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SE É TÃO BOM POR QUE TÃO POUCO - Normalizado e Revisto

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CAMARA, Paulo. Se é tão bom, por que tão pouco? Revista Augustus. v. 18. n.36. pp. 42-56. Rio 
de Janeiro: Unisuam Publicações, 2013. 
 
SE É TÃO BOM, POR QUE TÃO POUCO? 
 
Paulo Wilton da Luz Camara 
Doutorando em Ciência Política e Relações Internacionais pelo Instituto Universitário de 
Pesquisas do Rio de Janeiro (IUPERJ / UCAM) 
Mestre em Gestão e Estratégia em Negócios pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro 
(UFRRJ) 
Professor do Centro Universitário Augusto Motta (UNISUAM) 
p.wilton@pwtarget.com.br 
 
RESUMO 
 
O estudo trata da inovação como um instrumento de grande relevância para o desenvolvimento 
econômico sustentável. Pretende contribuir para o debate contemporâneo acerca das razões 
pelas quais o nível de atividades inovativas no Brasil é tão baixo, em especial quando referido às 
micro e pequenas empresas, contextualizando-se na forma do seu título “Se é tão bom, por que 
tão pouco?”. Para isto, leva a uma incursão sobre a relação entre desenvolvimento econômico, 
política industrial e sua ramificação para as políticas públicas de inovação, em especial as 
direcionadas às micro e pequenas empresas. Apresenta um panorama da importância 
econômica e o potencial deste universo de empresas, algumas de suas características e, na 
medida em que caminha para a conclusão de que as políticas públicas relativas à inovação para 
aquelas empresas carecem de adequação e consequente efetividade, aponta sugestões sobre 
possíveis aspectos que podem merecer aprofundamento em pesquisas futuras, na permanente 
busca pelo maior entendimento sobre o assunto. 
 
Palavras-chave: Inovação. Desenvolvimento. Crescimento Econômico. Políticas Públicas. Micro 
e Pequenas Empresas. Empreendedorismo. 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 O panorama internacional, mais uma vez, mostra a sua fragilidade econômica e, pelo 
terceiro ano consecutivo, é baixo o crescimento global. Como a dependência econômica entre 
os países é crescente e irreversível, a crise que atingiu principalmente os países europeus, aliada 
à desaceleração do crescimento na China e em outros países emergentes, além dos grandes 
problemas norte-americanos, aumenta o nível de incerteza, prejudicando os mercados 
mundiais, em maior ou menor grau. 
1 
 
E permanentemente, as constantes mudanças políticas, econômicas e sociais aumentam 
cada vez mais a dificuldade de competição, fazendo com que as empresas precisem se 
desdobrar em uma constante busca por soluções e estratégias para garantir a posição 
sustentada e/ou desejada no mercado. 
Para isto, torna-se necessário que as empresas se utilizem de práticas de gestão capazes 
de torná-las aptas a competir nesse ambiente dinâmico. Dentre outras, cada vez mais são 
valorizadas as parcerias para desenvolver novas tecnologias e/ou buscar novos mercados, além 
do estímulo à inovação entre os funcionários, o que deixa o ambiente favorável ao 
intraempreendedorismo1, na tentativa de criar novos produtos, melhorar processos ou propor 
novos serviços. 
Já são comuns as declarações de amor à inovação. De alguns anos para cá, nota-se que a 
comunicação geral sobre o tema tem, de forma crescente, arrebatado a sociedade. É normal 
observarmos anúncios de emprego sugerindo a “capacidade de inovação” ou “espírito 
inovador” como um aspecto a ser considerado nas entrevistas dos candidatos; cada vez mais, 
empresas anunciam-se ao mercado como inovadoras e também as consultorias aumentam o 
seu leque, disponibilizando serviços diversos na área. O governo federal, além de algumas 
instituições públicas e privadas, possui vários programas de incentivo e fomento direcionados 
ao tema; fundações ligadas a governos estaduais são financiadoras de pesquisas. Associações 
representativas de classe desenvolvem atividades para incentivar seus associados a participar 
de campanhas, concursos, eventos etc sobre inovação, e isso acaba mexendo com a 
curiosidade, o que, na sequência, leva as pessoas à busca de maior conhecimento. 
Paralelamente, o meio acadêmico integra-se ao clima, lançando-se também na 
disseminação de maior entendimento e de aprofundamento no conhecimento sobre a 
inovação, por meio das adaptações de seus currículos, com ofertas de novos conteúdos, 
programas e disciplinas que tratam do assunto, mais especialmente nos cursos de 
Administração. 
 
1
 Atividades com características empreendedoras, desenvolvidas por pessoas dentro de uma estrutura 
organizacional existente. 
 
