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e-Tec rede. .Brasil Topografi a para Edifi cações José Bello Salgado Neto São Luís-MA 2013 São Luís-MA Presidência da República Federativa do Brasil Ministério da Educação Secretaria de Educação a Distância Ficha catalográfica © Universidade Estadual do Maranhão Este caderno foi elaborado pela Universidade Estadual do Maranhão por meio do Núcleo de Tecnologias para Educação - UemaNet, para o Sistema Escola Técnica Aberta do Brasil (Rede e-Tec Brasil). Coordenadora de Design Educacional Profa. Maria de Fátima Serra Rios Professor-autor José Bello Salgado Neto Designer Educacional Cleidemar Algarves Revisão Ane Beatriz Duailibe Lucirene Ferreira Lopes Designer Gráfico Aerton Oliveira Annik Azevedo Helayny Farias Rômulo Santos Coelho Diagramação Josimar de Jesus Costa Almeida Luis Macartney Serejo dos Santros Tonho Lemos Martins Responsável pela Produção de Material Didático UemaNet Cristiane Costa Peixoto Reitor da UEMA Prof. José Augusto Silva Oliveira Vice-reitor da UEMA Prof. Gustavo Pereira da Costa Diretor de Centro de Ciências Tecnológicas - CCT Prof. Jorge de Jesus Passinho e Silva Coordenadora Geral do UemaNet Profa. Ilka Márcia Ribeiro de Sousa Serra Coordenadora Geral do e-Tec/UemaNet Profa. Eliza Flora Muniz Araújo Coordenador do Curso Técnico em Edificações Prof. Dr. José Bello Salgado Neto Salgado Neto, José Bello. Topografia para edificações / José Bello Salgado Neto. - São Luís: UemaNet, 2013. 249 p. ISBN: 978-85-63683-68-7 Sistema Escola Técnica Aberta do Brasil (Rede e-Tec Brasil). 1. Topografia. 2. Geodésia. 3. Edificações. I. Título CDU: 528:69 Apresentação e-Tec Brasil Prezado estudante, Bem-vindo à Rede e-Tec Brasil! Você faz parte de uma rede nacional pública de ensino, a Rede e-Tec Brasil, instituída pelo Decreto nº 7.589/2011, com o objetivo de democratizar o acesso ao ensino técnico público, na modalidade a distância. O programa é resultado de uma parceria entre o Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC), as universidades e escolas técnicas estaduais e federais. A educação a distância no nosso país, de dimensões continentais e grande diversidade regional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao garantir acesso à educação de qualidade, e promover o fortalecimento da formação de jovens moradores de regiões distantes, geograficamente ou economicamente, dos grandes centros. A Rede e-Tec Brasil leva os cursos técnicos a locais distantes das instituições de ensino e para a periferia das grandes cidades, incentivando os jovens a concluir o ensino médio. Os cursos são ofertados pelas instituições públicas de ensino e o atendimento ao estudante é realizado em escolas-polo integrantes das redes públicas municipais e estaduais. O Ministério da Educação, as instituições públicas de ensino técnico, seus servidores técnicos e professores acreditam que uma educação profissional qualificada – integradora do ensino médio e educação técnica –, é capaz de promover o cidadão com capacidades para produzir, mas também com autonomia diante das diferentes dimensões da realidade: cultural, social, familiar, esportiva, política e ética. Nós acreditamos em você! Desejamos sucesso na sua formação profissional! Ministério da Educação Nosso contato etecbrasil@mec.gov.br Indicação de ícones Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual. Atenção: indica pontos de maior relevância no texto. Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em diferentes níveis de aprendizagem para que o estudante possa realizá-las e conferir o seu domínio do tema estudado. Glossário: indica a definição de um termo, palavra ou expressão utilizada no texto. Mídias integradas: remete o tema para outras fontes: livros, filmes, músicas, sites, programas de TV. Saiba Mais: oferece novas informações que enriquecem o assunto ou “curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao tema estudado. Sumário Palavra do professor-autor ......................................................................................... 13 Apresentação da disciplina ........................................................................................ 15 Projeto instrucional ....................................................................................................... 17 Aula 1 – Generalidades ................................................................................................. 19 1.1 Introdução ............................................................................................................ 19 1.2 Geomática ............................................................................................................ 20 1.3 Um breve histórico ............................................................................................. 21 1.4 Importância da Topografia .............................................................................. 23 1.5 Definições de Topografia e Plano Topográfico ......................................... 24 1.6 Distinções entre a Topografia e a Geodésia ............................................... 26 1.6.1 Cartografia ............................................................................................................ 26 1.6.2 Geodésia ............................................................................................................... 27 1.6.3 Coordenadas Geográficas ............................................................................... 33 1.6.4 Coordenadas UTM ............................................................................................. 34 Referências ........................................................................................................... 38 Aula 2 - Divisão da Topografia, Unidades de Medida, Escalas, equipamentos convencionais e acessórios .......................................................................... 41 2.1 Divisões da Topografia ..................................................................................... 41 2.1.1 Topometria ........................................................................................................... 42 2.1.2 Topologia .............................................................................................................. 44 2.1.3 Taqueometria ...................................................................................................... 46 2.1.4 Fotogrametria ..................................................................................................... 47 2.2 Unidades de Medida ......................................................................................... 53 2.2.1 Unidade de medidas angulares .................................................................... 54 2.2.2 Unidade de medidas lineares ......................................................................... 57 2.2.3 Unidades de medidas agrárias ou de superfície ...................................... 58 2.3 Escalas .................................................................................................................... 59 2.3.1 Tipos de escalas .................................................................................................. 61 2.3.2 Critérios para a escolha da escala ................................................................. 61 2.4 Medida das distâncias ...................................................................................... 62 2.4.1 Medida Direta das Distâncias .........................................................................63 2.4.2 Medida Indireta das Distâncias ..................................................................... 71 Referências ............................................................................................................ 76 Aula 3 - Orientação das Plantas Topográficas .................................................... 79 3.1 Meridianos ............................................................................................................ 79 3.2 Azimutes ............................................................................................................... 80 3.3 Rumos .................................................................................................................... 81 3.4 Conversão de Rumo em Azimute e vice-versa ......................................... 83 3.5 Norte Magnético e Declinação Magnética ................................................ 86 3.5.1 Declinação Magnética ...................................................................................... 87 3.5.2 Variações da declinação magnética ............................................................ 88 3.5.3 Determinação da Declinação Magnética ................................................... 91 3.5.4 Determinação do Norte Geográfico pelo Processo das Alturas Correspondentes do Sol .................................................................................. 96 Referências ............................................................................................................ 99 Aula 4 - Principais Métodos de Levantamento Planimétrico ................... 101 4.1 Medidas Angulares ........................................................................................... 101 4.2 Levantamento de Poligonais ......................................................................... 107 4.2.1 Classificação das Poligonais ........................................................................... 