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ludicidade 2

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Universidade Federal da Bahia – UFBA
Faculdade de Educação – FACED
Disciplina: EDC-305 Educação e Ludicidade
Professor: César Leiro
ARTIGO
Por: Ana Paula Santiago Grilo, Cátia Souza de Queiroz, Ionara Pereira de Novais Souza e Rita de Cássia Silva Pinto.
 
 
Salvador – Ba
Outubro 2002
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O lúdico na formação do professor
Ana Paula Santiago Grilo *
Cátia Souza de Queiroz *
Ionara Pereira de Novais Souza *
Rita de Cássia Silva Pinto *
... o melhor do colégio sempre foi “a hora da saída” (...) . Depois, o melhor era o “recreio”. Pior que a hora da “entrada no colégio” só mesmo o da “entrada na sala de aula”...
Carlos Brandão
A educação no Brasil passou, recentemente, por reformulações por ocasião da promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ( LDB/1996), as propostas dos PCN’s e a conseqüente divulgação das Diretrizes Curriculares Nacionais.
Estes fatos fizeram com que na década de 90 todas as escolas, de norte a sul do Brasil, discutissem o assunto. Muitos professores concordaram com tais diretrizes, outros não. O importante não foram os posicionamentos, mas a possibilidade de debates que se desencadeou e permitiu o repensar pedagógico.
Na esteira do debate, a atividade lúdica ganhou relevo e importância como estratégia para construção do conhecimento. 
A palavra lúdico se origina do latim ludus que significa brincar. Segundo Luckesi (2000) o que caracteriza o lúdico “ é a experiência de plenitude que ele possibilita a quem o vivencia em seus atos” (p. 96). A ludicidade como um estado de inteireza, de estar pleno naquilo que faz com prazer pode estar presente em diferentes situações de nossas vidas.
Diante disso aparece uma outra questão: não se pode distinguir formação pessoal da formação profissional. Quando pretendemos compreender a ação docente, temos que considerar, sobretudo, que o processo de formação do professor é um crescente e um continum, portanto, a dimensão lúdica na formação do profissional é parte integrante de todo o processo, amplo, complexo e integral. É algo indissociável de auto-formação na relação concreta entre o estudo (técnico), entre a reflexão individual e entre a interação coletiva, isso dentro de um confronto de idéias e troca de experiências vivenciadas.
Há porém nessas reflexões uma dimensão dicotômica; pois o que se percebe no processo de intinerância acadêmica do professor é que ela gira quase sempre em torno de questões epistemológicas e metodológicas, não atentando para o aspecto humano / pessoal , ontológico que também faz parte do desenvolvimento. Este por sua vez deve ser o ponto prioritário, pois os sentimentos, assim como a leitura de mundo desse professor vão caracterizar e orientar muito sua prática pedagógica. 
Analisando agora sobre uma outra ótica temos: Segundo Feijó (1992) “ O lúdico é uma necessidade básica da personalidade, do corpo e da mente, faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana.
Portanto é importante que o professor descubra e trabalhe a dimensão lúdica que existe em sua essência, no seu trajeto cultural, de forma que venha aperfeiçoar a sua prática pedagógica.
“ A ludicidade poderia ser a ponte facilitadora da aprendizagem se o professor pudesse pensar e questionar-se sobre sua forma de ensinar, relacionando a utilização do lúdico como fator motivante de qualquer tipo de aula”.
			Campos (1986)
No entanto para que isso aconteça é necessário que ele busque resgatar a ludicidade, os momentos lúdicos que com certeza permearam seu caminhar.
Nos espaços acadêmicos os professores relacionam com pouca intensidade formação profissional e ludicidade, não tendo um embasamento teórico que permita compreender a ludicidade como um fator de desenvolvimento humano. Isso acontece porque a ludicidade ainda não foi compreendida como uma dimensão importante e que deve ser estudada e vivenciada em sua plenitude.
Graças a má formação dos educadores, as atividades artísticas, assim como as recreativas, só são permitidas pelos professores quando não planejaram nada para ensinar, não estão dispostos, como prêmio por bom comportamento e , às vezes, em datas comemorativas. Como afirma Rocha (2000:48):
Ao professor cabe organizar o brincar e, para isto, é necessário	 que ele conheça suas particularidades, seus elementos estruturais, as premissas necessárias para seu surgimento e desenvolvimento. 
	