2 
 
Com todas essas evidências, não pairam dúvidas sobre a existência de uma consciência 
geral sobre a importância da inovação. Entretanto, até que ponto existe o necessário 
conhecimento sobre a sua essência, seus desdobramentos e, principalmente, sobre o caminho a 
ser trilhado para o aproveitamento de maiores e melhores resultados de sua prática? 
Este estudo tem, então, o objetivo de levantar e discutir uma questão básica, que tem 
sido razão de inúmeros debates e que é o seu tema: se a inovação já é considerada essencial 
para o desenvolvimento sustentado das empresas, e consequentemente, da economia como 
um todo, qual a razão para se inovar tão pouco no Brasil? 
Pretende também contribuir, de certa forma, para o direcionamento de alguns aspectos 
básicos que podem levar a este entendimento, abordando os principais pontos cujo estudo 
deve ser aprofundado, estabelecendo um campo para as consequentes análises, traduzindo 
assim a sua relevância. 
Como embasamento ao desenvolvimento deste trabalho, e que representa a sua 
hipótese central, valemo-nos da premissa de que a inovação, embora já tenha a sua importância 
entendida e aceita, de um modo geral é trabalhada mais efetiva e facilmente por médias e 
grandes empresas, não tendo os seus benefícios aproveitados pelas MPEs2 brasileiras. Tendo 
em vista o potencial representado por essa categoria de negócios, pretende-se então tentar 
explicar, em grande parte, a situação. 
 
2 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, POLÍTICA INDUSTRIAL, COMPETITIVIDADE E INOVAÇÃO 
 
Cada vez mais, as sociedades no mundo enfrentam graves desafios econômicos e sociais. 
A crise econômica de 2008-2009 levou à redução, de uma maneira geral, do potencial de 
crescimento da produção, ao aumento do desemprego e à crescente dívida pública. Para se 
recuperar, os países precisam encontrar novas e sustentáveis fontes de crescimento. A inovação 
pode ajudar a acelerar esta recuperação e representar um caminho para o desenvolvimento 
sustentável (ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT, 2010). 
 
2
 Micro e pequenas empresas (SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS, 2013). 
3 
 
Como integrante natural das agendas de políticas públicas, a política industrial é um 
conjunto de ações integradas estabelecidas pelo Estado, envolvendo o setor público e o setor 
privado, visando ampliar a competitividade da indústria. Assim, a política industrial é o principal 
componente das estratégias de fortalecimento, como parte indispensável do desenvolvimento 
econômico. De acordo com Pereira e Dathein (2012), a política industrial, como política de 
promoção do desenvolvimento, é indissociável da concorrência, da atualização tecnológica e do 
aumento da produtividade. 
Preliminarmente, é preciso estabelecer a percepção de que crescimento econômico é 
básico, mas é necessário que ele seja sustentado, o que tende a reduzir a sua vulnerabilidade. 
Então, todo o esforço pelo crescimento sustentado deve ser entendido como a busca pelo 
desenvolvimento econômico, algo evolutivo e de longo prazo, e que deve estar em linha com o 
nível de competitividade.Crescimento não implica, necessariamente, mudanças estruturais e institucionais; por 
sua vez, desenvolvimento significa crescimento com mudanças estruturais e institucionais, de 
forma concatenada. Nessa perspectiva, é possível haver crescimento sem inovações; mas, para 
haver desenvolvimento, faz-se necessário crescimento com inovações. As “respostas criativas” 
são fundamentais para que o desenvolvimento econômico se consolide como um projeto de 
longo prazo (PEREIRA; DATHEIN, 2012). 
O processo de globalização tem estimulado um aumento da competitividade de tal 
magnitude que inovar tornou-se não apenas questão de opção, mas de sobrevivência. O atual 
cenário competitivo não só exerce pressão sobre as empresas para introduzir inovações como 
também para produzi-las mais depressa que a concorrência (TIDD et al., 2001 apud EIRAS, 
2010). 
Assim, a inovação é essencial para o aumento da produtividade e da competitividade, 
como também para impulsionar o desenvolvimento econômico. O desenvolvimento não é 
resultado de um simples crescimento das atividades econômicas existentes, mas basicamente 
de um processo qualitativo de transformação da estrutura produtiva, a fim de incorporar novos 
produtos, serviços e processos, agregando valor à produção, por meio da intensificação do uso 
da informação e do conhecimento. 
4 
 
De acordo com Pereira e Kruglianskas (2005), em uma economia sólida a inovação 
tecnológica3 deve ser resultado de um ambiente que produz ciência de ponta e influencia direta 
e indiretamente o setor produtivo, especialmente por meio dos setores de pesquisa e 
desenvolvimento gerados nas empresas. 
Quando as organizações inovam, elas não só processam informações, de fora para 
dentro, com o intuito de resolver os problemas existentes e se adaptar ao ambiente em 
transformação. Elas criam novos conhecimentos e informações, de dentro para fora, a 
fim de redefinir tanto os problemas quanto as soluções e assim, recriar seu meio. 
(NONAKA; TAKEUCHI, 1997 apud EIRAS, 2010, p. 39). 
 
