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completar a imperfeição da contrição? A contrição perfeita, porém, não necessita da absolvição dele. Ele também não tem um poder de gênero di- ferente do que um outro sacerdote, mas sim de outra quantidade, porque re- mite os pecados de todos, ao passo que os outros [sacerdotes] remitem de al- glms; tanta satisfação quanta eles podem remitir para algumas pessoas, ele o pode para todas, e nada mais. Do contrário a Igreja seria um monstro, cons- tituída de diversos gêneros de poder. IlHi ( ' I . Ai 5.2'J. l l l i ('I. MI 11.25. I I I N A ~ i i l r r ~ i r c l i t ~ n o hlhlicu de I.iitcr<i iiiiidn eslb muito <Icliciiderite do riiCi<idi, uleyúiico d:i Ida. ilc Mhliii. i, qiir rc rtiuiiifcrlii esprciiilrkicrilc iiu iiiterprclacPo ~.riiloldxicri <I<i\ ~ ; i I i i i i i \ . I'iiilr X X do sentido literal, mas Ioga confere a este um significado profético. No fundo, segunda o método exegética tradicional, Lutero distingue um sentido mistico triplo: a explica~ão tro- pológica apresenta o significado da passagem biblica quando a aplica a alma ciente, a ole- górico, quando a aplica a Igreja, a anagógica, quando a aplica ao além, ao juizo divino. 109 Cf. Mq 6.8. 4. Também a Igreja primitiva ignorava a medida da contrição e o peso 110s espíritos. Não obstante, concedia remissão plenária depois de feita a pe- iiiitiicia, a respeito da qual não podia saber se era suficiente - segundo a opiiiião deles. 5. Um outro sonho provém do fato de que eles não edificam a remissão dos pecados sobre a fé e a palayra do Cristo que se comisera, mas sobre a obra do ser humano que corre. E que imaginam que só se pode dar remissão plctiária as pessoas perfeitamente contritas, das quais não existe nenhuma iicsla vida. No entanto, admitem que ela seja dada pelo papa, também a pes- soas não perfeitamente contritas. 6. Se a justiça de Deus exige alguma coisa, esta já está fora da autoridade <!;r Igreja, que não tem nada a mudar naquilo que Deus quer ou impõe. Pois pcrrnanece firme este dito: "O meu conselho permanecerá de pé, e minha vontade será feita." [Is 46.10.1 Pela mesma razão é refutada a afirmação, feita por outros, de que penas ~.aiiônicas são declarações das penas exigidas pela justiça divina. Em primeiro lugar, isso não é provado; por conseguinte, pode ser menosprezado com a iiicsma facilidade. Se a Igreja declara, segue-se que é impossível que ela as re- Iiixc, porque não as impôs; o que ela faz é declarar que são impostas por I>cos. Ou então eles são obrigados a dizer que a palavra de Cristo deve ser or- clciiada da seguinte maneira: tudo o que eu ligar, tu deves desligar. Tese 12 Antigamentese impunham as penas canônicas não depois, mas antes da ul~solvição, como verificação da verdadeira contrição"0. Esta décima segunda tese prova novamente a oitava, pois as penas canô- iiicas são de tal forma temporais, que têm como seu fim a própria absolvição. ('oino, porém, todo moribundo deve ser absolvido (as demais condições sen- clt) iguais), evidencia-se que não devem ser impostas [penas], mas, antes, que i;iiiihém as bá] impostas e aquelas a serem impostas devem ser relaxadas. Se ;iqiicle antigo costume da Igreja tivesse sido conservado até hoje, esse erro i180 !cria surgido. Agora, contudo, visto que a absolvição precede as penas, :icoiitcceu que, para prejuízo da absolvição, remetem a pessoa não absolvida li:ii.;i ;i morte e cometem algo assim como uma monstruosidade ao não absol- vcrcrii [niesmo] concedendo absolvição e ao ligarem a pessoa absolvida com a iiicsiiin lialavra [com que a absolvem]. I . A tese é provada a partir do próprio uso da Penitência solene, descrita iios ~5iioiies, do qual ainda temos um exemplo ou ainda resta um vestígio na I'ciiiiCiicia cni caso de homicídio. Pois por que, neste caso, absolvem da pena ; I ~~cs soo qiic vive e não a remetem a outras [penitências] a serem feitas em vi- da, enquanto que são tão rigidos no caso dos moribundos? 