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1 DIREITO ADMINISTRATIVO

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DIREITO ADMINISTRATIVO – I
Ramo do Direito Público que se dedica ao estudo dos órgãos e funções administrativas do Estado.
Divide-se em:
Direito Administrativo propriamente dito;
Direito Financeiro;
Direito Tributário.
O Direito Administrativo, propriamente dito compreende aquele estudo, dirigido:
ao poder administrativo do Estado;
à medida desse poder, que é a competência das diversas entidades que compõem o sistema administrativo nacional;
à especialização das respectivas funções e serviços em razão das matérias que caem sob o seu domínio;
ao pessoal que integra os quadros administrativos;
aos atos jurídicos que os órgãos administrativos estão aptos a praticar.
FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO
São de duas ordens: formais e informais.
Formais: 
a Constituição Federal;
as leis complementares;
as leis ordinárias;
as resoluções do Senado Federal; 
os decretos do Poder Executivo;
as Constituições estaduais;
as leis estaduais;
as leis orgânicas dos Municípios;
os atos normativos federais, estaduais e municipais.
São fontes informais:
a doutrina;
a jurisprudência administrativa e a judicial;
as práticas administrativas.
Existem dois ramos do Direito nos quais se levantam os maiores obstáculos à codificação: o Direito Administrativo e o Direito Internacional Privado, não por que isso não represente vantagem, porém pela dificuldade natural de se encontrar pontos comuns de contato e consenso dentro dos seus próprios campos de atuação jurídica,
Em matéria de Direito Administrativo, a única tentativa válida que se conhece nesse sentido foi feita em Portugal através do seu Código de Direito Administrativo, aprovado pelo Decreto-lei nº 27.424, de 31 de dezembro de 1936. No Brasil, só existem diplomas legais especializados, como os códigos, Tributário Nacional, de Telecomunicações, de Propriedade Industrial, de Águas e de Mineração, os quais estão longe de servir de base sequer para uma consolidação, muito menos a uma codificação tal como se deve concebê-la.
 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
A expressão Administração Pública, de forma geral, recebe dos doutrinadores duas interpretações:
Em termos objetivos, considera-se Administração Pública a atuação ou as atividades dos órgãos e entidades administrativas, ou de pessoas que desempenhem em regime de delegação, atividades públicas. Neste sentido, Administração Pública é uma função, a chamada “função administrativa”. Neste contexto, o Estado de Direito apresenta, do ponto de vista jurídico, três funções básicas: legislativa, jurisdicional e administrativa. Portanto, podemos definir a Administração Pública, de um ponto de vista objetivo, como sendo aquela função do Estado que consiste em atividade concreta, imediata e continuada, praticada de forma espontânea, sem necessidades coletivas, em sintonia com os fins atribuídos ao Estado pela Constituição, e dentro duma ordem jurídica estabelecida.
Em termos subjetivos, considera-se Administração Pública, a estrutura orgânica, o aparato administrativo, o conjunto de órgãos, entidades, pessoas públicas e privadas, em geral integrantes da máquina estatal, voltada par o desempenho de atividades públicas imediatas que ordem jurídica atribuiu ao Estado (saúde, educação, tributação, planejamento, etc.). Pode-se dizer que, no sentido objetivo, temos uma administração “minúscula”, enquanto no sentido subjetivo, por referir-se a órgãos e entidades sujeitos de ações publicas categorizadas como administrativas, temos uma administração “maiúscula”.
Podemos afirmar que a Administração Pública, subjetivamente considerada, supõe o manuseio de “poderes”, em vista das ações concretas a serem implementadas.
Princípios básicos da administração:
Os princípios básicos da administração pública estão consubstanciados em doze regras de observância permanente e obrigatória para o bom administrador: legalidade, moralidade, impessoalidade ou finalidade, publicidade, eficiência, razoabilidade, proporcionalidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, motivação e supremacia do interesse público.
Os primeiros estão expressamente previstos no art. 37, caput, da CF de 1988; e os demais, embora não mencionados, decorrem do nosso regime político, tanto que, ao lado daqueles, foram textualmente enumerados pelo art. 2º da Lei federal 9.784, de 29.1.99. Essa mesma norma diz que a Administração Pública de vê obedecer aos princípios acima referidos. 
Legalidade – A legalidade, como princípio de administração (CF, art. 37), significa que o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso. Na Administração Pública não há liberdade nem vontade pessoal. Enquanto na administração particular é licito fazer tudo que a lei não proíbe, na Administração Pública só é permitido fazer o que a lei autoriza. A lei para o particular significa “pode fazer assim”; para o administrador público significa “deve fazer assim”. O princípio da legalidade, que até bem pouco tempo só era sustentado pela doutrina passou a ser imposição legal, entre nós, pela lei reguladora da ação popular (que considera nulos os atos lesivos ao patrimônio público quando eivados de “ilegalidade do objeto” (ocorre quando o resultado do ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato normativo – Lei 4.717/65, art. 2], “c’, e § único, “c”). Desde a Constituição Federal de 1988 é também princípio constitucional (art. 37). 
Moralidade: A moralidade administrativa constitui, hoje em dia, pressuposto de validade de todo ato da Administração Pública (CF art. 37). Não se trata da moral comum, e sim, da moral jurídica. Por considerações de Direito e de Moral, o ato administrativo não terá que obedecer somente à lei jurídica, mas também à lei ética da própria instituição, porque nem tudo que é legal é honesto, conforme já proclamavam os romanos. No âmbito da legislação infraconstitucional, o Dec. 1.171, de 22.6.94, aprovando o Código de Ética Profissional do Servidor Público Federal, reafirmou o princípio da moralidade administrativa, disponde textualmente que o servidor jamais poderá desprezar o elemento ético de sua conduta, devendo decidir não somente “entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4º, da CF”.