Então, a aplicação de inovação tem por objetivo adequar, desenvolver e aumentar a 
capacidade competitiva, não só dos países, como das empresas, maximizando o seu 
posicionamento mercadológico. 
Competição entre empresas ou competição entre países? De acordo com o World 
Competitiveness Yearbook (ARRUDA; MADSEN, 2012), alguns estudiosos afirmam que as 
próprias nações não competem, mas em vez disso, suas empresas o fazem. Não há dúvida que 
as empresas competitivas são os principais motores da competitividade de um país. Elas são a 
origem da criação de riqueza. No entanto, ao longo dos últimos 30 anos, as responsabilidades 
econômicas dos governos têm – para melhor ou pior - aumentado de tal forma que é 
simplesmente impossível ignorar sua influência na economia. 
Apesar da globalização, vários estudos recentes continuam a ratificar o papel 
fundamental das nações na formação do ambiente em que as empresas atuam. Tal 
envolvimento é mais evidente quando se trata de aumentar a atratividade do país. A parte da 
vantagem competitiva de responsabilidade das nações provém de políticas de incentivo de 
longo alcance, enfatizando incentivos fiscais, subsídios etc., que são projetados para atrair 
investimentos de fora. 
O apoio mais convincente para o argumento de que há uma competição entre as nações 
pode ser visto nas áreas de educação e know-how. Em uma economia moderna, as nações não 
dependem somente de produtos e serviços. 
 
3
 Tecnologia é todo o conjunto de saberes, técnicas e métodos relativos a um domínio específico. Entende-se como 
inovação tecnológica a inovação de produto (bens e serviços) e a inovação de processo (ACADEMIA PEARSON, 
2011). 
5 
 
A capacidade de uma nação para desenvolver um sistema de educação e melhorar o 
conhecimento da força de trabalho por meio de treinamento é vital para a competitividade. O 
conhecimento é, talvez, o fator mais crítico da competitividade. Como os países flutuam na 
escala econômica, quanto mais eles crescem em conhecimento, mais garantem a sua 
prosperidade e capacidade de competição nos mercados mundiais. Como esse conhecimento é 
adquirido e gerenciado é responsabilidade de cada governo. 
Então, na verdade, as nações não competem, as empresas o fazem. 
 Recentemente foi publicada uma pesquisa internacional de competitividade, a The 
Global Competitiveness Report 2012-20134 (WORLD ECONOMIC FORUM, 2012), realizada com 
144 países. Segundo o estudo, o desenvolvimento de qualquer economia - que se traduz no seu 
nível de competitividade - é fruto dos resultados obtidos pelas suas políticas e consequentes 
ações. Segundo a mesma fonte, a medida do potencial de crescimento não pode ser o resultado 
apontado por alguns específicos fatores isolados, mas sim da avaliação ponderada de vários, 
interligados e subadjacentes, considerados essenciais para o real crescimento sustentado. São 
avaliados no contexto do Índice Global de Competitividade (GCI) vários componentes agrupados 
nos chamados “12 pilares de competitividade”, assim enumerados: 
1) instituições; 
2) infraestrutura; 
3) ambiente macroeconômico; 
4) saúde e educação primária; 
5) ensino superior e formação; 
6) eficiência do mercado de bens; 
7) eficiência do mercado de trabalho; 
8) desenvolvimento do mercado financeiro; 
9) disponibilidade tecnológica; 
10) tamanho do mercado; 
 
4
 The Global Competitiveness Report (Relatório Global de Competitividade): publicação do Fórum Econômico 
Mundial, que estabelece o GCI (Índice Global de Competitividade), cujo objetivo é demonstrar os resultados de 
uma análise da competitividade global, através de fundamentos micro e macroeconômicos das competitividades 
nacionais (WORLD ECONOMIC FORUM, 2012). 
 
6 
 
11) sofisticação de negócios; e 
12) inovação. 
 Não é possível pensar que eles são independentes, mas pelo contrário, em algumas 
situações, um pode reforçar ou prejudicar outro. 
Por exemplo, uma forte capacidade de inovação (pilar 12) vai ser muito difícil de 
conseguir sem uma força de trabalho saudável, bem-educada e treinada (pilares 4 e 5) 
que seja adepta à absorção de novas tecnologias (pilar 9), e sem financiamento 
suficiente (pilar 8) de P&D ou um mercado de bens eficiente que torne possível criar 
inovações (pilar 6) (ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND 
DEVELOPMENT, 2012, p. 8). 
 
 Segundo a pesquisa, o Brasil galgou – em relação à anterior – 5 posições, passando do 
53º para o 48º lugar, sendo o único dos BRICs a melhorar de posição. Esse resultado, segundo o 
World Economic Forum (2012), tem como razões principais uma melhoria relativa na economia 
do país (apesar da inflação elevada) e o aumento na utilização de tecnologias de informação e 
comunicação. O ambiente de negócios relativamente sofisticado ainda aproveita os benefícios 
de um dos maiores mercados internos do mundo. Como também positivo, os acessos a meios 
de financiamentos para investimentos por parte das empresas mostram-se razoavelmente 
fáceis e competitivos. Dentre os pontos fracos apontados, estão os baixos níveis de confiança 
nos políticos e a eficiência das políticas de governo, associados às excessivas regulações 
governamentais (incluem-se aqui os procedimentos necessários à abertura de novos negócios) e 
gastos públicos. Entre outros fatores que tradicionalmente mostram-se como gargalos à 
competitividade do Brasil (e que nesta edição não foram diferentes) estão a qualidade da 
infraestrutura de transportes, a qualidade da educação e o volume de impostos, como limitadorao trabalho e investimentos. 
 
