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RESUMO EPIDEMIOLOGIA

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CASO 01 – HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA
EPIDEMIOLOGIA E SAÚDE
• Conceito de saúde: Completo estado de bem-estar físico, mental e social, não apenas ausência de doença.
• Conceito de epidemiologia: Estudo dos fatores que determinam a frequência e a distribuição das doenças nas coletividades humanas. Estuda os problemas de saúde em grupos de pessoas.
• Objetivos da epidemiologia:
• Descrever a distribuição e a magnitude dos problemas de saúde nas populações humanas;
• Proporcionar dados para planejamento, execução e avaliação das ações de prevenção, controle e tratamento das doenças;
• Identificar fatores etiológicos no surgimento de enfermidades.
 
HISTÓRIA NATURAL DA DOENÇA
Processo no qual o ser humano passa por múltiplas situações, que exigem do seu meio interno um trabalho de compensações e adaptações sucessivas. A questão saúde x doença, portanto, não é um problema de presença/ausência, mas um equilíbrio dinâmico de fatores que constituem a história natural da doença. A HND trata-se de como o processo patológico ocorreria sem interferências, ou seja, sem haver tratamento, prevenção...
Divide-se em dois períodos: pré-patológico, ou epidemiológico, patológico. Abrange dois domínios que se completam mutuamente: o meio ambiente, onde ocorrem as pré-condições, e o meio interno, onde se processam modificações bioquímicas, fisiológicas e histológicas progressivamente. Constitui um tríade: meio ambiente, agente etiológico e suscetível, podendo haver um vetor no processo.
O período pré-patológico contem a fase de suscetibilidade, inicial, ou de fatores ambientais. Nela, não há doença propriamente dita, mas há condições que favorecem o seu aparecimento. As pessoas, contudo, não apresentam o mesmo risco de adoecer: "um dos princípios básicos do raciocínio epidemiológico baseia-se na constatação de que as pessoas não nascem iguais nem vivem iguais. Muitas passam as vidas em condições ou possuem características e atributos ou hábitos que facilitam ou dificultam a ocorrência de danos à saúde: são os fatores de risco ou de proteção.
Já o período patológico contem as seguintes fases: deinteração estímulo-suscetível, de alterações fisio-histo-biológicas (juntas, formam a fase pré-clínica), de sinais e sintomas, ou clínica, e a de cronicidade, ou de incapacidade residual.
​Na fase pré-clínica, não há sintomas, mas o organismo já apresenta alterações patológicas. Ou seja, embora ainda não sejam percebidos os sintomas, já há algo fora do normal ocorrendo no organismo. A etapa vai desde o início do processo patológico até o aparecimento de sintomas.
Na fase clínica, a doença já se encontra em estágio adiantado, exteriorizando-se através dos sintomas. É nesta fase que o indivíduo procura o atendimento médico.
Na fase de incapacidade residual, se a doença não progrediu até a morte ou não houve cura completa, as alterações anatômicas e funcionais se estabilizam e voltam ao normal, podendo deixar sequelas.
Existem também períodos específicos, conhecidos como de incubação e de latência. O período de incubação (infecciosas) é o intervalo entre a exposição efetiva do hospedeiro suscetível a um agente biológico e o início dos sinais e sintomas clínicos da doença nesse hospedeiro.. Já o período de latência (não-infecciosas) é o intervalo entre a exposição a agentes químicos tóxicos e o início dos sinais e sintomas.
Há também padrões de progressão nas doenças, que podem ser separados em cinco categorias:
• evolução aguda e fatal;
• evolução aguda, clinicamente evidente, mas com recuperação;
• evolução subclínica, que acontece sem que o doente perceba sintomas da doença;
• evolução crônica progressiva com óbito em longo prazo;
• evolução crônica com períodos assintomáticos.
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O homem, assim como o meio ambiente, é participante intrínseco tanto na HND quanto na prevenção de patologias. Com base na história natural da doença, o homem tem parte durante o período pré-patológico - nas interações BEINGS (Biológico, Envoltório/ambiente, Imunidade, Nutrição, Genético e Social) e medidas de prevenção primária - e o patológico, através das medidas secundária e terciária de prevenção, aliadas aos fatores BEINGS, sempre presentes na HND.
 
MEDIDAS PREVENTIVAS
​São medidas preventivas aquelas usadas para evitar as doenças ou suas consequências, além de trata-las. Podem ser classificadas em inespecíficas ou específicas. Medidas inespecíficas, gerais ou amplas promovem o bem-estar das pessoas. Já as medidas específicas ou restritas incluem as técnicas próprias para lidas com cada dano à saúde em particular.
As medidas de prevenção, com base nas fases da HND, situam-se em todo o processo, sendo cada tipo em uma fase distinta. Existem 3 tipos de prevenção:primária, secundária e terciária.
A primária ocorre no estágio pré-patológico, e tem como objetivo eliminar os fatores de risco para impedir o contagio pelo homem. Comporta dois níveis de prevenção: 1º - promoção à saúde (educação sanitária, saneamento básico, uso da camisinha, etc.) e2º - proteção específica (vacinação, por exemplo).
Na prevenção secundária, que ocorre nas fases pré-clínica e clínica, o objetivo é detectar a doença e tratá-la o mais rápido possível. Assim, é dividida em3º - diagnóstico e tratamento precoces (exames de rastreamento) e 4º - limitação do dano.
Já na prevenção terciária, há o 5º e último nível de prevenção -  reabilitação, ou seja, evitar complicações e sequelas.
Há também outro critério de classificação de prevenção, mais restrito, o qual engloba as medidas praticadas por indivíduos que, no momento, não sentem os efeitos de uma doença. Estas medidas dirigem-se à diminuição do risco de aparecerem futuras doenças. São as medidas universais, seletivas e individualizadas.
As medidas universais são recomendadas a todas as pessoas, pois os benefícios ultrapassam em muito os custos e riscos. Aplicadas com ou sem assistência profissional (ex: higiene, dieta e exercícios). Asmedidas seletivas são aconselhadas a subgrupos, a segmentos populacionais com alto risco de adoecer (ex: proteção no trabalho, vacinação antirrábica em animais e abstinência de álcool e fumo em grávidas). Já as medidas individualizadas, são aplicadas unicamente na presença de uma condição que coloca o individuo em alto risco para o desenvolvimento futuro da doença (ex: quimioprofilaxia contra a tuberculose, controle da hipertensão e da hipercolesterolemia).
As medidas de profilaxia podem e devem ser utilizadas com a finalidade de impedir ou diminuir o risco de transmissão de uma doença. Consistem em um conjunto de atividades, no sentido de proteger uma população da ocorrência ou da evolução de um fenômeno desfavorável à saúde. Profilaxia é, na realidade, o conjunto de medidas visando a prevenção da doença em nível populacional.
A pesquisa científica pode compreender e analisar melhor todo o processo conforme surgirem os avanços científico-tecnológicos, utilizando-os, dessa maneira, para otimizar as medidas preventivas de uma maneira geral.
 
CASO 02 – MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIA
MEDICINA BASEADA EM EVIDÊNCIA
A Medicina Baseada em Evidências (MBE) é definida como o elo entre a boa pesquisa científica e a prática clinica. A MBE utiliza provas científicas existentes e disponíveis no momento, com boa validade interna e externa, para a aplicação de seus resultados na prática clínica. Quando é abordado o tema do tratamento e fala-se em evidências, elas relacionam-se com a efetividade, eficiência, eficácia e segurança:
• Eficácia: indica a utilidade ou o benefício (ex: procedimento clínico), quando aplicado em condições bem controladas. Para ser eficaz, o procedimento deve ser capaz de produzir o efeito desejado, em situações "ideais de uso". Trata-se do resultado obtido em "laboratório";
• Efetividade: é o grau em que uma determinada intervenção, procedimento ou serviço produz um resultado benéfico, quando empregado no "mundo real", em uma população bem definida; é o resultado verdadeiramente observado nas condições habituais de uso, por isso a efetividadeestá muito relacionada com o dia a dia das pessoas;
• Eficiência: refere-se aos efeitos alcançados em relação ao esforço despendido, em termos de recursos e tempo utilizados; é o resultado obtido, tendo em conta os insumos empregados. Avalia-se o custo-benefício final do que foi pesquisado ou da experiência, levando em conta o custo, o tempo e o resultado de tais estudos, decidindo, assim, se eles são realmente eficientes para a saúde da população;
• Segurança: significa que uma intervenção possui características confiáveis que tornam improváveis a ocorrência de efeitos indesejáveis para o paciente.
A MBE é uma abordagem para a tomada de decisões em que o médico usa a melhor evidência disponível, em consulta com o paciente, ou no planejamento da saúde, para decidir sobre a opção que se adapte melhor à situação.
O seu uso exige compreensão acerca das seguintes questões:
• Quando possível, os profissionais da saúde devem utilizar informações provenientes de estudos sistemáticos, reprodutíveis e sem tendenciosidade, de forma a aumentar a confiança no prognóstico, na eficácia da terapia e na utilidade dos testes diagnósticos.
• A compreensão da fisiopatologia é necessária, mas insuficiente para a prática clínica.
• A compreensão de determinadas regras de evidência é necessária para avaliar e aplicar de forma efetiva a literatura médica.
 