107 4.2.2 Levantamento por Caminhamento ............................................................ 109 4.2.3 Levantamento por Irradiação ........................................................................ 123 4.2.4 Levantamento por Intersecção ..................................................................... 128 Referências .......................................................................................................... 131 Aula 5 - Cálculo das Coordenadas e da Área de Poligonais ......................... 133 5.1 Coordenadas topográficas ............................................................................. 133 5.1.1 Abscissa e Ordenada de pontos topográficos ......................................... 135 5.1.2 Projeções dos alinhamentos .......................................................................... 135 5.1.3 Determinação das Coordenadas de Poligonais Abertas ..................... 137 5.1.4 Determinação das coordenadas de poligonais fechadas .................... 140 5.2 Cálculo de Áreas ................................................................................................. 149 5.2.1 Método geométrico ou gráfico ..................................................................... 150 5.2.2 Método mecânico ou eletrônico .................................................................. 152 5.2.3 Método Analítico ............................................................................................... 155 Referências .......................................................................................................... 158 Aula 6 - Métodos de Levantamento Altimétrico: nivelamento geométrico de pontos .............................................................................................................. 161 6.1 Nivelamento Geométrico ............................................................................... 161 6.1.1 Equipamentos utilizados nos nivelamentos geométricos .................. 163 6.1.2 Nivelamento Geométrico Simples .............................................................. 164 6.1.3 Nivelamento Geométrico Composto ......................................................... 167 Referências .......................................................................................................... 176 Aula 7 - Curvas de Nível e Métodos de Obtenção ............................................. 177 7.1 Principais conceitos .......................................................................................... 177 7.2 Formas das Curvas de Nível ........................................................................... 179 7.3 Intervalos ou equidistâncias entre as Curvas de Nível ......................... 182 7.4 Erros de interpretação gráfica nas Curvas de Nível ................................ 183 7.5 Métodos de Obtenção das Curvas de Nível .............................................. 183 7.5.1 Método da Quadriculação .............................................................................. 184 7.6 Traçados de Perfis .............................................................................................. 187 7.7 Traçado de curvas de nível com o auxílio do computador .................. 188 Referências .......................................................................................................... 191 Aula 8 - Noções de terraplanagem e locação de obras ................................. 193 8.1 Principais conceitos ......................................................................................... 193 8.2 Cálculo dos volumes de corte e aterro ...................................................... 196 8.2.1 Determinação das áreas das seções transversais ou perfis longitudinais ..................................................................................................... 197 8.2.2 Determinação dos volumes de corte e aterro ........................................ 200 8.3 Locação de obras ............................................................................................. 206 Referências .......................................................................................................... 211 Aula 9 - Sistema de Posicionamento Global (GPS) e estações totais ........ 213 9.1 Um pouco de história ..................................................................................... 213 9.2 O GPS e os modelos de representação da terra ...................................... 216 9.3 Segmentos do GPS ........................................................................................... 217 9.3.1 Segmento Espacial ........................................................................................... 218 9.3.2 Segmento de Controle ................................................................................... 219 9.3.3 Segmento do usuário ..................................................................................... 220 9.4 O Sinal do GPS ................................................................................................... 222 9.4.1 A Degradação da Precisão ............................................................................. 223 9.5 Determinando a nossa posição na terra .................................................. 224 9.5.1 Calculando as pseudodistâncias ................................................................ 225 9.6 Aplicações de Campo ...................................................................................... 227 9.6.1 Levantamentos estáticos com GPS ............................................................ 228 9.6.2 Levantamentos cinemáticos ........................................................................ 2289.7 Precisão dos levantamentos ......................................................... 231 Referências .......................................................................................................... 234 Aula 10 - Desenho Topográfico para Edificações .......................................... 235 10.1 Introdução ......................................................................................................... 235 10.2 Convenções Topográficas e Cartográficas ............................................. 236 10.3 Formato do papel ............................................................................................ 237 10.4 Planta Topográfica .......................................................................................... 237 10.4.1 Principais escalas utilizadas no desenho topográfico ......................... 239 10.5 Desenho de poligonais pelas coordenadas cartesianas ................... 240 10.6 Desenho de detalhes ..................................................................................... 242 10.7 Desenho de curvas de nível ........................................................................ 243 10.7.1 Princípios de Brisson ...................................................................................... 244 10.7.2 Princípio de Boulanger .................................................................................. 246 Referências ........................................................................................................ 248 Currículo do professor-autor ....................................................................... 249 Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 13 Palavra do professor-autor Caro estudante, Você está iniciando mais uma disciplina do primeiro Módulo do Curso Técnico de Edificações na modalidade a distância oferecido pela Universidade Estadual do Maranhão - UEMA, em parceria com o Sistema Escola Técnica Aberta do Brasil – e-Tec Brasil. A escolha que você fez certamente o levará a empreender uma importante jornada em sua vida, que poderá torná-lo pleno em realizações pessoais, na medida em que promoverá a sua inserção num promissor mercado de trabalho. A Universidade Estadual do Maranhão - UEMA, verificando a importância do Técnico em Edificações e a grande demanda do mercado da construção civil em franca expansão, principalmente na cidade de São Luís, ao lado da demanda por profissionais qualificados pelas empresas construtoras em suprir seus quadros técnicos, elaborou o projeto pedagógico do curso o qual foi aprovado pelo MEC. Salienta-se, ainda, que o Estado do Maranhão diante de tantos empreendimentos de vulto, principalmente na incorporação de prédios e condomínios horizontais, necessita de profissionais técnicos nessa área que possam atuar com profissionalismo, de modo que o resultado se materialize em construções com um alto padrão de qualidade. Por outro lado, com as perspectivas alvissareiras da implantação de grandes polos industriais no Estado e com a vinda de grandes empreendimentos, faz-se necessário qualificar mão de obra em nível médio, de modo que o cidadão maranhense não seja excluído do rol de oportunidades que estão se apresentando. Por fim, desejo convidá-lo a percorrer estas páginas de modo interessado e atento, a fim de que você possa conhecer todos os procedimentos para torná-lo no futuro um Técnico de Edificações, pronto a comandar homens e administrar processos, com a capacidade de ajudar a realizar os sonhos de brasileiras e brasileiros na busca de melhores dias. Um forte abraço! Prof. José Bello Salgado Neto 15Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil Apresentação da disciplina