3 INOVAÇÃO 
 
 Em países como o Brasil, a maioria das inovações introduzidas é de caráter adaptativo, 
incremental, e as atividades de P&D mostram-se, muitas vezes, ocasionais e organizadas em 
estruturas informais. 
Outro condicionante do processo de inovação e de difusão é o setor de atividade em que 
a empresa atua. Os de maior conteúdo tecnológico permitem o surgimento de maiores 
7 
 
oportunidades de inovações individual e coletiva, enquanto nos setores de baixo conteúdo 
tecnológico essas oportunidades se mostram mais limitadas (INSTITUTO BRASILEIRO DE 
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010). 
 
3.1 Definindo inovação 
 
Pareceu-nos pertinente discorrer teoricamente sobre o termo, em razão da existência de 
diferentes e variados significados. Segundo Freeman e Soete (2009), 
inovação significa novidade ou renovação. Deriva do termo latino innovatio, referindo-se a uma 
ideia, método ou objeto que é criado, com pouca semelhança anterior. Atualmente, o termo 
inovação está mais associado a ideias e invenções direcionadas às atividades econômicas, sendo 
definido como “a invenção que chega ao mercado”. 
Ainda, inovação é o processo que inclui as atividades técnicas, concepção, 
desenvolvimento, gestão e que resulta na comercialização de novos (ou melhorados) produtos, 
ou na primeira utilização de novos (ou melhorados) processos (FREEMAN; SOETE, 2009). 
Encontramos também a definição de inovação associada à produtividade (por 
permitir ganhos de eficiência em processos produtivos, administrativos ou financeiros, ou 
mesmo na prestação de serviços), sendo grande indutora de competitividade. Assim, apresenta-
se como fator fundamental no crescimento econômico de uma sociedade. 
 O Dicionário Aurélio apresenta o significado de inovação como “a ação ou efeito de 
inovar; introdução de alguma novidade na legislação, nos costumes, na ciência, nas artes etc.”5 
Entretanto, o conceito mais simples e talvez mais completo e pragmático foi 
apresentado pela Inventta6: “inovação é a exploração com sucesso de novas ideias”. 
E, finalmente, para facilitar o entendimento no decorrer do texto, consideramos como 
padrão o conceito e as dimensões da inovação com base o Manual de Oslo7 (ORGANISATION 
 
5
 DICIONÁRIO AURELIO. Disponível em: <http://www.dicionariodoaurelio.com/Inovacao.html>. Acesso em: 30 maio 
2013. 
6
 Disponível em: <http://inventta.net/radar-inovacao/a-inovacao>. Acesso em: 30 maio 2013. 
7
 Oslo Manual: parte de uma série de publicações da instituição intergovernamental Organização para a 
Cooperação Econômica e Desenvolvimento – OECD, o Manual de Oslo é uma publicação com o objetivo de orientar 
e padronizar conceitos, metodologias e construção de estatísticas e indicadores de pesquisa de P&D de países 
industrializados. A sua primeira edição data de 1990 (Financiadora de Estudos e Projetos). 
8 
 
FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT, 2005). De compreensão e aceitação 
universais - inclusive pelos órgãos brasileiros responsáveis pelas políticas de inovação -, os 
dados apresentados sobre o Brasil e eventualmente sobre outros países seguem a sua 
metodologia de análise. O Manual de Oslo (ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION 
AND DEVELOPMENT, 2005) encontra-se fundamentado no tratamento da inovação apenas em 
empresas (negócios), contemplando indústrias de transformação, indústrias primárias e o setor 
de serviços e considera quatro tipos de inovação: de produto, de processo, organizacional e de 
marketing. Uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo (o que é 
entendido como inovação radical) ou significativamente melhorado (inovação incremental), ou 
um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas 
práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas. 
Deixamos propositalmente de lado o detalhamento sobre o significado de cada tipo de 
inovação e suas respectivas dimensões, por não ser este o foco principal deste trabalho. 
 
3.2 Inovação e capacitação 
 
Em razão da abrangência das atividades empresariais, é fácil perceber a relação direta 
entre inovação e capacitação. Como relatam Fogaça e Salm (1993), a capacitação tecnológica – 
ou não tecnológica – ou seja, a condição de a empresa criar inovações não está restrita apenas 
ao pessoal diretamente envolvido em P&D8. A produção, à medida em que diminui o trabalho 
direto, incorpora atividades mais abstratas e requer cada vez maiores habilidades do 
trabalhador, no sentido de maior colaboração no aperfeiçoamento e na geração de inovações 
de produtos e de processos. 
Em especial, nas MPEs esta necessidade é muito mais relevante, em razão do porte das 
empresas, recursos disponíveis etc, que implicam uma maior participação dos empregados nas 
decisões. De um modo geral, esta necessidade decorre de aspectos que caracterizam o atual 
processo de desenvolvimento tecnológico e que mudam o próprio conceito de capacitação 
tecnológica. 
 