TIPOS DE MÉTODOS DE ESTUDO NA EPIDEMIOLOGIA
• Estudos descritivos: são a primeira fase na obtenção de conhecimento. Informam sobre a distribuição de um evento na população de maneira quantitativa, podendo ser de incidência ou prevalência. Não há um grupo-controle para comparação dos resultados, sendo, portanto, considerados estudos não-controlados. A população utilizada pode ser composta tanto por apenas indivíduos doentes, quanto por apenas indivíduos sadios, como também pela mistura de ambos os grupos.
• Estudos analíticos: segunda fase na obtenção de conhecimentos sobre um tema. As pesquisas analíticas, diferentemente das descritivas, seguem a uma ou mais questões, as hipóteses, que relacionam causa e efeito (ex: obesidade > diabetes? Fumo > câncer? Vacina > Prevenção?). Neste tipo de estudo, há um grupo-controle, que serve de comparação com o grupo de estudo. Os diferentes tipos de estudos analíticos se formam pela maneira com que os grupos de estudo e controle são organizados.
• Ensaio clínico randomizado: parte-se da causa em direção ao efeito. Os grupos de estudo e controle são formados aleatoriamente, com o objetivo de formar grupos semelhantes. Em seguida, faz-se a intervenção, avaliando os resultados em apenas um dos grupos, servindo o outro para comparação.
• Estudo de coorte: aqui também parte-se da causa em direção ao efeito. A diferença está em não haver alocação aleatória da exposição. Os grupos são formados por observação das situações reais, permitindo comparações como a seguinte: obesos x operados x os que recusam a cirurgia.
• Estudo de caso-controle: este tipo de estudo, diferentemente dos demais, parte do efeito em direção à causa. É, portanto uma pesquisa etiológica do tipo retrospectiva, de trás para frente. Nesse sentido, pode apenas ser realizada após o efeito já ter ocorrido.
• Estudo transversal: nesta modalidade, causa e efeito são identificados ao mesmo tempo. Ao contrário dos métodos anteriores, é somente a análise dos dados que permite identificar os grupos de interesse, expostos, não-expostos, doentes e sadios, de modo a investigar a associação entre exposição e doença.
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• Estudos ecológicos (ou estatísticos, de grupos): diferentemente dos outros tipos de estudos, os estudos ecológicos não têm como unidade de observação o indivíduo, mas o grupo de indivíduos. Denomina-sevariável ecológica aquela que descreve o que ocorre num conjunto de indivíduos. Neste estudo, os dados já estão agregados e não se sabe se um dado indivíduo tem esta ou aquela característica.
 
EVIDÊNCIAS/NÍVEL DE EVIDÊNCIA
​A evidência surge como produto de estudos ou experiências. Quanto mais sério, padronizado, rigoroso e metodológico for o estudo, maior será a importância da evidência obtida. Atualmente os diferentes tipos de evidência são classificados emníveis, que vão de 1 (melhor) a 5. A classificação permite que as evidências sejam identificadas com base na relevância e confiabilidade para futuros usos, como em estudos, pesquisas, trabalhos e recomendações, por exemplo.
 
GRAU DE RECOMENDAÇÃO
O grau de recomendação é um parâmetro, com base nas evidências científicas, aplicado a um parecer (recomendação), que é emitido por uma determinada instituição ou sociedade. Esse parecer leva em consideração critérios como viabilidade, custos, questões políticas, características de uma população, além das evidências científicas. Por isso o grau de recomendação pode variar amplamente entre as diversas instituições. 
ENSAIO CLÍNICO – FASES
Um ensaio clínico é qualquer investigação em seres humanos, objetivando descobrir ou verificar os efeitos farmacodinâmicos, farmacológicos, clínicos e outros efeitos de produto, além de identificar reações adversas ao produto em investigação, com o objetivo de averiguar sua segurança e eficácia.
Fase pré-clínica: Aplicação de nova molécula em animais, após identificada em experimentações in vitro como tendo potencial terapêutico. Fase clínica I: farmacocinética no ser humano (metabolismo e biodisponibilidade); Segurança em indivíduos sadios;Fase II: Estudo Terapêutico Piloto; Segurança e eficácia em pacientes; Fase III: Estudo Terapêutico Ampliado; Eficácia do medicamento comparada entre países, multicêntrico; Fase IV: pesquisa após aprovação para comercialização do produto; Efetividade e segurança ou teste no mundo real
 REVISÃO SISTEMÁTICA
O propósito de uma revisão sistemática é resumir a melhor pesquisa disponível sobre uma questão específica. Isto é feito por meio da síntese dos resultados de diversos estudos.
Uma revisão sistemática utiliza procedimentos transparentes para encontrar, avaliar e sintetizar os resultados de pesquisa relevantes. Os procedimentos são explicitamente definidos antecipadamente, de modo a assegurar que o exercício é transparente e pode ser replicado. Esta prática também é projetado para minimizar o preconceito. Estudos incluídos em uma revisão são rastreados quanto à qualidade, de modo que os resultados de um grande número de estudos possam ser combinados. A revisão em pares (peer review) é uma parte fundamental do processo: pesquisadores independentes e qualificados controlam os métodos do autor e os resultados.
Uma revisão sistemática deve ter:
Critérios de inclusão/exclusão claros e transparentes
Uma estratégia de busca explícita
Codificação e análise sistemática de estudos incluídos
Meta-analise* (quando possível)
METANÁLISE
Metodologia em que os resultados de estudos queabordam a mesma questão e empregam métodos similares são combinados para aumentar a força estatística e, dessa forma, uma conclusão mais definitiva pode ser obtida. As melhores metanálises utilizam-se de estudos controlados e aleatorizados.
 ESTUDOS MULTICÊNTRICOS
Nos estudos multicêntricos pesquisadores de diferentes centros de pesquisa, com interesses e habilidades similares, trabalham juntos em um mesmo problema. Desse modo, há a produção dos dados em diferentes locais, sendo necessária a transmissão dos dados entre os centros envolvidos no estudo, além de haver um grande número de pesquisadores envolvidos.
Ensaios clínicos multicêntricos são considerados o padrão ouro em pesquisa clínica. São extremamente úteis em pesquisa de doenças raras, na avaliação de novos fármacos e de novas terapias. Por atender comunidades distintas ao mesmo tempo coletando dados de diversas regiões geográficas, seus resultados podem ser interpretados como válidos para a população em geral.
Apresentam como vantagem principal a redução no tempo de experimento porém são de alto custo e alta complexidade. Exigem a monitorização constante do desenvolvimento do protocolo, da coleta de dados e calibração constante dos pesquisadoresparticipantes.
 VIES
- Viés de seleção: é um tipo de erro ocasionado pelaforma como os grupos a serem estudados são selecionados ou perdidos durante o estudo. Nesse tipo de viés ocorre uma distorção do resultado em virtude de a população efetivamente pesquisada não representar a população planejada para o estudo.
- Viés de aferição: ocorre quando as informações necessárias ao estudo são medidas ou informadas erroneamente. O vício na aferição se deve ao fato de entrevistadores e/ou casos saberem que grupo é caso e que grupo é controle, o que facilita aos casos informarem diferentemente seus hábitos, por exemplo, e aos entrevistadores insistirem em determinado ponto com os casos.
- Viés de confusão: ocorre quando existe um fator de confusão distribuído de modo diferente nos grupos a serem comparados e que produz o desfecho clínico. A confusão acontece quando se conclui que o desfecho clínico é resultado do fator em estudo, quando na verdade é resultado do fator de confusão.  
 