Caro estudante, A disciplina Topografia para Edificações é essencial para o projeto e execução de construções prediais, porque traz no seu bojo um conjunto de técnicas que, aliadas à prática de escritório e de campo, permitem o conhecimento do terreno (lote ou área de maior porte), tanto no aspecto da sua forma e dimensões (lineares e de superfície), como no seu relevo (determinação de altitudes). O resultado dos processos de medição de um terreno, conhecido como levantamento topográfico, permitirá a elaboração das plantas topográficas, que servirão de base ao projeto e a execução da futura edificação. Por isso, antes que se iniciem as etapas de anteprojeto e projeto, é necessário que um profissional de topografia (topógrafo) vá ao terreno e, utilizando equipamentos topográficos, realize as operações necessárias à obtenção de um conjunto de dados e informações, as quais nortearão a confecção da planta do terreno, conforme já foi dito. Ao lado dos conteúdos teóricos, apresentados neste caderno, serão realizadas aulas práticas, a fim de familiarizar os alunos com os instrumentos e os seus manuseios, além das técnicas de levantamento no campo. Também será necessário incorporar o trabalho de escritório, que se traduzirá por operações matemáticas e/ou uso de softwares, responsáveis pelo processamento dos dados obtidos no campo, os quais resultarão em informações para o desenho da planta. Ou seja, num levantamento topográfico para a obtenção do produto final (a planta do terreno) é necessário a realização da fase de campo (levantamento de campo) e da fase de escritório (cálculos e desenho da planta). 16 Para o estudo da presente disciplina serão necessários conhecimentos de Matemática do Ensino Médio, especificando-se os conteúdos de Geometria Plana, Geometria Analítica e Trigonometria, além dos conhecimentos elementares de Aritmética e Álgebra. Entretanto, a fim de facilitar a compreensão dos assuntos abordados, será incluído um considerável número de exercícios de aplicação, além das atividades que você deverá desenvolver de modo sistemático e progressivo. Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 17 Projeto instrucional Disciplina: Topografia para Edificações Carga horária: 60 horas Ementa: Generalidades. Divisão da Topografia. Escalas e unidades de medidas. Medição de Distâncias Horizontais. Teodolito. Mira estadimétrica. Técnicas de levantamentos topográficos. Orientação dos trabalhos topográficos. Sistema de coordenadas. Métodos de determinação de áreas. Levantamento altimétrico. Nivelamento geométrico. Desenho topográfico e memorial descritivo. Posicionamento por satélites. Locação. Estação Total. Levantamento planialtimétrico. Aula Objetivos de Aprendizagem Materiais CARGA HORÁRIA 1. Generalidades Conhecer a história da Topografia; Descrever os princípios fundamentais da Topografia; Conceituar Topografia. Caderno impresso. Sala virtual no AVA Moodle. No polo, computadores com editor de textos e acesso à Internet. 05 hs 2. Divisão da Topografia, Unidades de Medida, Escalas, equipamentos convencionais e acessórios Distinguir as áreas de conhecimento da topografia; Conhecer suas unidades de medida e as escalas de representação do desenho topográfico; Apreender a técnica de medir distâncias com instrumentos. Caderno impresso. Sala virtual no AVA Moodle. No polo: computadores com editor de textos, planilhas eletrônicas e acesso à Internet. 05 hs 3. Orientação das Plantas Topográficas Averiguar as formas de orientação das plantas topográficas, com relação aos pontos cardeais geográficos e magnéticos; Conhecer os principais conceitos relativos ao assunto; Determinar a declinação magnética. Caderno impresso. Sala virtual no AVA Moodle. No polo: computadores com editor de textos, planilhas eletrônicas e acesso à Internet. 05 hs 4. Principais Métodos de Levantamento Planimétrico Conhecer os diversos métodos delevantamento planimétrico de terrenos, para determinar a forma e dimensões; Realizar operações matemáticas para obtenção de azimutes e rumos dos alinhamentos; Distribuir erros angulares do levantamento em poligonais fechadas. Caderno impresso. Sala virtual no AVA Moodle. No polo: computadores com editor de textos, planilhas eletrônicas e acesso à Internet. Equipamentos topográficos no campo. 10 hs 5. Cálculo das Coordenadas e da Área de poligonais Obter de modo analítico ou gráfico as coordenadas de poligonais abertas ou fechadas; Determinar a área de terrenos; Aprender a desenhar poligonais utilizando as coordenadas retangulares. Caderno impresso. Sala virtual no AVA Moodle. No polo: computadores com editor de textos, planilhas eletrônicas, softwares topográficos e acesso à Internet. 05 hs 18 6. Métodos de Levantamento Altimétrico: nivelamento geométrico de pontos Obter as cotas e altitudes do terreno, por meio do nivelamento geométrico; Desenhar os perfis longitudinais ou seções transversais do terreno; Conhecer os equipamentos destinados a essas atividades; Efetuar os cálculos necessários à obtenção de cotas e/ou altitudes. Caderno impresso. Sala virtual no AVA Moodle. No polo: computadores com editor de textos, softwares topográficos e acesso à Internet. Equipamentos topográficos no campo. 10 hs 7. Curvas de níveis e métodos de obtenção Conhecer os tipos de curvas de nível; Utilizar os resultados dos nivelamentos geométricos (cotas, altitudes ou plantas cotadas) para elaborar o traçado das mesmas; Distinguir os erros de traçado das curvas de nível. Caderno impresso. Sala virtual no AVA Moodle. No polo: computadores com editor de textos, planilhas eletrônicas, softwares topográficos e acesso à Internet. 05 hs 8. Noções de terraplanagem e locação de obras Propor alterações no terreno para a construção da edificação projetada; Realizar cálculos para conhecer os volumes de corte e aterro nas operações de terraplanagem; Supervisionar a locação das fundações das edificações, após a etapa de terraplanagem. Caderno impresso. Sala virtual no AVA Moodle. No polo: computadores com editor de textos, softwares topográficos e acesso à Internet. Equipamentos topográficos no campo. 05 hs 9. Sistema de Posicionamento Global (GPS) e estações totais Conhecer um pouco da evolução histórica do Sistema de Posicionamento Global (GPS); Entender os princípios fundamentais em que as medições realizadas pelo GPS se apoiam; Conhecer os principais métodos de levantamento no campo. Caderno impresso. Sala virtual no AVA Moodle. No polo: computadores com editor de textos, planilhas eletrônicas, softwares topográficos e acesso à Internet. Equipamentos topográficos no campo. 05 hs 10. Desenho topográfico e memorial descritivo Conhecer as principais convenções topográficas e cartográficas; Utilizar as escalas mais usuais; Elaborar plantas topográficas planialtimétricas. Caderno impresso. Sala virtual no AVA Moodle. No polo: computadores com editor de textos, softwares topográficos e de desenho e acesso à internet. Prancheta e materiais de desenho. 05 hs Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 19 Aula 1 - Generalidades 1.1 Introdução A topografia é tão antiga quanto a história da humanidade e sua evolução tem acompanhado o desenvolvimento das ciências exatas, especialmente a Matemática, a Física (ótica e eletrônica), a Informática e a Mecânica de precisão. É, portanto, uma ciência aplicada que trata da determinação das dimensões e da forma da superfície terrestre, por meio da medição de distâncias, direções e altitudes. Também inclui a locação de linhas e de malhas necessárias à construção de prédios, ruas, rodovias, ferrovias, barragens e outras tantas obras de Engenharia Civil. Tem ainda aplicação na Engenharia Agronômica, no levantamento de grandes áreas (glebas) e na irrigação. Na indústria, presta- se à operação de montagem de grandes estruturas, como por exemplo, na montagem de navios ou de aeronaves de grande porte, ou ainda de correias transportadoras. Mais especificamente, a topografia permite o calculo de áreas, volumes e outras quantidades, além da elaboração de mapas e plantas, perfis e seções da superfície da Terra e outros diagramas. Objetivos • Conhecer a história da Topografia; • Desenvolver os princípios fundamentais da Tipografia; • Conceituar Topografia. Locação é o processo de materialização de pontos no terreno, com a finalidade de permitir o início de alguma atividade de Engenharia, como a construção de edificações, por exemplo. A locação é feita no solo por meio de piquetes de madeira, de seção circular ou quadrada, cujas dimensões variam entre 15 a 20 cm de comprimento, e cujo diâmetro tem aproximadamente 3 cm, no caso de seção circular, ou 3cm x 3cm, no caso de seção quadrada , sendo que uma das extremidades possui ponta para permitir sua cravação no solo, e a outra é cortada transversalmente ao piquete, para que seja pintado um pequeno ponto na cor vermelha ou branca, o qual representa efetivamente o ponto locado. Aula 1 - Generalidades20 Com o desenvolvimento e a inovação nas áreas de Informática e Eletrônica, a Topografia vem avançando rapidamente nos seus processos de medição, coleta, registro, processamento de dados e apresentação dos resultados de uma forma jamais vista em toda a sua história. Até pouco tempo atrás, os topógrafos realizavam suas medições com trenas de aço ou fibra de vidro e mediam ângulos com aparelhos denominados de trânsitos ou teodolitos. As altitudes eram obtidas por meios de instrumentos denominados níveis de precisão. Por