8
 Pesquisa básica aplicada ou desenvolvimento experimental (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E 
ESTATÍSTICA, 2010). 
9 
 
De forma diferente do que ocorria na automação eletromecânica, por exemplo - onde a 
simples adoção de "pacotes tecnológicos" ou de conjuntos de equipamentos de última geração 
era suficiente para atualizar tecnologicamente uma empresa e lhe assegurar maior 
produtividade (ganhos de escala) -, hoje o nível de competitividade de uma empresa não 
depende exclusivamente do uso de equipamentos e sistemas informatizados. A questão é que 
não se trata apenas de adotar inovações, mas, principalmente, de ser capaz de gerar inovações. 
Assim, evidencia-se um problema já conhecido por todos, relativamente à necessidade 
permanente e cada vez maior de capacitar a mão-de-obra brasileira, em todos os níveis. Sob a 
égide governamental, existem os variados programas desenvolvidos pelo Sebrae, Senai, Senac 
etc., mas que, embora venham funcionando, nos parecem ainda longe do atendimento 
necessário. 
A Pesquisa de Inovação 20109 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 
2010) já apontava a falta de pessoal qualificado como uma das razões para a falta de inovação, 
e segundo Almstrom (2013) a pesquisa do ManpowerGroup2012 mostra que o Brasil ocupa a 2º 
posição no ranking de países com maior escassez de mão de obra qualificada, atrás apenas do 
Japão. Entre os motivos mais comuns para o não preenchimento das funções estão a falta de 
competências técnicas e habilidades mensuráveis (34% das respostas), a simples falta de 
candidatos (32%) e a falta de experiência (24%). Entre os impactos ao negócio, 43% dos 
empregadores relataram a redução da capacidade para atender adequadamente os clientes e 
39% disseram que a escassez de talentos reduz a competitividade e a produtividade, enquanto 
outros 22% acreditam que pode reduzir a criatividade e a inovação. 
 
3.3 O status da inovação no Brasil 
 
Para obter uma panorâmica sobre o momento inovativo no Brasil, foram tomados dados 
e comentários descritos na PINTEC 2010 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 
2010). A pesquisa, realizada em 2008, aponta que prevalece a realização de inovações 
 
9
 A Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC 2010) é a quarta pesquisa realizada pelo IBGE, com o apoio da FINEP 
e MCT, com o objetivo de fornecer informações para a construção de indicadores das atividades de inovação 
tecnológica das empresas brasileiras (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA,2010). 
 
10 
 
primordialmente em produtos e processos, sendo que a maior parte das empresas encontra-se 
no setor de P&D (70%), onde prevalece a inovação só de produto, embora com importância 
diferenciada: 16,8% das empresas na indústria, 22,2% nos serviços e 70,0% no setor de P&D. No 
entanto, existem diferenças na segunda colocação, porque na indústria sobressai a inovação só 
de processo (15,3%), enquanto nos serviços selecionados e em P&D, prevalece a inovação só de 
produto (15,3% e 15,0%, respectivamente). Assim, fica reforçado o papel da tecnologia 
incorporada em bens de capital para a inovação de processo. 
Relativamente aos incentivos fiscais regulamentados, verifica-se que as empresas 
industriais que utilizaram os seus benefícios representam apenas 1,1%, mas se for verificado o 
porte das que possuem 500 ou mais pessoas ocupadas, este percentual sobe para 16,2%. E isto 
também nos leva à conclusão de que as grandes empresas foram mais beneficiadas pelos 
programas de fomento oficiais, fruto das estruturas organizacionais, sobressaindo-se o 
financiamento para compra de máquinas e equipamentos. 
 Sem novidade, e em conformidade com situações em outros países, verificou-se que as 
oportunidades de inovação apresentam-se em maior quantidade nos setores de maior 
conteúdo tecnológico. 
As oito atividades que apresentaram as maiores taxas de inovação no período 2006-
2008 são de alta e média-alta intensidade tecnológica: automóveis, camionetas, 
utilitários, caminhões e ônibus (83,2%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos 
(63,7%), outros produtos eletrônicos e ópticos (63,5%), produtos químicos (58,1%), 
equipamentos de comunicação (54,6%), equipamentos de informática e periféricos 
(53,8%), máquinas e equipamentos (51,0%) e componentes eletrônicos (49,0%). Por 
fim, duas atividades de baixa intensidade tecnológica: impressão e reprodução de 
gravações (47,2%) e produtos alimentícios (38,2%) (INSTITUTO BRASILEIRO DE 
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010, p. 39-40). 
 