Impessoalidade ou finalidade: O princípio da impessoalidade (art. 37 CF), nada mais é que o clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao administrador público que só pratique o ato para o seu fim legal. E o fim legal é unicamente aquele que a norma de Direito indica expressa ou virtualmente como objetivo do ato, de forma impessoal. Esse princípio também deve ser entendido para excluir a promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos sobre suas realizações administrativas.
E a finalidade terá sempre um objetivo certo e inafastável de qualquer ato administrativo: o interesse público. Todo ato que não atender a esse princípio, sujeitar-se-á a invalidação por desvio de finalidade, que a nossa lei da ação popular conceituou como o “fim diverso daquele previsto, explícita ou implicitamente, na regra de competência” do agente (Lei 4.717/65, art. 2º § único, ‘e”).
Razoabilidade e proporcionalidade: Também chamado de princípio da proibição do excesso, que objetiva aferir a compatibilidade entre os meios e os fins, de modo a evitar restrições desnecessárias ou abusivas por parte da Administração Pública, com lesão aos direitos fundamentais. Nos processos administrativos a observância do critério de “adequação entre os meios e fins”, cerne da razoabilidade, e veda “imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superioràquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público”, traduzindo aí o núcleo da noção da proporcionalidade .
Publicidade: É a divulgação oficial do ato para conhecimento público e início de seus efeitos externos. Daí porque as leis, atos e contratos administrativos que produzem conseqüências jurídicas fora dos órgãos que os emitem exigem publicidade para adquirirem validade perante as partes e terceiros. A publicidade não é elemento formativo do ato; é requisito de eficácia e moralidade. Em princípio, todo ato administrativo deve ser publicado, porque pública é a administração que o realiza, só se admitindo sigilo nos casos de segurança nacional, investigações policiais ou interesse superior da Administração a ser preservado em processo previamente declarado sigiloso nos termos da legislação vigente. A publicação que produz efeitos jurídicos é a do órgão oficial da Administração. Por órgão oficial entendem-se não só o Diário Oficial das entidades públicas como, também, os jornais contratados para essas publicações oficiais. Vale ainda como publicação oficial a afixação dos atos e leis municipais na sede da Prefeitura ou da Câmara, onde não houver órgão oficial, em conformidade com o disposto na Lei Orgânica do Município. Os atos e contratos administrativos que omitirem ou desatenderem à publicidade necessária não só deixam de produzir seus regulares efeitos como se expõem a invalidação por falta desse requisito de eficácia e moralidade. E sem publicação não fluem os prazos para impugnação administrativa ou anulação judicial, quer o de decadência para impetração de mandado de segurança (120 dias da publicação), quer os de prescrição da ação cabível.
Eficiência: Esse princípio exige que a atividade administrativa seja exercida com presteza, perfeição e rendimento funcional. Com a EC 45/2004 a eficiência passou a ser um direito com sede constitucional, pois, no titulo II, “Dos Direitos e Garantias Fundamentais”, inseriu no art. 5º o inciso LXXVIII, que assegura ‘a todos, no âmbito judicial e administrativo”, a “ razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”. 
Segurança jurídica: É considerado como uma das vigas mestras da ordem jurídica. É ela, ao lado da legalidade, um dos subprincípios integradores do próprio conceito de Estado de Direito. A Lei 9.784/99 determina a obediência ao princípio da segurança jurídica (art. 1º). Ou seja, essa Lei veda textualmente a “aplicação retroativa de nova interpretação” (inc. XIII, parte final, do § único do art. 1°).
Motivação: O princípio da motivação dos atos administrativos, após a Constituição Federal de 1988, está inserido no nosso regime político. Por princípio, as decisões administrativas devem ser motivadas formalmente, vale dizer que a parte dispositiva deve vir precedida de uma explicação ou exposição dos fundamentos de fato (motivos-pressupostos) e de direito (motivos-determinantes da lei). Pela motivação o administrador público justifica sua ação administrativa, indicando os fatos que ensejam o ato e os preceitos jurídicos que autorizam sua prática. 
Ampla defesa e contraditório: A Lei 9.784/99, no art. 2º, prevê expressamente a observância por parte da Administração Pública dos princípios da ampla defesa e do contraditório. Regula assim, na esfera infraconstitucional o cumprimento do disposto na CF/88, em especial no seu art. 5º, LV, que assegura “aos litigantes, em processo (...)administrativo”,”o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. Ao falar em “litigantes”, ao lado dos “acusados”, a atual CF acabou por jurisdicionalizar o processo administrativo.
Interesse público ou supremacia do interesse público: Também chamado de princípio da supremacia do interesse público ou da finalidade pública, como o nome de interesse público a Lei 9.784/99 coloca-o como um dos princípios de observância obrigatória pela Administração Pública (CF art. 2º, caput), correspondendo ao “atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competência, salvo autorização em lei”(art. 2º, § único, II). Esse princípio está intimamente ligado ao da finalidade. A primazia do interesse público sobre o privado é inerente à atuação estatal e domina-a, na medida em que a existência do Estado justifica-se pela busca do interesse geral. Como bem ensina o professor Celso Antônio Bandeira de Mello, o “princípio da supremacia do interesse público sobre o interesse privado é princípio geral de Direito inerente a qualquer sociedade. É a própria condição de sua existência”.
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