outro lado, os resultados eram apresentados por meio de planilhas, tabelas e plantas elaboradas de modo demorado e de forma laboriosa. Atualmente, o topógrafo realiza a medição de ângulos, distâncias e posição de pontos de modo automático com a utilização de aparelhos eletrônicos e de precisão denominados de estações totais. Os dados coletados e registrados são processados numa velocidade espantosa em computadores, que também permitem o desenho e impressão em plotters por meio da associação de softwares de topografia processados em ambiente CAD. Entretanto, é importante ressaltar que sem o conhecimento dos fundamentos da topografia, das técnicas de levantamento convencionais e das operações de cálculo de direções, superfícies e volumes, não é possível ao profissional de topografia a utilização dos novos instrumentos eletrônicos e das ferramentas computacionais, assim como é impossível a elaboração de um projeto arquitetônico no ambiente do CAD, sem o conhecimento do desenho arquitetônico e suas convenções. Tais avanços têm contribuído para o progresso de outras áreas correlatas, que incluem Sistemas de Informações Geográficas (SIG), Sistemas de Informações Territoriais e Sistema de Posicionamento Global (GPS – Global Positioning System), Sensoriamento Remoto e outros. Por isso, alguns autores admitem que o termo topografia não é mais adequado para englobar todas essas novas atividades vinculadas ao trabalho tradicional do topógrafo. 1.2 Geomática Segundo McCormac (2011), em 1988, a Canadian Association of Aerial Surveyors introduziu o termo geomática para abranger as disciplinas de Geomática é o nome dado a um ramo do conhecimento relativamente novo que consiste na coleta, processamento e produção de informações geográficas e também projeções físicas bem como sua futura catalogação para uma efetiva e racional utilização das informações coletadas. Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 21Topografia, Mapeamento, Sensoriamento Remoto e Sistemas de Informações Geográficas. Por conseguinte, a Topografia faz parte desta nova disciplina, cuja terminologia é bem nova. Como a geomática é relativamente recente, existem poucas definições da mesma, entretanto, todas elas têm em comum o tema do “trabalho com dados espaciais” que se relaciona com dados da localização de pontos no espaço geográfico. Assim, McCormac (2011) define a geomática “como uma abordagem inter-relacionada a medição, análise, gerenciamento, armazenamento e apresentação de descrições e localizações de dados espaciais”. 1.3 Um breve histórico Certamente a Topografia é tão antiga quanto às civilizações, já que o direito de propriedade exigia a demarcação dos seus exatos limites. No antigo Egito, por exemplo, após a cheia do Rio Nilo, os agrimensores (medidores de terra) daquela época tinham que refazer os limites das áreas rurais que se tornavam férteis para um novo plantio. O historiador grego Heródoto (“o pai da história”) informa que desde 1400 a.C., a Topografia vinha sendo usada no Egito, quando aquele país foi divido em parcelas para fins de cobrança de impostos. McCormac (2011) faz referência a descobertas arqueológicas de mapas da Babilônia em tábuas 2500 a.C., bem como, evidências de registros históricos na Índia e na China, que indicam a prática da Topografia naqueles países no mesmo período. O desenvolvimento da Topografia não veio separado de outras ciências como a Astrologia, Astronomia e a Matemática, já que essas disciplinas eram interligadas. O termo geometria, por exemplo, é derivado das palavras gregas: geos (terra) e metron (medida) significando medições de terra. Ainda no Egito, McCormac (2011) informa que os topógrafos responsáveis pela relocação dos limites de áreas após as cheias eram denominados por harpedonapta, ou “esticadores-de-cordas”, pois os mesmos costumavam usar cordas com marcadores em nós distribuídos em certos intervalos, para suas Aula 1 - Generalidades22 medições. Nessa época, os topógrafos eram extremamente necessários na irrigação de terra, na construção de pirâmides, prédios públicos etc. A pirâmide de Gizé tem um erro de apenas 20 cm em uma de suas bases que mede 228 m, o que demonstra a precisão do método desses antigos topógrafos egípcios, que utilizavam de equipamentos rudimentares, como o nível apresentado na Figura 1, cuja função era manter as fundações niveladas. Figura 1 – Armação antiga para nivelamento Fonte: McCORMAC, 2011 No vértice superior do triângulo de madeira é fixado um fio de prumo que tocava a régua horizontal na sua base, a qual possuía um traço no centro da mesma. As fundações estariam a nível quando o prumo se posicionasse na direção do traço. O autor ainda faz referência aos romanos, os quais incorporaram vários avanços na topografia, com a construção de muitas obras de engenharia durante seu império, como cidades, aquedutos, estradas e acampamentos militares. Para tal, criaram um sistema de coordenadas retangulares e levantaram as principais rotas para as operações militares no continente europeu, na África Setentrional e até em partes da Ásia. Espartel (1980), em sua conceituada obra Curso de Topografia, refere-se ao desenvolvimento da Topografia nos últimos séculos, deixando de lado o empirismo, para ser uma autêntica ciência, graças ao notável desenvolvimento da Matemática e da Física. Segundo esse autor, a Carta da França publicada no início do século foi o primeiro trabalho executado com técnica e estilo próprios. Durante longas eras, a topografia permaneceu estacionária. Entretanto, contribuições notáveis no campo da ótica, da mecânica de precisão, da eletrônica e da computação, permitiram o surgimento de novos instrumentos como Prumo é um instrumento formado de uma peça de metal (cilindro unido a um cone) suspenso por um fio, com que se determina a linha vertical (MINI AURÉLIO, 2001). Aquedutos são sistemas de canalização de água por gravidade, originalmente formado de estrutura com uma ou mais ordens de arcadas superpostas (MINI AURÉLIO, 2001). Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 23 luneta, vernier, teodolito, medidor de distância eletrônico (distanciômetro), estação total e receptores GPS, ao lado de outros, que contribuíram para a obtenção de mapas e plantas precisas, além da minimização do tempo de execução das atividades de campo e escritório. 1.4 Importância da Topografi a Algumas aplicações da Topografi a já foram aqui citadas. Entretanto, é importante compreender que, como o produto fi nal da Topografi a é uma planta topográfi ca, sobre esta é que será realizado o projeto executivo para a construção de obras diversas. Porém, o primeiro passo para a execução dessas obras será a locação das suas fundações e todas as atividades construtivas serão acompanhadas pela topografi a, a fi m de verifi car se as medidas e os níveis estão obedecendo ao projeto. Outras obras depois de concluídas precisam ser constantemente monitoradas, para que tenhamos a certeza de que elas estão estabilizadas. Esse é o caso das barragens e das pontes, por exemplo. Então podemos dizer que a topografi a é necessária antes, durante e após o processo de implantação de uma obra de engenharia. A Figura 2 apresenta um caso de acompanhamento pós- construção. Figura 2 – Aplicação da topografi a em monitoramento de barragens Fonte: Cortesia Leika / Geosystems, 2013. Aula 1 - Generalidades24 Dessa forma, a Topografia além de atuar no levantamento de áreas, exerce um importante papel nas mais diversas atividades das engenharias, da arquitetura e urbanismo, e outras, tais como: • Estradas: ferrovias e rodovias; • Construção de túneis; • Portos e canais; • Irrigação e drenagem; • Cadastros técnicos municipais (urbanos e rurais); • Mapeamento urbano; • Saneamento básico; • Redes de abastecimento de água; • Urbanização – planejamento urbano; • Projeto de loteamento; • Traçado de cidades; • Projeto e construção de edificações; • Locação industrial; • Mineração e pesquisas minerais; • Aerofotogrametria; • Geodésia por satélite - GPS; • Geoprocessamento – GIS; • Montagem de aviões e navios etc. 1.5 Definições de Topografia e Plano Topográfico O vocábulo Topografia derivou das palavras gregas Topos (lugar) e Grafia (descrição). Portanto, o significado etimológico Topografia seria a descrição do lugar. Segundo Espartel (1980), a Topografia é uma ciência aplicada que tem por finalidade a determinação do contorno, dimensão e posição relativa de uma porção limitada da superfície terrestre sem levar em conta a esfericidade Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 25 da Terra. A Topografia estuda os instrumentos, métodos de operação no terreno, cálculos e desenhos necessários ao levantamento e representação gráfica mais ou menos detalhada de uma parte da superfície terrestre. A NBR 13.133/94 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) preconiza que a Topografia trata da representação gráfica da superfície terrestre num plano horizontal (plano topográfico) de projeção com dimensão máxima de 80 km. Verificamos, pois, que as duas definições restringem de certa forma a área a ser medida, pois a primeira não leva em conta a esfericidade terrestre, enquanto a segunda estabelece uma distância máxima para levantamentos topográficos. Isso acontece porque quando medimos distâncias na superfície terrestre, “nos esquecemos” que a terra possui uma curvatura e fazemos a trena ser esticada na horizontal, ou medimos distâncias por meio