CASO 03 – INDICADORES DE SAÚDE
INDICADORES DE SAÚDE
Permitem que se conheçam as condições de saúde de uma determinada comunidade ou população, fornecendo informações sobre as principais doenças e danos à saúde que a afetam, os grupos mais suscetíveis, as faixas etárias mais atingidas, os riscos mais relevantes, e ajudando a identificar os fatores determinantes das doenças, permitindo que se criem mecanismos mais eficazes de prevenção.
A partir da análise desses dados é que poderão ser definidas as prioridades, estabelecidas as políticas de saúde pública e avaliados os serviços de saúde que estão sendo prestados.
Os principais indicadores de saúde são os de mortalidade, morbidade, nutrição e os demográficos e sociais, além dos serviços de saúde e dos indicadores positivos de saúde. Podem ser agrupados em positivos, do tipo bem-estar, qualidade de vida e normalidade, e negativos, como a mortalidade e a morbidade.
 GRUPOS DE INDICADORES DE SAÚDE
Mortalidade: é o mais empregado e o primeiro a ter sido utilizado em avaliações de saúde coletiva. É o indicador que revela diversas informações acerca do óbito em uma dada comunidade, sendo a mortalidade infantil, materna e a esperança de vida os mais ressaltáveis. A sua análise permite chegar a importantes conclusões: elevadas taxas de mortalidade por causas evitáveis, por exemplo, indicam baixos níveis sanitários e sociais da população. A transição da mortalidade é lenta, por isso tem maior utilidade quando analisada a longo prazo.
Morbidade: também de extrema importância, as estatísticas de morbidade expressam a situação das doenças na população. Elas permitem analisar os riscos de adoecer a que as pessoas estão expostas, preparar na investigação dos fatores determinantes e escolher as ações saneadoras adequadas. Comparadas às de mortalidade, a transição das medidas de morbidade são mais sensíveis na expressão de mudanças de curto prazo. A prevalência (número de pessoas, em uma determinada população, que tem uma doença ou condição específica em um ponto do tempo) e a incidência (número de novas ocorrências de doença, lesão ou morte na população estudada, no período estudado) são medidas de frequência da morbidade.
Nutrição: permite numerosas conclusões, podendo a avaliação do estado nutricional ser indiretas ou diretas. A avaliação indireta faz uso de indicadores de outros campos, como o de mortalidade e renda per capita, e auxilia na escolha de indicadores diretos. Estes enfocam as avaliações dietéticas (determinam a natureza e a quantidade dos alimentos consumidos pela população), clínicas (detectam sinais e sintomas da presença excessiva ou da deficiência e um ou mais nutrientes no organismo) e laboratoriais (amostras de sangue e urina, por exemplo, que detectam alteração de nutrientes, importantes no diagnóstico precoce).
Indicadores demográficos: permitem estimar as condições de saúde da população. A mortalidade e a esperança de vida são importantes indicadores demográficos, como também são valiosos os níveis de fecundidade, natalidade, e a composição da população em termos de idade e sexo. Indicadores demográficos servem de fundamento para o planejamento, pois, mesmo sem informação sobre os problemas de saúde ou coleta de dados adicionais, esses indicadores justificam, no mínimo, medidas básicas de saúde coletiva.
Indicadores sociais: coadjuvantes, indiretos, mas também importantes no planejamento da saúde, são os indicadores sociais. Aqui, as condições socioeconômicas se mostram intimamente ligadas à saúde. Estes indicadores são estreitamente relacionados, mas nem sempre unânimes em concordância, já que medem diferentes aspectos da vida social. Indicadores sociais podem combinar uma série de índices, como o de alfabetização, mortalidade infantil e materna, renda per capita, esperança de vida e até o da proporção de crianças em idade escolar fora de escolas.
Indicadores ambientais: famosos indicadores ambientais são as condições de moradia e do peri-domicílio (entorno da moradia, ambiente). Sãoessenciais na cobertura e qualidade do saneamento básico e, quando se referem a este aspecto, denominam-se INDICADORES SANITÁRIOS. A indústria e a urbanização têm grande poder de alterar o meio ambiente, seja no solo, na água ou no ar. Por isso a grande necessidade destes indicadores para o planejamento e vigilância de medidas preventivas e saneadoras imediatas.
Indicadores dos serviços de saúde: este tipo de indicador reflete, necessariamente, o que ocorre na assistência à saúde. É, basicamente, um olhar sobre a gestão de saúde pública. Subdivide-se em Indicadores de Insumos, de Processo e de Resultados/Impacto. De forma resumida, estas subdivisões compreendem, respectivamente: os materiais, recursos humanos e financeiros aplicados; de que maneira estão sendo aplicados; e, finalmente, que resultados estão provocando.
Indicadores positivos de saúde: este tipo de indicador é bem diferente dos demais, pois se relaciona com uma ideologia diferenciada. Enquanto a maioria dos profissionais esta familiarizada com um enfoque “de risco“, com uma epidemiologia da doença”, há a "epidemiologia da saúde", com a qual se relacionam os indicadores positivos, que avaliam, por exemplo, a qualidade de vida, o bem-estar e a normalidade, ou seja, aspectos que propiciam saúde. Na epidemiologia, um bom exemplo de dado indicador positivo de saúde é a avaliação da qualidade de vida dos pacientes no período pós-operatório de um procedimento de risco.
NÚMERO ABSOLUTO x NÚMERO RELATIVO
​Os valores absolutos representam os dados obtidos diretamente de uma fonte de informação ou através de observações. Eles têm limitações, pois não se apoiam em pontos de referência que permitam melhor conhecimento da situação, como por exemplo, bairro, estado etc.
Já quando esses valores absolutos são trabalhados, representados através de uma fração com denominadores fidedignos, passam a ser chamadosvalores relativos. São expressos em relação a outros valores absolutos que guardam entre si alguma forma de relação coerente, por isso, valor relativo serve para facilitar as comparações e interpretações.
 INDICADOR x ÍNDICE
​Indicador: tem a conotação de revelar a situação de saúde de um indivíduo ou da população. O termo é usado para representar ou medir aspectos não observados diretamente, tais quais, por exemplo, a saúde, normalidade, a qualidade de vida e própria felicidade. É importante frisar que o indicador inclui apenas um aspecto, é unidimensional, por exemplo: Indicador de Mortalidade / Indicador de Felicidade.
Índice: expressa situações multidimensionais, pois incorpora diferentes indicadores em uma medida, como, por exemplo, o índice de morbimortalidade, que, tal como a designação traduz, incorpora tanto o impacto das doenças (morbidade) quanto o dos óbitos que incidem em uma população (mortalidade).
 COEFICIENTE x TAXA x ÍNDICE
​A frequência relativa pode ser expressa de duas formas: coeficiente (ou taxa) e índice. Noscoeficientes, o número de casos é relacionado ao tamanho da população da qualeles procedem. No numerador, coloca-se o número de casos detectados. Já no denominador, o tamanho da população sob risco de sofrer o evento colocado no numerador. Coeficiente e taxa são sinônimos
​Em índices, por outro lado, o número de casos não é relacionado à população da qual eles procedem. Assim, eles não medem risco e, sim, a relação entre os eventos. No numerador, coloca-se o número de eventos de um certo tipo; no denominador, o número de outro tipo de evento. Duas situações podem ocorrer, dependendo de os casos colocados no numerador estarem ou não incluídos no denominador.
 
PRINCIPAIS INDICADORES DE SAÚDE
COEFICIENTE DE MORTALIDADE GERAL: (x1.000)
Nº total de óbitos
População total, na metade do período
 
COEFICIENTE DE MORTALIDADE POR SEXO: (x1.000)
Nº de óbitos de um dado sexo
População do mesmo sexo, na metade do período
 
COEFICIENTE DE MORTALIDADE POR IDADE: (x100 mil)
Nº de óbitos em dado grupo etário
População do mesmo grupo etário, na metade do período
 
COEFICIENTE DE MORTALIDADE POR CAUSA: (x100 mil)
Nº de óbitos por determinada causa (ou grupo de causas)
População na metade do período
 
COEFICIENTE DE MORTALIDADE MATERNA: (x1.000)
Nº de óbitos por causas ligadas à gravidez, parto e puerpério
Nº de nascidos vivos, no período
 
COEFICIENTE DE MORTALIDADE INFANTIL: (x1.000)
Nº de óbitos de crianças menores de um ano de idade
Nº de nascidos vivos, no período
 
COEFICIENTE DE MORTALIDADE NEONATAL: (x1.000)
Nº de óbitos de crianças nas 1os 4 semanas de vida
Nº de nascidos vivos, no período
 
COEFICIENTE DE MORTALIDADE NEONATAL PRECOCE: (x1.000)
Nº de óbitos de crianças na primeira semana de vida
Nº de nascidos vivos, no período
 
 
COEFICIENTE DE MORTALIDADE NEONATAL TARDIA: (x1.000)
Nº de óbitos de crianças na 2ª, 3ª e 4ª semanas de vida
Nº de nascidos vivos, no período
 
COEFICIENTE DE MORTALIDADE PÓS-NEONATAL: (x1.000)
Nº de óbitos de crianças de 28 dias até um ano de idade
Nº de nascidos vivos, no período
 
COEFICIENTE DE MORTALIDADE PERINATAL: (x1.000)
Nº de óbitos fetais (22 semanas) e da primeira semana de vida
Nº de nascidos vivos e natimortos, no período
 
COEFICIENTE DE NATIMORTALIDADE: (x1.000)
Nº de natimortos
Nº de nascidos vivos e de natimortos, no período
 
COEFICIENTE DE LETALIDADE: (x100 ou x1000)
Nº de óbitos por determinada doença
Nº de casos da mesma doença
 
MORTALIDADE PROPORCIONAL POR CAUSAS: (x100)
Nº de óbitos por determinada causa (ou grupo de causas)
Todos os óbitos, no período
 
MORTALIDADE PROPORCIONAL - MENORES DE 1 ANO: (x100)
Nº de óbitos de crianças menores de um ano de idade
Todos os óbitos, no período
 
MORTALIDADE PROPORCIONAL DE 50 ANOS OU MAIS: (x100)
Nº de óbitos de maiores de 50 anos (SWAROOP UEMURA)
Todos os óbitos, no período
 
PERFIL EPIDEMIOLÓGICO x TRANSIÇÃO EPIDEMIOLÓGICA x TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA
​O perfil epidemiológico representa as doenças mais frequentes num determinado espaço e período de tempo. Já a transição epidemiológica é a mudança nos padrões de mortalidade e morbidade de uma comunidade. Ocorre junto à transição demográfica. Ela incorpora as mudanças dos padrões de saúde e doença, mortalidade, fecundidade e estrutura por idades, além dos determinantes socioeconômicos, ecológicos, de estilo de vida e de suas consequências para os grupos populacionais.
​Basicamente, caracteriza-se pela evolução progressiva de um perfil de alta mortalidade por doenças infecciosas para um outro onde predominam os óbitos por doenças cardiovasculares, neoplasias, causas externas e outras doenças consideradas crônico-degenerativas. São vários fatores que interagem para determinar um novo perfil epidemiológico, como: modos de produção econômica e de reprodução humana (fertilidade, mortalidade e migração), avanço tecnológicos, etc.
Na população brasileira o processo engloba três mudanças básicas:
substituição, entre as primeiras causas de morte, das doenças transmissíveis (doenças infecciosas) por doenças não transmissíveis;
deslocamento da maior carga de morbimortalidade dos grupos mais jovens (mortalidade infantil) aos grupos mais idosos;
transformação de uma situação em que predomina a mortalidade para outra em que a morbidade (doenças crônicas) é dominante.
Modelos de transição epidemiológica:
Clássico: nas duas primeiras décadas do século XX as doenças degenerativas substitui as infecciosas como principais causas de mortalidade (ex.: Suécia e Estados Unidos).
Acelerado: é o mesmo processo do primeiro modelo (mudança das causas de mortalidade), porém aconteceu mais tardiamente e em um período de tempo menor. (ex.: Japão).
contemporâneo/atrasado: a transição epidemiológica é ainda mais recente ou ainda não se completou.
*Obs.: modelo polarizado prolongado-  há países, como o Brasil, que não se encaixa nesses modelos e por isso denomina-se que esteja ocorrendo um "novo modelo de transição". Isso ocorre porque eles possuem as seguintes características:
Sobreposição de etapas: doenças infecto-parasitárias e crônico-degenerativas coexistindo.
Movimento de contra-transição devido o ressurgimento de algumas doenças, porém sem grande interferência na mortalidade (ex.: dengue).
Transição prolongada já que não há uma perspectiva de resolução dos problemas
À medida que os países atingem níveis de desenvolvimento mais elevados, as melhorias das condições sociais, econômicas e de saúde causam a transição de um padrão de expectativa de vida baixa, com altas taxas de mortalidade por doenças infecciosas e parasitárias em faixas de idade precoces, para um aumento das mortes por doenças não transmissíveis (doenças degenerativas e de causa externa).
Fases da transição demográfica:
fase pré-industrial ou primitiva: na qual há um equilíbrio populacional, em que as taxas de natalidade e mortalidade, principalmente infantil, são elevadas.
fase intermediária (divergência de coeficientes): na qual as taxas de natalidade permanecem altas enquanto decrescem as taxas de mortalidade(explosão populacional).
fase intermediária (de convergência de coeficientes): quando a natalidade passa a diminuir em ritmo mais acelerado que a mortalidade, cujo efeito mais notável é o ''envelhecimento'' da população.
Fase de estabilização demográfica: as taxas de crescimento ficam próximas de 0%. Ela é o resultado da tendência iniciada na terceira fase: o declínio da fecundidade e a ampliação da expectativa média de vida que acentuou o envelhecimento da população. As taxas de natalidade e de mortalidade se aproximaram a tal ponto que uma praticamente anula o efeito da outra. Esta é a situação encontrada há pouco mais de uma década em diversos países europeus.
No fim desse processo, há um retorno ao equilíbrio populacional, denominado fase moderna ou pós-transição, com aproximação dos coeficientes só que em níveis muito mais baixos. Dessa forma, os valores de fecundidade se aproximam do nível de reposição e a esperança de vida aumenta.
 