Diante desses argumentos descritos até aqui, vale nesse momento o seguinte questionamento: Por que incluir a dimensão lúdica na formação do professor?
 Conforme Santos (1997) possibilita ao educador: conhecer-se como pessoa, saber suas possibilidades e limitações, ter visão sobre a importância do jogo e do brinquedo para a vida da criança, jovem e do adulto.
A ludicidade portanto, implica na formação do professor por estar ligada diretamente com o lado humano, ontológico, do mesmo permitindo a ele um estado de inteireza e de estar pleno naquilo que faz.
O professor não deve adaptar-se a realidade social em que vivemos, e sim assumir o seu papel como ator social capaz de colocar mais cor, mais sabor, mais vida tanto na sua vivencia como naquilo que se propõe a fazer. Isso é possível quando ele reconhece o lúdico que o acompanhou durante todo o seu desenvolvimento.
A vivência da ludicidade como fazer pedagógico durante o processo de formação do professor instiga o ato criador e recriador, crítico, aguça a sensibilidade, o espírito de liberdade e a alegria de viver. 
Desse modo a manifestação lúdica estimula o viver de experiências axiológicas, pela geração de novas e relevantes valores (respeito ao outro, lealdade, cooperação, solidariedade) etc.
Dentre outros, lamentavelmente a grande maioria das instituições educacionais ainda é pautada numa prática que considera a idéia do conhecimento, repetição sob uma ótica comportamentalista, tornando o conhecimento cristalizado e/ou espontaneísta e não como um saber historicamente construído.
Por isso é importante uma educação mais abrangente que faça com que nós professores procuremos caminhos outros para suprir as carências encontradas nessas instituições de ensino de professores.	
Trazendo o estudo para a realidade da Faculdade de Educação - UFBA, houve uma mudança no currículo do Curso de Pedagogia com o objetivo de aproximá-lo das exigências do mundo do trabalho e da educação contemporâneos.
O currículo atual pretende responder aos anseios por mudanças no Curso de Pedagogia, reclamadas desde os anos oitenta, quando professores e alunos desta instituição formularam críticas e propostas alternativas à proposta implanta em 1969. 
Assim o novo currículo aumentou o número de disciplinas consideradas optativas e neste elenco aparece uma em especial: Educação e Ludicidade, cuja ementa engloba os “Elementos para a compreensão dos fundamentos teóricos do lúdico, seu papel no desenvolvimento do ser humano e as implicações para a prática educativa”, e considera a possibilidade de uma educação realmente voltada para a formação nos seus aspectos éticos, cognitivos, afetivos, estéticos, corporais e sociais atentando para a importância do prazer, da alegria nos mais variados espaços e tempos.
A dimensão lúdica na formação do professor permite a ele questionar-se quanto a sua postura e conduta em relação ao objetivo prioritário de proporcionar aos alunos um desenvolvimento holístico, integral na qual a competência técnica combina com o compromisso político.
Referências:
CAMPOS, D. M. S. – Psicologia da Aprendizagem, 19º ed., Petrópolis: Vozes, 1986.
FEIJÓ, O. G. – Corpo e Movimento. Rio de Janeiro:Shape, 1992.
PORTO, Bernadete de Souza. Vamos todos cirandar: gestão de trabalho pedagógico em sala de aula. Revista de Educação AEC, n. 119/2001.
SANTOS, Santa Marli Pires (Org.). Brinquedoteca: o lúdico em diferentes contextos. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
________,
O lúdico na formação do educador. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997.
________, A ludicidade como ciência. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.
SOARES, Ilma Maria Fernandes. Para além do cognitivo na formação dos educadores. Revista de Educação CEAP, Salvador, a. 10, n. 38 , p. 37 –45, set./nov. 2002.
* Alunas da graduação em pedagogia da FACED / UFBA		� PAGE �1�
	
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