eletrônico sempre levandoem conta que as distâncias computadas são horizontais. Essa metodologia é assim adotada para que tenhamos as áreas projetadas num plano horizontal, que denominamos de Plano Topográfico. Na prática, o Plano Topográfico seria uma superfície imaginária que coincide com o nível médio do mar, se este estivesse em repouso absoluto, o que, portanto, não poderia exceder a um determinado comprimento, já que a partir de certa dimensão a curvatura da Terra induz a erro de medida. Assim, o plano topográfico trata-se de uma simplificação ou modelo, onde a Terra é considerada plana. Borges (2004) estabelece o limite de uma superfície de 55 km² para trabalhos topográficos precisos, lembrando que um plano é considerado horizontal quando o mesmo é perpendicular à vertical do lugar, ou seja, a linha formada pelo fio de prumo que aponta para o centro de gravidade da Terra. Figura 3 – O plano topográfico e a curvatura da terra Fonte: O autor, 2013 Aula 1 - Generalidades26 A figura 3 mostra que a distância entre os pontos A e B na superfície terrestre não é igual à sua projeção ortogonal no plano topográfico A’B’. Outra observação importante é a não coincidência entre as verticais AO e BO, que se interceptam no centro de gravidade da Terra e as projeções ortogonais ao plano topográfico AA’e BB’, denotando, dessa forma, o erro de curvatura terrestre quando realizamos medições muito grandes sobre a superfície. É, portanto, no plano topográfico, modelo simplificado da superfície terrestre, que todas as medições lineares (distâncias horizontais e verticais) e ângulos, realizadas no terreno, serão projetados ortogonalmente, dando origem as plantas topográficas planialtimétricas (que contêm a forma e o relevo do terreno), obedecidas as suas limitações de distâncias. Entretanto, antes de entrarmos especificamente na Topografia, deveremos conhecer um pouco mais sobre simplificações realizadas nos modelos utilizados em levantamentos de grandes extensões territoriais. Por isso, é relevante conhecer algumas definições importantes. 1.6 Distinções entre a Topografia e a Geodésia Para entender melhor o contexto em que a Topografia se insere, temos que conhecer conceitualmente outras ciências, como a cartografia e a geodésia. Como vimos, a Topografia tem a sua utilização restrita a pequenas áreas e, portanto, ela se situa dentro de campos de conhecimento mais restritos e especializados. Por isso, alguns autores a situam dentro do campo da Cartografia, que é mais ampla abrangendo grandes porções da superfície terrestre, como estados, países e até continentes. 1.6.1 Cartografia É a ciência aplicada que trata da representação gráfica da superfície terrestre. É responsável pela elaboração de cartas ou mapas de grandes superfícies terrestres. A cartografia possui muitas formas de representação e leva em Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 27 conta a curvatura da Terra, aspecto que é dispensado pela Topografia, como já se disse anteriormente. Alvares et al (2003) dividem a cartografia em: Geodésia e Topografia. Para maior compreensão da Topografia, antes abordaremos sucintamente a Geodésia. 1.6.2 Geodésia A Geodésia se ocupa dos processos de medida e especificação para o levantamento de um Estado ou de um país, projetada numa superfície de referência, geométrica e analiticamente definida por parâmetros, variáveis em número, de acordo com as considerações sobre a forma da Terra (ESPARTEL; LÉLIS, 1980). A Geodésia leva em conta a curvatura da Terra nos seus processos de medida, valendo-se de uma simplificação matemática, na qual o volume irregular da Terra é substituído pelo elipsoide de revolução (elipse que gira em torno do seu eixo menor). A Geodésia é, portanto, uma ciência aplicada que tem por objetivo o estudo da forma e dimensões da Terra. Segundo Espartel (1980), a Geodésia se divide em: • Geodésia superior: de cunho meramente científico, estuda a forma, dimensões e massa da terra, deslocamento dos continentes, estuda e monitora falhas geológicas que provocam os terremotos. A geodésia utiliza-se de satélites para obtenção de medidas de alta precisão, Geodésia Celeste; • Geodésia elementar: procura determinar, com precisão, a posição de pontos sobre a superfície terrestre, levando em consideração a sua forma, fornecendo para a topografia uma rede triangular de pontos de apoio aos levantamentos topográficos. Essa rede de pontos triangulares possuem coordenadas geográficas precisas (latitude, longitude e altitude). São nesses pontos que os levantamentos topográficos “amarram” suas poligonais, ou seja, determinam as coordenadas precisas dos pontos de seus levantamentos, utilizando-se de pontos da rede geodésica que estão mais próximo. Os vértices da rede geodésica podem ser de 1a, 2a e 3a ordem (em função da precisão) e estão amarrados num ponto Aula 1 - Generalidades28 chamado DATUM, que é o ponto de partida de uma rede geodésica. No Brasil, o DATUM Horizontal conhecido como vértice de CHUÁ está localizado no Estado de Minas Gerais. Ao longo dos anos, os pontos de 1ª ordem têm sido implantados, em marcos de concreto pelo Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE), com o apoio da Diretoria de Serviços Geográfi cos do Exército (DSGE). Os de 2ª ordem são implantados por empresas de consultoria ao realizarem algum levantamento, tendo como base das suas redes, pelo menos dois pontos de 1ª ordem. Como exemplo, os levantamentos do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) para a legalização e demarcação de glebas (grandes áreas rurais), implanta no terreno marcos de 2ª ordem, pois foram derivados dos marcos ou vértices ofi ciais. Caso um terceiro, ao realizar um levantamento topográfi co, tome como referência dois marcos de 2ª ordem, então aqueles que deixarem na área serão considerados de 3ª ordem. Como analogia podemos entender os vértices de 1ª, 2ª e 3ª ordens, como um veículo novo que é adquirido na concessionária e depois revendido para um segundo dono, que após seu uso o revende novamente para um terceiro. A Figura 4 abaixo mostra o vértice de CHUÁ em Minas Gerais, primeiro vértice da Rede Geodésica Brasileira. Figura 4 - Vértice de CHUÁ (Datum Horizontal do Sistema Geodésico Brasileiro) Fonte: Apresentação de Equipamentos da Leika Geosystems, 2008 Atualmente, o IBGE procurou suprir algumas demandas pelo georeferenciamento de pontos no país implantando as redes GPS estaduais, já que tais demandas são cada vez mais ampliadas devido à utilização das Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 29 técnicas de posicionamento por satélites artifi ciais. A principal causa desse novo serviço do IBGE é o auxílio aos proprietários rurais, que por força da lei nº 10.267/2001, estabelecida pelo INCRA, tornou obrigatório o georeferenciamento de pontos nos levantamentos de grandes propriedades, tendo como referência o Sistema Geodésico Brasileiro - SGB. O IBGE pretende estabelecer tais redes em todas as Unidades da Federação para que estas possuam uma rede altamente precisa e conectada entre si, tendo como referência a Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo (RBMC), a qual é a principal estrutura geodésica no território nacional. Segundo o IBGE (2013), até dezembro de 2006 foram estabelecidas 13 redes GPS estaduais (abrangendo 18 estados): São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Acre e a rede Nordeste. A rede Nordeste foi um caso a parte, pois foi estabelecida em uma única campanha de medição contemplando os estados de Alagoas, Sergipe, Pernambuco,Paraíba e Rio Grande do Norte. Quanto à localização de cada marco, esta é previamente escolhida juntamente com representantes de instituições federais, estaduais e municipais, de modo a zelar pela integridade física do marco, isto é, evitar abalos ou depredações que possam interferir nas coordenadas do mesmo ou até mesmo na sua destruição, o que se constituiu em crime contra o patrimônio, passível de responsabilidade civil e penal. A Figura 5 apresenta a Rede de Vértices do Estado de São Paulo, implantada pela USP/Escola Politécnica com o apoio e homologação do IBGE. Notem que as letras que aparecem juntas aos vértices são os nomes abreviados de alguns municípios do Estado (USP/ESCOLA POLITÉCNICA, 2013). Figura 5 - Rede Geodésica do Estado de São Paulo Fonte: Site da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), 2013 Aula 1 - Generalidades30 Devemos lembrar que a Terra não é uma esfera perfeita, pois existe um achatamento nos seus polos. Além disso, esse sólido apresenta variações na sua crosta, que dificultam a medição de distâncias. Por isso, os estudiosos do assunto definiram uma primeira simplificação, propondo a definição de geoide. Geoide é a superfície teórica ou ideal da terra que se obteria considerando o nível médio do mar em repouso e prolongado através dos continentes, sem ser submetida ao fenômeno das marés, ondas, diferenças de temperatura, nem movimento algum. A superfície do geoide corta perpendicularmente em todos os seus pontos a vertical, ou seja, à direção da força de gravidade (SEIXAS, 1981, p.3). Segundo Brandalise (2013), o modelo geoidal somente pode ser determinado matematicamente por meio de medidas gravimétricas, ou seja, relativas à força de gravidade terrestre. Tais mensurações que são efetuadas sobre a superfície terrestre não serão abordadas no contexto do presente estudo. Figura 6 – Simplificação da superfície terrestre pelo geoide Fonte: ESPARTEL, 1980 Observamos que os pontos A, B e C da superfície terrestre foram projetados ortogonalmente sobre o geoide (A0, B0 e C0). Como o geoide coincide com o nível médio do mar prolongado pelo continente, as distâncias verticais entre A e A0, B e B0 e C e C0 são as altitudes dos pontos localizados na superfície da Terra. Esse sólido imaginário, como se vê, excluiu as ondulações existentes nos continentes, como montes e montanhas. Mesmo assim, o sólido resultante dessa simplificação, também denominado de modelo geoidal, não permite o cálculo preciso, ou seja, a determinação de uma equação analítica representativa da sua forma. Assim, pela dificuldade em determinar a verdadeira forma do geoide, recorreu-se a superfícies aproximadas e mais simples. Assim, muitas determinações efetuadas em diversos locais do globo mostraram que o geoide se confunde muito sensivelmente com um elipsoide de revolução. Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 31 Elipsoide de revolução é o sólido obtido pela rotação de uma semi elipse sobre o eixo menor, sendo que esse semi eixo menor coincide com o eixo imaginário de rotação da Terra, que liga o Polo norte ao Polo sul. A Figura 7 representa o elipsoide de revolução com os seus semi-eixos a e b. A partir da adoção desse importante conceito, vários estudiosos se dispuseram a mensurar as dimensões da Terra tendo como referência o modelo elipsoidal. Bessel (1841), Clarke (1858), Helmert (1907) e Hayford (1909) determinaram dimensões muito próximas entre si. Entretanto, a seção de Geodésia da União Geodésica Internacional, em assembleia geral realizada em Madrid, em 1924, resolveu recomendar o emprego do elipsoide internacional da Terra, cujos parâmetros são o raio equatorial e o achatamento, os quais foram determinados por HAYFORD em 1909 (ESPARTEL, 1980). O Quadro 1 apresenta os parâmetros obtidos desses elipsoides. Quadro 1 - Parâmetros dos Elipsoides na História Elipsoide Semi-eixo maior (m) (a) Semi-eixo menor (m) (b) Achatamento α=(a-b)/a Excentricidade BESSEL (1841) 6.377.397,16 6.356.078,96 1/299,15 0,081696 CLARKE (1858) 6.378.249,17 6.356.514,99 1/292,46 0,0824991 HELMERT (1907) 6.378.200,00 6.356.818,17 1/298,30 0,0818120 HAYFORD (1909) 6.378.388,00 6.356.912,000 1/297 0,0819994 Fonte: ESPARTEL, 1980 Figura 7 – O Elipsoide de Revolução Fonte: O autor, 2013 Aula 1 - Generalidades32 Notem que os valores mensurados, em metros, nos quatro modelos são muito próximos entre si, o que comprova a exatidão dos cálculos realizados pelos cientistas de então e que ainda são levados em conta na atualidade. As mensurações realizadas pelos três últimos cientistas diferem apenas na casa das centenas de metros. Segundo Brandalise (2013), no Brasil, as cartas produzidas desde 1924 até meados da década de 1980 utilizaram os parâmetros de Hayford, como referência. A partir dessa data, as cartas produzidas passaram a adotar como referência os parâmetros do Geodetic Reference System (GRS 67), que no Brasil e na América Latina fi cou conhecido como SAD 69 (CHUÁ). Tais parâmetros foram adotados até os dias atuais. SAD 69 (CHUÁ) a = 6.378.160,00 m ; b = 6.356.774,00 m; α = 1/298,24 O Datum, ou dado do latim “Daatum” (plural data), em cartografi a refere-se ao modelo matemático teórico da representação da superfície da Terra ao nível do mar, utilizado pelos cartógrafos numa dada carta ou mapa. Devido à existência de vários datum em utilização simultânea, na legenda das cartas deverá estar indicado qual o datum utilizado. Existem dois tipos de Datum, o horizontal e o vertical. O primeiro é a referência ofi cial com relação à altitude, enquanto que o segundo ofi cializa no país, o marco principal de coordenadas geográfi cas (DATUM GEODÉSICO, 2013). A Figura 8, apresenta um trecho da superfície terrestre com os modelos geoidal e elipsoidal e a superfície terrestre ou topográfi ca. O datum vertical é uma superfície de nível utilizada no referenciamento das posições tomadas sobre a superfície terrestre, com relação às suas altitudes. Em alguns pontos do território nacional existem equipamentos denominados marégrafos, que mensuram o nível médio dos mares. O Datum altimétrico do Sistema Geográfi co Brasileiro (SGB) coincide com a superfície equipotencial que contém o nível médio do mar, defi nido pelas observações maregráfi cas tomadas em Imbituba, no litoral de Santa Catarina. O datum horizontal é utilizado na determinação das posições de pontos sobre a superfície terrestre, ou seja, pelas coordenadas geográfi cas (latitude e longitude) de um ponto inicial, pela direção da linha entre esse ponto inicial e um segundo ponto especifi cado e pelas dimensões (semi eixos a e b) que defi nem o elipsoide utilizado para a representação da superfície terrestre). Desde 1969 foi ofi cializado no Brasil o SAD 69 (South American Datum), representado pelo vértice de CHUÁ, que se localiza próximo à cidade de Uberaba, em Minas Gerais. Figura 8 – Modelos Terrestres Fonte: Datum Geodésico. In:www.ufrgs.br/museudetopografia/Artigos/Datum_Geodesico.pdf, 2013 Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 33 Como vimos, existem vários elipsoides em uso na superfície terrestre. O Datum WGS84, por exemplo, foi criado a partir do elipsoide de Clarke. Tal acontece, porque a superfície da Terra apresenta tamanha irregularidade, que as medições cartográficas realizadas nos continentes necessitam de elipsoides distintos para cada um deles. 1.6.3 Coordenadas Geográficas Se imaginarmos que pelo eixo de rotação da Terra (agora um elipsoide)passam vários planos, a intercessão desses planos na superfície formam seções elípticas denominadas meridianos. Se visualizarmos planos perpendiculares ao eixo da Terra, veremos seções circulares que interceptam a superfície do elipsoide formando linhas denominadas paralelos, os quais variam desde o círculo máximo no Equador a círculos menores até zerar nos polos. A Figura 9 mostra o elipsoide terrestre, o meridiano de origem, a linha do Equador e as coordenadas geográficas de um ponto A, na superfície terrestre. Figura 9 – O Elipsoide Terrestre e as Coordenadas Geográficas Fonte: ESPARTEL, 1980 Aula 1 - Generalidades34 Examinando a figura anterior, constatamos que o círculo do Equador foi dividido em graus, variando de 0º a 180º à direita (positivos), a partir do meridiano de origem (que passa pelo Observatório de Greenwich, na Inglaterra) e de 0º à 180º à esquerda (negativos), também partindo do meridiano de Greenwich. Verticalmente, os meridianos foram também divididos em graus, contados de 0º a 90º positivamente do equador ao Polo Norte, e negativamente do equador ao Polo Sul. Latitude (j) de um lugar A é o ângulo que a vertical no ponto A forma com o plano do equador. A latitude varia de 0º a ± 90°, contados a partir do Equador. É positiva no hemisfério norte e negativa no hemisfério sul. O sinal pode ser substituído pelas letras N ou S, conforme o ponto se encontre no hemisfério norte ou sul. Como exemplo, a latitude do ponto A pode ser representada das seguintes formas: + 50º 00’ ou 50º 00’ N. Longitude (l) de um lugar A é o arco, do Equador, medido do meridiano de origem (meridiano de Greenwich) até o meridiano do lugar prolongado até o equador. A longitude varia de 0º a ± 180° contados a partir da meridiana de origem. É positiva a leste de Greenwich e negativa a oeste. O sinal pode ser substituído pelas letras E ou W, respectivamente. A longitude do ponto A pode ser representada como + 58º 12’ ou 58º 12’ N. 1.6.4 Coordenadas UTM As cartas geográficas utilizadas nas obras de engenharia apresentam, além das coordenadas geográficas já mencionadas, outro sistema de coordenadas métricas, conhecidas como UTM da sigla inglesa Universal Transversa de Mercator. Trata-se de um sistema de coordenadas plano-retangulares, obtido pela divisão do elipsoide em 60 fusos de 6º, cada (60 x 6º = 360º). É como se a Terra fosse dividida em gomos como uma laranja. A Figura 10 mostra os diversos fusos do Sistema UTM. Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 35 Além disso, cada fuso é dividido em 20 faixas, sendo que o cruzamento entre um fuso e uma faixa constitui-se numa zona. Os fusos são indicados por números enquanto que as faixas são representadas por uma letra. Cada zona é subdivida em quadrados de 100km x 100km de lado, com duas letras associadas a cada um. São Luís, por exemplo, está no fuso 23, na faixa M, sendo a sua localização denominada por 23M, conforme a Figura 11, a seguir. Figura 10 – Sistema de Coordenadas UTM Fonte: ftp://ftp.unilins.edu.br/geopro_t2/PROF.../apostilacarto.doc,2010. Figura 11 – Os fusos e as faixas do Sistema UTM Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/ed/Utm-zones.jpg A projeção desses fusos se dá num cilindro secante ao globo. Cada fuso tem um Meridiano Central que cruza o Equador. As coordenadas UTM são métricas, daí o interesse nas obras de engenharia. Além do que, permite que Aula 1 - Generalidades36 se visualizem mapas com escalas grandes que ampliam a região geográfica objeto de estudo. Por outro lado, na disciplina de Topografia, o cálculo das coordenadas de pontos das poligonais, abertas ou fechadas, é determinado em metros, razão porque as coordenadas topográficas devem ser atreladas ao Sistema UTM. O Sistema de Coordenadas UTM é independente para cada fuso. Sua origem está no Meridiano Central do fuso, que para o hemisfério sul (o nosso), constitui-se dos valores de 500.000 