CURVA DE MORTALIDADE PROPORCIONAL
Nas curvas do tipo I, típicas de regiões subdesenvolvidas, com nível de saúde muito baixo, nota-se o predomínio de óbitos de adultos jovens, possivelmente devido a contribuição maciça de várias doenças transmissíveis endêmicas, como, por exemplo, malária, febre tifoide, cólera e verminoses.
Nas curvas do tipo II (curva em J invertido), nível de saúde baixo, o predomínio de óbitos reside nas faixas infantil e pré-escolar, nas quais a desnutrição e as diarreias consistem a raiz dos altos índices de mortalidade infantil proporcional.
Nas curvas do tipo III (ou em U), nível de saúde regular, se observa que a proporção dos óbitos infantis já está em menor percentagem do que no tipo II. No tipo III, é nítido o aumento da percentagem de óbitos de pessoas de 50 e mais anos de idade, fato este que reflete uma certa melhoria do nível de saúde.
As curvas do tipo IV (ou em J), indicam o melhor nível de saúde, com baixa proporção de óbito dos grupos infantil, pré-escolar ou jovem e o predomínio quase absoluto de óbitos de pessoas idosas.Essas curvas são ótimos meios de comparação entre a defasagem no âmbito da saúde entre países subdesenvolvidos e desenvolvidos. São também utilizadas para comparar a evolução da saúde em países durante os anos, relacionando-as à melhoria da saúde.
 
CASO 04 – DOENÇAS INFECCIOSAS
INFECÇÃO e DOENÇA INFECCIOSA
Uma infecção é o processo pelo qual um agente biológico penetra, desenvolve-se ou multiplica-se no organismo de outro ser vivo. Pode ser imperceptível ou evoluir clinicamente, sendo este caso uma doença infecciosa. A maioria das doenças infecciosas está ligada à pobreza e ao subdesenvolvimento.
Doenças agudas e crônicas: doenças crônicas são as doenças que se desenrolam a longo prazo, enquanto as agudas são de curta duração.
Infestação: pessoas/animais – artrópodes no corpo ou vestes. Obj. e locais – artróp. e roedores.
Doença Infecciosa e Parasitária (DIP) – Classificação Internacional de Doenças:Denominação empregada na Classificação Internacional de Doenças (CID). No entanto, nem todas as doenças infecciosas estão incluídas, como a meningite bacteriana, que faz parte das Doenças do Sistema Nervoso.
Doença Transmissível: Expressão muito empregada em saúde pública. São doenças transmitidas entre seres humanos, de animais para seres humanos, trazidas por insetos ou outros vetores, ou transmitidas pelo ar, água ou solo. São, basicamente, doenças cujo agente etiológico é vivo e transmissível.
Doença Contagiosa/Infectocontagiosa: Doenças infecciosas cujos agentes etiológicos atingem os sadios através do contato direto. Toda doença contagiosa é infecciosa, mas o inverso não é verdadeiro.
As doenças infecciosas podem assumir várias formas. Uma doença manifesta apresenta todas as características que lhe são típicas. Por outro lado, na infecção inaparente o indivíduo não apresenta sinais e sintomas clínicos, mas pode transmitir o agente aos suscetíveis com a mesma intensidade da doença manifesta. A doença em forma latente representa um período de equilíbrio no qual não há sinais clínicos e o doente não é uma fonte de contagio. Na formaabortiva (ou frustra), nem todos os sinais clínicos emergirão acima do horizonte clínico. Já o modofulminante é o que ocorre de maneira notavelmente grave com coeficiente de letalidade elevado.
 PERÍODO DE INCUBAÇÃO E DE TRANSMISSIBILIDADE
​O período de incubação é o intervalo de tempo que decorre entre a exposição a um agente infeccioso e o aparecimento de sinais ou sintomas da doença. Dependendo da doença e do caso, pode variar de algumas horas (cólera) até meses ou anos (hanseníase, AIDS). O período de transmissibilidade, por outro lado, é o período durante o qual o agente infeccioso pode ser transferido, direta ou indiretamente, de uma pessoa infectada a outra, de um animal ao homem, ou mesmo do homem a um artrópode.
 DOENÇAS QUARENTENÁVEIS E DE ISOLAMENTO
​As doenças quarentenáveis podem levar à restrição de atividades dos doentes durante o período máximo de incubação, a fim de evitar a propagação de uma doença (ex: peste bubônica e febre amarela). Já asdoenças de isolamento exigem a segregação dos indivíduos doentes durante o período de transmissibilidade, em lugar e condições que evitem a transmissão direta ou indireta do agente infeccioso a indivíduos suscetíveis (ex: raiva e difteria). Dependendo da forma de transmissão, as doenças requerem diferentes tipos de isolamento.
 A CADEIA EPIDEMIOLÓGICA DAS DOENÇAS INFECCIOSAS
​Segundo o modelo da tríade epidemiológica, para que haja infecção, é necessária a presença de: 1. agente específico; 2. meio ambiente propício à transmissão; 3. hospedeiro suscetível. A interação destes três elementos é representada pela cadeia epidemiológica ou de infecção, que contem seis componentes básicos: agente etiológico, reservatório e fonte de infecção, porta de saída do agente do reservatório, vias de transmissão, porta de entrada no hospedeiro, e hospedeiro.
Agente etiológico: o agente infeccioso está presente no organismo e é responsável pelo processo infeccioso. É um vírus, bactéria, fungo, protozoário ou helminto que, através das formas que assume no ciclo reprodutivo, pode ser introduzido em outro ser vivo, onde se desenvolve ou se multiplica, podendo gerar uma patologia, doença infecciosa, que é também transmissível. Propriedades- Infectividade: capacidade de se instalar no hospedeiro e se desenvolver ou  multiplicar; Patogenicidade: capacidade de produzir sintomas da doença; Virulência: capacidade de produzir casos graves ou fatais; Antigenicidade ouimunogenicidade: capacidade de induzir imunidade no hospedeiro; Mutagenicidade: capacidade de alterar características genéticas próprias; Vulnerabilidade a antibiótico e demais substâncias; Dose infectante: quantidade do agente necessária para iniciar uma infecção; Poder invasivo: capacidade de se difundir através do organismo do hospedeiro.
 