2. Assim, escreve o B. J e r ô n i m ~ ~ ~ ~ , foi perdoada sua FabiolalI2. Assim o B. Ambrósio") absolveu seu Teodósio"4. Por fim, em ninguém se lê isto com maior freqüência do que no glorioso mártir Cipriano, no livro 111 de suas car- tas. A mesma coisa [se lê1 na História eclesiástica e na História tripartida"5. Da mesma forma, em Dionisioil6, na Hierarquia eclesiástica, é descrito o es- tado dos penitentes e dos energúmenos. Em todos estes casos vemos que na- quela época os pecadores não eram aceitos para graça e absolvição antes de terem feito penitência. 3 . Também Cristo só absolveu Maria Madalena e a mulher adúltera após lágrimas, unsão e uma aflição sobremodo veemente e humilde. 4. Lemos em Gn 44 que José afligiu seus irmãos com muitas tentações para verificar se sua afeição por ele e Benjamim era verdadeira. Quando des- cobriu isso, deu-se a conhecer a eles e os recebeu em graça. 1 Tese 13 I Através da morte, os moribundospagam tudo e já estão mortospara as leis canônicas, tendo, por direito, isençao das mesmas. Esta tese conclui o que foi dito acima e é suficientemente evidente. Pois seria uma coisa muito estranha se o moribundo fosse desligado de todas as obras, coisas, leis, pessoas e além disso das próprias leis de Deus - a saber, em que se ordenam esmola, oração, jejum, cruz, trabalho e tudo o que pode ser feito pelo corpo -, por fim, até mesmo das obras do santo amor ao pró- ximo (que é o único que nunca morre), e que a única coisa da qual não possa ser desligado sejam os canônes. Então o cristão seria mais miserável do que 1 111 Ca. 345-420. resoonsável oela Vuleata. foi ardoroso defensor do monacato e da ascese. ~. ;.riii:ir:s.iii?iiic euire ~LI I I I I~> I~~ .I.( i111i) i ~ c ~ i l l i l l e T O I I I ~ ~ . ~ 112 \ ' i ~ i \ ~ :.iiti~ii.i GUC I : I I I J ~ U UIN I ~ ~ p i i l l j U 1 1 1 3 .t3 p ~ r i ~ Je Koiiir. \'.A ep i \ t~ l a 77 dc Ic.i>iii- mo. 113 340-395. Governador do Norte da Itália. Em 375 foi eleito bispo de Milão. Destacou-se na luta contra os arianos. 114 Lutero pensa na ocasião em que Ambrósio forçou o imperador Teodósio a fazer penitên- cia. No ano de 390, o general Buterico mandara prender, em Tessalõnica. um famoso cor- redor de carros. O povo exaltado matara o general. Teodósio pos fim ao movimento, cer- cando o circo da cidade com seus soldados e mandando matar os que se encontravam no circo. Ambrósio impõs, entàa, penitência ao imperador, excluindo-o da comunhão até o Natal daqueie ano. I I 5 Hisrorio ecclesias~ico friparfilo, escrita pelo senador romano Cassiodoro (477-570), o qual compilou os três continuadores da Histeria ecclesiostica de Eusébio de Cesaréia. I I6 Lutero pensa nos escritos atribuidos a Dionisio Areopagita (AI 17.34), os quais, no entan- to, 76 podem ter sido redigidos no s6culo VI. Seu conteúdo mistico-teosófico é a tentativa de fundir as doutrinas cristãs com a filosofia neoolatõnica. O olena conhecimento de Deus todos os gentios, porque, mesmo morto, as leis dos vivos o atormentariam, ao passo que é, antes, uma pessoa que, mesmo entre os mortos, deve ser livre por meio de Cristo, em quem ele vive. Reunamos, por fim, um epílogo, para ver a quantas pessoas são remiti- das as penas através de indulgências. Seis tipos de pessoas me parecem excluí- dos, por não precisarem de indulgências: em primeiro lugar, os mortos ou moribundos; em segundo lugar, os doentes; em terceiro, os legalmente impe- didos; em quarto, os que não cometeram crimes; em quinto, os que comete- ram crimes, porém não públicos; em sexto lugar, os que se emendam. Vamos demonstrar isso e torná-lo pelo menos verossímil: 1. Em primeiro lugar o que talvez cause a maior agitação: as indulgên- cias só são necessárias para crimes públicos, tais como adultério, homicídio, usura, fornicação, embriaguez, rebelião, etc. Pois se tais crimes fossem ocul-