Público Demanda Agregada b) A Política Fiscal Recessiva Impostos Consumo Privado Produção e Emprego Gasto Público Demanda Agregada OBS.: Economia com setor público os componentes da Demanda Agregada são: consumo privado, investimento e gasto público. FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 35 7.9 Caráter “Automático” da Política Fiscal: POLÍTICAS DISCRICIONÁRIAS (dependem da decisão ou arbítrio dos seus condutores) – são as que exigem medidas explícitas, tais como: Programas de obras públicas e outros gastos (gerar trabalho – aumentar emprego – aumento da dívida); Projetos públicos de emprego (trabalho de curta duração – aumentar emprego – não garante qualificação e emprego fixo); Programas de transferências (além do seguro-desemprego, das pensões, contribui com frentes de trabalho no Nordeste – difícil resultado); Alteração dos tipos de impostos (política anticíclica – redução dos impostos – estimular a demanda – dificuldade em aumentar novamente/politicamente não correta e impopular). DEPRESSÃO – período prolongado de baixa atividade econômica e elevado desemprego. ESTABILIZADOR AUTOMÁTICO – qualquer ação do sistema econômico que tende a reduzir mecanicamente as forças da recessão e/ou expansão da demanda, sem necessidade das medidas discricionárias. CICLOS ECONÔMICOS - são flutuações da atividade econômica global caracterizadas pela expansão ou pela contração simultânea da produção na maioria dos setores. EXEMPLOS – seguro-desemprego exerce uma pressão estabilizadora, pois reduz a demanda quando ela é excessiva ou colabora para manter o nível de consumo, se a atividade está descendente. OUTROS EXEMPLOS: Pensões, poupanças, dividendos. 7.10 Enfoque Clássico ou Monetarista: A economia tem mecanismos autocorretores – não há necessidade do setor público. Em curto prazo podem aparecer flutuações na atividade econômica, porém no longo prazo ela tende ao pleno emprego dos recursos produtivos. O gasto deveria limitar-se ao máximo possível e o orçamento teria de se manter equilibrado anualmente. FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 36 7.11 Enfoque Keynesiano: Não existe um mecanismo automático que faça a economia tender ao pleno emprego dos recursos. Os preços e salários não são tão flexíveis. Os salários são rígidos para baixo e os ajustes não acontecem da maneira prevista pelos clássicos. Diante de tais circunstâncias e de uma recessão motivada por uma demanda agregada insuficiente, o setor público deve intervir, manipulando os gastos e os impostos. Para combater as flutuações, defende-se o argumento de que o orçamento deve equilibrar-se ciclicamente de modo que, durante as recessões, se possa incorrer em déficits temporais. 7.12 O Déficit e seu Financiamento: SETOR PÚBLICO – presença forte nos últimos anos, o que fez incorrer em custosos déficits, o que implica necessidades crescentes de financiamento. PROCEDIMENTOS ADOTADOS: IMPOSTOS - forma natural, porém apresentam limitações, pois quando existe déficit, eles são insuficientes para atender os gastos e, além disso, durante uma recessão não se podem aumentá-los. CRIAÇÃO DE DINHEIRO – através do Banco Central (BACEN) aumentar quantidade de dinheiro, porém implica em pôr em prática uma política monetária expansiva, ou seja, aumento da pressão inflacionária e perda do valor do dinheiro. EMISSÃO DE DÍVIDA PÚBLICA – implica no Estado pôr à venda títulos de renda fixa (Letras do Tesouro Nacional – LTN), por exemplo. Essa medida também tem implicações monetárias (aumento da taxa de juros). EFEITO DESLOCAMENTO OU EXPULSÃO – segundo a hipótese de que o gasto público, o déficit orçamentário ou a dívida do Estado reduzem a quantidade de investimento das empresas. FATEC Faculdade de Tecnologia de Sorocaba Prof. Dr. Adilson Rocha 37 8 TEORIA DA PRODUÇÃO 8.1 A Empresa e a Produção A atividade fundamental da empresa é a produção, e seu principal objetivo é maximizar o lucro. Para isso, a empresa deverá ajustar os fatores que emprega – isto é, trabalho, maquinaria e planta – de forma tal que minimize o custo de produção da qualidade oferecida. Num sistema de economia de mercado, a empresa privada realiza a função produtiva fundamental. A empresa é a unidade de produção por excelência, encarregada de combinar os fatores de produção – trabalho, capital, recursos naturais e capacidade empresarial –, para produzir bens e serviços que, posteriormente, serão vendidos no mercado. A empresa é a unidade econômica de produção encarregada de trocar os fatores de produção (trabalho, capital, recursos naturais e capacidade empresarial) para produzir bens e serviços, que depois serão vendidos no mercado.
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