Quanto à proteção das inovações, os métodos utilizados podem ser formais (registros de 
patentes) ou estratégicos (segredos industriais, por exemplo). Na pesquisa, apenas 34% das 
empresas declararam a utilização de algum método e, entre elas, o destaque ficou com o 
segmento de P&D, com 74,4%. 
Relativamente ao método formal de proteção e segundo Zucoloto e Nogueira (2013), 
existe correlação positiva entre o porte das empresas e os resultados das formas de apropriação 
desta proteção, ou seja, empresas de maior porte utilizam mais os benefícios da proteção, em 
razão de custos diretos e das relações custo-benefício. 
11 
 
Consoante observações da PINTEC 2010 (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E 
ESTATÍSTICA, 2010), entre as empresas que desenvolveram inovações de produto e/ou de 
processo, praticamente a metade encontrou problemas relevantes, o que pode servir de 
informação para a implementação de políticas. Quatro obstáculos foram os principais e destes, 
três são de ordem econômica (elevados custos da inovação, riscos econômicos excessivos e 
escassez de fontes de financiamento); o quarto observado - a ordem de incidência varia por 
setor - foi no âmbito interno da empresa (falta de pessoal qualificado). Enfim, o elevado custo 
dos investimentos, os riscos, a falta de pessoal qualificado e a escassez de financiamento são os 
principais obstáculos apontados pelos empresários para inovar. 
Finalmente, e em consonância com a PINTEC 2010 (INSTITUTO BRASILEIRO DE 
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010), considera-se que não somente as inovações em produtos e 
processos, mas também a implementação de novidades organizacionais pode melhorar o uso 
do conhecimento, a eficiência dos fluxos de trabalho ou a qualidade dos bens ou serviços para 
as empresas, enquanto inovações de marketing podem melhorar a capacidade da empresa de 
responder às necessidades dos clientes, abrir novos mercados ou reposicionar produtos para 
incrementar as vendas. 
 
3.4 As MPEs e a inovação 
 
Para a melhor contextualização deste item, torna-se necessário, inicialmente, a 
caracterização dessas empresas. Segundo critérios do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e 
Pequenas Empresas (2013) e como especificado também na Lei Geral de Microempresas e 
Empresas de Pequeno Porte (BRASIL, 2006), microempresas (ME) são aquelas que possuem 
receita bruta anual de R$ 61 mil a R$ 360 mil, sendo que as empresas de pequeno porte (EPP) 
encontram-se na faixa de R$ 361 mil a R$ 3,6 milhões. A tabela 1 mostra as concentrações por 
setor econômico, enquanto a tabela 2 as distribui regionalmente no território brasileiro. 
 
Tabela 1: MPEs, concentração por setor 
Setor % 
Comércio 49 
Serviços 32 
12 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (2013), adaptado pelo autor. 
 
 
 
Tabela 2: MPEs, distribuição regional 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (2013), adaptado pelo autor. 
 
As MPEs são reconhecidas pela absorção de mão de obra, em especial aquela com maior 
dificuldade de inserção no mercado de trabalho. Entretanto, cabe observar, com base no 
MTE/Rais (2011 apud NOGUEIRA; OLIVEIRA, 2013), que 61,8% delas - no subconjunto de 
microempresas - não possuem empregados, embora as demais sejam responsáveis pelo 
emprego de 51,6% dos trabalhadores brasileiros, representando 39,5% da massa de salários das 
empresas, segundo a Rais (2011, apud SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS 
EMPRESAS, 2013). 
Relativamente à participação na economia, representam 99% das empresas brasileiras, 
mas são responsáveis por apenas 20% do PIB (Receita Federal do Brasil, 2013 apud SERVIÇO 
BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS, 2013). E de acordo com o Funcex 
(2011 apud SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS, 2013), 61,5% 
das empresas exportadoras são MPEs, com apenas 0,9% do valor de exportações. 
Em termos absolutos, segundo o MTE/Rais (2011, apud NOGUEIRA; OLIVEIRA, 2013), são 
6.120.927 empresas, divididas em microempresas (94,4% deste total ou 93,5% das empresas 
formais no Brasil) e pequenas empresas (5,5% das MPEs ou 5,6% do total Brasil). 
O estudo Sobrevivência das Empresas (SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E 
PEQUENAS EMPRESAS, 2013), recentemente publicado, revela um dado positivo: o índice de 
Agropecuária 1 
Indústria 13 
Construção civil 6 
Região % 
Sudeste 50 
Sul 18 
Centro-oeste 8 
Norte 5 
Nordeste 19 
13 
 
sobrevivência das MPEs chegou a 75,6% (contra 73,6% na pesquisa anterior). Esta taxa em 
crescimento mostra, de um modo geral, melhor capacidade para a superação nos dois primeiros 
anos do negócio, em razão dos problemas iniciais naturais. 
Comparativamente a outros 15 países, o Brasil apresenta índices de sobrevivência de 
empresas recém-criadas mais alto que países como o Canadá (74%), Áustria (71%), Espanha 
(69%), Itália (68%), Portugal (51%) e Holanda (50%), segundo a Organisation for Economic Co-
Operation and Development (2005, apud SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E 
PEQUENAS EMPRESAS, 2013). Este resultado é apontado como fruto principalmente de três 
fatores: a legislação mais favorável, com o “supersimples” (redução e unificação de impostos, 
dando tratamento diferenciado e melhores condições aos pequenos negócios), o aumento da 
escolaridade como um todo, que beneficia as empresas, na medida em que os 
empreendedores, mais bem preparados, planejam melhor, e o crescimento do mercado interno 
(vide recentes pesquisas sobre o crescimento da classe média, por exemplo), impulsionando os 
pequenos negócios. 
Retornando à análise da PINTEC 2010 (INSTITUTO BRASILEIRODE GEOGRAFIA E 
ESTATÍSTICA, 2010), observa-se que os incentivos legais (leis de P&D e de inovação tecnológica) 
foram pouco aproveitados - principalmente pelas pequenas empresas -, o que nos remete aos 
questionamentos sobre a efetividade dos processos de disseminação atuais, além do nível de 
dificuldade de adequação destas empresas às exigências formais. 
Apesar do contexto em mudança, percebe-se que quando o foco de análise está na 
inovação nas MPEs, a realidade é ainda mais desafiante, pois quando comparada a adesão a 
projetos de inovação, elas têm índices bastante inferiores a empresas de médio e/ou grande 
porte. O percentual de MPEs que geraram alguma inovação entre 2006 e 2008 foi de 38%, 
enquanto que nas grandes empresas chega a 72% (CAMPOS JÚNIOR, 2013). 
Segundo Nogueira e Oliveira (2013), ao se referir aos objetivos das políticas públicas, o 
primeiro ponto em questionamento recai sobre os resultados esperados do conjunto das 
políticas para o universo das MPEs. 
14 
 