Reservatório: local apropriado para que os agentes vivam e se reproduzam, como o ser humano, animais ou vegetais. O animal ou homem pode estar doente ou ser um portador. Portador é aquele quealberga o agente da doença, mas não apresenta sintomas clínicos. As fontes de infecção são: o homem (seja em fase clínica e subclínica, seja em estado de portador), animais e o ambiente, que pode, por exemplo, conter esporos como forma de resistência do agente.
Porta de saída: Enquanto os agentes estiverem confinados no reservatório, não há progresso na cadeia. Substrato é o material produzido em processo fisiológico ou patológico que carrega consigo formas do agente infectante (ex: escarro, esperma, pus, sangue, suor e urina).Ao sair para o ecossistema, o agente poderá passar por vida livre no ecótopo (ecossistema abiótico), na superfície de um vetor mecânico, ou em um hospedeiro intermediário.
A saída se dá por: a. Eliminação natural, em que o organismo infectado expele para o exterior contingentes de bioagentes infectantes sem interferência de auxílios externos, geralmente pelos orifícios naturais ou lesões expostas; b. Extração mecânica, pelo qual os bioagentes são retirados do hospedeiro junto ao substrato, por intermédio de agentes vivos ou inanimados; c. Morte de infectados, que se dá com a morte do hospedeiro e seu uso como alimento (ex: carne de porco e boi).
Estágio do agente infeccioso no ambiente –Maturação: algumas formas de vida dependem do ecótopo para amadurecerem e se tornarem infectantes, seja para um hospedeiro definitivo, seja para um vetor biológico (ascaridíase, esquistossomose);Multiplicação: comum no caso das bactérias e fungos;Desenvolvimento: 1. O bioagentes não tem condições de viver nenhuma de suas etapas biológicas fora de um hospedeiro; 2. O agente, através de seus estágios biológicos, deve passar parte de seu ciclo em vida livre e parte em vida parasitária.  Propagação: multiplicação sem desenvolvimento. A população de agentes, que tem aceso ao hospedeiro intermediário, reproduz indivíduos idênticos e estes dão origem a outros. Depois de algum tempo, pouco indivíduos tornam-se uma carga de grande poder infectante; b.Desenvolvimento cíclico: sem multiplicação. O indivíduo que teve acesso ao hospedeiro passa por uma série de mudas, cumprindo os estágios biológicos do seu ciclo vital No final do ciclo, o nº de indivíduos produzidos é igual ao daqueles que tiveram acesso ao hospedeiro = sem multiplicação.; c. Ciclo propagativo: multiplicação com desenvolvimento. A multiplicação do agente infeccioso é procedida por etapas evolutivas do ciclo biológico
Ao final da parte do ciclo no hospedeiro  intermediário, a carga infectante do agente é bem maior que a extraída da fonte de infecção. Uma vez saído do organismo parasitado, o agente pode ser infectante ou contaminante. Será infectante para hospedeiros intermediários que funcionem como vetores biológicos, hospedeiros intercalados ou hospedeiros primários. Será contaminante para elementos físicos do ecótopo, hospedeiros que o mantenham na superfície externa ou que lhe deem passagem no trato gastrintestinal, sem serem infectados.
Transmissão (de agentes infecciosos):processo em que o agente infeccioso, oriundo de um indivíduo infectado, com passagem ou não por intermediários vivos ou objetos e materiais inanimados, tem acesso ao meio interno de um novo hospedeiro.
Fatores inanimados, quando agentes de transmissão, são chamados de veículos. Estes são objetos ou materiais contaminados que sirvam de meio mecânico, auxiliando um agente infeccioso no transporte e introdução num hospedeiro suscetível. Os principais veículos são alimentos, fomites (inclusive nas infecções hospitalares), água para beber, ar atmosférico e transfusão de sangue. Denomina-secontaminação a presença de agentes infecciosos na superfície do corpo, fomites ou alimentos. Poluição é a presença de substâncias nocivas, mas não necessariamente infecciosas no ambiente. A contaminação na sup. do corpo não implica um estado de portador.
Veículo Transportador e Introdutor (transmitido por/pelo): o agente infeccioso é transportado e introduzido passivamente no hospedeiro suscetível (ex: Vibrio cholerae – hospedeiro > vômito e fezes > água potável > novo hospedeiro). Veículo Suporte(transmitido através de): nem transporta, nem introduz. É o meio físico que coloca em comunicação os fatores envolvidos no processo transmissivo (ex:Schistosoma mansoni – esquistossomose – água,Necator americanus – ancilostomose – solo).Aerossóis primários e secundários: micropartículas de secreções ou excreções. Os primários são os que transitam diretamente para o suscetível, enquanto que os secundários são os que dessecam e se misturam à poeira, por exemplo, para, possivelmente atingir um suscetível.
Porta de entrada: as portas de entrada são os orifícios naturais, mucosas, pele ou soluções de continuidade com a pele. Acesso ao Novo Hospedeiro:a. Diretamente de outro indivíduo da mesma espécie anteriormente infectado (gonorreia); b. Diretamente da mãe para o feto por via placentária (sífilis, rubéola); c. Diretamente de indivíduos de outra espécie, igualmente suscetível (raiva); d. Introduzido por ação ou com a contribuição de um vetor biológico infectado (doença de Chagas); e. Trazido em algum substrato por um vetor mecânico (tracoma); f.Veiculado por algum elemento não vivo do ecótopo, seja físico ou biológico, como mão, objetos e alimentos contaminados (infecções hospitalares);
Mecanismos de penetração a. Ingestão (água, alimentos, objetos – ascaridíase, amebíase, giardíase, cólera, poliomielite); b. Inalação através das vias respiratórias superiores (tuberculose, hanseníase); c.Transmissão da mãe para o feto por via transplacentária (toxoplasmose, rubéola, sífilis); d.Penetração através das mucosas (gonorreia, doença de Chagas); e. Penetração através de solução de continuidade na pele (tétano, doença de Chagas); f.Deposição sobre a pele seguida de propagaçãolocalizada (dermatomicoses – fungos); g. Penetração ativa por alguma forma de sobrevivência do bioagente patogênico (Esquistossomose, ancilostomose); h.Introdução no organismo, com auxílio de objetos e instrumentos (orifícios naturais, perfurações cirúrgicas ou acidentais – endoscopias); i. Introdução em tecido muscular ou na corrente sanguínea, por picada de inseto ou por mordedura de animais (filariose, leishmaniose, raiva); j. Ingestão com tecido animal utilizado como alimento (teníase).
Hospedeiro: aquele que, em condições naturais, penetrado por bioagentes patogênicos, concede subsistência a estes, permitindo-lhes seu desenvolvimento ou multiplicação. Há outra terminologia, espécie refratária, a que inviabiliza seu desenvolvimento ou multiplicação. O indivíduo suscetível é a pessoa ou animal sujeitos a uma infecção. O indivíduo resistente é aquele que, através de algum mecanismo natural ou através de imunização artificial, tornou-se capaz de impedir o desenvolvimento, em seu organismo de agentes infecciosos.  Indivíduo não-infectado: aquele pertencente a uma espécie suscetível que não alberga um determinado agente infeccioso; Indivíduo infectado: aquele que alberga um agente infeccioso e apresenta infecção inaparente ou manifestações da doença. Neste último caso, pode se chamar paciente enfermo ou caso de doença infecciosa; Indivíduo infectante: aquele do qual o agente infeccioso possa ser adquirido em condições naturais; Suspeito: aquele cuja história clínica e sintomatologia indicam estar acometido por alguma doença ou tê-la em incubação;Portador: indivíduo infectado que alberga um agente infeccioso de uma doença, sem apresentar sintomas e constituindo fonte potencial de infecção.
	Imunidade
	Passiva
	Ativa
	Natural
	Adquirida por via transplacentária
	Adquirida como consequência de infecção
	Artificial
	Adquirida por aplicação de soro
	Induzida pela aplicação de vacina
Propriedades do hospedeiro – Resistência:sistema de defesa com o qual o organismo impede a difusão ou a multiplicação de agentes infecciosos que o invadiram, ou os efeitos nocivos dos seus produtos tóxicos. É associada à nutrição, integridade da pele e mucosas, fatores genéticos, estado de saúde, estresse, imunidade específica; Suscetibilidade: grau de sujeição a uma doença; Resistência natural: tem caráter inespecífico. É a capacidade de resistir à doença independente de anticorpos ou reações específicas; Imunidade: estado de resistência, geralmente associado a anticorpos que possuem ação específica sobre o microrganismo causador da doença. O indivíduo imune é aquele que possui anticorpos protetores específicos ou imunidade celular, capaz de reagir eficazmente para prevenir uma infecção ou doença clínica quando exposto ao agente infeccioso.
 
MODOS DE TRANSMISSÃO
Transmissão Horizontal: o agente infeccioso é passado de uma pessoa  outra. Pode ser direta imediata ou indireta, tanto através de um substrato ambiental como por meio de um vetor.
Transmissão Direta Imediata: um substrato vital, eliminado por um indivíduo infectado em relação íntima com o suscetível (relações sexuais, mordedura, beijo), leva consigo o agente patogênico, sem passagem no meio ambiente, até o meio interno do suscetível, estabelecendo a infecção (gonorreia, sífilis, herpes genital, cancro mole, tricomoníase, candidíase, AIDS).
Transmissão Direta Mediata: um substrato vital, eliminado por um indivíduo infectado, próximo a um suscetível, leva consigo o agente patogênico, com passagem reduzida pelo meio ambiente até o meio interno do suscetível, onde estabelece a infecção. Doenças transmitidas por contato imediato ou mediato são denominadas doenças contagiosas. (mãos, fomites, secreções oronasais – sarampo, tuberculose pulmonar, hanseníase, tracoma).
 Transmissão Indireta: bioagentes patogênicos, montados ou não no substrato com o qual são eliminados, necessitam de um suporte mediador, veículo ou hospedeiro intermediário, para percorrer toda ou parte da distância que separa o infectado do suscetível e estabelecer a infecção (hospedeiro intercalado - esquistossomose, vetor biológico - doença de Chagas, veículo - cólera).
Transmissão Vertical: ocorre durante o processo de reprodução (através de esperma ou óvulo), desenvolvimento fetal ou parto (AIDS, sífilis, rubéola).
 VETORES
Vetores são seres vivos que veiculam o agente desde o reservatório até o hospedeiro potencial.Vetores mecânicos são os transportadores de agentes, geralmente insetos, que os carreiam nas patas,probóscides, asas ou trato gastrintestinal contaminados e onde não há multiplicação ou
modificação do agente. Vetores biológicos são aqueles em que os agentes desenvolvem algum ciclo vital antes de serem disseminados ou inoculados no hospedeiro.
 
DOENÇAS EMERGENTES E REEMERGENTES
​Doenças infecciosas emergentes são as que surgiram recentemente (nas últimas 2 décadas) numa população ou as que ameaçam se expandir em um futuro próximo. Doenças infecciosas reemergentessão aquelas causadas por microrganismos bem conhecidos que estavam sob controle, mas tornaram-se resistentes às drogas antimicrobianas comuns, como a malária e a tuberculose, ou estão se expandindo rapidamente em incidência ou em área geográfica, como a cólerana América.
 ENDEMIA, SURTO, EPIDEMIA e PANDEMIA
Endemia - É a ocorrência de determinada doença que acomete sistematicamente populações em espaços característicos e determinados, no decorrer de um longo período, (temporalmente ilimitada), e que mantem uma de incidência relativamente constante, permitindo variações cíclicas e sazonais.
Epidemia – É a ocorrência em uma comunidade ou região de casos de natureza semelhante, claramente excessiva em relação ao esperado. O conceito operativo usado na epidemiologia é: uma alteração, espacial e cronologicamente delimitada, do estado de saúde-doença de uma população, caracterizada por uma elevação inesperada e descontrolada dos coeficientes de incidência de determinada doença, ultrapassando valores do limiar epidêmico preestabelecido para aquela circunstancia e doença. Devemos tomar cuidado com o uso do conceito de epidemia lato-sensu que seria a ocorrência de doença em grande numero de pessoas ao mesmo tempo.
Surto é a ocorrência de dois ou mais casos epidemiologicamente relacionados – Alguns autores denominam surto epidêmico, ou surto, a ocorrência de uma doença ou fenômeno restrita a um espaço extremamente delimitado: colégio, quartel, creches, grupos reunidos em uma festa, um quarteirão, uma favela, um bairro etc.
Pandemia - caracterizada por uma epidemia com larga distribuição geográfica, atingindo mais de um pais ou de um continente.
 