m para (E) e 10.000.000 m para o (N). E e N equivalem, respectivamente, às abscissas X (longitudes) e ordenadas Y (altitudes). A Figura 12 mostra um fuso de 6º, seu meridiano central e a grade de coordenadas. Para o hemisfério Norte, as ordenadas (N) variam de 0 (no equador) a 10.000 km (no Polo Norte). No hemisfério Sul, as ordenadas iniciam com 10.000 km (no equador) e decrescem até 0 (no Polo Sul). As abscissas (E) variam de 500 a 100 km à Oeste do Meridiano Central e de 500 km a 700 à Leste do mesmo. Figura 12 – Fuso de 6º e a malha de coordenadas retangulares Fonte: BRANDALISE, 2013 Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 37 Na próxima aula, deixaremos de lado os aspectos concernentes à Cartografia e à Geodésia, que consideram a curvatura da Terra na mensuração de distâncias, e adentraremos na Topografia, que considera o plano topográfico como principal referência para a determinação de distâncias horizontais e verticais. Resumo Nesta aula conhecemos as bases conceituais em que a Topografia se fundamenta, verificando o quanto essa disciplina é importante para as obras de engenharia e outras áreas do conhecimento humano. Conhecemos a sua história e a assombrosa revolução tecnológica que levou ao surgimento da Geomática. Constatamos que a Topografia se insere numa área maior ainda, a Cartografia, que se utiliza da Geodésia para o conhecimento da superfície terrestre para produzir mapas. Conhecemos também os modelos geoidal e elipsoidal, necessários ao desdobramento dessa ciência. Por último, conhecemos os sistemas de coordenadas geográficas, responsáveis pela posição de pontos na superfície da Terra, bem como o Sistema de coordenadas plano-retangulares de Mercator, mundialmente conhecidas como Coordenadas UTM. Atividade de aprendizagem 1. Para a próxima semana, sugerimos que o estudante faça uma pesquisa na web utilizando as seguintes palavras-chave: topografia, geomática, geodésia, cartografia, datum geodésico de Chuá, coordenadas geográficas e coordenadas UTM. 2. Verifique quais os aspectos que podem ser adicionados aos temas abordados na presente aula e redija um texto complementar, que deverá ser postado no AVA para fins de avaliação. Não é necessário incorporar complexas equações matemáticas, já que a ideia é fixar conceitos e ampliar a compreensão do estudante sobre os assuntos já vistos. Aula 1 - Generalidades38 Referências ALVARES, Adriana A. M. BRASILEIRO, Alice. MORGADO, Claudio. RIBEIRO, Rosina Trevisan M. Topografia para arquitetos. Rio de Janeiro: Booklink Publicações / UFRJ, 2003, 124 p. BORGES, Alberto de Campos. Topografia aplicada à engenharia civil. 2. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2004, 206 p. v. 1. BRANDALISE, Maria Cecília Bonato. Topografia (Apostila da PUC/PR). Disponível em: <http://www.gpeas.ufc.br/disc/topo/apost01.pdf.˃. Acesso em: 3 fev. 2013. _________. Topografia (Apostila da PUC/PR). Disponível em: <http://www. gpeas.ufc.br/disc/topo/apost01.pdf˃. Acesso em: 3 fev. 2013. il. DATUM GEODÉSICO. Texto do Departamento de Geodésia da UFRGS. Disponível em: <http://www.ufrgs.br/museudetopografia/Artigos/Datum_ Geodesico.pdf˃ Acesso em: 5 fev. 2013. ESPARTEL, Lélis. Curso de topografia. 7. ed. Porto Alegre: Editora Globo, 1980, 655 p. ______ . Curso de topografia. 7. ed. Porto Alegre: Editora Globo, 1980, 655 p. il. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Mini Aurélio Escolar Século XXI. 4. ed. rev. ampliada. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Projeto SIRGAS. in: <http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/geodesia/sirgas/ principal.htm˃. Acesso em: 5 fev. 2013. McCORMAC, Jack. Topografia. 5. ed. Riode Janeiro: Editora LTC, 2011, 391 p. NORMA BRASILEIRA 13.133/94. Execução de levantamento topográfico. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), 1994. Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 39 SEIXAS, José Jorge de. Topografia. Recife: UFPE / DEC, 1981. v. 1. USP – Universidade de São Paulo. Rede GPS do Estado de São Paulo. In: <http://sites.poli.usp.br/ptr/ltg/proj/RedeSP/Rede-SP.htm>. Acesso em: 6 fev. 2013. USP – Universidade de São Paulo. Rede GPS do Estado de São Paulo. In: <http://sites.poli.usp.br/ptr/ltg/proj/RedeSP/Rede-SP.htm>. Acesso em: 6 fev. 2013. il. Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 41 Aula 2 - Divisão da Topografia, Unidades de Medida, Escalas, equipamentos convencionais e acessórios 2.1 Divisões da Topografia Como vimos a Topografia é uma ciência aplicada cujo objetivo é representar no papel, o desenho de uma porção limitada da superfície terrestre, incluindo todas as benfeitorias existentes. Portanto, por meio de uma planta denominada topográfica, ela representa os limites de uma propriedade, e dos detalhes que a mesma possui no seu interior, como cercas, edificações, lavouras, postes, redes de distribuição de energias, linhas de transmissão, poços etc. Num aspecto macro, a topografia representa acidentes geográficos como vales, espigões, córregos, riachos, rios etc. Por outro lado, sabemos que os desenhos que não são perspectivas nos permitem apenas compreender e avaliar suas duas dimensões horizontais, quais sejam o comprimento e a largura. Então como podemos visualizar o relevo de um terreno, já que as suas dimensões ocorrem num plano vertical, ou seja, perpendicular ao plano topográfico? A Topografia se utiliza do conceito de curvas de nível, que são seções horizontais no terreno, através de planos equidistantes entre si. Tais seções são todas projetadas no plano topográfico e a leitura da planta nos permite Objetivos • Distinguir as áreas de conhecimento da topografia; • Conhecer suas unidades de medida e as escalas de representação do desenho topográfico; • Apreender a técnica de medir distâncias com instrumentos. Aula 2 - Divisão da Topografi a, Unidades de Medida, Escalas, equipamentos convencionais e acessórios42 conhecer o relevo da superfície. Em aula posterior iremos estudar esse assunto com mais profundidade. A obra Curso de Topografi a, do professor Lélis Espartel (1980), divide a topografi a em quatro grandes áreas: • Topometria; • Topologia; • Taqueometria; • Fotogrametria. 2.1.1 Topometria É estudo das medições de um lugar, e subdivide-se por sua vez em planimetria e altimetria. A planimetria trata da medição de grandezas sobre um plano horizontal (plano topográfi co). Tais grandezas são as distâncias e os ângulos, portanto distâncias horizontais e ângulos horizontais são medidos no terreno e transferidos para as plantas, que nada mais é que uma projeção ortogonal ou vista de cima das medições efetuadas no terreno, por meio de escalas de redução (Figura 1). Figura 1 – Levantamento planimétrico de um lote regular Fonte: O autor, 2013 Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 43 Já a altimetria se responsabiliza pelas medições de distâncias verticais ou diferenças de nível e ângulos verticais. A altimetria se utiliza de planos verticais para projetar vistas laterais, perfis ou cortes no terreno. Dessa forma, todas as expressões gráficas da altimetria são representadas nos planos verticais, com exceção das curvas de nível que são projetadas ortogonalmente sobre as plantas representadas no plano topográfico (Figura 2). Figura 2 – Levantamento por nivelamento do perfil de um terreno Fonte: O autor, 2013 Conforme dissemos, as curvas de nível representam o relevo do terreno de uma forma mais abrangente. A Figura 3, mostra, à esquerda, as curvas de nível de um terreno à direita representa em perspectiva o relevo do terreno. Figura 3 – Curvas de nível em planta e em perspectiva Fonte: McCORMAC, 2011 A utilização da Topometria dá origem aos levantamentos topográficos, sendo considerado levantamento planimétrico aquele que se preocupa na mensuração apenas de medidas horizontais e ângulos horizontais. Os equipamentos usados nessas operações são os teodolitos e as modernas estações totais. Ambos contêm goniômetros, que são círculos graduados em grau, minutos e segundos. Aula 2 - Divisão da Topografia, Unidades de Medida, Escalas, equipamentos convencionais e acessórios44 Já os levantamentos altimétricos levam em conta as diferenças de nível entre pontos, a fim de determinar as cotas ou altitudes de pontos levantados, que, conforme já se falou, proporciona uma boa ideia do relevo. Especialmente na Engenharia Civil, o conhecimento do relevo é preponderante para a elaboração do projeto de terraplanagem, que conformará o terreno para que este possa se adequar ao projeto da futura obra. Outra importância dos levantamentos altimétricos, é na determinação dos volumes de terra, que serão cortados ou aterrados durante a terraplanagem. De qualquer modo, ambos são necessários e não podem ser feitos individualmente, pois um depende do outro. Os levantamentos que contêm aspectos da planimetria e da altimetria de um terreno são denominados de levantamentos planialtimétricos. Os levantamentos, dependendo do grau de precisão desejado, podem ser classificados em rápidos ou expeditos, comum ou topográfico propriamente dito, ou de precisão. O fator determinante para a escolha de cada um deles, depende do tipo de equipamento empregados. Por exemplo, o levantamento de uma distância feito com o auxílio do pedômetro (instrumento preso ao corpo que mede o número de passos e distância percorrida) é do tipo expedito, pois existe considerável erro na medição de distâncias dessa forma, já que o comprimento é obtido multiplicando-se o número de passos dado num certo trecho, pelo comprimento unitário do passo do operador. Já um levantamento a teodolito, com distâncias medidas à trena, pode ser considerado comum. No entanto, se esse equipamento for substituído por uma estação total de última geração, onde as distâncias são medidas eletronicamente, então o levantamento passa a ser considerado de precisão. 