A análise dos impactos sobre este universo e o consequente direcionamento de políticas 
mais adequadas e efetivas são bastante complicados, considerando a heterogeneidade dos 
empreendimentos, em suas diversas formas. 
Assim, o real entendimento do que sejam as MPEs é limitado pelo fato de que elas são 
entendidas e tratadas em uma só dimensão, não sendo consideradas as suas grandes e 
inúmeras diferenças. Os enquadramentos oficiais das MPEs possuem critérios diferenciados 
quanto a número de empregados e porte por faturamento anual, por exemplo. MPEs são 
compreendidas como um só grupo de empresas, classificadas pelo seu porte, 
independentemente da sua atividade, produtividade, potencial gerador econômico etc. Há que 
se considerar, principalmente, que a heterogeneidade da economia brasileira produz profundas 
diferenças regionais e setoriais, que levam, naturalmente, a necessidades diferentes por parte 
das empresas. 
Então, em razão do seu potencial e dos dados já conhecidos, percebemos a importância 
e as oportunidades existentes para estudos mais profundos e pontuais, no sentido de maior 
compreensão sobre o funcionamento do contexto de inovação no âmbito das MPEs. 
 
4 POLÍTICAS PÚBLICAS DE INOVAÇÃO NO BRASIL 
 
Pela sua magnitude, abrangência e relevância, os esforços direcionados à inovação, bem 
como o estabelecimento de seus objetivos, não podem ser empenhados apenas pelas 
empresas. 
Segundo Cardoso Júnior (2010), cada vez mais a elaboração, a adequação e a energia das 
políticas públicas são requisitadas, relativamente ao encaminhamento de possíveis soluções 
direcionadas ao desenvolvimento econômico em níveis necessários à redução do desemprego e 
da pobreza, além da elevada desigualdade de oportunidades ainda dominantes em nossa 
sociedade. 
A inovação tem passado por mudanças recentes no que diz respeito à criação de fundos 
públicos para incentivo e fomento. A base do contexto normativo/legal encontra-se estruturada 
na Lei de Inovação (BRASIL, 2004); Lei das ICTs (BRASIL, 2007); Lei do Bem (BRASIL, 2005); NBR 
15 
 
16500:2012; NBR 16501:2011; NBR 16502:2012 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS 
TÉCNICAS, 2011, 2012a e 2012b). 
Entretanto, consoante os resultados da PINTEC 2010 (INSTITUTO BRASILEIRO DE 
GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010), tornam-se necessárias inovações na própria elaboração e 
consequente implementação de políticas públicas de fomento mais adequadas, particularmente 
no que se refere às MPEs, dado o seu potencial no contexto econômico e a grande 
heterogeneidade observada em nosso mercado. 
De acordo com a Organisation for Economic Co-Operation and Development (2010), 
mesmo países com limitados investimentos públicos podem fazer muito para o fortalecimento 
da inovação. Devem ser estabelecidas estruturas, normas e mercados que permitam – ou 
facilitem – às empresas e outros atores o desenvolvimento em inovação. Adequações 
estruturais nas políticas de educação e formação, nas políticas de empreendedorismo, 
mercados de produtos e de trabalho, nas instituições públicas de pesquisa e nas políticas para 
ajudar a desenvolver redes e mercados para o conhecimento podem percorrer um longo 
caminho no sentido de melhorar o ambiente para a inovação. Em paralelo, adequações fiscais 
também ajudam a reforçar o crescimento e a inovação. Ainda segundo a mesma fonte, é 
necessário a abordagem dos temas inovação e coerência nas intervenções políticas, de uma 
forma acessível e em tempo hábil. 
Entretanto, o direcionamento das políticas públicas de inovação, no Brasil, encontra-se 
muito fortemente baseado no incentivo fiscal, um mecanismo de apoio tradicional adotado 
também em diversos países. Representa a imediata dedução de gastos empenhados em P&D, 
crédito fiscal ou dedução de lucros tributáveis, conforme definido pela Lei do Bem (BRASIL, 
2005). De acordo com Cardoso Júnior (2010), a Lei do Bem ainda não apresentou resultados 
relevantes para justificar a investigação sobre a sua capacidade de estímulo à diversificação 
setorial dos investimentos realizados, em razão de que estes estímulos têm sido aproveitados, 
em sua maior parte, por setores que já desenvolviam as atividades inovativas. 
Isto nos leva ao entendimento de que os incentivos fiscais precisam ser considerados um 
instrumento complementar a outros fatores, e não a base de fomento a essas atividades, 
16 
 