CASO 05 – DOENÇAS E AGRAVOS NÃO-TRANSMISSÍVEIS (DANT)
CARACTERIZAÇÃO DAS DANT
​As primeiras referencias às doenças não-transmissíveis remetiam para o grupo das chamadas “Doenças Crônicas Não-Transmissíveis” (DCNT), cujas doenças são caracterizadas por:
 História natural prolongada;
Multiplicidade de fatores de risco complexos;
Interação de fatores etiológicos conhecidos e desconhecidos;
Causa necessária desconhecida;
Especificidade de causa desconhecida;
Ausência de participação ou participação duvidosa de microrganismos entre os determinantes;
Longo período de latência;
Longo curso assintomático;
Curso clínico em geral lento, prolongado e permanente;
Manifestações clínicas;
Lesões celulares irreversíveis;
Evolução para graus variados de incapacidade ou morte.
 
 Aí estão doenças cardíacas, cerebrovasculares e autoimunes, cânceres, diabetes, hipertensão etc. Recentemente, tem sido adotado o agrupamento de todas as doenças e agravos à saúde, de natureza não-transmissível, acrescentando-se às DCNT as lesões produzidas por acidentes e violências, as causas externas, constituindo as Doenças e Agravos Não-Transmissíveis (DANT)
 
MAGNITUDE DAS DANT
​O impacto das DANT sobre as sociedades humanas é crescente. Os custos econômicos e sociais delas decorrentes avolumam-se, seja devido à morte prematura ou incapacitação definitiva de pessoas em idade produtiva, ou ainda pela sobrecarga na demanda por serviços assistenciais. Vários estudos indicam que as DANT são importantes problemas de saúde pública no mundo.
​Fatores de risco causadores de DANT que mais se destacam:
Hipertensão (13% do total de mortes)
Hipercolesterolemia (Doenças cerebrovasculares, doenças isquêmicas cardíacas)
IMC elevado (Diabetes melitus, doenças isquêmicas cardíacas, cânceres)
Alimentação inadequada (Neoplasias gastrintestinais, doenças isquêmicas cardíacas, AVCs)
Inatividade física (Câncer de mama, de cólon e do reto, doenças isquêmicas cardíacas)
Tabaco (Doenças vasculares, neoplasias da traqueia, brônquios e pulmão, doenças respiratórias crônicas)
Ingestão de álcool (Neoplasias do esôfago e do fígado, cirrose hepática, homicídios, epilepsia e acidentes com veículos)
Lesões por acidente de trânsito
 
 
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DAS DANT
Modelos epidemiológicos e Vigilância das DANT: o modelo ecológico – a tríade epidemiológica – nasce e se desenvolve sob a hipótese da unicausalidade, ou seja, uma única causa leva a um efeito único. Para DCNT, esse modelo é incapaz de apreender sua complexa cadeia de causalidade, na medida em que não é possível identificar um único agente como causa.
Laframboise elaborou um binômio saúde-doença chamado campo da saúde, caracterizado pelo reconhecimento da multicausalidade para determinação da saúde ou doença, estados relacionados aos seguintes aspectos: Biologia humana: envolve os fatos que se manifestam como consequência da constituição orgânica do individuo (herança genética, envelhecimento, constituição corpórea, mecanismos de defesa, suscetibilidades, resistências etc.); Ambiente: agrupa fatores externos ao organismo – físicos (aspectos geofísicos), exposição a agentes poluentes (pesticidas, gases) e social (nível, renda, ocupação); Estilos de vida: conjunto das decisões que o individuo toma a respeito da sua saúde (atividades de lazer, alimentação, comportamentos socioculturais); Organização da atenção à saúde: envolve disponibilidade, quantidade e qualidade dos recursos destinados aos cuidados com saúde.
Objetivos da prevenção e controle das DANT: de acordo com Doll, são:
Reduzir a incidência e a prevalência;
Retardar o aparecimento de complicações e incapacidades delas advindas;
Aliviar a gravidade;
Prolongar a vida com qualidade.
 
Metodologias e instrumentos para vigilância de DANT
Monitoramento de doenças/agravos: o monitoramento da morbidade e mortalidade por dada doença é essencial para o conhecimento de suas características epidemiológicas e tendências. Também é necessária a estruturação de um sistema que realize a coleta e análise de dados de forma contínua e com periodicidade definida.
Monitoramento de fatores de risco
Constitucionais: sexo, idade, raça e fatores hereditários. Não passíveis de modificação.
Comportamentais: tabagismo, dieta, sedentarismo, ingesta de álcool, uso de anticoncepcionais. Comportamento e hábitos determinados pelo ambiente psicossocioeconômico do indivíduo. Passíveis de modificação.
Patologias ou distúrbios metabólicos: hipertensão, obesidade, hiperlipidemias, diabetes melitus. Fatores de risco para doenças cardiovasculares, por exemplo. Um fator de risco pode ser a própria doença, como a obesidade, que é uma doença, mas também é fator de risco para a diabetes.
Características socioeconômico-culturais: condições de inserção social. Essas variáveis são utilizadas para identificar, por exemplo, os grupos sob maior risco de adoecer.
 
INTERVENÇÕES PARA PREVENÇÃO DE DANT E PROMOÇÃO DA SAÚDE
	Estratégias de prevenção
	Prevenção Primária
	Prevenção Secundária
	Prevenção Terciária
	Situação das pessoas
	Suscetíveis
	Assintomáticos
	Sintomáticos
	Efeitos
	Diminuir incidência
	Reduzir prevalência
	Reduzir complicações
​
Prevenção primária (mudança de estilo de vida, educação para a saúde, saneamento ambiental e saúde operacional): dirigida às pessoas suscetíveis, antes que desenvolvam uma doença em particular. A divulgação de recomendações para mudanças no estilo de vida é um exemplo. Para que seja eficaz, é preciso que haja articulação do setor saúde com os outros (esportes, educação, poder legislativo etc.);Secundária (diagnóstico precoce, auto-observação, rastreamento em massa, exame periódico de saúde, recuperação da saúde): “controle das doenças. As ações são dirigidas às pessoas assintomáticas. O objetivo é evitar que se tornem doentes ou, caso adoeçam, que ocorra a detecção precoce; Terciária(reabilitação motora): ações dirigidas às pessoas que já se apresentam doentes, prevenindo a ocorrência de complicações e de incapacidade, por meio de assistência com qualidade à saúde.
 
Estratégias para implementação de programas de prevenção para as doenças não-transmissíveis:
Reorientar o sistema de saúde incorporando a prevenção da doença, por intermédio de: alocação de recursos humanos nas atividades de prevenção; treinamento e atualização de profissionais de saúde e demais funcionários em prevenção; incorporação das atividades educativas na programação, dentro e fora dos serviços de saúde.
Participação da comunidade através de suas organizações, por meio de: envolvimento das organizações no diagnostico,na analise, no planejamento e na execução do programa; capacitação das lideranças e os voluntários no conhecimento teórico e no encaminhamento pratico; análise e divulgação dos resultados das ações desenvolvidas na comunidade.
Aumentar o nível de informação, na rede de ensino formal e informal, por meio de: envolvimento da rede de ensino, capacitando professores de diversas disciplinas; busca da participação de setores informais, futebol, capoeira e outros; proposição de condições que facilitem a prevenção nas escolas.
Desenvolver programas de prevenção nos locais de trabalho com as seguintes ações: envolvimento dos trabalhadores, dos empresários, dos sindicatos e dos serviços de medicina do trabalho; abordagem integrada através da prevenção, reduzindo os fatores de risco ambientais e individuais e da reabilitação dos já acometidos; monitoramento através de indicadores econômicos e de saúde.
Trabalhar com outros setores e buscar a adesão de parceiros: líderes comunitários, representantes religiosos e de vários setores – educação, mídia, serviço social, direito, esportes, agricultura, comercio e indústria e outros membros da comunidade cientifica e cultural; instituições governamentais e não-governamentais, setor publico, setor privado e voluntariado; administradores, políticos, artistas, esportistas religiosos e voluntários em geral.
Monitorar os riscos e avaliar os resultados das ações: envolver as organizações em geral na elaboração do diagnostico epidemiológico; monitorar os riscos ambientais e individuais bem como os agravos; avaliar a eficácia de programas e de campanhas especiais; buscas apoio da universidade e da rede de ensino para essas atividades.
 