2.1.2 Topologia Tem por objeto o estudo das formas exteriores da terra e das leis que regem o seu modelado (ESPARTEL, 1980, p.7). É indispensável à Topografia, já que durante o traçado das curvas de nível, conhecendo-se as leis que determinam o relevo da terra, é possível observarmos se existem ou não incongruências no traçado das curvas. Alguns softwares de Topografia, a partir de um banco Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 45 de dados de altitudes, elaboram o traçado das curvas de nível. Entretanto, como “desconhecem” a Topologia, por vezes traçam verdadeiras aberrações da natureza. Seixas (1981) aponta os sete princípios de Brisson e Boulanger que são observações de como se formou o modelado terrestre. Basicamente são relativos aos três principais elementos do relevo: os talvegues e cursos d’água, as vertentes e os divisores de água. A importância da topologia ao lado do perfeito traçado das curvas de nível, por exemplo, permitem que sejam elaborados bons projetos de engenharia rodoviária e ferroviária, minimizando custos e ao mesmo tempo obedecendo a critérios de segurança e conforto das vias. Pontes Filho (1998), ao relacionar os diversos fatores que interferem na definição do traçado de uma estrada, destaca a topografia como um dos mais importantes, pois regiões topograficamente desfavoráveis quase sempre acarretamgrandes movimentos de terra, elevando bastante os custos de construção. A Figura 4 mostra, em linha tracejada, algumas alternativas para o traçado de estradas em região montanhosa. Notem que as alternativas propostas procuram sempre seguir paralelas aos fundos dos vales, por onde se situa o rio principal e seus afluentes. Talvegue é a linha formada pelos pontos de altitude mais baixa de um relevo. Na prática, todos os grandes rios, riachos e córregos são talvegues. Entretanto, muitos talvegues são de natureza intermitente, ou seja, possuem água somente no momento da estação chuvosa. É nos talvegues que a engenharia constrói suas obras de arte correntes e especiais. As primeiras são os dispositivos de drenagem conhecidos como bueiros e as segundas são as pontes. Já as vertentes, também conhecidas como encostas, tratam-se dos declives de montanhas por onde descem as águas pluviais. Os divisores de água, conhecidos também como linhas de cumeada, têm função inversa dos talvegues, pois tratam-se de uma linha formada pelos pontos de maior altitude. Também recebem o nome de espigão e situam-se na divisão de dois vales ou bacias hidrográficas. Figura 4 – Estudo de traçado de rodovia sobre planta planialtimétrica Fonte: CARCIENTE, 1998 Aula 2 - Divisão da Topografi a, Unidades de Medida, Escalas, equipamentos convencionais e acessórios46 2.1.3 Taqueometria Segundo Espartel (1980), a taqueometria tem por objetivo realizar o levantamento de pontos no terreno, pela resolução de triângulos retângulos, a fi m de representar esses pontos tanto planimetricamente como altimetricamente, ou seja, gerando plantas topográfi cas planialtimétricas (coordenadas x, y e z). O método taqueométrico utiliza equipamentos denominados taqueômetros (tachis, rápido, e metron, medida) ao lado de acessórios conhecidos como miras ou estádias. Como a taqueométrica se baseia em princípios da ótica e da geometria plana, as distâncias horizontais e as altitudes são obtidas de modo indireto, ou seja, por meio da aplicação de fórmulas matemáticas, que são alimentadas pelos dados obtidos nas visadas aos pontos desejados. Como o próprio nome indica, a taqueometria é um método rápido, utilizado principalmente em regiões fortemente acidentadas. Entretanto, como nas visadas na mira existe alguma estimativa de leitura por parte do observador, esse método não oferece uma grande precisão. Os taqueômetros nada mais são do que teodolitos que possuem na luneta retículos (linhas fi níssimas) horizontais e verticais, responsáveis pelas leituras nas miras. Esse termo caiu em desuso, já que os atuais teodolitos digitais trazem os retículos (também conhecidos como fi os estadimétricos). A Figura 5 mostra os fi os estadimétricos no interior da luneta de um teodolito. É importante ressaltar que a principal função dos retículos horizontais e verticais, é a visão dos pontos do terreno, por meio das balizas, bem como, o referenciamento de pontos para a leitura de ângulos horizontais e verticais. Figura 5 – Fios estadimétricos para leituras e alinhamento de pontos Fonte: O autor, 2013 Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 47 Atualmente, com a utilização dos equipamentos eletrônicos (estações totais e receptores GPS), o método taqueométrico está ficando obsoleto. Entretanto, na falta desses equipamentos a taqueometria ainda poderá ser usada e, portanto, será objeto de estudo em aula posterior. 2.1.4 Fotogrametria A Fotogrametria pode ser definida como a ciência e arte de se obter medidas dignas de confiança por meio de fotografias (MARCHETTI & GARCIA, apud ALVARES et al, 2003). Divide-se em dois importantes ramos: a fotogrametria terrestre e a fotogrametria aérea. Na primeira, a câmara fotográfica é posicionada sobre um tripé para a obtenção de imagens, que posteriormente processadas darão origem a plantas topográficas. A segunda, mais conhecida como aerofotogrametria, caracteriza-se pela câmara fotográfica posicionada na parte de baixo das aeronaves. 2.1.4.1 Fotogrametria Terrestre Consiste na retirada de fotos, a pouca distância dos locais desejados para a reconstituição destes. Segundo Alvares et al (2003), a fotogrametria terrestre tem sido muito utilizada na área de restauração de monumentos do Patrimônio Cultural. Esses autores afirmam que no Brasil, o Instituto Militar de Engenharia tem se aprofundado no estudo e na divulgação da utilização desta técnica na área de restauração. 2.1.4.2 Aerofotogrametria A aerofotogrametria teve seu uso intensificado na 2ª grande guerra, quando aviões de reconhecimento fotografavam o solo inimigo para o planejamento de estratégias de ataque. Atualmente, esse importante ramo se sofisticou de tal forma na elaboração de cartas geográficas planialtimétricas precisas, Aula 2 - Divisão da Topografi a, Unidades de Medida, Escalas, equipamentos convencionais e acessórios48 que a topografi a se tornou apenas um instrumento de apoio de campo na confecção dos mapas. Por isso, o autor discorda que a aerofotogrametria seja uma parte da topografi a, e sim o contrário, já que a topografi a se encarrega por fornecer coordenadas geográfi cas de pontos no terreno, para que essa malha de pontos “amarre” o conjunto de fotos que são posteriormente montados, bem como, ajude a corrigir e controlar as distorções causadas pelas projeções centrais das imagens fotografadas, pela impossibilidade de obter projeções ortogonais do terreno. O método aerofotogramétrico se constitui em várias etapas. São elas: • Defi nição da área a ser mapeada; • Voo aerofotogramétrico; • Apoio topográfi co e geodésico de campo; • Restituição fotogramétrica e desenhos; • Reambulação; • Impressão em off set das cartas ou mapas. a) Defi nição da área a ser fotografada Normalmente como a contratação de serviços aerofotogramétricos é muito dispendiosa, geralmente são órgãos do governo ou empresas de grande porte, interessadas no mapeamento de grandes áreas quem contratam tais serviços. Se órgãos do governo, a contratação deve ser realizada por meio de processo licitatório, em obediência à legislação pertinente. Então a defi nição da área a ser mapeada deverá estar explicitamente defi nida no Edital de Licitação, a fi m de que as empresas participantes do certame possam estimar bem os seus custos. A defi nição da área deverá constar numa carta geográfi ca em menor escala, com a demarcação precisa dos seus limites. As especifi cações técnicas dos serviços também constarão do Edital. A escala do mapeamento é uma das mais importantes especifi cações de serviço. Universidade Estadual do Maranhão - UEMA / e-Tec Brasil 49 b) Voo aerofotogramétrico Após a contratação da empresa, esta fará o planejamento do seu voo, levando em conta aspectos climáticos com o objetivo de evitar-se o acúmulo de muitas nuvens, que obstruem e prejudicam a qualidade das fotos, além de ocasionar um voo com muitas variações de altitude, o que infl uencia sensivelmente na escala das fotos, já que esta é função da altitude. Alvares et al (2003) lembra que o ideal é que a altura solar esteja acima dos 30º, a fi m de que os negativos fotográfi cos fi quem com um bom contraste. Atualmente, com o aperfeiçoamento dos equipamentos, as pesadas câmaras fotográfi cas foram substituídas pelas modernas câmaras digitais, tendo como consequência o barateamento de toda uma parafernália de equipamentos, tais como mesas restituidoras, pantógrafos cartográfi cos e outros. O uso de softwares e das estações de trabalho permitiu também a redução substancial dos espaços de trabalho nos serviços de escritório. Quanto à escala da foto, esta guarda uma relação direta entre o comprimento de uma linha terreno
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