embora ainda seja cedo para se analisar o futuro potencial de estímulo à inovação 
proporcionado por ele. 
Uma das características das atividades voltadas à inovação no Brasil - negativa, em nosso 
entendimento - diz respeito à quantidade e diversidade de instituições, públicas e privadas, que 
incentivam e fomentam a inovação, sem que os seus programas, de um modo geral, sigam uma 
diretriz de qualificação estratégica, considerando as necessidades, as diferenças e as 
potencialidades setoriais/regionais. Esta prática leva, naturalmente, à não maximização de 
esforços, com a consequente perda de parte dos aportes financeiros envolvidos. 
 
5 CONCLUSÃO 
 
Com base na fundamentação do artigo, conclui-se que o fato de existir pouca inovação 
no Brasil se deve a variados fatores. 
No geral, parece-nos não existir falta de conhecimento sobre a importância da inovação, 
mas sim a falta de entendimento sobre como implementar processos inovativos. 
Aliado a isto, ocorrem as barreiras que dificultam a habilitação das empresas - e em 
especial, das MPEs - aos programas de fomento, representadas pelo seu porte, recursos 
materiais e financeiros existentes, capacitação, seus modelos organizacionais, excesso de 
burocracia oficial para a habilitação e falta de adequação às necessidades específicas por parte 
das políticas disponibilizadas, principalmente. 
É preciso ampliar a base de empresas que inovam, em primeiro lugar aumentando a 
disseminação sobre como se beneficiar de tais práticas, o que parece não se mostrar eficaz até 
o momento. Aparentemente, existe um limitado grupo de empresas que se beneficia dos 
programas de fomento, pelo simples fato de já virem adotando antes as mesmas práticas. 
Significa que é preciso identificar pontualmente e entender os níveis de dificuldade 
apresentados pelas barreiras que prejudicam o aumento desta base de empresas, para que as 
políticas públicas possam ser direcionadas com maior efetividade, privilegiando a diversidade do 
público-alvo, ou seja, orientadas - até onde possível - para as necessidades setoriais específicas. 
17 
 
Entendido o processo inovativo como um componente crucial para o desenvolvimento 
econômico, as informações que permitam entender seu processo de geração, difusão e 
incorporação pelas empresas são de fundamental importância para odesenho, implementação 
e avaliação de políticas voltadas para a definição das estratégias e sua promoção. E aí repousa 
um enorme campo de pesquisa. 
Observando o conjunto das políticas utilizadas no Brasil, verifica-se que, em quantidade 
e diversificação, elas deveriam ser suficientes, mas ainda não conseguiram estabelecer um 
caminho de firmeza e confiança. Parece-nos que ainda não se torna imperativa a criação de 
novas ferramentas de fomento, mas sim a criação de formas de melhor adequar e maximizar as 
já existentes, o que nos leva também ao aspecto gerencial do problema, no que diz respeito à 
melhor compreensão do ambiente, segmentação (segmentar para melhor entender) e 
encaminhamento estratégico, ou seja, referimo-nos a planejamento de melhor qualidade. 
Assim, torna-se importante e necessário o desenvolvimento de análises mais específicas 
e pontuais sobre o status da inovação nas MPEs e dos motivos pelos quais elas pouco inovam, à 
luz do conceito contido no Manual de Oslo (ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION 
AND DEVELOPMEN, 2005) bem como das características dos obstáculos encontrados. 
A partir das considerações sobre a heterogeneidade deste grupo de empresas, pode-se 
melhor entender as principais dificuldades, que estão na razão direta das necessidades não 
atendidas; assim, as necessidades são diferentes. 
 
 
IF IT’S SO GOOD WHY SO LITTLE? 
 
ABSTRACT 
 
The study deals with the innovation as an instrument of great relevance to sustainable 
economic development. Aims to contribute to the contemporary debate about the reasons why 
the level of innovative activity in Brazil is so low, especially when referring to micro and small 
firms, contextualizing it in the form of its title "If it's so good, why so little?". For this leads to a 
raid on the relationship between economic development, industrial policy and its ramifications 
for public policy innovation, particularly targeted to micro and small firms. Presents an overview 
of the economic importance and potential of this group of firms, some of its characteristics and, 
as it walks to the conclusion that public policy on innovation for those firms lack adequate and 
18 
 
consequent effectiveness, points suggestions on possible ways that may deserve further in 
future research, the ongoing quest for greater understanding of the subject. 
 
Keywords: Innovation. Development. Economic Growth. Public Policy. Micro and Small Firms. 
Entrepreneurship. 
 
 
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