ETIOLOGIA – ESCLARECIMENTOS
1. Fatores causais
Agentes: para algumas doenças não-infecciosas, existe agente etiológico conhecido, como o mercúrio e o chumbo, responsáveis por intoxicações, e o silício, além do vírus da hepatite B, associado ao hepatocarcinoma. Também há fumo, álcool, pesticidas, fertilizantes, CO, SO2, e as radiações. A maioria DCNT, no entanto, não tem agente responsabilizado como etiológico – o que não quer dizer que este não exista.
Exposição a fatores de risco: a ausência de agente conhecido dificulta bastante as pesquisas sobre o assunto. Assim, o objetivo é a identificação dos fatores de risco associados ao aparecimento das doenças.
Estes são as circunstâncias do ambiente ou as características das pessoas, herdadas ou adquiridas, que lhes conferem uma maior probabilidade de acometimento, imediato ou futuro.
A intensidade da exposição aos fatores de risco pode variar, desde um único contato (radiação por Cs) até reiteradas doses (beber e fumar; inalação de substâncias químicas por trabalhadores industriais).
Predisposição do organismo: a hereditariedade tem importante papel na explicação de diferenças na frequência de danos à saúde na população. As pessoas variam na carga genética recebidas dos antepassados, tornando-as mais ou menos suscetíveis. Isto vale tanto para doenças infecciosas quanto para DANT.
Exposição x predisposição: as pessoas se expõem de maneira desigual aos riscos e respondem também de maneira não-uniforme às agressões. Um misto de “exposição” ambiental e “predisposição” do organismo, em complexa interação, é o que explica o aparecimento da doença.
	Fatores de risco
	Doenças
	1. História familiar de doença crônica
	 
	2. Estresse/tipo de personalidade
	 
	3. Vida sedentária/falta de exercício
	A – Coronariana
	4. Dieta inadequada
	B – Cerebrovascular
	  - Excesso de colesterol
	C – Câncer
	  - Excesso de gordura saturada
	D – Diabetes
	  - Excesso de determinados nutrientes
	E – DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica)
	5. Hipercolesterolemia
	F – Cirrose
	6. Obesidade
	 
	7. Hábito de fumar
	 
	8. Hipertensão arterial
	 
	9. Exposição a agentes específicos
	 
Múltiplas causa x múltiplos efeitos: embora a rede de causas seja útil para refletir a etiologia das doenças crônicas, ela também é uma simplificação da realidade. Os fatores de risco são associados a mais de uma doença crônica. A obesidade, por exemplo, é fator de risco tanto para a afecção coronária como para o diabetes. A situação de dupla vinculação – tripla, ou mais – é comum aos fatores de risco. Assim, o modelo de múltiplas causas e efeitos reproduz a situação da doença com maior exatidão, quando comparado à rede de causas. As relações múltiplas entre fatores de risco e doenças têm uma importância prática na prevenção: a eliminação ou atenuação de um fator de risco tem repercussão positiva em mais de uma doença crônica.
 
CASO 06 – VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
BASES HISTÓRICAS E CONCEITUAIS
Conceito: conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos. É, portanto, um importante instrumento para o planejamento e a organização dos serviços de saúde.
 PROPÓSITOS E FUNÇÕES
Propósito: elaborar uma orientação técnica permanente para os profissionais de saúde, pois, estes, têm a responsabilidade de decidir sobre as ações de controle de doenças e agravos a partir das informações colhidas. Função da vigilância epidemiológica: coletar e processar dados para analisá-los e promover recomendações de medidas de controle e planejamento adequado das ações governamentais. Posteriormente, avaliar a eficácia e a efetividade das medidas adotadas, divulgando as informações pertinentes.
 COLETA DE DADOS E INFORMAÇÕES
A coleta de dados é feita periodicamente e ocorre em todos os níveis do sistema de saúde. O valor da informação depende da precisão com que os dados são gerados.
Tipos de dados:
Dados demográficos, ambientais e socioeconômicos:
Demográficos: usados para quantificar os grupos populacionais, através do cálculo de taxas (nascimentos, óbitos, por exemplo);
Ambientais: aspectos climáticos e ecológicos;
Socioeconômicos: caracterização da dinâmica da população;
Dados de morbidade: permitem a detecção de problemas sanitários, distribuição de casos. São oriundos da notificação de casos e surtos, da produção de serviços ambulatoriais e hospitalares, de investigação epidemiológica, da busca ativa de casos, de estudos amostrais e inquéritos;
Dados de mortalidade: indicam a gravidade do fenômeno analisado;
Notificação de surtos e epidemias: a detecção precoce possibilita a constatação de qualquer início de elevação do número de casos.
 
Fontes de dados
Notificação: é a comunicação da ocorrência de determinada doença ou agravo à saúde feita à autoridade sanitária responsável por profissionais da saúde ou qualquer cidadão, para fins de adoção de medidas de intervenção pertinentes. A notificação compulsória é a principal fonte da vigilância epidemiológica (informação-decisão-ação). O Ministério da Saúde estabelece a lista das doenças de notificação nacional, mas os estados e municípios podem acrescentar a ela patologias de interesse regional ou local, desde que justificada a sua necessidade. A simples suspeita da doença dever ser notificada; a notificação tem que ser sigilosa; o envio de notificações deve ser feito mesmo na ausência de casos (notificação negativa).
Magnitude: elevada frequência de uma determinada doença, traduz-se por altas taxas de incidência, prevalência, mortalidade e anos potenciais de vida perdidos;
Potencial de disseminação: poder de transmissão da doença;
Transcendência: expressa-se por características subsidiárias, como: severidade (medida pelas taxas de letalidade, hospitalização, sequelas);relevância social (valor imputado pela sociedade, o medo que as pessoas tem de serem acometidas pela doença); relevância econômica(o prejuízo social trazido pela redução da força de trabalho, gastos previdenciários);
Vulnerabilidade: disponibilidade de instrumentos de prevenção e controle da doença
Compromissos internacionais: cumprimento de metasinternacionais de controle, eliminação ou erradicação de doenças;
Ocorrência de epidemias, surtos e agravos inusitados à saúde: situações emergenciais
Tais critérios devem ser considerados em conjunto, mas a existência de apenas um deles já é suficiente para incluir determinada doença na lista de notificação.
 
Outras bases de dados
Laboratórios: complementam e confirmam o diagnóstico de confirmação de casos;
Investigação epidemiológica: trabalho de campo realizado a partir de casos notificados e que objetiva identificar os modos de transmissão, a fonte de infecção, as características epidemiológicas da doença. O objetivo final é orientar medidas de controle para impedir a ocorrência de novos casos.
Imprensa e população: muitas vezes o primeiro alerta sobre a ocorrência de uma epidemia;
 
Fontes especiais de dados
Estudos epidemiológicos: inquérito: estudo seccional, geralmente amostral realizado quando as informações existentes são inadequadas ou insuficientes devido à: notificação imprópria ou deficiente, mudança no comportamento epidemiológico da doença, dificuldade na avaliação de coberturas vacinais ou eficácia de vacinas, etc.;levantamento epidemiológico: Levantamento epidemiológico: Não é um estudo amostral, mas sim um estudo realizado com base nos dados existentes nos registros dos serviços de saúde ou de outras instituições. Destina-se a complementar informações já existentes;
Sistemas sentinelas são constituídos por indicadores que não necessariamente representam a totalidade do evento, mas servem de alerta precoce da vigilância". Vi que tais sistemas são mais utilizados como uma alternativa de vigilância focada numa determinada população, sobretudo para fins de acompanhamento de tendências de doenças e monitoramento da prevalência de resistência a antibióticos. Desse modo, não há preocupação com estimativas precisas de incidência ou prevalência na população geral. Evento sentinela: detecção de doença prevenível, incapacidade, ou morte inesperada, cuja ocorrência serve como um sinal de alerta de que a qualidade da terapêutica ou prevenção de ser questionada. Toda vez que ocorre um evento dessa natureza a vigilância deve ser acionada para que as medidas indicadas sejam instituídas.Unidades de saúde sentinela: Refere-se, na grande maioria, aos hospitais que internam doenças infecciosas e parasitárias e informam, diariamente, aos órgãos de vigilância, os seus internamentos.Vigilância de áreas sentinelas: delimitação de áreas específicas para monitorar a ocorrência de certas doenças ou alterações na situação de saúde.
 
UTILIZAÇÃO DO ROTEIRO DE INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA
De investigação de caso:
1. Coleta de dados: identificação, anamnese, condições sociais, etc.
2. Pistas: fonte de contagio, ag. Etiológico...
3. Busca ativa de casos: tratamento da doença e verificação da magnitude local
4. Processamento e análises parciais dos casos: diagnosticar e planejar de que maneira deve seguir
5. Encerramento de casos: fichas epidemiológicas, diagnostico final
6. Etapa final: medidas de prevenção e alerta a órgãos hierárquicos superiores
 
