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Expressionismo Os movimentos de vanguarda São chamados de vanguarda os movimentos artísticos surgidos a partir do início do século XX que traziam ideias e ideais inovadoras para o campo das artes. Vanguarda significa algo como “aquilo que está à frente” (de avant-garde, em francês). Esses movimentos traziam propostas inovadoras para os estudos e para as experiências artísticas do período. São considerados movimentos de vanguarda, entre outros, o Expressionismo, o Fauvismo, o Cubismo, o Futurismo, o Dadaísmo e o Surrealismo. O Expressionismo é um movimento artístico nascido na Alemanha, no início do século XX, como reação ou resposta ao movimento Impressionista. Como o próprio nome diz, pretende retratar ou expressar as emoções. É a produção artística de um momento histórico em que, entre outras coisas, começavam a se desenvolver os estudos voltados à psicologia e as teorias psicanalíticas de Freud. Assim como outras áreas da sociedade, a arte voltava seu olhar para o interior do ser humano, expressando suas emoções, angústias e medos, consequências de um momento histórico de incertezas advindas de uma configuração política, econômica e social que antecede a Primeira Guerra Mundial. É inegável que o Expressionismo foi uma reação ao Impressionismo, já que esse movimento se preocupou apenas com as sensações de luz e cor, não se importando com os sentimentos humanos e com a problemática da sociedade moderna. Ao contrário, o Expressionismo procurou expressar as emoções humanas e interpretar as angústias que caracterizaram psicologicamente o homem do início do século XX. PROENÇA, 2007, p.251 Edvard Munch Foi um importante artista plástico norueguês. Nasceu na cidade de Løten (Noruega) em 12 de dezembro de 1863. Teve uma vida familiar muito conturbada, pois sua mãe e uma irmã morreram quando Munch ainda era jovem. Uma outra irmã tinha problemas mentais. O pai de Munch tinha uma vida marcada pelo fanatismo religioso. Para complicar, Munch ficou muito doente durante a infância. Já adulto, começou a apresentar um quadro psicológico conturbado e conflituoso. Alguns estudiosos afirmam que Munch, provavelmente, possuia transtorno bipolar. A obra “O Grito” de 1893, de Edvard Munch, talvez seja a ilustração mais clara dos ideais e objetivos do movimento expressionista. Nessa obra, a figura humana não apresenta suas linhas reais, mas se contorce sob o efeito de suas emoções. As linhas sinuosas do céu e da água, e a linha diagonal da ponte, conduzem o olhar do observador para a boca da figura, que se abre num grito perturbador. Essa atitude, inédita até então para as personagens da pintura, e a ênfase para as linhas fortes evidenciam a emoção que o artista procura expressar. PROENÇA, 2007, p.251 Os artistas expressionistas muitas vezes não têm por objetivo único retratar a realidade a partir de uma composição fiel à imagem representada. As obras expressionistas, pelo contrário, muitas vezes objetivam deformar essa realidade com o intuito de expor sentimentos intensos. Em nome dessa intensidade, é possível a escolha pela distorção da forma. Ash, 1894 É uma arte densa, que se preocupa em retratar as angústias e o pessimismo que pairava nas sociedades do início do século XX. Esse tipo de expressão artística inicia-se anos antes da Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918), mas mantém-se viva mesmo após o período de guerra. É uma arte perturbadora e que assim pretende ser entendida. Perturba não apenas pelas situações retratadas, nem tão somente pela escolha da deformação da imagem, mas pela tradução de sentimentos carregados em suas figuras, que desejam ser entendidas como arte. Ela quebra com a relação de bem estar comum na experiência artística até então. Generations, 1895 O que perturba e deixa perplexo o público em relação à arte expressionista talvez seja menos o fato de a natureza ser distorcida do que o resultado implicar um distanciamento da beleza. Que o caricaturista mostre a fealdade do homem é ponto pacífico; feitas as contas, é esse o objetivo do seu trabalho. Mas que homens que pretenderam ser artistas sérios esqueçam que, se tiverem de alterar a aparência das coisas, devem idealizá-las e não as enfear, foi algo profundamente doloroso. Entretanto, Munch poderia ter replicado que um grito de angústia nada tem de belo, e que seria falta de sinceridade olhar apenas o lado agradável da vida. Pois os expressionistas alimentavam sentimentos tão fortes a respeito do sofrimento humano, da pobreza, violência e paixão, que eram propensos a pensar que a insistência na harmonia e beleza em arte nascera exatamente de uma recusa em ser sincero. GOMBRICH, 1999, p. 564. By the Deathbed O leito de morte, 1895 Die Brücke, também conhecido simplesmente como Brücke, (do alemão, A ponte), refere-se a um grupo artístico alemão inserido no movimento expressionista. Foi fundado a 7 de Junho de 1905 em Dresden por um grupo de estudantes de arquitectura da Escola Técnica de Dresden: Ernst Ludwig Kirchner, Fritz Bleyl, Erich Heckel e Karl Schmidt-Rottluff. Em 1910, o grupo estende a sua atuação a Berlim por meio de Otto Mueller, deixando de existir em 1913, como consequência de algumas discussões internas e dos diferentes desenvolvimentos artísticos de cada um. A maior coleção de obras do Die Brücke está alojada em uma edificação modesta, de um andar, na periferia de Berlim. Eram obcecados pelo desejo de criação de um novo tipo de arte que, nas palavras deles próprios, fosse "imediata e pura". Revolucionaram a arte alemã ao retratarem suas emoções mais íntimas e percepções subjetivas. A forma com que os artistas representavam objetos e pessoas era muito nova e não foi compreendida naquele momento. Os artistas apresentavam uma tempestade de cores em um momento onde ainda não existiam fotografias coloridas, nenhum filme em cor e as cores em neon, que temos hoje. Era tudo um pouco mais escuro e em preto-e-branco. A Belle Époque (termo francês para designar Bela Época) é a cena europeia do final do século XIX, que traduz um momento de beleza, desenvolvimento e paz. A vida social efervescente na Europa tem nos cafés e cabarés de Paris a representação da alegria da época. Na arquitetura, o Art Nouveau adota o uso de materiais como o ferro, o vidro e o cimento, frutos do progresso industrial europeu. O desenvolvimento dos centros urbanos e dos primeiros meios de comunicação e de transporte une ainda mais o mundo e diminui as distâncias entre países. Porém, o século XX inicia-se sob o signo da desconfiança. Com certos receios diante de configurações políticas e sociais que apontam no horizonte, o homem do século XX vê o fortalecimento de movimentos e lutas sociais, e a configuração do cenário político que daria origem, já em 1914, à Primeira grande Guerra Mundial. O mundo assiste o surgimento e a disseminação das ideias nazistas, vivencia a grande Depressão Econômica dos anos 30 e sente as incertezas do período chamado de entre-guerras, que desaguou na Segunda Guerra Mundial em 1939, conflito que durou até 1945. Como em todo e qualquer momento da história humana, a arte reflete a sociedade e o homem que vive as incertezas e angustias do período. O Expressionismo alemão alcança também outros tipos de expressão artística, como o teatro e cinema, porém muito mais utilizado como expressão estética do que como conceito ideológico. Um filme representativo da estética expressionista alemã é “O Gabinete do Dr. Caligari” (1919) de Robert Wiene. É uma estética muito ligada aos filmes de terror, pois aborda temas e ambientes sombrios, trabalhando com a ideia de suspense e mistério e o espaço do imaginário humano.
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