De epidemia:
1. Trata-se realmente de uma epidemia?
2. O que pode tê-la causado?
3. O que pode ser feito para comprovar suas causa?
4. Como a epidemia pode ser detida e outras similares podem ser prevenidas?
NORMATIZAÇÃO
Definição de normas técnicas para a uniformização e a comparação de dados e informações produzidos pelo sistema de vigilância. Também é importante a definição de caso de cada doença ou agravo, visando a padronizar critérios diagnósticos para a entrada e a classificação final dos casos no sistema. Em geral, os casos são classificados em suspeitos, compatíveis ou confirmados. As definições de caso devem ser modificadas ao longo do tempo, por alterações na epidemiologia da própria doença, para atender necessidades de ampliar ou reduzir a sensibilidade ou especificidade do sistema.
 RETROALIMENTAÇÃO DO SISTEMA
Retorno regular de informações às fontes produtoras através da disseminação periódica de informes epidemiológicos sobre a situação local, regional, estadual, macrorregional e nacional. Isso motiva os notificantes e propicia a coleta de subsídios para reformular normas e ações nos seus diversos níveis.
 AVALIAÇÃO DOS SISTEMAS DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
Informa com precisão a situação epidemiológica de determinada doença ou agravo, o impacto das ações de controle e indicação de outras medidas necessárias. Também demonstra os resultados obtidos para justificar os recursos investidos.
 Medidas quantitativas:
Sensibilidade: capacidade de detectar os casos;
Especificidade: capacidade de excluir os não casos;
Representatividade: identificar os subgrupos da população atingidos pelo caso (subgrupos que “representam” a doença);
Oportunidade: agilidade do sistema de informações.
Medidas qualitativas:
Simplicidade: facilitar as ações do sistema e reduzir os custos;
Flexibilidade: capacidade de adaptação do sistema a novos casos epidemiológicos ou operacionais;
Aceitabilidade: disposição dos profissionais, organizações e indivíduos de participarem e utilizarem o sistema.
CASO 07 – VIGILÂNCIA SANITÁRIA
A VIGILÂNCIA SANITÁRIA
É o conjunto integrado de ações legais, técnicas educacionais, informativas, de pesquisa e de fiscalização, capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários vindos do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde.
A Vigilância Sanitária visa a proteger a saúde dos consumidores, do ambiente e da população em geral. Porem, ela também tem papel de mediar os interesses econômicos e os interesses de saúde. O que significa que ela não somente protege o consumidor, como também o produtor. Isso porque ela permite que haja uma relação entre esses dois com um mínimo de segurança, que garante a proteção a saúde do consumidor em relação aos serviços/medicamentos consumidos, e ao produtor por exigir um nível de qualidade que faz com que ele tenha credibilidade no mercado.
 LOCAIS DE ATUAÇÃO
• Locais de produção e comercialização de alimentos: fábricas, restaurantes, bares, produtores de laticínios, mercados, frutaria, açougue, peixaria, matadouro, frigorífico, etc.;
• Lojas e áreas de lazer: shoppings, cinemas, clubes, ginásios, óticas, postos de gasolina, estádios, etc.;
• Saneamento básico: redes de esgoto, fornecimento de água, etc.;
• Locais públicos: escolas, cemitérios, presídios, hospitais, clínicas, farmácias, salões de beleza, asilos, rodoviárias, portos, aeroportos, área de fronteira, etc.;
• Fábricas: de medicamentos, de produtos químicos, de agrotóxicos, de cosméticos, de perfumes, etc.
 OBJETIVOS, NOÇÕES e FUNÇÕES
​Qualidade, segurança, eficácia e nocividade constituem categorias operacionais nas ações de proteção à saúde da vigilância sanitária. Qualidade esegurança são requisitos imprescindíveis de todos os objetos relacionados com a saúde, sejam produtos ou serviços. Já a eficácia está vinculada à finalidade e à natureza destes. A nocividade é algo que deve ser evitado e, muitas vezes, punido. Pode ser positiva, quando se reporta de fato à ação criminosa capaz de causar prejuízo direto à saúde, ou negativa, quando a ação suprime ou diminui a eficácia conservadora/restauradora da saúde ou reduz o valor nutritivo/terapêutico, mesmo que não haja prejuízo direto à saúde. A nocividade também
pode não decorrer de delinquência sanitária, quando há eventos naturais sobre os produtos ou quando a evolução do conhecimento científico é o que a reconhece. Em todos os casos, o produtor/comerciante é responsabilizado.
​Riscos e danos à saúde relacionados ao consumo de produtos/tecnologias/serviços podem ser decorrentes de defeitos ou falhas, como também podem ser intrínsecos ao próprio “produto”. No  Brasil, as funções da vigilância sanitária são a normatização e o controle sanitário de:
Produtos de interesse da saúde (bens, da produção, armazenamento, guarda, circulação, transporte, comercializaçãoe consumo de substâncias e suas matérias-primas, processos, equipamentos e embalagens.
Tecnologias médicas (sangue, tecidos, órgãos, procedimentos, equipamentos e pesquisa);
Serviços direta ou indiretamente relacionados com a saúde, públicos ou privados;
Portos, aeroportos e fronteiras, incluindo meios de transporte, cargas e pessoas;
Aspectos do meio ambiente, processos de trabalho e saúde do trabalhador.
 
INSTRUMENTOS PARA AÇÃO
​A atuação da vigilância sanitária se dá com base em legislação especifica, cujo cumprimento é assegurado pelo poder público. Neste âmbito, asliberdades individuais são condicionadas aosinteresses coletivos (sociedade > indivíduo/instituição).
​A intervenção da vigilância sanitária, diante da complexidade e da natureza dos riscos que deve prevenir, eliminar ou diminuir, requer o uso concomitante de vários instrumentos que se complementam em um conjunto organizado de praticas a serem desenvolvidas nas distintas instancias do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS). Aqui, a legislação constitui um instrumento imprescindível para a ação. A legislação sanitáriacontém os fundamentos jurídicos e técnico-científicos das práticas, sendo o apoio e a legitimação das intervenções. Os mecanismos de ação da Vigilância Sanitária são:
Fiscalização sanitária: aceita ou recusa produtos/serviços e intervém em situações de risco à saúde. Verifica o cumprimento das normas estabelecidas para garantir a proteção à saúde, como requisitos legais e técnicos para o exercício da atividade (serviços). Também identifica, no caso deprodutos, por meio da inspeção, falhas técnicas no processo de produção e inclusive fraudes, que podem alterar as características do produto e modificar os efeitos benéficos esperados. A inspeção é uma prática de observação sistemática destinada a examinar as condições sanitárias e a conformidade com padrões e requisitos da Saúde Pública que visam a proteger a saúde individual e coletiva.
Laboratório: a fiscalização apoia-se no laboratório, que verifica a conformidade dos produtos com padrões estabelecidos e as características averbadas nos respectivos registros.
Tendo em vista sua finalidade, os principais tipos de análises laboratoriais são denominadas:
• Análises fiscais – Visam verificar a conformidade do produto com seus padrões técnico-sanitários. Devem ser realizados periodicamente;
• Análise de controle – Realizada imediatamente após a fabricação de um determinado produto em processo de registro, e está destinada a avaliar a capacidade que o produtor tem de produzir segundo os termos de registro;
• Análise prévia – Requisito para o registro de um determinado produto ou uma substância a ser utilizada em um produto ou embalagem. É o caso de um aditivo novo que ainda não consta nas listas de substâncias permitidas.
O laboratório central de referência no país é o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) e tem o papel de fornecer padrões de referência e métodos de análise de produtos, bem como procedimentos amostrais para servir de parâmetro aos demais laboratórios oficiais que integram a rede laboratorial de apoio às ações de Vigilância Sanitária.
Estudos epidemiológicos: fundamentais para elucidar associações entre fatores de risco relacionados aos elementos sob vigilância sanitária e determinadas doenças. Apresentam evidência de relação da substância com uma doença ou agravo.
Pesquisas de laboratório: têm base em experimentos com modelos animais. São fundamentais para o estudo de associações e para o estabelecimento de níveis de tolerância de determinadas substâncias incorporadas a produtos de consumo humano, como aditivos em alimentos e níveis de exposição no ambiente de trabalho.
Monitorização: objetiva acompanhar, avaliar e controlar mediante acompanhamento, de maneira a garantir a efetividade. Em laboratórios, por exemplo, a monitorização atua em integração na medida que identifica riscos de agravos e garante a qualidade de produtos, serviços e ambientes. Muito utilizada, por exemplo, na rotina dos serviços públicos de abastecimento de água, para acompanhar a qualidade da água fornecida.
Vigilância epidemiológica: A vigilância epidemiológica é um instrumento de primordial importância nas ações do campo da vigilância sanitária, permitindo acompanhar doenças veiculadas por alimentos, pelo sangue e derivados, intoxicações, infecções hospitalares, efeitos adversos de medicamentos, agravos inusitados relacionados com tecnologias médicas, a exemplo de próteses e órteses, fornecendo informações valiosas para subsidiar ações de controle sanitário.
Marketing social, informação e educação para a saúde: técnica de comunicação destinada a modificar atitudes e comportamentos de "mercados-alvo", segundo artifícios específicos. Diferente do marketing comercial, cujo objetivo é satisfazer supostas necessidades e carências do público-alvo.
 
SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (SNVS)
Estrutura Político-institucional: A lei orgânica da Saúde 8080/90 determina como uma das competências da direção nacional do Sistema Único de Saúde definir e coordenar o Sistema de Vigilância Sanitária.
Integram o SNVS a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (CONASS), o Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS), os órgãos de vigilância sanitária estaduais, do Distrito Federal e dos municípios, os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (LACENS), o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), a Fundação Oswaldo Cruz e os Conselhos de Saúde.
O Sistema engloba unidades nos três níveis de governo – federal, estadual e municipal – com responsabilidades compartilhadas. No nível federal, estão a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz). No nível estadual, estão o órgão de vigilância sanitária e o Laboratório Central de Saúde Pública (LACENS) de cada uma das 27 Unidades da Federação. No nível municipal, estão os serviços de VISA dos 5561municípios brasileiros, muitos dos quais ainda em fase de organização.
Anvisa – função: “Promover a proteção da saúde da população, por intermédio do controle sanitário da produção e comercialização de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive dos ambientes, dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionados, bem como o controle de portos, aeroportos e fronteiras” (Lei 9782).
 A Anvisa é caracterizada como uma entidade administrativa independente, uma autarquia especial vinculada ao Ministério da Saúde. A natureza de autarquia especial é caracterizada pela independência administrativa, autonomia financeira e estabilidade de seus dirigentes. A autarquia é dirigida por uma diretoria colegiada, composta de cinco membros, um dos quais é o diretor-presidente. Esses membros são indicados e nomeados pelo presidente da república.
A Anvisa conta, no seu corpo administrativo, com um Ouvidor, para receber e responder as queixas, denúncias e interrogações da população, e um Conselho Consultivo do qual participam entidades representativas dos interesses de diversos grupos sociais, setor produtivo, comunidade científica, Conselho Nacional de Saúde, entidades de defesa do consumidor etc.
De um modo em geral, pode-se dizer que as atividades de regulamentação, de registro e de autorização e a atuação na área de portos, aeroportos e fronteiras ficam sob a competência do órgão Federal.
Obs.: Vale lembrar que além de todas aquelas funções da vigilância sanitária, ela também é atuante na intervenção Estatal para garantir o atendimento a necessidades de saúde ou resolução de problemas que dificultam a integralidade da atenção. Um exemplo seria a política dos medicamentos genéricos como um meio de maior acesso aos remédios à população (diminuição do preço).
 Práticas de Vigilância sanitária: os serviços de vigilância sanitária em geral organizam suas práticas em função das distintas categorias de objetos, como produtos,

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